CAMILA BOSSONI RUSSO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE - UNICENTRO DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO – DENUT ALTERAÇÕES NUTRICIONAIS EM PACIENTES SUBMETIDOS AO TRATAMENTO DE CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO GUARAPUAVA 2011 CAMILA BOSSONI RUSSO ALTERAÇÕES NUTRICIONAIS EM PACIENTES SUBMETIDOS AO TRATAMENTO DE CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO Trabalho de Conclusão de Curso a ser apresentado ao Departamento de Nutrição da Universidade Estadual do Centro-Oeste, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Nutrição. Orientadora: Professora Mestre Silvana Franco. GUARAPUAVA 2011 20 ALTERAÇÕES NUTRICIONAIS EM PACIENTES SUBMETIDOS AO TRATAMENTO DE CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO Nutritional changes in patients undergoing treatment of head and neck cancer RUSSO, Camila Bossoni1 FRANCO, Silvana2 RESUMO O presente estudo teve como objetivo averiguar as modificações nutricionais ocorridas nos pacientes, analisando sua interferência nos hábitos de vida dos mesmos. Foi realizado estudo com 10 pacientes adultos, de ambos os gêneros, diagnosticados com câncer de cabeça e pescoço da Clínica Cirurgia de Cabeça e Pescoço, localizada no Município de Guarapuava – PR. Foi aplicado um questionário estruturado, não validado, para avaliar a ocorrência de sintomas possivelmente causados pelo tratamento da doença, como xerostomia, disgeusia, disfagia, danos aos dentes, desconforto ao se alimentar, perda da fala, restrição alimentar que, levam a alterações nos hábitos alimentares após o tratamento da doença. Encontramos que 100% dos pacientes relataram ter passado por algum tipo de alteração em seus hábitos alimentares, a maioria (60%) afirmou sentir desconforto ao se alimentar, 40% relataram sintomas de xerostomia, 20% apresentaram disfagia, 80% apresentaram disgeusia, 30% apresentaram danos aos dentes, 50% perderam a fala e ainda, 40% dos pacientes sentiram a necessidade de restringir alguns alimentos de sua alimentação após o tratamento. A partir desse estudo, foi possível concluir que após os pacientes diagnosticados com câncer cabeça e pescoço passarem por alguma forma de tratamento contra a doença, os mesmos podem apresentar consequências que poderão interferir em seus hábitos alimentares e estado nutricional, como também, observar a importância do acompanhamento de um profissional nutricionista durante o tratamento desses pacientes, a fim de minimizar as complicações causadas pelo tratamento da doença. Palavras chave: oncologia, nutrição, sintomas. ABSTRACT This study aimed to investigate the nutritional changes occurring in patients, analyzing their interference in the same lifestyle. The study was conducted with 10 adult patients of both genders, diagnosed with cancer of the head and neck on the Clinic Head and Neck Surgery, on Guarapuava - PR. We administered a structured questionnaire not validated to assess the occurrence of symptoms possibly caused by the treatment of disease, such as dry mouth, dysgeusia, dysphagia, tooth damage, discomfort when eating, loss of speech, dietary restrictions that lead to changes in eating habits after treatment of the disease. We found that 100% of patients reported having experienced some kind of change in your eating habits, the majority (60%) said he felt discomfort in eating, 40% reported symptoms of xerostomia, 20% had dysphagia, 80% had dysgeusia, 30 % exhibited damage to the teeth, 50% lost their speech and yet 40% of patients felt the need to restrict certain foods from your diet after treatment. From this study, it was concluded that after the patients diagnosed with head and neck cancer undergo some form of treatment against the disease, they may have consequences that may interfere with your eating habits and nutritional status, but also note the importance the accompaniment of a professional nutritionist for the treatment of these patients in order to minimize the complications caused by treatment of the disease. Keywords: oncology, nutrition, symptoms. 1 Acadêmica do Curso de Nutrição da Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO Professora Mestre docente do Departamento de Nutrição da Universidade Estadual do Centro-Oeste UNICENTRO 2 3 INTRODUÇÃO Dentre várias doenças que podem acometer o ser humano, o câncer é uma que causa grande preocupação por ser uma doença complexa que ainda necessita-se de tratamentos mais efetivos. As principais características dadas a todos os cânceres são a proliferação celular descontrolada e a ocorrência de metástases, que consiste na facilidade que as células cancerosas possuem de migrar do ponto de origem e espalhar-se para áreas distantes distribuídas por todo o corpo1. A cada ano crescem os relatos de câncer de cabeça e pescoço. Em todo o mundo, esse tipo de câncer corresponde a 10% dos tumores malignos, sendo que aproximadamente 40% desse tipo de câncer ocorrem na cavidade oral e se