ALEXANDER FRANCISCO PEREZ CORDERO DIVERSIDADE DE BACTÉRIAS ENDOFÍTICAS EM FRUTOS DE CAFÉ Tese apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pósgraduação em Microbiologia Agrícola, para obtenção do título de Doctor Scientiae. VIÇOSA MINAS GERAIS - BRASIL 2008 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. A minha querida esposa Liliana, por ser grande no amor, forte na espera e perseverante em seu coração. Aos dois presentes maiores, nossos filhos, Andréa Carolina e Andrés Camilo. Aos meus queridos pais Delimira, Luz Emilia e Camilo Alfonso. Dedico. ii AGRADECIMENTOS A Deus, por seu amor permanente, por me ter proporcionado sabedoria e perseverança para vencer os obstáculos, e pela presença insubstituível em cada instante de minha vida. À Universidade de Sucre, Colômbia, pelo apoio e oportunidade oferecida, em especial ao senhor Reitor, Rafael Peralta Castro, pela confiança depositada. À Universidade Federal de Viçosa, pela aceitação, acolhida e oportunidade para tornar possível a realização deste desejo pessoal. Ao Departamento de Microbiologia, pela oportunidade de fazer brilhar este meu grande sonho. À querida mãe Delimira, pela vida; ao meu irmão Cristo Rafael, pelo, incentivo, apoio e compreensão. À Liliana, pela presença insubstituível em minha vida, pelo carinho, companheirismo e amor, que foram indispensáveis a cada momento e amenizaram as dificuldades e obstáculos encontrados na vida e caminho. A meus segundos pais, Luz Emilia e Camilo Alfonso, pelo amor, apoio e incentivo para a realização de meu desejo de obter a formação acadêmica completa. A meus amigos e irmãos incondicionais, Héctor Ricardo, Carmen Peluffo e Janet Pava. iii À meu mestre, amigo incondicional e companheiro de trabalho na Universidade de Sucre, Victor Peroza Coronado. Ao Professor, mestre e amigo, Arnaldo Chaer Borges, por sua orientação, paciência, compreensão, confiança e pela humildade que sempre teve. Aos meus co-orientadores, Célia Alencar de Moraes, Maurício Dutra Costa e Marcos Rogério Tótola, pela amizade, ensinamento e contribuição na condução do experimento e análises. À Illycaffé S.p.a, meus agradecimentos por propiciar parte dos recursos financeiros, pelo convênio Illycafè Funarbe UFV. À Cássia Fernandes pela acolhida, colaboração e confiança quanto á realização desse trabalho no laboratório L.B.B.M.A. Às Professoras Maria Catarina, Elza e Maria Cristina, pela amizade e estímulo durante o curso. Aos amigos que sempre estarão em minha mente, Helson, Isabella, Maurício, Thiago, Maike, Fernanda, Fabiane e Nilcéa, nossa secretaria. A meus colegas de laboratório, Raul, Júlio, Ana Cristina, Daniela, Bruno, Adriano e Paulo. Aos demais professores do Departamento de Microbiologia, pelo convívio agradável e pela contribuição em minha formação. À Nilcéa, Laura e Rejane, pela amizade, confiança, apoio e compressão dispensados. Ao Danilo, Evandro, Toninho, Paulo, pela amizade e auxílio no dia-a-dia da “bancada”, e aos demais funcionários do DMB. Aos demais amigos do Departamento de Microbiologia. A todas as pessoas que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho e para meu crescimento pessoal e profissional. iv BIOGRAFIA ALEXANDER FRANCISCO PÉREZ CORDERO, filho de Delimira Maria Cordero e Rafael Pérez, nasceu em Ciénaga de Ouro, Córdoba, Colômbia, no dia 5 de janeiro de 1965. Em 1991, graduou-se em Engenharia Agronômica pela Universidade Nacional de Córdoba, Colômbia. Desde 1991 até a data de hoje trabalha como professor na Universidade de Sucre, Colômbia. Em dezembro de 1996, graduou-se como Especialista em Gerência da Educação pela Universidade de Ciego de Ávila da República de Cuba. Em setembro de 2003 concluiu seu mestrado em Ciências Biológicas, área de Microbiologia, pela Universidade dos Andes, Colômbia. Ingressou em 2005 no Doutorado em Microbiologia Agrícola na Universidade Federal de Viçosa-Brasil, submetendo à tese a defesa em março de 2008. v SUMÁRIO Página RESUMO ................................ .............................................................. viii ABSTRACT................................ ........................................................... x 1. INTRODUÇÃO................................ .................................................. 1 2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................. 3 3. MATERIAL E MÉTODOS................................ .................................. 19 3.1. Área de estudo ................................................................ ........... 3.2. Amostragem................................ ................................ ............... 3.3. Processamento das amostras................................ .................... 3.4. Isolamento e quantificação de bactérias totais e endofítica ....... 3.5. Identificação dos isolados de bactérias endofíticas ................... 19 19 21 21 22 3.5.1. Identificação FAME/MIDI................................ ...................... 3.5.2. Extração de DNA, amplificação, sequenciamento e análise de seqüências de rDNA 16S ................................................ 22 3.6. Diversidade genética de comunidades de bactérias nãocultiváveis ................................ .................................................. 3.6.1. Extração de DNA total de bactérias em frutos de café......... 3.6.2. Amplificação de rDNA 16S de Eubactérias e de grupos específicos de bactéria ................................ .......................... vi 23 25 26 27 Página 3.6.3. PCR e análise por eletroforese em gel com gradiente desnaturante (DGGE)........................................................... 3.6.4. Análise da diversidade genética................................ ............ 3.6.5. Análises estatísticas.............................................................. 30 31 33 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................ 34 4.1. Comunidades de bactérias totais e endofíticas isoladas de fruto de café................................ ................................................ 4.2. Composição de bactérias endofíticas cultiváveis ....................... 4.3. Estrutura genética de comunidades de bactérias endofíticas .... 34 37 47 5. CONCLUSÕES ................................................................ ................. 59 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................ ...................... 61 APÊNDICE................................................................ ............................ 75 APÊNDICE A ................................ ........................................................ 76 vii RESUMO CORDERO, Alexander Francisco Perez, D. Sc., Universidade Federal de Viçosa, março de 2008. Diversidade de bactérias endofíticas em frutos de café. Orientador: Arnaldo Chaer Borges. Co-orientadores: Célia Alencar de Moraes, Marcos Rogério Tótola e Maurício Dutra Costa. O objetivo do presente trabalho foi estudar a diversidade de bactérias endofíticas associadas aos frutos em quatro cultivares de Coffea arabica L., em diferentes altitudes na Zona da Mata Norte, Minas Gerais, Brasil. As amostras de frutos sadios, no estádio cereja, foram coletadas em lavouras de Catuaí Amarelo, Catuaí Vermelho, Bourbon Amarelo e Bourbon Vermelho. O isolamento e a quantificação de bactérias dos frutos foram realizados em meio de cultura R2A, estabelecendo-se uma coleção de culturas de bactérias endofíticas e epifíticas de frutos de café no Laboratório de Ecologia Microbiana (LEM) do Departamento de Microbiologia com 381 isolados, dos quais 134 de endofíticas. Entre essas foram identificados e descritos 48 morfotipos, que constituíram o universo-base para o presente estudo. A identificação fenotípica foi por características culturais e análises de ésteres metílicos de ácidos graxos (FAME) pelo sistema de identificação Sherlock®(MIDI). O estudo das endofíticas cultiváveis foi realizado com dados do seqüenciamento direto de amplicons obtidos por PCR, enquanto que para o das não-cultiváveis foram utilizados primer específicos para grupos de bactérias de três filos, Proteobacteria classes, α, βe γ, Firmicutes e Actinobacteria, sendo os produtos do Nested-PCR analisados por eletroforese em gel de gradiente desnaturante (DGGE). Nas amostras de café cereja a altitudes entre 676 até 1.187 m, as viii densidades de endofíticas variaram, em UFC.fruto -1 , de 2,93 x 104 a 6,2 x 10 6 em Catuaí Amarelo; 7,6 x 104 a 6,0 x 106 em Catuaí Vermelho; 1,24 x 104 a 1,35 x 106 em Bourbon Amarelo e 4,6 x 10 4 a 2,69 x 106 em Bourbon Vermelho. As médias de densidades populacionais de bactérias endofíticas, em relação a cultivares e à altitude, diferiram (p<0,05) entre si. Os maiores valores das médias a altitudes superiores a 1.000 m, em Catuaí Vermelho e Bourbon Vermelho, diferiram (p<0,05) das de Catuaí, Amarelo e Vermelho à 676 m . A correlação simples por Pearson mostrou relação positiva (p<0,05) entre as contagens e altitude. As endofíticas cultiváveis foram identificadas com base no perfil FAME/MIDI como sendo de isolados de Curtubacterium flaccumfaciens betae/oortii (LEM CA16, LEM CV20, LEM CA25 e LEM CA28), Brevibacterium epidermis/oidium (LEM BV41), Microbacterium barkeri (LEM CA26 e LEM BV37), Microbacterium luteolum (LEM CA01), Pectinobacterium carotovorum/carotovorum (LEM CA30, LEM CV35, LEM BV38, LEM BA43 e LEM BA45), Pseudomonas putida biótipo A (LEM BA47), Salmonella typhymurium GC grupo B (LEM CV19), Staphylococcus simulans (LEM CV23) e Bacillus sp. (LEM CV24). A análise filogenética com uso de seqüências de rDNA 16S mostrou, para o isolado LEM CV24 uma maior identidade com Bacillus niacini AJ21160.1, enquanto o LEM BV39 correspondeu a Enterobacter amnigenus EU340927.1, e os isolados LEM CA01 e BV37 a Microbacterium sp. Das bactérias endofíticas associadas a cultivares de café, P. carotovorum/carotovorum, S. typhymurium, B. epidermis/oidium, S. simulans, B. niacini e E. amnigenus, são relatadas pela primeira vez como endofíticas em frutos de cafeeiros arábica. As análises de diversidade de bactérias totais, endofíticas e epifíticas, por PCR-DGGE utilizando o primer universal (F948GC/R1378), revelaram a presença de 80 unidades taxonômicas operacionais (UTOs), enquanto a riqueza de endofíticas correspondeu a 64 UTOs. Entretanto, com a utilização de grupos de primer específicos, Nested– PCR, a diversidade de bactérias endofíticas correspondeu a uma riqueza de 110 UTOS para o filo Firmicutes, 71 para γ-Proteobacteria e 50 UTOs para Actinobacteria. A constatação da existência de diversidade de endofíticas em C. arábica evidencia a urgência de estudos funcionais desta microbiota, especialmente com relação a compostos precursores de aroma, sabor e acidez, de interesse para produção comercial de cafés de qualidade superior. ix ABSTRACT CORDERO, Alexander Francisco Perez, D Sc., Universidade Federal de Viçosa, March, 2008. Diversity of endophytic bacteria in coffee cherries. Adviser: Arnaldo Chaer Borges. Co-Advisers: Célia Alencar de Moraes, Marcos Rogério Tótola and Maurício Dutra Costa. The objective of this work was to study the diversity of endophytic bacteria in Coffea arabica L. cherries collected at different altitudes in the Zona da Mata Norte, Minas Gerais State, Brazil. Samples of healthy ripe fruits were collected in areas planted with Catuaí Amarelo, Catuaí Vermelho, Bourbon Amarelo, and Bourbon Vermelho. The isolation and quantification of bacteria were done on R2A medium, with the establishment of a culture collection of epiphytic and endophytic bacteria containing 381 isolates. Among the total of isolates obtained, 134 were endophytic. Forty-eight distinct morphotypes of endophytic bacteria were identified, described, and further characterized in this study. The phenotypic identification was done by analyzing cultural traits and the fatty acid methyl ester profiles (FAME) by the Sherlock® (MIDI) identification system. The study of the culturable endophytic bacteria was done based on the direct sequencing of PCR amplicons, while non-culturable bacteria were analyzed using specific primers for the bacterial groups corresponding to Proteobacteria, α, β, and classes, Firmicutes, and Actinobacteria. Nested-PCR products were analyzed by denaturing gradient gel electrophoresis (DGGE). In the coffee cherry samples from altitudes ranging from 676 to 1,187 m, the density of x endophytic bacteria varied, in CFU fruit-1, from 2.93 x 104 to 6.2 x 106 for Catuaí Amarelo; from 7.6 x 104 to 6.0 x 10 8 for Catuaí Vermelho; from 1.24 x 104 to 1.35 x 106 for Bourbon Amarelo; and from 4.6 x 104 to 2.69 x 106 for Bourbon Vermelho. Population density means of endophytic bacteria for the coffee cultivars and sampling altitudes were statistically different (p < 0.05). The largest values obtained for altitudes higher than 1,000 m, for Catuaí Vermelho and Bourbon Vermelho, were statistically distinct (p < 0.05) from those for Catuaí Vermelho and Catuaí Amarelo at 676 m. Pearson`s correlation showed a positive relation (p<0.05) between bacterial counts and altitude. The culturable endophytic bacteria were identified based on the FAME/MIDI profile and corresponded to Curtubacterium flaccumfaciens betae/oortii (LEM CA16, LEM CV20, LEM CA25, and LEM CA28), Brevibacterium epidermis/oidium (LEM BV41), Microbacterium Microbacterium luteolum barkeri (LEM (LEMCA01), CA26 and Pectinobacterium LEM BV37), carotovorum/ carotovorum (LEM CA30, LEM CV35, LEM BV38, LEM BA43, and LEM BA45 ), Pseudomonas putida biotype A (LEM BA47), Salmonella typhymurium GC group B (LEM CV19), Staphylococcus simulans (LEM CV23), and Bacillus sp. (LEM CV24). Phylogenetic analyses using 16S rDNA sequences showed a higher identity to Bacillus niacin AJ21160.1 for isolate LEM CV24, while LEM BV 39 corresponded to Enterobacter amnigenus EU340927.1. The isolates LEM CA01 and BV37 corresponded to Microbacterium sp. Among the endophytic bacteria associated to coffee fruits, P. carotovorum/carotovorum, S. typhymurium, B. epidermis/oidium, S. simulans, B. niacini, and E. amnigenus, are reported for the first time as endophytic in C. arabica. The diversity analyses of total bacteria (endophytic + epiphytic) by PCR-DGGE using universal primers (F948GC/R1378), revealed 80 operational taxonomic units (OTU) in the coffee cherries, while species richness of endophytic bacteria corresponded to 64 OTUs. The use of specific primers for the diversity of endophytic bacteria during Nested-PCR revealed a richness of 110 OTUs for Firmicutes, 71 OTUs for -Proteobacteria, and 50 OTUs for Actinobacteria. The existence of such diversity of endophytic bacteria in C. arabica evidences the urgency for further functional studies on the microbiota of coffee plants, and, especially, on the precursor compounds that may be determinant to flavor and acidity, two traits of great interest for the production of high quality coffee. xi 1. INTRODUÇÃO O café é considerado o segundo maior produto de exportação no mundo após o petróleo, com faturamento anual correspondente a US $ 70 bilhões. É produzido em mais de cinqüenta países, entre os quais cinco respondem por aproximadamente 56 % da produção mundial: Brasil, Colômbia, Indonésia, México e Vietnã. Nos países produtores e consumidores, aproximadamente, 17-20 milhões de famílias dependem deste produto para sua subsistência (REZENDE et al., 2000; VEGA et al., 2008). O gênero Coffea faz parte da família Rubiaceae, com mais de 10.000 espécies diferentes, dentre as quais C. arabica L. e C. canephora Pierre ex Froehner são consideradas as de maior importância econômica (AGUIAR, 2001). No Brasil, 82 % da produção originam-se de lavouras formadas com cultivares da espécie C. arabica L. e o restante de cultivares de C. canephora Pierre ex Froehner (MELO et al., 1998). A crescente valorização da qualidade da bebida de C. arabica, traduzida por características sensoriais de aroma, sabor e acidez, é fator determinante da expansão da cafeicultura e dos investimentos em técnicas de processamento pós-colheita no Brasil. O aroma é a característica mais complexa e interessante do ponto de vista da elucidação da origem das substâncias nele envolvidas e, por isso, tem sido alvo de estudos sistemáticos desde o inicio do século. São mais de 800 os compostos voláteis envolvidos nessa característica, sendo influenciada pela genética da planta, tipo de solo, exposição da lavoura em relação ao sol nascente, localização geográfica, manejo da cultura e cuidados 1 no processamento pós-colheita (ALVES et al., 1999; ALVES et al., 2000; LONGO e SANROMÁN, 2006). As plantas podem ser consideradas como um microecossistema complexo, constituído por diferentes nichos e uma vasta microbiota. Nesse contexto, as bactérias podem ser consideradas como habitantes normais tanto nas superfícies da planta como no interior dos tecidos da maioria dos vegetais, onde podem estabelecer interações neutras, simbiônticas, parasíticas ou antagônicas. As bactérias são denominadas como endofíticas quando habitam o interior de órgãos ou tecidos da planta hospedeira sem causar dano aparente e, epifíticas quando crescem e vivem sobre superfícies do vegetal. Os mecanismos da interação bactéria-planta podem envolver fatores bióticos, abióticos, fisiológicos e moleculares. Desta forma, os estudos sobre os endofíticos têm ampliado os conhecimentos sobre o significado deles para as plantas, como na fixação biológica de nitrogênio (JIMENEZ-SALGADO et al., 1997; ESTRADA et al., 2002), produção de fitohormônios e antimicrobianos (FROMMEL et al., 1991; BERG et al., 2005; TSAVKELOVA et al., 2007), produção de sideróforos (Silva-Stenico et al., 2005), competição por nutrientes (STURZ et al., 2000), indução de resistência sistemática no hospedeiro (Van LOON et al., 1998; INIGUEZ et al., 2005) e síntese de metabólitos secundários (TAN e ZOU, 2001). A demonstração da presença de populações de endofíticos associadas aos frutos de café (YAMADA, 1999) e a necessidade de elucidar o papel funcional dessa microbiota, como produtoras de substâncias precursoras das características sensoriais da bebida do café, são fatos que justificam o aprofundamento dos estudos desse sistema biológico. O objetivo geral do trabalho foi o de estudar a diversidade de bactérias endofíticas associadas aos frutos em quatro cultivares de café (Coffea arábica L.) em diferentes altitudes na Zona da Mata Norte, Minas Gerais, Brasil. 