O STELLARIUM COMO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO DE ASTRONOMIA LEOMIR BATISTA NERES Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física. Orientador: George Kouzo Shinomiya ILHÉUS – BA 02/2017 ii N444 Neres, Leomir Batista. O stellarium com estratégia para o ensino de astronomia / Leomir Batista Neres. – Ilhéus : UESC, 2017. vii, 64f. : il. Orientador : George Kouzo Shinomiya. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física. Inclui referências e apêndices. 1. Astronomia – Estudo e ensino. 2. Stellarium (Software). 3. Física – Estudo e ensino I. Shinomiya, George Kouzo. II.Título. CDD – 520.07 iii Dedico este trabalho ao meu pai Nerisvaldo José Neres e a minha mãe Fostina Batista Neres pela formação que me deram e por não medir esforços para me oportunizar o acesso à educação. iv Agradecimentos Ao Departamento de Ciências Exatas e da Terra da Universidade Estadual de Santa Cruz e à CAPES, pela oportunidade de realização do curso. Aos professores do programa, e em especial aos professores Zolacir Trindade e George Kouzo Shinomiya, pelo apoio dado durante todo o curso. Aos meus familiares que sempre me deram apoio e incentivo para realizar esse sonho. Aos meus professores da educação básica e da graduação por terem contribuído de maneira direta e indireta para minha formação humana e profissional. v RESUMO O STELLARIUM COMO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO DE ASTRONOMIA Leomir Batista Neres Orientador: George Kouzo Shinomiya, DSc. Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física. Este trabalho tem o objetivo de abordar conceitos astronômicos na sala de aula através da utilização de um recurso tecnológico: o software de código aberto Stellarium, o qual permite a simulação de diversos fenômenos astronômicos e a possibilidade do desenvolvimento de habilidades específicas ligadas ao uso da tecnologia, tão presente em nossa vida cotidiana atualmente. Além disso, esse software possibilita simular as fases da Lua, o nascer e ocaso do Sol, fornece a distância dos astros em relação ao Sol e diversos outros fenômenos de difícil observação a olho nu. Nesse sentido, a partir da utilização desse recurso tecnológico, agregamos vários outros e elaboramos atividades estruturadas para melhor compreensão da Astronomia por meio de uma sequência de ensino aprendizagem que busca auxiliar o desenvolvimento desse tópico por outros professores. Essa sequência foi desenvolvida com base na teoria da aprendizagem significativa do teórico americano David Ausubel, que busca valorizar os conhecimentos que o educando traz consigo, e quando aplicada em situação real de sala de aula teve grande aceitação pelos alunos. Palavras-chave: Astronomia, Aprendizagem Significativa, Stellarium. ILHÉUS - BA 02/2017 vi ABSTRACT THE STELLARIUM AS A STRATEGY FOR THE TEACHING OF ASTRONOMY Leomir Batista Neres Orientador: George Kouzo Shinomiya, DSc. Abstract of master’s thesis submitted to Programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), in partial fulfillment of the requirements for the degree Mestre em Ensino de Física. This work aims to study astronomical concepts in the classroom through the use of a technological resource: the open source software Stellarium, which allows the simulation of several astronomical phenomena and the possibility of developing specific skills related to the use of technology so present in our daily lives today. In addition, this software makes possible to simulate the phases of the Moon, the sunrise and sunset, provide the distance of the stars from the Sun, and numerous other phenomena that are difficult to observe with the naked eye. In this sense, from the use of this technological resource, we add several others and elaborate structured activities for a better understanding of Astronomy through a sequence of teaching – learning that seeks to help the development of this topic by other teachers. This sequence was developed taking into account the theory of significant learning by the American theorist David Ausubel, who seeks to value the knowledge that the learner brings with him. When applied in a specific classroom, this sequence has had a great acceptance by the students. Keywords: Astronomy, Significant Learning, Stellarium. LHÉUS – BA 02 / 2017 vii Sumário Capítulo 1 .................................................................................................................... 1 1.1. Introdução ............................................................................................................ 1 Capítulo 2 .................................................................................................................... 6 Referenciais Teóricos .................................................................................................. 6 2.1. Aprendizagem Significativa .................................................................................. 6 2.1.1 Condições Para a Aprendizagem Significativa ................................................... 8 2.1.2 Aprendizagem Significativa versus Aprendizagem Mecânica ............................ 9 2.1.3 A Avaliação na Aprendizagem Significativa ..................................................... 11 2.3 Conteúdos Relacionados .................................................................................... 12 2.4 A Astronomia nos PCN’s ..................................................................................... 15 Capítulo 3 .................................................................................................................. 20 Metodologia ............................................................................................................... 20 3.1 Motivação ............................................................................................................ 21 3.2 Concepções Iniciais ............................................................................................ 24 3.3 Confecção da Sequência .................................................................................... 25 3.3.1 Textos de Apoio e Atividades Práticas ............................................................. 25 3.3.2 Manual do Stellarium e Instalação do Software ............................................... 27 3.4 Aplicação da Sequência ...................................................................................... 28 3.5 Avaliação ............................................................................................................. 29 Capítulo 4 .................................................................................................................. 32 Resultados ................................................................................................................ 32 4.1 Resultados dos Questionários de Concepções Iniciais ....................................... 32 4.1.1 Acesso aos Recursos Computacionais ............................................................ 33 4.1.2 As Principais Disciplinas que Ofertaram Tópicos de Astronomia ..................... 36 4.1.3 O Conhecimento Prévio de Astonomia ............................................................ 38 4.2 Resultados das Atividades .................................................................................. 46 4.3 Resultados do Questionário de Concepções Finais ............................................ 50 4.3.1 Concepções dos Alunos Sobre o Material Utilizado na Sequência .................. 50 4.3.2 As Concepções Astronômicas Após a Aplicação da Sequência ...................... 52 Capítulo 5 .................................................................................................................. 57 Considerações Finais ................................................................................................ 57 Capítulo 6 .................................................................................................................. 61 Referências Bibliográficas ......................................................................................... 61 Apêndice I Sequência de Ensino e Aprendizagem: “O Stellarium Como Estratégia de Ensino de Astronomia”. ............................................................................................. 65 Apêndice II Manual Com os Principais Comandos do Stellarium ............................ 145 viii Capítulo 1 1.1. Introdução A Astronomia é considerada a mais antiga das ciências e foi motivo de fascínio de várias civilizações ao longo da história. Surgiu a partir da necessidade do homem em compreender o universo em que vive e seu comportamento ao longo do tempo. É claro que essa busca se deu por etapas, a iniciar-se com o olhar do homem para o céu. Com esse olhar, nossos antepassados perceberam que o movimento dos corpos celestes eram repetitivos e previsíveis, o que possibilitou ao homem antigo se organizar e habituar-se aos fenômenos naturais, levando-o a considerar a melhor época para plantio, colheita e lugar para coabitar. Essa regularidade dos astros levou o homem a criar calendários, descobrir planetas, e até mesmo elaborar modelos do céu e guiar-se por eles, acreditando ser o nosso astro o centro de tudo. Artefatos como Stonehenge1 e o monte de Newgrange2 servem como marco da constante busca do homem para entender a evolução do universo e seu comportamento em pequenos intervalos de tempo usando para tal as observações a olho nu. Registros antigos revelam que a atividade astronômica foi objeto de estudo de diversas civilizações. Em 2137 a.C já existiam registros de eclipses solares na China. Na América, os Maias já possuíam um calendário coerente e conheciam o movimento de Vênus; na Babilônia, o desenvolvimento de um calendário astronômico dividido em fases correspondentes às fases da Lua permitiam prever e evitar desastres naturais; os sumérios já conheciam cinco planetas visíveis e tinham um calendário astronômico de 29 dias e os gregos já desenvolviam medidas com notável grau de aperfeiçoamento (HOVARTH, 2008). 1 Stonehenge é um dos mais antigos e interessantes monumentos astronômicos da antiguidade. Localizado em Salisbury na Inglaterra, sua origem data de 3000 a.C, numa época conhecida como período Neolítico. Acredita-se que sua estrutura, formada por círculos concêntricos com rochas de até cinquenta toneladas, tenha sido utilizada para prever eclipses e as estações do ano por meio da sombra do Sol projetada nas pedras. No entanto, ainda não existe uma certeza sobre qual a real função astronômica do artefato (OLIVEIRA e SARAIVA, 2014). 2 Newgrange consiste num grande monte construído de camadas de terra e pedra. Situado na Irlanda, esse monumento tem datação de 3200 a.C e mostra com precisão o solstício de inverno, que é o dia mais curto (21 de dezembro) do hemisfério norte. O solstício de inverno marcava o início do ano novo para a cultura neolítica do vale de Boyne, na Irlanda. Talvez essa seja a principal motivação de sua construção (WORLD HERITAGE IRELAND, 2016). Os objetivos astronômicos das civilizações antigas eram práticos, como compreender a passagem do tempo, as estações do ano e fazer calendários para plantio e colheita. Existia uma relação muito forte entre prever as ocorrências climáticas e garantir a sobrevivência. E a “ciência” que auxiliava nesse entendimento do céu era a Astronomia, que até então, estava misturada com a astrologia e religiosidade. Os egípcios, por exemplo, tinham dois calendários, um para fins religiosos e outro para a agricultura. O primeiro foi desenvolvido ao tentar descobrir a posição de nascimento de Rá (Sol) no sudeste do horizonte a cada ano, para fazer as celebrações de seu nascimento; já o segundo, foi criado com base nas observações da estrela Sóis, cujo aparecimento era o fator regulador e possibilitava prever as inundações do rio Nilo e escolher o período correto para o cultivo da terra. Embora as descobertas astronômicas dessa e de outras civilizações tenham sido muito importantes para separar a Astronomia de outras ciências e da religião, foi a civilização grega, com base nos registros babilônicos e egípcios, quem mais contribuiu para este feito. Com a contribuição grega, entre 600 a.C e 200 d.C, a Astronomia sofreu transformações que só foram superadas a partir do século XVI. Nesse intervalo, que se iniciou com a introdução de conceitos geométricos à Astronomia grega trazidos por Tales de Mileto (624 – 546 a.C) do Egito, filósofos como Anaxágoras (500 – 428 a.C) e Aristóteles (384 – 322 a.C), os astrônomos Hisparco (190 – 125 a.C) e Ptolomeu (85 d.C– 165 d.C), e o matemático Erastótenes (276 – 194 a.C), desenvolveram as bases que sustentaram o conhecimento astronômico por mais de 13 séculos. Com seus trabalhos, foi possível entender o fenômeno das fases da Lua, desenvolver o aspecto de esfericidade da Terra, propor um modelo heliocêntrico para o sistema solar, calcular o diâmetro da Terra, estabelecer o primeiro catálogo de magnitude estelar e a representação geométrica do sistema solar (OLIVEIRA e SARAIVA, 2014). Por mais de treze séculos, as leis estabelecidas pela Astronomia grega regeram os conhecimentos que se tinha do céu no ocidente, muito pela adoção da filosofia Aristotélica feita pela igreja católica, que naquela época não permitia questionar o modelo de universo proposto por Ptolomeu e Aristóteles. Nesse modelo, a Terra ocupava o centro do universo (modelo geocêntrico), os planetas descreviam órbitas circulares ao seu redor e os planetas e demais corpos do céu eram feitos de uma substância de propriedades ideais chamada quintessência, que seria diferente das propriedades da Terra. No entanto, com as muitas observações 2 que seguiram, algumas inconsistências foram surgindo no modelo de Ptolomeu, e em 1543, o polonês Nicolau Copérnico propôs o modelo heliocêntrico no qual ao invés da Terra, o Sol ocupava o centro do cosmos, numa ideia bem mais simples que os epiciclos3 propostos por Ptolomeu. Embora o modelo de Copérnico tenha sido um passo fundamental para o surgimento do modelo heliocêntrico, ele ainda apresentava graves erros ao considerar as órbitas dos planetas como círculos perfeitos e por não preocupar-se com a formação dos astros. Tempos depois de Copérnico publicar sua obra “De revolutionibus orbium coelestium” o dinamarquês Tycho Brahe (1546 – 1601), fez algumas observações dos astros, dentre elas da conjunção de Júpiter e Saturno, que lhe permitiu detectar e registrar erros no movimento planetário. Esses dados foram estudados após sua morte pelo seu aluno e auxiliar Johannes Kepler (1571 – 1630), que ao invés de tratar as órbitas planetárias como círculos, conforme predito na Astronomia aristotélica, ajustou as órbitas em elipses. Com esse modelo, Kepler resolveu o problema das órbitas dos planetas e derrubou mais um dos postulados da Astronomia aristotélica, deixando apenas a quintessência estabelecida. Esse último postulado foi superado, em 1610, quando Galileu Galilei (1564 – 1642) utilizando o recém-criado telescópio, apontou-o para o céu e descobriu as manchas solares, as fases de Vênus, as crateras na Lua e os satélites naturais de Júpiter. Essas observações serviram para contestar a “perfeição” do sistema de universo de Aristóteles e mostrar que os astros eram compostos por gases e rochas que são encontradas na Terra, e não eram feitos de quintessência como acreditava até então (HOVARTH, 2008). Após as mudanças propostas pelas contribuições de Copérnico, Brahe, Kepler e Galileu, a Astronomia encontrava-se numa situação especial. Embora fosse possível compreender o movimento dos planetas e de outros corpos celestes, pouco se sabia sobre o que os mantinha em órbita do Sol. Coube a Isaac Newton (1643 – 1727) descobrir essa propriedade de “unir” as coisas, à qual ele chamou de gravidade. A partir daí, Newton formulou a lei da gravitação universal que atendia perfeitamente qualquer problema da gravitação clássica. Com seu trabalho, Newton deduziu a terceira de Kepler (lei dos períodos), o que resultou numa expressão 3 Os epiciclos foi um modelo geométrico usado para explicar as variações de velocidade e direção do movimento aparente da Lua, Sol e planetas. Em particular, explicou o movimento retrógrado aparente dos cinco planetas conhecidos na época. Em segundo lugar, também explicou mudanças nas distâncias aparentes dos planetas em relação à Terra. 3 matemática utilizada até os dias atuais, que permite obter a massa de estrelas binárias e outros sistemas. Desde então, a Astronomia passou por uma profunda transformação, o estudo do sistema solar continuou e diversos corpos celestes foram descobertos, como novos planetas, asteroides, meteoros, exoplanetas, galáxias, nebulosas, entre outros. Atualmente, a Astronomia se divide em alguns ramos, como a cosmologia, a astrometria, a astrofísica e a mecânica celeste. Todas essas áreas usam o céu como laboratório para, a partir de sua observação, desvendar os segredos de nossa existência. Por ser uma ciência que se consolidou após a inquietação do homem em descobrir seu lugar no espaço e os mistérios da evolução, contemplando o conhecimento de inúmeras gerações que ao longo de milênios observaram e criaram métodos que permitiram ao homem compreender o tempo, desenvolver a agricultura, entender as estações do ano e estimar a nossa breve estadia no planeta, é de suma importância a sua presença no currículo das instituições de ensino tanto a nível fundamental quanto médio. Segundo Bretrones (1999), a Astronomia foi disciplina do currículo da educação secundária desde o período imperial, mantendo-se até meados de 1940. No entanto, com as reformas realizadas no ensino secundário em 1942, a Astronomia perdeu o status de disciplina, passando a integrar os conteúdos das disciplinas de Ciências, Física e Geografia. Até o final dos anos 80, o conteúdo de Astronomia presente na educação básica se resumia a conceitos fundamentais ensinados na disciplina de Geografia. Numa pesquisa realizada pela Sociedade Astronômica Brasileira entre os anos 95 e 96, apenas 15 estados brasileiros continham em seus currículos tópicos de Astronomia, que se limitavam ao estudo da gravitação universal (TREVISAN, 1999). Com isso, infelizmente a Astronomia perdeu seu espaço na sala de aula, e muitos motivos além dos já mencionados contribuíram para isso, tais como: o despreparo dos professores devido ao seu curso não ofertar uma formação condizente com o ensino de Astronomia, a carga horária limitada no ensino de Ciências e Física, a falta de materiais e livros didáticos que esclareçam com precisão os temas mais simples da Astronomia, aqueles que precisam ser ensinados e aprendidos em sala de aula, e recursos ópticos como binóculos e telescópios para fazer observações dos astros. Sem isso, essa tão importante ciência se perpetua com ideias particulares, que tentam explicar os fenômenos naturais, mas que nem sempre estão de acordo com o conhecimento científico. 4 Nessa perspectiva, algumas estratégias devem ser adotadas para resgatar o ensino dessa ciência no nível médio, e uma que pode ser utilizada é o uso de simuladores, que são softwares capazes de reproduzir e simular o comportamento de algum sistema. Um software muito utilizado no ensino de Astronomia é o Stellarium, facilmente encontrado para download e que pode ser instalado no Linux e no Windows, que são os principais sistemas operacionais utilizados no país. Com esse programa o professor pode simular diversos fenômenos astronômicos de difícil visualização, além de obter informações atualizadas dos catálogos sobre os corpos celestes. Seus comandos permitem fazer observações de fenômenos que já ocorreram há séculos e de outros que estão por acontecer, possibilitando refazer a simulação quantas vezes for necessário para ocorrer a assimilação do conceito pleiteado. De acordo com Bernardes (2010), trabalhar a concepção da visualização do espaço através da utilização de softwares educacionais é essencial para o entendimento de muitos fenômenos. Segundo Pinto (2009), o ensino, de modo geral, não tem considerado esta expansão dos recursos tecnológicos, que fazem parte da realidade das pessoas. Com essa falta de aproximação da escola às novas tecnologias, as aulas continuam conservadoras, colocando o ensino numa dimensão diferente da atual clientela, que convive com aplicativos e tutoriais que facilitariam o aprendizado de diversos assuntos, e que deveriam ser aproveitados pela escola para promover um maior rendimento na oferta de conteúdos que estão se distanciando das salas de aula, como é o caso da Astronomia. Com o objetivo de inserir conceitos astronômicos nas turmas de ensino médio por meio da tecnologia, este trabalho buscou desenvolver uma estratégia de utilização do software livre Stellarium para o ensino de Astronomia nas aulas de Física da educação básica. Para isso, foi montado uma Sequência de Ensino Aprendizagem (SEA) de nove aulas, contendo textos e exercícios que remetem às simulações com software Stellarium. A sequência foi elaborada à luz da teoria da aprendizagem significativa do teórico cognitivista David Ausubel, que trata a aprendizagem como um processo de organização e integração das informações à estrutura cognitiva do receptor. Foi produzida numa linguagem acessível e não privilegiou conteúdos impossíveis de serem trabalhados no ensino médio, de modo, que se espera que o material produzido possa ser disponibilizado a outros professores na perspectiva de auxiliar a prática docente. 5 Capítulo 2 Referenciais Teóricos 2.1. Aprendizagem Significativa A teoria da aprendizagem significativa surgiu em 1963 com a publicação do trabalho “The psychology of meaningful verbal Learning”, do psicólogo educacional americano David Paul Ausubel (1918 – 2008). Nessa obra, ele definiu o que deve ser entendido por aprendizagem significativa e como esta se diferencia da aprendizagem mecânica e memorística. Dessa maneira, ele elencou os princípios amplos da aprendizagem significativa numa teoria geral, que pretende proporcionar ao professor um recurso lógico para auxiliá-lo na construção de estratégias eficazes de ensino e permitir o aperfeiçoamento de sua prática enquanto docente. A teoria de Ausubel está alicerçada no princípio de que o principal contribuinte para uma aprendizagem significativa é o conhecimento que o discente traz consigo, ou seja, o conhecimento que se encontra incorporado à sua estrutura cognitiva. Na ótica de Ausubel, para aprender de forma significativa, os discentes devem relacionar novos conceitos e proposições com aqueles que já conhecem. No entanto, isso não deve ser feito de qualquer forma e, não acontece com qualquer saber presente na sua cognição, este deve ser um conhecimento especificamente relevante e sua interação com o novo saber deve acontecer de forma lógica para que efetivamente ocorra a aprendizagem significativa. Nessa perspectiva, a aprendizagem significativa é o processo pelo qual uma nova informação interage com uma estrutura de conhecimento específica, orientada por conceitos relevantes, de maneira substantiva e não arbitrária com aquilo que o discente já sabe. A este conhecimento, relevante à nova aprendizagem e que pode ser, por exemplo, uma proposição, um símbolo, uma imagem ou um conceito já existente no plano mental do indivíduo, é chamado por Ausubel de subsunçor (MOREIRA, 2010). Sem rejeitar a ideia de que corpos organizados de conhecimento possuem, de fato, conceitos estruturantes, é mais adequado pensar os subsunçores simplesmente como conhecimentos prévios especificamente relevantes para que os materiais de aprendizagem ou, enfim, os novos conhecimentos sejam potencialmente significativos. Nessa linha, subsunçores podem ser proposições, modelos mentais, construtos pessoais, concepções, ideias, invariantes operatórios, representações sociais e, é claro, conceitos, já 6 existentes na estrutura cognitiva de quem aprende, subsunçores seriam, então, conhecimentos prévios especificamente relevantes para a aprendizagem de outros conhecimentos (MOREIRA, 2012, pag.13). Esses subsunçores podem estar mais ou menos elaborados conforme eles vão sendo trabalhados, o que faz com que sejam modificados ao se juntarem com novos conhecimentos adquiridos através de uma aprendizagem significativa. Isso ocorre quando se trabalha o subsunçor rotineiramente ou o utiliza como uma ideiaâncora em uma nova aprendizagem. Um subsunçor pode não ser trabalhado ao longo da aprendizagem ou não ser mais tão utilizado. Isso é um processo normal que acontece com todos, contudo, o subsunçor pode retomar seus sentidos mais rapidamente ao ser utilizado. Diferente da aprendizagem mecânica, o aluno que aprende algo de forma significativa, mesmo que venha deixar de utilizar os conhecimentos adquiridos, não esquece tudo o que aprendeu, apenas perde a discriminação dos significados do conteúdo. No caso das Leis de Conservação, um aluno que tivesse adquirido esse conceito significativamente, mas que depois de sair da escola, ou da faculdade, passasse muito tempo sem envolver-se com temas de Física provavelmente continuaria sabendo que essa é uma ideia central em Física, mas talvez não lembrasse exatamente quais grandezas físicas se conservam e quais não se conservam, e muito menos o formalismo de uma determinada lei de conservação. Mas uma vez que a aprendizagem tivesse sido significativa, e esse sujeito retomasse estudos de Física, provavelmente não teria muita dificuldade em “resgatar”, “reativar” ou “reaprender” o subsunçor Leis de Conservação. Isso acontece também com professores que passam muito anos sem dar aulas sobre certos conteúdos (MOREIRA, 2012, pag.8). Os subsunçores surgem desde as primeiras descobertas, desde a infância do aluno, quando eles aprendem a dar significados aos seres, objetos e palavras. Durante as primeiras interações com a realidade os aprendizes começam a desenvolver redes de conhecimentos em sua cognição. No entanto, essas redes apresentam saberes aleatórios, sem uma lógica sequencial e, por isso, servem apenas para satisfazer o ego da criança momentaneamente (XAVIER, 2010). A partir daí, começa a fase de assimilação de conceito, que no início necessita de experiências concretas, como exemplos de objetos e eventos, bem como da necessidade de mediação por adultos. A maior parte dessa etapa ocorre na pré- 7 escola e os professores começam a negociar significados, que são aceitos ou não no contexto de um novo conhecimento por parte do aprendiz (MOREIRA, 2011). No decorrer do processo, a rede de conhecimento começa a interagir e mostrar sequências lógicas entre os saberes existentes. A partir desse ponto, eles começam a assimilar novos conhecimentos relacionando-os aos seus primeiros subsunçores. Tal assimilação se dará no processo de ancoragem e irá formar um novo conhecimento que criará novos subsunçores e modificará ou não os já estabelecidos anteriormente, de forma que estes fiquem mais sólidos e mais trabalhados. Quando isso ocorre, dizemos que houve uma aprendizagem por assimilação, que é diferente da assimilação de Piaget. Enquanto a assimilação de Piaget é uma interação sujeito-objeto, a de Ausubel se dá pela interação cognitiva entre os conhecimentos novos e os conhecimentos prévios (MOREIRA, 1999). 2.1.1 Condições Para a Aprendizagem Significativa Ausubel (2003), afirma que existem algumas condições para que ocorra a aprendizagem significativa. Segundo ele, esse processo necessita que o material didático seja potencialmente significativo e que o discente esteja predisposto a aprender. É importante salientar que não existe, na perspectiva Ausubeliana, um material significativo, mas sim, um material potencialmente significativo. Assim, o autor não estabelece um barema para que um livro ou uma aula sejam significativos, pois o mesmo afirma que o significado está nas pessoas e não nos materiais. Nesse sentido, os conteúdos relacionados devem ter sentido lógico e vínculo direto com o conhecimento a ser aprendido, permitindo ao aluno apresentar conceitos relacionáveis que, ao interagir com o saberes anteriores, forme um subsunçor forte e estável na sua estrutura cognitiva. Nessa perspectiva, é importante confeccionar materiais didáticos baseados nos conhecimentos prévios dos discentes, organizados em estruturas lógicas, contextualizadas, com exemplos e vínculo teórico daquilo que precisam aprender. Para Ausubel (2003), essa nova informação com nível ligeiramente avançado será reconstruída e fortalecida na estrutura cognitiva do aluno à medida que houver a interação com o conhecimento já existente. Com isso, conhecer os conhecimentos prévios dos aprendizes se torna fator determinante para a aprendizagem 8 significativa, servindo não apenas para a confecção do material potencialmente significativo, mas para que o aluno tenha uma predisposição em aprender que, segundo Ausubel, é a segunda condição necessário para que ocorra a aprendizagem significativa. No entanto, esta passa pela primeira condição, uma vez que o fato do material ser potencialmente significativo pode levar o aluno a querer relacionar os novos conhecimentos, de forma não-arbitrária e não literal, a seus conhecimentos prévios. Isso é o que significa a predisposição para aprender (MOREIRA, 2011). No intuito de tornar o material desenvolvido de fato significativo, os conhecimentos prévios dos aprendizes foram analisados com a aplicação de um questionário de concepções iniciais de Astronomia o qual se encontra no apêndice 1 deste trabalho. Foi por meio das informações retiradas desse questionário que toda a estratégia foi elaborada. Com isso, foi possível formular textos, atividades e simulações, com base nos subsunçores já existentes na estrutura cognitiva do educando. Além disso, as respostas permitiram verificar quais subsunçores relativos à Astronomia não existiam em suas cognições, possibilitando criar organizadores prévios4 em forma de textos de apoio que abordam conceitos básicos de Astronomia de posição e outros aspectos do céu. 2.1.2 Aprendizagem Significativa versus Aprendizagem Mecânica Enquanto na aprendizagem significativa os subsunçores são bem estabelecidos e estáveis na estrutura cognitiva do discente, na aprendizagem mecânica eles são instáveis e não interagem de forma substantiva com o novo conhecimento. A aprendizagem mecânica se caracteriza como puramente memorística, e acontece quando os novos conceitos não conseguem ancorar-se em um conhecimento já internalizado, impossibilitando que as novas informações interajam com os conceitos relevantes existentes, servindo apenas para uma determinada situação, como uma prova, por exemplo. A aprendizagem se torna 4 Seriam materiais introdutórios apresentados em um nível mais alto de generalidade e inclusividade, formulados de acordo com conhecimentos que o aluno tem, que fariam a ponte cognitiva entre estes conhecimentos e aqueles que aluno deveria ter para que o material fosse potencialmente significativo. Por exemplo, os alunos poderiam ler um texto bem abrangente sobre campos de um modo geral (campo de conhecimentos, campo psicológico, campo de trabalho, etc.); ou, ainda, um aplicativo, uma simulação, que servisse para introduzir o conceito de campo de uma perspectiva geral, inclusiva. (MOREIRA,2010). 9 mecânica quando a nova informação é armazenada de forma isolada ou por associações que não seguem princípios lógicos, de forma arbitraria e literal (MOREIRA, 2005). No entanto, Ausubel (2003), destaca que a aprendizagem mecânica não pode ser entendida como uma subdivisão da aprendizagem, ambas estão presentes no mesmo contínuo, e partindo da aprendizagem mecânica pode-se alcançar a aprendizagem significativa. A passagem da aprendizagem mecânica para a aprendizagem significativa não é natural, ou automática; é uma ilusão pensar que o aluno pode inicialmente aprender de forma mecânica, pois ao final do processo a aprendizagem acabará sendo significativa; isto pode ocorrer, mas depende da existência de subsunçores adequados, da predisposição do aluno para aprender, de materiais potencialmente significativos e da mediação do professor; na prática, tais condições muitas vezes não são satisfeitas e o que predomina é a aprendizagem mecânica (MOREIRA, 2012, pag.15). Ainda, segundo Ausubel (2003), a aprendizagem mecânica pode ocupar um papel similar aos organizadores prévios quando não existir subsunçores na estrutura mental do aprendiz. O conteúdo inicialmente memorizado pode ser aproveitado como ideia-âncora pelo mediador (professor), e dependendo de como será organizado a sequência de novos conhecimentos, pode se estabelecer na estrutura mental do discente como um novo subsunçor. De modo geral, a teoria Ausubeliana não trata a aprendizagem mecânica como uma dicotomia em relação à aprendizagem significativa. Pelo contrário, haverá momentos que a aquisição de novos subsunçores dependerá inicialmente da aprendizagem mecânica. Na Astronomia, por exemplo, quando se trabalham os modelos Heliocêntrico e Geocêntrico, na maioria das vezes os alunos são obrigados a decorar o nome dos dois modelos, os dos principais teóricos que contribuíram para sua idealização e os nomes dos planetas que o compõe, para tirarem boas notas nas provas. A partir dessas ideias, que se encontram soltas, o professor pode ancorar-se para inserir novos conceitos, como o de planetas anões e a caracterização atual do sistema solar, usando o método inicialmente mecânico para dar significados lógicos, que se estabilizarão na estrutura mental do jovem. Porém, vale ressaltar, que os teóricos desse modelo de aprendizagem em nenhum momento colocam a aprendizagem mecânica como predominante sobre a significativa. Pelo contrário, no processo de ensino, deve-se valorizar a aprendizagem significativa. 10 2.1.3 A Avaliação na Aprendizagem Significativa Embora a avaliação tenha sofrido algumas transformações em relação ao seu formato inicial, puramente classificatório, que consistia em atribuir notas e determinar quem estava apto ou não a seguir as próximas etapas do nível de ensino cursado, o método avaliativo presente nas escolas brasileiras ainda privilegia a aprendizagem mecânica, cobrando fórmulas e memorizações que rapidamente são esquecidas pelos discentes, servindo apenas para “medir e examinar” o que se aprendeu. Nesse modelo os professores fogem completamente dos preceitos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB, que determinam que os docentes zelem pela aprendizagem dos alunos e verifiquem o avanço do discente por meio de uma avaliação contínua e cumulativa, considerando os aspectos qualitativos em relação aos quantitativos (BRASIL, 1996). Porém, a subjetividade da avaliação é completamente deixada de lado, e o modelo que deveria estar nos moldes do construtivismo, retorna aos seguimentos behavioristas, completamente comportamentalista, que promove a aprendizagem mecânica, marginalizando a questão dos significados. No cotidiano escolar a avaliação é muito mais behaviorista do que construtivista e determina largamente as práticas docentes. O contexto (administradores escolares, pais, advogados, a sociedade em geral) exige “provas” de que o aluno “sabe ou não sabe”. Esse tipo de avaliação baseada no sabe ou não sabe, no certo ou errado, no sim ou não, é comportamentalista e geralmente promove a aprendizagem mecânica, pois não entra na questão do significado, da compreensão, da transferência. Se o aluno sabe resolver um problema, sabe definir algo, sabe listar as propriedades de um sistema, está bem mesmo que não tenha entendido o problema, a definição ou o sistema (MOREIRA, 2012, pag. 26). Para Ausubel (2003), a avaliação deve considerar a análise da compreensão, formulação de significados e a capacidade de transferir conhecimento a situações não rotineiras do aprendiz, promovendo situações novas que exijam a transformação do conhecimento adquirido. Essas situações novas não podem ser entendidas como um método mecânico, mas deve-se fazer com que a avaliação seja progressiva e aconteça à medida que o novo conhecimento for se estabilizando na estrutura mental do aluno, com caráter puramente contínuo e formativo predominando sobre o somativo. Nesse sentido, a perspectiva Ausubeliana aponta que a avaliação da 11 aprendizagem significativa deve ter o caráter formativo e seja recursivo. Formativa no sentido de ser um processo contínuo consubstanciado na orientação e regulação, fornecendo subsídios adequados para que o aluno aprenda, privilegiando a competência ao invés do desempenho. Recursivo no sentido de permitir que o aprendiz refaça o que errou quantas vezes for necessário para assimilar o que está aprendendo, possibilitando que crie um subsunçor forte em sua estrutura cognitiva. Nesse modelo, o erro não assume caráter punitivo, mas sim como um mecanismo que, se for mediado, pode colaborar para que a aprendizagem significativa ocorra. 