A Crise da Água: Eutrofização e suas Conseqüências 1. O problema da eutrofização: Eutrofização é o fenômeno que ocorre quando os fertilizantes e outros nutrientes entram nas águas paradas de um lago ou em um rio de águas lentas causando um rápido crescimento de plantas superficiais, especialmente das algas. Esses poluentes orgânicos constituem nutrientes para as plantas aquáticas, especialmente as algas, que transformam a água em algo semelhante a um caldo verde, fenômeno também conhecido por floração das águas. À medida que essas plantas crescem, formam um tapete que pode cobrir a superfície (Figura1), isolando a água do oxigênio do ar, com isso ocorre a desoxigenação da água. Figura1-Floração das águas De fato, as algas liberam oxigênio, mas o tapete superficial que elas formam faz com que boa parte desse gás seja liberado para a atmosfera, sem se dissolver na água. Além do que, a camada superficial de algas dificulta a penetração de luz. Sem o oxigênio, os peixes e outros animais aquáticos virtualmente desaparecem dessas águas. Eutrofização Natural:É resultado da descarga normal de nitrogênio e fósforo nos sistemas aquáticos. Eutrofização Cultural:É proveniente dos despejos de esgotos domésticos e industriais e da descarga de fertilizantes aplicados na agricultura. Geralmente, a eutrofização cultural acelera o processo de enriquecimento das águas superficiais e subterrâneas. No caso de lagos, represas e rios, esse processo consiste no rápido desenvolvimento de plantas aquáticas, inicialmente cianobactérias ou “algas verde azuis”, as quais produzem substâncias tóxicas que podem afetar a saúde do homem e podem causar a mortabilidade de animais e intoxicações.A eutrofização em estágios mais avançados, resulta em crescimento excessivo de alface d´água,que são plantas aquáticas superiores mais comuns nesse processo. O Fósforo limita a eutrofização se o nitrogênio for oito vezes mais abundante na água, enquanto o nitrogênio limita a eutrofização se sua concentração for oito vezes menor do que a do fósforo na água. A água de esgosto ou a água tratada mecanicamente por meios biológicos contém cerca de 32 mg/L de nitrogênio e 8 mg/L de fósforo, em média. As principais fontes de eutrofização são as atividades humanas industriais, domésticas e agrícolas como por exemplo, os fertilizantes usados nas plantações podem escoar superficialmente ou dissolver-se e infiltrarem-se nas águas subterrâneas e serem arrastados até aos corpos de água mencionados. Ao aumento rápido de algas relacionado com a acumulação de nutrientes derivados do azoto (nitratos), do fósforo (fosfatos), do enxofre (sulfatos), mas também de potássio, cálcio e magnésio, dá-se o nome de "florescimento".O fósforo é relativamente raro nos sistemas naturais e é necessário para manter o crescimento em populações de algas em expansão,sua demanda em relação ao suprimento de nitrogênio é muito maior. Estas substâncias são os principais nutrientes do fitoplâncton (as "algas" microscópicas que vivem na água), que se pode reproduzir em grandes quantidades, tornando a água esverdeada ou acastanhada. Quando estas algas - e o zooplâncton que delas se alimenta - começam a morrer, a sua decomposição pode tornar aquela massa de água pobre em oxigênio, provocando a morte de peixes e outros animais e a formação de gases tóxicos ou de cheiro desagradável. Além disso, algumas espécies de algas produzem toxinas que contaminam as fontes de água potável. Em suma, muitos efeitos ecológicos podem surgir da eutroficação, mas os três principais impactos ecológicos são: perda de biodiversidade, alterações na composição das espécies (invasão de outras espécies) e efeitos tóxicos. 2. Causas da Eutrofização: A eutrofização é resultante da descarga excessiva de águas de esgotos ou de despejos agrícolas não tratados, que acelera o processo de enriquecimento natural dos lagos, represas e rios. Os processos que ocorrem nos lagos também aceleram a eutrofização, uma vez que, a carga orgânica existente, após acelerar o crescimento de algas e plantas aquáticas, pode depositar-se no sedimento sob a forma de matéria orgânica em decomposição. Assim, além da carga externa, proveniente dos esgotos domésticos não tratados e outras fontes, devemos também considerar a carga interna resultante do acúmulo de matéria orgânica nos sedimentos e na água. As fontes podem resultar de cargas pontuais, canis e rios, ou não pontuais, que são despejos espalhados resultantes de ações dispersas na bacia hidrográfica, como a drenagem agrícola de áreas com excesso de fertilizantes na camada superficial do solo. 3. Toxinas: As cianobacterias são as responsáveis pelas toxinas presentes em águas eutroficas. Elas podem ser classificadas como hepatoxina, citotoxina e endotoxina. A remoção destas toxinas é muito difícil, pois são resistentes a hidrolise ou a oxidação. Estas toxinas quando presentes na água utilizada para abastecimento doméstico, pesca ou lazer, podem atingir as populações humanas e provocar efeitos adversos como gastrenterite, hepato-enterite e outras doenças do fígado e rim, câncer, irritações na pele, alergias, conjuntivite, problemas com a visão, fraqueza muscular, problemas respiratórios, asfixia, convulsões e morte, dependendo do tipo da toxina, da concentração e da via de contato. 