2 2. REVISÃO LITERATURA O cafeeiro é uma Rubiaceae nativa em localidades do Sudoeste da Etiópia, Sudeste do Sudão e Norte do Quênia, onde a altitude situa-se entre 1.000 e 3.000 m. A família compreende mais de 10.000 espécies agrupadas em 630 gêneros (AGUIAR, 2001), embora somente a Coffea arabica L. e a Coffea canephora Pierre ex Froehner têm importância na economia mundial. Aproximadamente 70 % do café comercializado no mundo provêm dos cultivares da C. arabica L., reconhecida pela qualidade potencial de sua bebida (KY et al., 2001). O café foi introduzido no Brasil por Francisco de Mello Palheta, em 1727, trazido da Guiana Francesa e inicialmente plantado no Pará. Desse estado foi para o Rio de Janeiro, São Paulo, sul de Minas Gerais, Paraná, Espírito Santo e outras partes do país. A riqueza gerada pela cafeicultura é considerada como a propulsora da urbanização e industrialização do país. O café é um dos produtos agrícolas de maior importância na economia mundial, sendo produzido em mais de cinqüenta países, entre os quais cinco respondem por aproximadamente 56 % da produção mundial: Brasil, Colômbia, Indonésia, México e Vietnã (GONÇALVES e SILVAROLLA , 2001; REZENDE et al.; 2002). No Brasil, 82 % da produção originam-se de lavouras formadas com cultivares da espécie C. arabica e o restante de cultivares de C. canephora (MELO et al., 1998). Das cultivares de C. arabica destacam-se Mundo Novo, a Catuaí e a Bourbon, Vermelho ou Amarelo, como de preferência pela 3 produtividade e excelência da qualidade da bebida. Atualmente a produção, de café concentra-se em Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, e Paraná, além de áreas na Bahia e Rondônia (ANDRADE, 1994). A produção no estado de Minas Gerais destaca-se no cenário brasileiro por representar cerca de 50 % do total do café produzido, sendo a atividade da cadeia produtiva reconhecida como de importância social, tanto por ser geradora de empregos e renda como também por fixar o homem no meio rural (ANDRADE, 1994). A base genética da maior parte dos cultivares comerciais de C. arabica tem a origem no Yêmen em duas variedades botânicas distintas, C.arabica var. arabica (usualmente denominada C. arabica var. typica Cramer) e C. arabica var. Bourbon (B. Rodr.) Choussy (KRUG et al., 1939). A análise de diversidade das bases genéticas de typica e Bourbon, avaliada pelo uso de marcadores moleculares, polimorfismo em tamanho de fragmento amplificado (AFLP) e seqüências simples repetidas (SSR), confirmam a origem como da Etiópia e a disseminação a partir do Yêmen, no início do século XVIII (ANTHONY et al., 2000; MALUF et al., 2005). A cultivar Bourbon Vermelho foi introduzida no Brasil em 1852, proveniente da Ilha Reunião, e a Bourbon Amarelo pode ser originada de Bourbon Vermelho, por mutação, ou surgido em 1930 como produto da recombinação, de cruzamento natural entre as cultivares Bourbon Vermelho e Amarelo de Botucatu. A qualidade da bebida do café Bourbon Amarelo é apreciada pelas suas características de aroma, sabor e acidez (AGUIAR, 2001). A hibridação realizada em 1949 entre Caturra e Mundo Novo deu origem às cultivares Catuaí Amarelo e Catuaí Vermelho, atualmente as mais utilizadas em plantios comerciais no Brasil (MELO et al., 1998). Os dados dos marcadores AFLP confirmam ser a Catuaí uma cultivar de origem híbrida (MALUF et al., 2005). O nome Catuaí foi escolhido pelo seu significado em tupiguarani, ou seja, muito bom. A crescente valorização da qualidade da bebida de C. arabica, traduzida por características sensoriais de aroma, sabor e acidez, é fator determinante da expansão da cafeicultura e dos investimentos em técnicas de processamento pós-colheita no Brasil. O aroma é a característica mais complexa e interessante para elucidação da origem das substâncias nele envolvidas e, por isso, têm 4 sido alvo de estudos sistemáticos desde o inicio do século. São mais de 800 os compostos voláteis envolvidos nessa característica, sendo influenciada pela genética da planta, tipo de solo, localização geográfica, o manejo da cultura, exposição da lavoura ao sol e os cuidados no processamento pós-colheita (ILLY e VIANI, 1996; BASTO, 1998; ALVES et al., 1999; ALVES et al., 2000; FERNANDES et al., 2000; LONGO e SANROMÁN, 2006). A composição química do grão verde de café é um indicador importante para se avaliar a qualidade da bebida (MARTIN et al., 1998; KOSHIRO et al., 2006). Entre os constituintes, a presença de ácidos clorogênicos, cafeína, trigonelina, aminoácidos, polifenóis, entre outros, são considerados entre os principais que influenciam a qualidade da bebida. Embora os estudos que se referem a biossíntese, transporte e acumulação de compostos já tenham demonstrado que a cafeína e a trigonelina são acumuladas na semente, sendo a cafeína sintetizada na semente e a trigonelina transportada para a semente após a síntese no pericárdio, a participação desses compostos na composição da qualidade da bebida ainda não está suficientemente esclarecida (KOSHIRO et al., 2006). A importante participação de microrganismos na produção de bioaromas em processos fermentativos tem sido demonstrada (JASSENS et al., 2001). Nos últimos anos, os recursos analíticos disponíveis para estudos da ecologia microbiana, acoplados aos fisiológicos e moleculares, ampliam as possibilidades de avaliação da origem e do dimensionamento da produção de bio-aroma em café. Os cafés arábica são considerados como os de melhor qualidade, em razão da presença dos maiores teores de carboidratos, lipídeos e trigonelina, em comparação à robusta, considerados como de bebida neutra e com maiores teores de cafeína e compostos fenólicos (ILLY e VIANI, 1995). A presença de trigonelina, ácido 3,4-dicaffeoilquínicos e cafeína, constatada em estudo de qualidade de bebida realizado no Brasil (FARAH et al., 2006), tem correlação positiva com a qualidade da bebida. Em espécies de C. arabica, os três compostos, trigonelina, cafeína e o ácido clorogênico, representam 16 % do total dos compostos, enquanto a sacarose representa 9,2 % (KY et al., 2001) e seus maiores teores são encontrados nos frutos no estádio denominado cereja (PIMENTA, 1995). Maiores concentrações de açúcares no grão cru permitem um aumento na participação destes compostos nas reações 5 do processo de torração. Substâncias voláteis são formadas a partir da combinação dos açúcares com as proteínas, que são responsáveis, em grande parte, pelo aroma do café (ILLY e VIANI, 1995). Isso é um indicativo de que a disponibilidade deste substrato aumenta a produção destes compostos. Em estudo sobre características químicas de 15 dos principais cultivares de Coffea arabica, demonstrou-se a existência de diferenças significativas para os teores de sacarose, proteína, ácido clorogênico, trigonelina e cafeína (AGUIAR, 2001). Em publicação recente, detectou-se que os maiores valores de açúcares presentes nos grãos crus corresponderam aos de Catuaí, Amarelo e Vermelho, Bourbon Amarelo, entre outros (MENDONÇA et al., 2007). A Catuaí, Amarelo e Vermelho, em trabalho anterior sobre avaliação da qualidade de grãos crus e torrados de cultivares de C. arabica, destacou-se com valores superiores de açúcares totais, em relação aos outros cultivares avaliados (LOPES, 2000). O sabor, aroma e acidez da bebida do café são características altamente complexas, resultado da presença combinada de constituintes voláteis e não voláteis, entre eles, ácidos, aldeídos, cetonas, açúcares, proteínas, aminoácidos, ácidos graxos e compostos fenólicos, além dos gerados pela ação de enzimas em alguns destes constituintes (SARRAZIN et al., 2000). Desses dois atributos, o aroma é o mais complexo por envolver mais de 800 compostos voláteis e um amplo arranjo de grupos funcionais (BASTOS et al., 1998; ALVES et al., 1999; ALVES et al., 2000; SARRAZIN et al., 2000). A característica de sabor da infusão do café torrado moído, preparada segundo procedimento padrão e avaliada em teste de degustação, é o determinante da classificação utilizada no Brasil (Tabela 1). O maior conteúdo de compostos fenólicos no café de algumas cultivares resulta em característica de adstringência. Um grande número de compostos fenólicos tem sido identificado em café torrado e alguns deles são originados do ácido clorogênico (MENEZES, 1994). O ácido clorogênico é hidrolisado a ácidos caféico e quínico, cujos sabores são mais amargos e adstringentes que outros ácidos, pois seu grupo cíclico é um fenol. Estes compostos, principalmente os ácidos caféicos e clorogênicos, exercem ação protetora, antioxidantes dos aldeídos (COSTA e CHAGAS, 1997). O ácido clorogênico é o principal composto fenólico e representa 70 % dos fenóis encontrados em 6 Tabela 1 – Classificação oficial da bebida do café no Brasil Classificação Características Estritamente mole Sabor muito macio, ligeiramente doce, baixa acidez. Apenas mole Sabor macio, com ligeira adstringência Mole Sabor macio, ligeiramente doce Duro Sabor adstringente, gosto áspero, carência de doçura Riado Leve gosto de acido fenólico e iodofórmio Rio Gosto fortemente desagradável de ácido fenólico e iodofórmio Fonte: Franca et al. (2005) e Farah et al. (2006). C. arabica (PEREIRA et al., 2003). Na torrefação, os compostos fenólicos são gradualmente decompostos e resultam em voláteis do aroma, materiais poliméricos (melanoidinas) e liberação de CO2. A demonstração de que genótipo e ambiente influenciam significativamente a qualidade da bebida do café é inferida a partir dos resultados de cultivo de cultivares de Catuaí e Bourbon em áreas de maior altitude e sob sombreamento, uma vez que estas condições retardam a maturação e favorecem o aumento da acidez e dos teores de açúcares nos frutos (GUYOT et al, 1996; BUENAVENTURA e CASTAÑO, 2002; SYLVIA et al., 2004). Os valores médios de cafeína, 0,92 % em Bourbon Vermelho e 1,53 % em Bourbon Amarelo, diferiram dos de Catuaí, 1,05 % no Vermelho e 1,02 % no Catuaí Amarelo (GUYOT et al., 1996). A atividade de enzimas nos grãos de café pode ser usada para interferir a qualidade da bebida. Pectinases, celulases e xilanase favorecem a degradação de compostos importantes no processo fermentativo do café (JONES e JONES, 1984). A maior atividade de polifenoloxidases (PFO) é observada em cafés de melhor qualidade (AMORIM e SILVA, 1968), o que os autores interpretaram como sendo em razão da menor ocorrência de degradações das paredes celulares nestes cafés. A seqüência de eventos que conduzem à baixa atividade da PFO inclui os danos na membrana, ativação enzimática, oxidação de ácidos clorogênicos a quinonas e inibição enzimática pela presença de quinonas (CARVALHO et al., 1994). As PFO e peroxidases 7 (PER) têm sido utilizadas no Brasil como indicadoras de qualidade da bebida de café (AMORIM e SILVA, 1968; MAZZAFERA et al., 2002). Os autores atribuem a deterioração da qualidade a esgotamento do ácido clorogênico, o principal composto fenólico em semente de café. Contudo, esse assunto continua sendo objeto de estudos (MAZZAFERA et al., 2002). A atividade de PFO (AMORIM e SILVA, 1968; CARVALHO et al., 1994), o índice de coloração dos grãos e a acidez titulável total têm sido propostos como índices objetivos para se classificar os cafés quanto à qualidade da bebida superior. De acordo com estes autores, a atividade das polifenoloxidases e o índice de coloração aumentam, enquanto a acidez decresce, quando há melhoria da qualidade do café. A determinação da atividade de PFO e a construção de uma tabela de classificação de qualidade da bebida do café com base nesses valores concorreram para uma avaliação mais objetiva da qualidade da bebida, complementando a “prova de xícara”. Cafés extrafinos (bebida estritamente mole) atividade de PFO superior a 67,66 U.min-1.g-1 de amostra; café fino (bebida mole e “apenas mole”) atividade de PFO de 62,99 a 67,66 U.min-1.g-1 de amostra; café aceitável (“bebida dura”) atividade PFO de 55,99 a 62,99 U.min -1 .g-1 de amostra e, não aceitável (“bebida riada” e “rio”), atividade de PFO inferior a 55,99 U.min-1.g-1 de amostra (CARVALHO et al., 1994). O estabelecimento de método objetivo para ser usado na classificação da qualidade da bebida em substituição à “prova de xícara”, requer conhecimentos mais específicos sobre a origem dos precursores daqueles compostos que compõem o aroma, sabor e acidez, alguns provavelmente originados por síntese microbiana (LONGO e SANROMÁ, 2006). A mucilagem dos frutos de café está situada entre a polpa e o pergaminho e representa 5 % do peso seco. A mucilagem é um sistema de hidro-gel, composto de água, ácido péctico, pequenas quantidades de arabinose, xilose e ramnose, açúcares redutores e ácidos orgânicos. Nela são também encontradas enzimas hidrolíticas e oxidativas, como as pectinesterases, galacturonases, peroxidases e polifenoloxidases (WONG, 1995, LEITE, 1998). Na mucilagem dos frutos os principais constituintes são: substâncias pécticas cerca de 30 %, 8 % de celulose e 18 % de substâncias não-celulósicas (AVALLONE et al., 2000). 