2.2 Conteúdos Relacionados É evidente a insatisfação dos alunos em relação às aulas tradicionais, nas quais são utilizadas apenas quadro-negro e giz. Esta situação pode ser correlacionada ao exposto por Krasilchick (2005), quando esta salienta que a utilização demasiada da metodologia expositiva nas aulas de ciências, inibe a participação dos alunos e concentra o processo de ensino e aprendizagem na pessoa do professor. Também Kawamura e Hosoume (2003), argumentam que as aulas de física priorizam o ‘quadro e giz’, não se atendo à metodologias que favoreçam a criatividade e o interesse dos educandos. Isso reforça a necessidade de aulas que não fiquem só na discussão superficial dos conceitos fundamentais e com foco na memorização, que não permitem a correta distinção entre o objeto de estudo da física, que são os fenômenos da natureza e o modelo teórico para descrevê-lo. Tais aulas estão focadas na listagem de conceitos, cuja fundamentação é superficialmente discutida, e de inúmeras fórmulas matemáticas que devem ser decoradas, como se as mesmas não fossem dedutíveis de algumas relações fundamentais. Por consequência, a disciplina soa para a maioria dos estudantes mais como uma aplicação matemática complicada e sem significado prático do que um conjunto de conceitos fundamentais que, se devidamente articulados, permitem a modelagem de diversos fenômenos físicos, vários dos quais vivenciados cotidianamente pelos próprios discentes, tais como os fenômenos astronômicos. Para que haja melhoria do ensino, é preciso utilizar métodos pedagógicos que facilitem o aprendizado de conteúdos relevantes. Para isso, o uso da tecnologia se 12 torna inevitável, contribuindo para que o método tradicionalmente expositivo empregado, que leva o aluno a um processamento unicamente visual das informações, se torne um processo que permita a aprendizagem significativa. Segundo a LDB (BRASIL, 1996), as tecnologias aliadas às aulas de ciências, neste caso à área de Astronomia, prepara o aluno para uma melhor compreensão do mundo através da ciência. Por meio dessa compreensão da ciência, prepara-se o aluno para o mercado de trabalho, possibilitando uma aproximação do universo acadêmico ao mundo do jovem, que muitas vezes se encontram em dimensões diferentes, sem um elo entre si. A valorização desses mecanismos tecnológicos pode ser um caminho para essa convergência. O ensino de modo geral, não tem considerado esta expansão dos recursos tecnológicos, que fazem parte da realidade das pessoas. Nas escolas brasileiras, mesmo naquelas que possuem recursos diversos, o ensino continua sendo tecnicamente conservador. As aulas são previsíveis e pouco atrativas (PINTO, 2009, pag. 15). Dessa forma, emerge das aulas de Astronomia a necessidade de atividades que favoreçam o desenvolvimento da linguagem entre o professor e o aluno, e a construção e assimilação de conceitos que permitam correlacionar a teoria com o cotidiano, permitindo entender o conhecimento como um processo de construção permeado pela criatividade e admiração. Assim, usar mecanismos tecnológicos para instigar os alunos na valorização e no despertar de aspectos afetivos e simbólicos e não unicamente os racionais, pode ser o caminho para o ensino significativo de Astronomia no ensino médio (TROGELLO, 2015). Além disso, com a utilização dessas ferramentas, o professor adentra no universo dessa geração que cresce junto com a tecnologia, fazendo com que essa familiaridade com os recursos didáticos utilizados contribua para que o material seja potencialmente significativo. Dessa maneira, algumas estratégias precisam ser desenvolvidas para aproximar a realidade tecnológica vivenciada pelo discente com a realidade das aulas oferecidas na escola, e a simulação computacional é uma ferramenta que pode auxiliar nesse processo. Na Astronomia, um recurso tecnológico com grande potencial didático é o Stellarium. 13 O Stellarium é um software gratuito, de código fonte aberto que se constitui como um objeto virtual5 de aprendizagem com ampla capacidade para explorar aspectos relacionados à Astronomia (LONGHINI e MENEZES, 2010). Segundo Valente (1993), na simulação, o aluno pode desenvolver hipóteses, pode testá-las, analisar os seus resultados, e então refinar os conceitos. Por ser um recurso que possibilita refazer as observações, o Stellarium contribui para a formação de uma aprendizagem significativa por não trazer situações problema pré-determinadas, possibilitando ao professor criar desafios e explorar as diversas ferramentas contidas no software, motivando o aluno a criar diversas situações de observação que podem ser compartilhadas com os colegas, motivando a participação de todos. O programa oferece ferramentas para lidar com as imagens, tais como: estrelas cintilantes; estrelas cadentes; chuvas de meteoros; controle de tempo e zoom; interface em diversos idiomas; projeção olho-de-peixe para redomas de planetários; controle de telescópios, dentre outros. O programa permite que o usuário realize ajustes personalizados, de modo a inserir as coordenadas geográficas do local onde mora ou de onde deseja visualizar o céu. Também possibilita configurá-lo para qualquer data e horário, de modo que se pode adiantar ou voltar no tempo, revelando a configuração do céu de qualquer época (LONGHINI E MENEZES, 2010). O Stellarium sem dúvidas é um excelente recurso para se ensinar Astronomia na sala de aula. Os comandos fáceis e as inúmeras informações sobre os astros existentes em sua memória permitem que se trabalhe com conceitos simples, como o movimento do Sol e da Lua no céu, até fenômenos e objetos mais complexos como explosões de supernovas, nebulosas, buracos negros, galáxias, exoplanetas e os mais novos integrantes do sistema solar, os planetas anões. Com o recurso de projeção do Stellarium, podemos visualizar de forma perfeita a abóboda celeste do nosso cosmos, e a partir daí, encontrarmos qualquer astro que já tenha sido catalogado no céu, resolvendo os problemas relativos à Astronomia de posição com apenas poucos clicks. No entanto, esse recurso, que é gratuito, muitas vezes passa despercebido pelos professores nas aulas de Física, Geografia e Ciências, e as aulas de Astronomia ficam restritas ao livro didático, pois a maioria das escolas brasileiras não dispõe de instrumentos ópticos eficientes para fazer uma observação visual. E por falta desses recursos, os professores de Geografia e Ciências pautam 5 Objeto Virtual de Aprendizado é um recurso digital reutilizável que auxilia na aprendizagem de algum conceito e, ao mesmo tempo, estimula o desenvolvimento de capacidades pessoais, como, por exemplo, imaginação e criatividade (SPINELLI, 2007). 14 suas aulas no ensino do sistema solar no ensino fundamental, e os de Física nas leis de Kepler e na gravitação universal de Newton no ensino médio. De maneira que mesmo sob as orientações propostas nos parâmetros curriculares nacionais, que tem o seu eixo temático VI voltado para o ensino da Astronomia, essa ciência é pouco trabalhada e muito negligenciada na educação básica brasileira. Inúmeras simulações astronômicas podem ser feitas com o Stellarium, o que o torna um excelente recurso didático para trabalhar os tópicos de Astronomia presentes nos PCN’s e colaborar para o renascimento dessa ciência enquanto disciplina. Embora tenha tido caráter de disciplina no antigo ensino secundário brasileiro até a década de 40, com as muitas reformas realizadas nas componentes curriculares nacionais, a Astronomia passou a integrar as disciplinas de Física, Geografia e Ciências, o que acabou distanciando essa ciência das demais, sendo até mesmo esquecida por muitos professores. Muitos desses docentes acreditam que ensinar Astronomia atrapalha o estudo de conteúdos que são cobrados com mais frequência no vestibular, e outros fogem dessa ciência por não ter recebido o saber necessário para ministrar aulas sobre esse assunto na academia. Com isso, a Astronomia está ficando cada vez mais distante do contexto escolar, e buscar alternativas eficazes para minimizar esse descaso é muito importante. Por isso, esse trabalho procurou desenvolver um material didático que, aliado às simulações com o Stellarium, pretende colaborar para a inserção de conceitos astronômicos nas aulas de Física do ensino médio. 2.3 A Astronomia nos PCN’s Em 1996, foi aprovada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação brasileira e, dentre outras providências tomadas por essa lei, destacou-se a inserção do ensino médio como etapa final da educação básica. Com essa inclusão, ficou mantida a obrigatoriedade desse nível de ensino que tinha sido retirada do texto original da Constituição Federal pela Emenda Constitucional 14/96. Com isso, essa etapa passou a integrar o primeiro nível da educação escolar, composta por educação infantil, ensino fundamental e o ensino médio, sendo que este último “tem por finalidades desenvolver o educando, 15 assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores” (art. 22, lei n° 9394/96). Nessa concepção, a Lei nº 9.394/96 muda no cerne a identidade estabelecida para o Ensino Médio contida na referência anterior, a Lei nº 5.692/71, cujo 2º grau se caracterizava por uma dupla função: preparar para o prosseguimento de estudos e habilitar para o exercício de uma profissão técnica (BRASIL, 2000). Nessa nova identidade, o ensino médio procura trabalhar a formação humana, buscando desenvolver valores e competências que promovam o crescimento individual e coletivo da pessoa, aprimorando a sua formação ética e desenvolvendo a autonomia intelectual e o pensamento crítico. Essas competências devem permitir ao cidadão continuar seus estudos em níveis mais avançados e acompanhar as mudanças que caracterizam a produção do nosso tempo. Além disso, “o ensino médio após a LDB passou a considerar a diversidade do aluno como elemento essencial a ser tratado para melhoria da qualidade de ensino e aprendizagem” (BRASIL, 2000). Nesse sentido, cabe ao professor identificar essas particularidades e montar estratégias que possam colaborar para que essa especificidade não atrapalhe a aprendizagem. A LDB no seu artigo 26 trata da composição dos currículos da educação básica, orientando para que ele seja composto de uma base nacional comum, e por uma base diversificada que atenda as particularidades de cada unidade de ensino. O inciso primeiro deste artigo estabelece a obrigatoriedade desses currículos abrangerem quatro grandes áreas do saber, dentre elas, o conhecimento do mundo natural e físico (KANTOR, 2012). O estudo dessa área, segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para Ensino Médio, pretende, dentre outras habilidades e competências não menos importantes, que o educando reconheça a ciência como uma construção humana, e aproprie-se dos conhecimentos da Física, da Química e da Biologia para explicar e intervir no mundo natural. As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio foram criadas em 1998. Regulamenta sobre os princípios, fundamentos e procedimentos que devem ser observados por cada unidade de ensino na organização curricular e pedagógica e estabelece que toda a organização curricular deve ser orientada pelos valores apresentados na LDB (BRASIL, 1998). 16 As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, que expressam os princípios gerais e os pressupostos pedagógicos e filosóficos da LDB, estabelecem que, na organização do currículo e em situações de ensino e aprendizagem, deve-se estimular a curiosidade, a investigação e a criatividade do aluno, evitando a simples transmissão dos conteúdos curriculares. A razão dessa iniciativa é que os conteúdos não se encerram em si mesmos, mas devem ser instrumentos para o desenvolvimento de competências, de modo a proporcionar meios para o desenvolvimento intelectual, afetivo e social do educando, objetivo central do ensino médio (KANTOR, 2012, pag.17). Embora o currículo não envolva apenas conteúdos, mas também as relações humanas na sociedade, que envolvem questões relativas a gênero, ética e conflitos entre classes, com a massificação da educação, tornou-se necessário orientar sobre qual deveriam ser os conteúdos mínimos exigidos no currículo. Nessa perspectiva, surgiram os Parâmetros Curriculares Nacionais, em 1998, que se apresentam não como um currículo a seguir-se, mas como subsidio para orientar a escola na formulação de sua proposta curricular. Os PCN’s trazem não só as disciplinas básicas que devem compor a grade curricular, mas também alguns temas transversais que devem ser trabalhados a fim de promover no educando a plena formação cidadã, fortalecendo assim, o papel social da escola. Com isso, os Parâmetros Curriculares Nacionais se constituem como a principal referência para o trabalho docente das diversas áreas do ensino fundamental e médio, tendo como objetivo central garantir os conhecimentos básicos para o exercício da cidadania (BRASIL, 1998). Os PCN’s trabalham os conteúdos relacionados à Astronomia no ensino de Ciências Naturais no terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental, no eixo temático “Terra e Universo”. No terceiro ciclo, os conteúdos astronômicos abordados são voltados para uma concepção de universo com enfoque no sistema Terra – Sol – Lua, privilegiando atividades de observações diretas que permitam ao educando construir suas próprias concepções e explicações, até que surja a dúvida, que será o ponto de partida para o professor estabelecer uma nova interpretação dos fenômenos observados e incorporar o conhecimento científico atual sobre o fenômeno descrito. Para isso, o PCN para o ensino fundamental orienta que sejam realizados trabalhos voltados a observações do movimento do Sol, da Lua e das estrelas, a fim de promover a percepção da periodicidade desses fenômenos ao longo do ano. Além disso, essas diretrizes mostram a necessidade da elaboração de atividades práticas que permitam a localização espacial a partir das observações 17 dos astros como, por exemplo, a construção de um relógio de Sol6, que possibilita identificar os pontos cardeais e os colaterais pela sombra projetada por uma haste fixada ao solo durante boa parte do ano. Com isso, espera-se que o estudo do tema Terra e Universo no terceiro ciclo possibilite aos educandos “chegarem ao quarto ciclo concebendo o Universo sem fronteiras, onde está o sistema Terra – Sol – Lua” (BRASIL, 1998). No quarto ciclo, o PCN orienta que se comece a trabalhar a compreensão dos fenômenos mais distantes no tempo e no espaço, por exemplo, as referências de distância entre os astros, o conceito qualitativo da força gravitacional, a estrutura das galáxias e os modelos de Universo. É recomendado também que as observações diretas continuem, e possibilitem ao discente ao longo do ano identificar algumas constelações no céu e os planetas visíveis a olho nu. Nesse ciclo, segundo o PCN, é necessário trabalhar o significado histórico da troca do modelo geocêntrico pelo heliocêntrico para o pensamento ocidental, de maneira que o estudo sobre o sistema solar não fique restrito apenas a posição dos astros no céu, mas mostre também que o desenvolvimento desse modelo provocou profundas mudanças históricas e sociais durante os séculos XVI e XVII. Propõe-se ainda uma valorização da contribuição astronômica para o progresso tecnológico da humanidade, fruto do acúmulo de conhecimento e embates de ideias promovidos pela Astronomia. Também é proposto o estudo das estações do ano, relacionando-as com a diferença de iluminação a que estão submetidos os dois hemisférios terrestres no decorrer do ano. Em todo esse estudo, deve-se novamente considerar os conhecimentos que a humanidade apresentava em cada época, valorizando as explicações de outrora e lembrando que elas foram construídas dentro de circunstâncias históricas, sociais e tecnológicas que não permitiam as explicações atuais, destacando que o avanço da tecnologia ligada às observações e coleta de dados teve enorme influência no desenvolvimento da Astronomia (KANTOR, 2012, pag. 18). A Astronomia também faz parte das orientações curriculares para o ensino médio. Com a complementação dos PCNEM pelo PCN+ ensino médio, em 2002, 6 O relógio de Sol pode ser uma haste vertical bem reta fixada no chão liso, horizontal e a céu aberto, que projeta sombras diferentes nas várias horas do dia. Marcando o comprimento dessas sombras, os alunos podem elaborar explicações para o tamanho e a direção delas, compreendendo melhor a trajetória do Sol, marcando o nascente (ponto Leste), o poente (ponto Oeste) e o Norte-Sul pela perpendicular que faz a menor sombra a do meio-dia, em relação à reta Leste-Oeste. Por conta dos fusos horários, das convenções dentro do país e do horário de verão, o meio-dia oficial nem sempre corresponde com exatidão ao meio-dia observado (BRASIL, 1998). 18 tópicos de Astronomia e Cosmologia foram inseridos na área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias, no tema VI “Universo, Terra e Vida”. Embora não especifique o nome da disciplina onde devam ser ensinados esses tópicos, as suas unidades temáticas sugerem que estes se insiram na disciplina de Física. Ao propor o estudo das temáticas “Terra e Sistema Solar, O universo e Sua Origem e Compreensão Humana do Universo”, tópicos relacionados à disciplina de Física como as interações gravitacionais; o movimento da Terra, da Lua e do Sol; ordem de grandezas astronômicas e os principais modelos explicativos da origem e constituição do Universo são especificados. A terceira unidade temática “Compreensão Humana do Universo” traz um enfoque mais filosófico e cultural dos modelos do Universo, ao invés da característica mais científica abordada no ensino fundamental e nas duas primeiras temáticas do tema VI do PCN+ ensino médio. Essa abordagem é indicada para proporcionar aos educandos a visão cosmológica da ciência atual para que eles se situem temporal e especialmente no universo e compreendam as condições necessárias para o surgimento e evolução da vida na Terra. Mas seria, de acordo com tal texto, necessário que essa apresentação não se resumisse apenas às condições ambientais necessárias para a existência de vida e, em especial, à vida humana, sendo também importante discutir as implicações filosóficas decorrentes da existência da vida, colocando em evidência as relações que se estabeleceram entre Ciência e Filosofia no decorrer da história humana (KANTOR, 2012, pag.19). É importante salientar que tanto o PCN+ quanto o PCN trazem alguns aspectos de suma importância ao ensino de Astronomia, assumindo que este não seja apenas um conteúdo informativo e sim uma ferramenta que induza o aluno a pensar e agir em meio a seu cotidiano. No entanto, é necessário que se entenda a Astronomia não como um conteúdo isolado ou mais uma disciplina da grade, mas como parte das disciplinas de Ciências no Ensino Fundamental e da Física no ensino médio (KANTOR, 2012). Nessa perspectiva, dentre vários outros aspectos sugeridos, o PCN e PCN+ ressaltam a importância do ensino de Astronomia voltado para a formação cidadã do aluno, buscando alternativas para que esse discente se situe no mundo utilizando o pensamento cientifico como uma ferramenta cognitiva. 19 Capítulo 3 Metodologia A sequência de ensino aprendizado “O uso do Stellarium como Estratégia para o Ensino de Astronomia” foi elaborada com o objetivo de inserir conceitos de Astronomia nas aulas de Física do ensino médio numa escola da rede pública de ensino do estado de Mato Grosso. Para isso, foram elaborados alguns materiais e desenvolvidas algumas estratégias para alcançar o objetivo geral proposto. A seguir, tem-se uma breve explanação das principais etapas realizadas para elaborar a sequência e promover a sua aplicação. Motivação: nessa etapa, procurou-se trabalhar a motivação dos educandos do ensino médio para participarem do projeto de ensino de Astronomia que foi desenvolvido para aplicação dessa sequência. Para tal, foram realizadas palestras no auditório da instituição, observações utilizando um telescópio refletor de 11’’, observações do céu a olho nu e discussões dos fenômenos observados durante os encontros. Concepções iniciais: Antes de iniciar a confecção da sequência, foi elaborado um questionário de concepções iniciais, que se encontra no apêndice 1 deste trabalho, contendo questões abertas sobre alguns conceitos astronômicos que devem ser ensinados nas aulas de ciências do ensino fundamental segundo os PCN’s, tais como: aspectos das fases da Lua, o movimento do Sol no céu, o sistema solar e as estrelas. A finalidade desse questionário foi verificar os conhecimentos prévios dos discentes e analisar os principais subsunçores presentes em sua estrutura cognitiva referentes à Astronomia. O questionário continha ainda algumas perguntas com o objetivo saber o que eles gostariam de estudar em Astronomia e se conheciam algum software que simulava fenômenos astronômicos. Confecção da sequência: Com base nos dados obtidos após a análise do questionário de concepções iniciais, iniciou-se a elaboração da sequência didática. Nessa etapa foram escritos três textos de apoio para servir de organizadores prévios durante a aplicação da sequência, já que ficou explícita a falta de subsunçores para aprender alguns fenômenos que se pretendiam ensinar nas aulas com o software. Além disso, foi confeccionado um manual contendo os principais comandos e funções do programa, a fim de proporcionar os saberes técnicos necessários para 20 utilizar o aplicativo durante a resolução das atividades de simulação, que também foram preparadas durante essa etapa. Aplicação da sequência: Com todas as atividades e textos de apoio montados, começou a fase de aplicação da sequência, que se iniciou com uma conversa e uma aula expositiva sobre conceitos básicos de Astronomia utilizando o Stellarium, continuando com mais quatro encontros no laboratório de informática da instituição com a realização de aulas expositivas e simulações contemplando aspectos do sistema solar, do ciclo evolutivo das estrelas e um estudo específico do fenômeno das fases da Lua. Avaliação: durante toda a aplicação da sequência, ao final de cada atividade, o aluno poderia julgar se aquela atividade de fato lhe proporcionou uma melhora significativa no seu aprendizado sobre o tópico estudado. Com isso, foi possível identificar quais mecanismos da sequência necessitavam de mudança e os pontos positivos apontados. Além disso, a avaliação levou em consideração as observações registradas durante as aulas e a resolução das atividades. Por fim, no término da sequência, foi aplicado um segundo questionário para verificar qualitativamente e quantitativamente se essa estratégia surtiu ou não resultado no aprendizado deles. Nos tópicos seguintes deste capítulo, serão apresentadas as principais atividades desenvolvidas em cada etapa dessa sequência de ensino e aprendizagem. Embora elas não mostrem integralmente o trabalho realizado ao longo dos quatro meses do primeiro semestre de 2016 em que esse projeto foi realizado, ainda assim elas demonstram parcialmente como se construiu o processo de elaboração de material didático, as atividades práticas realizadas e os mecanismos de avaliação aplicados durante esse projeto. 3.1. Motivação A primeira etapa consistiu em divulgar o projeto buscando conseguir alunos para participar de suas atividades. Embora a Astronomia em si seja um atrativo no ensino, o fato de ser um professor recém-chegado na escola e do projeto ser executado no contra turno acabaram tornando essa etapa essencial para o recrutamento de alunos voluntários. O termo “voluntário” foi empregado por que muitos dos 20 alunos que participaram do projeto não integravam as turmas em que 21 as aulas de Física eram ministradas por mim. Além disso, não foi ofertada nota nem qualquer outra forma de recompensa, se não o próprio conhecimento, para a participação. A etapa de motivação começou no dia 08/04/2016 com uma palestra, ministrada por mim, em comemoração ao dia Internacional da Astronomia intitulada “Conhecendo o Céu”7, promovido pelo Clube de Astronomia (CAPEL) do Instituto Federal de Mato Grosso, no auditório do campus Pontes e Lacerda. Para participar da palestra, foram convidados alunos da Licenciatura Plena em Física e do ensino médio integrado ao ensino médio dos cursos de controle ambiental, informática e administração. Nessa palestra foram mostradas algumas curiosidades astronômicas e foi feita uma breve discussão de conceitos relacionados à cosmologia. Essa ação também possibilitou informar sobre o projeto que iria iniciar-se no campus e as condições para participar do mesmo. Dando continuidade ao processo de divulgação, convidamos os alunos do nível médio para participarem de três eventos de observação do céu utilizando um telescópio, que seriam promovidos pelos professores de Física da instituição. Esses eventos foram dispostos da seguinte maneira: Observação da Lua no dia 19/04/2016 a partir das 19 h. Observações da Lua, Júpiter e Saturno no dia 18/05/2016 a partir das 19 h. Observações do Sol no período matutino; Saturno, em seu perigeu, e de Marte no dia 03/06/2016 a partir das 19 h. Na primeira observação da Lua, utilizou-se o telescópio da instituição e durante as observações, que também foram estendidas ao público do nível superior, foram feitas explanações sobre o aspecto de fases da Lua e de seu movimento em torno da Terra. As reações do público foram diversas. Muitos não acreditavam e outros repetiam as observações várias vezes a fim de contemplar o astro e verificar o seu relevo, uma vez que o telescópio utilizado tem um alcance que permite identificar diversas crateras na superfície lunar. A partir do segundo evento de observação, começamos a utilizar os recursos do Stellarium para projetar a imagem do astro observado na parede do laboratório de Física. Dessa maneira, quando surgiam algumas perguntas, por exemplo, sobre a distância dos planetas em relação à Terra ou como seriam as luas dos planetas observados, utilizávamos a simulação 7 Informações sobre a palestra no link: https://www.youtube.com/watch?v=p8mQ2kmhJ80 22 para dar um aspecto mais visual às justificativas sobre o fenômeno questionado. Durante as observações do Sol, figura 3.1B, orientamos sobre a necessidade de utilizar um filtro protetor. Esses filtros evitam a queimadura de células visuais que podem provocar patologias irreversíveis ao olho humano. Figura 3.1: Algumas imagens das atividades de divulgação desenvolvidas no campus, 1A – Verificação do alcance do telescópio refletor utilizado; 1B – observação do Sol e das manchas solares. 1C – Divulgação da palestra “Conhecendo o Céu”. 1D – Início das observações de Saturno e Marte. Fonte: Acervo do autor. Em todos os eventos de observação ilustrados na figura 3.1, falávamos que iríamos aplicar uma sequência de ensino aprendizagem para sanar algumas dúvidas apresentadas sobre os astros, e com isso os alunos começaram a questionar quando seria este início. A partir daí, iniciou-se a fase de captação de voluntários para participar do projeto. Isso foi feito com ajuda dos professores das diferentes áreas de ensino que passaram uma lista nas turmas do ensino médio a fim de verificar o número de alunos que realmente se interessariam a frequentar as aulas no período vespertino e, surpreendentemente, 39 alunos se mostraram dispostos a assisti-las. Como o único tempo livre era o turno vespertino, foi dada preferência aos alunos do turno matutino, preenchendo assim as 20 vagas com alunos do primeiro, segundo e terceiro ano do ensino médio. Foram escolhidos apenas 20 alunos 23 porque no laboratório só existem 20 máquinas em pleno funcionamento e uma experiência prévia mostrou que esta exigência era realmente necessária. 3.2 Concepções Iniciais Sendo o conhecimento prévio do aluno um fator determinante para a aprendizagem significativa, e sendo o objetivo central deste trabalho produzir um material potencialmente significativo para o ensino de Astronomia no ensino médio, essa etapa teve o objetivo de identificar qual o conhecimento de Astronomia o discente trazia consigo. Para isso, foi elaborado um questionário de concepções iniciais contendo questões abertas que exploravam conceitos do sistema Terra – Sol – Lua proposto no eixo temático “Terra e Universo” do PCN para ensino fundamental. Escolheu-se está vertente por acreditarmos que os alunos já teriam vivenciado esses conceitos dentro das aulas de ciências no ensino fundamental, e assim, seria mais fácil identificar os subsunçores, caso existissem em sua estrutura cognitiva. Além disso, o questionário de concepções iniciais buscou verificar há quanto tempo esses educandos tinham estudado temas relacionados à Astronomia e em qual disciplina, com a finalidade de verificar qual a importância que os professores do ensino fundamental deram a esse tópico. Aspectos sociais também foram pesquisados no questionário. Com isso, foi possível obter algumas informações relevantes como, por exemplo, o número de alunos que tinham computadores em sua residência e quais possuíam celulares com acesso a redes sociais, isso foi importante na montagem do grupo de whatsapp para passar algumas. Informações necessárias no decorrer das atividades da sequência e no envio de exercícios e textos no e-mail que foi criado. Os questionários foram aplicados durante a última semana de maio de 2016 e, ao invés de aplicá-lo apenas aos alunos que tinham mostrado interesse em participar do produto, resolvemos aplicar para todas as turmas de primeiro ano, duas turmas de segundo ano e duas turmas de terceiro. Com isso, obtivemos 130 questionários que se tornaram o cerne dessa sequência. Por meio deles foi possível identificar quais subsunçores se encontravam presentes na estrutura cognitiva dos educandos e como deveriam ser elaborados os organizadores prévios para estabelecer a ponte entre o novo conhecimento e o já 24 existente na estrutura mental deles. O questionário de concepções iniciais também serviu de parâmetro para a avaliação final, pois as informações obtidas puderam ser confrontadas com o questionário de “concepções finais” aplicado ao término da sequência de ensino e aprendizagem, possibilitando criar gráficos e extrair algumas informações que ajudaram a avaliar se de fato a estratégia adotada auxiliou na aprendizagem significativa ou se estabeleceu mais um processo mecânico. Outro ponto relevante apontado pelos questionários foi saber o que os alunos gostariam de estudar dentro da Astronomia, permitindo trabalhar a predisposição do aluno em aprender. Porém, vale salientar que isso não pode ser literal. O professor tem que organizar o conteúdo de forma lógica, pensando na melhor maneira de potencializar o material para uma aprendizagem significativa, e haverá determinados momentos em que aquilo que se deve ensinar pode não ser de interesse do aluno, mas isso não pode e nem deve influenciar na escolha do conteúdo que realmente é necessário. 3.3 Confecção da Sequência A sequência de ensino aprendizagem “O uso do Stellarium como Estratégia para o Ensino de Astronomia” foi elaborada com base nas informações adquiridas com o questionário de concepções iniciais, e tem a finalidade de ser um material potencialmente significativo no processo de construção do conhecimento de tópicos de Astronomia no ensino médio. É composta por três textos de apoio, quatro atividades práticas e um manual contendo as principais funções do software utilizado para fazer as simulações, o Stellarium. A organização desse material e a função de cada um no processo de construção da sequência são explanadas a seguir. 3.3.1 Textos de Apoio e Atividades Práticas Os textos de apoio confeccionados nessa sequência constituem-se como organizadores prévios no processo de ensino aprendizagem. Eles foram elaborados com base nas informações obtidas com a aplicação do questionário de concepções iniciais e se configuram como uma importante ferramenta para aquisição de novos subsunçores pelos educandos. O texto de apoio I, intitulado “Conhecendo a Lua”, foi 25 confeccionado para trabalhar com os aspectos de fases da Lua, o movimento desse satélite em torno da Terra, a atmosfera lunar, a composição do solo lunar, as viagens do homem à Lua e a origem do nosso astro mais próximo. Ao final desse texto encontra-se uma atividade prática cuja resolução é voltada às simulações com o software livre Stellarium. Essas atividades abordam questionamentos sobre as fases da Lua, distância do nosso satélite natural em relação a Terra, as diferentes magnitudes da Lua ao longo do mês e a confecção de um calendário lunar utilizando o recurso de simulações. No texto de apoio II, “Conhecendo o Sol e o Sistema Solar” são abordados aspectos conceituais sobre o Sol e a nova classificação do sistema solar que ocorreu após descobertas recentes de corpos celestes conhecidos como planetas anões. O texto se inicia com uma breve explanação sobre o significado do Sol para algumas civilizações antigas, trazendo informações sobre a sua influência para a origem da Astronomia, a luminosidade emitida por ele, o processo de fusão nuclear em seu interior e um estudo sobre as camadas que o compõe, como: a coroa solar, a cromosfera, fotosfera e as zonas convectiva, radiativa e de transição. Em seguida, começa o estudo dos planetas do sistema solar, abordando as principais características de cada um deles e a inserção dos quatro novos planetas anões e o rebaixamento de Plutão a essa categoria em 2006. Ainda sobre o sistema solar, o texto faz referências ao cinturão de asteroides localizado entre as órbitas de Marte e Júpiter, e do cinturão de Kuiper situado além de Netuno. Ao término, o leitor encontra a atividade prática II que trabalha simulações voltadas para o sistema solar, dando ênfase ao estudo da localização dos corpos celestes, do movimento aparente do Sol no céu, das distâncias entre os astros e de outros conceitos importantes para a compreensão do movimento dos planetas e demais corpos que constituem o sistema solar. O texto de apoio III, que explana sobre “O Ciclo Evolutivo das Estrelas”, foi confeccionado para “atender” às solicitações dos educandos. Embora já fosse objeto de estudo dessa sequência, esse tema foi o mais solicitado quando perguntados sobre “o que gostariam de estudar em Astronomia”, no questionário de concepções iniciais aplicado. Como esse tema exige um conhecimento astronômico mais refinado, na confecção do texto tivemos uma preocupação em trabalhar o processo de fusão nuclear que ocorre no interior das estrelas, como ocorre a formação de uma estrela a partir de uma nebulosa (nuvem molecular) e demos ênfase ao estudo 26 do diagrama Hertzsprung-Russel, mostrando aos discentes que a maior parte da vida de uma estrela se passa na sequência principal desse gráfico. Na sequência do texto, foi trabalhada a fase final da vida de uma estrela e como a massa inicial da protoestrela determina o seu fim. Ao longo de todo o texto o aluno encontra imagens reais e outras ilustrativas que tem a função de resgatar algum subsunçor na forma de símbolo que tenha apreendido em alguma época do seu estudo ou de sua vida. Assim como os demais, no final do texto o educando encontra uma série de atividades de simulação com Stellarium abordando o estudo das estrelas e do espaço profundo. 