desenvolve com maior prevalência na faixa etária entre 50 a 70 anos, sendo predominante no gênero masculino. No Brasil, o câncer de cabeça e pescoço representa a quinta incidência de câncer entre homens e a sétima entre as mulheres2,3,4,5. Depois de instalado, o câncer causa certas alterações no organismo do indivíduo levandoo a complicações que poderão prejudicar tanto o processo de tratamento da doença como o estado nutricional do paciente, interferindo na qualidade de vida do mesmo 3,6. Um quadro muito verificado em pacientes oncológicos é a perda de massa magra acentuada, levando os pacientes à desnutrição, o que está associado ao aumento no tempo de hospitalização e na morbimortalidade. Esta condição acarreta em susceptibilidade a infecções, pior resposta ao tratamento implantado e, como consequência, desfavorece o prognóstico de cura7. O paciente com diagnóstico de câncer, em geral, apresenta estado nutricional prejudicado. Primeiramente pela própria doença que acomete as células, podendo interferir na integridade de determinados órgãos e diminuição do sistema imunológico. Segundo, pelo fato da doença trazer ao paciente, sintomas como falta de apetite, fadiga, xerostomia, náuseas, vômitos, alteração do peristaltismo intestinal, mucosite, entre outros, que interferirão na ingestão alimentar. Estes sintomas podem estar relacionados ao estado psicológico, ao catabolismo da doença ou até mesmo ao seu tratamento 8,9. As formas de tratamento para o câncer compreendem a radioterapia, quimioterapia e o processo cirúrgico, de forma isolada ou combinada entre elas. Para todos os tipos de câncer, a radioterapia é considerada o tratamento não cirúrgico mais importante. Entre os pacientes com câncer que têm possibilidades de cura, 70% recebem a radioterapia como forma de tratamento2. 4 No entanto, a radioterapia pode trazer algumas consequências para o paciente. Quando a radiação é aplicada na região onde está localizado o tumor, não são apenas as células cancerosas que recebem a radiação, mas sim todo e qualquer tecido presente nesta área. Estes tecidos, portanto, ficam expostos a extensos campos de radiação que irão causar alterações reversíveis e irreversíveis nos tecidos sadios localizados em áreas adjacentes à massa tumoral, pondo em risco a qualidade de vida do paciente. Essas reações podem ocorrer durante ou nas semanas imediatas ao tratamento (fase aguda) ou meses ou anos após a radioterapia (fase crônica)3,8. Em cânceres de cabeça e pescoço, essa radiação atingirá toda a cavidade bucal, maxila, mandíbula e glândulas salivares. Pode-se citar, por exemplo, as glândulas salivares maiores, que sofrem as consequências da radioterapia na região de cabeça e pescoço, pois se encontram presentes no campo irradiado, levando os pacientes a quadros graves de xerostomia 8. Visto que, pacientes com câncer de cabeça e pescoço após passarem pelo tratamento da doença, podem vir a apresentar dificuldades para realizar uma alimentação adequada, o presente estudo teve como objetivo averiguar as modificações nutricionais apresentadas pelos pacientes analisando sua interferência tanto nos hábitos alimentares como no estado nutricional desses pacientes. CASUÍSTICA E MÉTODOS A presente pesquisa, caracterizada um estudo transversal retrospectivo, foi realizada com 10 pacientes adultos diagnosticados com câncer de cabeça e pescoço da Clínica Cirurgia de Cabeça e Pescoço, localizada no Município de Guarapuava – PR. Os critérios de inclusão do estudo corresponderam à pacientes diagnosticados com câncer de cabeça e pescoço, adultos, de ambos os gêneros, com idade entre 40 e 80 anos, que passaram por alguma forma de tratamento da doença na Clínica Cirurgia de Cabeça e Pescoço localizada no Município de Guarapuava – PR e que concordaram em participar e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) – apêndice I. O recrutamento dos indivíduos foi realizado por meio de contato com um profissional médico especializado em tratamento de câncer cabeça e pescoço, seguido de ligações telefônicas onde se deu o primeiro contato com cada paciente de câncer da modalidade de cabeça e pescoço. Por meio dessa ligação a pesquisa foi apresentada para o paciente, sendo que o mesmo foi convidado a participar voluntariamente do estudo. Com aqueles pacientes que concordaram em participar da pesquisa, foi marcada uma visita domiciliar para 5 esclarecimentos e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice I), dando início ao processo de coleta de dados. Para a coleta dos dados, foi aplicado um questionário estruturado, não validado, contemplando perguntas semi-abertas (Apêndice II) para avaliar as alterações nutricionais após o tratamento da doença. Realizou-se também avaliação antropométrica dos pacientes, onde foi aferida a altura e peso de acordo com o preconizado pelo SISVAN10. A aferição da altura foi realizada com uma fita métrica inelástica acoplada a uma parede sem rodapés a 50 centímetros do chão, enquanto