4. Programa de monitoramento e gerenciamento da eutrofização: O monitoramento dos recursos hídricos, principalmente de lagos, rios e represas, deve enfocar os seguintes aspectos: identificar a procedência da eutrofização, realizar balanços de massa, identificar o estado trófico do ecossistema aquático, detalhar ações de gerenciamento e tratamento, identificar os possíveis organismos indicadores da eutrofização e divulgar o problema da eutrofização para a população. O monitoramento das condições físicas, químicas e biológicas deve ser paralelo ao monitoramento hidrológico, e incluem alguns destes processos: Processos mecânicos: Aeração, Desestratificação, Aeração do hipolímnio, Remoção dos sedimentos, Cobertura dos sedimentos, Retirada de águas profundas, Remoção de algas, Remoção de macrófitas, Sombreamento Processos químicos: Precipitação de nutrientes, Uso de algicidas, Oxidação do sedimento com nitratos, Neutralização Processos biológicos: Biomanipulação, Uso de cianófagos, Uso de peixes herbívoros 5. Problemas econômicos resultantes da eutrofização: Os principais impactos econômicos são o aumento dos custos de tratamento da água; a perda do valor estético dos lagos, represas e rios; o impedimento à recreação e à navegação; a diminuição de investimentos; maiores gastos com a Saúde Pública; e a redução da capacidade de gerar emprego e renda; A despoluição de lagos, represas e rios pode representar nova oportunidade econômica de aumentar o número de empregos, estimular companhias ambientais e de consultoria e apoiar inovações apropriadas com novas soluções tecnológicas para o gerenciamento e a recuperação da eutrofização. As águas eutrofizadas são sempre fontes de contaminação e degradação de outros corpos d’água, o que gera novas oportunidades para ampliar a distribuição geográfica da eutrofização e aumenta as ameaças à saúde humana. As alterações mais importantes que ocorrem nos ecossistemas aquáticos são: intensa decomposição de matéria orgânica; liberação de elementos e substâncias como Fe, Mn, NH3, H2S e nitritos a partir do sedimento; e consumo excessivo de oxigênio. A deterioração da qualidade da água como resultado da eutrofização também é extremamente significativa, principalmente em razão da produção de substâncias tóxicas pelas cianobactérias. Os custos do tratamento da água para conseguir a potabilidade duplicam com o tempo de duplicação da eutrofização. 6. A “zona morta” no Golfo do México – o impacto do rio Mississipi na costa da Louisiana, Estados Unidos : A chamada “zona morta” é uma área de aproximadamente 12.000 km2 localizada no Golfo do México, a qual apresenta ausência de vida marinha, sendo as fazendas de milho e suínos nos Estados de Illinois e Iowa as principais responsáveis pela causa dessa “zona morta”. O efeito da eutrofização foi agravado tanto pelo uso excessivo de fertilizantes, levando a uma perda substancial de áreas alagadas ao longo do rio Mississipi e nas regiões costeiras, como pelos problemas no controle de resíduos das fazendas de suínos que fizeram com que os danos da eutrofização levassem à morte de várias espécies marinhas. A recomposição das áreas alagadas, o aperfeiçoamento do tratamento de esgotos e a redução de fertilizantes são a solução para o processo de recuperação. 7. A redução da eutrofização: custos e benefícios O processo de recuperação levaria a redução da eutrofização e beneficiaria os pescadores do Golfo do México. Este processo já começou e os custos devem totalizar 10 bilhões de dólares. 8. A caracterização da eutrofização: Os índices do estado trófico (oligotrófico, mesotrópico,eutrófico, hipereutrófico e ultra-oligotrófico) são baseados na concentração de fósforo total, nitrogênio total e clorofila a nas águas. Baseado nestes estados tróficos é possível comparar ao longo do tempo para o mesmo ecossistema sua evolução. 9. Conclusão: Vimos que a eutrofização é um fenômeno global que afeta rios, lagos, represas e tanques de abastecimento devido ao enriquecimento dos mesmos por nutrientes como fósforo e nitrogênio que provocam o crescimento excessivo de plantas aquáticas uma vez que servem de alimento para as mesmas. O motivo de tal enriquecimento de nutrientes é devido à descarga excessiva águas de esgotos ou de despejos agrícolas não tratados como os fertilizantes utilizados nas plantações. Quando ocorre a eutrofização, a eliminação das causas da poluição pode levar o ecossistema de novo a uma situação saudável, mas se for um sistema fechado onde antes havia espécies que desapareceram por causa deste problema, será necessário a reintrodução dessas espécies para tornar o sistema semelhante ao que era antes. As conseqüências de tal fenômeno podem chegar a casos de difícil solução, uma vez que o tratamento da água apresenta custo muito elevado. Logo, com a dificuldade de recuperação e obtenção de água potável, a saúde da população fica comprometida. Apresentamos então algumas medidas preventivas e corretivas de controle da eutrofização: Medidas Preventivas: Controle de esgotos: tratamento dos esgotos, exportação dos esgotos para outra bacia que não possua lagos e represas, cuidado na infiltração de esgotos no terreno. Controle da drenagem pluvial: controle do uso e ocupação do solo na bacia, faixa verde ao longo da represa, construção de barragens de contenção. Medidas Corretivas: Processos mecânicos: aeração, remoção dos sedimentos, retirada de algas, retirada de águas profundas. Processos Químicos: preciptação de nutrientes, uso de algicidas. Processos Biológicos: uso de cianófagos, uso de peixes herbívoros, biomanipulação. 10. Referência Bibliográfica: Tundisi, J. G. “Água no Século XXI: Enfrentando a Escassez”. São Carlos, SP, Rima Editora, 2ª Ed, 2005. Equipe: Anna Carolina Kliner Oliveira 032192 Camila Martins 070322 Daiane Matias de Jesus 070382 Eveline Gazola Ortiz 070632 Vanessa S. Costa Santos 065312