3.3.2 Manual do Stellarium e Instalação do Software O manual contendo os principais comandos e funções do Stellarium foi confeccionado com o objetivo de otimizar o tempo de familiaridade com o Software pelos educandos. Embora seja um programa com comandos simples, o uso das teclas de atalho e de algumas funções o potencializa ainda mais como uma ferramenta educativa para o ensino de Astronomia. Nesse manual, o leitor encontra informações relativas a cada janela da barra de menu vertical e horizontal do programa, além de uma tabela contendo os símbolos, suas teclas de atalho e a função que cada uma exerce na memória do software. Com isso, ferramentas como a função “projeção”, pouco utilizada pela maioria dos navegadores desse programa pode ser descoberta e utilizada para trabalhar os variados problemas da Astronomia de posição. O manual traz ainda informações sobre importantes ferramentas da barra de menu horizontal, que dentre outras funções tem o controle do tempo, que permite simular fenômenos que ocorreram há séculos e prever outros que ainda irão acontecer, como o próximo perigeu de Plutão. Além disso, uma tabela contendo teclas de atalho adicionais mostra os comandos de zoom, centralizar objeto, linhas imaginárias e acelerar a passagem do tempo em horas, dias e semanas. Mesmo sendo um software livre, o Stellarium é pouco conhecido no universo escolar, o que acaba impedindo que muitos educandos usufruam desse recurso durante as aulas de Física ou nas horas vagas na escola. Como esse programa constitui-se na principal ferramenta explorada na sequência, observamos a necessidade de instalá-lo nas máquinas do laboratório de informática n° 39 da 27 instituição. Esse laboratório foi escolhido por ser menos utilizado pelos professores e alunos da área técnica do campus e possuir o recurso de multimídia composto por home theater e data show instalados, o que é excelente para projetar as simulações com o software e assistir vídeos. O processo de instalação do software foi rápido, na penúltima semana do mês de maio, com a colaboração da equipe de técnicos em TI do campus, baixamos o software na plataforma < www.stellarium.org/pt/> e o instalamos nas 22 máquinas que compõe o laboratório. 3.4 Aplicação da sequência Terminada a fase de confecção da sequência de ensino aprendizado iniciouse a fase de aplicação. Para conclusão desta etapa, foram necessários seis encontros, sendo o primeiro utilizado para aplicação do questionário de concepções iniciais – que serviu de base para a elaboração do material didático – e os demais foram destinados às aulas expositivas e às simulações com Stellarium propostas durante a aplicação da sequência. Esses encontros tinham duração de duas horas, sendo dividido em duas aulas de cinquenta minutos e um intervalo de vinte minutos cada, exceto, o primeiro e o último encontro que tiveram duração de cinquenta minutos, pois foram destinados à aplicação dos questionários de concepções iniciais e finais. A tabela 3.1 mostra as atividades promovidas em cada encontro, bem como a data e hora de sua realização. Quadro 1 – Cronograma com as principais atividades realizadas durante a sequência de ensino aprendizado “O Stellarium como Estratégia para o Ensino de Astronomia”. AULAS DATA/HORA 1°aula 2° aula RECURSOS UTILIZADOS DURAÇÃO 23/05/2016 à Aplicação do questionário de concepções 27/05/2016. iniciais sobre conhecimentos de Astronomia. 50 min. Aula expositiva com Datashow abordando marcos históricos e aspectos conceituais da Astronomia. 35 min. 21/06/2016 Início: 14 H Vídeo sobre a teoria do Big Bang e debate com a turma. 15 min. Atividade prática I com os comandos do Stellarium utilizando o manual do Stellarium 50 min. 28 disponibilizado no apêndice 2 deste trabalho. 3° aula 24/06/2016 Início: 14 H 4° aula 28/06/2016 Início: 14 H 5° aula 30/07/2016 Início: 14 H 6°aula 05/07/2016 Início: 14 H Vídeo sobre as fases da Lua e discussões. 15 min. Aula expositiva e debate sobre os aspectos abordados no texto de apoio I. 35 min. Atividade prática II. 50 min. Aula expositiva (apresentação de trabalho em grupo) e debate sobre os aspectos abordados no texto de apoio II. 50 min Atividade prática III. 50 min. Aula expositiva e debate sobre os aspectos abordados no texto de apoio III. 50 min. Atividade prática IV 50 min. Aplicação do questionário de concepções finais sobre conhecimentos de Astronomia. 50 min. 3.5 Avaliação A avaliação da aprendizagem nessa sequência foi feita mediante análise dos questionários de concepções inicial e final, pela observação das atividades realizadas durante todo o período de aplicação da sequência e por meio da análise dos conceitos apresentados pelos alunos durante as discussões. Para isso, ao final de cada atividade, eram recolhidos os cadernos de questões para serem corrigidos e devolvidos na aula seguinte. Isso permitiu identificar erros conceituais e dificuldades com os comandos do software durante as simulações. Ao devolver os cadernos com os apontamentos de erros e acertos, dava-se um tempo para os alunos refazerem as atividades com mediação do professor, que algumas vezes fazia uma revisão da parte conceitual na lousa ou utilizava o recurso de projeção para solucionar as dificuldades relacionadas às funções do programa. Com isso, o método de avaliação permitiu a recursividade nas atividades, satisfazendo um dos requisitos apontados na avaliação da aprendizagem significativa segundo Ausubel. Nessa perspectiva, os erros detectados com a análise das atividades servem de ponto de partida para inserção de novos conhecimentos e estratégias para solucionar os problemas, não tendo sido usado para punir o aluno. 29 Outro método utilizado durante as aulas foi pedir para os alunos explicarem aquilo que aprenderam. Para isso, no decorrer das discussões, uma problemática era estabelecida e solicitava-se que algum integrante da turma tentasse solucionar o questionamento feito pelo professor. Esse integrante fazia uma breve explanação da parte conceitual do fenômeno e depois mostrava a combinação de comandos utilizados para simular o evento. Com isso, foi possível avaliar se o educando era capaz de externar o conhecimento adquirido com as aulas expositivas e os recursos de simulação. Embora seja mais trabalhosa, essa estratégia permite verificar como o subsunçor se apresenta na estrutura cognitiva do aluno, pois se o educando apresentar dificuldades com a parte conceitual implica que o mesmo não possui um conhecimento estabilizado em sua mente, o que exige uma revisão do conteúdo proposto ou até mesmo uma mudança na metodologia usada. Ao longo das aulas, também desenvolvemos diversos momentos de discussões sobre alguns vídeos que foram mostrados no início do segundo e terceiro encontros. Esses vídeos serviram de tema norteador para o início das atividades dessas aulas. Nesses diálogos, era possível notar como cada aluno posicionava-se frente aos assuntos propostos. A partir daí, eram feitos alguns registros da fala desses educandos, por meio de filmagem, que serviram para modificar alguns aspectos da sequência durante a aplicação. Além disso, foi possível observar que alguns questionamentos dos jovens fugiam dos conteúdos propostos na sequência o que nos motivou a criar um grupo numa rede social e um e-mail para turma, com a finalidade de continuar essas discussões e enviar materiais que pudessem orientá-los durante esses debates “virtuais”. Esse mecanismo também foi encarado como passível de avaliação, uma vez que, com a participação do professor, havia a possibilidade de mediar os debates e avaliar se as diversas proposições colocadas pelos alunos estavam de acordo com o saber científico a respeito do fenômeno. Por fim, aplicamos um questionário de concepções finais que também pode ser chamado de pós-teste, não no sentido de um exame com caráter puramente mecânico, mas como um complemento para as observações e a análise das miniapresentações realizadas pelos discentes durante as aulas. Nesse questionário foram elaboradas questões de Astronomia direcionadas aos conceitos do sistema Terra – Sol – Lua e do ciclo evolutivo das estrelas, além de perguntas sobre a sequência em si, por exemplo: Qual o conhecimento proporcionado com as 30 atividades de simulação? O Stellarium foi um facilitador no entendimento da Astronomia? Dentre outros questionamentos que buscavam evidências da aprendizagem significativa. Ao contrário do método mecânico, na aprendizagem significativa devemos buscar evidências de sua ocorrência, e isso exige estratégias de observações mais sérias, que mostrem de fato a realidade do processo como um todo, evitando usar o recurso do certo ou errado como predominante para a avaliação do conhecimento. 31 Capítulo 4 Resultados Esta seção é dedicada à análise dos resultados obtidos com as diferentes estratégias de avaliação que desenvolvemos e ao relato das principais experiências adquiridas durante as aulas expositivas da sequência de ensino aprendizagem proposta. Para isso, foram explorados os dados dos questionários de concepções iniciais e finais e das atividades realizadas no decorrer da aplicação da proposta de ensino, bem como das principais observações dos aspectos conceituais externados pelos alunos. É importante frisar que o questionário de concepções iniciais foi o cerne para elaboração do material didático, e por isso ele foi aplicado com antecedência de aproximadamente um mês em relação ao início das atividades no laboratório de informática. Como eles foram aplicados para diferentes turmas do ensino médio, resolvemos tabular os dados de todos no sentido de avaliar o quanto o ensino de Astronomia estava presente ou não na estrutura cognitiva desses jovens. Já as observações dos demais questionários e atividades foram utilizados para verificar se a estratégia proporcionou uma aprendizagem significativa ou meramente mecânica para o grupo dos vinte alunos que participaram da aplicação da sequência, que foram destacados após início da sequência de ensino. 4.1 Resultados dos Questionários de Concepções Iniciais O questionário de concepções iniciais foi aplicado para 130 alunos dos três níveis do ensino médio de uma escola pública do oeste mato-grossense, sendo 44 do primeiro ano, 48 do segundo e 38 do terceiro. Os alunos que participaram da aplicação da sequência saíram desse grupo, já que a resolução do questionário foi uma das condições que estabelecemos como critério de inserção no projeto, além da disponibilidade de horário. Com esses resultados, construímos o material didático que se encontra no apêndice 1 deste trabalho e pudemos usá-los para identificar aspectos da aprendizagem significativa quando os seus resultados foram somados aos obtidos com as demais atividades realizadas e suas respectivas análises. Nessa subseção, serão discutidas algumas respostas dos educandos às questões do pré32 teste. Essas respostas foram avaliadas e confrontadas, em alguns casos, com posições teóricas que manifestam opiniões a respeito da abordagem. Também usamos as informações coletadas para montarmos gráficos que ilustram o entendimento de alguns resultados e possibilitam fazer correlações entre as questões, a fim de encontrar alguns fatores determinantes para tal resultado. 4.1.1 Acesso aos Recursos Computacionais A primeira pergunta do questionário procurou verificar o acesso dos jovens pesquisados às tecnologias da informação e comunicação. Para isso, eles responderam perguntas à respeito dos principais recursos computacionais que possuíam: se tinham acesso à internet e se utilizavam esses recursos como apoio ao ensino. Os resultados obtidos a partir desses questionamentos encontram-se no gráfico 4.1. 140 130 130 117 N° de Alunos 120 114 94 100 73 80 57 60 36 40 16 13 20 0 Sim Não 0 0 Acesso à Uso os Acesso à Acesso à Possui Usa o celular internet. recursos das internet em internet na celular com na escola. TIC's como casa. escola. acesso às apoio ao redes ensino. sociais. Gráfico 4.1: Informações de como os educandos pesquisados estão inseridos no universo da TIC's. A análise desse gráfico mostra o quanto as TIC’s estão inseridas na vida dos jovens. Como se pode notar, todos os alunos pesquisados nessa escola possuem acesso à internet, seja em casa ou na escola. Porém, uma observação faz-se necessária. Enquanto o maior percentual de acesso à internet é na escola, que 33 oferece a esses discentes pleno uso desse recurso, a segunda coluna, da esquerda para a direita, aponta que apenas 44% dos pesquisados utilizam esse instrumento como apoio ao ensino. Isso permite constatar que embora exista a oferta de internet gratuita dentro da unidade escolar, a mesma está sendo usada para outros fins que não são educacionais. Com isso, o propósito educacional das TIC’s parece não ser cumprido e a sua potencialidade como ferramenta de universalização da educação fica diminuída. Outro fato importante é que 88% destes discentes possuem aparelhos de celular ou smartphones com acesso às redes sociais e 72% usam o celular na escola. Isso, mais o número acima, evidencia que essa ferramenta está se caracterizando como recurso de lazer para os alunos dessa escola e não como um instrumento pedagógico. Segundo Rischbieter (2009), a escola deve explorar os recursos de pesquisa e transporte de bens culturais oferecidos pelo celular. Saber usar essa tecnologia é considerar o sujeito na sua dimensão integral. No entanto, essa reflexão deve ser feita com cuidado, como mostrado no gráfico 4.1. Dos alunos que responderam o questionário 66,15% não consideram essa ferramenta como meio de promoção do conhecimento. Vale ressaltar também, a importância do professor nesse processo de reconhecimento da tecnologia durante o processo de ensino. Nesse sentido, no decorrer da aplicação da sequência de ensino e aprendizagem, criamos um grupo de whatsapp que muito nos auxiliou nessa etapa, pois, por meio dele promovíamos discussões e atividades sobre Astronomia, o que permitiu estender os assuntos explanados em sala, otimizando o tempo e servindo de processo de avaliação da aprendizagem, já que em muitos debates os alunos faziam exposição de conceitos importantes de Astronomia. Embora os dados do Gráfico 4.1 revelem o contato destes alunos com o mundo tecnológico, parece que os softwares educacionais são uma realidade distante da vivenciada por esses jovens. Informações do gráfico 4.2 mostram que praticamente todos os alunos desconhecem essa ferramenta de ensino. Dos 130 alunos que fizeram o pré-teste, apenas 17 deles afirmaram conhecer algum software educativo, sendo que destes, somente 3 citaram o Stellarium. Os demais citaram o Google Earth8, Carta Celeste9 e a plataforma Phet10 colorado. Isso mostra que esse 8 Google Earth é um programa que apresenta um modelo tridimensional do globo terrestre. Carta Celeste é um aplicativo de celular que mostra um mapa informativo dos astros; bastando para tal, apontar o celular na direção do objeto desejado. 9 34 recurso não deve ser utilizado pelos professores dessa escola como estratégia de ensino. Talvez isso explique o fato da maioria dos discentes pesquisados usarem seus recursos tecnológicos para coisas que não são ligadas ao ensino. Conhecimento sobre softwares educativos 140 113 120 N° de alunos. 127 123 100 80 Sim 60 Não 40 20 17 7 3 0 Conhece software educacional. Conhece software tipo planetário. Citou o Stellarium Gráfico 4.2: Resultados das perguntas relativas ao uso de softwares educacionais pelos discentes. Segundo Serafim e Souza (2011), é importante que o professor se aproprie das TIC’s para que esses recursos sejam sistematizados à sua prática docente, ressaltando que a mediação e aplicação dos recursos tecnológicos na sala de aula pelo professor dependem de como ele entende esse processo de transformação que o mundo e a escola estão sofrendo. De como ele se sente em relação a essas transformações, se ele julga essa inserção como algo positivo ou se sente incomodado em relação a essa nova realidade. Nessa perspectiva, o uso do software Stellarium possibilitou inserir esse tipo de material didático na vivência dos vinte educandos que frequentaram as aulas e aos demais alunos que foram de forma indireta influenciados por eles, uma vez que nesse período foi comum observar os alunos comentando com seus colegas sobre as atividades que realizavam nas aulas de Astronomia que ofertamos. 10 Phet Colorado é uma plataforma interativa que cria simulações gratuitas de Matemática e Ciências. 35 4.1.2. As principais disciplinas que ofertaram tópicos de Astronomia Também fizemos questionamentos mais particulares, que visaram estimar a quanto tempo os discentes estudaram o conteúdo de Astronomia, assim como verificar em qual disciplina a oferta desses conteúdos ocorreram com maior frequência. Os dois gráficos a seguir trazem informações dos resultados obtidos com esses questionamentos e uma breve discussão das observações que julgamos mais relevantes para o entendimento do público que receberíamos durante as aulas. Disciplinas que ofertaram tópicos de Astonomia segundo os discentes. 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 84 20 11 11 4 Física Geografia Ciências Biologia Não se lembra Gráfico 4.3: Os resultados deste gráfico nos mostram o número de alunos que citaram as disciplinas que ofertaram tópicos de Astronomia durante sua vida discente. Embora não seja o interesse principal deste trabalho, os dados obtidos no Gráfico 4.3 permitem observar que as disciplinas de Física, Ciências e Biologia foram as menos citadas pelos discentes. Essas matérias, junto com a Química (que não foi mencionada nos questionários), compõem o currículo do ensino médio voltado para a grande área do conhecimento – Ciências da Natureza e suas Tecnologias. Notamos que apenas 11 fizeram menção de assuntos relacionados à Astronomia nas aulas de Física e 4 alunos em Biologia. Posteriormente questionados sobre como estudaram esse assunto, aqueles que abordaram a disciplina de Física afirmaram tê-lo estudado por um curto período durante o estudo da Gravitação Universal, e os alunos que mencionaram Biologia, afirmaram terem confundido a disciplina de Biologia com a de Ciências que é ofertada no ensino 36 fundamental. Sendo assim, a orientação feita nos PCN + ensino médio para o estudo do eixo temático “Universo, Terra e Vida” parece não ser seguida por parte dos professores dessa escola, e quando seguidas, apresentam pouca preocupação sobre conceitos astronômicos além do ensino das leis de Kepler e do ensino da gravitação universal de Newton. Isso ficou evidente após observarmos que as atividades realizadas por esses discentes, quando estudaram esses conteúdos, eram restritas a cálculos sobre as órbitas dos planetas e a força gravitacional, sem estabelecer qualquer menção a temas mais atuais da Astronomia. Prevalece, portanto, o aspecto matemático desses dois tópicos em relação ao contexto histórico e cultural que envolveu essas descobertas astronômicas ao longo dos séculos. Outros resultados importantes podem ser retirados do gráfico 4.3, dentre eles o alto percentual de alunos (65%) que afirmaram ter estudado conceitos astronômicos na disciplina de Geografia, contrapondo-se ao baixo índice de citações da oferta desse assunto na disciplina de Ciências. Há quanto tempo estudou o conteúdo de Astronomia (sistema solar, fases da Lua, estrelas, etc.)? 30 26 25 N° de alunos. 20 20 15 17 1° ano 13 10 10 7 5 2° ano 11 10 7 6 3° ano 2 1 0 mais de 3 anos entre 1 e 2 anos menos de 1 ano não se lembra Gráfico 4.4: Tempo que os discentes estimam ter estudado algum tópico de Astronomia. Relacionando as informações dos gráficos finais, podemos estimar que a oferta desse conteúdo ocorreu com maior periodicidade no ensino fundamental, uma vez que 38% dos entrevistados declararam tê-lo estudado há mais de 3 anos, ao passo que apenas 29% lembram ter visto aspectos dessa ciência há menos de dois anos, sendo que destes, somente três são do terceiro ano do ensino médio, que também foi a série que apresentou maior quantidade de alunos que não se lembram 37 de ter estudado tópicos de Astronomia . Esse item da pesquisa revela que 34% dos discentes não tem nenhuma lembrança de ter estudado essa ciência em algum momento de sua trajetória discente, o que pode ser entendido como ausência de sua presença no currículo das instituições que esses discentes frequentaram. A análise dessas perguntas também permite deduzir que a disciplina de Ciências de fato não foi determinante para o ensino desse conteúdo, conforme as orientações dos PCN para o terceiro e quarto ciclo do ensino fundamental, mas sim, a disciplina de Geografia que não tem esses assuntos relacionados ao seu currículo segundo os PCN, fazendo apenas um estudo de localização por meio de coordenadas geográficas e pontos cardeais. No entanto, ao procurar um grupo de alunos que responderam ter visto esse estudo em Geografia, a maioria afirmou que estudaram sobre o sistema solar e os modelos de universo dentro dessa disciplina. O que mostra que embora a Astronomia seja uma ciência encarada como objeto de estudo da grande área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, frequentemente ela permeia outras áreas do saber, e dentre essas a Geografia. Porém, os resultados mostraram a necessidade de resgatar o ensino dessa ciência nas aulas de Física no ensino médio, procurando não só atender as orientações dos PCN, mas também sanar a lacuna identificada no currículo das intuições frequentadas por esses discentes durante o ensino fundamental. 4.1.3 O Conhecimento Prévio de Astronomia Com a intenção de conhecer os conceitos astronômicos presentes na estrutura cognitiva dos educandos, elaboramos perguntas sobre o sistema Terra – Sol – Lua no pré-teste que foi aplicado. Essa temática foi levada em consideração baseado nas orientações dos PCN’s para o terceiro e quarto ciclo do ensino fundamental. Isso permitiu verificar a existência de subsunçores que poderiam servir de ideia-âncora para aquisição de novos conhecimentos, bem como identificar quais assuntos deveriam ser contemplados na estrutura dos textos de apoio para que os mesmos exercessem a função de organizadores prévios no material didático. 38 Quando olhamos para o céu numa noite sem nuvens o que é possível ver? 130 140 N° de alunos. 120 102 100 80 Frequência de citações. 60 40 23 20 12 0 Lua Estrelas Satélites Planetas O gráfico 4.5: Frequência dos astros citados pelos alunos nas respostas. Como podemos notar, 100% dos alunos que responderam ao questionário reconhecem a presença das estrelas no céu noturno. No entanto, o mesmo percentual não se aplicou à Lua (78%), aos satélites (18%) e nem aos planetas (9%). Isso mostra que a observação do céu a olho nu não é uma atividade recorrente na vida destes discentes, pois o baixo índice de citações dos planetas que podem ser vistos a olho nu e a ausência de outros objetos astronômicos, tais como meteoros, galáxias e constelações, remetem a concepções de senso comum e não a observações diretas conforme instruções dos PCN’s tanto para o nível fundamental, quanto para o ensino médio. Isso é o reflexo da baixa oferta dessa ciência nas duas modalidades de ensino, conforme ficou exemplificado no gráfico 4.4, no qual 34% dos estudantes pesquisados já não se lembram da última vez em que estudaram assuntos de Astronomia na educação básica. Isso contribui para a formação de uma geração que, embora esteja conectada ao universo da informação como vimos no gráfico 4.1, não está conseguindo diferenciar os modelos do Universo, colocar em ordem as fases da Lua e nem apontar a principal diferença existente entre um planeta e uma estrela, conforme dados do gráfico 4.6. 39 110 120 N° de alunos. 100 84 80 55 60 40 20 62 Acertou 31 15 Errou 14 13 6 Não souberam 0 Diferença entre o Diferença entre uma Ordem de fases da modelo estrela e um planeta. Lua. Heliocêntrico e Geocêntrico. Gráfico 4.6: Número de alunos que acertaram, erraram ou não souberam responder perguntas relacionadas ao sistema Terra – Sol – Lua. Analisando o percentual de acertos dos alunos nas três perguntas, somente 23,8% dos participantes conseguiram diferenciar os principais modelos do sistema solar, 10,7% ordenaram corretamente as fases da Lua à medida que seu aspecto muda ao longo do mês e apenas 10% conseguiram distinguir um planeta de uma estrela, ao passo que, somados todos aqueles que erraram ou não souberam responder às três perguntas, 85% não possuem subsunçores estáveis sobre esse assunto em sua estrutura cognitiva. Estes dados tornam evidente o quão distante a Astronomia esteve da realidade destes discentes ao longo do processo educativo, contribuindo para o prevalecimento de concepções e representações adquiridas durante a vivência dos discentes, diferindo das ideias que deveriam ser ensinadas na escola segundo os PCN’s. Percebeu-se, ainda, um baixo conhecimento à respeito dos aspectos das fases da Lua. Analisando as respostas dos questionários, a maioria daqueles que erraram atribuíram uma sucessão de fases “cheias” e “novas”, não mencionando as fases quarto crescente e minguante, revelando assim um profundo desconhecimento de um estudo que permitiu ao homem antigo confeccionar os primeiros calendários astronômicos. Além disso, ao tratar da diferenciação entre planetas e estrelas, os alunos não abordaram o fenômeno de fusão nuclear que ocorre no interior das estrelas e nenhuma concepção sobre a formação dos planetas, resumindo-se apenas ao fato da estrela ser um corpo luminoso e o planeta um corpo iluminado, emergindo daí uma aprendizagem mecânica do ensino de óptica no ensino médio, pois apesar de terem decorado e conceituado corretamente os corpos iluminado e luminoso, não se preocuparam em 40 saber qual a fonte de luz de um e nem o que provoca a ausência de emissão no outro. Também perguntamos aos discentes o número de planetas que compõe o sistema solar atual, e conforme pode ser observado no Gráfico 4.7, 73 discentes acertaram, 38 erraram e 19 não souberam. N° de alunos. Número de planetas no sistema solar. 80 70 60 50 40 30 20 10 0 73 38 19 Acertaram Erraram Número de planetas no sistema solar. Não Souberam Gráfico 4.7: Resultados da concepção dos alunos sobre o número de planetas do sistema solar. Independentemente da maioria dos entrevistados (73) terem respondido corretamente essa pergunta, se somarmos os que erraram (38) com aqueles que não souberam, chegamos a um percentual de 44% dos alunos que não sabem dizer o número de planetas existentes no sistema solar. Além disso, por ter sido uma pergunta aberta, tivemos a oportunidade observar que os 29% que erraram esse questionamento citaram um sistema solar composto por 9 planetas, mostrando que já estudaram esse assunto (conforme exposto no gráfico 4.3), mas que os mesmos não estão atualizados à nova classificação da União Astronômica Internacional (UAI) que promoveu o rebaixamento de Plutão à categoria de Planeta anão. Isso ficou bastante evidente quando responderam à pergunta que fizemos sobre o número e o nome dos planetas anões que integram o sistema solar atual, em que apenas 8% acertaram o número e todos erraram os nomes, havendo somente citações de Plutão e Ceres, revelando uma concepção totalmente desatualizada do sistema solar atual. Além disso, quando pedimos a esses educandos que fizessem um esquema (desenho) do sistema solar, colocando o nome dos planetas que orbitam o Sol, dos 130 alunos que fizeram o questionário de concepções iniciais, 64% erraram e somente 21% acertaram a sequência das órbitas dos planetas ao redor do Sol. 41 Ilustração do sistema solar atual. 100 83 80 60 40 Ilustração do sistema solar atual. 27 20 20 0 Acertaram Erraram Não Fizeram Gráfico 4.8: Resultados dos desenhos feitos pelos alunos ilustrando o sistema solar. Embora 56% dos discentes saiba o número de planetas existentes, apenas 21% apresentaram conhecer a sequência correta dessas órbitas. Porém, esses resultados revelam que muitos alunos apresentam subsunçores sobre o sistema solar, e estes podem ser utilizados como ideia-âncora para a inserção de um estudo mais avançado sobre a nova classificação da UAI, que abordasse os planetas anões, as descobertas sobre o cinturão de asteroides e o cinturão de Kuiper, assim como uma explanação da principal teoria aceita para a formação do sistema solar. Por outro lado, os resultados apontaram que 15% dos educandos não possuíam qualquer familiaridade com este tema, o que nos levou a acrescentar no texto de apoio II informações sobre o sistema solar para servir de organizadores prévios que corroborariam para a aquisição de subsunçores estáveis na estrutura cognitiva desses discentes. Ainda sobre esta parte do questionário, notamos que as informações que os alunos receberam sobre a organização do sistema solar estão desatualizadas perante as novas descobertas astronômicas. Uma possível causa dessa defasagem pode ser o livro didático, que muitas vezes é a única fonte de conhecimento astronômico encontrado por professores e alunos durante as aulas de ciências na educação básica. Segundo Amaral e Oliveira (2011), a maioria dos livros didáticos disponibilizados para a disciplina de Ciências apresentam limitações e inadequações conceituais que podem prejudicar o processo de ensino aprendizagem. Esses livros não motivam a observação direta do céu como sugerido nos PCN’s para o terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental, além de não adequar as imagens aos conceitos a serem transmitidos. Consequentemente, promove-se uma série de 42 concepções arbitrárias sobre fenômenos importantes da Astronomia como pode ser exemplificado na figura 4.1, que traz o esquema de sistema solar feito pelo discente “EPD” e que foi repetido por diversos alunos no questionário de concepções iniciais. Nesse desenho, o discente ilustra um modelo de sistema solar em que apenas o planeta Saturno apresenta uma estrutura de anéis, desconsiderando a existência deste mesmo fenômeno nos planetas Júpiter, Urano e Netuno. Figura 4.1: Ilustração do sistema solar feita pelo aluno “EPD” no questionário de concepções iniciais. Esse desenho revela o modelo ultrapassado do sistema solar que é ensinado na maioria das escolas, aonde se atribui ao planeta Netuno o limite do sistema solar. Limite este que também era atribuído erroneamente a Plutão até meados de 2006, quando a UAI promoveu a sua reclassificação. E assim, diversos aspectos importantes do sistema solar são desconsiderados pela escola, citando, por exemplo, os inúmeros satélites naturais dos planetas, o cinturão de asteroides, o cinturão de Kuiper e a própria teoria de criação do sistema solar, que não é discutida nas aulas de Ciências do ensino fundamental e nem nas aulas de Física do ensino médio. Isso abre espaço para o surgimento de concepções alternativas que tratam fenômenos astronômicos da mesma maneira que se tratava até meados do século XVII, promovendo explicações de eventos de maneira equivocada, mesmo numa era em que o conhecimento que se tem do céu rompe as barreiras do sistema solar e se expande ao espaço profundo. Para Langhi e Nardi (2005), essas concepções alternativas em Astronomia aprendidas na educação básica influenciam a formação 43 do futuro professor, pois as mesmas persistem no ensino superior devido a estudos superficiais ou a isenção da oferta desse conteúdo na graduação. 105 N° de alunos 97 Sim Não 33 Alunos que confirmaram ter observado "estrelas cadentes". 25 Acertaram Erraram Concepção dos alunos sobre meteoros. Gráfico 4.9: Resultados do número de alunos que afirmam ter observados “estrelas cadentes” e de suas concepções sobre meteoros. No gráfico 4.9, temos um exemplo da ação dessas concepções alternativas no processo de ensino aprendizagem. Conforme leitura dos dados, verifica-se que 74,6% dos alunos afirmaram ter visualizado em algum momento de sua vida uma “estrela cadente”, e apenas 19,2% responderam corretamente à pergunta: “O que é um meteoro?”. Essa última pergunta permitiu analisar que nenhuma das respostas mencionou que o termo “estrela cadente” é de uso popular e se refere à passagem de meteoros pela atmosfera terrestre, prevalecendo assim o conhecimento adquirido por meio de concepções alternativas, que segundo alguns entrevistados, foram ensinados nas aulas de Ciências e Geografia do ensino fundamental. Embora essa afirmação seja condizente com a percepção de Langhi e Nardi (2005), verifica-se que os erros conceituais são disseminados não só pelos professores e livros didáticos, mas também em diversos sites da internet e páginas de universidades conceituadas, contribuindo para a continuidade dessas concepções. O mesmo ocorre com o estudo da origem e evolução do universo que aborda apenas a parte da teoria que menciona a origem do universo a partir de uma grande explosão, chamada de Big Bang, sem preocupar-se com o contexto histórico para o seu desenvolvimento e as diversas descobertas realizadas para a consolidação dessa hipótese, que hoje é a mais aceita pela comunidade científica. Com isso, o 44 aluno estuda o “átomo primordial” sem conhecer aspectos cosmológicos essenciais, tais como as forças fundamentais da natureza (gravitacional, eletromagnética, nuclear forte e nuclear fraca), que poderiam ser ensinados conceitualmente dentro das aulas de Ciências no quarto ciclo do ensino fundamental e no ensino médio na disciplina de Física. Referindo-se ao questionário de concepções iniciais, perguntamos aos discentes sobre o que dizia a teoria do Big Bang e somente 26,1% deram respostas aceitáveis ao questionamento, enquanto 30,7% afirmaram não saber e 43,1% erraram o conceito de formação do Universo defendido por essa teoria. Assim como em outros itens pesquisados no questionário, notamos que os alunos já estudaram o assunto, mas apresentam concepções equivocadas do mesmo e não conseguem externar esses conceitos de forma clara e objetiva, o que evidencia falta de subsunçores estáveis em sua estrutura mental. Ainda buscando compreender as principais concepções astronômicas presentes na estrutura mental desses alunos, também perguntamos a eles qual o entendimento que eles tinham de galáxias e obtivemos respostas variadas, sendo que dos 130 alunos pesquisados somente 6,1% deram respostas aceitáveis; enquanto 42,3% afirmaram desconhecer o conceito e 51,6% demonstraram concepções equivocadas. Fazendo afirmações que evidenciam a falta dessa abordagem na sala de aula, muitos conceituaram uma galáxia como sendo: “Um conjunto de sistemas” (MSF); “Um conjunto de planetas e estrelas ou sistemas” (EDL); “Um planeta que pode ser que tenha algum dia a existência de vida humana” (AVSP). O que reflete a ausência de termos como nebulosas, estrelas, buracos negros, meteoros, asteroides, cometas dentre outros que poderiam exemplificar o sistema citado pelos educandos MSF e EDL, e demais que fizeram abordagens parecidas. A falta desses conceitos levam os alunos a assumirem as concepções alternativas já mencionadas e que pode ser evidenciado na resposta do educando AVSP. Essas concepções alternativas aliadas à pouca oferta dessa ciência pelas unidades de ensino colaboram para que o estudo de Astronomia fique restrito a cientistas e astrônomos, permitindo que apenas uma parte ínfima da sociedade tenha acesso à principal ciência que busca responder à pergunta intrínseca à raça humana – de onde viemos? Para onde vamos? – Sem falar que as unidades de ensino não estão atentas à motivação em aprender que a Astronomia promove. Essa ciência em si é um excelente meio de prender a atenção dos discentes das 45 diversas modalidades e níveis de ensino e potencializa a predisposição do aluno em aprender, o que segundo Ausubel (2003) é uma das condições necessárias para obter uma aprendizagem significativa. Buscando atender essa orientação foi perguntado aos alunos quais conteúdos astronômicos eles gostariam de estudar, e para 60,7% dos 130 educandos que responderam ao questionário, a compreensão do ciclo evolutivo das estrelas é o tópico de Astronomia que mais chama sua atenção. Os demais abordaram o entendimento de alguns aspectos do sistema solar e das galáxias, não mencionando outros assuntos, talvez por desconhecerem até mesmo o significado dos termos atribuídos a outros objetos celestes. Esse resultado justificou a inserção de uma temática na sequência de ensino aprendizagem que contempla o estudo das estrelas e de seu ciclo evolutivo. 