a aferição de peso dos pacientes foi realizada a partir de uma balança portátil com capacidade de até 120 quilos. Para essa avaliação, os pacientes foram orientados a tirar os sapatos, adornos e vestir-se de roupas leves, para minimizar desta forma, a superestimação de peso atual. Questionou-se aos pacientes sobre o peso que apresentavam anteriormente ao diagnóstico da doença, para posterior comparação, através do índice de massa corporal (IMC) realizado por meio da razão entre o peso em quilos e a altura em metros ao quadrado, do estado nutricional antes e pregresso ao diagnóstico da doença. Para realização do diagnóstico nutricional através do IMC foram utilizados os pontos de corte da OMS (1995 e 1997) e OPAS (2002) para adultos e idosos respectivamente. Para análise dos dados, foram realizadas frequências, médias e desvio padrão com auxílio do Microsoft Excel®, além do teste T de student para a comparação de médias e teste do Qui-quadrado de Pearson, para comparação das frequências, realizados no programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS®), com significância de 5 %. O presente estudo foi apreciado e aprovado pelo comitê de ética da Universidade Estadual do Centro-Oeste, segundo ofício nº 225/2011 – COMEP/UNICENTRO/G (Anexo I). RESULTADOS E DISCUSSÃO A amostra do estudo foi constituída por 10 adultos, diagnosticados com câncer de cabeça e pescoço, que passaram por alguma forma de tratamento para a doença, de ambos os gêneros, na faixa etária de 47 a 78 anos de idade (Tabela 1). 6 A idade média dos pacientes foi de 61,8±8,6 e, em relação ao gênero, foi encontrado que 70% (n=7) dos indivíduos eram do gênero masculino e 30% (n=3) gênero feminino. Tabela 1 - Caracterização da população estudada Variável n Prevalência (%) 3 7 30% 70% Média/DP GÊNERO Feminino Masculino IDADE Feminino Masculino 55,3±8,50 64,5±7,63 Em geral, os pacientes diagnosticados com CA apresentam-se com estado nutricional comprometido. Isso na maioria das vezes, é devido ao próprio tratamento da doença que desencadeia inúmeros sintomas desagradáveis ao paciente, como xerostomia, desconforto ao se alimentar, disgeusia, disfagia, perda da fala, danos aos dentes, restrição alimentar, entre outros, impossibilitando o mesmo de se alimentar normalmente9. Constatou-se no presente estudo, predominância no gênero masculino, correspondendo a 70% (n=7) da amostra, indo ao encontro com outros estudos, que têm mostrado a maior prevalência de câncer cabeça e pescoço entre os homens, sendo que a incidência é 2,5 vezes maior nos homens do que nas mulheres11,12,13. A faixa etária encontrada entre os pacientes estudados foi de 47 a 78 anos de idade, o que é justificado pela literatura como a faixa etária mais acometida pela doença3,14 . Em relação à localização do tumor, encontrou-se que entre os pacientes entrevistados 20% (n=2) apresentavam câncer na boca, 10% (n=1) nas cordas vocais, 20% (n=2) no esôfago, 20% (n=2) na garganta, 10% (n=1) na língua, 10% (n=1) na mandíbula e parte da língua e 10% (n=1) assoalho da língua. A tabela 3 apresenta a localização dos tumores dos pacientes estudados. 7 Tabela 3 - Localização do tumor dos pacientes oncológicos Local Prevalência (%) n Boca 20 2 Cordas vocais 10 1 Esôfago 20 2 Garganta 20 2 Língua 10 1 Mandíbula 10 1 Soalho da boca 10 1 A cada ano são constatados mais casos de câncer de cabeça e pescoço. Dentro dessa modalidade de câncer, 40% dos casos ocorrem na cavidade oral que englobam o interior da boca, mandíbula, soalho da boca, cordas vocais, gengivas, bochechas, céu da boca, língua (principalmente as bordas laterais), região embaixo da língua e amígdalas ,4,5,15. Foi possível observar que as localizações dos tumores entre os pacientes estudados, são as áreas de maior ocorrência para o câncer de cabeça e pescoço12,13. Em relação à duração do tratamento foi possível observar que 50% (n=5) terminaram o tratamento da doença em um mês, 20% (n=2) em menos de seis meses e 30% (n=3) em um ano ou mais. Por sua vez, o tempo pregresso de tratamento mostrou que 50% (n=5) dos pacientes realizaram o tratamento há menos de um ano, 20% (n=2) no período de um ano e 30% (n=3) em mais de um ano (Tabela 4). A Tabela 4 apresenta o tempo em meses de duração do tratamento como também o tempo pregresso ao tratamento contra o câncer. Tabela 4 - Duração e época de tratamento dos pacientes oncológicos Tempo pregresso do tratamento % (n) 7 – 11 12 >12 50 20 30 (5) (2) (3) Duração do tratamento (meses) % (n) 1 2-6 12 >12 50 30 20 30 (5) (2) (2) (3) 8 São existentes três formas diferentes para realizar o tratamento contra o câncer, que pode ser realizado por meio do processo cirúrgico, radioterapia e quimioterapia2,3,8. A Figura 2 apresenta as formas de tratamento utilizadas pelos pacientes estudados. No presente estudo, foi possível observar que 20% (n=2) dos pacientes fizeram tratamento contra a doença por meio da cirurgia, 70% (n=7) fizeram cirurgia e radioterapia e 10% (n=1) passaram pelas três formas de tratamento, cirurgia, radioterapia e quimioterapia. A maior prevalência em pacientes tratados por meio da cirurgia em conjunto com a radioterapia se assemelha com a literatura, que traz essas duas modalidades como mais importantes e utilizadas formas de tratamento contra a doença em questão 2. 