Germinação e vigor de sementes de alface tratadas com ácido

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NASCIMENTO FKS; GUISCEM JM; FONSECA PHS; PORTELA SB; SANTOS FN. 2014.
Germinação e vigor de sementes de alface tratadas com ácido ascórbico. Horticultura Brasileira 31:
S3548 – S3555.
Germinação e vigor de sementes de alface tratadas com ácido
ascórbico
Fernanda Karollyne Saboia do Nascimento¹; Josiane Marlle Guiscem²; Pedro
Horácio da Silva Fonseca³; Stéfanny Barros Portela¹; Francisco Nóbrega dos
Santos²
1
UEMA-CCA-Curso de Mestrado em Agroecologia. Cidade Universitária Paulo VI, s/n, Tirirical, Caixa
postal 09, 65055-310, São Luís-MA; [email protected]; [email protected];
²
UEMA-CCA-Depto de Fitotecnia e Fitossanidade; [email protected]; [email protected];
³UEMA-CCA-Curso de Agronomia; [email protected];
RESUMO
A alface é cultivada em diferentes condições edafoclimáticas e o período mais
crítico da cultura é o da germinação e emergência das plântulas, sendo que o
estabelecimento rápido e uniforme no campo é fundamental para se alcançar um bom
estande de plantas. Tratamentos de sementes com reguladores de crescimento podem
aprimorar o desenvolvimento das plântulas e o tratamento com ácido ascórbico tem
apresentado papel significativo na fase de germinação. Assim, objetivou-se no presente
trabalho avaliar o efeito do tratamento de sementes de alface com diferentes dosagens e
diferentes metodologias de aplicação exógena de ácido ascórbico, em condições de
laboratório, na germinação e vigor destas sementes. As sementes foram submetidas a
dois tempos de aplicação exógena: um minuto (sem embebição) e 24 horas (com
embebição); e a sete doses de ácido ascórbico (C6H8O6): T1 - testemunha; T2 - 0,005g;
T3 - 0,010g; T4 - 0,015g; T5 - 0,020g; T6 - 0,025g; e, T7 - 0,030g, doses estas diluídas
em 100 mL de água.
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente
casualizado, em um esquema fatorial 2x7, com quatro repetições, para cada tempo de
exposição, sendo cada repetição com cem sementes de alface.
O experimento foi
realizado em caixas gerbox com papel germitest. Os parâmetros avaliados foram:
primeira contagem de germinação, porcentagem de germinação, peso de matéria fresca
e peso de matéria seca. Verifica-se que há uma necessidade de se aprimorar mais o
conhecimento para entender as relações entre o tratamento de sementes com ácido
ascórbico, pois os resultados não indicam que o ácido ascórbico participa no processo
de germinação, mas pode auxiliar na melhora do vigor de plântulas, devido ao
incremento de matéria fresca e seca. A derivação da equação encontrada na variável
fresca sem embebição indica que a melhor dose neste estudo seria a de 0,015 g de ácido
ascórbico.
Palavras-chave: Lactuca sativa L., aplicação exógena, regulador de crescimento.
ABSTRACT
Hortic. bras., v. 31, n. 2, (Suplemento-CD Rom), julho 2014
S3548
NASCIMENTO FKS; GUISCEM JM; FONSECA PHS; PORTELA SB; SANTOS FN. 2014.
Germinação e vigor de sementes de alface tratadas com ácido ascórbico. Horticultura Brasileira 31:
S3548 – S3555.
Germination and vigor of lettuce seeds treated with ascorbic acid
The lettuce is grown in different climatic conditions and the most critical period
of the crop is the germination and seedling emergence , and rapid and uniform
establishment in the field is critical to achieving good plant stand . Seed treatments with
growth regulators can enhance the development of seedlings and treatment with
ascorbic acid has shown significant role in seed germination . Thus , the aim of this
work was to evaluate the effect of treatment of lettuce seeds with different dosages and
different methodologies exogenous application of ascorbic acid in laboratory conditions
on seed germination and vigor . Seeds were subjected to two times of exogenous
application : one minute ( without soaking ) and 24 hours ( soaking ), and seven doses
of ascorbic acid ( C6H8O6 ) : T1 - control , T2 - 0.005 g , T3 - 0.010 g ; T4 - 0.015 g ;
T5 - 0.020 g T6 - 0,025 g, and T7 - 0.030g , these doses diluted in 100 mL of water. The
experimental design was completely randomized in a 2x7 factorial design, with four
replicates for each exposure time , each repetition a hundred lettuce seeds . The
experiment was conducted in gerboxes with germitest paper. The parameters evaluated
were : first germination , germination percentage , weight of fresh and dry weight . It
appears that there is a need to further enhance the knowledge to understand the
relationships between seed treatment with ascorbic acid, because the results do not
indicate that ascorbic acid participates in the germination process, but it can help in the
improvement of seedling vigor due to the increase of fresh and dry matter. The
derivation of the equation found without immersion in fresh variable indicates that the
best dose in this study would be 0,015 g of ascorbic acid.
