Aula 9 - IFSC Campus Joinville

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa
Catarina
Campus Joinville
HISTÓRIA II
MÓDULO IV (CTI - Mecânica e Eletroeletrônica)
Prof. Anderson dos Santos
AULA 9 – AMÉRICA PRÉ-COLOMBIANA
TÓPICOS DA AULA:
Como estudar:
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História eurocentrista – América (homenagem a Américo Vespúcio); précolombiana (antes de Colombo); colonial (época em que o continente era
colônia dos europeus); independente (fase de autonomia política em relação à
Europa);
Outros conceitos europeus – Império, religião, conquista, etc...;
Obs.: Tais conceitos são insuficientes p/ definir a cultura pré-colombiana;
Fontes – objetos que escaparam da destruição, comparação com nações
indígenas atuais, registros e relatos de viajantes estrangeiros, correspondência de
religiosos e relatos dos próprios indígenas.
Origens do homem americano:
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Três hipóteses no século XX – autoctonismo; origem polinésia; e origem
asiática;
Origem asiática – grupos humanos saíram da Mongólia (Ásia), entre 12 e 14
mil anos atrás e atravessaram o Estreito de Bering que havia congelado durante a
última glaciação (Wisconsin ou Wurm);
Grande diversidade sociocultural e linguística quando da chegada dos europeus;
população estimada entre 11 e 100 milhões de habitantes;
Línguas faladas na América do Norte: esquimó, alonquino, iroquês, sioux,
náhuatl, maia, etc.;
Línguas faladas na América do Sul: quíchua, aimará, arauco, tupi, guarani, jê,
etc.;
O Estreito de Bering é um estreito entre o Cabo Dezhnev, o ponto extremo oriental do
continente asiático e o Cabo Príncipe de Gales, o extremo ocidental do continente
americano, com cerca de 85 km de largura e uma profundidade de 30–50 m. O estreito
liga o Mar Chukchi (parte do Oceano Ártico), no norte, com o Mar de Bering (parte do
Oceano Pacífico), no sul. Tem seu nome do explorador Vitus Jonassen Bering, nascido
na Dinamarca e de nacionalidade russa, que atravessou o estreito em 1728.
Os astecas:
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Migração dos EUA para o vale do México (região cheia de lagos e pântanos);
Fundação de Tenochtitlan em 1325 (região do lago Texcoco);
Conquista de povos na região e criação de uma confederação de cidades
indígenas: a Confederação Méxica;
Soberano asteca – Tlatoani (aquele que fala), com poderes praticamente
ilimitados;
Povos dominados – pagamento de tributos (penas raras, pedras preciosas,
alimentos e pessoas para serem sacrificadas);
Chinampas – canteiros flutuantes (onde os astecas praticavam a agricultura).
Causa de um grande desastre ecológico com o desaparecimento de diversas
espécies animais e vegetais;
Início do século XVI – Tenochtitlan, cerca de 200 mil a 1 milhão de pessoas,
uma das maiores cidades do mundo; região altamente urbanizada;
Sevilha, na Espanha, tinha cerca de 60 mil habitantes na época e Paris, na
França, cerca de 200 mil habitantes;
Região muito propensa a terremotos;
Tenochtitlan protegida por um amortecedor natural, o lago, além das
construções utilizando pedra vulcânica, o tezontle;
Atualmente a Cidade do México é muito vulnerável aos terremotos, ocorrendo
afundamento de construções no solo lodoso;
Tenochtitlan tinha mercados muito movimentados com grande variedade de
produtos;
Tlatelolco era uma espécie de bairro comercial onde circulavam cerca de 60 mil
pessoas diariamente;
A guerra asteca:
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Guerreiros ocupavam posição de destaque;
A partir do século XV surge a Guerra Florida, cujo objetivo principal era
demonstrar coragem e capturar inimigos para oferecê-los em sacrifício;
A Guerra Florida terminava quando o templo central da cidade atacada fosse
atingido;
A religião asteca e os sacrifícios humanos:
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Religião extremamente complexa, com diversas divindades ligadas a fenômenos
da natureza, mas também aos próprios homens, referindo-se à fertilidade e à
fundação do universo e ao seu equilíbrio;
Tradição judaico-cristã: Deus criou o mundo e depois o Homem;
Tradição asteca: o Homem havia, junto com os deuses, participado da criação
do mundo; assim, os deuses teriam se sacrificado para que o Sol se movesse e,
portanto, os homens deveriam fazer sua parte e sacrificarem-se para que essa
ordem se mantivesse; sem os sacrifícios o mundo terminaria;
Daí a captura de guerreiros para serem sacrificados;
Sacrifício humano asteca – os astecas acreditavam que a entrega do coração do
prisioneiro ao Sol era a garantia de que o astro jamais os abandonaria.