8 Os principais componentes da polpa e casca são carboidratos, proteínas, fibras, ácidos, cafeínas, taninos, polifenóis e pectinas, sendo as diferenças nas percentagens de cada um desses compostos dependentes da cultivar, das condições de cultivo, tipo de solo, entre outras (PANDEY et al., 2000). Historicamente, desde a constatação da presença de micélio de Fusarium em uma amostra de café classificado como ardido (KRUG, 1940a; 1941), a deterioração da qualidade do café tem sido relacionada com a presença de microrganismos, em especial a presença de fungos. O gosto de cebola na bebida de café não depende das condições de cultivo, altitude, clima ou colheita, sendo em grande parte o resultado de processo de fermentação (SOUZA et al., 1997). O ácido propiônico, produzido durante a fermentação, é o responsável pelo indesejável gosto de cebola do café após o preparo da infusão, sendo a quantidade desse ácido dependente dos microrganismos presentes (MÔNACO, 1961). Também a produção de 2.46 tricloroanizole (TCA) está diretamente relacionada com a má qualidade da bebida (PIMENTA, 2003). Outros estudos destacam a produção de compostos toxigênicos produzidos por fungos, como aflatoxina e ocratoxina, que podem contaminar o café (TANIWAKI et al., 2003; BATISTA, et al., 2003; MASOUD e KALTOFT, 2006; VEGAS et al., 2006). A abundância de microrganismos cultiváveis em frutos de café no estádio cereja em fazendas do Sul de Minas situa-se em torno de 1,6 x 107 UFC por fruto, sendo o grupo das bactérias o mais abundante, seguido por fungos filamentosos e finalmente por leveduras (SILVA et al., 2001). A diversidade nesse estudo é demonstrada em um universo de 754 isolados, dos quais 626 foram identificados como pertencentes a 44 gêneros e 64 espécies distintas, incluindo gêneros de bactérias gram-positivas, gram-negativas, leveduras e fungos filamentosos. As primeiras evidências de que os micróbios endofíticos associam-se às plantas, originam-se de observações em tecidos e folha fossilizados, o que suporta a inferência de que a associação planta-endófito poderá ter ocorrido junto com o aparecimento das primeiras plantas na terra (STROBEL, 2003, HUA WEI et al., 2006). Como resultado dessa longa associação é possível que alguns destes microrganismos endofíticos tenham adquirido sistema genético 9 para transferir informação da planta hospedeira a eles, ou vice-versa. Esse seria um mecanismo rápido e seguro de adaptação a diversos ambientes e à planta hospedeira, a exemplo de rotas bioquímicas que resultam em produção de compostos químicos e metabólitos secundários nas plantas associadas a endofíticos (STIERLE, et al., 1993; GERMAINE, et al., 2004). O conceito de que endofíticos são microrganismos estabelecidos nos tecidos internos da epiderme (KLOEPPER et al., 1992) é atualmente expresso como a associação biológica em que os microrganismos colonizam tecidos internos vivos das plantas, sem causar nenhum efeito negativo imediato ou dano aparente à planta (BACON e WHITE, 2000). As bactérias endofíticas são reconhecidas como as isoladas de tecidos de planta desinfetados superficialmente ou, de seu interior, e que não causam sintomas visíveis de doença na planta (HALLMANN et al., 1997; SAKIYAMA et al., 2001). Estas bactérias são encontradas principalmente nos espaços intercelulares dos tecidos e, com menor freqüência, intracelularmente e em tecidos vasculares, sem causar sintomas de doenças (HUREK et al., 1994; Bell et al., 1995). Bactérias endofíticas podem se tornar patogênicas sob certas condições, inclusive em função do genótipo da planta (MISAGHI e DONNDELINGER, 1990.). Estudos também mostram que as bactérias endofíticas interagem com patôgenos (HUANG, 1991; BACON e HILTON, 1997; SESSITCH et al., 2002), promovem o crescimento em plantas (FROMMEL et al., 1991), aumentam a resistência a doenças (CHANWAY 1998), contribuem para a fixação biológica do nitrogênio (JIMENEZ-SALGADO et al. 1997; ESTRADA et al., 2002) e para a proteção contra patôgenos mediante a produção e síntese de metabólicos secundários (BROOKS et al., 1995; BERG et al., 2005; TAN e ZOU, 2001; LONG et al., 2003; SHIOMI et al., 2006). Mais recentemente, isolados de bactérias endofíticas de Populus foram caracterizadas quanto ao potencial para uso em processo de fitorremediação (MOORE et al., 2006), a exemplo do uso da endofítica Burkholderia cepacia G4 que aumenta a tolerância das plantas ao tolueno (van der LELIE, 2005) e da Methylobacterium populum sp nov. BJ001 como participante da biodegradação de compostos, tais como: 2,4,6-trinitrotolueno (TNT), hexahydro-1,3,5-trinitro1,3,5-triazina (HMX) e octahidro-1,3,5-7-tetranitro-1,3,5-7-tetrazocine (RDX) (VAN et al., 2004). 10 As discussões sobre a origem das bactérias endofíticas e a forma de penetração, bem como sobre o mecanismo de colonização, consideram hipóteses de que se originam de sementes, da rizosfera, do filoplano ou de material utilizado para a propagação vegetativa (REINHOLD-HUREK e HUREK, 1998). A penetração na planta pode ocorrer pelos estômatos, ferimentos, áreas de emergência de raízes laterais, sendo que as endofíticas podem produzir enzimas hidrolíticas capazes de degradar a parede celular dos vegetais (McCULLY, 2002). Esta hipótese foi derivada da análise de dados que demonstram a presença de enzimas celulíticas e pectinolíticas produzidas por bactérias endofíticas, a exemplo de Azoarcus sp. (HUREK et al., 1994), Azospirillum irakense (KHAMMAS e KAISER, 1991) e Pseudomonas fluorescens (QUADT-HALLMANN et al., 1997). A colonização e a distribuição de bactérias endofíticas na planta podem ser influenciadas pela interação com outros organismos associados à planta, a exemplo de nematóides parasitas, ou por características próprias de seu hospedeiro (HIRANO e HUPPER, 2002). A planta é um habitat dinâmico em que diversos fatores podem influenciar a estrutura e a composição da comunidade bacteriana. Em culturas in vitro de tomateiros, a colonização das bactérias endofíticas varia com as alterações na densidade de inóculo, temperatura de cultivo e genótipo de hospedeiro (PILLAY e NORWAK, 1997). As variações sazonais, o tipo de tecido do vegetal (MOCALI et al., 2003), espécie e cultivares de hospedeiro e interação com outros microrganismos benéficos (ARAÚJO et al., 2001) também podem influenciar no padrão de colonização. A densidade populacional de bactérias endofíticas é menor que a de patogênicas e, pelo menos algumas delas, não induzem reposta de hipersensibilidade e por isso não são reconhecidas pela planta (HALLMMAN et al., 1997). Evolutivamente, os endofíticos aparecem como intermediários entre bactérias saprófitas e as patogênicas de plantas. De modo geral, a microbiota endofítica é de estrutura dinâmica e influenciada pelos fatores bióticos e abióticos que também afetam o solo e a planta hospedeira (HALLMMAN et al., 1997). As bactérias endofíticas têm sido isoladas de plantas monocotiledôneas e dicotiledôneas comerciais, em espécies de árvores florestais (Brooks et al., 1994), frutíferas (WHITESIDES e SPOTTS, 1991; LACAVA et al., 2006), 11 plantas herbáceas como cana-de-açúcar (JACOBS et al., 1985), milho (FISCHER et al., 1992) e orquídeas (TSAVKELOVA et al., 2007). O estudo da ocorrência natural de bactérias diazotróficas produtoras de ácido acético na rizosfera e nos tecidos de diferentes cultivares de plantas de café evidenciou, por testes microbiológicos, bioquímicos e genéticos, que a maioria dos isolados dessas bactérias eram de Acetobacter diazotrophicus, sendo fortes as evidências de que alguns representavam novas espécies de Acetobacter capazes de fixar biologicamente o nitrogênio atmosférico (JIMENEZ - SALGADO et al., 1997). Em frutos de café sadios, o isolamento de Klebsiella oxytoca endofítica ensejou o estudo das características de seu crescimento em meio mínimo, adicionado de pectina cítrica e a demonstração de que ela produz e conserva a pectato-liase intracelularmente (GENARI, 1999). As características do crescimento e a síntese induzida de pectinase foram interpretadas como indicação de que K. oxytoca potencialmente contribui para o processo fermentativo em frutos de café. Embora produtora de pectato-liase, a endofítica não causa dano à planta, deve possuir mecanismo regulatório para controlar a síntese e a atividade da enzima. A demonstração de bactérias e leveduras em sementes e polpa dos frutos de café, com a utilização de técnicas de microscopia e imunológicas evidenciaram o predomínio de leveduras na porção mais externa da polpa do fruto e a presença de bactérias nas sementes (YAMADA, 1991) Paenibacillus amylolyticus é outra espécie produtora de pectina-liase também isolada do interior de frutos maduros de café (C. arabica), proveniente da Zona da Mata do Estado de Minas Gerais (DE PAULA, 2001). Essa enzima se acumula no meio de cultura após 24 horas de crescimento da bactéria em meio mineral suplementado com extrato de levedura e pectina como única fonte de carbono. Pectina-liases são mais comumente encontradas em fungos e com menos freqüência em bactérias, portanto, o isolado da endofítica P. amylolyticus pode se constituir em modelo para estudo da regulação metabólica dessas enzimas (SAKIYAMA et al., 2001) e dos possíveis precursores de compostos que influenciam a qualidade da bebida superior do café. A colonização de explantes de C. arabica por bactérias endofíticas isoladas de frutos maduros, comprovada 12 in situ pela técnica de imunofluorescência e posterior recuperação das bactérias endofíticas inoculadas, possibilitou a demonstração de que alguns isolados dessas bactérias promoviam o crescimento em explantes de cultivares de C. arabica e C. canephora (SAKIYAMA, 2001). Espécies de bactérias endofíticas têm sido isoladas na Colômbia, México e Hawaii, em folhas, ramos, raízes e partes do fruto de cafeeiros, sendo a maior quantidade isolada de sementes, com predomínio dos gêneros: Bacillus, Bulkholderia, Clavibacter, Pseudomonas, Escherichia, Micrococcus, Pantoea, Serratia e Stenotrophomonas (VEGA et al., 2005). Recentemente, foram isoladas bactérias endofíticas de folhas e ramos de espécies de C. arabica L. e de C. robusta L. (SHIOMI et al., 2006). A identificação dessas bactérias mostrou predominância das espécies de Bacillus lentimorbus Dutky e Bacillus cereus Frank e Frank, as quais demonstraram eficácia na inibição da germinação de urediniosporos de Hemileia vastatrix Berk. e Br. raça 2, fungo causador da ferrugem do cafeeiro. A inibição correspondeu a mais de 50 % da obtida no tratamento testemunha padrão (fungicidas), uma indicação do potencial biotecnológico dessas bactérias para o controle da ferrugem. Os trabalhos que demonstram a presença de populações de endofíticos associadas aos frutos de café referem-se apenas a microrganismos cultiváveis. Naturalmente, a avaliação também dos não cultiváveis nesse sistema, fruto de café-microbiota endofítica associada, é requisito para o estudo de diversidade dos endofíticos e da contribuição funcional dessa microbiota, como produtora de substâncias precursoras das que também contribuem para as características sensoriais da bebida do café. Estes argumentos reforçam e justificam a necessidade de estudos aprofundados sobre esse sistema biológico. A diversidade de bactérias endofíticas representa apenas uma pequena fração da diversidade total existente na natureza. Informações derivadas de estudos comparativos apontam para o fato de que apenas uma pequena fração dos microrganismos na natureza (entre 0,1 % a 10 %, dependendo do habitat) é cultivável mediante o emprego de métodos microbiológicos convencionais (RANJARD et al., 2000; GREEN e BOHANNAN, 2006). Até recentemente, a maioria dos métodos em estudo da diversidade microbiana baseava-se no crescimento em meio de cultura. Esses métodos 13 geram informações sobre grupos de microrganismos viáveis e cultiváveis dentro da comunidade. Varias limitações estão associadas à cultura de microrganismos que poderão influir na verdadeira diversidade microbiana na comunidade, entre as quais a dificuldade em desalojar bactérias unidas a partículas de solo e biofilme, seleção do meio de crescimento, condições de crescimento, tais como: temperatura, luz, pH, interações negativas entre as colônias de microrganismos e a presença de microrganismos com taxa de crescimento rápido (KIRT et al., 2004). Outro método para o estudo da diversidade microbiana dependente de cultivo inclui o perfil fisiológico das comunidades microbianas, o qual é determinado pela capacidade dessas comunidades em utilizarem diferentes fontes de carbono in vitro. Essa metodologia foi desenvolvida inicialmente utilizando microplacas BiologTM contendo 95 fontes diferentes de carbono, sal de tetrazólio e um controle negativo. Atualmente, é comercializada a Ecoplate BiologTM contendo 31 fonte de carbono diferentes das normalmente encontradas no ambiente, um controle negativo e três repetições. Métodos que determinam o perfil fisiológico têm sido utilizados para avaliar a diversidade metabólica potencial de comunidades microbianas em diferentes ambientes. Eles são seletivos para organismos cultiváveis que crescem em condições de laboratório e favorecem os microorganismos de rápido crescimento (KIRK et al., 2004). A análise da diversidade e da estrutura de comunidades pode também incluir a determinação de perfís da composição de lipídios extraídos de amostras ambientais. A análise de ésteres metílicos de ácidos graxos (FAME) consiste na esterificação dos lipídios extraídos da amostra, seguida da separação e identificação por cromatografia gasosa. Os FAMEs são identificados pelo tempo de retenção na coluna, comparativamente a tempo de retenção dos padrões submetidos ao mesmo processo. A quantificação de cada composto é feita com base na determinação das áreas dos picos correspondente no cromatograma (TÓTOLA e CHAER, 2002, KIRK et al., 2004). O sistema FAME/MIDI foi utilizado na identificação de 87 isolados de bactérias endofíticas cultiváveis dos diferentes tecidos (folha, ramos, talos e raízes) e frutos (casca, polpa, pedúnculo e sementes) de C. arabica, e discriminou Bacillus, Burkholderia, Clavibacter, Curtobacterium, Escherichia, 14 Micrococcus, Pantoea, Pseudomonas, Serratia e Stenotrophomonas (VEGA et al., 2005). Os métodos mais recentes exploram características do rDNA que, juntos com os da bioinformática e os de análises estatísticas, são ferramentas valiosas para estudos de caracterização e estrutura das comunidades microbianas em diferentes ambientes (NOCKER et al., 2007). Entre as técnicas moleculares mais comumente empregadas encontram-se, entre outros: clonagem e sequenciamento de rDNA 16S (ZINNIEL et al., 2002); hibridização DNA-DNA (JIMENEZ-SALGADO et al., 1997); análise de restrição de DNA ribossomal amplificado-ARDRA (MOCALI et al., 2003); análise de espaçador intergênico ribossomal-RISA; eletroforese em gel de gradiente desnaturante (DGGE) (GARBEVAet al., 2001, SESSITSCH et al., 2002, LAÇAVA et al., 2005). Os benefícios que podem advir do melhor conhecimento da diversidade de bactérias endofíticas associadas aos frutos de café incluem a compreensão das funções exercidas por estes microorganismos e dos possíveis mecanismos envolvidos na interação (KUKLINSKY-SOBRAL, 2003). A técnica de DGGE tem sido aplicada para a análise de comunidades de bactérias em ambientes complexos, tais como os de solo e rizosfera, na detecção de variações na comunidade em presença de agroquímicos, estados nutricionais e fisiológicos de plantas hospedeiras (YANG e CROWLEY, 2000) e no estudo de comunidades de bactérias endofíticas associadas a plantas (GARBEVA et al., 2001; SESSITSCH et al., 2002; LAÇAVA et al., 2005). A clonagem e seqüenciamento de rDNA 16S (HEAD et al., 1998) é considerado método apropriado para exploração da diversidade microbiana em ambientes naturais. Esta técnica oferece alta resolução filogenética, permite a geração de dados para a identificação de espécies ou a determinação de similaridade com espécies conhecidas, mediante o uso de seqüências depositadas em bancos de dados acreditados (NOCKER et al., 2007). O seqüenciamento direto de amplicons é uma técnica cada vez mais utilizada por dispensar a necessidade de clonagem e construção do banco genômico, sendo as seqüências de DNA obtidas diretamente a partir de pequenas quantidades de amostras ambientais. Bactérias endofíticas isoladas de tecidos aéreos de quatro espécies de cultura agrícola e 27 espécies de plantas de planície foram identificadas por meio de sequenciamento direto, e as 15 comparações com as seqüências registradas corresponderam a: Bacillus subtilis, Corynebacterium glutamicum, Microbacterium smegmatis, Cellumonas flavigena, Curtobacterium luteum e C. citreum, Clavibacter michiganensis e varias espécies de Microbacterium (ZINNIEL et al., 2002). Basicamente, a técnica consiste na extração de DNA, amplificação de rDNA 16S e eliminação dos resíduos de primers e dNTPs por meio de técnicas de precipitação, cromatografia de troca iônica, filtração em gel com o emprego de Kits e, finalmente, o sequenciamento (RAO, 2007). As bactérias estão indissoluvelmente associadas às plantas como patogênicas, epifíticas, endofíticas, simbiônticas e antagonistas. Muitas formam associações intimas com as plantas e formam grupos diversos filogeneticamente, representados por espécies pertencentes aos principais táxons. As bactérias associadas às plantas tipicamente intercambiam sinais com seu hospedeiro e possuem diversos mecanismos para adaptação e colonização (PRESTON et al., 1998). Aspectos importantes da diversidade de bactérias no ecossistema são os diferentes processos que realizam, a complexidade da interação e o número de níveis