Keywords: Lactuca sativa L., exogenous application, growth regulator.
A alface (Lactuca sativa L.) é uma importante olerícola folhosa consumida em
várias partes do mundo. Assim, para atender a essa demanda, o cultivo desta hortaliça
no Brasil é realizado durante o ano todo, uma vez que o produto não tolera períodos
prolongados de armazenamento. Essa hortaliça é cultivada em diferentes épocas e
regiões, em diferentes condições edafo-climáticas e o período mais crítico da cultura é o
da germinação e emergência das plântulas (Nascimento, 2002).
Hortic. bras., v. 31, n. 2, (Suplemento-CD Rom), julho 2014
S3549
NASCIMENTO FKS; GUISCEM JM; FONSECA PHS; PORTELA SB; SANTOS FN. 2014.
Germinação e vigor de sementes de alface tratadas com ácido ascórbico. Horticultura Brasileira 31:
S3548 – S3555.
O estabelecimento do estande constitui prioridade para o produtor rural.
Segundo Nascimento & Pereira (2007), alto vigor e elevada germinação são dois prérequisitos para se alcançar um estabelecimento adequado de plântulas.
Em hortaliças, como no caso da alface, o atraso e a falta de uniformidade do
desenvolvimento podem refletir na qualidade do produto, com desvios em relação ao
padrão desejado e redução do valor comercial (Marcos Filho, 2005). Melhorar o
crescimento e o desempenho geral da produção agrícola das culturas é uma meta
importante para aumentar a produtividade e a qualidade do produto colhido, portanto o
melhoramento do vigor de sementes é uma abordagem útil para cumprir esse objetivo.
A pesquisa tem procurado desenvolver procedimentos para uniformizar o
desempenho de lotes de sementes e favorecer a germinação. Tratamentos de sementes
com reguladores de crescimento em aplicação exógena ou em condicionamento
osmótico podem aprimorar o desenvolvimento das plântulas, melhorar a velocidade de
germinação, a uniformidade das plântulas e a percentagem de germinação. Entretanto, a
utilização comercial desta técnica e a disponibilidade de sementes condicionadas para
os produtores são ainda relativamente baixas. Uma das razões para o uso infrequente
destas sementes é a inconsistência dos resultados obtidos pela pesquisa.
O ácido ascórbico ou vitamina C tem apresentado papel significativo na primeira
fase da germinação e consequentemente, tem sido bastante estudado. É um metabólito
importante para as plantas por auxiliar na proteção das células e compartimentos subcelulares dos efeitos citotóxicos dos radicais livres de oxigênio (Soares & Machado,
2007). Segundo McCue et al. (2000), o ácido ascórbico é um regulador de crescimento
e aumenta o vigor de sementes com a sua aplicação exógena. Tommasi et al. (2011)
sugerem que o ácido ascórbico pode estar envolvido diretamente no processo
responsável pelo redirecionamento das substâncias de reserva disponível para a
germinação do embrião.
Objetivou-se no presente trabalho avaliar a viabilidade e o efeito do tratamento
de sementes de alface com diferentes dosagens e diferentes metodologias de aplicação
exógena de ácido ascórbico, em condições de laboratório, na germinação e vigor destas
sementes.
MATERIAL E MÉTODOS
Hortic. bras., v. 31, n. 2, (Suplemento-CD Rom), julho 2014
S3550
NASCIMENTO FKS; GUISCEM JM; FONSECA PHS; PORTELA SB; SANTOS FN. 2014.
Germinação e vigor de sementes de alface tratadas com ácido ascórbico. Horticultura Brasileira 31:
S3548 – S3555.
Esse trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Fitotecnia e Pós-colheita,
localizados na Universidade Estadual do Maranhão – UEMA (Campus São Luís – MA).
As sementes de alface utilizadas no experimento foram da cultivar Cinderela. As
sementes foram submetidas a dois tempos de aplicação exógena de ácido ascórbico: um
minuto (sem embebição) e 24 horas (com embebição); e a sete doses de ácido ascórbico
(C6H8O6): T1 - testemunha; T2 - 0,005 g; T3 - 0,010 g; T4 - 0,015 g; T5 - 0,020 g; T6 0,025 g; e, T7 - 0,030 g, doses estas diluídas em 100 mL de água. O delineamento
experimental utilizado foi inteiramente casualizado, em um esquema fatorial 2x7, com
quatro repetições, sendo cada repetição com cem sementes de alface.