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Maias e Incas também praticavam sacrifícios humanos;
Na mesoamérica os sacrifícios estavam ligados à concepção do calendário;
Calendário asteca solar e herdado dos maias – 365 dias, divididos em 18 meses
de 20 dias, sendo que os 5 dias restantes eram considerados de mau agouro;
Havia também outro calendário, o Tonalponalli, que combinava 13 números e
20 nomes, sendo que cada dia tinha seu signo, interpretado por um sacerdote no
momento do nascimento das pessoas, sendo que o destino das mesmas estariam
de acordo com aquela confluência;
Reinício do mundo a cada 52 anos;
A escrita asteca era composta de ideogramas e pictogramas;
A ORIGEM DO CHOCOLATE
Para homenagear o visitante espanhol Hernán Cortez, em 1519,
Montezuma, o imperador dos astecas, o fez beber um líquido forte, de tonalidade
impressionantemente escura em contraste com a taça de ouro puro. Quase uma papa, de
sabor amargo e, em compensação, de resultado energizante, a coisa tinha o nome
curioso de xocoatl.
Cortez não gostou da experiência. De todo modo, levou ao seu país,
depois de derrotar militarmente a civilização que o acolhia, inúmeros fardos do produto
originador da papa. Tratava-se de frutos curiosos, de grossa casca amarelada, sem sumo
algum em seu interior. Pelo contrário, dentro de cada fruto havia grãos, como feijões, de
vigorosa oleosidade.
No começo do século seguinte, os ingleses roubaram o segredo da
existência do xocoatl. Em 1657, na cidade de Londres, foi aberta a primeira chocolate
house do planeta. Um quilo do produto custava uma libra, o que equivalia ao salário
mensal de um marinheiro experimentado. Logo a seguir, os britânicos descobriram a
maneira de plantar a planta mãe do xocoatl, por eles batizada de cocoa, em quase todo o
oeste africano.
(adaptado de Silvio Lancelotti, Folha de S. Paulo, 4/7/1991)
Os Maias:
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Por volta do século IV, eram nômades;
Entre os séculos IX e X, desenvolveram a agricultura e sedentarizaram-se ,
estabelecendo-se na península de Yucatán (México) e países da América
Central;
Principal produto cultivado – milho;
Kukulkán, em maia, é o mesmo que Quetzalcoatl, em tolteca, isto é, “serpente
emplumada”;
Desenvolvimento de um calendário extremamente preciso e de uma escrita
(parcialmente decifrada);
Religiosidade politeísta, com sacrifícios humanos;
Cidades autônomas (cidades-estado);
Últimas resistências maias aniquiladas em 1697;
PIRÂMIDE MAIA ERA CALENDÁRIO E OBSERVATÓRIO ASTRONÔMICO
No centro da zona arqueológica de Chichenltzá – “A cidade dos bruxos
da água” – fica o templo de Kukulkán. A construção em forma de pirâmide, uma das
maiores da civilização maia, é imponente e misteriosa.