4.2 Resultados das atividades As atividades mencionadas nessa subseção se resumem aos questionários aplicados nos encontros promovidos durante a sequência de ensino aprendizagem e são disponibilizadas no apêndice 1 deste trabalho. Essas atividades foram resolvidas pelos vinte alunos que participaram do projeto durante os encontros promovidos. Para a resolução desses questionários foram utilizados os recursos de simulação ofertados pelo software planetário Stellarium, as explanações realizadas durante as aulas expositivas e a leitura dos textos de apoio. A primeira atividade trabalhou basicamente o aspecto das fases da Lua, concentrando-se na confecção do calendário lunar por meio de simulações com Stellarium. Nessa atividade, 90% dos educandos conseguiram completar o calendário, registrando corretamente o nascer e o ocaso do satélite no horizonte, bem como delimitar a área sombreada da Lua para a data da simulação. Os dois alunos que não obtiveram êxito na atividade inicialmente demonstraram dificuldades com os comandos do Stellarium relativos a centralizar o objeto celeste e trabalhar com a velocidade do tempo. Após sanadas essas dúvidas com a ajuda do manual do Stellarium, que fora disponibilizado no início do encontro, os alunos foram orientados a refazer o calendário e sempre que necessário solicitar a ajuda do professor. Com essa estratégia foi possível a confecção de 20 calendários, com os quais os educandos responderam às demais perguntas deste questionário, obtendo um percentual médio de 85% de acerto em 46 relação às perguntas realizadas, respondendo corretamente à sequência das fases da Lua e abordando a distância média que esse astro se encontra da Terra. Outro ponto importante dessa atividade foi o interesse dos alunos em resolver os problemas propostos. Muitos deles comentaram que não tinham noção de como ocorria o fenômeno das fases da Lua e confundiam a sequência que as mesmas ocorriam durante o mês. Mencionaram também que não sabiam que a Lua aparece durante o dia e reconheceram o Stellarium como uma excelente ferramenta para o ensino de Astronomia, como pode ser verificado nas citações de alguns alunos abaixo: “ [...] o software tem a capacidade de mostrar com clareza o céu e permite alterar a velocidade do tempo [...] ” (.HSFS). “ [...] nunca observei o aparecimento da Lua no céu durante o dia, acreditava que isso só acontecia à noite [...] ” (LJAS). “ [...] a resolução da atividade foi facilitada pelas funções: centralizar objeto selecionado, grade azimutal e velocidade do tempo [...] ” (RSA). “ [...] o recurso de zoom me auxiliou a colorir a área sombreada da Lua. Também gostei do percentual de luminosidade da área da Lua que o software informa [...] ” (RRGO). Embora os resultados tenham sido bastante positivos, dois pontos negativos foram abordados por alguns discentes. O tempo para resolver a atividade e a dificuldade com os comandos do software, principalmente com a memorização das teclas de atalho. Porém, isso é normal, considerando que a maioria destes discentes só tiveram contato com o software durante a aula introdutória. Muitos comandos ainda estão instáveis em suas mentes, e se consolidarão à medida que forem desenvolvendo mais simulações. Quanto ao texto de apoio I, ele foi essencial para a inserção de algumas informações novas sobre a teoria de formação da Lua e para promover o conhecimento das viagens tripuladas e não tripuladas que são feitas para a Lua desde a década de 60. Durante os debates, ficou nítida a falta de concepções à respeito dessas abordagens, levando muitos a ficarem surpresos com as informações contidas no texto. 47 A segunda atividade da sequência trabalhou com o sistema solar sob a ótica da nova classificação promovida pela UAI, em 2006, que inseriu novos planetas anões e reduziu Plutão a essa categoria. Para isso, o texto de apoio trouxe informações sobre cada astro dessa categoria, assim como dos planetas e demais objetos celestes que orbitam o Sol. Como o estudo do sistema solar envolve basicamente o estudo da astrometria, utilizamos a priori as simulações com Stellarium para resolver os problemas que envolviam a posição dos astros na abóboda celeste. Na primeira questão desta atividade, por exemplo, pedimos aos discentes para determinar os pontos cardeais a partir do movimento aparente do Sol no céu. Apesar de parecer muito fácil, quando essa mesma questão foi feita no questionário de concepções iniciais 49,2% dos educandos erraram, ao passo que, auxiliados com os recursos de grade azimutal e variação do tempo do Stellarium, os discentes compreenderam que o Sol nasce no Leste e se põe no Oeste em seu movimento aparente e move-se aproximadamente 1 grau por dia em direção ao Leste quando consideramos o dia solar. Também trabalhamos com a observação da passagem meridiana do Sol, a linha eclíptica e o novo modelo de sistema solar vigente. Os resultados das principais respostas dos discentes com relação a essa atividade estão no gráfico 4.10. 25 N° de alunos. 20 20 19 18 17 14 15 Acertaram 10 6 5 2 Erraram 3 1 0 0 Questão n°2: Questão n°6: Questão n°7: Questão n°5 e Questão n°10 e Perguntas Sistema solar Distancia dos 8:Passagem 11: Satélites sobre afélio e com a meridiana, astros em naturais de Periélio dos distancia dos relação ao Sol. azimute e outros planetas. astros em linhas planetas. relação ao Sol. imaginárias. Gráfico 4.10: Resultado das principais respostas dos alunos na resolução da atividade 2 da sequência de ensino que se encontra no apêndice 1 deste trabalho. 48 Como pode ser observado no gráfico 4.10, as questões que apresentaram um percentual mais elevado de erros foram aquelas que envolveram distância entre os astros e conversão de unidades de medida (30%), evidenciando que os problemas com a simulação diminuíram. Também é perceptível o elevado número de acertos que os educandos conseguiram em todas as questões, com destaque para a compreensão das luas dos outros planetas que orbitam o Sol (100%), e o preenchimento da ilustração do sistema solar com os planetas e planetas anões (85%). Apesar de explanarmos apenas essas questões, diversos outros questionamentos foram feitos pelos alunos e respondidos pelo professor, que também mediou as discussões promovidas pelos grupos durante o debate sobre o texto de apoio II. Nesse debate utilizamos a estratégia de trabalhar com grupos para dividir o texto entre eles e ganhar tempo durante as apresentações. A última atividade da sequência trabalhou com o ciclo evolutivo das estrelas abordando as principais condições necessárias para que ocorra o colapso de uma nuvem molecular e se inicie o processo de fusão nuclear em seu núcleo. Nessa etapa utilizamos o Stellarium como auxílio ao estudo do texto de apoio III. Isso foi necessário por que, ao contrário das outras atividades da sequência, essa exigiu conceitos mais específicos, como, por exemplo, um estudo do diagrama HR e da/s etapas de evolução da estrela. No entanto, o Stellarium não foi abandonado nessa atividade. Ele exerceu papel fundamental para trabalharmos com as imagens e distâncias das nuvens moleculares, das anãs brancas e vermelhas, dos buracos negros, das estrelas de nêutron e demais etapas evolutivas das estrelas. Além disso, as simulações com o programa permitiram estudar o brilho das estrelas através das informações fornecidas da magnitude aparente e absoluta, as principais constelações do hemisfério Sul, as principais estrelas que compõe essas constelações e algumas galáxias próximas. Como resultados dessa atividade, destacamos o interesse demonstrado pelos educandos em estudar esse tópico, promovendo discussões pertinentes sobre o processo de formação das estrelas e de outros aspectos encontrados no texto de apoio III. A média de acertos das questões dessa atividade que ficou em torno de 90%. Analisando as respostas dissertativas de alguns alunos, ficou evidente a melhora na abordagem dos conceitos e no sequenciamento lógico das ideias com relação ao estudo das estrelas. Também pode-se verificar a familiaridade com os comandos do software e uma maior utilização de suas teclas de atalho sem o uso do manual. 49 4.3 Resultados do Questionário de Concepções Finais O questionário de concepções finais, junto com as observações em sala e as análises das atividades realizadas pelos educandos durante a sequência, constituíram-se como os principais recursos de avaliação da sequência de ensino e aprendizagem que se encontra no apêndice 1 deste trabalho. Nesse questionário, elaboramos questões que visaram verificar se o material utilizado durante a sequência consolidou-se como potencialmente significativo, e qual a evolução que esses recursos proporcionaram aos educandos com relação às concepções que tinham inicialmente de alguns conceitos astronômicos. Além disso, foi possível identificar de maneira mais específica os pontos negativos apresentados na sequência, possibilitando desenvolver ajustes necessários para uma futura aplicação desse material. Ao contrário do questionário de concepções iniciais, o pós-teste não integra a sequência exposta no apêndice 1, pois acreditamos que essa análise é bastante particular, podendo ser desenvolvida de outras maneiras por outros professores. O questionário de concepções finais aplicado nessa sequência foi composto por vinte questões que perguntaram aspectos relacionados ao uso do software, material disposto na sequência e sobre conceitos astronômicos ensinados durante as aulas. Esse questionário foi aplicado durante o último encontro que promovemos e contou com a participação dos vinte alunos que frequentaram as aulas ministradas durante a sequência. Os resultados que obtivemos com esses questionários se encontram nas subseções a seguir, comentados e representados graficamente. 4.3.1. Concepções dos Alunos Sobre o Material Utilizado na Sequência As questões iniciais do pós-teste se preocuparam em saber se os recursos existentes no software foram entendidos pelos discentes como um facilitador para a aprendizagem em Astronomia e o que eles acharam da funcionalidade do programa. E como pode ser observado nos resultados representados no gráfico 4.11, todos os alunos julgaram o Stellarium como um facilitador no estudo da Astronomia, sendo que para 70% dos educandos, a funcionalidade do software é excelente, permitindo fazer simulações que se assemelham às observações realizadas com um telescópio. 50 Perguntados sobre quais aspectos do software mais chamaram a sua atenção, a maioria (60%) citou, a capacidade de alterar o tempo, a ilustração gráfica e as informações que o software fornece do astro pesquisado. Também foi citado o recurso de zoom, que permite aproximar o objeto celeste observado e a função de mudar a velocidade do tempo. Para os 20 alunos que responderam ao questionário, as simulações realizadas os instigaram a prosseguirem nos estudos da Astronomia, que segundo eles serão realizados em casa utilizando as informações e recursos disponibilizados no programa. 25 20 20 N° de alunos. 20 14 15 Sim 10 Não 6 Insuficiente 5 0 0 0 Você achou o Quanto à As simulações com Stellarium um funcionalidade do software se recurso que facilitou Software, você achou assemelham às sua aprendizagem isuficiente, regular, observações com em astronomia? muito bom ou telescópio? excelente? Regular Muito bom Excelente Gráfico 4.11: Principais respostas dos educandos sobre a funcionalidade do software Stellarium. Também perguntamos aos discentes a opinião que eles adquiriram sobre a sequência, de maneira que expressassem os pontos positivos e negativos da mesma. Como resultado, obtivemos respostas que evidenciaram que a estratégia de utilizar as simulações com Stellarium, aliada às atividades e textos contidos na sequência de ensino e aprendizagem foi positiva, pois a maioria dos discentes afirmaram que a sequência ajudou na compreensão de diversos fenômenos da Astronomia e para alguns, esse conteúdo deveria ser trabalhado mais vezes durante as aulas de Física, como exposto, respectivamente, pelas alunas FMC e RRGO: “[...] as aulas foram muito interessantes e a sequência me despertou o interesse maior pela Astronomia, além de ter sanado muitas dúvidas que tinha em relação a alguns termos astronômicos. Acredito que esse conteúdo deveria ser trabalhado mais vezes durante as aulas de Física, de modo, que 51 nos possibilitasse aprofundar nos estudos dessa ciência que, a meu ver, além de interessante, é importante para a compreensão da natureza [...]”. “ [...] Os pontos positivos se resumem em elevar meus conhecimentos em relação à Astronomia e no esclarecimento de dúvidas sobre como alguns fenômenos acontecem, por exemplo: as fases da Lua, os astros que compõe o sistema solar e sobre as estrelas. O único ponto negativo que achei foi o pouco tempo de aplicação da sequência, a mesma deveria ocorrer durante o ano todo [...]” Essas e outras opiniões dadas no questionário nos levaram a acreditar que os pontos positivos foram predominantes durante as aulas. No entanto, apesar de não haver apontamentos negativos pelos alunos, notamos a necessidade de mudar alguns tópicos da sequência aplicada inicialmente, que resultou na confecção da versão exposta no apêndice 1 dessa dissertação. Também perguntamos aos alunos se os textos contidos na sequência trouxeram informações novas e se ajudaram na compreensão dos assuntos explanados nas aulas, e para 95% dos pesquisados os textos foram muito importantes para aquisição dos novos conhecimentos. Perguntamos, ainda, se eles gostariam de participar de novas edições do projeto seguindo o modelo proposto inicialmente e todos afirmaram que participariam. 4.3.2. As Concepções Astronômicas Após a Aplicação da Sequência As questões do pós-teste voltadas à análise dos conhecimentos astronômicos que os alunos adquiriram ao longo da sequência, buscaram verificar se os educandos eram capazes de externar os novos conhecimentos presentes em sua estrutura cognitiva. Para isso, foram feitas perguntas abertas sobre as fases da Lua, o movimento dos astros ao redor do Sol e aspectos do ciclo evolutivo das estrelas. Iniciamos essa etapa do pós-teste pedindo aos discentes que explicassem como ocorre o fenômeno das fases da Lua e apresentassem a sucessão dessas fases ao longo do mês. E com os resultados do gráfico 4.12, podemos observar que 75% dos discentes apresentaram explicações aceitáveis para a ocorrência desse fenômeno e 95% acertaram a sucessão de fases da Lua no decorrer do mês, o que demonstra que a maioria dos alunos compreenderam o fenômeno e são capazes de manifestar suas novas concepções de forma correta. Embora esses resultados sejam mais significativos que os obtidos no questionário de concepções iniciais, no qual 84,6% 52 dos alunos erraram a sucessão de fases da Lua, uma observação faz-se necessária, pois enquanto 15 alunos conseguiram explicar o fenômeno, 19 acertaram a sucessão de fases, ou seja, quatro alunos compreenderam o ciclo de fases, mas não conseguiram explicar a sua causa, o que nos mostra que para esses alunos a aprendizagem desse evento foi mecânica, uma vez, que não conseguiram expor o conteúdo que foi ensinado, tendo basicamente, decorado a sucessão de fases da Lua. 19 20 18 N° de alunos. 16 15 14 12 Acertaram 10 8 6 Erraram 5 4 1 2 0 Explique como ocorre o fenômeno de fases da Lua. Qual a sucessão das fases da Lua durante o mês? Gráfico 4.12: Conhecimento dos alunos sobre as fases da Lua no pós-teste. Com relação aos conteúdos abordados na sequência de ensino e aprendizagem sobre o Sol e o sistema solar, procuramos pedir explicações no pósteste, que possibilitassem verificar a compreensão dos discentes sobre o estudo dos modelos de universo e a nova classificação do sistema solar proposto pela UAI a partir de 2006. Dessa forma, foi possível verificar que 70% dos discentes conseguiram dar explicações em conformidade com o que foi ensinado durante as aulas e informações contidas no texto de apoio II à respeito das principais diferenças existentes entre um planeta e um planeta anão. Além disso, com os resultados apresentados no gráfico 4.13, pode-se notar que os alunos conseguiram compreender o modelo heliocêntrico e diferenciá-lo do modelo geocêntrico. Embora não tenhamos dado destaque ao estudo dos modelos de Universo no texto de apoio II, durante as aulas mencionamos diversas vezes todo o processo de evolução científica e social necessários para o surgimento do modelo heliocêntrico. Adiante, 53 também foi possível verificar que as concepções alternativas que os alunos apresentaram no primeiro questionário sobre o conceito de meteoro foram modificadas e 85% dos educandos obtiveram os conhecimentos necessários para classificar meteoros, asteroides e cometas. Outra importante informação contida no gráfico 4.13, é que o processo de fusão nuclear que ocorre no interior do Sol foi entendido por 80% dos discentes pesquisados, sendo que estes apresentaram respostas consistentes, demonstrando a aquisição de um subsunçor estável em suas mentes. Isso também pode ser observado nas explicações que os alunos deram sobre a passagem meridiana, nas quais, foi possível identificar ilustrações do fenômeno pesquisado e respostas que trabalhavam a parte conceitual de forma objetiva e clara. 25 20 20 15 10 5 17 19 16 14 6 Acertaram 3 1 0 1 Erraram 0 Explique a Explique a Explique o Explique a diferença entre diferença processo de difernça do um planeta e existente entre conversão de modelo um planeta meteoros, energia geocêntrico anão. asteroides e existente no para o cometas. Sol. heliocêntrico. Explique o fenômeno da passagem meridiana. Gráfico 4.13: Novas concepções dos alunos sobre o sistema solar após a aplicação da sequência de ensino e aprendizagem. No pós-teste também foram contemplados questionamentos referentes ao ciclo evolutivo das estrelas, que foi o último tópico trabalhado na sequência de ensino e aprendizagem. Nessas perguntas, abordamos a parte conceitual do processo de formação das estrelas e das etapas que ocorrem após esses astros encerrarem o processo de fusão nuclear em seus núcleos. Algumas dessas perguntas podem ser observadas no gráfico 4.14, com os respectivos resultados obtidos. Esses resultados apontam que todos os educandos aprenderam que as 54 estrelas se originam nas nuvens moleculares, sendo que muitos conceituaram essas regiões do espaço, como pode ser observado na resposta do aluno RLGSD. “ [...] as estrelas nascem dentro de gigantescas nuvens de hidrogênio e hélio chamadas nebulosas. As nebulosas são grandes berçários de estrelas [...]” A maioria dos educandos (65%) também apresentou respostas aceitáveis à respeito do processo de evolução estelar, descrevendo corretamente as diversas etapas desse ciclo. Porém, analisando as respostas dadas pelos 35% que erraram a explicação, verificamos que esses alunos não compreenderam como ocorre o processo de contração da nebulosa, provocado pela gravidade, até formar a protoestrela. E por não compreenderem o início do processo, também não conseguiram assimilar a etapa final da evolução estelar, uma vez que esses mesmos alunos deram respostas inconsistentes sobre a origem dos buracos negros. No entanto, quando perguntados sobre o ciclo final de evolução do Sol, 85% afirmaram que o Sol irá se transformar em uma anã branca. 25 20 N° de alunos. 20 17 15 13 10 13 7 Acertaram 7 Erraram 5 3 0 0 Em que regiões Como ocorre o Como se Qual será o ciclo do espaço processo de originam final da nascem as evolução de basicamente os evolução do Sol? estrelas? uma estrela? buracos negros? Gráfico 4.14: Concepções dos alunos sobre o ciclo evolutivo das estrelas. Além dessas perguntas, cujos resultados foram representados graficamente ao longo dessa seção, outros questionamentos foram feitos aos alunos tanto no questionário de concepções finais, quanto nos diálogos durante as aulas. E em 55 todas as respostas apresentadas, mesmo nas incoerentes, pudemos observar que houve uma evolução em relação às concepções que os educandos tinham anteriormente. Embora os resultados aqui expostos não reproduzam integralmente todos os levantamentos que obtivemos durante a aplicação da sequência de ensino e aprendizagem, as discussões dos pontos que achamos necessários foram realizadas, e em todas elas nota-se uma melhora significativa no aprendizado dos educandos com relação aos tópicos de Astronomia ensinados durante a sequência. 56 Capítulo 5 Considerações Finais A sequência desenvolvida procurou inserir tópicos de Astronomia no ensino médio, a partir dos conhecimentos preexistentes na estrutura cognitiva dos discentes, e observar se essa estratégia de ensino possibilitou a aquisição de novos subsunçores relacionados à Astronomia, além de verificar se as concepções já existentes e que apresentavam convicções alternativas foram transformadas em conhecimentos estáveis na estrutura mental dos discentes. Essa preocupação com os saberes prévios dos alunos sobre Astronomia foi fundamental para a formulação da sequência de ensino aprendizagem, pois a partir deles, elaboramos um material didático que contemplou assuntos que os educandos estavam predispostos a aprender, a recursividade da avaliação e os organizadores prévios necessários para predominância da aprendizagem significativa em relação à aprendizagem mecânica. Além disso, procuramos conciliar o conteúdo dos textos de apoio às atividades de simulação utilizando o Stellarium, objetivando criar as condições necessárias para tornar esse material potencialmente significativo e atender aos requisitos apontados pela teoria de David Ausubel para encontrar evidências de uma aprendizagem significativa. Isso foi possível por meio da análise dos resultados obtidos com a aplicação do questionário de concepções iniciais que antecedeu o início das atividades. A partir desses resultados, notamos que os discentes pesquisados conheciam poucos aspectos de Astronomia e apresentavam concepções alternativas de fenômenos importantes dessa ciência, tais como: fases da Lua, sistema solar, constelações, ciclo evolutivo de estrelas e astrometria. Percebemos também que os alunos se interessavam pelo estudo de vários tópicos de Astronomia, porém os mesmos não eram ensinados nas aulas de Física e foram vistos de forma superficial principalmente nas disciplinas de Geografia e Ciências durante o ensino fundamental, de maneira que poucos subsunçores foram identificados e a maioria apresentavam problemas conceituais. Outro ponto observado nos resultados obtidos com o questionário foi que a maioria dos discentes não apresentava o hábito de utilizar o recurso das TIC’s como auxiliar nos seus estudos e desconheciam o uso de softwares educacionais como estratégia de ensino. Isso permitiu identificar a 57 necessidade de criar um mecanismo que os auxiliasse durante as simulações com o Stellarium, pois esse distanciamento dos recursos tecnológicos relacionados ao ensino poderia influenciar na habilidade de trabalhar os comandos do programa. No entanto, a maior contribuição do questionário inicial foi para a confecção da sequência de ensino e as estratégias didáticas desenvolvidas. As atividades elaboradas durante a sequência possibilitaram aos alunos demonstrar suas concepções sobre Astronomia, pois as mesmas eram compostas por questões abertas, que permitiram avaliar, de maneira mais específica, a aprendizagem à respeito dos corpos celestes observados nas simulações e as respostas sobre os conceitos astronômicos associados ao fenômeno estudado, o que revelou evidências de aprendizagem significativa durante o processo. Aliadas a isso, as simulações com o Stellarium contribuíram significativamente para o aprendizado dos alunos, visto que na confecção do calendário lunar, muitos educandos afirmaram ter compreendido o jogo de sombras que envolvem a Terra, a Lua e o Sol. Além disso, demonstraram muito entusiasmo com os recursos oferecidos pelo programa, o que acreditamos ter contribuído para o elevado percentual de acertos nessa atividade e nas excelentes participações dos discentes durante os debates, o que foi observado nas explanações realizadas de maneira lógica e objetiva aos questionamentos realizados. Ao longo das atividades, ficou nítido o fascínio, admiração e inquietude que a Astronomia exerce nas pessoas. Durantes as aulas, os alunos se mostraram surpresos com alguns fenômenos, citando, por exemplo, as luas existentes nos outros planetas do sistema solar e a predominância de asteroides entre as órbitas de Marte e Júpiter, pois na concepção que tinham anteriormente não havia qualquer outro astro no sistema solar além dos planetas. Quanto à inquietude mencionada, ela ficou evidente quando foi estudada a teoria da nebulosa planetária defendida por Kant e Laplace, e aceita pela comunidade científica, sobre a origem do sistema solar (TYSON e GOLDSMITH, 2015). Nesse estudo, que foi feito a partir do conteúdo exposto nos texto de apoio II, os alunos fizeram diversas perguntas sobre a origem das nuvens moleculares e do universo, mostrando que esse assunto promove um sentido particular à humanidade, que é o desejo em compreender como tudo se originou. Nessa perspectiva, é possível notar que o estudo da Astronomia é uma excelente ferramenta para atrair a atenção dos alunos, e consequentemente atender 58 à segunda condição apontada por Ausubel para a existência de uma aprendizagem significativa, que é a predisposição do educando em aprender. Outro ponto que mostrou o potencial didático da sequência proposta foram os resultados obtidos com a aplicação do questionário de concepções finais. Embora a análise das atividades e as observações sobre a participação dos discentes tenham sido muito importantes para identificar aspectos de aprendizagem significativa, esse questionário permitiu verificar a evolução que a estratégia promoveu nas concepções que os alunos tinham sobre a Astronomia. A partir dele, pudemos observar especificamente quais atividades foram mais efetivas na promoção da aprendizagem significativa, bem como as partes que necessitavam ser revisadas para uma futura aplicação dessa sequência. Apesar de não fomentarmos a predominância da avaliação quantitativa sobre a qualitativa durante o trabalho, os resultados ilustrados graficamente também serviram de parâmetro para observar se houve aprendizagem significativa durante a sequência, pois os mesmos buscaram explorar a capacidade que os discentes adquiriram em conceituar os fenômenos aprendidos durante as aulas. De maneira geral, os resultados das avaliações da aprendizagem dos conteúdos trabalhados durante a sequência didática, tanto por meio das atividades com Stellarium e textos de apoio, quanto dos questionários de concepções iniciais e finais, mostraram que houve um aumento significativo do conhecimento dos educandos com relação aos conteúdos astronômicos abordados durante a aplicação da sequência de ensino aprendizagem, o que evidencia que os alunos adquiriram novos subsunçores e transformaram as concepções alternativas que muitos traziam consigo, em subsunçores estáveis, alinhados ao conhecimento científico que se tem do fenômeno observado, sendo capazes de externalizar os novos saberes de forma clara e lógica. Os resultados sugerem que as atividades de simulação com Stellarium facilitaram a evolução progressiva de conhecimentos científicos relevantes sobre os fenômenos astronômicos estudados durante as aulas da sequência de ensino e aprendizagem. Isso pode ser percebido pela aceitação que os educandos demonstraram durante as aulas e nas discussões no grupo do whatsapp, mostrando que a utilização desse recurso tornou as aulas diferentes das habituais e proporcionou um entendimento aprimorado da Astronomia. Todas essas observações proporcionadas durante a aplicação do instrumento didático descrito 59 nesse trabalho, nos leva a acreditar que o objetivo de inserir tópicos de Astronomia nas aulas de Física do ensino médio por meio da utilização da sequência de ensino e aprendizagem “O Stellarium como estratégia de ensino de Astronomia” foi alcançado, pois ao final deste processo notou-se significativa melhora em todos os aspetos conceituais explanados nas aulas, conforme exposto nos resultados das atividades e nos questionários de concepções inicial e final aplicados. No entanto, por melhor que tenham sido os resultados obtidos com essa estratégia, a mesma não deve ser entendida como uma solução geral para o ensino de Astronomia nas aulas do ensino médio, sendo este mais um, de muitos métodos que, se bem aplicados, podem contribuir em aspectos específicos, mas não gerais, do processo de ensino-aprendizagem, tanto para as aulas de Astronomia quanto para outras disciplinas do currículo escolar. 60 Capítulo 6 Referências Bibliográficas AMARAL, P; OLIVEIRA, C.V. Astronomia nos livros didáticos de ciências – uma análise do PNLD 2008. Revista Latino-Americana de Educação em Astronomia – RELEA, São Carlos, n. 12, p. 31-55, 2011. AUSUBEL, D. P. Aquisição e retenção de conhecimentos: uma perspectiva cognitiva. Lisboa: Plátano, 2003. BERNARDES, A.O. Observação do céu aliada à utilização do software Stellarium no ensino de Astronomia em turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Revista Latino-Americana de Educação em Astronomia – RELEA, São Carlos, n. 10, p. 07-22, 2010. BRASIL. Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias/ Secretaria de Educação Básica. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006. 135 p.. BRETRONES, P.S. Disciplinas introdutórias de Astronomia nos cursos superiores do Brasil. 1999. 200 f. Dissertação (Mestrado em Geociências) – Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999. FILHO, V.B.L, et al. Desenvolvimento de uma metodologia de ensino de Astronomia com o uso de software livre. In: 63° Reunião Anual da SBPC, 2011, Goiânia. Anais... Goiânia: UFG, 2011. Disponível em: http://www.sbpcnet.org.br/livro/63ra/conpeex/prolicen/prolicen.html. Acesso em: 17/08/2016 FRÓES, A. L. Astronomia, astrofísica e cosmologia para o Ensino Médio. Revista Brasileira Ensino Física. Vol.:36; n° 3, 2014. GLEISER, M. Da Série de Livros Fantástico:Poeira das Estrelas. São Paulo: Globo, 2006. GLEISER, Marcelo. A dança do Universo: dos mitos de criação ao Big Bang. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. 434 p. 61 HAWKING, S. & MLODINOW, L. Uma Nova História do Tempo. Rio de Janeiro: PocketOuro, 2008. HORVATH, J. E. O ABCD da Astronomia e Astrofísica. 1a edição. Livraria da Física, 2008. 232 p. KANTOR, C. A. Educação em Astronomia sob uma perspectiva humanístico científica: a compreensão do céu como espelho da evolução cultural. Tese de doutorado. São Paulo: USP, 2012. KAWAMURA, M. R. D. HOSOUME, Y. A contribuição da Física para um novo Ensino Médio. Física na Escola, Porto Alegre, v. 4, n. 2, p. 22-27, 2003. KRASILCHICK, M. Pratica de ensino de biologia. São Paulo: Edusp, 2005. LANGHI, R.; NARDI, R. Dificuldades interpretadas nos discursos de professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental em relação ao ensino da Astronomia. Revista Latino Americana de Educação em Astronomia, Limeira, n. 2, p. 70 – 75, 2005. LONGHINI, M.D. MENEZES, L.D. Objeto virtual de aprendizagem no ensino de Astronomia: Algumas situações propostas a partir do software Stellarium. Caderno Catarinense de Ensino de Física, Florianópolis, n. 3, p. 433 – 448, 2010. LOPES, L. L. Estrelas de Nêuntons: do gás de nêutrons livres à inclusão de híperons e campo magnético. Dissertação de Mestrado.Florianópolis: UFSC, 2012. MOREIRA, M. A. Aprendizagem Significativa. Brasília: Editora da UnB. 1999. 129 p. MOREIRA, M. A. Aprendizagem Significativa: Um Conceito Subjacente. Aprendizagem Significativa em Revista, v.1, n° 3, dez. 2011. Disponível em: http://www.if.ufrgs.br/asr/artigos/Artigo_ID16/v1_n3_a2011.pdf . Acesso em: 12/10/2016. MOREIRA, M. A. Mapas Conceituais e Aprendizagem Significativa. Revista Chilena de Educación Científica, Santiago, Chile: v. 4, n. 2, p. 38-44, 2005. Disponível em: <http://moreira.if.ufrgs.br/mapasport.pdf>. Acesso em: 15/11/2016. 62 MOREIRA, M.A. Al final qué es aprendizaje significativo? Revista Qurriculum, La Laguna, 2012, pag. 29-56. Disponível em: NEWGRANGE. Departamento de Artes, do Património, Regional, Rural e Assuntos Gaeltacht. Disponível em: http://www.worldheritageireland.ie/bru-na-boinne/builtheritage/newgrange/. Acesso em: 28/06/2016. OLIVEIRA, K.. SARAIVA, M. F. Astronomia e Astrofísica. 3a edição.Livraria da Física. São Paulo, 2014. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (5ª A 8ª SÉRIES): Ciências Naturais Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC /SEF, 1998. 138 p PINTO, L.T. O uso dos jogos didáticos no ensino de ciências no primeiro segmento do ensino fundamental da rede Municipal de Duque de Caxias. Rio de Janeiro, 2009. RISCHBIETER, L. Os inimigos da infância. São Paulo: Folha de São Paulo. 26 de julho 2009. SERAFIM, M.L; SOUZA, R.P. Multimídia na educação: o vídeo digital integrado ao contexto escolar. Tecnologias digitais na educação. UEPB – Campina Grande, Paraíba, 2011. SPINELLI, W. Os objetos virtuais de aprendizagem: ação, criação e conhecimento. Disponível em: Acesso em: 12/09/2016. STELLARIUM.ORG. Stellarium 0.15.1. Software livre do tipo planetário. Disponível em: <http://www.stellarium.org/>. Acesso: 04/08/ 2016. TREVISAN, R.H et al. O aprendizado dos conceitos de astronomia no ensino fundamental. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE ENSINO DE FÍSICA, n.15, Curitiba, 2003. TROGELLO, A. G. O ensino de Astronomia: recriando uma esfera celeste didática. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 32, n. 1, p. 223-244, 2015. TYSON, N. D. G. & GOLDSMITH, D. Origens: catorze bilhões de anos de evolução cósmica. 5° edição. São Paulo: Planeta do Brasil, 2015. 364 p. 63 VALENTE, J.A. Computadores e Conhecimento: repensando a educação. Campinas, SP: NIED – UNICAMP, 1993. XAVIER, P.R. Estruturas estáticas e suas relações conceituais com a aprendizagem significativa: construção de um roteiro experimental para professores. Dissertação de Mestrado. Belo Horizonte: PUC, 2010. 64 APÊNDICE I SEQUÊNCIA DE ENSINO APRENDIZAGEM O STELLARIUM COMO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO DE ASTRONOMIA 1.1 INTRODUÇÃO As sequências de ensino aprendizagem – SEA – consistem na proposta de agrupar um conjunto de atividades para se ensinar um determinado conteúdo ou tópico do mesmo. Elas são organizadas de acordo com o interesse do professor em obter êxito sobre a aprendizagem de seus alunos. É composta, na maioria das vezes, de atividades e de uma avaliação que se dá de forma contínua, num processo interativo em que o principal objetivo é a aprendizagem significativa, que busca valorizar as respostas dos alunos e trabalhar de forma dialógica e humanista. Dessa maneira é imprescindível que o professor aloque e organize as atividades a serem trabalhadas de forma sequencial, abordando os principais fenômenos do conteúdo a ser explorado, permitindo que o discente alcance o entendimento. A sequência de ensino proposta tem como enunciado “O Stellarium Como Estratégia Para o Ensino de Astronomia”, limitando-se à Astronomia de posição. O programa utilizado consiste num planetário que possibilita simular desde fenômenos astronômicos simples como a passagem meridiana, os pontos cardeais, as fases da Lua, até aspectos mais complexos, como a distância entre galáxias, buracos negros e estrelas, que são de difícil observação a olho nu. Assim, inúmeros tópicos relevantes dessa ciência puderam ser investigados com esse software. Dentre as tantas motivações para se utilizar esse programa, destacam-se quatro: 1. Por ser um software livre, ele possibilita ao usuário baixá-lo gratuitamente na plataforma www.stellarium.org e executá-lo em todos os sistemas operacionais. Com isso ele pode ser instalado nos computadores das escolas sem a necessidade de compra ou de autorização para instalação. 2. A interface tridimensional permite ao usuário visualizar os astros com a mesma nitidez de um telescópio ou um binóculo potente, de maneira que a simulação ajuda a resgatar alguns subsunçores1 que se encontram referentes a imagens ou observações com instrumentos ópticos, feitas pelos discentes anteriormente. 3. A familiaridade dos jovens com os recursos tecnológicos favorece o processo de adaptação com os comandos do software, otimizando o tempo de aplicação da 1 Em termos simples, subsunçor é o nome que se dá a um conhecimento específico, existente na estrutura cognitiva do educando, que serve de ideia-âncora para dar significado a um novo conhecimento que lhe é apresentado ou por ele descoberto (MOREIRA, 2010). SEA e atraindo a atenção dos discentes, uma vez que recai em um recurso corriqueiro em suas vidas. 