80 70 Pacientes (%) 60 40 20 20 10 0 Cirurgia Cirurgia e Radio Cirurgia, Radio e Quimio Formas de Tratamento *Quimio=quimioterapia; Radio=radioterapia Figura 1 – Tipos de tratamento realizados pelos pacientes estudados. Foi possível observar uma maior prevalência no uso de cirurgia em conjunto com a radioterapia como forma de tratamento contra a doença entre os pacientes estudados. Fato que se assemelha à literatura uma vez que essas duas modalidades são consideradas as mais importantes e utilizadas formas de tratamento contra o câncer de cabeça e pescoço 2. O câncer é um problema de saúde pública e a cada ano que passa sua incidência é ainda maior. As complicações resultantes dos processos de tratamento contra o câncer de cabeça e pescoço seja ele por meio de cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou combinações desses métodos são frequentes e causam aos pacientes consequências que interferirão 9 diretamente no ato de se alimentar e estado nutricional, afetando desta maneira, sua qualidade de vida9,16. Nesse estudo, os pacientes foram questionados sobre as possíveis alterações alimentares em consequência ao tratamento da doença, representado na Tabela 5. Tabela 5 – Hábitos alimentares e ocorrência de sintomas consequentes ao tratamento da doença entre os pacientes oncológicos estudados Variáveis Tabagista Consumo de bebidas alcoólicas Prótese dentária Alteração hábito alimentar Desconforto ao se alimentar Disfagia Xerostomia Danos aos dentes Disgeusia Restrição de alimentos Fala Sim 10 8 7 10 6 2 4 3 8 4 5 Prevalência (%) 100 80 70 100 60 20 40 30 80 40 50 Não 0 2 3 0 4 8 6 7 2 6 5 Prevalência (%) 0 20 30 0 40 80 60 70 20 60 50 No que diz respeito aos hábitos de vida, foi questionado aos pacientes: ser ou não tabagistas e o consumo de bebidas alcoólicas antes do diagnóstico do câncer. Os resultados mostraram que 100% (n=10) dos pacientes eram tabagistas antes do desenvolvimento da doença, sendo o tempo médio de tabagismo de 39±13,18 anos. Em relação ao consumo de álcool, 80% (n=8) dos pacientes responderam que sim, sendo que 25% (n=2) dos pacientes que ingeriam bebidas alcoólicas o faziam de 2-3 vezes por semana e 75% (n=6) ingeriam diariamente. Petti17 e Antunes et al.18 afirmam que uma das principais causas para o desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço está relacionada ao hábito de fumar e ingerir bebidas alcoólicas. No presente estudo pode-se observar que a grande maioria dos pacientes apresentava os dois fatores de risco comentados acima, o que pode estar relacionado com o aparecimento da doença. Resultados semelhantes foram encontrados em estudo de Fardin et al.14 onde 86% dos indivíduos eram tabagistas e 73% alcoolistas. O questionário também avaliava as modificações nos hábitos alimentares dos pacientes após o tratamento da doença, em relação às possíveis alterações alimentares que pudessem ter afetado os pacientes, como desconforto ao se alimentar, disfagia, xerostomia, 10 danos aos dentes, disgeusia, restrição alimentar, mudança na consistência da dieta ingerida, uso de prótese dentária e também a possibilidade de falar. No que diz respeito à consistência da dieta tolerada pelos pacientes após o tratamento, encontrou-se que 30% (n=3) consumiam uma dieta líquida, 50% (n=5) dieta livre e 20% (n=2) dieta pastosa. Estes resultados podem estar relacionados com a diferença do tempo pregresso de tratamento entre os pacientes, uma vez que aqueles indivíduos que terminaram o tratamento mais recentemente têm maior possibilidade de apresentar-se com uma dieta mais leve. Em estudo realizado por Sawada et al.19, ao avaliar a consistência da dieta entre pacientes de câncer de cabeça e pescoço que passaram pela radioterapia como forma de tratamento, encontraram resultados semelhantes aos do presente estudo onde 34,4% da amostra referiram se alimentar de líquidos e sólidos, 18,7% de líquidos e comidas leves e, 46,8% só de líquido. O tratamento contra todos os tipos de câncer consiste em um processo bastante invasivo, executado, geralmente, em indivíduos com estado nutricional já debilitado, deixando-os expostos a substâncias agressivas, que, na maioria dos casos, trazem consequências graves aos pacientes. Um exemplo desses tratamentos é a radiação, que acomete as células cancerosas e também todo e qualquer tecido localizado dentro da área atingida pela radiação, que pode levar o paciente a apresentar sintomas que influenciarão e alterarão seus hábitos de alimentares e qualidade de vida3,8. Diante disso, 100% (10) dos pacientes relataram ter sofrido algum tipo de alteração em seus hábitos alimentares, 60% (n=6) afirmou sentir