atividades físicas, associados a forças externas naturais

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atividades físicas, associados a forças externas
naturais – calor, frio, humidade, vento e fogo –
eram considerados fatores que condicionavam
o funcionamento do corpo humano. Internamente,
a hiperfunção ou hipofunção de certos órgãos era
associada a alterações de estados de espírito.
O disfuncionamento pulmonar, por exemplo,
era relacionado com a tristeza ou a dor, as doenças
do fígado com a raiva ou com o ressentimento,
as do rim com o medo ou insegurança, as do baço
com a excessiva preocupação. A lógica é idêntica
à da medicina grega, que ligava os humores
aos temperamentos.
A associação da natureza à doença por parte
da medicina chinesa levou ao desenvolvimento
de técnicas de aplicação em certos pontos ou zonas
do corpo (meridianos) como a moxabustão (aplicação
de calor) e a acupunctura (aplicação de agulhas),
destinadas a combater a dor, a tuina, destinada
à fixação de ossos e massagem terapêutica,
ou o gigong, uma prática destinada a prolongar
o tempo de vida. Também a utilização de práticas
divinatórias, que se estendiam da leitura do rosto
à avaliação do qi envolvido na colocação das coisas
e na sua relação umas com as outras, o feng shui,
era corrente na medicina chinesa.
Relativamente às Américas, antes da chegada
de Cristóvão Colombo existiam três grandes
civilizações: a inca, a maia e a asteca. Em comum
tinham o facto de que em todas elas predominava
o componente mágico-religioso. Distinguiam-se entre
si através de traços característicos.
O Império Inca surgiu nas terras altas do Peru
no início do século xiii, estendendo-se, entre
os séculos xv e xvi, à parte ocidental da América
do Sul, abrangendo um território que corresponde
hoje a algumas partes do Equador, da Bolívia,
da Argentina, do Chile e da Colômbia. A medicina
era muito rudimentar. As doenças eram identificadas
com os nomes de sintomas e as terapêuticas usadas
eram empírico-mágicas. Já faziam trepanação craniana
e, provavelmente, foram os primeiros a utilizar
a quina. Recentemente, o estudo das múmias peruanas
revelou lesões sifilíticas, o que faz pensar que
a doença teve aí a sua origem, sendo transmitida
aos ocidentais através das viagens intercontinentais.
A civilização maia estabeleceu-se entre
o século iii a. C. e o século iii no território que hoje
corresponde ao sul do México e América Central.
A medicina era exercida por famílias de sacerdotes-médicos, que usavam fármacos e feitiços para tratar
os doentes. Nos séculos ix e x, provavelmente devido
a alterações climatéricas (períodos prolongados
de seca que provocaram guerras e fome), a civilização
maia entrou em declínio.
A civilização asteca, cuja população ocupava
o território que corresponde atualmente ao México,
floresceu entre os séculos xiv e xvi. A medicina
asteca era a mais desenvolvida. Os médicos
constituíam uma casta, pelo que a profissão
era transmitda por via familiar. Aprendiam botânica,
astrologia e interpretação dos sonhos. No início,
a doença era considerada como um castigo divino,
pelo que os sacrifícios humanos e os banquetes rituais
constituíam práticas correntes. Contudo, essas práticas
com o tempo foram sendo progressivamente
abandonadas, dando lugar a outras mais racionais,
baseadas no conhecimento anatómico. O diagnóstico
passou então a basear-se na observação do doente
e a terapêutica no uso de plantas medicinais,
substâncias alucinatórias e banhos de vapor.
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O rei Ram Sing I de Kota à Caça de Rinocerontes (c. 1700).
O corno de rinoceronte era utilizado na medicina tradicional chinesa
como afrodisíaco, tranquilizante e anti-inflamatório. Aguarela
atribuída a Mestre de Kota. New York, Metropolitan Museum
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Ilustração do Manuscrito Badanius (1552). Herbário asteca de autor
não identificado. Vaticano, Bibliotheca Apostolica Vaticana
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Mulher asteca vertendo pasta de cacau, uma bebida muito apreciada
pelos astecas devido às suas propriedades psicoestimulantes (s. d.).
Gravura de autor não identificado
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HISTÓRIA DA MEDICINA EM PORTUGAL
ORIGENS
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