4. As inúmeras informações presentes em seu catálogo permitem conhecer diversos aspectos dos astros a serem estudados. Além disso, a combinação de comandos permite simulações de fenômenos astronômicos difíceis de serem observados com telescópios médios, o que torna esse software uma excelente ferramenta para o ensino de Astronomia nos diversos níveis de ensino, do básico ao avançado. Essa sequência de ensino aprendizagem procura explorar essencialmente o software livre Stellarium como um objeto potencialmente significativo para a aprendizagem de Astronomia. Para isso, na elaboração da SEA, os conteúdos foram estruturados com uma linguagem simples e acessível, numa organização que permite ao aluno adquirir novos subsunçores e inseri-los à sua estrutura cognitiva. Segundo Moreira (2010), o material a ser utilizado deve ter significado lógico e os sujeitos devem ter conhecimentos prévios adequados para dar significado aos conhecimentos veiculados por esses materiais. Os conhecimentos prévios mencionados são percebidos com aplicação de alguma atividade, uma roda de conversa ou qualquer outro mecanismo que possibilite ao professor dimensionar a bagagem que esses discentes trazem consigo. No caso dessa sequência, a estratégia adotada para verificar os subsunçores relacionados aos conhecimentos astronômicos dos alunos foi a aplicação de um questionário inicial contendo perguntas que contemplam conceitos básicos de Astronomia de posição. Outro fator importante é o modo como ocorre a avaliação, que nessa sequência se caracteriza como formativa, que é aquela que avalia o aluno durante todo o processo de aprendizagem, também conhecida por avaliação contínua, que se preocupa com os significados apresentados e como está sendo construído o conhecimento do aprendiz sobre aquele determinado assunto, contribuindo para uma aprendizagem significativa. Para Moreira (2010), a avaliação da aprendizagem deve acontecer de maneira formativa e recursiva. Nesse sentido, é necessário buscar evidências da ocorrência de uma aprendizagem significativa, que pode ser feita analisando a disposição em aprender que os alunos demonstram ao longo das aulas, como estão desenvolvendo as atividades propostas e se os novos conceitos propostos estão interagindo com os recém-adquiridos. Para auxiliar esse processo, é importante a recursividade da avaliação, ou seja, permitir que o discente refaça a atividade quantas vezes for necessário até que o novo subsunçor se estabilize na sua estrutura cognitiva. Ao fazer isso, o aprendiz, não estará de forma alguma burlando as regras, mas sim, adquirindo conhecimento que o permita, externalizar, explicar e justificar as respostas. Esse método de avaliação se contrapõe aos modelos atuais que potencializam a aprendizagem mecânica e valorizam a matematização de conceitos essenciais ao ensino de Astronomia e de Física em geral. Porém, se o professor almeja inserir conceitos significativos aos conteúdos trabalhados, é essencial que acompanhe o processo de forma contínua e esqueça a avaliação classificatória extremamente sem vínculo com o cotidiano do discente. A simulação na Astronomia é uma estratégia interessante para satisfazer a recursividade da avaliação, pois ao contrário das observações em tempo real, esta possibilita analisar várias vezes um fenômeno, que, na natureza, demoraria dias, meses, séculos e até milênios para acontecerem. Nessa perspectiva, o Stellarium apresenta-se como um dos melhores softwares astronômicos da atualidade, sendo utilizado por diversas instituições de ensino no Brasil e no mundo. No intuito de promover o estudo da Astronomia entre os alunos de ensino médio, para que esta disciplina não passe despercebida na vida desses jovens como mais um tópico visto nas disciplinas do ensino básico, foi elaborado essa SEA que caracteriza-se basicamente em um estudo sobre o sistema solar, as fases da Lua e o ciclo evolutivo das estrelas, usando como principal ferramenta o software livre Stellarium. 1.2 Objetivos · Trabalhar o software Stellarium como ferramenta para o ensino de Astronomia – meio de instalação, manuseio do software e roteiro de ensino potencialmente significativo – extraindo de suas simulações atividades que instiguem os alunos a prosseguirem em investigações futuras sobre outros tópicos além dos que serão trabalhados nessa SEA. · Mostrar as principais características da Lua, tais como: fases da Lua, composição do solo lunar e distância da Lua à Terra, por meio de atividades desenvolvidas com auxílio dos recursos de simulação do Stellarium. · Ensinar Astronomia de posição verificando quais são as estrelas que formam as principais constelações visíveis no céu noturno – Órion, Leão, Escorpião, Pegasus – que são símbolos de cada estação do ano para o hemisfério sul, bem como as principais estrelas presentes nessas constelações, a sua distância até a Terra e como se localizar por elas. · Estudar o sistema solar atual e a nova classificação dos corpos não luminosos, assim como as características principais de cada planeta e da estrela presente em nosso sistema, o Sol. · Conhecer os princípios da formação e da evolução estelar. 1.3 ORIENTAÇÕES PARA APLICAÇÃO E ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Essa sequência pode ser trabalhada como um projeto de extensão ou de ensino, a depender da escolha do professor. Este produto pode sofrer mudanças em sua organização ou sequenciamento conforme necessidade do meio ao qual o público alvo esteja inserido. A carga horária prevista para a sua aplicação é de nove aulas de cinquenta minutos que poderão ser alocadas de forma modular ou intercaladas, uma vez que a sequência será realizada em sua maior parte no laboratório de informática da instituição. Entretanto, essa sequência foi desenvolvida num período de quatro meses, de abril a julho de 2016, conciliando as simulações dos astros no Stellarium e algumas observações com telescópio, dentro de um projeto de ensino de Astronomia que ocorreu no período vespertino na instituição. Nesse período, foram realizadas quatro observações, que contemplaram a visualização do Sol, da Lua, de Júpiter, Saturno e Marte com o intuito de promover o projeto na escola e instigar mais jovens a participarem do projeto em edições futuras. Outra fonte de motivação é mostrar o quão realista são as imagens projetadas pelo simulador quando comparadas com as imagens obtidas pelo telescópio. A sequência de ensino e aprendizagem, ao contrário de um livro, não pode ser encarada como um roteiro fechado. Ela é sujeita a alterações durante todo o processo de aplicação. Essa flexibilidade é necessária por contemplar um método de ensino formativo e contínuo, cuja observação do que está sendo realizado pelo aprendiz é essencial para o êxito do método adotado. É importante reiterar que os questionários de concepções iniciais, bem como as atividades realizadas durante a aplicação, constituem partes integrantes da sequência. Elas é que permitirão valorizar o conhecimento inicial do discente e avaliar a sua aprendizagem no final do processo. Para ajudar na percepção do que é necessário ser mudado ou daquilo que está dando certo, ao longo da aplicação é importante um acompanhamento contínuo das atividades, da frequência e do interesse do aprendiz, que pode ser feito através de uma ficha de acompanhamento ou um diário de atividades. Nessa sequência, além da ficha de acompanhamento, ao final de cada atividade, o participante tinha a opção de abordar os aspectos positivos e negativos de tudo o que foi feito, abordando também o grau de instrução que o assunto discutido lhe propiciou. É importante ressaltar também a necessidade da sequência estar alinhada à disponibilidade de recursos ofertados pela escola. Nesse sentido é de suma importância para a execução da sequência aqui exposta, a existência de um laboratório de informática com possibilidade de instalação do Stellarium. É aconselhável que se crie um mecanismo que possibilite a interação professor – aluno de maneira semipresencial, para que informações e materiais que serão utilizados nas aulas possam ser disponibilizados, assim como dúvidas e curiosidades esclarecidas. Nessa sequência, a interatividade se deu através de um grupo de whatsapp e um grupo de e-mails que facilitaram a comunicação entre todos os integrantes do projeto. Uma observação se faz necessária aos alunos que não tem acesso à internet em casa e nem celular para acesso ao grupo de whatsapp, uma vez que a não percepção disso pode levar o aprendiz a não interagir e desmotivá-lo a continuar no projeto. As informações quanto ao endereço de e-mail, número de telefone e acesso a internet podem ser obtidas no questionário de concepções iniciais. Aos alunos que não possuem os recursos citados, é interessante disponibilizar todos os textos que forem utilizados e o manual de uso do stellarium impressos no início do segundo encontro, logo após a análise do questionário inicial. Isso confirma a necessidade de se saber, além dos subsunçores, aspectos sociais dos aprendizes envolvidos. O número de participantes do projeto deve ficar à critério do professor. No entanto, sugere-se que o número de participantes seja limitado ao número de computadores disponíveis no laboratório da instituição. Isso porque, durante a realização das atividades dessa sequência, alguns alunos demonstraram dificuldades com relação aos comandos do software e conceitos básicos de informática, que se tornaram identificáveis durante o atendimento individual. Em situações em que mais de dois alunos utilizaram a mesma máquina, observou-se que apenas um executava os comandos e o outro ficava por conta de auxiliá-lo, inibindo o desenvolvimento da habilidade técnica no “auxiliar”. É importante salientar que isso não impede que os discentes comuniquem ou troquem informações entre si. Esse diálogo existiu durante toda a aplicação da sequência e foi primordial para os resultados alcançados. É conveniente que antes de propor essa sequência dentro de suas aulas ou dentro de um projeto de ensino de Astronomia, o professor se prepare para trabalhar com o software, e para isso uma gama de tutoriais no Youtube contribuirá para esse aprendizado de forma rápida. Porém, dentro das pesquisas realizadas, o melhor referencial para se trabalhar com Stellarium é de autoria do professor Dr. João Batista Garcia Canalle, do instituto de Física da Universidade do Rio de Janeiro. Nesse tutorial2, ele mostra todas as funções do software e comenta os fundamentos astronômicos envolvidos na simulação. Embora seja um software de fácil acesso, no decorrer das atividades o uso de teclas de atalho são essenciais para resolver os problemas propostos e combinar recursos que potencializam as simulações. A fim de facilitar o entendimento dos comandos, um manual com as principais teclas de atalho do stellarium foi confeccionado e encontra-se no apêndice 2 da sequência. No quadro 1, estão expressas todas as etapas desenvolvidas e sugeridas nessa sequência, com o respectivo número de aulas utilizadas para tal e o tempo sugerido para aplicação de cada atividade. Seguindo a numeração que acompanha a atividade, o professor ou leitor que queira utilizar essa sequência encontrará textos informativos sobre o tema trabalhado por cada tópico da tarefa e a descrição dos comandos que serão utilizados. No caso de tópicos em que se sugerem vídeos, as sinopses dos mesmos e os endereços eletrônicos também estão disponíveis. Para finalizar, é importante mais uma vez ressaltar que o material aqui exposto consiste numa proposta de sequência de ensino e aprendizagem que pode ser aplicada no ensino médio, visando ensinar conceitos de Astronomia, utilizando basicamente simulações com o software livre Stellarium. Entretanto, a sequência 2 Tutorial disponível no endereço eletrônico: https://www.youtube.com/watch?v=vwpUFoIdVoY. Nessas aulas, o professor Dr. João Batista Garcia Canalle do Instituto de Física da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, mostra todos os comandos e funções do software livre Stellarium na sua versão 0,10.2 win 32, que apesar de ter sido atualizada para versão 0.15.1, trabalha com os mesmos comandos da anterior, tendo apenas sido adicionados alguns recursos cuja combinação de comandos para acessá-los se encontra no manual elaborado no apêndice 2 dessa SEA. aqui apresentada não pode ser entendida como um mecanismo engessado, devendo, à medida que for aplicada, sofrer alterações e complementações se necessárias. Quadro 1 – Organização das atividades a serem desenvolvidas durante a aplicação da sequência e o tempo estimado para aplicação das mesmas. AULAS 1°aula 2° aula 3° aula RECURSOS UTILIZADOS Aplicação do questionário de concepções iniciais. DURAÇÃO 50 min. Aula expositiva abordando marcos históricos e aspectos conceituais da Astronomia. 35 min. Vídeo sobre a teoria do Big Bang e debate com a turma. 15 min. Atividade prática I com os comandos do Stellarium utilizando manual do Stellarium disponibilizado no apêndice 2. 50 min. Vídeo sobre as fases da Lua e discussões do assunto. 15 min. Aula expositiva e debate sobre os aspectos abordados no texto de apoio I 35 min. Atividade prática II. 50 min. Aula expositiva (apresentação de trabalho em grupo) e 4° aula debate sobre os aspectos abordados no texto de apoio II. Atividade prática III. Aula expositiva e debate sobre os aspectos abordados no 5° aula texto de apoio III. Atividade prática IV. 50 min 50 min. 50 min. 50 min. A1 – PRIMEIRA AULA Tema: Aplicação do questionário de concepções iniciais. Objetivos: 1. Conhecer as principais dificuldades e subsunçores presentes na estrutura cognitiva dos discentes. Recursos instrucionais: questionário de concepções iniciais. Motivação: Resolução do questionário. Tempo estimado para aula: 50 minutos. Desenvolvimento: O professor deve iniciar a aula explicando o motivo da aplicação do questionário, mencionando que o mesmo consiste num instrumento que possibilitará desenvolver atividades mais alinhadas aos conhecimentos prévios já existentes em suas mentes. Avaliação: A avaliação deverá ser feita por meio da tabulação dos questionários, observando quais são os tópicos que merecem maior atenção durante a aplicação da sequência, verificando se os mesmos exigem a confecção de organizadores prévios para auxiliar na aquisição de subsunçores estáveis na estrutura cognitiva dos discentes participantes. Obs.: O questionário de concepções iniciais utilizado nessa sequência de ensino e aprendizagem “O Stellarium como estratégia para o ensino de Astronomia” encontrase nas três páginas subsequentes. É importante reiterar que as perguntas feitas nesse questionário podem ser restruturadas, caso seja necessário, para se adequar às necessidades da unidade escolar que for aplicada. A 1.1– QUESTIONÁRIO DE CONCEPÇÕES INICIAIS Prezado educando, Você está sendo convidado a responder a um questionário sobre conceitos astronômicos com base na proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais para os ensinos fundamental e médio. Ressaltamos que sua participação é muito importante e contribuirá, de forma indireta, para uma melhor compreensão do contexto de ensino de Astronomia e, como consequência, apontará elementos para uma melhoria efetiva do processo de ensino aprendizagem desse assunto durante as aulas que serão ministradas na sequência de ensino e aprendizagem: “O Stellarium como estratégia para o ensino de Astronomia”. É garantido total sigilo sobre sua identidade. Nome: _____________________________________________________________ Série: ______ Instituição:_________________________________ Idade: ______. Perguntas: 1. Você tem acesso à internet? ( ) Sim ( ) Não 2. Caso tenha assinalado a opção “Sim”, marque em qual/is local/is tem esse acesso. ( ) Em casa ( ) Na escola ( ) Outros. 3. Você possui celular com acesso a redes sociais? ( ) Sim ( ) Não 4. Você utiliza seu celular na escola? ( ) Sim ( ) Não 5) Você utiliza os recursos das Tecnologias da Informação e Comunicação (pesquisas à internet, softwares educativos, etc.) como apoio aos seus estudos? ( ) Sim ( ) Não 6. Você conhece algum software educativo? ( ) Sim ( ) Não. Caso tenha respondido “Sim”, qual/is? ______________________________________________ 7. Há quanto tempo estudou o conteúdo de Astronomia (sistema solar, fases da Lua, estrelas, buracos negro, etc.)? ( ) – Mais de 3 anos ( ) – Entre 1 e 2 anos ( ) – Menos de 1 ano ( ) – Não se lembra 8. Em qual (is) disciplina (s) você estudou tópicos de Astronomia? ( ) – Física ( ) – Geografia ( ( ) – Outra ( ) – Não se lembra ) – Ciências ( ) Biologia 9. Quando olhamos para o céu numa noite sem nuvens o que é possível ver? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 10. Qual a diferença do modelo heliocêntrico para o geocêntrico? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 11. Qual a diferença entre uma estrela e um planeta? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 12. Devido às diferentes posições da Lua em órbita ao redor da Terra, a luminosidade que chega sobre a sua superfície varia, originando as fases da Lua. De acordo com a figura abaixo e seus conhecimentos sobre as fases da Lua, escreva a ordem de fases do astro com base na sua área iluminada. 13. Conhecer os Pontos Cardeais é muito importante para quem está começando a estudar as belezas do Universo, porque eles podem nos ajudar a encontrar os astros. A figura abaixo esquematiza o nascer e o ocaso do Sol, o que permite determinar os pontos cardeais através do movimento aparente desse astro em relação à Terra. Escreva nas lacunas o nome do ponto Cardeal referente à posição. 14. O nosso sistema solar é formado por quantos planetas? ______. Esses Planetas se movimentam? ( ) Sim ( ) Não 15. Faça um esquema (desenho) do sistema solar colocando os nomes e a sequência correta dos planetas que orbitam o Sol. 16. Você já viu uma “estrela cadente”? ( ) Sim ( ) Não 17. O que é um Meteoro? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 18. Olhando para o céu, em uma noite sem nuvens, é possível observar algum planeta? ( ) Sim ( ) Não Caso tenha respondido “Sim”, quais podem ser observados? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 19. O que diz a teoria do Big Bang? ______________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 20. Você já fez alguma observação com telescópio? ( ) Sim ( ) Não 21. O que você gostaria de saber sobre Astronomia? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 22. O que é uma galáxia? __________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 23. Como as estrelas se originam? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 24.Qual o processo de conversão de energia que ocorre no interior das estrelas? ___________________________________________________________________ Muito obrigado pela sua contribuição! A 2 – SEGUNDA AULA Tema: Introdução à Astronomia e aos comandos do software livre Stellarium. Objetivos: 1. Promover a Astronomia como um conhecimento essencial para o desenvolvimento e sobrevivência do homem na Terra. 2. Conhecer alguns termos utilizados na Astronomia e seus significados, tais como: azimute, zênite, abóboda celeste, dia solar, ano-luz, unidade astronômica, eclíptica, parsecs, entre outros. 3. Trabalhar com as grades equatorial e azimutal do Stellarium, e com os principais comandos das barras de menu vertical e horizontal do programa. 4. Mostrar as diferenças entre meteoros, asteroides e cometas; e entre planetas e planetas anões. 5. Ensinar sobre o recurso de busca e variação da velocidade do tempo do Stellarium. 6. Utilizar o manual com os principais comandos do Stellarium para trabalhar o recurso de teclas de atalho. Recursos instrucionais: questionário de concepções iniciais, manual com os principais comandos do Stellarium, simulações, data show. Motivação: aula expositiva de introdução à Astronomia com data show, vídeo sobre a teoria do Big Bang e simulações com Stellarium utilizando o manual de uso disponibilizado no apêndice 2 dessa sequência. Tempo estimado para aula: duas aulas de 50 minutos. Desenvolvimento: O professor deve iniciar a aula com um diálogo que instigue os alunos a expressarem seus conhecimentos prévios de Astronomia, fazendo algumas perguntas, por exemplo: 1. O que vocês sabem sobre Astronomia? 2. Quais monumentos astronômicos você conhece? 3. Qual a importância da Astronomia para a evolução das civilizações? 4. O que afirma a teoria do Big Bang? 5. Vocês já ouviram falar de algum software que possibilite simular fenômenos astronômicos? 6. Quais objetos astronômicos vocês acham mais interessantes? Após essa breve discussão o professor deve iniciar uma aula expositiva utilizando a apresentação dos slides de “Introdução à Astronomia”. Essa apresentação está disponível no endereço eletrônico < https://sites.google.com/site/lbnfisica/ > juntamente com um vídeo que simula a nebulosa cabeça de cavalo na constelação de Órion. Este vídeo deve ser baixado juntamente com a apresentação e colocado na mesma pasta para evitar transtornos durante a projeção, pois o mesmo integra o slide na página de número 12. Essa apresentação é composta por vinte e três slides que contemplam aspectos históricos e conceituais da Astronomia. A partir das informações contidas nele e nos textos de apoio o professor pode retomar o debate inicial e fazer algumas correções, caso seja necessário, às respostas dadas pelos discentes. Para complementar essa etapa é interessante o professor projetar o vídeo: ABC da Astronomia [3] Big Bang. Esse vídeo tem duração de [3:40 min] e mostra alguns aspectos importantes da teoria mais aceita para explicar a origem do cosmos, trazendo valores atuais do tempo de existência do universo [13,7 bilhões de anos] e discutindo assuntos que são escassos nos livros didáticos, citando, por exemplo, o surgimento do espaço e do tempo junto com a grande explosão. O vídeo pode ser encontrado no endereço < https://www.youtube.com/watch?v=CH24yfMrA9 4>. Vale ressaltar que as discussões não devem se aprofundar no estudo da cosmologia, mas sim, dos aspectos conceituais que envolvem a teoria do Big Bang, de maneira que esses conceitos auxiliem em outros momentos da sequência. Após essa etapa, inicia-se o estudo dos comandos do software, que deve ser feito por meio da resolução da atividade prática II, que envolve simulações com Stellarium. É importante que o professor faça as simulações junto com os alunos e as projete num anteparo que possibilite a visualização por todos. Além disso, no momento em que estiverem ocorrendo as simulações é interessante que o professor instigue os alunos a utilizarem o recurso do manual do Stellarium, disponibilizado no apêndice 2 dessa sequência para que os educandos se habituem a utilizar essa ferramenta para se orientarem durante as simulações. A 2.1 – ATIVIDADE PRÁTICA I: “CONHECENDO OS COMANDOS DO STELLARIUM” O Stellarium é um software tipo planetário que faz simulações de diversos fenômenos astronômicos, dos mais simples aos mais difíceis de serem observados. No intuito de promover a rápida familiaridade com o programa, desenvolvemos um manual com os principais comandos do Stellarium para auxiliá-lo na resolução desta, e das demais atividades dessa sequência. Logo, sempre que necessário recorra a esse manual para se orientar sobre qual tecla de atalho ou menu, deve ser utilizado para observar o fenômeno desejado. Questões 1. Dê um duplo click no ícone do Stellarium presente na área de trabalho do seu computador. Em seguida, abra a janela de localização [F6] e altere a localização do programa para as coordenadas de sua cidade. Feito isso, escreva na lacuna a seguir a altitude que sua cidade apresenta em relação ao nível do mar segundo informações disponibilizadas no programa. ______________ 2. Procure na barra de menu vertical a janela data e hora, e mude o horário para 12 h do dia que fará a simulação, click em cada ícone exposto na coluna direita da tabela abaixo; e complete a coluna da esquerda escrevendo o que ocorreu após cada click. 3. Com a janela de pesquisa do Stellarium encontre o Sol, centralize-o com a tecla [ T ] e aumente a velocidade do tempo [ L ]. Em seguida ligue a grade azimutal e responda as perguntas a seguir. a) qual nome da linha imaginária descrita pelo Sol durante seu movimento aparente no céu? _____________________________________________________________ b) qual a distância da Terra até o Sol para essa data, em km? __________________ c) qual o ângulo (aparente) máximo que ele atinge nesse dia? __________________ 4. Procure pela janela de opções de céu e de visualizações e ligue a opção marcações. Posteriormente mude a projeção para ortográfica, tire a atmosfera e a superfície, insira a grade azimutal e responda as seguintes perguntas: a) o que acontece com a abóboda celeste após essa sequência de comandos? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ b) clicando na tecla de atalho [ L ] o que muda na abóboda celeste? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ c) ao ligar a linha eclíptica o que se pode observar do movimento dos planetas em relação ao Sol? A posição deles varia muito em relação à linha imaginária descrita pelo Sol? Justifique. __________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 5. Qual a distância, a fase e o percentual de área iluminada pelo Sol a Lua apresenta para a data da observação? ____________________________________ ___________________________________________________________________ 6. Selecione a Lua como base [ Ctrl+G ] e localize a Terra com a janela pesquisa. Como é a Terra vista da Lua? Na fase de Lua nova a Terra é vista da Lua? Justifique a sua resposta. 7. a) A qual constelação pertence a estrela Sirius? ___________________________ b) A sua magnitude é maior ou menor que a do Sol? _________________________ c) Qual a sua distância em relação à Terra? ________________________________ 8. Utilizando a função exibir exoplanetas encontre o sistema planetário 2 M 0122 – 24, e determine sua massa; seu raio e o ano de sua descoberta. [Dado: mJúpiter = 1,9 x 1027kg e rJúpiter = 69.911 km]. 9. a) A qual constelação pertence a nebulosa cabeça de cavalo (Horsehead Nebula)? ____________________________________________________________ b) Utilizando a função zoom, verifique se a imagem é parecida com a projeção feita na apresentação de slides realizada no início da aula. ________________________ ___________________________________________________________________ c) Essa nebulosa se encontra a quantos quilômetros da Terra?_________________ ___________________________________________________________________ 10. a) Que tipo de objeto celeste é Alpha Centauri B (! "#$%&)? ________________ b) Qual sua distância em relação à Terra? _________________________________ c) Esse objeto tem raio e massa maiores ou menores que o Sol? Justifique sua resposta apresentando os valores obtidos com as simulações. _________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Avaliação: a avaliação dessa atividade deve ser recursiva, no sentido de possibilitar os discentes refazer as simulações para se adaptarem aos comandos do software e deve considerar a análise da resolução da atividade e a participação do aluno durante a aula. A partir dessas observações o professor pode revisar alguns conceitos na aula seguinte. Observação: O manual com as principais funções das barras de menu vertical e horizontal; e das teclas de atalho encontram-se no apêndice 2 dessa sequência de ensino aprendizagem e deve ser entregue aos alunos no início da aula. A.3 – TERCEIRA AULA Tema: Conhecendo a Lua e seu aspecto de fases. Objetivos: 1. 2. 3. 4. Compreender o fenômeno de fases da Lua. Conhecer a principal teoria que explica a origem da Lua. Confeccionar um calendário lunar com recurso de simulação. Mostrar que a Lua é o objeto celeste mais conhecido pelo homem. Recursos instrucionais: projeção com Datashow, texto de apoio I e atividades de simulação com Stellarium. Motivação: Vídeo abordando o aspecto das fases da Lua, aula expositiva usando Datashow, leitura e debate sobre o texto de apoio I. Tempo estimado para aula: duas aulas de 50 minutos. Desenvolvimento: O professor de iniciar instigando os alunos a externar os conhecimentos prévios existentes em sua estrutura mental. Para isso, é sugerido que o docente faça perguntas sobre alguns aspectos que promova a curiosidade dos alunos, tais como: 1. O homem já foi à Lua? 2. A Lua é um satélite natural ou artificial? 3. Como a Lua surgiu? 4. A Lua aparece durante o dia? 5. Quais são as quatro fases da Lua? 6. Qual a cor da Lua? Ao término dessas perguntas o professor deve projetar o vídeo “ABC da Astronomia [ 7 ] Fases da Lua” que tem duração de [4:18 min], disponível no endereço eletrônico <https://www.youtube.com/watch?v=N2wTtaJEtNY>. Esse vídeo mostra que ao longo da história a Lua foi utilizada por diversas civilizações como instrumento cronológico e meio de programar o plantio e a colheita na agricultura e que, no decurso do mês o nosso satélite passa por um fenômeno conhecido como fases da Lua, que apesar de parecer simples para um observador aqui na Terra, contém detalhes de difícil explicação. Finalizada a projeção do vídeo o docente deve iniciar uma aula expositiva abordando as principais informações presentes no texto de apoio I, disponibilizado aos alunos na aula anterior. Ao término dessa etapa, o professor deve pedir aos educandos para iniciarem a resolução da atividade prática II, concentrando-os na confecção do calendário lunar, pois este auxiliará na resolução das demais questões. Além disso, na resolução desta atividade, é importante que o professor trabalhe com os comandos de velocidade do tempo do Stellarium, tais como: · J, diminui a velocidade do tempo; · K, retorna o tempo para sua velocidade normal; · L, aumenta a velocidade do tempo; · 8, esse comando traz a simulação para o dia atual; · =, aumenta um dia solar na simulação; · -, diminui um dia solar na simulação; · Ctrl + =, aumenta uma hora solar; · Ctrl + -, diminui uma hora solar; · T, centraliza a simulação no astro escolhido Sugere-se, ainda, que o professor mostre aos alunos como deve ser feito o preenchimento do calendário, seguindo o exemplo dado na questão 2, da atividade prática II. Avaliação: nessa atividade é importante o professor observar a participação dos alunos durante as aulas, pois apesar de parecer simples, o aspecto das fases da Lua é de difícil compreensão por parte dos discentes, que não conseguem associar esse fenômeno ao jogo de sombras que envolvem o Sol, a Lua e a Terra. Por isso, é muito significativo que o professor observe a confecção do calendário lunar proposto e verifique se as demais respostas estão de acordo com as observações realizadas e registradas pelo discente. Observação: É essencial que o professor disponibilize o texto de apoio II, aos alunos, com antecedência, para que possam fazer a leitura antes das aulas. Durante a aplicação dessa sequência distribuímos os textos e o manual do Stellarium no primeiro encontro, em formato de apostila, assim que terminamos de aplicar o questionário de concepções iniciais. A. 3.1 – TEXTO DE APOIO I: CONHECENDO A LUA. A Lua é o único satélite natural da Terra e desde a antiguidade tem atraído atenção de diversas civilizações que ao longo da história perceberam a singularidade de seu movimento e a influência que esse astro exerce sobre o nosso planeta. Com essas observações, o homem antigo percebeu que o aspecto da Lua varia em ciclos de fases que se repetem aproximadamente a cada 29,5 dias. Essa contribuição foi dada provavelmente por Anaxágoras, que viveu no século 4 a.C, e teve suas observações registradas nas obras de Aristóteles (384 – 322 a.C), que também pesquisou os aspectos da Lua e conceituou corretamente o fenômeno de fases da Lua. Segundo Aristóteles essas fases “resultam do fato de que ela não é um corpo luminoso, e sim iluminado pelo Sol. Logo, o fenômeno das fases da Lua representa o quanto de luz do Sol incide sobre a superfície lunar”. Uma característica importante desse astro é que seu período de rotação é igual ao de translação, o que permite completar uma volta em torno de si no mesmo tempo que completa uma revolução em torno da Terra. Com isso, a parte visível por nós (iluminada) é a mesma e, a outra parte que também recebe luz do Sol, mas que não conseguimos visualizar é chamado “lado escuro da Lua”. As quatro fases mais características – Lua nova, Lua Quarto Crescente, Lua Cheia e Lua Quarto Minguante – são classificadas de acordo com a porcentagem iluminada de sua superfície, a seguir será descrito o passo a passo para classificação correta dessas fases: Lua Nova – É quando a Lua se encontra entre a Terra e o Sol e sua face visível não recebe a luz o Sol. Nesse período, a Lua aparece no céu no período diurno, nascendo e se pondo junto com o Sol. Porém, com o passar dos dias a Lua vai se direcionando para Leste do Sol, e o lado da face visível começa a ficar crescente, e aproximadamente uma semana depois tem – se 50% de sua superfície iluminada. Lua Quarto Crescente – É quando metade da superfície oeste da Lua encontra-se iluminada pelo Sol. Nesse dia a Lua nasce ao meio dia e se põe à meia noite, e Sol e Lua estão a 90° um do outro. Nos próximos dias ela contínua a se deslocar para o leste e a parte oeste contínua a crescer até ser completamente iluminada. Ou seja, o quarto-crescente é o período de transição da lua nova para a crescente. Lua Cheia – É quando o disco lunar totalmente iluminado é visível à noite. Nesse período, Lua e Sol distam-se 180° quando observados da Terra, e os fenômenos de nascimento e ocaso dos astros se invertem. Enquanto o Sol se põe a Lua nasce, e quando o Sol nasce a Lua tem seu ocaso. A lua que até então se deslocava para Leste passa a se orientar a oeste do Sol. Nesse movimento a superfície iluminada vai decaindo até chegar a 50%, chegando ao seu quarto-minguante. Quarto Minguante – É quando o ângulo entre a Terra e a Lua é quase reto, de modo que apenas a metade do disco lunar é iluminada, e progressivamente essa área vai diminuindo até atingir o dia zero do novo ciclo. Nessa fase a Lua nasce à meia noite e se põe perto do meio dia. FIGURA 1.1: Foto ilustrativa das fases da lua. Fonte: <http://www.mundodastribos.com/quais-saoas-quatro-fases-da-lua>. O intervalo de tempo de 29 d 12 h 44 m 2,9 s compreende a uma lunação ou período sinódico, que é o tempo que a Lua leva para reaparecer no mesmo local em sucessiva conjunção com o Sol, ou seja, o intervalo entre duas fases consecutivas. Já o período sideral, que corresponde ao prazo que a Lua descreve uma volta em torno da Terra é igual a 27 d 7 h 43 m 11 s. Utilizando para tal o valor aproximado de 27,3 dias, é fácil perceber que a Lua move-se ' 13° para Leste a cada dia em relação às estrelas e '12° em relação ao Sol, adotando que este também se desloca ' 1° para Leste. Esse movimento da Lua em torno da Terra influencia no movimento de subida e descida das águas do mar. Esse fenômeno é perceptível a olho nu, bastando para isso observar o atraso de ' 53 minutos nas marés e comparar com o atraso no aparecimento diário da Lua em igual duração. Embora a Lua seja a principal responsável pela subida e descida das marés por causa da sua proximidade com o nosso planeta, o Sol também exerce influencia para o acontecimento desse fenômeno. Mesmo estando cerca de 390 vezes mais distante da Terra do que a Lua na abóboda celeste, sua massa de ' 2,7 x 107 vezes a da Lua contribui para quase 40% das ações gravitacionais sobre as águas do mar. Todas essas ações podem ser bem compreendidas pela gravitação universal de Isaac Newton. A Lua é o astro mais conhecido pela humanidade, a mais de um século tinhase conhecimento que a sua densidade é menor que a da Terra. Em 1609, já se sabia que a superfície lunar tinha formato esférico e possuía elevações e depressões em seu relevo, isso graças às observações feitas por Galileu Galilei com o recém-inventado telescópio. Embora muitos aspectos desse astro já fossem conhecidos, somente a partir da década de 1960 com as missões tripuladas do projeto Apollo da NASA, é que de fato o homem pode recolher e pesquisar as amostras de seu solo e compreender melhor a formação do nosso único satélite natural. Os primeiros astronautas a pisarem no solo lunar foram Neil Armstrong e Edwin Aldrin em julho de 1969. Além deles, outros nove astronautas em novas missões do programa apollo, que teve sua última expedição em 1972, também desceram até à Lua e trouxeram consigo amostra do solo para análises