Bárbaros e romanos

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Prof. iLwyzx
07
14/06/2014
História
Aluno(a):______________________________________________________
Bárbaros e romanos
Como acabar com um grande império
RESUMO Em trilogia de livros, o historiador britânico
Peter Heather defende que a culpa pela queda do
Império Romano recai sobre ele mesmo. Foram as
inovações romanas que, levadas aos povos vizinhos,
possibilitaram que pequenos grupos tribais se
transformassem em grandes coalizões com poder
centralizado.
REINALDO JOSÉ LOPES
EM UMA DAS muitas piadas antológicas do filme "A
Vida de Brian" (1979), sátira dos Evangelhos do grupo
britânico Monty Python, revolucionários judeus fazem
uma reunião para planejar a luta contra o Império
Romano. "Afinal, o que é que os romanos fizeram por
nós?", pergunta retoricamente o chefe do grupo. "Os
aquedutos", diz um. "O saneamento básico", lembra
outro. "E as estradas", aponta um terceiro. E se, na vida
real, os avanços materiais trazidos pelo poderio de Roma
fossem a principal explicação para o fim do império?
É mais ou menos o que argumenta o historiador
britânico Peter Heather, do King's College de Londres,
numa trilogia de livros (ainda que sem citar diretamente
o esquete de seus conterrâneos). O foco das obras não
está propriamente nos aquedutos e nas estradas
construídas dentro das fronteiras imperiais, mas na
influência de Roma sobre seus vizinhos europeus, que os
romanos, à maneira grega, chamavam de bárbaros.
Sintetizando uma gama impressionante de dados
arqueológicos e relatos históricos, Heather argumenta
que a presença das legiões logo ali, do outro lado da
fronteira, serviu como catalisador de transformações
econômicas, políticas e militares de larga escala na
Europa "bárbara". O dinheiro e a manipulação política
dos césares teriam sido os principais responsáveis por
transformar pequenas unidades tribais em coalizões
étnicas de larga escala, com liderança centralizada,
fortes o suficiente para abrir buracos na armadura do
império e, finalmente, fragmentá-lo.
As obras de Heather, bem como outros livros
recentes, também deixam claro que esse processo não
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foi algo inexorável nem pode ser dado como concluído
em 4 de setembro de 476, data convencionalmente
considerada como o fim do Império Romano do
Ocidente (quando o imperador-menino Rômulo
Augústulo foi deposto pelo líder "bárbaro" Odoacro).
Para começo de conversa, como a expressão "do
Ocidente" deixa claro, as regiões mais ricas, populosas e
culturalmente importantes do império --a Grécia, o
Egito, a Síria e a Ásia Menor (atual Turquia)-- ficavam a
leste da Itália, e essas áreas continuaram nas mãos de
Constantinopla (hoje, Istambul), a sede do Império
Romano do Oriente, depois de 476. No século 6º, os
"romanos do Oriente" (termo que os historiadores de
hoje
preferem
a
simplesmente
"bizantinos")
reconquistaram a Itália, boa parte da África do Norte e
trechos da Espanha, chegando a refazer parte da
unidade imperial perdida.
Mais importante ainda, mesmo os reinos bárbaros
que sucederam Roma no Ocidente continuaram a operar
segundo padrões culturais e políticos que eram
basicamente romanos, inclusive reconhecendo, ainda
que apenas nominalmente, a supremacia dos
imperadores remanescentes em Constantinopla.
REVOLUÇÃO VERDE
Em dois de seus livros, "The Fall of the Roman
Empire: A New History of Rome and the Barbarians"
[Oxford University Press, 580 págs., R$ 48,10] (A queda
do Império Romano: uma nova história de Roma e dos
bárbaros) e "Empires and Barbarians: Migration,
Development and the Birth of Europe" [Oxford
University Press, 752 págs., R$ 84,30] (Impérios e
bárbaros: migração, desenvolvimento e o nascimento da
Europa), Heather argumenta que os séculos de
convivência entre romanos e seus vizinhos "bárbaros" de
língua germânica, separados do Império pelos rios Reno
e Danúbio, acabaram forjando adversários muitos mais
formidáveis do poderio imperial.