tróficos que as compõem. Nos últimos anos, têm despertado interesse cada vez maior os aspectos relativos a composição, estrutura e função de comunidades bacterianas e, em particular nas unidades fundamentais das quais são compostas (WARD, 2006). Muitos dos filos descritos para bactérias são conhecidos a partir de estudos culturais em nível de laboratório, entretanto um número diverso deles são identificados por meio de sequenciamento de rDNA 16S de bactérias coletadas de habitat naturais. Até hoje encontram-se descritos 24 filos de bactérias, os quais exibem enorme diversidade em têrmos de morfologia, fisiologia e história evolutiva (TORSIVIK e OVREAS, 2002; GORRITY et al., 2004). O domínio Bactéria compreende uma variedade de indivíduos patogênicos, assim como milhares de espécies não-patogênicas. Constitui um grupo de microrganismos de ocorrência cosmopolita nos mais diversos habitat, e apresenta enorme diversidade de vias metabólicas, reunindo organismos especializados na utilização de compostos orgânicos e inorgânicos. As bactérias gram-positivas enquadram-se em dois principais filos: aquelas contendo baixo teor de GC (Firmicutes) e as de alto conteúdo de GC (Actinobacteria). Tais termos referem-se à proporção de bases GC no DNA, 16 menor ou maior do que 50 %, respectivamente. O filo Firmicutes é composto basicamente de 5 ordens, 29 famílias e 139 gêneros (Tabela 2), os quais compreendem organismos heterogêneos, com atividade metabólica que inclui vias homofermentativa, heterofermentativa e respiração, sendo alguns deles microaerófilos, anaeróbios facultativos e anaeróbios estrito. Muitos destes membros apresentam importância medicinal e industrial (GORRITY et al., 2004, DWORKIN et al., 2006c). O filo Actinobacteria contem 4 ordens, 37 famílias e 137 gêneros (Tabela 2), compreendendo organismos microaerófilos, anaeróbios obrigatórios e formadores de acido propiônico. Neste filo estão indivíduos presentes em ambientes como água e solo, com importância para medicina, veterinária, agrícultura e indústria (GORRITY et al., 2004; DWORKIN et al., 2006c). O último, filo Proteobacteria, contém indivíduos gram-negativos. Esse corresponde ao maior grupo de bactérias, exibindo também uma maior diversidade filogenética (Tabela 2). Proteobacteria contêm cinco classes, sendo cada uma denominado pelas letras gregas, alfa, beta, gama, delta e epsilon (α, β, γ, δ, ε ). A classe αestá representada por 140 gêneros e 425 espécies; β possui 76 gêneros e 225 espécies; γcontém 181 gêneros e 755 espécies; δ57 gêneros e 165 espécies e, εpossui 6 gêneros e 49 espécies. Do ponto de vista fisiológico, as proteobacterias podem ser fototróficas, quimiolitotróficas ou quimiorganotróficas, possuindo grande diversidade de mecanismos geradores de energia. Os indivíduos dentro deste filo apresentam ampla diversidade metabólica e também são de grande importância ecológica em medicina, veterinária, agricultura e indústria (GORRITY et al., 2004; DWORKIN et al., 2006a). As ferramentas para análises moleculares atualmente disponíveis descortinam perspectivas novas para estudo em que se objetiva elucidar a participação da microbiota endofítica na produção de moléculas precursoras do conjunto de compostos que compõem o sabor, aroma e acidez da bebida do café. A procura de genes estruturais ou reguladores do metabolismo de substratos, ou precursores de produtos finais, compartilhados pelos simbiontes constitui-se em um dos desafios atuais da pesquisa (GEROMEL et al., 2006; LEROY et al., 2006). 17 Tabela 2 – Domínio Bactéria: filos, classes, ordens, famílias e números de gêneros Domínio Número Classe Ordem Família Gênero Bactéria I II Arquificae Themotogae Filo 1 1 1 2 1 2 4 6 III IV Thermodesulfobacteria Deinococcus-Thermus 1 1 1 1 1 1 2 1 V VI Chrysiogenetes Chloroflexi 1 2 1 2 1 2 1 5 VII VIII Themomicrobia Nitrospira 1 1 1 1 1 1 1 4 IX X Deferribacteres Cyanobacteria 1 1 1 5 1 7 4 62 XI XII Chlorobi Proteobacteria 2 5 2 29 2 48 9 515 XIII XIV Firmicutes Actinobacteria 3 1 5 4 29 37 139 127 XV XVI Plantomycestes Chlamydiae 1 1 2 1 2 1 5 4 XVII XVIII Spirochaetes Fibrobacteria 1 1 1 1 3 1 13 1 XIX XX Acidobacteria Bacteroidetes 1 3 1 1 1 4 2 20 XXI XXII Fusobacteria1 Verrucomicrobia 1 1 1 1 2 1 6 2 XXIII XXIV Dictyoglomi Gemmatimonadetes 1 1 1 1 1 1 2 1 Fonte: Gorrity et al. (2004). As bactérias endofíticas são também consideradas atualmente como modelo de grande utilidade para o estudo de expressão gênica em seu nicho natural (MARON et al., 2006). Contudo, questões básicas sobre a diversidade microbiana existente em frutos de café, a estrutura dessa comunidade, a similaridade do microbioma dos cafeeiros de espécies e cultivares distintas em ambientes geograficamente definidos, devem ser objetos da pesquisa moderna em qualidade da bebida superior do café. 18 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. Área de estudo A área de estudo está localizada no município de Araponga, cidade da Zona da Mata Norte do estado de Minas Gerais, Brasil, em Marca Geográfica compreendida entre as coordenadas 42°36’35” W a 42°22’48” W de longitude, e 20°34’12” S a 20°46’48” S de latitude, que denomina o “Café das Montanhas de Araponga”, segundo Portaria no 773, de 12 de maio de 2006 do Instituto Mineiro de Agropecuária. A segunda área está localizada na Universidade Federal de Viçosa (UFV) no município de Viçosa, Minas Gerais, Brasil, compreendida entre as coordenadas 20°44’3,48”S a 42°50’57,4” W (Tabela 3). 3.2. Amostragem Amostras de frutos sadios no estádio cereja da safra 2007 foram coletadas de cultivares Catuaí Vermelho, Catuaí Amarelo, Bourbon Amarelo e Bourbon Vermelho, em lavouras sombreadas com face voltada para o Norte no Município de Araponga, e em lavoura sem sombreamento localizada no Campo Experimental da UFV (Tabela 3). 19 Tabela 3 – Descrição das áreas de coleta Cultivar Localidade S W Altitude (m) Face de Exposição AnoPadrão CA Campo Experimental DFT, Vale/Aeroporto 20°44’3,38’’ 42°50’57,2’’ CV Campo Experimental DFT, Vale/Aeroporto 20º44`3,48” 42º50`57,2” 676 W 1980 BA Campo Experimental DFT, Vale/Aeroporto 20º44`29,5” 42º50`47,4” 687 W 1989 BV Campo Experimental DFT, Vale/Aeroporto 20º44`29,5” 42º50`47,4” 687 W 1989 CA Fazenda Itatiaia, Araponga, Minas Gerais, Brasil 20º40`32,4” 42º34`13,6” 956 E 2004 CV Fazenda Itatiaia, Araponga, Minas Gerais, Brasil 20º40`32,4” 42º34`13,6” 956 E 2004 CA Fazenda Serra do Boné, Minas Gerais, Brasil 20º39`16,3” 42º27`32,0” 1013 SE 1996 CV Fazenda Serra do Boné, Minas Gerais, Brasil 20º39`16,3” 42º27`32,0” 1013 SE 1996 BV Fazenda Santo Antônio, Minas Gerais, Brasil 20º39´57,9” 42º30´45,4” 1062 N 1979 BA Fazenda Santo Antônio, Minas Gerais, Brasil 20º39´55,2” 42º30´44,2” 1067 N 1979 BV Fazenda Santo Antônio, Minas Gerais, Brasil 20º39´55,2” 42º30´44,2” 1067 N 1979 BA Fazenda Santo Antônio, Minas Gerais, Brasil 20º39´47,6” 42º27´28” 1101 N 1979 CA Fazenda Serra do Boné, Minas Gerais, Brasil 20°39’48,2’’ 42°27’27,6’’ 1187 SE 1996 CA Fazenda Serra do Boné, Minas Gerais, Brasil 20°39’48,2’’ 42°27’27,6’’ 1187 SE 1996 676 W 1980 A amostragem correspondeu à coleta individual de frutos sadios, com pedúnculo e no estádio cereja, do terço médio de cafeeiros típicos da cultivar, escolhidos durante o caminhamento pela lavoura, com registro das coordenadas geográficas e altitude em aparelho de GPS, Garmin® modelo Vista C. A amostra coletada foi de, aproximadamente, dois quilogramas de fruto por cultivar em cada fazenda. As amostras foram colocadas em isopor contendo gelo e transportadas para o Laboratório de Ecologia Microbiana (LEM) do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Viçosa (DMB-UFV), no Instituto de Biotecnologia Aplicada à Agropecuária (BIOAGRO/ UFV). No LEM foram divididas em frações de 200 g e imediatamente empacotadas a vácuo, sendo conservadas a -20 ºC para as análises de bactérias totais e das endofíticas cultiváveis e não-cultiváveis. 20 3.3. Processamento das amostras Dez frutos sadios e com pedúnculo, de cada uma das amostras, foram individualmente colocados em 10 frascos erlenmeyer de 50 mL para a desinfestação superficial por lavagem em água destilada e detergente neutro, por 1 minuto, seguida de quatro enxágües em água destilada esterilizada. A seguir, foram transferidos para novos frascos contendo água esterilizada, em câmara de fluxo laminar VECO Plus Class III Tipo B III FL9210, para os procedimentos de isolamento de bactérias totais e das endofíticas (SAKIYAMA et al., 2001). 3.4. Isolamento e quantificação de bactérias totais e endofítica A densidade de bactérias totais por fruto, em UFC.fruto-1, foi estimada por contagem direta de colônias em placas. Durante a contagem foram observadas e selecionadas as colônias que se distinguiam quanto à forma, aspecto da superfície, cor e tamanho. Os morfotipos selecionados foram purificados e mantidos em R2A (REASONER e GELRDREICH, 1985) para análises posteriores. As culturas de bactérias isoladas foram catalogadas e conservadas a -80 ºC em caldo R2A contendo 30 % de glicerol. Para o isolamento de bactérias endofíticas, cada fruto foi submetido a processo de esterilização superficial (SAKIYAMA et al., 2001). O processo consistiu das seguintes etapas: duas lavagens do fruto em água destilada esterilizada, seguida de agitação por 15 min em solução tampão fosfato de potássio 0,05 mol L-1, pH 7,0; imersão por 1 min em álcool 70 %; agitação por 5 min em solução de hipoclorito de sódio 5 % e Tween 80 %; nova imersão por 1 min em álcool 70 % seguida de agitação por 15 min em solução tampão fosfato de potássio 0,05 mol L-1, pH 7,0 e, finalmente, a lavagem por quatro vezes em água destilada esterilizada. O processo foi repetido por duas vezes. Para confirmar a esterilização da superfície do fruto, alíquota da água destilada esterilizada da última lavagem foi espalhada em placa contendo o meio de cultura R2A e incubada a 28 ºC por 72 horas. Em seguida, o fruto foi transferido para tubo contendo caldo R2A e também incubado a 28 ºC por até 72 horas, para a certificação da inexistência de microrganismos na superfície do fruto a ser utilizado para o isolamento de bactérias endofíticas cultiváveis. 21 Para quantificar o total de bactérias, epifíticas e endofíticas, cada fruto desinfestado superficialmente foi colocado em tubo contendo 10 mL de solução estéril de tampão fosfato de potássio 0,05 mM L-1, pH 7,0 e triturado em homogeneizador do tipo Polytron™. A suspensão obtida foi filtrada através de malha de gaze e o filtrado recolhido em tubo de ensaio estéril, seguindo-se o preparo de diluições de 10-1 até 10-10 em solução tampão de fosfato de potássio, em triplicata, ou seja, três replicas por amostra e por diluição. Alíquotas de 100 μL foram transferidas para meio sólido R2A e espalhadas com o uso de espátula de Drigalsky, seguindo-se a incubação das placas a 28 ºC por 72 horas (REASONER e GELRDREICH, 1985). 3.5. Identificação dos isolados de bactérias endofíticas Os isolados de bactérias endofíticas foram agrupados por suas características morfológicas, selecionando-se um isolado como o representativo do grupo a ser submetido a processo de identificação por meio da análise de ésteres metílicos de ácidos graxos totais das células e de análise das seqüências parciais de rDNA 16S. 3.5.1. Identificação FAME/MIDI A identificação com base no perfil de ésteres metílicos de ácidos graxos (FAME) foi realizada em um cromatógrafo a gás HP, Series II, 5890, acoplado a uma estação de trabalho da Dell™, pelo sistema de identificação Sherlock® Microbial Identification System, Inc. Newark, DE, USA (MIDI), adotando-se o protocolo da MIDI. Para essa identificação, cada isolado selecionado foi transferido para o meio de cultura TSA (Trypticase Soy, 30 g.L-1, agar 15 g.L-1) e mantido em incubação a 28 ºC por 24 horas. Para a análise de FAME foi feita a remoção das células das colônias isoladas do terceiro quadrante da placa com o auxílio de uma alça de repicagem e a transferência para o fundo de um tubo de ensaio. As células removidas foram submetidas à saponificação, por meio da adição de 1,0 mL de reagente 1 (hidróxido de sódio 45 g, metanol 150 mL e água milli-Q 150 mL), agitação em vórtex por 5 a 10 s, incubação em banho-maria a 100 ºC por 22 5 min, seguida de agitação e incubação novamente a 100 ºC por 25 min. Após a saponificação, a suspensão foi submetida a processo de metilação dos ácidos graxos, para a formação dos ésteres metílicos, mediante a adição de 2,0 mL de reagente 2 (ácido clorídrico 6,0 N, 325 mL e Metanol 275 mL), agitação por 5 a 10 s e incubação em banho maria a 80 ºC por 10 min. A seguir, foram adicionados 1,25 mL de reagente 3 (hexano 200 mL e éter metil ter-butil 200 mL) e o volume total foi homogeneizado durante 10 min, por inversão dos tubos. A fase aquosa foi descartada. À fase orgânica, contendo os ésteres metílicos de ácidos graxos, foram adicionados 3,0 mL do reagente 4 (hidróxido de sódio 10,8 g e água milli-Q 900 mL), o volume total foi homogeneizado por seguidas inversões do tubo durante 5 min e 2/3 da fase aquosa final foram transferidos para o tubo em que a amostra foi levada para injeção no cromatógrafo a gás. 3.5.2. Extração de DNA, amplificação, sequenciamento e análise de seqüências de rDNA 16S As culturas puras dos 48 i solados das bactérias endofíticas selecionadas foram ativadas por cultivo em placas contendo meio sólido Luria-Bertani (LB) (Bacto triptona 10 g, extrato de Levedura 5 g, NaCl 10 g, agar 15 g, água MilliQ até 1000 mL, pH 7,0) e incubadas a 28 ºC por 24 horas. Após esse tempo, foram transferidas para tubos contendo 10 mL de caldo LB e novamente incubadas por 24 horas a 28 ºC sob agitação a 150 rpm, em Controlled Environment Incubator Shaker, New Brunswick Scientific Co, Inc. Edison, N.J, USA, seguindo-se nova retirada de inóculo para cultivo em 30 mL de LB sob as mesmas condições de incubação. A pureza das culturas foi verificada por coloração de Gram. O DNA total de isolados de bactérias foi extraído com o uso de protocolo proposto por Marmur (1961), citado por Marmur et al. (1963), modificado no LEM para a extração do DNA total das células de 32 dos isolados de bactérias endofíticas gram-negativas, e modificado também para a extração do DNA dos16 isolados de bactérias endofíticas gram-positivas. O DNA precipitado foi lavado com etanol 70 %, secado a temperatura ambiente e, finalmente, ressuspendido em 30 μL de TE (10 mmol.L-1 Tris-HCl, 23 pH 8,0). Ao eppendorf contendo o DNA extraído foi adicionada a RNase (Sigma-Aldrich Co. USA) para fazer a concentração final de 50 μg.mL-1 e a incubação em banho-maria foi a 37°C por 30 min. A verificação da presença do DNA foi realizada em gel de agarose (Sigma-Aldrich Co. USA) 0,8 % em tampão TAE (40 mM Tris-acetato e 1mM EDTA) e brometo de etídio (2 L.mL-1) . Alíquotas de 3 L de DNA foram acrescidas de corante (0,25 % azul de bromofenol; 0,25 % de xilenocianol e 15 % de ficol) para a aplicação no gel e a eletroforese efetuada por 2 horas a 60 volts, utilizando-se de uma fonte Power Pac Basic™ BIO-Rad. O DNA de fago clivado com a enzima de restrição de HindIII (Promega) foi utilizado como padrão para a quantificação do DNA. O perfil de bandas de DNA no gel foi visualizado no sistema de digitalização de imagem Eagle Eye™ (Stratagene) e as imagens armazenadas em arquivos jpg. A quantificação foi feita utilizando-se de marcadores de quantidade de DNA de fago na concentração de 50 ng.L-1. A amplificação de rDNA 16S foi realizada por meio da técnica de PCR utilizando-se primer universal para eubactérias f27/R1492 (HEUR et al., 2001; GELSOMINO et al., 2005). As misturas das reações em volume final de 25 μL continham aproximadamente 20 ng de DNA molde, tampão (Promega), 1,8 mM de MgCl2 , 210 nM de cada primer, 250 μM deoxirribonucleotídeos (dNTP’s), 0,02 U de Taq DNA polimerase (Promega). Em todas as reações foi utilizado um controle negativo sem o DNA molde. A reação de amplificação foi realizada em termociclador (Mastercycler Gradient, Eppendorf-Germany), programado para realizar uma desnaturação inicial a 94 ºC por 2 min, seguida por 30 ciclos de desnaturação a 94 ºC por 15 segundos, anelamento a 52 ºC e extensão por 10 min a 72 ºC por 1 min. As últimas 20 etapas de extensão foram realizadas usando um incremento de temperatura de 20 s por ciclo (BUNGE e LECHNER 2001). Os produtos resultantes da reação de PCR foram avaliados por eletroforese em gel de agarose (1,2 % p/v), em tampão TAE (40 mM Tris-acetato e 1 mM EDTA) e brometo de etídio (2 L mL-1) (SAMBROOK et al., 1989). Alíquotas de 3 L de DNA foram acrescidas de corante (0,25 % azul de bromofenol; 0,25 % de xilenocianol e 15 % de ficol) para serem aplicadas no gel e submetidas à eletroforese por 2 horas a 60 volts, utilizando-se uma fonte Power Pac Basic™ 24 BIO-Rad. O DNA de fago com a enzima da restrição de HindIII (Promega) foi utilizado como padrão para a quantificação de DNA obtido. O perfil de bandas de DNA no gel foi visualizado no sistema de digitalização de imagem Eagle Eye™ (Stratagene), em arquivo jpg. A quantificação foi feita utilizando-se de marcadores de quantidade de DNA de fago na concentração de 25, 50, 75 e 100 ng.L-1 . Para visualizar o tamanho do fragmento amplificado, 3 μL do marcador de tamanho DNA de fago , foi utilizado como referência. Após a quantificação, os produtos de PCR foram purificados para o seqüenciamento com o emprego de Kits ExoSAP-ITTM (GE Healthcare Life Sciences), conforme protocolo do fabricante, a saber: a 5 μL de produto de PCR foram adicionados 2 μL do produto; a mistura foi agitada levemente e incubada a 37 ºC por 15 min, para inibição de resíduos de primer e dNTPs, seguindo-se uma segunda etapa de incubação a 80 ºC por 15 min, para a inativação de resíduos da ExoSap. Para o sequenciamento foram enviados entre 75 e 100 ng.