aqui na Terra. Cerca de 382 kg de rocha e solo foram trazidos e, têm sido usadas desde então no estudo sobre a origem, a geologia e a estrutura interna da Lua. Isso permitiu identificar três materiais abundantes no solo lunar: o regolito, a maria e a terrae. Esses dois últimos termos foram utilizados por Johannes Kepler para distinguir as zonas altas e claras – terrae – das zonas baixas e escuras – maria. As maria ou mares compreendem aproximadamente 17 % do solo lunar. Já o regolito, que é uma mistura de pó fino e resíduos rochosos produzidos pelos impactos de meteoritos e intempéries na superfície lunar, são compostos quimicamente ricos em alumínio nas terras altas (terrae) e em ferro e magnésio nas terras baixas (maria). O ferro e o magnésio são os principais componentes das rochas basálticas. No entanto, o basalto presente é bem mais rico em ferro que o existente na Terra. A massa da Lua é bem menor que a da Terra (cerca de 1/81vezes), isso faz com que a gravidade lunar seja 1/6 da terrestre, o que favorece o escape das moléculas de gases presentes em sua superfície. Enquanto a velocidade de escape de uma molécula de gás na Terra é de 11 km/s, na Lua é de apenas 2,02 km/s, com isso, ela não consegue reter os gases que formariam uma atmosfera mais consistente e por isso sua pressão atmosférica é quase nula, algo próximo de 3 x 10-13 kPa. Valor praticamente insignificante se comparado aos 101,325 kPa da atmosfera terrestre. Em síntese, pode-se dizer que a atmosfera lunar é desprezível. Porém, nessa fina atmosfera foram encontrados alguns gases como hélio, argônio e neon, o ultimo em maior quantidade, mas insuficiente para criar um halo luminoso visível em torno da Lua. Essa descoberta foi feita recentemente a partir dos dados coletados pela sonda não tripulada LADEE, da agencia espacial americana. Embora tenha sido detectado em 2014, desde a missão Apollo a presença de neon na exosfera lunar tem sido objeto de especulação. Grande parte dessa exosfera lunar tem origem no vento solar, que consiste num fluxo de gás eletricamente carregado que parte do Sol em direção ao espaço. O vento solar é composto majoritariamente por hidrogênio e hélio, porém, muitos outros elementos o compõem. Todos esses elementos colidem contra a Lua, ficando parte impregnada nas rochas de sua superfície e os mais voláteis como argônio, hidrogênio e neon regressam para o espaço formando a exosfera lunar. As expedições lunares também contribuíram para a medição precisa da distância entre a Terra e a Lua. As missões Apolo e a missão não tripulada russa Lunakhod I e II instalaram no solo lunar prismas retrorrefletores, que são dispositivos ópticos que refletem a luz de volta a sua origem com um mínimo de espalhamento. Mesmo os raios desta não estando ortogonais à superfície do retrorrefletor, uma onda eletromagnética é refletida de volta ao longo de um vetor que é paralelo, mas com sentido oposto em rumo à fonte da onda. Parece estranho, mas esse mecanismo, ilustrado na figura 1.2, mede com precisão a distância que a Lua se encontra da Terra. Sendo que essa distância varia de 356.800 km (no perigeu) a 406.400 km (no apogeu), apresentando um valor médio de 384.403 km. FIGURA 1.2: Adaptação de esquema de feixe de laser incidindo contra os retrorrefletores fixados na Lua pelas missões Apolo. Fonte: http://www.moonlandinghoax.org/8.html. Com esse mecanismo os cientistas conseguem enviar um pulso de laser contendo 100 quadrilhões de fótons, dos quais pouquíssimos conseguem retornar a Terra. No entanto, o retorno de um único fóton é suficiente para medir a distância entre esses astros até a casa dos milímetros. Isso permitiu verificar que a Lua está se afastando da Terra cerca de 3,78 centímetros a cada ano devido à ação das marés. A atuação da força gravitacional da Lua causa alterações no nível da água do mar em nosso planeta, fazendo com que as marés se alinhem ao satélite durante o movimento de rotação da Terra. No entanto, uma faixa das águas sempre está um pouco à frente da Lua, o que resulta na transferência de energia da Terra para as marés por meio da resistência apresentada pelas duas superfícies em contato, movimentando-se uma em relação à outra. Essa grande massa de água exerce sua própria atração gravitacional sobre a Lua, e como a Terra e a Lua são ligadas pela gravidade, à medida que o movimento da Terra diminui ocorre uma aceleração na Lua implicando numa força contrária à Terra, que faz com que o nosso satélite se liberte 3,78 cm a cada ano. Considerando o período de sua existência próximo de 4,5 bilhões de anos, a Lua já se distanciou da Terra 18 vezes em relação ao período de sua formação. Esse fenômeno retarda a rotação da Terra em 2 milissegundos por século, que apesar de parecer algo insignificante, aumenta o dia terrestre em 4 horas a cada um bilhão de anos. A Origem da Lua A origem da Lua é um mistério, no século XVIII George Darwin, astrônomo britânico filho de Charles Darwin, afirmava que a Lua se desprendeu da Terra devido a rotação acelerada que nosso planeta tinha logo após a sua formação. Ele e outros cientistas que aceitavam essa teoria, afirmavam que a região onde se encontra o oceano pacífico, seria a parte da Terra que teria se desprendido. No entanto, estudos geológicos apontaram que a crosta terrestre naquela região tinha no máximo 200 milhões de anos, muito jovem se comparados com a idade de 4,5 bilhões de anos, que é a mais aceita atualmente para a Lua, e logo essa teoria foi descartada. Porém, atribui-se a George Darwin a descoberta de que a Lua se afasta da Terra, que só foi provado com as medições utilizando os painéis retrorrefletores instalados pelas missões Apolo. Outra hipótese para origem da Lua, afirmava que o nosso único satélite natural vagava pelo espaço e acabou sendo capturado pelo campo gravitacional terrestre. Essa teoria foi logo descartada quando estudos mostraram que um encontro próximo de astros dessa magnitude provocaria uma grande colisão entre os astros, ou um afastamento definitivo. Para que isso fosse possível, a atmosfera terrestre teria que ter uma abrangência extremamente elevada a ponto de frear a Lua, colocando-a em órbita. Atualmente a teoria mais aceita pela comunidade astronômica sobre a origem da Lua, afirma que um grande corpo, possivelmente com a massa de Marte, colidiu com a Terra. Com esse choque catastrófico, enormes quantidades de matéria teriam sido arrancadas do nosso planeta. Esses componentes formaram um grande disco de matéria que orbitaram a Terra por milhões de anos e com a ação da força gravitacional, esse material foi se aglutinando até formar a Lua. Simulações feitas em supercomputadores (Figura 1.3) mostraram que a maior quantidade de matéria teria sido arrancada do nosso planeta e que esse choque aconteceu de “raspão”. Mesmo sendo a teoria mais aceita para a origem da Lua desde 1984, essa hipótese não consegue explicar por que os elementos voláteis não foram eliminados, no nível exigido para colisões dessa magnitude. Figura 1.3: Simulação da colisão entre um astro com as dimensões de Marte contra a Terra entre 30 e 50 milhões de anos após a origem do sistema solar. Fonte: Observatório Nacional. Estima-se que esse planetesimal tenha se chocado contra a Terra entre 30 e 50 milhões de anos após a formação do sistema solar e, possuía dimensões próximas às de Marte e uma massa equivalente a 10% a da Terra. Com o impacto, a temperatura em nosso planeta teria alcançado os 10000 °C e parte do material terrestre lançado ao espaço escaparam do campo gravitacional terrestre e se perdeu no espaço interplanetário. A parte que ejetou e acompanhou a trajetória de nosso planeta se aglutinou com a ação da gravidade e deu origem a Lua. As principais características desse astro estão descritas na tabela 1.1. Tabela 1.1: Principais características da Lua. Massa 7,47 x 1022 kg Densidade da Lua 3,34 g/cm3 Gravidade local 1,62 m/s2 Distância média da Terra 384.403 km Velocidade de escape 2,02 km/s Atmosfera 3 x 10-13 kPa Período sinódico 29 d 12 h 44 m 2,9 s Período sideral 27 d 7 h 43 m 11 s Temperatura máxima na superfície 123°C Temperatura mínima na superfície - 233°C Velocidade de translação 3700 km/h Diâmetro 3476 km Idade 4,53 x 109 anos Inclinação da órbita 5,2° Inclinação do eixo 6,7° Fonte: OLIVEIRA e SARAIVA (2014). A 3. 2 – ATIVIDADE PRÁTICA II: CONHECENDO AS FASES DA LUA COM STELLARIUM. 1. No dia 14 de novembro de 2016 aconteceu o fenômeno conhecido como “superlua”, que é quando a Lua fica mais próxima da Terra do que o habitual. Esse fenômeno faz com que a lua pareça 14% maior e 30% mais brilhante do que o habitual, fazendo com que esse evento seja um dos mais contemplados e aguardados da Astronomia. No entanto, a próxima vez que o fenômeno deverá ser tão intenso ocorrerá apenas em 25 de novembro de 2034. Com base nos conhecimentos de simulação que já têm, utilize a função “mudar data” [F5] do Stellarium e mude a data para o dia 14 de novembro de 2016. Com o ícone “localizar objeto” [F3] encontre a Lua e centralize-a com a tecla “T”. Em seguida responda: a) qual fase a Lua apresenta nessa data? _________________________________ b) qual foi a distância mínima que ela esteve da Terra nesse dia?_______________ c) Qual a magnitude aparente e a magnitude absoluta da lua quando ela apareceu no horizonte? _______________Esse valor variou ao longo da noite?__________ d) Essa medida tem alguma relação com a distância em que a Lua se encontra da Terra? Justifique. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 2. Preencha as colunas da tabela abaixo com as informações solicitadas para as respectivas datas e responda as perguntas seguintes. Data 14/11/2016 15/11/2016 16/11/2016 17/11/2016 Horário Superfície iluminada Distância 18/11/2016 19/11/2016 20/11/2016 21/11/2016 a) a superfície iluminada da Lua diminui ou aumenta nesse período? ___________ b) isso tem alguma relação com a distância que a Lua se encontra da Terra? Justifique. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ c) a distância desse astro em relação à Terra aumentou ou diminuiu nesse período? ___________________________________________________________________ d) qual fase a Lua apresentou no dia 21/11/2016? ___________________________ 3. Com base no conhecimento adquirido com as simulações utilizando o stellarium, assinale a sequência correta para as fases da Lua de acordo com a ordem numérica das figuras. a) Lua Cheia, Lua Quarto Minguante, Lua Nova, Lua Quarto crescente. b) Lua Nova, Lua Quarto Crescente, Lua Cheia, Lua Quarto Minguante. c) Lua Nova, Lua Quarto Minguante, Lua Cheia, Lua Quarto Crescente. d) Lua Nova, Lua Quarto Minguante, Lua Cheia, Lua Quarto Crescente. 4. A página a seguir traz uma tabela com a imagem da Lua em sua fase cheia. No entanto, esse ciclo de fases varia durante o mês à medida que a área iluminada de sua superfície se altera, apresentando outras fases, tais como: minguante, nova e crescente. Utilizando a janela data/tempo [F5] do stellarium, mude a data para o dia 01/11/2016 e o horário para 7 h 00 min, acelere a velocidade do tempo [L] e registre o horário em que a Lua aparece no horizonte. Em seguida dê um click na Lua, centralize-a com a tecla [T], aproxime o astro dando zoom [/] e pinte a área sombreada da Lua para essa data e horário de seu aparecimento conforme exemplo abaixo: Registre além do horário de surgimento do astro (H/S), o horário de seu ocaso (H/O), utilizando a função aumentar velocidade do tempo [L]. Repita essa ação para os próximos 30 dias até preencher a tabela e responda ao questionário abaixo com base nos dados coletados nessa simulação. Obs.: Sempre que quiser voltar o tempo a sua velocidade normal aperte a tecla [k]. (qualquer dúvida quanto aos comandos do software recorra ao manual do Stellarium disponibilizado pelo professor). SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO DOMINGO DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: DIA: H/S: H/OC: a) A lua é um astro iluminado ou luminoso? Justifique. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ b) Na primeira semana a área iluminada da Lua aumentou ou diminuiu? Isso caracteriza qual fase? _________________________________________________ ___________________________________________________________________ c) No dia 08/11/2016 a Lua se encontra na fase crescente, quarto crescente, cheia ou minguante? Justifique. _____________________________________________ ___________________________________________________________________ d) Em quais dias do mês a Lua teve toda sua superfície iluminada (fase cheia)? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ e) A fase minguante da Lua começou em qual data? Nesse período sua área iluminada diminuiu ou aumentou? _______________________________________ ___________________________________________________________________ f) O que caracteriza a fase da Lua nova? Em quais dias esse fenômeno ocorreu? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ g) A Lua surge no céu sempre no mesmo horário? Caso esse tempo varie, qual a explicação para tal fenômeno? __________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ h) Quantos dias, aproximadamente, a Lua demorou para repetir a mesma fase? Qual nome que se dá a esse período? ____________________________________ A 4 – QUARTA AULA Tema: Conhecendo o Sistema solar com Stellarium Objetivos: 1. Conhecer as principais características do Sol. 2. Verificar se a distância da Terra ao Sol varia ao longo do ano. 3. Compreender o que é um planeta anão. 4. Entender o conceito de passagem meridiana. 5. Observar as principais características dos planetas do sistema solar. 6. Aprender sobre o cinturão de Kuiper e a nuvem de Oort. Recursos instrucionais: Texto de apoio, questionário, simulações. Motivação: leitura do texto de apoio II, simulação com stellarium e resolução do questionário. Tempo estimado para aula: duas aulas de 50 minutos. Desenvolvimento: O professor deve instigar os alunos para que eles expressem seus conhecimentos prévios sobre o sistema solar fazendo algumas perguntas sobre os astros que o compõem, tais como: 1. O Sol nasce em que posição geográfica? 2. Você pode olhar diretamente para o Sol? 3. A distância do Sol à Terra varia durante o ano? 4. Quais planetas podem ser vistos a olho nu? 5. Você sabe identificar algum planeta no céu? 6. Você sabe diferenciar um cometa de um asteroide? Pelo fato do texto de apoio II ser longo, é sugerido que o professor o disponibilize com antecedência, de preferência na aula 2, e forme grupos de maneira que cada equipe fique responsável por apresentar uma etapa do texto durante a aula, no formato de uma apresentação de trabalho. Ao término das apresentações o professor deve pedir aos discentes que iniciem a resolução da atividade prática III, para isso é interessante trabalhar com os comandos do software expostos abaixo, a fim de auxiliar na atividade de simulação proposta. Vale ressaltar a importância de disponibilizar o manual do Stellarium (apêndice 2) durante toda a aplicação da sequência. · J, diminui a velocidade do tempo; · K, retorna o tempo para sua velocidade normal; · L, aumenta a velocidade do tempo; · 8, caso tenha mudado a velocidade do tempo, esse comando traz para o dia atual; · =, aumenta um dia solar na simulação; · -, diminui um dia solar na simulação; · Ctrl + =, aumenta uma hora solar; · Ctrl + -, diminui uma hora solar; · T, centraliza a simulação no astro escolhido (encontre o astro com [F5] e depois centralize com [ T ]; · Ctrl + F, abre a janela de busca do astro, permitindo encontrá-lo na abóboda celeste. Assim como na aula 3, é aconselhável que o professor faça uma simulação inicial para que os alunos vejam como trabalhar com os comandos do software, por exemplo: fazer uma busca por Marte e Saturno, e abordar as diferenças entre os dois. O texto de apoio II tem uma importância muito significativa nessa etapa, por isso muitas respostas do questionário também exploram aspectos deste texto. Avaliação: pode ser contínua por meio das observações da participação dos alunos nas discussões e resolução dos questionários através das simulações realizadas. A.4.1 – TEXTO DE APOIO II: CONHECENDO O SOL E O SISTEMA SOLAR. O Sol A noção antiga que a humanidade tinha do Sol era de uma grande esfera brilhante responsável pelo dia, quando aparecia no horizonte, e pela noite quando decaia no plano terrestre. Por muito tempo o povo pré-histórico e antigo, considerou esse astro como algo sobrenatural, símbolo de poder e força. Algumas civilizações como os Incas e os Astecas tratavam a veneração ao Sol como aspecto central de sua cultura. Monumentos antigos como Stonehenge no Reino Unido, a pirâmide de Kukulcán no México e Newgrange na Irlanda, mostram a influência desse astro no aspecto cultural e cronológico dessas civilizações, que estabeleciam datas e calendários de acordo com seu movimento. Um dos primeiros registros científicos de explicação para o Sol foi dado por Anaxágoras de Clazômenas (500 a.C – 428 a.C) que concluiu que o nosso astro era uma grande bola de metal maior que a península de Peloponeso situado no Sul da Grécia. No século III antes de cristo, o matemático grego Erastóstenes, primeiro a medir o diâmetro da Terra, estimou a distância do Sol numa conotação ambígua, que permitiam estimar valores entre 755 mil a 153 milhões de quilômetros. Já no século I a.C, Ptolomeu calculou essa distância como sendo igual 1210 vezes o raio terrestre. Outras contribuições, dentre essas, árabes, incluem a descoberta de que a excentricidade orbital do Sol está em constante mudança. Acredita-se que Aristarco de Samos foi o primeiro cientista a propor o modelo heliocêntrico, considerando o Sol como centro do que hoje chamamos de sistema solar. Os registros mais consistentes da idealização dessa teoria são atribuídos a Nicolau Copérnico no século XVI. A partir da invenção do telescópio, essa teoria consolidou-se como correta para a explicação do movimento dos astros do nosso sistema por meio das observações de Galileu Galilei no século XVII. Galileu foi um dos primeiros a registrar o fenômeno das manchas solares, teorizando que tais manchas eram características da superfície solar ao invés de pequenos astros passando entre a Terra e o Sol. Em 1673, Giovanni Cassini e Jean Richer determinaram a paralaxe de Marte e com esta estimaram a distância do Sol em 140 milhões de quilômetros. Com essa distância, que é bem próxima do que se sabe hoje, os cientistas passaram a fazer estudos mais complexos sobre esse astro. Analisando esse contexto histórico, verifica-se que a evolução astronômica passa diretamente pelas observações do Sol, com o passar do tempo, a aglutinação dessas ideias permitiu o homem estabelecer padrões mais exatos para as medições e entender aspectos de conversão de energia inimagináveis à época antiga. Os estudos atuais apontam que o Sol é uma grande esfera incandescente situada a 149.597.870,691 (1Unidade Astronômica - ua) quilômetros da Terra, que produz quase toda a energia necessária para o ciclo da vida terrestre. Além disso, é a estrela mais próxima de nós, e por consequência também é a mais estudada. Esse estudo do Sol serve para entender como funcionam as outras estrelas e as singularidades desses astros. A partir dessas análises observacionais, percebe-se que o Sol é uma estrela comum no universo, gerando sua energia por meio da queima de hidrogênio, convertendo-o em hélio, num processo conhecido como fusão termonuclear que ocorre no seu núcleo com temperaturas que atingem perto de 15 milhões de graus e pressão 300 bilhões de vezes superior à pressão do nível do mar. É esse processo que produz a luz que a Terra usa para a fotossíntese, o calor que equilibra a temperatura planetária e outras radiações importantes para a vida na Terra. Já se sabe que o sol corresponde a 99,8% da massa de todo o sistema solar, que possui 1.300.000 vezes o tamanho da Terra e tem massa igual a 1,9887973 x 1030 kg, cerca de 332.946 vezes a massa da Terra. O processo de fusão nuclear no interior do Sol é praticamente o mesmo para a maioria das estrelas, com dois núcleos de elementos leves se combinando para formar um único núcleo de elemento pesado. Essa combinação exige que os núcleos se colidam com uma energia cinética total alta para vencer a repulsão coulombiana, permitindo que a interação nuclear forte passe a ser efetiva. Como a repulsão coulombiana aumenta à medida que a carga aumenta, a fusão nuclear acontece com mais facilidade em elementos com número baixo de prótons como o hidrogênio. No entanto, além disso, o processo de fusão nuclear exige altas temperaturas, e como no interior do Sol essa temperatura chega a ordem de 10 7 °C, o processo de reação nuclear passa a ocorrer naturalmente com 4 núcleos de hidrogênio 1 fundindo para formar hélio 4 mais dois pósitrons e dois neutrinos. Nessa reação há liberação de 25 MeV de energia e uma luminosidade de aproximadamente 4 x 1026 watts. Por consequência, a quantidade de Hidrogênio no Sol está diminuindo à medida que a de Hélio está aumentando. Parte dessa energia chega à Terra num processo de transmissão de calor denominado radiação, que consiste na propagação de energia através de ondas eletromagnéticas, que são ondas que podem se propagar no vácuo na velocidade da Luz. Um metro quadrado de área terrestre recebe em média 1367,5 watts, que equivale a dez lâmpadas de 100 watts. A título de comparação, em um minuto o Sol produz energia igual a 10 milhões de vezes a energia produzida por toda a produção anual de petróleo na Terra. Estrutura do Sol O Sol apresenta algumas camadas bem definidas, essas camadas são responsáveis pela transmissão de energia do núcleo até a sua superfície. A figura IV mostra um esquema da forma estrutural do Sol, composto por sete camadas, cujas características de cada uma serão abordadas a seguir. Figura 1.4: esquema da estrutura do Sol (fora de escala). Fonte: http://astroclube.blogspot.com.br. Coroa solar: Essa é a parte mais externa e rarefeita do Sol. Nessa região, imensas nuvens de gás aquecido e brilhante, conhecidos como proeminências, explodem, estendendo a presença desses gases até o espaço através de partículas que viajam lentamente para longe do Sol com temperatura que pode chegar a 1 milhão de Kelvin. É nessa camada que são produzidos os ventos solares, que consistem em partículas carregadas com alta energia (elétrons, prótons e neutrinos) que viajam a 1600 km/s pelo espaço. Ao incidir-se contra o campo magnético terrestre os ventos solares perigosos são presos, formando o cinturão de Van Allen. Figura 1.5: imagem da coroa solar e suas proeminências. Fonte: http://www.earthobservatory.nasa.gov. Cromosfera: É uma camada de gás formada principalmente por hidrogênio e Hélio que envolve o Sol, localizando-se, entre a fotosfera e a coroa solar. A temperatura nessa região varia de 4300 a 40000 kelvins. Muito provavelmente essas altas temperaturas devem ser provocadas por campos magnéticos variáveis criados na fotosfera, que quando são transportados para a coroa por corrente elétrica deixam parte dessa energia na cromosfera. Figura 1.6: Eclipse solar observado na França, em 1999. Nessa imagem é possível observar as manchas avermelhadas da cromosfera e a coroa solar em cor branca. Foto: Luc Viatour. Zona de transição: É uma região estreita da atmosfera solar, que separa a coroa, que possui temperaturas extremamente altas, da cromosfera com temperatura mais baixa. É formada basicamente pelo calor que desce da coroa para a cromosfera, com temperaturas que variam de 1 milhão de graus Celsius, na base da coroa, para algumas dezenas de milhares de graus nas proximidades da cromosfera. Descobertas recentes indicam que a região de transição é bem definida e localizada, composta de um plasma dinâmico e detalhadamente estruturado, confinado no interior de cordões de um campo magnético filamentar. Fotosfera: A fotosfera é uma fina camada da atmosfera solar, com cerca de 500 km de espessura, que apresenta uma temperatura aproximada de 6000 °C. Estudos recentes apontam que a fotosfera não é homogenia e seu brilho não é uniforme, apresentando superfície análoga a de um líquido em ebulição, cheia de bolhas, que tem diâmetros próximos aos 1500 km, chamados de grânulos, que duram cerca de 10 minutos. Zona Convectiva: Na zona convectiva a temperatura atinge os 2 milhões de graus Celsius e o plasma é extremamente denso e opaco. Essa região, que representa 15 % do raio solar, envolve a zona radiativa. Nela, a energia é transportada por convecção, que consiste no transporte mecânico das moléculas do gás devido a diferença de temperatura em suas partes. Zona radiativa: Essa camada envolve o núcleo solar e a energia se propaga por radiação, que não exige o movimento das moléculas do gás. Sendo os fótons os responsáveis pelo transporte da energia gerada pelo processo de fusão nuclear que ocorre no núcleo do Sol. Núcleo: Toda a energia que chega até a Terra é produzida no núcleo do Sol. Nessa região, a temperatura de cerca de 15.000.000 °C e a pressão 340 bilhões de vezes a pressão atmosférica possibilitam reações nucleares. No Sol, essa reação consiste na fusão de quatro núcleos de átomos de hidrogênio em uma partícula alfa que é o núcleo de um átomo de hélio, que é 0,7% menos massiva do que os quatro prótons que a formou. A diferença entre a massa inicial e a final é expelida como energia e transferida até a superfície do Sol através dos processos de radiação e convecção. Cerca de 600 milhões de toneladas de hidrogênio são fundidos em hélio por segundo no interior do Sol, gerando cinco milhões de toneladas de energia pura, que é a principal responsável pela vida existente no planeta Terra. As manchas solares As áreas mais escuras da fotosfera solar são chamadas de manchas solares, e são regiões cuja temperatura local é menor que a média superficial do Sol, por isso, em comparação com outras partes do astro parece mais escura. Elas são causadas por intensa atividade magnética que inibe a convecção, formando áreas de tempestades mais baixas na fotosfera. Esse fenômeno ocorre normalmente aos pares, sendo uma em cada polo, por causa da polaridade magnética do nosso astro. As manchas solares são divididas em umbra central e penumbra circundante, enquanto a primeira é mais escura e tem campo magnético praticamente perpendicular à superfície do Sol, a segunda é mais leve e seu campo magnético é mais inclinado. Além de se movimentarem na superfície do Sol com movimentos de expansão e contração, elas também podem viajar com velocidades de algumas centenas de metros por segundo. Como o seu diâmetro pode variar de 16 km a 160.000 km, as mais extensas podem ser vistas da Terra. Mesmo com o avanço do estudo sobre as manchas solares ocorrendo após as observações de Galileu Galilei com telescópio, muito antes, no ano 28 a.C, já existiam registros desse fenômeno na china. Os planetas do sistema Solar A teoria original da concepção atual para a origem do sistema solar é atribuída ao filósofo Immanuel Kant e ao matemático Pierre-Simon Laplace. Segundo eles como todos os planetas giram ao redor do Sol e em torno de si, numa mesma direção (exceto Vênus) e num mesmo plano, implica que estes devem ter se formado de uma mesma nebulosa, a qual chamaram nebulosa solar, que teria se colapsado para formar o sistema solar, composto por um estrela, oito planetas, alguns planetas anões e inúmeros corpos celestes que vagam pelo espaço chamados asteroides, meteoros e cometas. Descobertas do século XX, apontam que o Sol seria o centro dessa nebulosa solar e, por isso, foi o único astro a manter sua temperatura. A idade atribuída à origem do nosso sistema solar é de aproximadamente 4,6 bilhões de anos, pequena se comparado aos 13,7 bilhões de anos estimados para a origem do universo. Figura 1.7: Esquema das quatro etapas de formação do sistema solar. Adaptação. Fonte: http://historiasefemeras.blogspot.com.br/2015/11/sistema-solar.html. Há 4,6 bilhões de anos atrás, uma nuvem gigantesca flutuava em um dos braços espirais da Via Láctea. Essa nuvem, chamada de nebulosa, era formada de poeira e gás, principalmente hidrogênio e hélio. Com o passar do tempo essa nuvem começou a se contrair [figura 1.7-A], desmoronando em si mesma. Os átomos, inicialmente separados, começaram a se colidirem, gerando calor. No calor ascendente, os átomos colidiram mais frequentemente e violentamente. Eventualmente, ele atingiram uma temperatura na qual os prótons nos seus núcleos começaram a se fundir dando origem, no centro da nebulosa, ao Sol. O material da nebulosa que não foi absorvido pelo Sol gerou em torno dele um disco plano de poeira e gás, chamado de disco de acreção. Após o grande colapso da nuvem começou a fase de condensação em que a temperatura caiu rapidamente dando origem aos planetesimais [figura 1.7-C], essenciais para a existência dos planetas que temos hoje. Os planetesimais se desenvolveram por meio do acréscimo de material da nebulosa para dar origem aos núcleos dos planetas, esse aumento foi maior para os planetas mais afastados do centro, onde o material condensado da nebulosa continha silicatos e gelos, que possibilitou estes se desenvolverem com massas várias vezes superiores a da Terra. Esses planetas de massas maiores como Júpiter, Saturno, Urano e Netuno são chamados de planetas jovianos e encontram-se distantes do Sol. Já os planetas mais próximos, são classificados como terrestres, e compreendem os quatro planetas mais próximos do Sol: Mercúrio, Vênus, Terra e Marte. Embora os planetas jovianos consistam basicamente de hidrogênio e hélio, a comunidade científica tem concluído a partir de cálculos da estrutura interna, junto com medições das massas dos planetas, que os gigantes gasosos devem ter núcleo sólido. Para esses quatro planetas e os demais planetas gasosos recémdescobertos fora do sistema solar, esses núcleos são extremamente importantes, pois a partir deles é que são atraídos os gases que basicamente compõe sua forma atual. Dos planetas do sistema solar, Júpiter tem o maior desses núcleos, seguido por Saturno, Netuno, Urano e Terra. A existência de inúmeros asteroides e cometas que se parecem com os planetesimais sustentam o conceito de que há bilhões de anos, milhões de planetesimais constituíram os planetas. Essa tem sido a ideia mais aceita para a compreensão do surgimento planetário. Outro aspecto bem peculiar quando se estuda a formação do sistema solar é a compreensão de como se formaram as Luas. Com exceção dos planetas Mercúrio e Vênus, todos os demais planetas do sistema solar possuem Luas. As maiores dessas, com diâmetros de alguns milhares de quilômetros surgiram muito provavelmente em colisões de planetesimais. Evidencias dessa teoria podem ser exemplificadas com o cinturão de asteroides existente entre Marte e Júpiter. Nessa região existem asteroides com centenas de quilômetros de diâmetro, que devem ter crescido por meio de colisões entre planetesimais, mas que não se desenvolveram por completo até formar uma Lua por causa da influência dos planetas já formados. Os asteroides menores, com menos de 800 metros de diâmetro são considerados planetesimais que cresceram a partir da poeira nebular, mas que nunca se colidiram ao ponto de atingirem tamanhos necessários para a interação gravitacional. Para as Luas que orbitam os planetas gigantes, essa teoria corresponde bem, no entanto, não se pode generalizar. As Luas de Marte, Fobos e Deimos, devem ter sido atraídas do cinturão de asteroides por seu campo gravitacional. Já a nossa Lua, foi resultado da colisão de um protoplaneta do tamanho de Marte com a Terra, que arremessou ao espaço uma grande quantidade matéria que se aglutinou por interação gravitacional formando nosso encantador satélite de baixa densidade. Esse impacto provavelmente ocorreu há 4,5 bilhões de anos, durante os 100 milhões de anos depois do início da formação dos planetas. Esse bombardeamento marcou o fim dos estágios de formação do sistema solar, formado basicamente por uma estrela comum, oito planetas, cinco planetas anões, centenas de milhares de asteroides, trilhões de meteoroides e trilhões de cometas. As principais características de cada um desses astros que compõe o sistema solar serão esplanadas a seguir, conforme sua posição na abóboda celeste. Mercúrio: É o planeta mais próximo do Sol e sua superfície apresenta crateras como a Lua. Estima-se que seu núcleo tenha 1800 km de raio, seu manto 600 km de espessura e sua crosta de 100 a 300 km. Enquanto seu núcleo é extremante rico em Ferro, sua crosta é bastante semelhante à da Lua, com crateramento severo e predominância de rochas basálticas. Esse crateramento, assim como na Lua, foi favorecido pela baixa gravidade e consequente ausência de atmosfera. Figura 1.8: Imagem de Mercúrio feita pela marine 10, que foi a primeira sonda a mapear o planeta Mercúrio. A parte mais clara corresponde a região que a sonda não conseguiu mapear. Fonte: https://www.nasa.gov. A excentricidade da órbita de Mercúrio possibilita que o planeta varie sua distância em relação ao Sol de 46 milhões de quilômetros no periélio, para 70 milhões de quilômetros no afélio. Por ter este aspecto e ser próximo do Sol, Mercúrio apresenta as maiores variações de temperaturas do sistema solar, alternando entre 700 K durante o dia a 100 K à noite. A sua densidade de 5,43 g/cm3 o coloca em segunda posição nesse quesito, perdendo apenas para a Terra. Mercúrio dá uma volta completa em torno do Sol em 87,96 dias, com velocidade orbital média de 48 km/s. A sua massa é de 3,3 x 10 23 kg e sua velocidade de escape de 4,25 km/s. A baixa velocidade de escape se deve a baixa gravidade, que é o principal fator de explicação para a ausência de uma atmosfera significativa. Mercúrio não apresenta satélite natural, pelo menos até então não foi observado. Vênus: É o segundo planeta do sistema solar e se assemelha muito a Terra quanto à sua massa e raio. Ambos têm poucas crateras e suas densidades e composições químicas são bem próximas. No entanto, a atmosfera de Vênus é bem mais massiva que a terrestre, quase toda composta por dióxido de carbono (96%). Encontra-se coberto por uma camada de nuvens compostas por ácido sulfúrico em que a produção se dá pelo enxofre produzido pelas intensas atividades vulcânicas em sua superfície. Vênus é um exemplo clássico do efeito estufa, pois o dióxido de carbono de sua atmosfera retém o calor que deveria servir de balanço energético à energia recebida do Sol, mas que resulta em temperaturas de até 735 K em sua superfície, suficientes para derreter chumbo. Figura 1.9: Imagem de Vênus tirada pela Mariner 10, em 1974. Fonte: https://www.nasa.gov. Vênus possui excentricidade baixa, logo a sua distância em relação ao sol varia pouco nos 224, 7 dias que esse planeta leva para dar uma volta completa em torno dele, com isso seu periélio (107.476.259 km) varia muito pouco do seu afélio (108.942.109 km). Esse planeta gira com uma velocidade orbital igual a 35 km/s, muito inferior, por exemplo, a de Mercúrio. Sua gravidade de 8,87 m/s 2 é bem próxima a terrestre, bem como sua massa de 4,87 x1024 kg e sua densidade de 5,2 g/cm3. Já sua pressão atmosférica é superior a terrestre, chegando a 9321,9 kPa. Marte: Marte é o quarto planeta a partir do Sol, e o segundo menor do sistema Solar. Seu nome é atribuído ao Deus romano da guerra, muito pela sua cor avermelhada proveniente de poeira de óxido de Ferro. Marte é um planeta rochoso, apresentando crateras de impacto como a Lua; e desertos, vulcões e calotas polares como a Terra. As várias sondas espaciais que pousaram em Marte evidenciaram que seu solo é formado basicamente por basalto, que é um tipo de rocha vulcânica. Outro aspecto interessante é que esse planeta possui duas Luas, Fobos e Deimos, muito pequenas, que muitos associam a grandes asteroides que foram capturados pelo seu campo gravitacional. Marte demora aproximadamente 1,88 anos terrestre para dar uma volta completa em torno do Sol, com velocidade média de 24,1 km/s. Sua distância em relação a Terra é de 78,3 milhões de quilômetros e sua excentricidade é regular, variando a sua distância em relação ao Sol de 206.644.545 km no periélio, a 249.228.730 km no afélio. A massa do planeta vermelho é de 6,41 x 1023 kg e, sua densidade média é igual a 3,93 g/cm 3. Por causa da sua fina camada