desconforto ao se alimentar e ainda, 40% (n=4) dos pacientes sentiram a necessidade de restringir alguns alimentos de sua alimentação após o tratamento. Dentre os alimentos citados pelos pacientes estavam os ácidos, doces, alimentos em temperaturas muito elevadas e de consistência dura. De acordo com Ceccelli e Rapoport16 e Kielbassa et al.20, as percepções de sabores amargos e ácidos são geralmente mais acometidas que os sabores doces e salgados. Yamashita et al.11 afirma que há significativo comprometimento da limiar dos quatro sabores básicos (doce, azedo, amargo e salgado) após o início do tratamento através da radioterapia. De acordo com o apresentado na Tabela 5, observou-se que 80% (n=8) dos pacientes apresentaram disgeusia. Resultados semelhantes foram encontrados por Lazos21 onde 100% da amostra apresentou distorção no sabor dos alimentos após passar pelo tratamento da doença. As complicações orais ocasionadas por radiação induzida são processos patobiológicos complexos e dinâmicos que interferem na qualidade de vida e predispõem os pacientes a sérios distúrbios clínicos, um exemplo disso é a ocorrência de xerostomia entre os 11 pacientes com CA de cabeça e pescoço16. Foram visto neste estudo que 40% (n=4) dos pacientes relataram sintomas de xerostomia. Estudos semelhantes encontraram porcentagem de casos de xerostomia mais altos, quando comparados ao presente estudo, onde aproximadamente 77% da amostra apresentavam o sintoma21, 22. Jotz et al.23 e Hayward e Shea24 afirmam que quando realizadas cirurgias no trato aerodigestivo, o mesmo sofre alterações que podem interferir no processo de deglutição, comprometendo assim, a qualidade de vida do indivíduo. No presente estudo foi encontrado que 20% (n=2) dos pacientes apresentaram disfagia após passarem pelo tratamento contra o câncer de cabeça e pescoço. Apesar da baixa ocorrência entre os pacientes estudados, é possível observar que após realizarem o tratamento contra a doença, os pacientes podem passar por complicações que estarão interferindo diretamente na sua ingestão alimentar. De acordo com Manikantan et al.25, a presença de tumor em si, bem como o tratamento, pode resultar em danos neuromuscular afetando qualquer fase da deglutição, podendo levar os pacientes a desenvolverem quadros de disfagia. Dentre os danos que podem vir a acometer os pacientes que se submetem às cirurgias, radio e quimioterapias estão inclusos o comprometimento dos dentes e a perda da fala. No presente estudo encontrou-se que 30% (n=3) dos pacientes haviam sofrido danos aos dentes, fato que pode prejudicar a ingestão alimentar desses pacientes26 e, 50% (n=5) perderam a fala após o tratamento da doença. Campos e Leite27 afirmam que os pacientes submetidos ao tratamento contra o câncer passam por alterações fisiológicas que possivelmente comprometeram a fala dos mesmos, levando-os, consequentemente, a sofrerem modificações em sua comunicação oral e convívio social. Em um estudo realizado por Caccelli et al.28, observou-se que 80% da amostra apresentou fala debilitada após terem sido submetidos ao tratamento da doença, porcentagens mais elevadas que as encontradas no presente estudo. Em relação à prótese dentaria, foi encontrado no presente estudo que 70% (n=7) dos pacientes faziam uso da prótese dentária. Seroli e Rapoport29 encontraram em seu estudo que 35% (n=6) dos pacientes faziam uso de próteses, porém, uma porcentagem menor do que a encontrada no presente estudo. A alta porcentagem de uso de próteses dentaria entre os pacientes estudados pode ser justificado pelo fato de nossa amostra ser composta por pacientes adultos e idosos. Uma forma muito utilizada para a verificação do estado nutricional desses pacientes é o Índice de Massa Corporal (IMC). A Figura 2 apresenta o estado nutricional dos pacientes estudados antes e após o tratamento contra a doença. 12 Referente à classificação do estado nutricional dos pacientes por meio do IMC, foi possível observar que antes do desenvolvimento da doença 20% (n=2) dos pacientes apresentaram-se com baixo peso, 40% (n=4) em eutrofia, 30% (n=3) com sobrepeso e 10% (n=1) com obesidade grau I. Entretanto, após os pacientes passarem por algum tipo de tratamento contra a doença, encontrou-se que 40% (n=4) dos pacientes apresentavam-se com baixo peso, 20% (n=2) com eutrofia e 40% (n=4) com sobrepeso. 