μL-1 dos produtos purificados de PCR, em 2 μL de água milliQ, juntamente com 25 μL por reação dos dois primers, forward e reverse, para o processamento em Seqüenciador automático MegaBace ® 500 de 48 capilares (GE Healthcare). As identidades das seqüências de nucleotídeos obtidas foram comparadas com as armazenadas no banco de dados do National Center for Biotechnology Information (NCBI). O alinhamento das bases foi realizado por meio do programa Clustal W e a análise e correção com o programa MEGA 4.0® (TAMURA et al., 2007). As inferências filogenéticas foram obtidas por método de distância e máxima parcimônia de Neighborjoining (SAITOU e NEI, 1987), com teste bootstrap (1.000 réplicas). As árvores para as análises da filogenia das seqüências foram reconstruídas com o programa MEGA 4.0®. 3.6. Diversidade genética de comunidades de bactérias não-cultiváveis A diversidade genética de comunidades de bactérias endofíticas nãocultiváveis foi analisada a partir das imagens dos perfis de bandeamentos dos amplicons nos géis de Eletroforese em Gel de Gradiente Desnaturante (DGGE). A estrutura da comunidade de bactérias endofíticas nas diferentes 25 amostras foi avaliada com base nas variáveis: Riqueza, Índice de Diversidade de Shannon-Weaver e Eqüitabilidade (DILLY et al., 2004; CAMPELO, 2004), com dados gerados pelo software Gel Pro Analyser® 3.1 (Media Cybernetics Inc., Maryland - USA). 3.6.1. Extração de DNA total de bactérias em frutos de café Para a extração de DNA total de bactérias foram utilizados 8 frutos por amostra, sendo todos previamente lavados em água milli-Q esterilizada, para a eliminação de impurezas. Outros cinco frutos destinados à extração do DNA total de endofíticos foram submetidos a processo de desinfestação superficial (SAKIYAMA et al., 2001). O protocolo para a extração de DNA de bactérias em frutos de café foi o adaptado no LEM, com base no de Fungaro et al. (2004). Os frutos de café foram macerados na presença de nitrogênio líquido, em almofariz, até a obtenção de um pó fino. Esse pó fino foi transferido para tubo eppendorf esterilizado e adicionado de 700 L de tampão de extração (4 % CTAB, 1,4 M NaCl, 20 mM EDTA, 100 mM Tris-HCl, 1 % PVP), 4 L de -mercaptoetanol e lisozima para uma concentração final de 150 μg.mL-1 , sendo a mistura incubada por 1 horas a 37 ºC em banho-maria. O tubo foi transferido para outro banho-maria a 65 ºC onde permaneceu por 20 minutos. A seguir, a mistura foi mantida em temperatura ambiente por 10 min antes da adição de 700 μL (1 volume) de clorofórmio-álcool isoamílico (24:1, v/v), a suspensão no eppendorf foi homogeneizada por seguidas inversões do tubo antes da centrifugação, 5 min a 10.000 g em microcentrífuga JOUAN, modelo MR 23i. O sobrenadante foi transferido para outro tubo e precipitado com 0,7 volumes de isopropanol (armazenado em temperatura ambiente) e incubado a temperatura ambiente por 2 horas. Após esse tempo, o tubo foi centrifugado por 5 min a 10.000 g e ao precipitado ressuspendido em 50 μL de água milli-Q esterilizada foi adicionada a RNase (Sigma-Aldrich Co. USA) para fazer uma concentração final de 20 μg mL-1 antes da nova incubação a 37 ºC por 1 hora. O DNA extraído foi precipitado com a adição de 1/10 do volume da solução de NaCl 5 mM e de duas vezes o volume, com etanol absoluto. O precipitado de DNA foi lavado com etanol 70 % e secado a temperatura ambiente para ser 26 analisado em gel de agarose (Sigma-Aldrich Co. USA) 0,8 % em tampão TAE (40 mM Tris-acetato e 1mM EDTA) e brometo de etídio (2 L mL-1 ) . Alíquotas de 3 L de DNA foram acrescidas de corante (0,25 % azul de bromofenol; 0,25 % de xilenocianol e 15 % de ficol) para serem aplicadas no gel e submetidas à eletroforese por 2 horas a 60 volts utilizando-se uma fonte Power Pac Basic™ BIO-Rad. DNA de fago (Promega) foi utilizado como padrão, para a quantificação de DNA. O perfil de bandas de DNA no gel foi visualizado no sistema de digitalização de imagem Eagle Eye™ (Stratagene), em arquivo jpg. A quantificação foi feita utilizando-se de marcadores de DNA de fago na concentração de 50 ng.L-1 . 3.6.2. Amplificação de rDNA 16S de Eubactérias e de grupos específicos de bactéria A amplificação de rDNA 16S de comunidades de bactérias endofíticas e epifíticas, e a das endofíticas cultiváveis e não-cultiváveis, foi realizada por PCR. O molde utilizado para as reações foi o DNA total extraído das amostras de frutos de café, utilizando o protocolo em uso no LEM. A amplificação dos fragmentos de rDNA 16S foram feitas com primer universal F984GC/R1378 (GELSOMINO et al., 2005) para estudo da estrutura das comunidades de eubactérias (Tabela 4). As reações foram realizadas em tubos eppendorf de 100 μL em volume final de 25 μL, contendo tampão TAE (10 mM Tris-HCl, 10 mM KCl, pH 8,3), 3,75 mM de MgCl2, 200 μM de deoxirribonucleotídeos (dNTP´s), 0,2 mM de cada primer, 0,25 μg mL-1 de albumina sérica bovina (Invitrogen), 2 % (v/v) de formamida deionizada, 1,5 U de Taq DNA polimerase, 20 ng de DNA total e água milli-Q para completar o volume final. Em todas as reações foi utilizado um controle negativo, sem o DNA molde. A PCR foi realizada em termociclador PTC-100™ Programmable Thermal Controller (MJ Research, Inc.) sob as seguintes condições: temperatura inicial de desnaturação a 94 ºC por 5 min, seguida de 30 ciclos consistentes de 94 °C por 1 min para a desnaturação, 1 min para o anelamento de primer na temperatura adequada e 2 min a 72 °C para a extensão de primer. O ciclo foi seguido por uma extensão final a 72 °C por 10 min e finalmente resfriamento a 27 Tabela 4 – Primers usados para amplificar fragmentos de genes rDNA 16S de grupos específicos de bactérias a Primers a Posição de 16S rDNA Seqüência (5´-3´) b Referências F203α α-proteobacteria (174-203) CCGCATAGCCCCTACGGGGGA AAGTTTATCGCACAAGCGGTGGATGA Gomes et al. (2001) F948β β-proteobacteria (931-948) CGCACAAGCGGTGGATGA Gelsomino et al. (2006) F243H GC Actinobacteria (226-243) CCGGGGCGCGCCCCGGGCGGG GCG GGGGCACGGGGGG Gomes et al. (2001) R1492 Bactéria (1492-1513) TACGG(C/T)TACCTTGTTACGACT T Heuer et al. (1997) F984GC Bactéria (968-984) CGCCCGGGGCGCGCCCCGGGC GGGGCGGGGGCACGGGGGGAACGCG AAGAACCTTAC Gelsomino et al. (2006) R1378 Bactéria (1378-1401) CGGTGTGTACAAGGCCCGGGA ACG Heuer et al. (1997) BLS342F Firmicutes (342-402) CAG CAG TAG GGA ATC TTC Blackwood et al. (2006) 1392R Bactéria (1392-1406) ACGGGCGGTGTGTAC A Blackwood et al. (2006) FD2 γ -proteobacteria (18-47) AGAGTTTGATCATGGCTCAG Weisburg et al. (1991) RP1 Bactéria (1512-1406) ACGGTTACCTTGTTACGCTT Weisburg et al. (1991) b F, primer foward; R, primer reverse, Posição no genoma de Escherichia coli. 4 °C. A verificação dos produtos da amplificação foi realizada por eletroforese em gel de agarose (Sigma-Aldrich Co. USA) 1,2 %, em tampão TAE (40 mM Tris-acetato e 1 mM EDTA) e brometo de etídio (2 L mL-1). Foram aplicados 5 μL de cada reação juntamente com o marcador de tamanho DNA de fago . A amplificação de fragmentos de rDNA 16S para grupos específicos de α e β-Proteobacteria foi realizada com o uso de primers específicos F203α/R1492 e F948β/R1492 (GELSOMINO et al., 2005) (Tabela 4). A mistura da reação em volume de 25 µL foi preparada com 5,0 µL de tampão (10 mM Tris-HCl, 10 mM KCl, pH 8,3), 200 µM de cada dNTP, 3,75 mM de MgCl2 , 0,2 µM de cada primer, 2 % de formamida, 1,0 µL de BSA, 5 U de DNA Taq Polimerase (Promega), 1 µL de DNA equivalente a 20 ng e água Milli-Q, para completar os 25 µL. Em todas as condições foi utilizado um controle negativo sem DNA molde. A reação de amplificação foi realizada em termociclador PTC100™ Programmable Thermal Controller (MJ Research, Inc.) programado para 28 a desnaturação inicial a 94 °C por 5 min, seguida de 30 ciclos a 94 °C por 1 min, anelamento a 56 °C por 1 min para o primer (α-Proteobacteria), 61 °C por 1 min para primer (β-Proteobacteria) e extensão de primer a 72 °C por 2 min, antes da extensão final a 72 °C por 10 min seguida de resfriamento a 4 °C. Fragmentos de rDNA 16S para a análise do filo Actinobacteria foram amplificados por meio do uso do primer F243H GC/R1492 (HEUR et al., 1997) (Tabela 4). A mistura da reação foi preparada com Tampão (10 mM Tris-HCl, 10 mM KCl, pH 8,3), 0,2 mM de cada dNTP, 2,5 mM MgCl2 , 100 nM de cada primer (F243/R1378), 5 % de Dimetil sulfoxido (v/v), 0,1 µg de BSA e 5 U/50 µL de Tag polimerase, 1 µL de DNA equivalente a 20 ng, e água Milli-Q para completar o volume final de 25 µL. Em todas as condições foi utilizado um controle negativo sem DNA molde. A reação de amplificação foi realizada em termociclador PTC-100™ Programmable Thermal Controller (MJ Research, Inc.) programado para realizar desnaturação inicial a 94 °C por 5 min, seguida de 30 ciclos de desnaturação a 94 °C por 5 min, anelamento a 63 °C por 1 min e extensão de primers a 72 °C por 2 min, antes da extensão final a 72 °C por 10 min seguida de resfriamento a 4 °C. A amplificação de rDNA 16S para grupos de bactérias do filo Firmicutes foi realizada com o uso do primer BLS342F/1392R (BLACKWOOD et al., 2005) (Tabela 4). A reação apresentou um volume final de 25 µL contendo 20 ng de DNA molde, Tampão TAE (10 mM Tris-HCl, 10 mM KCl, pH 8,3), 169 µM de cada dNTP, 3,0 mM MgCL2, 0,1 µM de cada primer (BLS342F e 1392R), 5 % de Dimetil sulfoxido (v/v), 0,1 µg.mL-1 de BSA e 0,025 U.50 µL -1 de Taq polimerase, 1 µL de DNA equivalente a 20 ng e água Milli-Q até completar o volume final. Em todas as condições foi utilizado um controle negativo sem DNA molde. A reação de amplificação foi realizada em termociclador PTC100™ Programmable Thermal Controller (MJ Research, Inc.) programado para realizar desnaturação inicial a 95 °C por 3 min, seguida de 30 ciclos de desnaturação a 94 °C por 30 s, anelamento a 57 °C por 30 s e extensão de primers a 72 °C por 90 s, antes da extensão final a 72 °C por 7 min. Seguida de resfriamento a 4 °C. A amplificação de fragmentos de rDNA 16S para grupos de bactérias pertencentes a γ-Proteobacteria foi realizada por meio do uso de primer FD2/RP1 (WEISBURG et al., 1991) (Tabela 4) . As reações apresentaram um 29 volume final de 25 μl contendo aproximadamente 20 ng de DNA molde, tampão TAE (Promega), 1,8 mM de MgCl2, 210 nM de cada primer, 250 μM deoxirribonucleotídeos (dNTP), 0,02 U da enzima Taq DNA polimerase (Promega). Em todas as reações foi utilizado um controle negativo sem o DNA molde. A reação de amplificação foi realizada em termociclador PTC-100™ Programmable Thermal Controller (MJ Research, Inc.) programado para realizar uma desnaturação inicial a 94 ºC por 2 min, seguida por 30 ciclos de desnaturação a 94 ºC por 15 s, anelamento a 52 ºC e extensão a 72 ºC por 1 min. As últimas 20 etapas de extensão foram realizadas usando um incremento de temperatura de 20 s por ciclo (\BUNGE e LECHNER, 2001). Em todas as condições foi utilizado controle negativo sem DNA molde. 3.6.3. PCR e análise por eletroforese em gel com gradiente desnaturante (DGGE) Os produtos de PCR obtidos em reação com grupos específicos de primers foram usados como molde de DNA para uma segunda reação de Nested-PCR, mediante o uso do primer universal para bactérias F984GC/R1378. A reação de amplificação foi a já descrita para essa dupla de primer e realizada em termociclador PTC-100™ Programmable Thermal Controller (MJ Research, Inc.). A verificação dos produtos da amplificação foi realizada por eletroforese em gel de agarose (Sigma-Aldrich Co. USA) 1,2 %, em tampão TAE (40 mM Tris-acetato e 1 mM EDTA) e brometo de etídio (2 L.mL-1). Foram aplicados 5 μL de cada reação juntamente com o marcador de tamanho DNA de fago . A análise por DGGE (MUYZER et al., 1993) foi realizada no sistema “DCode Universal Mutation Detection System” (BIO-Rad – Califórnia USA) com as adaptações realizadas por Campelo (2004). Os produtos de NestedPCR foram aplicados juntamente com 20 L do tampão da amostra (azul de bromofenol 0,05 %, xileno cianol 0,05 %, glicerol 70 % e TAE) diretamente no gel de poliacrilamida vertical (acrilamida-bisacrilamida 37,5: 1) a 6 % (p/v). O gradiente de uréia/formamida (40 a 58 %) foi o utilizado para as análises dos fragmentos de genes rDNA 16S de Proteobacterias classes α, β e γ 30 (Gelsomino et al., 2005) e o gradiente de 30 a 60 % para Firmicutes e Actinobacteria (HEUR et al., 2001). O gradiente foi formado a partir da mistura de duas soluções estoque de poliacrilamida com 100 % dos agentes desnaturantes, formamida deionizada 40 % e uréia 7 mol.L-1, e a outra a 0 %, sem os agentes desnaturantes. Além dessas soluções foram utilizados 125 μL de persulfato de amônio – APS (polimerizador), 16 μL de TEMED – N,N,N’,N’- tetrametiletileno diamino (catalisador) e 50 μL do corante para visualização do gradiente (azul de bromofenol 0,5 %, xilenocianol 0,5 % e TAE). O gradiente foi obtido com a aplicação das soluções para formar o gradiente no gel por um sistema dispensador (Modelo 475 Gradient Delivery System, BIO-Rad Califórnia, USA). A eletroforese foi conduzida em temperatura de 60 ºC, 50 v durante 16 h, seguindo-se a coloração desse gel com SYBR Green® I (Sigma-Aldrich Co. USA) diluído em tampão TAE, por 20 min. A imagem do gel sob luz UV foi capturada e digitalizada pelo Eagle Eye II (Stratagene – Califórnia, USA), em arquivo padrão tiff. Os produtos de Nested-PCR para cada grupo de bactérias foram utilizados para a análise de comunidades de bactérias endofíticas mediante a técnica de DGGE. Junto com as amostras no gel foram aplicados mistura dos fragmentos de rDNA 16S amplificados com o primer F984GC/R1378, a partir de DNA de isolados de bactérias referências, pertencentes aos filos Proteobacteria, classes α, βe γe Firmicutes: Alcaligenes xylosoxydans ATCC 13138, Agrobacterium tumefaciens ATCC 12136, Bacillus cereus ATCC 14579, Bacillus subtilis ATCC 23858, Escherichia coli ATCC 25922, Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853, Pseudomonas fluorescens Pseudomonas putida ATCC 15176 e Staphylococcus aureus 31 ATCC 13525, auxílio do programa Gel Pro Analyser® 3.1 (Media Cybernetics Inc., MarylandUSA). Essas análises foram realizadas para o arquivo digital correspondente a cada gel. Os ajustes básicos do programa foram os seguintes: - largura da raia: 10 pixels; - altura mínima de banda: 1 %; - separação mínima de bandas: 0,5 % Rf; - raias retilíneas; - correção de “Background”: nenhuma; e - raias contendo padrão (ões): nenhuma; No programa, as bandas foram posicionadas e identificadas para posteriores análises da estrutura de comunidades de bactérias endofíticas presentes em cada umas das cultivares coletadas a diferentes altitudes. Essa avaliação foi realizada com base nas variáveis de Riqueza (R), Índice de Diversidade de Shannon-Weaver (H’) e Eqüitabilidade (E) (DILLY et al., 2004; CAMPELO, 2004). A variável R foi obtida com base em uma matriz binária, na qual a ausência da banda correspondente a cada unidade taxonômica operacional (UTO) foi codificada como zero (0) e, a presença como um (1). Para cada amostra no gel obteve-se a freqüência de ocorrência de cada UTO pela contagem do número total de bandas presentes no gel por amostra. O índice H’ foi calculado com base na abundância, expressa como densidade ótica da banda na raia do gel, por meio da seguinte fórmula: em que 2,3 H´ N log N ( ni log ni ) N N = densidade ótica da raia, obtida pelo somatório das densidades óticas das bandas da raia; e ni = densidade ótica de cada banda, na raia. Para o cálculo de E, empregou-se a seguinte fórmula: H´ E log R 32 Os gráficos dos Índices de Diversidade e de Freqüência das UTOs das diferentes amostras, em diferentes altitudes, foram construídos utilizando o software Sigma Plot® (versão 8.0). 