Uma comparação detalhada entre os territórios
germânicos no século 1º d.C., a era dos primeiros
césares, e a situação da área 250 anos depois, quando as
grandes invasões bárbaras estavam prestes a virar
rotina, indica que áreas onde antes podiam ser
identificados dezenas (se não centenas) de grupos tribais
diferentes agora estavam sob a égide de 10 ou 15 deles.
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Achados arqueológicos dão uma pista do que pode
ter acontecido para que se chegasse a esse resultado. O
primeiro dado importante é que a agricultura da antiga
Germânia parece ter se tornado muito mais produtiva,
com uso intensivo de esterco para fertilização,
integração entre pecuária e plantio de cereais e técnicas
para revolver as camadas mais profundas do solo -coisas que não faziam parte do repertório daquelas
pequenas comunidades antes do estabelecimento da
fronteira imperial nos rios Reno e Danúbio.
A hipótese mais razoável para explicar o repentino
interesse dos germanos na produção agrícola intensiva é
a demanda (tanto pacífica, comercial, quanto mais
agressiva, na forma de tributos) gerada pela presença
das legiões e das cidades romanas na fronteira. Tanto é
assim que ouro e prata de origem mediterrânea passam
a figurar cada vez mais nos assentamentos do lado
germânico da linha Reno-Danúbio ao longo desse
período.
A história que os dados arqueológicos contam,
entretanto, não é simplesmente a de uma pacífica
expansão agrícola. Além de metais preciosos, espadas e
armaduras de fabricação romana passam a ser
importados maciçamente por senhores da guerra
germânicos.
E os túmulos de alguns desses príncipes começam a
ser adornados com um fausto até então impensável -pistas tanto de uma intensificação dos conflitos na
região quanto do aumento da desigualdade social e da
concentração de poder nas mãos de um número menor
de líderes.
Esse processo também teria sido facilitado pelo
costume romano de designar parceiros comerciais e
políticos preferenciais no lado bárbaro, dando a eles
uma posição de destaque e, ocasionalmente, ajuda
militar contra seus inimigos.
se estabelecer no território do império, formando
principados "aliados", mas com estrutura política própria
e semi-independente.
GOLPE DUPLO Foi a combinação desse incentivo
"positivo" (positivo do ponto de vista dos bárbaros,
claro) com outro negativo, a ascensão dos hunos, a tribo
do conquistador Átila, na região além do Danúbio, que
teria empurrado mais e mais grupos bárbaros para o
lado romano da fronteira.
Do ano 400 em diante, portanto, Roma teve de
lidar com dois desafios sérios: os "imigrantes
militarizados" germânicos exigindo terras (e os tributos
da produção agrícola vindo delas, principal fonte de
financiamento do Exército romano) e os próprios hunos,
os quais, ao estilo mafioso, exigiam quantidades cada
vez mais exorbitantes de ouro para deixar o Império em
paz.
A implosão do poder imperial veio quando os
assentamentos bárbaros independentes atingiram uma
massa crítica que simplesmente cortou pela raiz a base
de impostos que sustentava o Estado romano. O
principal candidato a golpe de misericórdia, nesse
sentido, foi a instalação dos vândalos na África do Norte,
onde ficavam as províncias que eram o celeiro de Roma,
nos anos 430. Quando as tentativas de retomar essas
províncias falharam, o Ocidente romano passou a ser
apenas a Itália.
Porém, como conta Heather em "The Restoration
of Rome" [Macmillan, 524 págs., R$ 33,69, e-book],
assim como seu conterrâneo Chris Wickham, da
Universidade de Oxford, em "The Inheritance of Rome:
Illuminating the Dark Ages" [Penguin Books, 688 págs.,
R$ 48,30], era cedo para falar em um fim inelutável da
visão imperial na Europa.
Heather conta em detalhes as consequências desse
fenômeno em "The Fall of the Roman Empire". Os
muitos grupos germânicos (em alguns casos também há
os de origem iraniana, como os alanos) acabaram
coalescendo em sociedades capazes de colocar no
campo de batalha xércitos com dezenas de milhares de
soldados e cujos nomes entrariam para a história, como
os visigodos, vândalos e francos.