Antes do tratamento, as sementes foram lavadas com água destilada por 30
segundos, secadas em papel toalha e colocadas na solução de cada tratamento
separadamente. Na embebição de 24 horas, as sementes foram colocadas em cada
solução em béquer envolto com papel alumínio, para não haver entrada de luz e
consequente degradação do ácido, e em temperatura controlada a 20° C, em Câmara de
Germinação tipo B.O.D.. Após cada tempo de aplicação exógena nas soluções
utilizadas, as sementes de alface foram colocadas em caixas plásticas transparentes,
gerbox, com tampa, medindo 11 x 11 x 4 cm, forradas com folha de papel germitest
prensada e com adição de água destilada em volume equivalente a 2,5 vezes o peso do
substrato, conforme Regras para Análise de Sementes (Brasil, 2009). Estas foram postas
em uma Câmara de Germinação tipo B.O.D., com temperatura de 20° C e fotoperíodo
de 12 horas, por sete dias. Sendo as sementes submetidas ao teste de germinação.
Os parâmetros avaliados no experimento foram: primeira contagem de
germinação, porcentagem de germinação (%G); peso de matéria fresca de plântula; e
peso de matéria seca de plântula.
As contagens de sementes germinadas foram feitas no 4º e 7º dias após
semeadura, seguindo os critérios estabelecidos nas Regras para Análise de Sementes
(Brasil, 2009). Para a primeira contagem de germinação foi utilizado o critério da
protusão da radícula e a porcentagem de germinação foi definida pela porcentagem de
sementes que produziram plântulas normais, ou seja, plântulas intactas ou com
pequenos defeitos como danos limitados ou pequenos, mas com bom desenvolvimento
de suas estruturas essenciais, de acordo com Regras para Análise de Sementes (Brasil,
2009).
Hortic. bras., v. 31, n. 2, (Suplemento-CD Rom), julho 2014
S3551
NASCIMENTO FKS; GUISCEM JM; FONSECA PHS; PORTELA SB; SANTOS FN. 2014.
Germinação e vigor de sementes de alface tratadas com ácido ascórbico. Horticultura Brasileira 31:
S3548 – S3555.
Para obtenção do peso da matéria fresca da plântula, foram retiradas as plântulas
normais do substrato, removido o restante de sementes e pesadas em balança analítica
de precisão 220g com divisão de 0,0001g, por repetição. Após isso, foram colocadas em
sacos de papel em estufa de secagem a 60ºC até atingirem peso constante conforme
Malavolta et al. (1997), colocadas para resfriar dentro de um saco plástico fechado para
não receber umidade do meio em temperatura ambiente por 6 horas e pesadas em uma
balança analítica de precisão, para obter o peso da matéria seca (mg/plântula).
A análise estatística foi realizada pelo programa estatístico ASSISTAT versão
7.7 beta. Sendo feita a análise da variância fatorial, por meio de regressão polinomial e
linear. Com os resultados obtidos, foram ajustadas curvas para cada parâmetro avaliado,
de acordo com a significância da análise de variância da regressão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com McDonald Jr. (1975), a primeira contagem de germinação é um
teste fisiológico que procura determinar manifestações fisiológicas específicas das
sementes, cuja manifestação depende do vigor, baseando-se na resistência a estresse.
Entretanto, ao analisar o efeito das doses de ácido ascórbico na primeira
contagem de germinação, no experimento sem embebição e com embebição, pela
analise da variância da regressão não houve efeito significativo.
Os resultados de porcentagem de germinação não apresentaram significância na
análise de variância da regressão, para nenhuma das duas metodologias de aplicação
exógena do ácido.
No gráfico representativo de peso de matéria fresca de plântulas (Figura 1),
apenas os dados médios de peso fresco dos tratamentos sem embebição apresentaram
significância na análise de variância da regressão. Verifica-se que a resposta da
produção de matéria fresca em relação às sementes que não passaram por embebição,
foi mais interessante com a dose 0,015g, que obteve maior resultado de incremento no
peso de matéria fresca em mg. De acordo com a derivação da equação (SE = -5589x²
+172,8x+ 11,73) a melhor dose seria no valor de 0,015 g, confirmando o resultado do
experimento.
As sementes com aplicação exógena de ácido ascórbico de 1 minuto tiveram
resultados significamente maiores em relação às sementes que passaram por embebição
da solução por 24 horas. Diferindo de Brilhante et al. (2009) que encontraram resultados
Hortic. bras., v. 31, n. 2, (Suplemento-CD Rom), julho 2014
S3552
NASCIMENTO FKS; GUISCEM JM; FONSECA PHS; PORTELA SB; SANTOS FN. 2014.