3.6.5. Análises estatísticas A análise estatística foi feita por meio do programa SAEG (sistema para análises estatísticas) versão 9.0. A densidade de bactérias endofíticas expressa em UFC.fruto -1 foi transformada em log10 antes da análise de variância. O teste de Scott-Knott foi aplicado para comparação entre as médias para avaliar a relação entre densidade populacional, cultivares e as altitudes. O teste de correlação simples de Pearson foi utilizado para comprovação da relação positiva entre contagem em UFC.fruto-1 e Log10 de UFC.fruto-1 e, também para relacionar as densidades populacionais de bactérias endofíticas com altitudes. 33 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Comunidades de bactérias totais e endofíticas isoladas de fruto de café A eficácia do protocolo para a desinfestação superficial dos frutos de café, para serem utilizados no estudo de bactérias endofíticas, cultiváveis e não-cultiváveis, foi comprovada pela constatação da ausência de crescimento microbiano em meio R2A (Tabela 1A, do Apêndice A) inoculado com a última água de lavagem dos frutos e, também, no meio de cultura em que os frutos desinfestados superficialmente foram incubados por 3 dias a 28 ºC. Somente frutos em que se demonstrou a ausência de crescimento foram utilizados para o isolamento dos endofíticos cultiváveis e a extração do DNA total de bactérias endofíticas cultiváveis e não-cultiváveis. A densidade populacional de bactérias endofíticas isoladas de frutos das cultivares Catuaí em meio R2A variou de 2,93 x 10 4 a 6,20 x 10 6 UFC.fruto-1 (Catuaí Amarelo) e de 7,60 x 104 a 6,0 x 106 UFC.fruto-1 (Catuaí Vermelho), enquanto em Bourbon correspondeu a 1,24 x 104 a 1,35 x 106 UFC.fruto-1 (Bourbon Amarelo) e 4,60 x 104 a 2,69 x 105 UFC.fruto-1 (Bourbon Vermelho). Os valores de densidade populacional de bactérias endofíticas indígenas em tecido da maioria das espécies vegetais situam-se em torno de 103 a 106 FC.g-1 de tecido fresco (HALLMANN et al., 1997). As maiores densidades populacionais, autóctones ou introduzidas, são normalmente observadas na raiz e na parte inferior do caule, havendo decréscimo do caule até a folha de bactérias 34 endofíticas (LAMB et al., 1996). Os autores relatam valores de 103 e 105 UFC.g-1 de tecido fresco quando as bactérias são introduzidas, e não de ocorrência natural. A abundância de microrganismos cultiváveis em fruto no estádio cereja, em fazendas do Sul de Minas Gerais, foi relatada com um valor da mediana em torno de 1,6 x 107 UFC por fruto, sendo as bactérias as mais abundantes (SILVA et al., 2001). Em C. arabica, em três localidades de Minas Gerais a população das endofíticas variou de 103 e 104 UFC.g-1 de frutos seco (SAKIYAMA, 2001). Os valores de densidade das bactérias endofíticas em frutos de café diferem (p < 0,05) entre cultivares e também quanto à altitude em que se situam. Quanto maior a altitude, maior a densidade tanto para Catuaí Vermelho (1.187 m) quanto para Bourbon Vermelho (1.101 m), enquanto nas altitudes inferiores a 1.000 m, os valores para essas mesmas cultivares são consistentemente (p < 0,05) menores (Figura 1). Os dados nessa figura demonstram a existência de diferenças (p < 0,05) entre a densidade de bactérias das cultivares a uma mesma altitude, destacando-se como maior o valor da Catuaí Vermelho. Pela análise de correlação simples por Pearson, para densidade de endofíticas em frutos provenientes de altitudes distintas, constata-se a existência de correlação (p < 0,01) entre essas duas variáveis, densidade de bactérias e altitude. Ressalte-se que o componente ambiente reflete na composição química dos frutos das cultivares, a exemplo dos teores de açúcares nos fruto das variedades de Catuaí e Bourbon (GUYOT et al., 1996; BUENAVENTURA e CASTAÑO, 2002; SYLVIA et al., 2004). Pela consistência das diferenças em densidade de bactérias endofíticas, como função de cultivares e altitude, é possível inferir que a densidade de bactérias tenha reflexos na qualidade e quantidade de componentes dos frutos que são precursores daqueles que compõe o aroma, sabor e acidez de um café de qualidade superior. Os frutos de café provenientes das regiões com maior altitude, processados adequadamente, têm características organolépticas valorizadas pelo mercado. Com relação à variável densidade de bactérias totais, que inclui as epifíticas e endofíticas do fruto, as maiores médias correspondentes a Catuaí Vermelho (1.013 m), Bourbon Vermelho (1.101 m), Catuaí Amarelo (676 m) e Catuaí Vermelho (956 m), embora difiram (p < 0,05) das obtidas para as mesmas cultivares em altitudes distintas (Figura 2), 35 Log10-UFC/fruto 6 a b b 5 b b b c c c c BA BV BA CA CV CV CA 687 m a 1101 m a 7 4 3 2 1 1013 m 676 m 1101 m 676 m 1187 m Variedades 956 m CA CV 956 m BV 687 m CA 1013 m CV 1187 m 0 Coffea arabica L. cultivares Figura 1 – Densidade populacional de bactéria endofíticas em frutos de Coffea arabica L. Catuaí Amarelo (CA), Catuaí Vermelho (CV), Bourbon Amarelo (BA) e Bourbon Vermelho (BV), a diferentes altitudes. Médias com a mesma letra não são significativamente diferentes pelo teste de Scott-Knott (p < 0,05). a a a b b b b b b CA CV BV BA CA CA 676 m a 956 m a 687 m a 687 m 7 6 5 4 3 Variedades 1013m BA 1013 m 1187 m CV 1101 m CA CV 956 m BV 676 m CV 1101 m 2 1 0 1187 m Log10-UFC/fruto 8 Coffea arabica L. cultivares Figura 2 – Densidade populacional de bactéria totais em frutos de Coffea arabica L. Catuaí Amarelo (CA), Catuaí Vermelho (CV), Bourbon Amarelo (BA) e Bourbon Vermelho (BV), a diferentes altitudes. Medias com a mesma letra não são significativamente diferentes pelo teste de Scott-Knott (p < 0,05). 36 possivelmente não tem relação direta com altitudes. A Catuaí Amarelo apresenta as menores densidades em altitudes de 676 e de 956 m (Figura 2). Na etapa de isolamento de bactérias foi constituída uma coleção com 381 culturas, das quais 134 de endofíticas, no Laboratório de Ecologia (LEM). Nessa coleção de endofíticas foram identificados, por características morfológicas das colônias em meio R2A, 48 morfotipos de bactérias entre as cultiváveis isoladas das quatro cultivares de C. arabica L. (Figura 3, Tabela 2A, do Apêndice A). As 48 culturas desses morfotipos constituíram o universo-base para a identificação FAME/MIDI) e seqüenciamento direto dos amplicons obtidos por PCR. Figura 3 – Aspectos orfológicos de bactérias endofíticas isoladas de frutos de Coffea arabica L. A = placas de Petri contendo isolados de comunidades das bactérias endofíticas em R2A; B = isolado de bactérias endofíticas em meio R2A; C = isolados de bactérias endofíticas em meio Luria-Bertani; D = isolados de bactérias endofítica em meio triptona soja agar; e E = isolados de bactérias endofíticas em meio agar nutritivo. 4.2. Composição de bactérias endofíticas cultiváveis A identificação com base no perfil FAME, pelo sistema Sherlock ® (MIDI) encontrou, na biblioteca de referência armazenada em banco de dados para microrganismos aeróbios de amostras ambientais do sistema (TSBA 50 5.00), perfil comparável para 17 dos 48 morfotipos selecionados, sendo 5 isolados de 37 Pectobacterium carotovorum-carotovorum (LEM CA30, LEM CV35, LEM BV38, LEM BA43 e LEM BA45); 4 de Curtobacterium flaccumfaciens-betae/oortii (LEM CA19, LEM CV20, LEM CA25 e LEM CA28); 2 de Microbacterium barkeri (LEM CA26 e LEMBV37); Brevibacterium epidermidis/iodium (LEM BV41); Bacillus GC grupo 22 (LEM CV24); Microbacterium luteolum (LEM CA01); Pseudomonas putida biótipo A (LEM BA47); Staphylococcus simulans GC subgrupo A (LEM CV23) e Salmonella typhimurium GC grupo B (LEM CV19). O restante, em sua maioria, foi discriminado como possíveis exemplares de enterobactérias, grupo para o qual o MIDI ainda não representa o método de escolha. A comunidade de bactérias endofíticas em frutos de cafeeiros está composta basicamente por espécies dos filos Actinobacteria (47,05 %), seguidas pelas de Proteobacteria, classe γ (41,17 %) e, uma menor porcentagem de Firmicutes (11,76 %) (Tabela 5). Tabela 5 – Identificação e distribuição taxonômica dos isolados identificadas por FAME/MIDI Isolado Espécie identificada Filiação Taxonômica LEM 30, LEM 35, LEM38, LEM 43 e LEM 45 Pectobacterium carotovorumcarotovorum γ-Proteobacteria CV, CA, BA (2)*, BV LEM 19, LEM 20, LEM 25, LEM 28 Curtobacterium flacumfaciensbetae/oortii Actinobacteria CA (2)* CV (2)* LEM 26, LEM 37 Microbacterium barkeri Actinobacteria CA, BV LEM 47 Pseudomonas putida biótipo A γ-Proteobacteria BA LEM 23 Staphylococcus simulans GC subgrupo A Firmicutes CV LEM 24 Bacillus GC subgrupo 22 Firmicutes CV LEM 41 Brevibacterium epidermidis/iodium Actinobacteria BV LEM 0 1 Microbacterium luteolum Actinobacteria CA LEM 19 Salmonella typhimurium GC grupo B γ-Proteobacteria CV Variedade * número da ocorrência do isolado na cultivar. CV = Catuaí Vermelho; CA = Catuaí Amarelo; BV = Bourbon Vermelho; e BA: Bourbon Amarelo. 38 Os isolados LEM CA30, LEM CV35, LEM BV38, LEM BA43 e LEM BA45 identificados como P. carotovorum-carotovorum foram encontrados nas quatro cultivares de café em altitudes superiores a 1.062 m, enquanto a C. flacumfaciens-betae/oortii LEM CA19, LEM CV20, LEM CA25 e LEM CA28 em altitudes de 1013 até 1187 m apenas em Catuaí, Vermelho ou Amarelo. M. barkeri (LEM CA26 e LEMBV37) é uma espécie que foi encontrada em duas das quatro espécies amostradas, em lavouras acima de 1.000 m, LEM CA26 a 1.187 m e LEM BV37 em altitudes de 1.101 m. A presença desses isolados nos frutos das lavouras de Catuaí e Bourbon, ambas situadas em altitudes superiores a 1.000 m, foi interpretada como resultante da associação que se expressa em função dos fatores de ambiente próprios de locais com maior altitude. Em Bourbon e Catuaí foram também identificadas por FAME/MIDI isolados de P. putida biótipo A (LEM BA47), Bacillus GC subgrupo 22 (LEM CV24), S. simulans GC subgrupo A (LEM CV23), B. epidermidis/iodium (LEM BV41) e S. typhimurium GC grupo B (LEM CV19). O isolado LEM CA01, proveniente de frutos de Catuaí Amarelo, foi identificado como de M. luteolum, uma espécie que produz um pigmento amarelo similar ao típico dos frutos maduros dessa cultivar. Estariam os isolados dessa bactéria contribuindo para a coloração dos frutos dessa variedade nas diferentes altitudes em que é cultivada? A análise do conjunto das espécies identificadas mostra que 94,0 % dos isolados foram encontrados em altitudes superiores a 1.000 m (Figura 4A). No teste de médias por Scott-Knott, as maiores densidades populacionais de bactéria endofíticas associadas a frutos das quatro cultivares de C. arabica estão relacionadas (p < 0,05) com as altitudes superiores a 1.000 m, sob as condições analisadas. Ressalte-se que as de ocorrência em frutos da cultivares Catuaí corresponderam a 34 % em Catuaí Vermelho e 30 %, a Amarelo, enquanto em Bourbon a percentagem foi de 18 % para cada uma das cultivares, Vermelho ou Amarelo (Figura 4B). É possível que sendo a Catuaí a cultivares mais cultivada na região amostrada, as endofíticas identificadas já reflitam a afinidade dessas bactérias a cultivares, como resultado da pressão de seleção do ambiente e do exercido pelos compostos do próprio fruto, a exemplo dos maiores teores de açúcares totais em Catuaí do que em Bourbon (LOPES, 2000). 39 29% 6% 18% 676 m 1013 m 18% 29% 1062 m 1101 m 40 Staphyloco cc us simulans B acillus GC grupo 22 Salmo nella typhimurium 6% 6% 6% Pecto bact erium caro to vo rum 28 % Pseudomo nas putida 6% Brevibacterium epidermidis Curto bacterium flacc umf aciens 6% M icrobacterium luteo lum 6% M icro bact erium barkeri 24 % 12 % Figura 5 – Participação em (%) de espécies de bactérias endofíticas isoladas de fruto de Coffea arabica L. para catalase, produção leve de ácido na presença de xilose, raminose, manose, maltose, inositol e com produção forte de ácido a partir de glicose e frutose. Têm atividade assimilatória de ácido acético, pirúvico, D -láctico, láctico, málico, succínico, fumárico, cítrico e glucônico (DWORKIN et al., 2006a). A C. flaccumfaciens produz murcha vascular em diversas plantas (SMEATH et al., 1998) e já foi referida como rizosférica promotora de crescimento (RAUPACH e KLOEPPER, 1998) e endofítica de partes de cafeeiro amostrados no México, Hawaii e Colômbia (VEGA et al., 2005), mas não em frutos. A versatilidade metabólica dessa espécie pode ser de importância para o estudo da qualidade da bebida superior do café. Os três isolados de Microbacterium, M. barkeri LEM CA26 e LEM BV37 e M. luteolum LEM CA01 representam 18 % das espécies endofíticas identificadas (Figura 5). Microbacterium está incluída como do filo de Bactéria gram-positivas com alto conteúdo de G+C no DNA (69,0 – 75,4 mol %), quimiorganotrófica, aeróbia, algumas espécies são fermentativas e outras produzem ácidos em meio com peptona a partir de glicose e outros açúcares. Muitas espécies produzem DNAase e são catalase-positivas. As bactérias desse gênero requerem a vitamina B e alguns aminoácidos para seu crescimento (SMEATH et al., 1998), sendo a M. barkeri já relatada como endofítica em sementes de arroz (COTTYN et al., 2000). 41 As outras seis espécies identificadas por FAME/MIDI são pertencentes a três filos, Proteobacteria classe γ, Actinobacteria e Firmicutes, 6 % de cada espécie (Figura 5). Pseudomonas compreende um grupo de aeróbias do filo Proteobacteria, classe γ, capazes de utilizar compostos orgânicos e inorgânicos em diferentes condições de ambiente, com hábito saprofítico no solo e água; são patôgenos importantes de humanos, animais e plantas. Esse gênero é referenciado por sua ubiqüidade, algumas espécies produzem metabólitos que estimulam o crescimento de plantas ou inibem as pragas (DWORKIN et al., 2006a). Pseudomonas putida biótipo A é endofítica em raízes de cenoura (SURRETE et al., 2003) e polpa de fruto de café no México (VEGA et al., 2005). Novamente, a ocorrência de isolados dessa espécie como endofítica em frutos de café na zona da Mata Norte constitui fato novo e alerta para a necessidade de se esclarecer o seu papel na associação, principalmente em razão da versatilidade metabólica e plasticidade genética, já relatadas na literatura. Em resumo, concluí-se pela necessidade de estudos mais específicos e aprofundados para esclarecer o questionamento sobre a existência de especificidade entre bactéria endofítica e cultivar de café, bem como da contribuição destas como produtoras de compostos precursores daqueles que compõem a qualidade da bebida superior do café. Staphylococcus simulans GC subgrupo A LEM CV23 inclui-se entre as do filo Firmicutes, com baixo conteúdo de G+C no DNA (33-40 mol %) (DWORKIN et al., 2006b). As espécies que compõem o gênero são aeróbias e anaeróbias que ocupam ampla variedade de nichos, onde exercem atividades bioquímicas importantes no homem, em animais, no processamento de alimentos e, inclusive, como rizosférica endofítica promotora de crescimento em cenoura (SURRETTE et al., 2003; DWORKIN et al., 2006b). A constatação de S. simulans LEM CV23 como endofítica em frutos de café se configura como relato novo sobre nicho de ocorrência do gênero e espécie. A identificação do isolado LEM BV41 como uma B. epidermidis/iodium amplia o relato de nichos em que se encontra essa espécie do filo Actinobacteria com alto conteúdo de G+C no DNA. Existem poucas informações disponíveis sobre as seqüências de genes das espécies desse gênero, embora existam seqüências no “European Molecular Biology 42 Laboratory (EMBL/GenBank)”, as espécies pertencentes a Brevibacterium em sua maioria não são membros autênticos dentro do gênero. Muitas são de habitats com alta concentração de sais (NAGATA et al., 2006), como na pele e tecidos adjacentes a ela. Existem relatos de espécies produtoras de uma diversidade de bacteriocinas e substâncias antimicrobianas que inibem o crescimento de outras espécies, dentro do mesmo gênero e de outros grupos de bactérias, tais como: Bacillus, Corynebacterium, Micrococcus e Listeria (DWORKIN et al., 2006c). Espécies de Brevibacterium são utilizadas como agentes de maturação de queijo e também em aplicações biotecnológicas e processos farmacológicos (DWORKIN et al., 2006c). Brevibacterium epidermidis/ioidium LEM BV41 é pela primeira vez relatada como bactéria endofítica em fruto de café. Ela foi isolada de frutos provenientes de lavoura da cultivar Bourbon Vermelho a 1.101 m de altitude. Finalmente, a S. typhimurium GC grupo B LEM CV19 que também pertencente ao filo Proteobacteria classe γe representa 6 % dos isolados (Figura 5), tem a sua ocorrência demonstrada em frutos de café no estádio cereja. A S. typhimurium é descrita como uma das entéricas que não produz doença em plantas, porém associa-se ás de tomate em cultura hidropônica (GUO et al., 2002). Espécies de Salmonella enterica têm sido relatadas como endofíticas em cenoura, alfafa, tomate e rabanete (GUO et al., 2002; COOLEY et al., 2003; ISLAME et al., 2004). Embora a ocorrência de S. typhimurium como endofítica associada à casca de fruto de café no México já tenha sido demonstrada (VEGA et al, 2005), a constatação em frutos cereja de Catuaí Vermelho constitui-se em acréscimo sobre os nichos ocupados por essa espécie. O seqüenciamento e análise de seqüências de rDNA 16S de isolados para os quais não foram encontrados perfis comparáveis na biblioteca de referência, armazenada em banco de dados para microrganismos aeróbios de amostras ambientais do sistema (TSBA 50 5.00), complementaram as análises da ocorrência de espécies cultiváveis em frutos de café no estádio cereja. As árvores reconstruídas com dados de seqüências de bases de rDNA 16S mostraram grupos de bactérias pertencentes aos filos Proteobacteria classe γ, Firmicutes e Actinobacteria, pelo método de distância e máxima parcimônia de Neighbor-joining, com teste bootstrap (1000 réplicas), elas não mostraram diferenças em topologia com o uso do programa MEGA 4.0®. 