atmosférica a velocidade de escape é relativamente pequena, cerca de 5 km/s, bem como a pressão atmosférica, que oscila entre 0,7 a 0,9 kPa. A gravidade local é de 3,69 m/s2. Figura 1.10: Imagem de Marte feita pelo telescópio Hubble. Fonte: https://www.nasa.gov. Cinturão de Asteroides: O cinturão de asteroides é uma região do sistema solar entre as órbitas de Marte e Júpiter que contém corpos remanescentes da formação. É nessa região que está localizado Ceres, o maior e único planeta anão do cinturão, com diâmetro de 950 km. Nesse cinturão os asteroides são classificados em três tipos: Condritos (tipo C), silicatos (tipo S) e metálicos (tipo M). Os tipo C, que correspondem a 75% dos asteroides, são compostos por carbono e são grânulos do primitivo sistema solar. Os tipo S, formados por silicatos que são os constituintes principais de várias rochas, são encontrados em 17% desses corpos. Os outros 8% são do tipo M, metálicos, compostos por Ferro e Níquel. Frequentemente, esses objetos astronômicos colidem entre si, dando origem a fragmentos menores, chamados de meteoros, que são arremessados ao espaço. Diariamente, aproximadamente 25 milhões de meteoros, com massa na casa dos microgramas, entram na atmosfera terrestre, causando um fenômeno luminoso, popularmente conhecido como “estrela cadente”, devido ao calor gerado pelo atrito com a atmosfera. Figura 1.11: Esquema ilustrativo do cinturão de asteroides entre a órbita de Marte e Júpiter. Fonte: http://www.galeriadometeorito.com Júpiter: Composto basicamente por hidrogênio, hélio e frações de metano e amônia; Júpiter possui 2,5 vezes a massa de todos os planetas do sistema solar juntos. Dos planetas gigantes gasosos, é o que se encontra mais próximo da Terra, a cerca de 629 milhões de quilômetros. Possui 67 satélites naturais, destes, 57 são confirmados como Luas, sendo os mais conhecidos: Io, Europa, Ganimedes e Calisto. Essas quatro Luas foram observadas pela primeira vez em 1610, quando Galileu Galilei apontou o recém-descoberto telescópio em suas direções, sendo uma observação determinante para a comprovação da teoria heliocêntrica à época. Sabe-se que Júpiter não tem uma superfície consistente, contudo, deve ter um núcleo central sólido muito quente e com pressões elevadas, além de camadas densas de hidrogênio à medida que aumenta a profundidade. Acima do núcleo fica a maior parte do planeta na forma de hidrogênio metálico líquido, essa forma do hidrogênio só é possível em pressões que excedem 4 x 10 8 kPa. A camada exterior é composta principalmente de hidrogênio molecular e de hélio líquido, no interior e, gasoso mais para fora. A atmosfera vista da Terra é o topo dessa camada mais profunda. Até então as sondas espaciais só conseguiram penetrar 150 km na espessa atmosfera de Júpiter. Figura 1.11: Imagem da maior Lua de Júpiter (Ganímedes) transitando para o lado escuro do planeta. Fonte:http://solarsystem.nasa.gov/planets/jupiter/indepth. Júpiter, assim como Saturno, urano e netuno, possui um sistema de anéis, embora muito menos visível que os de Saturno. Isso foi detectado pela sonda voyager 1, e até então não se imaginava qualquer aspecto relativo a isso. Ao contrário dos anéis de Saturno, os de Júpiter são escuros e compostos muito provavelmente por partículas muito pequenas de materiais rochosos. O quinto planeta do sistema solar apresenta uma massa de 1,9 x 10 27 kg, ou 318 vezes a massa da Terra, uma gravidade de 23,12 m/s2, uma densidade média de 1,33 g/cm 3 e demora 11,87 anos para dar uma volta completa em torno do Sol. Saturno: O primeiro a observar o planeta Saturno foi o italiano Galileu Galilei no ano de 1610. Para sua surpresa, ele viu um par de objetos em cada lado do planeta e os esboçaram como alças anexadas a Saturno. Em 1659, o holandês Christiaan Huygens, usando um telescópio mais potente que o de Galileu, observou que Saturno estava cercado por anéis, e em 1675, o astrônomo italiano Jean-Dominique Cassini descobriu uma divisão entre esses anéis. Sabe-se atualmente que a influência de sua Lua Mimas é responsável por essa separação entre seus anéis, e que esse espaço equivale a 4800 quilômetros. Assim como Júpiter, Saturno é um planeta gasoso formado basicamente de hidrogênio e hélio, com frações de amônia, metano, água e rochas. Os ventos na atmosfera superior atingem 500 m/s na região equatorial, que combinados com o calor que sai do núcleo, e chegam à superfície, por convecção, causam manchas amarelas visíveis em sua atmosfera. Em contraste à rotação dos planetas sólidos, a de Saturno não é uniforme, com equador rotacionando mais rápido que os polos, por isso, ele é considerado o planeta mais achatado do sistema solar. A densidade média de Saturno é menor que a da água, cerca de 0,69 g/cm3, e sua temperatura média fica na casa dos -139 °C. No entanto, acredita-se que seu núcleo, assim como o de Júpiter, apresenta altas temperaturas, resultantes da intensa pressão por causa pela gravidade e também é envolto por hidrogênio metálico líquido, mas em menor quantidade. O seu campo magnético é menor que o de Júpiter, mas ainda 578 vezes mais poderoso do que o da Terra. Figura 1.12: A Lua Titã em órbita de Saturno. Fonte: https://www.nasa.gov/saturn Em 1980, as sondas Voyager 1 e 2 da NASA, revelaram que os anéis de Saturno são formados principalmente por dimensões de gelo, rochas de silício e óxidos de ferro. Esses anéis estendem-se a centenas de milhares de quilômetros do planeta, com espessura média de 1000 metros nos anéis principais. Além da beleza, Saturno apresenta, bem como Júpiter, uma grande quantidade de satélites, cerca de 62, com 53 Luas confirmadas, sendo Titan a maior, com diâmetro superior ao do planeta Mercúrio. Atualmente a sonda espacial Cassini, da NASA, orbita o planeta Saturno e suas Luas com objetivo de verificar a possibilidade de condições propícias à vida em seus principais satélites e, compreender a formação de seus anéis. A gravidade de Saturno é um pouco maior que a da Terra, aproximadamente 10,44 m/s2 e sua velocidade orbital média é de 9,69 km/s, fazendo com que Saturno demore 29,45 anos para dar uma volta completa ao redor do Sol. Urano: Nomeado em homenagem ao Deus grego do céu, Urano é o sétimo planeta do sistema solar, o terceiro maior e o quarto mais massivo. Foi o primeiro planeta encontrado com a ajuda de um telescópio, e foi descoberto pelo Inglês Willian Herschel em 1781, que inicialmente pensou tratar-se de um cometa. Dois anos depois, o objeto foi universalmente aceito como um novo planeta, em parte por causa das observações do alemão Johann Elert Bode. Urano, assim como Netuno, é considerado um gigante de gelo do sistema solar, uma vez que aproximadamente 80% de sua massa é constituída por um líquido denso de materiais gelados – água, metano e amônia – acima de um pequeno núcleo rochoso. A atmosfera de Urano é composta principalmente por hidrogênio (83%), hélio (15%), metano (1,99%) e traços de água e amônia. O metano na atmosfera uraniana é o responsável pela cor azulada do planeta, uma vez que esse gás absorve toda a luz emitida pelo Sol refletindo apenas o azul, conforme a figura 1.13. Figura 1.13: Imagem de Urano feita pela sonda Voyager II em 1986. Devido a distância em que a sonda se encontrava do planeta uma série de características não aparecem na imagem, dentre essas, os anéis. Fonte: NASA. Urano possui 27 Luas, a grande parte detectada pela sonda voyager, os maiores satélites Oberon e Titania, foram identificadas por Herschel em 1787. Outros corpos orbitam esse planeta, mas ainda não foram classificados como Luas, sendo entendidos como asteroides capturados pelo cinturão gravitacional do gigante gelado. Assim como Júpiter e Saturno, Urano também possui anéis, porém, têm uma complexidade intermediária entre os extensos anéis de Saturno e os sistemas mais simples de Júpiter e Netuno. Essa descoberta teve profunda relevância para o entendimento que os anéis são uma característica comum dos planetas e não uma particularidade apenas de Saturno. Urano está a 2,87 x 109 km do Sol, e apresenta uma velocidade orbital de 6,795 km/s, com isso, demora cerca 84 anos para dar uma volta completa em torno do Sol. Urano é o planeta que tem a maior inclinação do sistema solar, girando em torno de um eixo cuja inclinação é de 97,7° em relação ao plano de sua órbita. Essa inclinação única faz com que as estações sejam as mais extremas do sistema solar, durando aproximadamente 21 anos terrestres, cada. Netuno: O gigante de gelo Netuno foi o primeiro planeta localizado por meio de previsões matemáticas ao invés de observações regulares do céu. Embora tenha sido observado por Galileu em 1612 e 1613 (classificou como sendo uma estrela fixa), somente em 1846, foi que o astrônomo francês Urbain Jean Verrier, observando o movimento irregular de Urano, propôs a posição e a massa de outro planeta, ainda desconhecido, que poderia causar as mudanças na órbita de Urano. Após ser ignorado pelos astrônomos franceses, Le Verrier enviou suas previsões a Johann Gottfried Galle no observatório de Berlim, que encontrou Netuno em sua primeira noite de buscas em 1846. Após a reclassificação de Plutão, Netuno passou a ser o “último planeta” do sistema solar clássico. Netuno encontra-se a 4,5 bilhões de quilômetros do Sol, e demora aproximadamente 165 anos terrestre para orbitálo, devido a essa distância é invisível a olho nu para um observador na Terra. O planeta possui composição parecida com a de Urano, com um núcleo pequeno sem envoltório do tipo joviano, mas sim, rodeado com uma camada formada por água, amônia e metano, sobre a qual, situa-se uma atmosfera turbulenta formada predominantemente por hidrogênio (79%), hélio (18%) e o restante, na maioria, por metano. A pequena quantidade de metano é o principal responsável pela cor azulada desse astro. Apesar da grande distância do Sol e da pouca luz recebida, tormentas como tempestades ciclônicas e ventos de até 2000 km/h foram detectados. Além desses, a sonda Voyager II rastreou uma grande tempestade no hemisfério sul de Netuno em 1989. Chamada de a “grande mancha escura”, tinha tamanho suficiente para conter toda a Terra, girava em sentido antihorário e movia-se para o oeste com velocidade de 1200 km/h. Imagens posteriores retiradas com o telescópio Hubble não identificaram a grande mancha, mas observou dois novos pontos de tormenta. Possivelmente, essas imensas tempestades são provocadas pelo calor irradiado do centro do planeta, uma vez que a baixa radiação solar que recebe não seria suficiente para exercer tal influência. Figura 1.14: Imagem de Netuno feita pela sonda Voyager II, em 1989, divulgada pela NASA em 2014. Fonte: NASA. As observações da Voyager II detectaram que Netuno tem seis anéis não uniformes, que exibem uma estrutura irregular com concentração de materiais que formam arcos. Além disso, esse planeta é orbitado por 14 satélites naturais, dos quais, 13 são reconhecidos oficialmente como Lua, sendo o maior, Tritão, que gira em sentido oposto aos demais satélites. Essa particularidade permite teorizar que Tritão foi capturado pelo campo gravitacional de Netuno num passado distante. A rápida rotação provoca um pequeno achatamento de Netuno, por isso, seu raio equatorial de 24764 km é maior que o raio polar de 24340 km. A aceleração da gravidade no planeta é de 11,15 m/s2, tem uma velocidade de escape de 23,5 km/s, temperatura média de – 201,15°C e sua densidade média é de 1,63 g/cm 3. A força gravitacional de Netuno provoca grande influência em objetos que se encontram além de sua órbita, no cinturão de Kuiper, fazendo com que muitos destes objetos entrem em órbitas ressonantes com a sua, evitando colisões com estes corpos, o que poderia causar desvio de sua trajetória. Cinturão de Kuiper: O primeiro astrônomo a reconhecer que dentro das profundezas frias do sistema solar poderia existir uma legião de restos da formação, foi Jan Oort em 1950. Oort foi além, formulou uma hipótese de que os cometas seriam originados numa vasta região, que passou a ser chamada de “nuvem de Oort”. Em 1951 Gerard Kuiper, contemporâneo de Oort, propôs que alguns desses objetos deveriam se concentrar numa faixa contínua localizada nos limites do sistema solar, e faziam parte do disco de material que orbitam o Sol além de Netuno, essa faixa de nosso sistema ficou conhecida como o cinturão de Kuiper. A forma achatada desse cinturão sugere que os objetos que o forma são remanescentes dos planetesimais formados no disco da nebulosa solar. Desde a primeira descoberta de um asteroide transnetuniano em 1992 por David Jewitt e Jane Luu, constatando a hipótese de Oor e Kuiper, já foram encontrados mais de 1000 asteróides pertencentes ao cinturão de Kuiper. Atualmente já se sabe que esse tipo de estrutura não é tão raro. Graças as pesquisas com infravermelho, estima-se que aproximadamente 20% das estrelas possuam cinturões como o de Kuiper. Planetas Anões Os planetas anões são muito parecidos com os planetas regulares, ambos possuem massa e gravidade para terem forma quase esférica, ao contrário dos asteróides que possuem formas irregulares. No entanto, esses corpos não influenciaram substancialmente as suas vizinhanças durante a formação e são muito menos massivos que os planetas rochosos como a Terra, e muito menores que a maioria dos satélites naturais conhecidos no sistema solar. Outra característica desses astros é que seu caminho ao redor do Sol está cheio de outros objetos, como asteroides e cometas; já a trajetória um planeta regular apresenta um caminho livre ao redor do Sol. Esses astros formaram-se há 4,5 bilhões de anos, quando a gravidade aglutinou poeira e gás para formá-los, no entanto, por influência de outros corpos maiores eles não se desenvolveram, tornando-se planetas embrionários. Os astrônomos acreditam que diversos corpos com essa classificação existam no sistema solar, porém, até então só foram identificados cinco: Ceres, Plutão, Eris, Haumea e Makemake. Ceres: O planeta anão Ceres é o maior objeto do cinturão de asteroides situado entre as órbitas de Marte e Júpiter, e o único localizado no sistema solar interno. Ceres foi visto pela primeira vez pelo padre da igreja católica Giuseppe Piazzi em 1801. Em 2015, tornou-se o primeiro planeta anão a receber uma nave espacial, a sonda Dawn da NASA. Durante muitos anos Ceres foi confundido com asteróide, passando à categoria de planeta anão, em 2006, na assembleia geral da União Internacional de Astronomia que aconteceu em Praga, na república Tcheca. Nessa mesma reunião, Plutão foi reclassificado como planeta anão. Com um raio de 476 km, aproximadamente, 1/13 vezes o raio da Terra, Ceres está a 413 milhões de quilômetros do Sol e demora 4,6 anos (1682 dias) para orbitá-lo. Ceres é muito semelhante aos planetas rochosos (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) do que seus vizinhos asteróides, porém, é muito menos denso. Muito provavelmente, tem um núcleo sólido e um manto feito de gelo e água. A crosta de Ceres é rochosa e poeirenta com grandes depósitos de minerais, como o sulfato de magnésio. A sua atmosfera é muito fina, e existem evidencias de que ele contém vapor de água. Ceres não possui anéis, nem Luas e não se acredita que exista magnetosfera. Plutão: Plutão foi descoberto em 1930 pelo astrônomo norte-americano Clyde Tombaugh. Foi classificado como planeta anão em 2006 e, é membro de um grupo de corpos celestes situados além da órbita de Netuno numa região conhecida como cinturão de Kuiper. Plutão tem 1/6 da massa da Lua e 2/3 do diâmetro da Terra, provavelmente possui um núcleo rochoso rodeado por um manto de gelo e água. A sua atmosfera é coberta por metano e nitrogênio no estado sólido. Ele tem uma órbita inclinada e excêntrica que varia sua distância entrono do Sol de 29,8 a 49,3 u.a. Isso permite que Plutão fique mais perto do Sol do que Netuno, num movimento periódico e harmônico, que inviabiliza qualquer colisão entre eles. A última vez que esse fenômeno ocorreu foi em fevereiro de 1999. Em 1978, foi descoberto Caronte, uma lua de Plutão que mede quase a metade de seu tamanho, conforme figura 1.15. Essa lua é tão grande que por vezes Plutão e Caronte são considerados planetas anões duplos, distando apenas 19.640 km um do outro. Entre 2005 e 2013, mais 4 minúsculas luas foram descobertas em Plutão: Nix, Hidra, Cérberos e Estige. Plutão tem uma distância média do Sol de 5,76 x 109 km e leva 248 anos para orbitá-lo. Este planeta anão apresenta montanhas com 2 a 3 km de altura e crateras de até 260 quilômetros de diâmetro. A temperatura média de Plutão é de aproximadamente – 230°C, e sua gravidade é igual a 0,62 m/s2. Figura 1.15: Imagem retirada pela sonda New Horizons, de Plutão (à direta) e sua principal lua, Caronte (à esquerda). Fonte: NASA. Éris: Éris foi visto pela primeira vez, em 2003, por Mike Brown, professor de Astronomia planetária do instituto de tecnologia da Califórnia. A descoberta foi confirmada em 2005, e logo foi especulado como o 10° planeta do sistema solar por acharem que este seria maior que Plutão. No entanto, após muitas discussões, foi classificado em 2006 como planeta anão. Recentemente, com imagens emitidas da sonda New Horizons a comunidade científica observou que seu tamanho de fato é inferior ao de Plutão. Atualmente, sabe-se que são necessários 557 anos terrestres para que Éris complete uma volta em torno do Sol. O plano de sua órbita está muito além do plano dos planetas do sistema solar, estendendo-se além do cinturão de Kuiper, numa região conhecida como disco disperso. Assim como Plutão, sua órbita é excêntrica, permitindo que varie de 97 u.a no afélio a 38 u.a no periélio, com isso, os efeitos em sua atmosfera são muito semelhantes aos de Plutão. Éris tem uma lua, Dismonia, que foi descoberta em setembro de 2015. Estima-se que essa lua tenha 1/8 do seu tamanho e brilhe sessenta vezes mais. A temperatura média de Éris é -243 °C. Haumea: Foi descoberto em março de 2003 no observatório de Sierra Nevada na Espanha. O anúncio oficial de sua descoberta ocorreu em 2005, no mesmo ano que suas pequenas luas, Hi’aka e Namaka, foram descobertas. Essas luas foram provenientes de um possível impacto maciço logo após a sua formação com outro objeto celeste. Como Éris e Plutão, Haumea orbita nosso Sol no cinturão de Kuiper, e demora 284 anos para fazer sua órbita em torno da nossa estrela. Estima-se, que Haumea tenha uma massa de 4,2 x 1021 kg, um terço da massa de Plutão. Além disso, sabe-se que ele gira rapidamente, com um período de rotação próximo de 4 horas. Essa rotação rápida possivelmente provocou o seu achatamento, dando-lhe o formato elipsoidal. Makemake: Reconhecido como planeta anão pela União Internacional de Astronomia em 2008, Makemake foi observado pela primeira vez pela equipe do observatório de palomar, liderada Mike Brown, em 2005. É o terceiro maior planeta anão do sistema solar e o segundo mais afastado do Sol. O período orbital de Makemake é de aproximadamente 310 anos e, também faz parte do cinturão de Kuiper. Os astrônomos encontraram sinais de nitrogênio, etano e metano congelados na superfície de Makemake. Eles encontraram evidências de tolinas, que são moléculas que se formam sempre que a luz ultravioleta do Sol interage com substâncias como etano e metano. As tolinas provavelmente são as responsáveis pela cor avermelhada de Makemake. Embora existam evidências da presença de nitrogênio na sua superfície, o nível estimado não é comparável ao que há em Plutão ou Tritão, onde ele constitui 98% da crosta. Os Cometas No passado distante, as pessoas ficavam maravilhadas e alarmadas com os cometas, percebendo-os como “estrelas de cabelos compridos” que apareciam no céu de forma imprevisível. Os astrónomos chineses mantiveram registros extensivos durante séculos, incluindo ilustrações dos tipos característicos de suas caudas, épocas de suas aparições e suas posições na abóboda celeste. Há cinco séculos antes de cristo eles já tinham notado que a cauda dos cometas apontava sempre na direção contrária ao Sol. Estes anais históricos se tornaram um recurso valioso para os astrônomos posteriores. No entanto, os ocidentais atribuíam a esses astros um caráter maligno, associando a estes objetos celestes, as doenças, catástrofes e mortes. Essa concepção começou a ser desfeita graças aos trabalhos de Newton e Halley. Amigo de Newton, o britânico Edmond Halley foi o primeiro a mostrar que os cometas vistos em 1531, 1607 e 1682 eram, na verdade, o mesmo cometa, que hoje é chamado de cometa Halley. Sabemos, atualmente, que os cometas são resíduos dos primórdios do sistema solar, derivados da nebulosa planetária há cerca de 4,6 bilhões de anos atrás. São formados basicamente por gelo e poeira. À medida que se aproximam do Sol, parte do gelo sublima, formando uma grande nuvem chamada de coma, uma espécie de atmosfera cometária. A coma é um halo de vapor de água, amônia e dióxido de carbono que envolve o núcleo do cometa, e se forma à medida que ele aquece. A pressão da luz do Sol empurra as partículas de gás e poeira da coma, formando a cauda do cometa. Essa cauda aponta sempre para na direção oposta ao Sol e pode estender-se até 1 u.a de comprimento. Os cometas apresentam na maioria das vezes, duas caudas, uma formada de poeira e partículas de gelo, e outra formada por gases ionizados pela radiação ultravioleta do Sol. Os cometas do sistema solar ocupam basicamente duas regiões do espaço, o cinturão de Kuiper e a nuvem de Oort. Os integrantes do cinturão de Kuiper são ocasionalmente empurrados pela gravidade para órbitas que os aproximam do Sol e são chamados de cometas de curto período, uma vez que demoram menos de 200 anos para orbitar o Sol, suas aparições são previsíveis. Já os cometas de longo período, membros da nuvem de Oort, são chamados de cometas de longos períodos, pois demoram muitos milhões de anos para darem uma volta em torno do Sol. O cometa Haykutake (1996), por exemplo, é membro da nuvem de Oort, e pode levar até 30 milhões de anos para ser visto novamente. A .4.2 – ATIVIDADE PRÁTICA III: CONHECENDO O SISTEMA SOLAR COM STELLARIUM. 1. Conhecer os pontos cardeais é muito importante para quem está começando a estudar as belezas do Universo, uma vez que eles nos ajudam a localizar os astros no céu. A figura abaixo esquematiza o nascer e o ocaso do Sol, e a partir desse movimento é possível determinar os pontos cardeais. Com ajuda do Stellarium, complete as lacunas com o nome do ponto cardeal referente a cada posição. 2. Utilizando os comandos de busca do Stellarium, encontre o Sol, ligue a grade azimutal e com acelere o tempo dia a após dia [ + ], e responda: a) a posição de surgimento e de ocaso do Sol no horizonte se altera durante os dias? ______________________________________________________________ b) o seu movimento ocorre de Leste para oeste ou de Oeste para Leste? _________ ___________________________________________________________________ c) quantos graus o Sol se desloca por semana? ____________________________ ___________________________________________________________________ d) esse movimento tem alguma relação com a quantidade de dias em um ano? Justifique sua resposta. ________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 3. O periélio e o afélio são, respetivamente, os pontos mais próximo e o mais afastado da trajetória de um astro (planeta, planeta anão, cometa ou asteroide) em relação ao Sol. Quando o astro está no periélio sua velocidade de translação é a maior em toda a sua trajetória, bem como quando está no afélio tem sua menor velocidade de giro em torno de seu eixo. A tabela a seguir traz as datas e os horários dos afélios e periélios terrestres para os próximos 4 anos, com ajuda do Stellarium, complete a coluna referente a distância do planeta Terra para esse período e responda os itens que se seguem. Ano Fenômeno Data Hora Periélio 04/01 14 H Afélio 03/06 20 H Periélio 03/01 06H Afélio 06/06 17H Periélio 03/01 05 H Afélio 04/06 22 H Periélio 05/01 08 H Afélio 04/06 12 H Distância 2017 2018 2019 2020 a) qual o maior valor encontrado para o periélio e o afélio da Terra? _____________ ___________________________________________________________________ b) qual a variação na distância entre os dois extremos da trajetória descrita pela Terra ao redor do Sol durante o ano? _____________________________________ ___________________________________________________________________ c) analisando esses valores pode-se concluir que o movimento da Terra em torno do Sol é repetitivo? Justifique. _____________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 4. Utilizando os recursos de pesquisa, data e hora, centralizar [T] e Zoom do Stellarium, verifique a distância de Plutão e Netuno para referidas datas da tabela. Preencha as colunas com os valores observados e responda as perguntas posteriores. Data Corpos Celestes Distância em u.a Distância em km Plutão 07/02/1979 Netuno Plutão 11/02/1999 Netuno Plutão 28/02/2113 Netuno Plutão 28/02/2234 Netuno a) nos anos de 1979 e 1999, qual, dos dois astros, se encontrou mais próximo do Sol? _______________________________________________________________ ___________________________________________________________________ b) a distância de Netuno em relação ao Sol sofre variação significativa durante as quatro observações? Justifique a resposta apresentando os valores obtidos na simulação. __________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ c) no ano de 2116 e 2234, qual astro estará mais distante do Sol, Plutão ou Netuno? Qual a distância entre suas órbitas? ______________________________________ d) O que pode se concluir a partir da análise desses dados? ___________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 5. A figura a seguir foi retirada do software livre Stellarium e permite obter algumas informações importantes para o estudo de Astronomia de posição, a partir, de dados contidos na imagem. Observe a figura e complete corretamente as lacunas abaixo. a) O sol está se movimentando do ____________ para o ____________. b) A linha amarela em formato parabólico é chamada de ______________, e mostra a trajetória do _____________ durante o ano. Ela tem uma inclinação de 23,5° em relação ao equador celeste. 6. O sistema solar é composto por oito planetas, cinco planetas anões já confirmados, asteroides e cometas que giram em torno do Sol graças a influência da força gravitacional exercida por nossa estrela, por causa da sua enorme massa. A figura abaixo, fora de escala, representa um esquema do sistema solar com seus planetas e planetas anões. Utilizando as ferramentas do Stellarium, complete os quadros da figura, em ordem de posição, com o nome e a distância que esses astros apresentam em relação ao Sol. Astros: Éris, Saturno, Marte, Netuno, Urano, Plutão, Makemake, Haumea, Terra, Mercúrio, Vênus, Júpiter, Ceres. 7. Com os recursos de localização e informações do Stellarium, preencha a tabela com o período sideral (período real de transação do planeta em torno do Sol, em relação a uma estrela fixa) de cada planeta e responda as perguntas a seguir. Planeta/planetas anões Período Sideral Mercúrio Vênus Terra Marte Ceres Júpiter Saturno Urano Netuno Plutão Haumea Makemake Éris a) qual desses corpos demora mais tempo para orbitar o Sol? __________________ b) ele pertence a parte interna ou externa do sistema solar? Qual o nome dessa região do espaço? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 8. Utilizando o mouse de seu computador e sua barra de rolagem posicione o Sol sobre a linha meridiana [ ; ], de maneira que o Sol a intercepte junto com sua eclíptica [ , ]. De modo que a imagem projetada em seu monitor fique igual a da figura abaixo. Em seguida, pause o movimento do sol com a tecla [ k ] ou se preferir clicando sobre “definir a taxa normal de tempo” e acelere o tempo utilizando a tecla [ = ], que aumenta a contagem temporal em dia a cada click. Após trabalhar com esses comandos, responda as proposições. a) o Sol varia sua altura na linha meridiana com passar dos dias? Qual a explicação para esse fenômeno? _________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ b) usando a grade azimutal, verifique qual o valor do ângulo máximo atingido pelo Sol e o horário que ocorreu. _____________________________________________ 9. A linha vertical da figura anterior é chamada de meridiano e serve para dividir o globo terrestre em Leste e Oeste, sendo um importante mecanismo para localização. A interseção de um astro com a linha meridiana é chamado de passagem meridiana e acontece quando o corpo celeste atinge o ponto imaginário de maior altura no céu, também chamado de zênite. Com base nos seus conhecimentos em Astronomia de posição e com auxílio do Stellarium, assinale a alternativa que apresenta o intervalo de tempo em que provavelmente ocorreu a passagem meridiana ilustrada na figura anterior. a) 7:30 h – 8:30 h b) 23:30 h – 00:30 h c) 11:30 h – 12:30 h d) 19:30 h – 20:30 h 10. Assinale a opção que todos os satélites naturais pertencem à órbita de Júpiter. a) Ganimedes, Tritão, Io, Hidra. b) Larissa, Oberon, Tritão, Caronte. c) Ganimedes, Calisto, Io, Europa. d) Larissa, Despina, Galateia, Europa. 11. Os nomes dos satélites naturais de Marte, são: a) Deimos e Fobos. b) Titan e Tritão. c) Io e Europa. d) Europa e Caronte. Para responder as questões a seguir, utilize o texto de apoio II. 12. Quais as principais características de um planeta anão? ___________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 13. Como ocorre o mecanismo de fusão nuclear no interior do Sol? Esse mecanismo é o mesmo em outras estrelas? __________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 14. O que afirma a teoria da nebulosa solar proposta por Immanuel Kant e PierreSimon Laplace? ______________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 15. Quais as diferenças existentes entre meteoros, asteroides e cometas? ________ ___________________________________________________________________ A.5 – QUINTA AULA Tema: O ciclo evolutivo das estrelas Objetivos: 1. Mostrar as principais etapas que antecedem a formação de uma estrela. 2. Compreender as condições necessárias para que a fusão nuclear se inicie no interior das estrelas. 3. Promover o entendimento das principais fases do ciclo evolutivo de uma estrela. 4. Ensinar aos alunos que a maior parte da vida de uma estrela se passa na sequência principal do diagrama HR. 5. Entender que a massa inicial de uma estrela é essencial para determinar como ocorrerá a fase final de sua evolução. 6. Estudar a fase final do ciclo evolutivo das estrelas: supernovas, buracos negro, nebulosa planetária e estrelas de nêutrons. 7. Diferenciar magnitude aparente de magnitude absoluta. Recursos instrucionais: Texto de apoio III, questionário, simulações. Motivação: discussão sobre o texto de apoio III, simulação com stellarium e resolução do questionário. Tempo estimado para aula: duas aulas de 50 minutos. Desenvolvimento: O professor deve instigar os alunos para que eles expressem seus conhecimentos prévios sobre as estrelas, fazendo algumas perguntas sobre os principais aspectos que serão abordados durante as aulas, tais como: 1. Vocês têm o hábito de observar as estrelas no céu noturno? 2. Qual a principal diferença entre uma estrela e um planeta? 3. Como as estrelas se originam? 4. Qual a fonte de energia de uma estrela? 5. Esses astros brilham eternamente? 