Cada um de seus quatro lados, voltados para os pontos cardeais, tem 91
degraus. São 65,5 metros de uma escalada heróica (não há corrimão, para obrigar as
pessoas a subirem de cabeça baixa, em reverência). No alto, apenas um degrau separa o
visitante do santuário.
A pirâmide servia de calendário e observatório astronômico. A exatidão
aritmética é admirável. Cada um dos lados corresponde aos 91 dias de cada estação do
ano. Somados ao último degrau, totalizam os 365 dias do ciclo solar.
Quem visita o templo em 21 de março e 23 de setembro (as duas únicas
datas do ano em que o dia e a noite têm a mesma duração) assiste a um fenômeno mais
curioso que o próprio equinócio: às 17h30m, o sol reflete o corpo da enorme serpente
esculpida na face norte.
(Patrícia Trudes da Veiga. Folha de S. Paulo)
Os Incas:
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Formação de um grandioso Império, com cerca de 1 milhão de km², ao longo da
Cordilheira dos Andes;
Território estendendo-se desde a atual Colômbia até o norte da Argentina;
Hipótese sobre a origem: provenientes da região amazônica;
Dominação da região de Cuzco por volta do século XIII e expansão sobre vários
povos por três séculos;
Desenvolvimento de eficientes técnicas agrícolas;
Cultivo de mais de 60 espécies vegetais: batata, milho, batata-doce, manco
(cereal extinto), tomate, goiaba, abacate e amendoim, dentre outros.
Inexistência de propriedade privada;
Trabalho coletivo, em forma de mutirões, sob a chefia do Estado;
Produção a partir de grupamentos familiares, chamados de Ayllu;
Cada ayllu dividia suas terras em três partes: terras do deus-Sol; as do Inca
(imperador); e as da comunidade;
As terras da comunidade eram divididas entre as famílias;
Utilização da lhama e da alpaca como animais de carga;
Possuíam um eficiente sistema de comunicação por mensageiros;
LHAMA E ALPACA - Ambas são parentes próximas entre si e também de outros
como o guanaco e a vicunha. São animais que vivem na Cordilheira dos Andes e foram
domesticados há séculos. A alpaca é menor que a lhama, tendo uma pelagem mais longa
e macia. Destes animais retira-se a carne, a lã e o couro, além de serem utilizados para
transportar mercadorias. Apesar de dóceis, se irritam com facilidade e têm como
principal arma o ato de cuspir.
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Imperador inca considerado encarnação do deus-Sol;
Só podia casar-se, oficialmente, com uma de suas irmãs; Entretanto podia ter
concubinas;
Não havia regras bem definidas para a sucessão ao trono, gerando frequentes
disputas após a morte do imperador;
Império dividido em 4 províncias, cada uma governada por um Capac;
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Construções em pedras, perfeitamente entalhadas, sendo encaixadas mesmo em
ângulos irregulares;
Cidades destaque: Machu Picchu e Cuzco;
Religiosidade politeísta com sacrifícios humanos e de animais;
Alguns rituais podiam incluir o sacrifício de cerca de duzentas crianças;
Crianças incas eram sacrificadas a punhaladas no alto de montanhas ou
enterradas vivas;
também costumavam mumificar corpos de pessoas importantes; crença na vida
após a morte;
Sistema de escrita tridimensional: cordas e nós de cores variadas, os quipos, que
podiam ser de lã ou outro material;
Através dos quipos eram codificadas mensagens e feitas estatísticas;
Serviam também para o registro de fatos históricos e ritos mágicos;
OS ÍNDIOS QUE HABITAVAM O BRASIL:
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Pouca historiografia sobre o elemento indígena;
Ronaldo Vainfas: história indígena – enganos e incompreensões;
Termos construídos pela cultura ocidental para identificar esses povos: índio,