43 No que se refere às Firmicutes, a maioria dos isolados são agrupados no mesmo ramo da classe Bacilli, ordem Bacillales, família Bacillaceae, com as seqüências do isolado LEM CV46 no mesmo ramo de Bacillus niacini AJ211160.1 (Figura 6). Isolado dessa espécie, B. niacini EM001, produz a ofloxacina, um potente agente antimicrobiano para um amplo espectro de espécies de bactérias patogênicas (HYUNG et al., 2004). As literaturas relacionadas a essa bactéria e a endofíticas, associadas à rizosfera e tecidos de plantas, não incluem essa espécie como endofítica. Dessa forma, os resultados do sequenciamento e da identificação do isolado LEM CV46 como um B. niacini associado a fruto de Coffea arabica L. no Brasil é fato relevante para a pesquisa biotecnológica, pelo potencial como produtor de antimicrobianos em frutos de café. A árvore reconstruída pelo método de máxima parcimônia de Neighbor-joining (Figura 6) mostra os ramos suportados por altos valores de bootstrap para os isolados, LEM BV02 obtido a 687 m de altitude; LEM BV4 a 1013 m; LEM CA08 a 1.062 m; LEM CA17 a 1.187 m; LEM BV24 a 1.067 m e LEM BA27 a 1.067 m. Possivelmente, são todos da mesma espécie e provavelmente as espécies não se distinguem por cultivares em altitudes diferentes ou, ao contrário, cultivares distintas podem abrigar a mesma espécie em altitudes similares, sob as condições geográficas e climáticas da área amostrada. 82 LEM BV02 LEM BV04 LEM CA08 LEM CA17 LEM CV21 LEM BV24 89 LEM BA27 LEM CA31 LEM CV34 LEM CV46 Bacillus niacini AJ211160.1 Brevibacillus brevis EU327889.1 Bacillus drentrensisAJ542506.1 Bacillus endophyticus EU221417.1 Staphylococcus epidermis EF522128.1 Bacillus cereus EU365680.1 Bacillus mycoides EU221418.1 Bacillus acidocola AF547209.1 Bacillus sporothermodurans AF329476.1 Bacillus subtilis EU304956.1 Figura 6 – Árvore filogenética mostrando as relações de identidades de isolados de bactérias endofíticas a microrganismos taxonomicamente similares ao filo Firmicutes baseadas nas seqüências de rDNA 16S, construída pelo método de máxima parcimônia por NJ. 44 A reconstrução das relações entre treze dos isolados identificados como Proteobacteria classe γmostra doze deles como de Enterobacteriaceae e uma de Pseudomonadaceae (Figura 6). A LEM BV39 foi obtida de frutos coletados a 687 m e está possivelmente relacionada à E. amnigenus EU340927.1 (Figura 7). Esta espécie produz arylsulfato sulfotransferase, importante enzima na transformação de compostos fenólicos tóxicos a não-tóxicos (AE-RAN et al., 1999). Ela possui comprovada capacidade para integrar e expressar genes similares aos seus, como os de Bacillus thuringienses subsp israelensis e Bacillus sphaericus, para controle biológico (SUTIPA et al., 2003). Além disso, produz heteropolímeros constituídos por D-glucose, D-galactose, D-manose e Lfucose em beterraba armazenada, e outros oligossacarídeos que desempenham papel de importância na interação micróbio-hospedeiro e em numerosos eventos de sinalização (CESCUTTI et al., 2005). As cultivares de Bourbon a uma mesma altitude abrigam bactérias similares desse filo, como LEM BA03 e LEM BV05 ambas a 956 m. 88 LEM BA03 LEM BV05 LEM BV06 LEM CV07 LEM CA09 LEM BV10 LEM BA12 LEM CA14 LEM CA15 LEM CV22 LEM CA29 LEM BA32 Klebsiella oxytoca AB353045.1 Enterobacter hormaechei EU239367.1 Enterobacter asburiae EU301774.1 Enterobacter Cloacae DO202394.1 Klebsiella pneumoniae EF633998.1 LEM BV39 81 Enterobacter amnigenus EU340927.1 Pantoea ananatis EF178449.1 Pantoea agglomerans EU130700.1 Enterobacter agglomerans AF130952.1 Pseudomonas sp. DO832313.1 Pseudomonas putida AM930519.1 Figura 7 – Árvore filogenética mostrando as relações de identidade de isolados de bactérias endofíticas a microrganismos taxonomicamente similares ao filo Proteobacteria, classe γ, baseado nas seqüências de rDNA 16S, construída pelo método de máxima parcimônia por NJ. 45 A análise filogenética dos isolados de bactérias endofíticas mostra identidades com as espécies: Klebsiella oxytoca AB353045.1, Enterobacter hormaechei EU239367.1, E. asburiae EU301774.1, E. cloacae DO202394.1, Pantoea ananatis EF178449.1, P. agglomerans EU130700.1 E. agglomerans AF130952.1. A Klebsiella oxytoca, uma das espécies da família Enterobacteriaceae, já foi isolada como endofíticas de frutos de café sadios (GENARI, 1999). O autor demonstrou que ela produz e conserva a pectatoliase intracelularmente em meio mínimo adicionado de pectina cítrica. P. agglomerans também foi já isolada de pedúnculo e sementes de frutos de café coletados na Colômbia, México e Hawai. Os relatos demonstraram que várias espécies da família da Enterobactereacea são bactérias endofíticas associadas a cafeeiros Vega et al. (2005). As relações de identidade de bactérias taxonomicamente incluídas como Actinobacteria, com base nos dados do seqüenciamento de rDNA 16S, na árvore reconstruída pelo método de máxima parcimônia por Neighbor-joining mostra alto valor de bootstrap da LEM CA01 a 676 m e LEM CV37 a 1.187 m, e origem comum a Microbacteriaceae (Figura 8). A hipótese de que espécies de Catuaí distintas, localizadas a diferentes altitudes, provavelmente abrigam espécies de Microbacterium não pode ser descartada. Microbacterium trichothecenolyticum AB167383.1 Microbacterium flavescens Y17232.1 Microbacterium hominis AB004727.1 Microbacterium xylanilyticum AJ853908.1 Microbacterium takaoensis AB201047.1 LEM CA01 LEM CV37 Curtubacterium flaccumfaciens EU236756.1 Figura 8 – Árvore filogenética mostrando as relações de identidade de isolados de bactérias endofíticas a microrganismos taxonomicamente similares ao filo Actinobacteria baseados nas seqüências de rDNA 16S, construída pelo método de máxima parcimônia por NJ. A análise da densidade de bactérias endofíticas cultiváveis por FAME/MIDI, ao distinguir os principais grupos taxonômicos de bactérias encontrados, mostrou também a identificação de aproximadamente 35,42 % 46 dos isolados como espécie. Ao mesmo tempo, por esta técnica 41,66 % não foram discriminados a esse nível, porém com perfil de Enterobacteriaceae, grupo para o qual o MIDI ainda não representa o método de escolha. No seqüenciamento direto de rDNA 16S, foram encontradas similaridade de identidade com seqüências depositados no GenBank suficientes para as inferências filogenéticas das 28 seqüências que apresentavam identidade maior do que 400 pb, para análise pelo Blast, ou seja, 58,33 % das seqüências geradas foram aproveitadas. A análise completa de populações de endofíticas muitas vezes requer a integração de identificações fenotípicas e genotípicas, para a melhor interpretação da comunidade analisada. 4.3. Estrutura genética de comunidades de bactérias endofíticas As análises pelos perfís eletroforéticos de fragmentos de rDNA 16S amplificados, com emprego de primer universal, para o total de bactérias endofíticas e epifíticas e para as endofíticas associadas aos fruto de café, (Figuras 9 e 10) revelaram a presença de diversidade distinta entre as endofíticas e o total de bactérias, nos géis de DGGE (Figuras 11 e 12). Assim, foram 90 as Unidades Taxonômicas Operacionais (UTOs) identificadas nos géis como total, endofíticas e epifíticas, 62 as UTOs das endofíticas, em frutos das quatro cultivares de Coffea arabica L. (Figura 13). A estimativa de Riqueza de espécies (R) evidencia o maior valor para as UTOs de bactérias totais nos frutos de Bourbon Amarelo (amostra 3), de lavoura em altitude de 687 m, seguida da detectada em Catuaí Amarelo a 676 m (amostra 1) (Figura 13). Em contraposição, o menor valor de R é o observado para a amostra 8, de Catuaí Vermelho em 1.013 m de altitude. Na Catuaí Vermelho, a altitude parece não influir no valor de R das bactérias endofíticas, uma vez que tanto o maior quanto o menor valor de R foram das amostras coletadas em altitude superior a 1.013 m (Figura 13). Embora os resultados não tenham o tratamento estatístico desejável, por limitações inerentes aos objetivos do estudo e procedimentos utilizados, infere-se que provavelmente será confirmada a leitura de que os maiores valores de R para comunidades de bactérias totais sejam os em altitudes menores, enquanto o 47 CV -1187 m CA-1187 m BA-1101 m BA-1067 m BV-1067 m BA- 1062 m CV -1013 m CA-1013 m CA- 956 m CV -956 m BV-687 m BA- 687 m CV -676 m CA-676 m Coffea arabica L. cultivares CV-1187 m CA-1187 m BA-1101 m BA-1067 m BV-1067 m BA-1062 m CV-1013 m CA-1013 m CA-956 m CV-956 m BV-687 m BA-687 m CV -676 m CA-676 m Figura 9 – Eletroforese em gel de agarose a 1,2 % do produto de amplificação por PCR de fragmento de rDNA 16S, com primer F984GC/R1378, do total de bactérias presentes em frutos, endofíticas e epifíticas, de 4 cultivares de Coffea arabica L. em diferentes altitudes. M-100 pb de DNA Ladder, B = branco; CA = Catuaí Amarelo; CV = Catuaí Vermelho; BA = Bourbon Amarelo; e BV = Bourbon Vermelho. Coffea arabica L. cultivares Figura 10 – Eletroforese em gel de agarose a 1,2 % do produto de amplificação por PCR de fragmento de rDNA 16S, com primer F984GC/R1378, de bactérias endofíticas presentes em fruto de 4 cultivares de Coffea arabica L. a diferentes altitudes. M-100 pb de DNA Ladder, B = branco; CA = Catuaí Amarelo; CV = Catuaí Vermelho; BA = Bourbon Amarelo; e BV = Bourbon Vermelho. 48 CV-1187 m CA-1187 m BA-1101 m BA-1067 m BA-1062 m BV-1067 m CA-1013 m CA-956 m CV -1013 m BV- 687 m CV -956 m CV- 676 m BA-687 m CA- 676 m CV-1187 m CA-1187 m BA-1101 m BV-1067 m BA-1067 m BA-1062 m CV -1013 m CA-1013 m CV -956 m BV -687 m BA-687 m CV-676 m CA-676 m CA-956 m CV -1187 m CA-1187 m BA-1067 m BA-1101 m BV -1067 m BA-1062 m CA-1013 m CA-956 m CV -1013 m BV -687 m CV-956 m BA-687 m CV-676 m CA-676 m CV -1187 m CA-1187 m BA-1101 m BA-1067 m BV-1067 m BA-1062 m CA-1013 m CV-1013 m CA-956 m CV-956 m BV -687 m BA-687 m CV -676 m CA-676 m Figura 11 – Perfis eletroforéticos de DDGE de seqüências de rDNA 16S, amplificadas com primer universal F984GC/R1378, das bactérias endofíticas presentes em frutos de 4 cultivares de Coffea arabica L. coletadas a diferentes altitudes. A = imagem real; B = imagem invertida; CA: Catuaí Amarelo; CV = Catuaí Vermelho; BA = Bourbon Amarelo; e BV = Bourbon Vermelho. Figura 12 – Perfis eletroforéticos de DDGE de seqüências de rDNA 16S, amplificadas com primer universal F984GC/R1378, do total de bactérias, endofíticas e epifíticas, presentes em frutos de 4 cultivares de Coffea arabica L. em diferentes altitudes. A = imagem real; B = imagem invertida; CA = Catuaí Amarelo; CV = Catuaí Vermelho; BA = Bourbon Amarelo; e BV = Bourbon Vermelho. 49 Riqueza (R) 14 nº de UTOs 12 10 8 6 4 2 0 1 2 3 4 5 6 7 50 8 9 10 11 12 13 14 maior número de UTOs de endofíticas venham a ser encontradas nas maiores altitudes. Provavelmente, o efeito da altitude sobre espécies de bactérias em frutos de cultivares de café será mais pronunciado em endofíticas cultiváveis e não-cultiváveis. O Índice de diversidade considerando, bactérias totais, é maior em Bourbon Amarelo (amostra 3) e corresponde ao da altitude de 687 m, enquanto o menor corresponde a Catuaí Vermelho (amostra 6) a 956 m (Figura 13). Entretanto, para a comunidade bacteriana endofítica esse maior índice de diversidade é o correspondente a Catuaí Vermelho (amostra 8) a 1.013 m, e o menor a Catuaí Amarelo (amostra 1) a 676 m. Os valores mais altos de Índice de Diversidade Shannon-Weaver (H´) mostram que o número de elementos individuais, UTOs, encontram-se distribuídos de forma mais ampla entre as espécies que constituem uma dada comunidade. Por este motivo, é possível que as espécies que compõem a comunidade de endofíticas na Catuaí Vermelho, a 1.013 m, apresente indivíduos de poucas espécies, contrastando, na Catuaí Amarelo a comunidade de bactérias endofíticas provavelmente está representada por muitas. Eqüitabilidade é outro índice a indicar para eubactérias totais que os valores mínimos foram encontrados para Catuaí Vermelho a altitude de 956 m (amostra 6), enquanto na comunidade de eubactérias endofíticas esses valores foram para Catuaí Amarelo a 676 m (amostra 1) e 1.189 m (amostra 1) (Figura 13). A utilização de grupos de primers específicos resultou na constatação da existência, nos frutos de Bourbon e Catuaí, de bactérias pertencentes a γProteobacteria, Firmicutes e Actinobacteria. A eficiência na amplificação de fragmentos de rDNA 16S para os diferentes primer foi demonstrada com o uso de controles positivos, ou seja, o DNA extraído de culturas pura de: Agrobacterium tumefaciens; ATCC12136 para α-Proteobactéria, Alcaligenes xylosoxydans ATCC13138, para β-Proteobacteria; Pseudomonas putida ATCC15175 para γ-Proteobacteria e Bacillus subtilis ATCC 23858 para Firmicutes. A amplificação de fragmento de rDNA 16S nas amostras com o uso dos primers específicos, para α- proteobacteria e para β-Proteobacteria não ocorreu para a comunidade de endofíticas. Referida amplificação foi obtida 51 para os controles positivo de cada grupo de bactéria e, por isso, asseguram a eficiência destes iniciadores. A utilização de uma segunda estratégia para verificar a eficiência destes grupos de primer, em que o DNA foi submetido a novas reações de PCR, com os iniciadores a diferentes gradientes de temperatura, de 40,8 até 55,8 ºC para α-Proteobacteria e 50,8 até 58,2 ºC, para β-proteobacteria, e a um aumento na quantidade de DNA μL-1 na reação, confirmou a ausência de amplificação de fragmentos de rDNA 16S para estes grupos de bactérias. Desta forma, a confirmação de ausência de amplificação nas duas estratégias foi interpretada como ausência das Proteobacteria, classe alfa e classe beta, entre as bactérias endofíticas de frutos em cultivares de Catuaí e Bourbon. A literatura sobre bactérias endofíticas em tecidos de plantas considera como possível a presença de representantes de αProteobacteria como endofíticas associadas em rizosfera de arroz, banana, cítricos, cenoura e café, entre outras (ROSENBLUETH e MARTINEZROMERO, 2006). Contudo, na literatura consultada inexiste relato de αProteobacterias endofíticas em frutos de café. É possível que a ausência de βProteobacteria associadas a frutos de café na zona da Mata Norte em Minas Gerais se deva a condições prevalecentes