6. Qual o fim de uma estrela? Ao término dessas perguntas o professor deve iniciar uma aula expositiva apresentando os principais conceitos relacionados ao ciclo evolutivo das estrelas, presentes no texto de apoio III, utilizando uma apresentação com Datashow. Nessa apresentação o docente deve motivar a participação dos discentes pedindo para que eles externem algumas informações adquiridas com leitura que fizeram em casa. Em seguida, o professor deve orientar os alunos a resolverem a atividade prática IV. Essa atividade, diferentemente das outras, abordam questionamentos mais direcionados ao texto de apoio III. No entanto, ainda assim, aborda diversas simulações com Stellarium, por isso, é interessante que os alunos utilizem as informações contidas no manual do Stellarium. Avaliação: pode ser contínua por meio das observações da participação dos alunos nas discussões e resolução das atividades que envolvem aspectos do texto e os recursos de simulação disponíveis no Stellarium. Observação: Assim como, nas outras aulas dessa sequência é importante que o professor disponibilize o texto de apoio III com antecedência, de maneira que permita que os alunos façam sua leitura num momento anterior ao início das aulas. A.5.1 – TEXTO DE APOIO III: O CICLO EVOLUTIVO DAS ESTRELAS. Origem das estrelas As estrelas são os corpos celestes mais fáceis de serem reconhecidos no céu noturno e representam a estrutura básica de formação de uma galáxia. Por meio da análise do espectro emitido por elas, os astrônomos conseguem informações sobre a idade, distribuição, composição e evolução das galáxias. Esses corpos são os principais responsáveis pela conversão de elementos leves, como o hidrogênio e hélio, em pesados, como o carbono, nitrogênio e oxigênio; suas características estão intimamente ligadas às características dos sistemas planetários e compreender o seu processo evolutivo é essencial no estudo da Astronomia. Essas esferas autogravitantes de gás ionizado se formam dentro de gigantescas nuvens de hidrogênio, hélio e poeira interestelar relativamente densas conhecidas como nuvens moleculares [figura 1.16], que se comportam como um grande berçário de estrelas. Essas nuvens de gás são imensas, chegando a centenas de anos-luz e massa equivalente a um milhão de sóis. Estas regiões apresentam temperaturas extremamente baixas, com valores entre 10 e 20 K. A essas temperaturas, os átomos se unem e formam moléculas, as mais comuns são de CO e H2. A baixa temperatura faz com que a aglomeração dos gases se eleve e, consequentemente, aumente a densidade. A formação da estrela começa quando as regiões mais densas da nuvem molecular colapsam sob a ação da gravidade. A gravidade faz com que bolsas de gás colapsem, superando facilmente a resistência oferecida pelo campo magnético e outros impedimentos da nuvem. A contração converte a energia gravitacional das bolsas da nuvem em calor, e as partículas dentro dela começam se colidir cada vez mais rápido, ganhando mais energia, até formar uma protoestrela. Com a formação da protoestrela, gases da região periférica da nuvem começam a cair em direção ao seu centro e, contraídos pela alta gravidade, convertem energia cinética em térmica, fazendo a temperatura e a pressão se elevarem. Quando o calor na região central for suficiente para atingir temperaturas de 10 a 15 milhões de Kelvin, átomos de hidrogênio ganham energia o suficiente para se moverem a altas velocidades e vencem a força de repulsão coulombiana. Ao superar essa força, esses prótons se aproximam o suficiente para que a “força nuclear forte3” os una. Figura 1.16: Nebulosa de Orion, localizada a cerca de 1500 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Orion. Também descrita como M42 ou NGC 1976, a nebulosa de Orion é o ponto mais brilhante da constelação Orion e, é a região de formação de estrelas maciças mais próxima da Terra. Fonte: https://www.nasa.gov/multimedia/imagegallery/image_feature_693.html. A fusão nuclear no interior das jovens estrelas é realizada basicamente pelo hidrogênio e seus isótopos: deutério (D) e trítio (T). Nesse processo, dois prótons se colidem formando o isótopo deutério, este se une a outro próton formando o trítio, a união desses dois isótopos origina um átomo de hélio, um neutro (n) e uma significante quantidade de energia pura (D + T = 4He + n + 17,6 MeV). A massa que desaparece na equação, na verdade, é convertida em energia num equilíbrio descrito pela famosa equação de equivalência energia-massa de Albert Einstein (E=m.c2). No momento em que a fusão se inicia, a pressão em seu 3 A Força Nuclear Forte é uma das quatro forças básicas na natureza (as outras são a gravidade, a força eletromagnética e a força nuclear fraca). Como seu nome indica, é a mais forte das quatro. No entanto, também tem o menor alcance (tem um raio de ação de aproximadamente 10 -15 m), o que significa que as partículas devem estar extremamente próximas para serem submetidas aos seus efeitos. Seu trabalho principal é manter juntas as partículas subatômicas do núcleo (prótons, que carregam uma carga positiva, e os nêutrons, que apresentam carga nula). interior se eleva até o ponto em que ela balança a força gravitacional, alcançando o equilíbrio hidrostático que faz parar o colapso, que é quando de fato surge a estrela. O processo de formação desses astros pode levar dezenas de milhões de anos. Uma estrela do tamanho do nosso Sol, por exemplo, demora aproximadamente 50 milhões de anos para evoluir do início do colapso até a fase adulta. O Diagrama Hertzsprung-Russel e a sequência principal Comumente abreviado como diagrama HR, esse gráfico mostra o resultado de numerosas observações sobre a relação entre a magnitude absoluta de uma estrela e sua temperatura superficial. Descoberto de forma independente pelo dinamarquês Ejnar Hertzsprung, em 1911, e pelo americano Henry Noris Russell, em 1913, enquanto o diagrama de Hertzsprung mostrava a luminosidade das estrelas em função de sua cor, o diagrama de Russel mostrava a luminosidade em função do tipo espectral. A partir dessa constatação, esse mecanismo se tornou a principal ferramenta gráfica que os astrônomos usam para classificar as estrelas. A partir da localização de uma estrela no gráfico, são conhecidas a luminosidade, o tipo espectral, a cor, a temperatura, a massa, a composição química e a história evolutiva da estrela. Ao analisar o diagrama HR [figura 1.17] verifica-se que as estrelas não se distribuem igualmente no gráfico, se concentrando em pontos bem específicos. A maior parte delas ocupa uma faixa diagonal que vai da parte superior esquerda (mais quentes e luminosas) até a inferior direita do diagrama (mais escuras e frias). Essa região é chamada de sequência principal. As estrelas migram para a sequência principal quando o processo evolutivo se estabiliza, ou seja, atingem o equilíbrio hidrostático. Quando isso ocorre, elas passam a ser chamadas de estrelas de Sequencia Principal de idade zero. Enquanto queima seu hidrogênio a estrela permanece praticamente na mesma posição na sequência principal. A maior parte da vida de uma estrela se passa nessa região. O fator que determina o tempo e a posição que estrela permanecerá na sequência principal é a sua massa. As estrelas menores, conhecidas como anãs vermelhas, podem conter apenas 10% da massa do Sol e emitir apenas 0,01% de energia, brilhando com temperaturas entre 3000 e 4000K. Apesar de sua natureza diminuta, as anãs vermelhas são de longe as estrelas mais numerosas do Universo e têm uma vida útil de dezenas de bilhões de anos. Por outro lado, as estrelas mais massivas, conhecidas como hipergigantes, podem ser 100 ou mais vezes mais maciças do que o Sol e apresentam temperaturas de superfície superiores a 30.000 K. As hipergigantes emitem centenas de milhares de vezes mais energia do que o Sol, mas têm vida de apenas alguns milhões de anos. Embora tenham sido comuns no início da formação estrelar, essas estrelas são extremamente raras na nossa galáxia, a Via Láctea. Figura 1.17: Representação da posição de algumas estrelas no digrama HR. A maior parte das estrelas ocupam a região da sequência principal, no entanto, isso não é um fator decisivo para determinar a idade de uma estrela, uma vez que muitas delas podem ocupar essa faixa diagonal nos processos finais de sua evolução. Fonte: http:// astro. if.ufrgs.br/estrelas/node2.htm Como mostrado no diagrama Hertzsprung-Russell, na figura 1.17, as estrelas da sequência principal abrangem uma ampla gama de luminosidades e cores, e podem ser classificadas de acordo com essas características. De acordo com seu espectro, as estrelas podem se classificar em sete tipos espectrais, designados pelas letras O, B, A, F, G, K e M. Tabela 1.2: Classificação espectral de Harvard, com os sete níveis mais utilizados. Classe Temperatura Cor Massa (M( = MSolar) % na sequência principal Exemplo (K) O )30.000 Azul ) 16 M( 0,00003% Mintaka B 20.000 BrancoAzulado 2,1 – 16 M( 0,13 % Rigel A 10.000 Branco 1,4 – 2,1 M( 0,6 % Sírius F 7.000 Branco – amarelado 1,04 – 1,4 M( 3% Prócion G 6.000 Amarelo 0,8 – 1,04 M( 7,6 % Capella K 4.000 Alaranjado 0,45 – 0,8 M( 12,1 % Aldebarã M 3.000 Vermelho * 0,45 M( 76,45 % Betelgeuse Fonte: OLIVEIRA FILHO e SARAIVA (2014). Enquanto as estrelas da classe O e B são muito quentes e luminosas, as estrelas K e M são mais frias e menos luminosas que o Sol. No entanto, as estrelas do tipo O são raríssimas em nossa galáxia, surgindo numa razão 1/3.000.000; já as de tipo M existem em mais abundância. Mais de 80% das estrelas da sequência principal são anãs vermelhas e anãs marrons, como Próxima Centauro. O Sol é uma estrela de classe espectral G com uma temperatura superficial de 5777 K. Como a luminosidade e a massa de todas as outras estrelas são medidas em relação ao Sol, o Sol tem uma luminosidade solar [L(] e uma massa solar [M(]. Apesar de passarem a maior parte de seu ciclo evolutivo na sequência principal, quando as estrelas consomem uma quantidade de hidrogênio em seu núcleo correspondente a 10% de sua massa total, elas passam a ocupar outras regiões do diagrama HR. E quando esse hidrogênio acaba, a estrela inicia outro ciclo de sua evolução, que também dependerá de sua massa. O fim de uma estrela A vida exata de uma estrela depende essencialmente de sua massa inicial. Estrelas muito grandes e maciças, queimam seu combustível muito mais rápido que as estrelas menores, e podem durar apenas algumas centenas de milhares de anos. As estrelas menores, no entanto, vão durar vários bilhões de anos, porque elas queimam seu combustível muito mais lentamente. Porém, em ambos os casos, o hidrogênio que alimenta as reações nucleares no interior das estrelas tendem a se esgotar, e quando isso ocorre, a estrela começa a queimar o hidrogênio das camadas externas de seu núcleo. Como resultado dessa queima, a estrela começa a se expandir e ficar mais vermelha, e quando crescer até 400 vezes o seu tamanho inicial, ela se tornará uma gigante vermelha. O Sol, assim como as estrelas da classe G2, no fim de sua vida sairá da sequência principal e também se tornará uma gigante vermelha. Ao atingir essa fase, ele se expandirá engolindo Mercúrio, Vênus, Terra, chegando próximo à órbita de Marte, o que significará o fim de todos os planetas interiores do sistema solar. Como estrelas com a massa do Sol vivem em média 10 bilhões de anos, ainda nos restam 5 bilhões de anos até que isso aconteça. Nessa época, toda a vida na Terra será terminada, a temperatura média da superfície terrestre atingirá os 700 °C, secando os mares, e devastando a fauna e a flora, com isso a atmosfera será vaporizada e o ciclo da vida em nosso planeta se encerrará. Enquanto a atmosfera da estrela cresce, seu núcleo se encolhe devido à gravidade. Quando o núcleo da gigante vermelha atingir 100 milhões de Kelvins, a fusão termonuclear começa de novo, mas desta vez fundindo hélio, pela reação triplo-alfa, em que três núcleos de hélio se unem para formar um núcleo de carbono. Enquanto queimam o hélio, as estrelas saem do ramo das gigantes e passam a ocupar uma região de temperaturas mais altas do digrama HR, e consequentemente sofrem variação em seu brilho, passando a ser chamada de estrelas variáveis. Nesta etapa, o tamanho da estrela diminui, a temperatura de sua superfície aumenta e seu brilho fica entre 50 e 70 vezes o do Sol. As estrelas que fundem hélio em seus núcleos deixam de ser chamadas de gigantes vermelhas por causa do tamanho que diminui e, passam a ocupar o ramo horizontal do diagrama HR. Todo esse ciclo dura pouco mais de 1 milhão de anos e quando todo o hélio se esgotar, as estrelas entrarão no ramo das supergigantes, numa segunda evolução da gigante vermelha. A partir daí, a estrela poderá ou não continuar seu ciclo evolutivo, que dependerá de sua massa. Estrelas com até 8 M ( passam para uma fase de nebulosa planetária, ao passo que estrelas com massa superior são susceptíveis de terminar suas vidas como uma supernova, uma estrela de nêutron ou como um buraco negro. A tabela 1.18, traz a evolução final de uma estrela em função de sua massa. Tabela 1.3: Representação do ciclo evolutivo de estrelas que não pertencem a nenhum sistema binário ou múltiplo. Essas estrelas têm sua evolução determinada apenas pela sua massa. Massa Inicial (MSol) Combustível usado na Fusão nuclear Destino final Até 0,08 M( Não ocorre fusão termonuclear. Anã marrom 0,08 a 0,45 M( Só queimam hidrogênio Anã branca de He 0,45 a 8 M( Queima hidrogênio e hélio Anã branca de C/O 8 a 11 M( Deflagração do C ou colapso por captura de elétrons Disrupção total ou estrela de nêutrons 11 a 100 M( Queima H, He, C, Ne, O, Si Estrelas de nêutrons ou buraco negro Acima de 100 M( Criação de pares, SN Disrupção total ou buraco negro Fonte: OLIVEIRA FILHO e SARAIVA (2014). Uma anã marrom [tabela 1.3] é um corpo celeste que, assim como uma estrela, surgiu do colapso de uma nuvem molecular. No entanto, na sua fase proto estelar não atingiu as condições necessárias para iniciar o processo de fusão nuclear. Esses corpos que tem massa inferior a 0,08 M ( possuem o mesmo ingrediente que mantém uma estrela normal ativa (hidrogênio), porém, não atingem a temperatura necessária para iniciar a fusão termonuclear. As anãs marrons foram detectadas pela primeira vez em 1995 e, desde então, pouquíssimas foram observadas em nossa vizinhança. Com massas de até 80 vezes a de Júpiter, os cientistas descobriram que para estrelas com mais ou menos a massa do Sol, menos de 1% tem uma anã marrom orbitando dentro de 3 unidades astronômicas. As estrelas com até 8 M( passam a maior parte de sua vida na sequência principal do diagrama HR. Com o passar do tempo, o seu hidrogênio acaba e a estrela começa a se inflar, até se tornar uma gigante vermelha, que passará um longo período queimando hélio, convertendo-o em carbono e oxigênio. Depois desse período, a supergigante vermelha ejetará uma nebulosa planetária e terminará seu ciclo como uma anã branca. Uma nebulosa planetária é uma grande bolha de plasma que é lançada no final da vida das estrelas de baixa massa (estrelas com até 8 massas solares). Apesar do nome, esses corpos celestes não tem nenhuma característica em comum com os planetas e, obtiveram esse nome por terem sido confundidas com planetas pelos primeiros astrônomos que as observaram, utilizando pequenos telescópios. Elas surgem à medida que as camadas externas da estrela se afastam de seu centro, o núcleo remanescente, com temperatura de até 100.000 °C, se comprime, formando uma anã branca e, ejeta radiação ultravioleta a altas temperaturas dando origem a nebulosa planetária. Com o passar do tempo, o material da nebulosa planetária é espalhado pelo espaço e será utilizado na formação de futuras gerações de estrelas. O núcleo remanescente dessa nebulosa forma uma anã branca, que é composta de carbono e oxigênio altamente comprimidos. Embora tenha massa próxima à do Sol, o seu tamanho é muito pequeno, com raio próximo ao da Terra e consequentemente sua densidade é extremamente elevada, atingindo a ordem de 106 g/cm3. As anãs brancas recém-criadas apresentam uma temperatura superficial na casa dos 100.000 °C, mas devido ao seu pequeno tamanho exercem baixa luminosidade a longas distâncias. Como as reações nucleares já não ocorrem mais nas anãs brancas, com tempo, elas irradiam toda a sua energia, arrefecendo-se e perdendo seu brilho. Elas desaparecem de vista para se tornar uma anã negra fria que vagará pelo espaço sideral. Estrelas que se formaram com massas superiores a 8 M( terminam seu ciclo com explosões catastróficas chamadas de supernovas. Por um breve espaço de tempo, essa explosão é similar ao surgimento de uma nova estrela, chegando a emitir um brilho superior ao de uma galáxia inteira, mas, ao contrário do evento de criação de uma estrela, a supernova desaparece em questão de dias. A explosão ocorre quando uma estrela de alta massa finalmente se esgota de combustível nuclear. Sem qualquer pressão externa para equilibrar a força de gravidade para dentro, as camadas exteriores da estrela desmoronam no núcleo e são então dramaticamente expelidas em uma explosão nuclear, a uma velocidade de até 30.000 km/s. A onda de choque resultante cria uma concha em expansão de gás e poeira chamada remanescente de supernova. O que resta do núcleo da estrela se torna uma estrela de nêutrons ou um buraco negro. Uma estrela de nêutrons é o núcleo incrivelmente compacto que permanece após um evento de supernova. Quando uma estrela de alta massa chega ao fim de seu tempo de vida, suas camadas exteriores caem sobre o seu núcleo, comprimindo o material até o ponto onde os átomos são esmagados, deixando apenas nêutrons (partículas subatômicas sem carga elétrica). As camadas exteriores são então ejetadas em uma explosão supermaciça, deixando em seu centro uma estrela de nêutrons. Uma estrela de nêutrons pode pesar o mesmo que um ou dois sóis e ocupar uma região pequena com apenas 20 km de raio. O evento de supernova também pode formar os buracos negros, que na maioria das vezes se originam de estrelas com massas superiores a 25 M(. Nesses casos, tudo o que resta da estrela é esmagado em um objeto incrivelmente pequeno e denso. Perto do objeto, a gravidade é tão forte que nada pode fugir, nem mesmo a luz. Isso significa que não podemos ver nada que existe dentro dessa região, daí o nome buraco negro. O buraco negro estelar, assim como uma estrela de nêutrons, é um corpo derivado de uma supernova, com várias vezes a massa do Sol, compacto num raio de 18 km. Esses corpos afetam profundamente a região que o circundam, absorvendo material galáctico, estrelas e afetando a imagem de galáxia inteiras. Uma vez estabelecidos, os buracos negros podem crescer e consumir até mesmo outros buracos negros em torno deles, esse processo é chamado de acresção. Figura 1.19: Esquema do ciclo de vida de uma estrela comum em relação à sua massa. Estrelas de massa média como o Sol, se tornarão nebulosas planetárias deixando para traz um núcleo pequeno e denso chamado de anã branca. As estrelas maciças, por outro lado, experimentarão um fim mais enérgico e violento, e terá seus restos espalhados sobre o cosmos em uma explosão enorme, chamada supernova. Uma vez que a poeira espalha pelo universo elementos pesados essenciais a origem de novos sistemas planetários, a única coisa restante será uma estrela de nêutrons ou um buraco negro. Adaptado. Fonte: http: //www .schools o bservatory .org.uk/astro/stars/lifecycle. Magnitude de uma estrela Magnitude em Astronomia é a medida do brilho de uma estrela ou de um corpo celeste. Quando esse brilho é medido da terra, chamamos essa propriedade de magnitude aparente, e quando é medido a partir de uma distância de 10 parsecs é conhecido como magnitude absoluta. O primeiro astrônomo a atribuir um padrão de classificação para o brilho emitido pelas estrelas foi Hiparco no ano 150 a.C. Ele dividiu as estrelas visíveis em seis categorias de magnitude, sendo que as estrelas mais brilhantes vistas por ele foram classificadas como de magnitude +1, e as estrelas com brilho inferior ocupavam as posições seguintes, até a magnitude +6. Com o passar dos anos, a escala de magnitudes de Hiparco sofreu diversas alterações por vários astrônomos. Muito disso aconteceu após a descoberta do telescópio a partir do século XVII. Foi então que, no século XIX os astrônomos resolveram refinar e tornar mais quantitativa a série de Hiparco, estabelecendo um padrão sob o qual uma estrela de qualquer magnitude é 2,512 vezes mais brilhante que uma estrela ocupante da próxima magnitude, por exemplo, uma estrela de segunda magnitude é 2,512 vezes mais brilhante que uma estrela da terceira magnitude, bem como uma estrela de m = 1 é 2,512 3 vezes mais brilhante que uma de m = 4. As estrelas mais brilhantes que Vega, que por definição tem magnitude zero, possuem magnitude negativa. Por exemplo, Sirius, que tem m = -1,46, sendo a estrela mais brilhante fora do sistema solar. Como o Sol é a estrela mais próxima do nosso planeta, sua magnitude é a menor da escala de magnitude estelar, com m = 26,7. Ao contrário da magnitude aparente, a magnitude absoluta, indica o brilho de uma estrela se ela fosse colocada a uma distância de 10 parsecs 4 da Terra. Ao considerar as estrelas a uma distância fixa, os astrônomos podem comparar os brilhos reais de diferentes estrelas. A Magnitude absoluta é uma propriedade intrínseca da estrela, pois a essa distância o seu brilho não sofre interferência de atmosfera ou poeira galáctica que impeça a passagem da luz. Juntamente com cor, o brilho intrínseco de uma estrela pode indicar o seu tamanho, idade, distância e composição química. Conhecendo a distância e a magnitude aparente de uma estrela, pode-se calcular a magnitude absoluta. Para isso utiliza-se: + , - = 3 . /01 2 6, onde m é a magnitude aparente, M a magnitude absoluta e d, a distância 45 em parcecs. O Sol apresenta magnitude absoluta +4,83 e Sirius na constelação de Cão Maior apresenta +1,44. 4Parsecs é uma unidade de medida astronômica usada para representar distâncias estelares (1parsec = 3,262 anos-luz, aproximadamente, 30,86 bilhões de quilômetros). A 5.2 – ATIVIDADE PRÁTICA IV: CONHECENDO AS ESTRELAS COM AJUDA DO STELLARIUM 1. Utilizando os recursos de pesquisa [F5] e rótulo de constelações [V] do Stellarium, preencha a tabela abaixo com as informações que se pedem sobre as estrelas mais brilhantes no céu para um observador na Terra; e responda as questões posteriores. Estrela Magnitude aparente Magnitude Absoluta Distância Constelação Sol Sirius Canopus Proxima centauri Arcturus Capella Rigel Procyon a) das estrelas pesquisadas, qual apresenta maior magnitude absoluta e menor magnitude aparente? __________________________________________________ b) qual a relação que os valores apresentados por essa estrela têm com seu brilho? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ c) qual estela das observadas se encontra mais próxima do Sol? _______________ d) qual estela das observadas se encontra mais distante do Sol? _______________ e) qual a diferença entre a magnitude aparente e a magnitude absoluta? _________ ___________________________________________________________________ 2. A constelação de Orion é visível no hemisfério Sul de janeiro a novembro de cada ano, aparecendo antes da meia-noite até o mês de junho. Essa constelação representa a estação do verão e possui três estrelas muito conhecidas no hemisfério Sul, as três Marias, que formam o cinturão de Orion. Utilizando os recursos do Stellarium, determine: a) o nome das estrelas que compõe o cinturão de Orion (as três Marias). ___________________________________________________________________ b) a distância que cada esta do Sol? ______________________________________ ___________________________________________________________________ c) o nome das principais estrelas que compõe essa constelação. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 3. A constelação de escorpião é mais visível no hemisfério Sul durante o período de inverno, por isso é considerada a constelação símbolo dessa estação. Utilizando os recursos do Stellarium, encontre as principais estrelas que compõe essa constelação e informe qual a distância que elas se encontram do Sol. 4. Em qual constelação se encontra a nebulosa cabeça de cavalo? ______________ ___________________________________________________________________ 5. Qual a distância aproxima que a galáxia Andrômeda se encontra da Terra? _____ ___________________________________________________________________ Utilize as informações do texto de apoio III para responder as questões de 6 a 10. 6. Quais as condições necessárias para o surgimento de uma estrela? ___________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 7. Qual a principal utilidade do diagrama HR? _______________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 8. O que é uma anã marrom? ___________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 9. Como se formam os buracos negros e as estrelas de nêutrons? ______________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 10. Por que a sequência principal é região mais preenchida por estrelas no diagrama HR? _______________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 11. O que provavelmente ocorrerá com o Sol no final do seu ciclo evolutivo? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 12. Qual a sua interpretação da frase: “somos todos poeira das estrelas” (Carl Sagan)? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ APÊNDICE II MANUAL COM OS PRINCIPAIS COMANDOS DO STELLARIUM 1. Instalando o Stellarium O stellarium é um programa mundialmente utilizado em projetores de planetários. Por ser um software de código aberto, ele pode ser usado gratuitamente para simulações domésticas ou em aulas. É um software que possui vários recursos e uma excelente representação visual de imagens 3 D que possibilitam excelentes simulações, tais como: visualizar estrelas, constelações, localizar planetas, nebulosas, as fases da Lua, o nascer e ocaso do Sol, os planetas e seus satélites, entre outras. Além disso, é possível colocar a localização exata da cidade em que mora com data e horário, fazendo simulações do céu como se encontra naquele dia. Para servir-se das utilidades desse software, o primeiro passo é baixá-lo no endereço <www.stellarium.org/pt >. Sendo importante verificar se a versão baixada é compatível com o sistema operacional instalado no seu computador (Windows, Linux, Mac OS X). Para continuar com a instalação basta seguir as instruções do instalador, que é um arquivo executável, e finalizar a instalação. A versão utilizada na aplicação da sequência do apêndice 1, foi a 0.15.1 para computadores de 64 bits, que introduziu novos recursos que tornaram o software mais dinâmico e prático. O segundo passo é iniciar o programa e começar as simulações usando os comandos disponíveis em duas barras de menu localizadas na vertical e horizontal da tela inicial, ou suas respectivas teclas de atalho. As instruções de uso, bem como a indicação dos comandos encontram-se no manual de uso do stellarium confeccionado durante a aplicação dessa sequência e disponibilizado a seguir. É importante lembrar que diversos tutoriais de uso podem ser encontrados em canais do youtube, dentre estes, sugerimos as aulas com o professor João Batista Garcia Canalle, disponível no endereço: < www.youtube.com/watch?v=vwpUFoIdVoY>. 1.2 – Iniciando o Stellarium Quando se instala o Stellarium em seu computador, ele cria um atalho em sua área de trabalho. Para iniciar o programa basta dar um duplo click sobre o ícone e aguardar alguns segundos até o programa inicializar. Assim que o software carrega ele mostra a imagem do céu de Paris, na França. No entanto, isso é facilmente alterado na janela localização da barra de menu vertical. O tópico 1.3.1 deste manual mostra detalhadamente qual comando deve seguir para fazer a mudança. Figura 2.1: Tela de abertura do Stellarium já configurado a localização (ao iniciar o Stellarium pela primeira vez estará configurado com a localização de Paris). Fonte: Stellarium. Note que a página inicial traz duas barras de menus, uma na horizontal e outra na vertical. Cada um desses ícones tem uma função de comando, e podem ser utilizados em combinações que ajudam a extrair diversas simulações do astro que deseja trabalhar. Na barra de menu vertical estão contidas as principais configurações do programa. É nessa região que se consegue alterar a localização de série do Stellarium. No tópico seguinte, o leitor encontrará informações relativas aos ícones dessa barra e as teclas de atalho que serão úteis durante as simulações. 1.3 Os Comandos da Barra de Menu Vertical 1.3.1 Janela Localização [ F6 ] Quando abrimos o stellarium as suas coordenadas geográficas dão a localização de Paris, França. Para mudar para o céu de sua cidade, o usuário deve usar a janela localização ou utilizar a tecla de atalho [F6]. Essa opção permite a localização buscando o nome da cidade na opção lupa ou inserindo as informações sobre a posição atual. Ao finalizar a tarefa todas as informações podem ser salvas e armazenadas marcando a opção “utilizar como padrão” e clicando em “adicionar à lista” no canto inferior à direita da aba, ilustrado na figura 2.2. Figura 2.2: Janela Localização da barra vertical do Stellarium. Fonte: Stellarium. 1.3.2 Janela data e hora [ F5 ] O menu Data e hora, figura 2.3, possibilita o usuário mudar a data e o horário das simulações, o que permite verificar diversos fenômenos que ocorreram ou que irão ocorrer durante o ano, bastando para isso, clicar nos botões que aumentam ou diminuem os valores em cada campo. Com essa função, o navegador pode fazer simulações da posição de um astro no céu por vários dias, na mesma hora, verificando assim, a sua posição na abóboda celeste durante semanas, meses, anos ou até mesmo séculos. Figura 2.3: Janela data e hora do Stellarium. Fonte: Stellarium. 1.4 Janela de Opções de Céu e Visualização [ F4 ] 1.4.1 Céu Essa é a janela (figura 2.4) com maior número de funções, divide-se em cinco categorias: Céu, DSO, Marcações, Paisagem e Cultura Estelar. Na opção céu, o navegador pode trabalhar os comandos de cintilação das estrelas, limite de magnitude estelar, estrelas cadentes, rótulos de marcadores, luminosidade da via láctea; e trabalhar detalhes da atmosfera, tais como: controle de poluição atmosférica, pressão atmosférica, temperatura e coeficiente de extinção. Ainda nesse ícone, o usuário conta com a função objetos do sistema solar, que permite visualizar as orbitas dos planetas e controlar o limite de magnitude desses astros. Figura 2.4: Janela com maior número de ícones de configuração do Stellarium. Fonte: Stellarium. 1.4.2 DSO O DSO (Deep Sky Objects), figura 2.5, trabalha com objetos do espaço profundo baseando-se nos principais catálogos existentes, como Messier e o NGC. Além disso, permite o navegador filtrar o tipo de objetos do espaço profundo que deseja estudar. Combinado com o regulador de “rótulos e marcadores”, essa função se potencializa como um excelente recurso para se trabalhar com as galáxias, nebulosas, supernovas, remanescente de supernovas e aglomerado de estrelas. Figura 2.5: Configuração do Stellarium para trabalhar com os objetos do espaço profundo – DSO. Fonte: Stellarium. 1.4.3 Marcações Aqui você encontra as grades de localização, que são linhas imaginárias que determinam a localização do astro na abóboda celeste. Combinando com os recursos de “projeção”, grades e a janela de localização; praticamente todos os objetos celestes catalogados podem ser observados e os problemas de Astronomia de posição resolvidos. Quando você utiliza o recurso de projeção e diminui o zoom, cria-se um globo, que representa a abóboda celeste, com isso, o navegador pode analisar o movimento de um astro em relação ao outro na abóboda, isso é muito interessante para se trabalhar, por exemplo, com as fases Lua, pois mostra todo o processo de inclinação que possibilita o fenômeno. Essa simulação pode ser feita combinando esses recursos com a função acelerar e diminuir velocidade do tempo, situado na barra de menu horizontal. A opção “Marcações”, figura 2.6, permite trabalhar o recurso de grade eclíptica, que possibilita verificar a trajetória de um astro no céu, isso também ajuda a localizar o objeto quando aliado às grades equatorial e azimutal. A função “compensação de janela de exibição vertical” permite regular a projeção na tela em valores que vão de -50% a + 50%. É aconselhável que quando estiver trabalhando com a projeção ortográfica ou equivalente regule a compensação para 0%, centralizando toda a esfera celeste no meio da tela. Para outras projeções o recurso facilita muito o zoom, pois aumenta bastante a área de visualização. Essa ferramenta é muitas vezes deixada de lado quando se faz simulações com Stellarium, no entanto, é um dos recursos mais importantes do software. Figura 2.6: Opção Marcações da janela de visualização do Stellarium. Fonte: Stellarium. 1.4.4 Paisagem Em “Paisagem” é possível alterar a imagem do local de observação. O software vem configurado com imagem de Guéreins, que é um pequeno vilarejo francês, para alterar para outro lugar, dentre os possíveis, basta clicar com mouse sobre o local desejado na coluna esquerda ilustrada na figura 2.7. Em “opções” é possível escolher se exibe ou não a superfície, regular seu brilho, exibir névoa, rótulos de paisagens e iluminação. Figura 2.7: Opção “Paisagem” da janela de visualização do Stellarium. Fonte: Stellarium. 1.4.5 Cultura Estelar Altera os nomes de constelações e estrelas da cultura ocidental para outras culturas antigas, por exemplo, chinesa. Para alterar a cultura estelar basta dar um click na opção desejada na coluna direita, como representado na figura 2.8. Também é possível regular a espessura das linhas de constelações, seus limites e seus rótulos. É importante salientar que o catálogo padrão para Astronomia adotado pela UAI (União Astronômica Internacional) é o ocidental. Figura 2.8: Função “cultura estelar” do Stellarium. Fonte: Stellarium. 1.5 Janela de Pesquisa [ F3 ] Na janela de pesquisa, figura 2.9, é possível encontrar qualquer astro no céu digitando o seu nome na área disponibilizada. É importante digitar o nome do astro corretamente para que o software entenda o comando dado. Após a localização do astro, é interessante utilizar a tecla [ T ] para que o zoom acompanhe-o durante a observação. A busca pelo astro também pode se dar pela sua localização geográfica no ícone “Posição” e pela lista de astros disponibilizada na opção “Listas”. A função “Opções” permite selecionar o servidor, que pode ser o da universidade de Estrasburgo na França ou de Haward nos Estados Unidos. O teclado com letras gregas disponibilizado abaixo da “área de buscas” ajuda a encontrar estrelas do catálogo proposto por Johann Bayer no século XVI, que classificou as estrelas pela intensidade de seu brilho, estabelecendo como ordem, as letras do calendário grego. Figura 2.9: Janela de procura do Stellarium e seu teclado para as designações de Bayer. Fonte: Stellarium. 1.6 Janela Ajuda [ F1 ] A janela ajuda, ilustrada na figura 2.10, fornece todas as teclas de atalho e seu respectivo comando. Traz informações sobre os desenvolvedores do software, bem como o seu recurso de registro. Figura 2.10: Janela de ajuda e algumas funções de suas teclas de atalho. Fonte: Stellarium 1.7 Janela de configurações [ F2 ] A janela configurações, figura 2.11, é composta por seis ícones: principal, informações, navegação, ferramentas, apresentações e complementos. A função “principal” habilita alterar o idioma do software e a função “informações” permite o navegador controlar quais informações do astro aparecerão quando se clicar sobre ele. A ferramenta “navegação” ativa o teclado ou o mouse, e também possibilita alterar o formato da data e fazer correções do tempo. O ícone “ferramenta” permite capturar a tela e salvá-la como imagem, além de conter “opções de planetário” e um catálogo de estrelas atualizado que pode ser baixado pelo usuário. A opção “apresentações” habilita selecionar eventos a partir de um determinado astro ou fazer passeios em torno desses objetos. Em “complementos” você pode atribuir algumas funções ao software, como mostrar as coordenadas do mouse e permitir que o Stellarium dê comandos a um telescópio, por exemplo. Figura 2.12: Principais configurações do Stellarium. Fonte: Stellarium 1.8 Calculadora Astronômica [ F10 ] É o mais novo recurso do Stellarium disponibilizado na versão 0.15.1. Esse mecanismo possibilita obter informações com antecedência da data e do tipo de fenômeno que ocorrerá com astro, por exemplo, a data e hora que Vênus estará em conjunção com Júpiter. Consegue-se também, determinar a posição do astro para o dia, fornecendo informações de sua ascensão reta, inclinação, magnitude e tipo. Outra importante função é o gráfico, com ele o observador verifica graficamente a posição do astro em função do tempo. Figura 2.13: Janela calculadora Astronômica contendo informações para um período de 24 horas. Fonte: Stellarium. 1.9 Barra de Menu Horizontal A barra de menu horizontal do Stellarium apresenta em grande parte a função de exibir algum tipo de marcadores. Ao contrário da barra vertical, não permite mudar configuração ou a maneira de como se pesquisa o astro. No entanto, nessa linha de comandos, o navegador pode controlar o tempo, acelerando e diminuindo a passagem temporal, de maneira que essas funções se tornam essenciais para extrair informações do astro que dificilmente conseguiria utilizando um telescópio. Na versão, 0.15.1, foram inseridos mais cinco comandos de muita utilidade, que permitem simular o uso de um telescópio, trabalhar com chuvas de meteoros e exibir exoplanetas. Conhecer esses ícones e suas funções são fundamentais para conseguir boas simulações com o software. O quadro 2.1, mostra a função de cada ícone da barra de menu horizontal e sua respectiva tecla de atalho. Quadro 2.1 – Mostra a função de cada ícone da barra de menu horizontal. ÍCONE NOME TECLAS DE ATALHO Linhas de constelação C Rótulo das constelações V Arte das constelações R Grade equatorial Grade Azimutal Superfície Pontos cardeais Atmosfera E Z G Q A Objetos do céu profundo D Rótulos dos planetas Alt+P FUNÇÃO As constelações podem ser trabalhadas com os comandos: linhas de constelação, rótulos de constelação e arte de constelação. Com esses recursos o navegador tem o formato da constelação, o nome e o contorno com as principais estrelas que a compõe. Com isso, um estudo elaborado das principais constelações do céu no hemisfério sul e no hemisfério norte pode ser feito a fim de mostrar a ligação que elas têm com as estações do ano. A grelha equatorial e a grelha azimutal permite trabalhar com o zênite e o azimute, que são importantes para localizar o astro na abóbada celeste. O ícone superfície possibilita tirar o solo e verificar o nadir, que o ponto oposto ao zênite na abóbada celeste. Com o comando pontos cardeais encontra-se a localização geográfica do astro e consequentemente os pontos colaterais. Já o efeito de tirar a atmosfera torna possíveis as simulações de planetas e constelações durante o dia. A opção de objetos do céu profundo permite localizar as nebulosas, exoplanetas, aglomerados de estrelas, supernovas, entre outros astros do hiperespaço. Já a função rótulos dos planetas nomeia os planetas e os planetas anões. Alternar grade equatorial / azimutal Centrar objeto selecionado. Ctrl+M Barra de espaço ou T Muda a superfície da horizontal para a vertical e vice-versa. Posiciona o objeto selecionado no centro da tecla. Um excelente recurso para usar nas simulações. Visão noturna Ctrl+N Modo tela cheia F11 Faz a imagem do software ocupar toda a tela de seu computador. Exibir exoplanetas Ctrl+Alt+E Mostra a posição dos planetas fora do sistema solar na abóboda celeste. Mostrar chuva de meteoros Ctrl+Shift+M Mostra ou esconde as chuvas de meteoros. Janela pesquisa Ctrl+Alt+M Mostra as chuvas de meteoro que cairão durante o período pesquisado. Visão ocular Ctrl+O Simula a observação com possibilitando mudar lente. Indicações de satélites Ctrl+Z Indica o satélite artificial quando passa pela tela. Diminuir velocidade do tempo J Regula a velocidade em que deseja voltar no tempo. Definir taxa normal do tempo K Volta a velocidade do tempo ao normal. Também serve para pausar o tempo. Definir o tempo para hora atual 8 Volta o tempo para o horário atual. Aumentar a velocidade do tempo L Permite aumentar a velocidade do tempo. Excelente recurso para simular fenômenos futuros. Sair Ctrl+Q Faz o dia virar noite. telescópio, O menu sair permite o usuário encerrar a sessão. 1.9.1 Outras Teclas de Atalho e Suas Funções Tabela 2.1: Outras teclas de atalho importantes para as simulações com Stellarium. TECLA DE ATALHO FUNÇÃO [ Subtrair 1 semana solar ] Adicionar 1 semana solar - Subtrair 1 dia solar = Adicionar 1 dia solar N Nebulosas P Nomes dos planetas S Estrelas . Linha do Equador , Linha elíptica ; Meridiano / Zoom no objeto selecionado T Acompanhar objeto \ Reduzir Ctrl+G Definir o planeta selecionado como base O Orbitas dos planetas M Via láctea