gentio, inimigos ou contrários, negros da terra ou negros brasis, índios mansos e
índios bravos;
Índios da faixa litorânea brasileira classificados pelos colonizadores: tupi (ou
tupinambá) e tapuia;
Tupi: semelhança linguística e de costumes e habitavam, predominantemente, o
litoral no século XVI;
Tapuia: outros grupos que não falavam a língua que os jesuítas chamavam de
“língua geral”;
Historiografia dos tupis baseada em relatos feitos por jesuítas e viajantes
estrangeiros;
Historiografia dos tapuias baseadas em poucos relatos, quase inexistentes;
Tupinambás viviam em povoados com cerca de 6 a 8 malocas, em populações
com cerca de 200 indivíduos, podendo chegar a 600;
Viviam da caça, coleta, pesca e do cultivo da mandioca;
Divisão do trabalho:
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Homens – caçavam, pescavam e guerreavam (também fabricavam armas e
abriam clareiras na mata);
Mulheres – cultivavam e preparavam os alimentos, faziam artesanato e
cuidavam das crianças;
Brasil – cerca de 3 milhões de indígenas em 1500;
Viviam
Nenhum grupo se sedentarizara completamente; aldeamentos duravam alguns
anos; viviam em constantes migrações;
Atualmente são classificados em 4 grupos linguísticos: tupi, gê, caribe e aruak;
além de grupos isolados como os nambikwara e os bororos;
ANTROPOFAGIA OU CANIBALISMO
A vida das nações tupis girava em torno da guerra, da qual faziam parte os
rituais antropofágicos. Tanto a guerra quanto os rituais antropofágicos reforçavam a
unidade da tribo, pois, por meio da guerra, vingavam-se parentes mortos, enquanto o
ato de comer os inimigos presos em um ritual significava para todos, homens,
mulheres e crianças, a lembrança de seus guerreiros.
O dia da execução dos prisioneiros era uma festa. O prisioneiro era imobilizados
com cordas, mas, para mostrar seu espírito guerreiro, esperava-se que enfrentasse
com bravura seus inimigos, debatendo-se e prometendo que os seus reparariam a sua
morte em breve.
Invariavelmente, eclodiam outros confrontos para vingar aqueles que foram
sacrificados, recomeçando o ciclo de sacrifícios.
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Alianças entre indígenas e europeus: objetivos principalmente ligados a
conflitos contra inimigos locais;
Resistência aos colonizadores: ataques aos povoamentos portugueses;
Aimorés e botocudos: fontes de constantes preocupações por parte dos
colonizadores na Bahia, durante o século XVI;
Tupiniquins: devoraram o donatário da Bahia, Francisco Pereira Coutinho em
1547;
Carijós: devoraram o jesuíta Pero Correa, em São Vicente, em 1554;
Caetés: devoraram o primeiro bispo do Brasil, D. Pedro Fernandes, em 1556,
após seu naufrágio na costa nordestina;
Chegada dos jesuítas em 1549 e implantação do processo de aldeamento –
combate à escravidão indígena;
PARA LER:
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FUNARI, Pedro Paulo A. & NOELLI, Francisco. Pré-História do Brasil. São
Paulo: Contexto, 2002.
PEREGALLI, Henrique. A América que os europeus encontraram. São
Paulo: Atual, 1991.
GENDROP, Paul. A Civilização Maia. São Paulo: Jorge Zahar.
SOUSTELLE, Jacques. A Civilização Asteca. São Paulo: Jorge Zahar.
FAVRE, Henry. A civilização Inca. São Paulo: Jorge Zahar.
PARA ASSISTIR:
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“Hans Staden”, de Luís Alberto Pereira, Brasil/Portugal, 1999, 92 min.
“Apocalypto”, de Mel Gibson, Estados Unidos, 2006, 130 min.
“Aguirre, a cólera dos deuses”, de Werner Herzog, Alemanha, 1972, 90 min.
(conquista espanhola, expedição ao Amazonas de Lope de Aguirre).
“Como era gostoso o meu francês”, de Nelson Pereira dos Santos, Brasil, 1971,
84 min. (Hans Staden cativo dos tupinambás, no Rio de Janeiro, aguardando ser
executado e devorado).