40 40 40 40 Pacientes (%) 30 Médias de IMC Antes: 24,80 kg/m² Depois: 23,56 kg/m² 20 (p=0,160) 20 20 Antes do tratamento 10 Depois do tratamento 0 0 Baixo peso Eutrofia Sobrepeso Obesidade grau I Estado Nutricional Figura 2 - Estado nutricional dos pacientes de câncer através do IMC antes e após o tratamento da doença. A média do IMC encontrada entre os pacientes foi de 24,80 kg/m² antes do tratamento e de 23,56kg/m² após os pacientes terem realizado alguma forma de tratamento. Embora a diferença entre o IMC antes e após o tratamento não ter apresentado significância estatística (p=0,160), foi possível observar que 20% (n=2) dos pacientes que estavam em eutrofia antes do tratamento passaram a baixo peso e, 20% (n=2) dos pacientes que estavam com obesidade passaram a sobrepeso após o tratamento da doença. Em um estudo realizado por Melo et al.2, ao se avaliar o estado nutricional, a maioria dos pacientes (56%) apresentavam-se desnutridos após passarem pelo tratamento da doença. No presente estudo, apesar de não ter sido encontrado diferença significativa entre as médias de IMC antes e após o tratamento da doença, foi possível observar uma diminuição nas porcentagens de IMC, representando diminuição de peso. Salienta-se também que os indivíduos que apresentavam sobrepeso permaneceram com o mesmo IMC antes e após o tratamento da doença, fato que gera uma curiosidade para 13 descobrir o porquê dessa resistência em perder peso entre pacientes com este estado nutricional. Como já citado anteriormente, o tratamento contra o câncer pode trazer aos pacientes algumas consequências que implicarão diretamente ao seu estado nutricional9,16. No trabalho, foram realizadas comparações entre a alteração de peso com diversas variáveis descritas abaixo. Na tabela 7 estão apresentados os resultados da comparação entre a alteração de peso e as diversas variáveis estudadas. Tabela 7 – Prevalência de alteração ou não de peso entre os pacientes oncológicos em relação às variáveis estudadas Variáveis Com alteração % (n) Sem alteração % (n) Valor de p Gênero Feminino Masculino 28,6 71,4 2 5 33,3 66,7 1 2 0,708 Baixo peso Eutrofia Sobrepeso 42,9 28,6 28,6 3 2 2 33,3 0 66,7 1 0 2 0,733 Sim Não 42,9 57,1 3 4 66,7 33,3 2 1 0,500 Afastado Aposentado Não trabalha Operador de máquinas Auxilio governo Sim Não Consumo de bebidas alcoólicas Sim Não Prótese dentária Sim Não Localização do tumor Boca Cordas vocais Esôfago Garganta Língua 28,6 42,9 14,3 14,3 2 3 1 1 33,3 66,7 0 0 1 2 0 0 1,000 28,6 71,4 2 5 33,3 66,7 1 2 0,708 85,7 14,3 6 1 66,7 33,3 2 1 0,533 71,4 28,6 5 2 66,7 33,3 2 1 0,708 14,3 14,3 14,3 14,3 14,3 1 1 1 1 1 33,3 0 33,3 33,3 0 1 0 1 1 0 1,000 IMC atual Fala Ocupação 14 Mandíbula Soalho da boca Forma de tratamento C CR CRQ Desconforto Sim Não Dor Sim Não Xerostomia Sim Não Consistência da dieta Líquida Livre Pastosa Pastosa + líquida Danos aos dentes Sim Não Disgeusia Sim Não Restrição alimentar Sim Não 14,3 14,3 1 1 0 0 0 0 14,3 71,4 14,3 1 5 1 33,3 66,7 0 1 2 0 1,000 71,4 28,6 5 2 33,3 66,7 1 2 0,333 28,6 71,4 2 5 0 100 0 3 0,467 14,3 85,7 1 6 100 0 3 0 0,033 42,9 28,6 14,3 14,3 3 2 1 1 0 100 0 0 0 3 0 0 0,375 28,6 71,4 2 5 33,3 66,7 1 2 0,708 85,7 14,3 6 1 66,7 33,3 2 1 0,533 42,9 57,1 3 4 33,3 66,7 1 2 0,667 *C=cirurgia; CR=cirurgia e radioterapia; CRQ=cirurgia, radioterapia e quimioterapia; valor de p foi realizado através do teste Qui-Quadrado de Pearson, com significância de 5%, (p<0,05). Na análise da Tabela 7, em relação ao IMC atual, não foi encontrada diferença estatística significante entre as classificações do IMC (p=0,733), porém, nota-se que 42,9% (n=3) dos pacientes que apresentavam alteração de peso após o tratamento da doença, encontravam-se, de acordo com o IMC, em baixo peso. Como esperado, devido ao fato de falar não estar diretamente relacionado à alimentação, não houve diferença estatística (p=0,500) entre os pacientes que perderam a fala ou não após o tratamento. Visto que as condições socioeconômicas estão relacionadas a um melhor acesso aos alimentos30, nota-se que apesar de não ter havido diferença estatística (p=0,708) entre os pacientes que recebiam algum tipo de auxílio governo ou não, 71,4% (n=5) dos pacientes que tiveram alteração de peso após o tratamento, não recebiam nenhum auxílio financeiro. 15 No que diz respeito ao hábito de ingerir bebidas alcoólicas, apesar de não haver diferença significativa (p=0,533), foi possível observar que 85% (n=6) dos pacientes que alteraram o peso após o tratamento, relataram ingerir bebidas alcoólicas. De acordo com Sodré et al.9, o consumo de bebidas alcoólicas pode afetar a absorção, o metabolismo e a excreção de diferentes micronutrientes, sendo uma das principais causas de desnutrição no mundo desenvolvido. Em relação à forma de tratamento utilizada, foi possível observar que 71,4% (n=5) dos pacientes que alteraram de peso, passaram pela cirurgia e radioterapia em conjunto, como formas de tratamento. Apesar de não ser significativo estatisticamente (p=1,000), porcentagens semelhantes a estas eram esperadas pelo fato de que os duas formas de tratamento utilizadas são considerados métodos muito invasivos, ainda mais quando realizados simultaneamente, que poderão causar à debilitação do paciente, ocasionando prejuízos tanto ao seu tratamento como ao estado nutricional do mesmo16,31. Quando questionado aos pacientes sobre a presença de desconforto no momento da alimentação, foi encontrado que 71,4% (n=5) dos pacientes que alteraram o peso passaram por dificuldades para se alimentar, por sentir desconforto. Entretanto, não houve diferença