na região, uma vez que já existem relatos da presença de Burkholderia, uma β-proteobacteria, na Colômbia, México e Hawaii (VEGA et al., 2005). Os perfis de bandas de bactérias endofíticas em DGGE montram resultados da ocorrência de membros pertencentes aos filos, Actinobacteria (Figura 14), β-Proteobacteria (Figura 15) e Firmicutes (Figura 16), em frutos de café das cultivares de Bourbon e Catuaí, coletados em várias altitudes. O maior valor de R correspondeu a Firmicutes, seguido de γProteobacteria, com 84 UTOs, e as 50 representantes das Actinobacteria (Figura 18). A maior riqueza de espécie de Firmicutes foi em Bourbon Amarelo a 687 m (amostra 3), e a menor em Catuaí Amarelo a 676 m (amostra 2), contudo, a ocorrência de γ-Proteobacteria foi observada na maioria das amostras, excetuando-se em amostra correspondente a Catuaí Amarelo a 687 m (amostra 1). Os maiores valores de R são os de γ-Proteobacteria associadas à Catuaí Vermelho a 1.187 m (amostra 14), seguido dos de Bourbon Vermelho e Amarelo à 1.067 m (amostras 10 e 11). A menor representação de endofíticas incluídas 52 CV-1187 m CA-1187 m BA-1101 m BV- 1067 m BA-1067 m BA-1062 m CA-1013 m CA-956 m CV-1013 m BV- 687 m CV-956 m CV- 676 m BA-687 m CA-676 m CV-1187 m CA-1187 m BA- 1101 m BV-1067 m BA-1067 m BA-1062 m CV-1013 m CA- 1013 m CV-956 m CA-956 m BV-687 m CV-676 m BA-687 m CA-676 m Figura 14 – Perfis eletroforéticos de DDGE de seqüências de rDNA 16S amplificadas inicialmente com primer BLS342F/1392R e posteriormente com primer universal F984GC/R1378 por PCRNested do DNA de bactérias totais de fruto de 4 cultivares de Coffea arabica L. coletadas em diferentes altitudes. A = imagem real; e B = imagem invertida. Bactérias-referência: Alcaligenes xyloxidans ATCC13138, Agrobacterium tumefaciens ATCC 12136, Bacillus cereus ATCC 14579, Bacillus subtilis ATCC 23858, Escherichia coli ATCC 29922, Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853, P. fluorescens ATCC 13525, P. putida ATCC 15176 e Staphylococcus aureus ATCC 12692. CA = Catuaí Amarelo, CV = Catuaí Vermelho; BA = Bourbon Amarelo; e BV= Bourbon Vermelho. como Actinobacteria, ou mesmo a ausência como em Catuaí Vermelho a 676 m (amostra 2) e Bourbon Amarelo a 687 m (amostra 3), Catuaí Vermelho a 956 m (amostra 5), Catuaí Amarelo a 1.013 m (amostra 7) e Catuaí Vermelho a 1.013 m (amostra 8), pode não corresponder à verdadeira representatividade de endofìticas desse filo em frutos de café, uma vez que outros autores, em análises de comunidades de Actinobacteria, utilizando DGGE concluíram que o primer F243 provavelmente não seja eficiente para todos os membros dentro do filo Actinobacteria (HEUER et al., 1997). Os autores consideram que ainda assim este iniciador poderá ser utilizado quando o objetivo é o conhecimento inicial da estrutura da comunidade de Actinomycetes em amostras ambientais, e por isso foi utilizado no presente estudo. O maior R deste grupo de bactérias correspondeu a Catuaí Amarelo a 676 m (amostra 1) e o menor a Bourbon Amarelo a 1.101 m (amostra 12). 53 CV-1187 m BA-1101 m CA-1187 m BV-1067 m BA- 1067 m BA-1062 m CA-1013 m CA- 956 m CV-1013 m CV-956 m BV-687 m CV-676 m BA-687 m CA- 676 m CV-1187 m CA-1187 m BA-1101 m BV-1067 m BA-1067 m BA- 1062 m CA-1013 m CA-956 m CV-1013 m CV- 956 m BV- 687 m BA-687 m CV-676 m CA-676 m Figura 15 – Perfis eletroforéticos de DDGE de seqüências de rDNA 16S amplificadas inicialmente com primer FD2/R1492 e posteriormente com primer universal F984GC/R1378 por PCR-Nested de DNA de bactérias totais de fruto de 4 cultivares de Coffea arabica L. coletadas em diferentes altitudes. A = imagem real; B = imagem invertida. Bactérias-referência: Alcaligenes xyloxidans ATCC13138, Agrobacterium tumefaciens ATCC 12136, Bacillus cereus ATCC 14579, Bacillus subtilis ATCC 23858, Escherichia coli ATCC 29922, Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853, Ps. Fluorescens ATCC 13525, Ps. Putida ATCC 15176 e Staphylococcus aureus ATCC 12692. CA = Catuaí Amarelo; CV = Catuaí Vermelho; BA = Bourbon Amarelo; e BV = Bourbon Vermelho. Em resumo, a ocorrência de um maior número de UTO´s para representantes de γ-Proteobacteria em amostras de frutos coletados nas maiores altitudes contrasta com a menor riqueza de Actinobacteria a essas altitudes (Figura 18). Firmicutes mostram presença em todas as amostras, porém com perfís de distribuição irregular nas diferentes altitudes analisadas, uma provável indicação de melhor adaptação às diferentes altitudes das Firmicutes. Para o índice de Diversidade de Shannon-Weaver (H`) a maior diversidade de Firmicutes foi a Bourbon Amarelo a 687 m (amostra 3) , e a menor em Catuaí Vermelho a 676 m (amostra 2). A maior diversidade de γProteobacteria corresponde a Bourbon Amarelo (amostra 10) e Vermelho (amostra 11) a 1.067 m, enquanto Actinobacteria mostram maior diversidade em Catuaí Amarelo a 676 m (amostra 1) e um valor menor em Bourbon Amarelo a 1.101 m ( amostra 12) (Figura 17). 54 CV-1 187 m CA-1 187 m BA -110 1 m B A-1 067 m BV-1 067 m B A-10 62 m BV- 687 m C A-9 56 m C A-67 6 m C V-118 7 m CA -1 18 7 m BA -10 67 m BV-1 067 m BA -11 01 m BA-1 06 2 m CA- 956 m B V-68 7 m CA-6 76 m Figura 16 – Perfis eletroforéticos de DDGE de seqüências de rDNA 16S amplificadas inicialmente com primer F243GC/R1378 e posteriormente com primer universal F984GC/R1378 por PCRNested de DNA de bactérias totais de fruto de 4 cultivares de Coffea arabica L. coletadas em diferentes altitudes. A = imagem real; B = imagem invertida. Bactérias-referência: Alcaligenes xyloxidans ATCC13138, Agrobacterium tumefaciens ATCC 12136, Bacillus cereus ATCC 14579, Bacillus subtilis ATCC 23858, Escherichia coli ATCC 29922, Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853, Ps. Fluorescens ATCC 13525, Ps. Putida ATCC 15176 e Staphylococcus aureus ATCC 12692. CA = Catuaí Amarelo; CV = Catuaí Vermelho; BA = Bourbon Amarelo; e BV= Bourbon Vermelho. Com relação à Eqüitabilidade (Figura 17) foram encontrados os maiores valores para Catuaí Amarelo (amostra 1) a 676 m, Bourbon Vermelho (amostra 4) a 687 m e Catuaí Amarelo (amostra 13) a 1.187 m, para representantes de Firmicutes. Entretanto, para γ-Proteobacteria corresponderam a Bourbon Vermelho a 687 m (amostra 4), e Actinobacteria a Bourbon Amarelo a 1.101 m (amostra 12) e Catuaí Amarelo (amostra 1) a 676 m. A utilização de diferentes grupos de primers nas análises permitiu melhor interpretação da estrutura das comunidades de bactéria endofíticas associadas a frutos de café de cultivares coletadas a diferentes altitudes, demonstrando que a diversidade compreende uma variabilidade intra e interespecífica em determinado ambiente. A diversidade avaliada por DGGE representa esta mesma variabilidade nas amostras analisadas. É sabido que a quantificação da diversidade requer o agrupamento de elementos individuais, 55 Riqueza (R) 14 nº de UTOs 12 10 8 6 4 2 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Índice de Diversidade de Shannon-We ave r (H`) 3 2,5 2 H` 1,5 1 0,5 0 1 2 3 4 5 6 7 56 8 9 10 11 12 13 14 cultivares de Coffea arabica L., não só é fundamental para a compreensão da influência das condições do ambiente sobre ocorrência e diversidade de bactérias epifíticas e endofíticas em fruto de café, mas também para a determinação do possível papel funcional e aplicações biotecnológias dessa comunidade na planta. Este é o segundo trabalho realizado com bactérias endofíticas cultiváveis associadas a frutos de café, com identificação fenotípica mediante sistema FAME/MIDI. No entanto, é o primeiro relato onde se analisa a diversidade de bactérias endofítica em quatro cultivares de C.arabica L. em diferentes altitudes, integrando, resultados de sequenciamento dos isolados de bactérias e a identificação da estrutura das comunidades endofíticas, representadas em três filos de bactérias, γ-Proteobacteria, Firmicutes e Actinobacteria utilizando Nested-PCR e DGGE. Finalmente, no presente estudo de diversidade de bactérias endofíticas e epifíticas em cultivares de Coffea arabica L. foi demonstrada a existência de uma alta diversidade de bactérias endofíticas cultiváveis pertencentes aos três filos γ-Proteobacteria, Firmicutes e Actinobacteria associadas aos frutos de café no estádio cereja originados de diferentes condições de altitude da Zona da Mata Norte, Minas Gerais e também que a densidade populacional de bactérias totais e das endofíticas provavelmente são influenciadas por estas variáveis. A técnica de DGGE com uso de primer específicos para γProteobacteria, Firmicutes e Actinobacteria na análise de bactérias não cultiváveis, demonstrou a presença de alta diversidade de endofíticas representadas nestes grupos associados as quatro cultivares de Coffea arábica L., onde possivelmente desenvolvem um papel fundamental, a ser elucidados em futuro próximo. 58 5. CONCLUSÕES Foram identificados e descritos 48 morfotipos de bactérias entre os 134 isolados de endofíticas do banco de cultura. A densidade de bactérias endofíticas encontra-se na faixa de 104 a 106 UFC.fruto-1. A altitude da lavoura influencia na densidade de bactérias endofíticas nos frutos, como também a cultivar. Foi constatada a existência de uma relação positiva entre densidades de bactérias endofíticas e altitude. As análises fenotípicas pelo FAME/MIDI revelaram que a comunidades endofítica está composta por populações de Actinobacteria (47,05 %), γProteobacteria (41,17 %) e de Firmicutes com 11,76 %. Pectobacterium carotovorum/carotovorum foi isolada nas quatro cultivares em altitudes superiores a 1.000 m, enquanto Curtobacterium flaccumfaciens foi encontrada somente nas duas espécies de Catuaí nessa mesma altitude. A análise com uso de seqüências de rDNA 16S, mostrou que a comunidades está formada por populações pertencentes a Firmicutes, família Bacillaceae; γ-Proteobacteria, famílias Pseudomonadacae e Enterobacteriaceae; e Actinobacteria, família Microbacteriacea. As ocorrências Pectobacterium de Staphylococcus carotovorum/carotovorum, 59 simulans, Salmonella Bacillus niacini, typhymurium, Enterobacter amnigenus, Brevibacterium epidermidis/iodium, são pela primeira vez relatada como bactérias endofíticas associadas aos frutos de cafeeiros nas quatro cultivares de Coffea arabica L. As análises de diversidade de bactérias totais, endofíticas e epifíticas, por PCR-DGGE utilizando primer universal (F948GC/R1378), revelaram a presença de 80 unidades taxonômicas operacionais (UTOs), enquanto a riqueza de endofíticas correspondeu a 64 UTOs. Entretanto, com a utilização de grupos de primers específicos, Nested-PCR, a diversidades de bactérias endofíticas correspondeu a uma riqueza de 110 UTOs para o filo Firmicutes, 71 para γ-Proteobacteria e 50 UTOs para Actinobacteria. A constatação da existência de diversidade de bactérias endofíticas em C. arabica evidencia a urgências de estudos funcionais desta microbiota, especialmente com relação a compostos precursores de aroma, sabor e acidez, de interesse para a produção comercial de cafés de qualidade superior. 60 REFÊRENCIAS BIBLIOGRAFICAS AE-RAN, K.; TAE-GWON, O.; DONG-HYUN, K.; EUNG-CHIL, C. H. 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Isolado Características morfológicas LEM12 Colônia de tamanho grande com aspecto liso, cremoso, com borda irregular, superfície côncava, coloração branca e crescimento a 24 horas LEM13 Colônia de tamanho pequena com aspecto liso, cremoso, com borda irregular, superfície côncava, coloração amarela e crescimento a 24 horas LEM14 Colônia de tamanho mediana com aspecto liso, cremoso, com borda irregular, superfície côncava, coloração bege e crescimento a 24 horas LEM15 Colônia de tamanho mediana com aspecto liso, cremoso, com borda irregular, superfície côncava, coloração braça com halos de mesma cor e crescimento a 24 horas LEM16 Colônia de tamanho mediana com aspecto cremoso, com borda irregular, superfície côncava, coloração bege e crescimento a 24 horas LEM17 Colônia de tamanho pequeno com aspecto cremoso, com borda liso, superfície côncava, coloração rosa e crescimento a 72 horas LEM18 Colônia de tamanho mediana com aspecto cremoso, com borda liso, superfície côncava, coloração amarelo e crescimento a 72 horas LEM19 Colônia de tamanho mediana com aspecto cremoso, com borda irregular, superfície côncava, coloração bege e crescimento a 24 horas LEM20 Colônia de tamanho mediana com aspecto cremoso, com borda irregular, superfície côncava, coloração amarelo e crescimento a 24 horas LEM21 Colônia de tamanho pequena com aspecto cremoso, com borda irregular, superfície côncava, coloração branca e crescimento a 24 horas LEM22 Colônia de tamanho grande com aspecto cremoso, com borda irregular, superfície côncava, coloração bege e crescimento a 24 horas LEM23 Colônia de tamanho mediano com aspecto cremoso, com borda irregular, superfície côncava, coloração bege e crescimento a 24 horas LEM24 Colônia de tamanho pequena com aspecto cremoso, com borda irregular, superfície côncava, coloração bege e crescimento a 24 horas LEM25 Colônia de tamanho mediana com aspecto cremoso, com borda irregular, superfície convexo, coloração bege e crescimento a 24 horas LEM26 Colônia de tamanho mediana com aspecto cremoso, com borda, superfície côncavo, coloração bege e crescimento a 24 horas LEM27 Colônia de tamanho pequena com aspecto cremoso, com borda liso, superfície côncavo, coloração bege e crescimento a 72 horas LEM28 Colônia de tamanho pequena com aspecto cremoso, com borda irregular, superfície côncavo, coloração bege e crescimento a 96 horas LEM29 Colônia de tamanho pequena com aspecto cremoso, com borda lisa, superfície côncavo, coloração braça e crescimento a 72 horas LEM30 Colônia de tamanho pequena com aspecto cremoso, com borda irregular, superfície côncavo, coloração rosa e crescimento a 96 horas LEM31 Colônia de tamanho pequena com aspecto cremoso, com borda irregular, superfície côncavo, coloração amarelo e crescimento a 96 horas LEM32 Colônia de tamanho pequena com aspecto cremoso, com borda irregular, superfície côncavo, coloração bege e crescimento a 120 horas Continua... 77 Tabela 2A, Cont. Isolado Características morfológicas LEM33 Colônia de tamanho mediana com aspecto cremoso, com borda irregular, superfície côncavo, coloração amarelo e crescimento a 24 horas LEM34 Colônia de tamanho pequena com aspecto cremoso, com borda irregular, superfície côncavo, coloração bege e crescimento a 24 horas LEM35 Colônia de tamanho mediana com aspecto cremoso, com borda irregular, superfície côncavo, coloração rosa e crescimento a 96 horas LEM36 Colônia de tamanho pequena com aspecto cremoso, com borda irregular, superfície côncavo, coloração branca e crescimento a 120 horas LEM37 Colônia de tamanho mediano com aspecto cremoso, com borda irregular, superfície côncavo, coloração amarelo e crescimento a 24 horas LEM38 Colônia de tamanho mediana com aspecto cremoso, com borda irregular, superfície côncavo, coloração amarelo e crescimento a 24 horas LEM39 Colônia de tamanho pequena com aspecto cremoso, com borda irregular, superfície côncavo, coloração bege e crescimento a 24 horas LEM40 Colônia de tamanho pequena com aspecto cremoso, com borda irregular, superfície côncavo, coloração branca e crescimento a 24 horas LEM41 Colônia de tamanho pequena com aspecto cremoso, com borda irregular, superfície côncavo, coloração branca e crescimento a 120 horas LEM42 Colônia de tamanho mediana com aspecto cremoso, com borda irregular, superfície côncavo, coloração amarelo e crescimento a 120 horas LEM43 Colônia de tamanho grande com aspecto cremoso, com borda irregular, superfície côncavo, coloração amarelo e crescimento a 24 horas LEM44 Colônia de tamanho grande com aspecto cremoso, com borda liso, superfície côncavo, coloração amarelo e crescimento a 48 horas LEM45 Colônia de tamanho pequeno com aspecto cremoso, com borda liso, superfície côncavo, coloração bege e crescimento a 48 horas LEM46 Colônia de tamanho mediano com aspecto cremoso, com borda liso, superfície côncavo, coloração amarelo e crescimento a 72 horas LEM47 Colônia de tamanho mediano com aspecto cremoso, com borda irregular, superfície côncavo, coloração bege e crescimento a 72 horas LEM48 Colônia de tamanho pequeno com aspecto cremoso, com borda irregular, superfície côncavo, coloração amarelo e crescimento a 24 horas 78 Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo