A antiga rede de distribuição de água a Évora (resumo) De acordo com uma tradição local, o primitivo sistema de abastecimento de água canalizada a Évora remonta aos tempos de Quinto Sertório. Contudo, a existência de um eventual aqueduto romano tem sido objecto de acesas polémicas. Julga-se que, até à construção quinhentista do chamado Aqueduto da Água da Prata, a disponibilidade de água em Évora se confinava a uma escala familiar e era feita a partir de poços e de cisternas, individuais ou colectivos, ou por aguadeiros. Após aquela data, a distribuição colectiva de água potável aos diferentes pontos do tecido urbanizado de então fazia-se, sobretudo, por meio de fontes, chafarizes, lavadouros e balneários públicos. O circuito das águas contornava, sensivelmente, o perímetro da cerca velha e estendia-se, de modo radial, pelos arruamentos que conduziam às portas principais da cerca nova, onde se verificava um maior avanço construtivo ou se localizavam núcleos de habitação mais concentrada. Nalguns casos, a passagem do aqueduto ou da rede de águas secundária teve implicações na estrutura urbana preexistente, as quais obrigaram à abertura de novos arruamentos, com derrube de casas. O traçado das condutas era subterrâneo e determinado pelo alinhamento geral das ruas, sempre que as condições fisiográficas permitissem o declive necessário. Caso contrário, a circulação da água fazia-se por condutas à superfície, sobre muros ou arcadas. Alguns trechos destes muros e arcadas de suporte ainda são visíveis ou identificáveis no interior da cidade histórica, à vista ou embebidos nas construções. Os chafarizes públicos de maior importância monumental localizavam-se nos centros mais activos e densificados da cidade de então: Praça Grande (Praça de Giraldo), Porta Nova, Portas de Moura e Rossio (fora da muralha). O notável sistema de abastecimento de água canalizada à cidade de Évora atesta a nossa antiga competência no domínio da tecnologia hidráulica. O seu aqueduto é uma das construções mais emblemáticas da permanência da Corte nesta cidade, onde a água foi um símbolo de riqueza e de poder, e é o segundo monumento mais longo de Portugal. Virgolino Ferreira Jorge