significativa (p=0,333), e isso pode ser explicado por uma possível rejeição alimentar devido ao receio, por parte do paciente, de sentir algum tipo de desconforto novamente, passando desta forma, a não se alimentar corretamente, comprometendo seu estado nutricional. De acordo com Caccelli e Rapoport 16, a presença de desconforto no momento da alimentação, pode levar o paciente de câncer de cabeça e pescoço a passar por dificuldades para se alimentar e falar e, a persistência deste sintoma, poderá levar o mesmo à perda de peso, desidratação e até mesmo à desenvolver quadros de anorexia. A consistência da dieta está diretamente relacionada com a capacidade que o indivíduo se encontra para realizar uma refeição. Dentre os pacientes que apresentaram alteração de peso, apenas 28,6% encontrava-se recebendo dieta livre. Outro resultado, apesar de não haver diferença estatística significativa (p=0,375), mostra que 100% dos pacientes que não apresentaram alteração de peso, encontravam-se recebendo dieta livre, o que pode ser explicado pelo fato de que quem tem condições de se alimentar normalmente, sem a presença de restrições alimentares e não apresentando complicações em seu trato digestivo, corre menos riscos de perder peso, uma vez que seu estado é favorável para realizar uma alimentação adequada9. No que diz respeito à ocorrência de xerostomia, foi encontrado que 100% (3) dos pacientes que não alteraram peso apresentaram xerostomia e 85,7% (6) dos pacientes que 16 alteraram peso, não apresentavam o sintoma. De acordo com a literatura, a presença desse sintoma pode levar o paciente a uma diminuição na ingestão alimentar 16, porém, não necessariamente, a perda de peso. Outra justificativa para esse resultado pode estar relacionada ao pequeno número da amostra. A alimentação carrega consigo muitos valores que levam os indivíduos a criarem seus hábitos alimentares, mas, além disso, o que pode influenciar um indivíduo a consumir ou não determinado alimento está muitas vezes relacionado a uma boa apresentação, aroma e sabor11. A partir disso, foi comparado no presente estudo a alteração de peso nos pacientes que apresentaram ou não, como consequência do tratamento, disgeusia. Foi encontrado que 85,7% (n=6) dos pacientes que, apresentaram alteração de peso, relataram ter notado diferença nos sabores dos alimentos. Apesar de não ser um resultado significativo (p=0,533), é um resultado que merece atenção, uma vez que o sabor dos alimentos possui grande impacto na hora da decisão do paciente em consumir ou não um alimento, ainda mais quando se trata de pessoas em fase de tratamento contra o câncer que podem apresentar além desse, outros sintomas que também implicarão na ingestão alimentar11. O número de pacientes com câncer de cabeça e pescoço na Clínica de Cirurgia de Cabeça e Pescoço era reduzido, cerca de 25 pacientes e, destes apenas 10 se disponibilizaram a participar do presente estudo, contemplando desta forma, uma amostra de pacientes adultos e idosos. CONCLUSÃO A partir desse estudo, foi possível concluir que os pacientes diagnosticados com câncer de cabeça e pescoço que passam por alguma forma de tratamento contra a doença, podem vir a sofrer consequências que poderão levá-los a alterações nos hábitos alimentares, devido aos sintomas trazidos tanto pela própria doença como também aqueles resultantes de seu tratamento, que estarão comprometendo a capacidade desses pacientes de realizarem uma alimentação adequada, interferindo diretamente no estado nutricional como em seus hábitos de vida. Por este motivo, julga-se necessário a presença de um profissional nutricionista dentro da equipe multidisciplinar, para que o mesmo acompanhe os pacientes diagnosticados com câncer de cabeça e pescoço durante todo o período do tratamento para que, desta forma, possam ser tomadas medidas que minimizem as consequências trazidas aos pacientes submetidos ao tratamento contra a doença, no que diz respeito aos sintomas como xerostomia, disgeusia, disfagia, danos aos dentes, entre outros que estarão dificultando a ingestão 17 alimentar desses pacientes e comprometendo seu estado nutricional, logo, interferindo no prognóstico de cura dos mesmos, como também adequar a dieta às necessidades e restrições que cada paciente apresentar, a fim de melhorar as condições de realizar uma alimentação, aumentando as chances desses pacientes de realizarem uma alimentação adequada na medida do possível. REFERÊNCIAS 1. Width M; Reinhard T. 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Garófolo A; Petrilli AS. Balanço entre ácidos graxos ômega-3 e 6 na resposta inflamatória em pacientes com câncer e caquexia. Rev Nutr. Campinas 2006; 19(5):611-621. 8. Jham BC; Freire ARS. Oral complications of radiotherapy in the head and neck. Brazilian Journal Of Otorhinolaryngology 2006; 72(5):704-8. 9. Sodré MTM et al. Avaliação nutricional de pacientes com carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço. Rev Bras Cir Cabeça Pescoço 2009; 38(2): 88-92. 