Germinação e vigor de sementes de alface tratadas com ácido ascórbico. Horticultura Brasileira 31:
S3548 – S3555.
em que a metodologia mais eficiente para a aplicação exógena do ácido ascórbico nas
sementes de feijão-de-corda é a de submersão das sementes por 24 horas.
O comportamento da variável peso de matéria seca de plântulas (mg) (Figura 2),
quando se utilizou sementes com embebição na solução de ácido ascórbico por 24
horas, apresentou-se crescente, isto é a medida que se aumentou a dose de ácido
ascórbico aumentou peso de matéria seca de plântulas de alface. Culminando no maior
acúmulo de peso seco na maior dosagem, 0,030 g. Essa variável teve significância na
análise de variância da regressão linear.
Já no tratamento sem embebição, houve grande variação dos resultados de peso
de matéria seca, sem apresentar efeito significativo.
Segundo Tekrony & Egli (1991), é possível que o vigor da semente tenha um
efeito direto na habilidade da planta de acumular matéria seca, mas na realidade, as
reservas da semente e a sua mobilização adequada são responsáveis apenas pelo
crescimento inicial da plântula, durante período relativamente curto após a emergência.
Pela análise de variância fatorial, não houve efeito significativo entre as
diferentes doses de ácido ascórbico, nem para a interação tempo de aplicação exógena x
dose de ácido ascórbico. Houve efeito significativo para o tempo de aplicação exógena
sem embebição para a variável peso de matéria fresca de plântula, e para o tempo de
aplicação exógena com embebição para a variável peso de matéria seca.
As informações contidas neste estudo são de grande importância, pois a partir
destes dados obtidos, verifica-se que há uma necessidade de se aprimorar mais o
conhecimento para atingir o completo entendimento das relações entre o tratamento de
sementes com ácido ascórbico, pois os resultados não indicam que o ácido ascórbico
participa no processo de germinação, mas pode auxiliar na melhora do vigor de
plântulas, devido ao incremento de matéria fresca e seca. Pela derivação da equação
encontrada na variável matéria fresca estudada sem embebição a melhor dose neste
estudo seria de 0,015 g de ácido ascórbico.
REFERÊNCIAS
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feijão-de-corda. In: XII CONGRESSO BRASILEIRO DE FISIOLOGIA
VEGETAL. Anais… Fortaleza.
Hortic. bras., v. 31, n. 2, (Suplemento-CD Rom), julho 2014
S3553
NASCIMENTO FKS; GUISCEM JM; FONSECA PHS; PORTELA SB; SANTOS FN. 2014.
Germinação e vigor de sementes de alface tratadas com ácido ascórbico. Horticultura Brasileira 31:
S3548 – S3555.
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Peso fresco de plântulas (mg)
14
SE = -5589x2 + 172.8x + 11.73
R² = 0.555
13,5
13
12,5
12
11,5
0
0,005
0,01
0,015
0,02
0,025
0,03
0,035
Ácido ascórbico (g)
Sem embebição
Figura 1. Dados médios de peso de matéria fresca de plântulas do experimento em
substrato de papel germitest de sementes de alface submetidas ao tratamento de sementes
com ácido ascórbico sem embebição (Average data of fresh weight of seedling of the
experiment in substrate germitest of lettuce seeds under treatment of seeds with ascorbic
acid without soaking). São Luís, UEMA, 2013.
Hortic. bras., v. 31, n. 2, (Suplemento-CD Rom), julho 2014
S3554
Peso seco de plântulas (mg)
NASCIMENTO FKS; GUISCEM JM; FONSECA PHS; PORTELA SB; SANTOS FN. 2014.
Germinação e vigor de sementes de alface tratadas com ácido ascórbico. Horticultura Brasileira 31:
S3548 – S3555.
0,7
0,68
0,66
0,64
y = 2,5514x + 0,6184
R² = 0,7323
0,62
0,6
0,58
0
0,005
0,01
0,015
0,02
0,025
0,03
Ácido ascórbico (g)
Com embebição
Figura 2. Dados médios de peso de matéria seca de plântulas do experimento em substrato
de papel germitest de sementes de alface submetidas ao tratamento de sementes com ácido
ascórbico com embebição (Average data of dry weight of seedlings of the experiment in
substrate germitest of lettuce seeds under treatment of seeds with ascorbic acid with
soaking). São Luís, UEMA, 2013.
Hortic. bras., v. 31, n. 2, (Suplemento-CD Rom), julho 2014
S3555
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