QUALIDADE DAS ÁGUAS NAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS WATER QUALITY IN THE FOOD INDUSTRY Érika Lima Nóbrega1, Ricardo Moreira Calil 2 1. Médica Veterinária autônoma 2. Fiscal Federal Agropecuário MAPA-SIF-SP, Prof.Dr. da FMV da FMU-SP e Instituto Qualittas Palavras-chave: água, qualidade, indústria, legislação, análises micro-biológicas Introdução A água é um dos principais componentes de diversas operações em indústria de alimentos. (PALUMBO et all , 1997). Pode ser originada de várias fontes (rios, poços, nascentes) e na maioria dos casos, deverá ser tratada antes do uso, assim, um controle de qualidade da água em seus aspectos físicos, químicos e microbiológicos é fundamental para racionalizar seu uso nas indústrias de alimentos (PORETTI,1990). Objetivou-se, com este trabalho, estudar os principais indicadores físico-químicos e microbiológicos relacionados à qualidade da água, a partir de uma pesquisa das análises realizadas por um laboratório especializado em alimentos, localizado em São Paulo, comparando os resultados com três legislações distintas: MAPA, MS e Comunidade Européia. Material e Métodos Foram pesquisados 2883 laudos laboratoriais de amostras de água provenientes de indústrias de alimentos, enviadas para um laboratório especializado em análises de alimentos, no período de jan/2008 a ago/2009. A partir destas amostras foram realizadas 17.550 análises, sendo 10.084 físico-químicas e 7.666 microbiológicas. Deste total foram utilizados os indicadores mais solicitados pelas indústrias, visando monitorar a qualidade da água, seja através de análises realizadas pelo controle de qualidade das indústrias ou por exigência fiscal, em cumprimento aos padrões estabelecidos pela Portaria 518 de 25 de março de 2004, do Ministério da Saúde, o RIISPOA, decreto 30691 de 29/03/1952, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a Diretiva 98/83 do Conselho de 3 de novembro de 1998, da Comunidade Européia. As indústrias de produtos de origem animal devem seguir aos padrões estabelecidos pelo RIISPOA (BRASIL, 1952) enquanto que as demais, os padrões exigidos pela Portaria 518 da Anvisa (BRASIL, 2004). Os estabelecimentos produtores de alimentos que exportam para a Europa seguem o que preconiza a Diretiva 98/83. Resultados e Discussão Dos resultados obtidos observou-se que os ensaios microbiológicos e físico-químicos apresentaram taxas de aprovação de 94,53% e 87,5% respectivamente, quando comparados às legislações vigentes. Notou-se que, em se tratando de análises físico1 químicas, o parâmetro mais requisitado pelas indústrias foi o cloro, seguido pelo pH e dureza, enquanto que dos ensaios microbiológicos, os mais solicitados foram a contagem padrão em placas, seguida dos coliformes totais e coliformes termotolerantes. Em relação ao cloro 31,34% das amostras estavam em desacordo com a faixa estabelecida pela Portaria 518 da ANVISA (BRASIL, 2004) ao passo que se compararmos estes mesmos resultados com o que preconiza o RIISPOA (BRASIL, 1952) a taxa de reprovação passaria para 71,52%.O uso do cloro no tratamento da água pode ter como objetivo a desinfecção (destruição de microorganismos patogênicos), a oxidação (alteração das características da água pela oxidação dos compostos nela existentes) ou ambas ao mesmo tempo. A desinfecção é o objetivo principal e mais comum da cloração (MEYER, 1994). Por outro lado, o parâmetro Dureza apresentou todos os resultados de acordo como que preconiza a Portaria 518 (BRASIL, 2004), porém observou-se que 33% dos resultados encontraram-se na faixa de dureza entre 50 a 200 mg/L de CaCO3, demonstrando o uso de águas com durezas moderadas a duras nos processos das indústrias de alimentos. A água dura não apresenta problemas quanto à potabilidade, porém, na indústria este problema deve ser tratado, pois em temperaturas elevadas esses minerais tendem a formar incrustações, sendo perigoso para as caldeiras, tempo e vida útil de máquina de lavar e também podem reagir com sabões e detergentes, reduzindo suas funções (FIGUEIREDO, 1999). Com relação aos ensaios microbiológicos estudados, os coliformes totais apresentaram 11,05% de não conformidade, quando comparados à Portaria 518 (BRASIL, 2004). É um parâmetro indicador da possibilidade de existir microrganismos patogênicos e com a provável existência de outros potencialmente deteriorantes de alimentos. (FRANCO & LANDGRAF, 2003). Conclusões Apesar das empresas solicitarem análises microbiológicas e físico químicas para avaliação da qualidade das suas águas, pode ser que não dêem o devido valor aos resultados, por estarem os mesmos, muitas vezes, de acordo com os padrões estabelecidos pelas legislações. Entretanto, ensaios que apresentam resultados limítrofes podem acarretar prejuízos à indústria. Com relação aos resultados não conformes obtidos, sugere-se uma maior atenção das empresas ao compará-los ás legislações em vigor e suas implicações nos processos. Referências Bibliográficas ANDRADE, N.J.; MACEDO, J.A.B., Higienização na indústria de alimentos. São Paulo: Varela, 1996. 182 p. 21-26 RICHTER, CALOS A; NETTO AZEVEDO, JM Características da Água. In: Tratamento da Água. Tecnologia Atualizada. 3ª. Ed. São Paulo.Edgard Blücher LtDA, 2000. Cap. 3, p.24-39 Autor a ser contactado: Érika Lima Nóbrega, Médica Veterinária autônoma – e-mail: [email protected] 2