10. Brasil. Ministério da Saúde. Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN: Orientações básicas para a coleta, o processamento, a análise de dados e a informação e serviços de saúde. Brasília (DF); 2004. 11. Yamashita H et al. Umami taste dysfunction in patients receiving radiotherapy for head and neck cancer. Oral Oncol 2009; 45:19-23. 18 12. Oliveira JC; Curado MP; Martins E; Moreira MAR. Incidência, mortalidade e tendência do câncer de cavidade oral e orofaringe em Goiânia de 1988 a 2003. 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Radiography 2009; 15:283-291. 20 APÊNDICES 21 Apêndice I: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Nome da pesquisa: Perfil alimentar previamente ao desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço e alterações alimentares em pacientes submetidos ao tratamento da doença Você, paciente que passou por algum tipo de tratamento de câncer da modalidade cabeça e pescoço está sendo convidado a participar de um estudo intitulado “Perfil alimentar previamente ao desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço e alterações alimentares em pacientes submetidos ao tratamento da doença”, que será realizado na Clínica de Cirurgia de Cabeça e Pescoço no município de Guarapuava, PR, vinculado a Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO. O objetivo desta pesquisa é verificar as alterações alimentares após o tratamento de câncer de cabeça e pescoço e observar a possível relação entre o padrão alimentar dos pacientes com o desenvolvimento da doença. Para a obtenção dos dados serão utilizados dois questionários, um de frequência alimentar e outro com perguntas sobre o estado atual do paciente em relação à suas condições de alimentação. Convidamos a participar da pesquisa e garantimos o sigilo das informações nela contidas, isto é, não serão identificados o nome do paciente nem o da pessoa responsável por ele, quando for este o caso. Os resultados da pesquisa serão divulgados por meio de trabalho ou artigos científico, sempre preservando a ética. Também não haverá gastos ao pacientes e familiares sendo que, salientamos que poderá retirar sua concordância, sem que isso traga prejuízos ao senhor (a). Obrigada pela colaboração. Guarapuava, _____ de ____________ de 2011 Pesquisadora Responsável: Profª.Ms.Silvana Franco – Docente do Departamento de Nutrição da UNICENTRO. Telefones: (42) 88020158, (42) 33298182 Endereço: Rua dos Girassóis, nº 17, Pérola do Oeste, Guarapuava – Pr. Após ter conhecimento dos objetivos da pesquisa e da forma de minha participação, concordo em participar. Eu, ________________________________________, concordo com minha participação ou do paciente pelo qual sou responsável no estudo “Perfil alimentar previamente 22 ao desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço e alterações alimentares em pacientes submetidos ao tratamento da doença”, estando ciente de que estou livre para em qualquer momento desistir de colaborar sem nenhuma espécie de prejuízo. Recebi uma cópia deste documento e tive a oportunidade de discuti-lo com a pesquisadora responsável. ___________________________________________________________________________ Assinatura do paciente ou seu responsável (no caso de incapacidade física e/ou mental do paciente assinar). _________________________________ __________________________ Assinatura da Pesquisadora Responsável Assinatura da Aluna Responsável Guarapuava,___ de _______________ de 2011. 23 Apêndice II: Questionário Sobre Alterações Alimentares Em Pacientes Oncológicos 1. Identificação: data de nasc: 2. Gênero: ( ) Feminino ( ) Masculino idade: 3. Ocupação: 4. Recebe algum auxílio de programa de governo? ( ) sim ( )não 5. Qual?________________________________________ 6. Localização do tumor:__________________________________________________ 7. Duração do tratamento:________________________________________________ 8. Há quanto tempo fez tratamento de câncer? 9. Qual método de tratamento foi utilizado? ( ) quimioterapia ( ) radioterapia ( ) cirúrgico 10. Houve alterações na sua alimentação após o tratamento do câncer? ( )sim ( )não 11. Ao se alimentar sente algum desconforto? ( )sim ( )não 12. Sente dor ao deglutir? ( ) sim ( ) não 13. Sente boca seca? ( ) sim ( ) não 14. Em relação à consistência da dieta: ( ) Livre ( ) Branda ( ) Pastosa ( ) Líquida 15. O tratamento causou danos aos dentes? ( ) sim ( ) não 16. Interferiu no sabor dos alimentos? ( ) sim ( ) não 17. Em relação à consistência da dieta: ( ) Livre ( ) Branda ( ) Pastosa ( ) Líquida 18. O tratamento causou danos aos dentes? ( ) Sim ( ) Não 19. Interferiu no sabor dos alimentos? ( ) Sim ( ) Não 20. Há algum alimento que foi restringido totalmente da sua alimentação após o tratamento do câncer? ( ) Sim ( ) Não Qual? ____________________________________ Dados Antropométricos: Peso anterior Peso atual Estatura - 24 ANEXOS 25 Anexo I: Carta de aprovação do COMEP