Para começo de conversa, a romanização das elites
germânicas foi extremamente rápida. Conquistadores
como Teodorico, rei dos ostrogodos (475-526) e da Itália
pós-romana, tinham entre suas maiores ambições a
conquista de títulos como "patrício" e "Augusto"
durante suas negociações com Constantinopla.
Teodorico conseguiu, aliás, impor sua hegemonia na
Espanha e na Gália (atual França) visigótica e sobre os
vândalos da África, transformando seu longo reinado
numa espécie de ressurreição do Império do Ocidente.
A consequência lógica do desenvolvimento dessas
"novas" etnias seria buscar uma fatia ainda mais
substancial da riqueza imperial, primeiro na forma de
banditismo endêmico e, mais tarde, com tentativas de
E foi o vácuo de poder deixado pela morte de
Teodorico que permitiu que Justiniano (482-565), o
último imperador do Oriente a ter o latim como língua
materna, reconquistasse tanto a Itália quanto a antiga
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2
África do Norte romana, e até parte do sul da Espanha. O
ideal da unidade imperial, argumentam os historiadores,
só desapareceria de vez com a ascensão do Islã, no
século 7º, que acabou de vez com as ambições de
Constantinopla de ser a potência dominante do
Mediterrâneo.
FONTE:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrissima/169984barbaros-e-romanos.shtml
Mudanças climáticas ajudaram
queda do Império Romano
significa que o aquecimento global contemporâneo seja
natural.
"O que está acontecendo agora não tem precedentes, é muito
mais rápido", dizem os cientistas.
A ideia de que fatores ambientais, mais do que políticos,
levam sociedades ao colapso ganhou força em 2005, quando o
biogeógrafo americano Jared Diamond lançou o livro
"Colapso". Nele, Diamond mostra como coisas como a
exploração excessiva da madeira ou da pesca levaram
sociedades à crise.
Não existia grande material científico, em 2005, sobre como o
ambiente tinha atingido Roma. Os romanos, ao menos, não
tiveram culpa pelas mudanças no clima que atingiram seu
Império.
RICARDO MIOTO
Não é a resposta que quem corrige vestibulares espera, mas
um novo estudo diz que, entre os fatores que levaram o
Império Romano ao fim, está uma mudança climática.
Pesquisadores da Universidade Harvard e de várias
instituições europeias mostraram que, no auge da expansão
de Roma, o clima era quente e chuvoso. Isso fortalece a
agricultura e, assim, ajuda a alimentar grandes exércitos, além
de permitir uma economia pujante, evitando insatisfações
internas.
Isso aconteceu por volta do ano 100 d.C., quando o
Mediterrâneo virou um "lago romano", e o Império chegou a
colocar os pés até no norte da atual Inglaterra, onde concluiu,
em 126 d.C., a muralha de Adriano, para manter os inimigos
afastados.
Uma hora, porém, a prosperidade acabou. A partir do meio do
século 3, mudanças climáticas tornaram o Império Romano
mais seco e frio.
Segundo o grupo internacional de pesquisadores, que
publicou suas conclusões na "Science", isso certamente afetou
a produção de alimentos e pode ter estimulado causas
tradicionalmente relacionadas à decadência de Roma, como a
inflação.
Certamente políticas monetárias erradas colaboraram para
piorar o cenário de crise econômica, dizem, mas não é por isso
que se deve, nas palavras de Jan Esper, da Universidade
Johannes Gutenberg (Alemanha), "seguir a crença comum de
que civilizações estão isoladas de variações ambientais". Para
saber como era o clima há tanto tempo, os cientistas
analisaram 9.000 pedaços grandes de madeira antiga. A
maioria veio de restos de construções e artefatos de madeira
na Europa.
Cada ano cria um anel único no tronco da árvore.
Pacientemente,
os
cientistas
foram
retrocedendo,
comparando pedaços de madeira cada vez mais antigos.
FONTE:
http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/860448mudancas-climaticas-ajudaram-queda-do-imperioromano.shtml
Conforme a grossura desses anéis, é possível saber quanto
choveu e se fez frio ou calor naquele ano.
Os cientistas destacam que a existência de mudanças
climáticas em um período pré-Revolução Industrial não
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