Ângulo Ponto-Cerebeloso

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Ângulo Ponto-Cerebeloso
Anatomia: região paramediana da face anterior do SNC, de forma triangular, no andar posterior
da base do crânio entre o tronco cerebral e o rochedo. Situa-se entre uma parte do pedúnculo cerebeloso
médio, da protuberância, da parte mais elevada da face lateral do bulbo, e do outro lado da face anterior
do cerebelo.
Em razão da sua forma e limites se deveria chamar trígono bulbo-ponto-cerebeloso. Região
importante por ser atravessado por importantes elementos vasculo nervosos, por ser uma região dita de
tumores do ângulo ponto cerebeloso, que são muitas vezes tumores do VIII par ou menagiomas(do
tubérculo do occipital ou do contorno do conduto auditivo) e dos aracnoiditos da cavidade posterior
(fossa cerebelosa), ou ainda por ser uma região de difícil acesso.
→ Forma e limites – situada na cavidade cerebelosa, sob a tenda do cerebelo (cavidade subtentorial), a região tem a forma de um diedro, aberto em frente e de fora, no qual a aresta corresponde à
parte anterior do grande seio circunferencial de Vicq d’Azyr ou fissura horizontal do cerebelo.
1) Frente (de dentro para fora): goteira basilar – representada pela lâmina quadrilátera; sutura
petro-occipital, com o seio petroso inferior que termina no buraco lácero posterior; face postero-superior
do rochedo com o orifício do canal auditivo interno, no qual o bordo superior constitui a eminência
sub-auditiva → formam uma linha de cristas que o separam da cela turca (cavidade hipofisiária) e da
fossa cerebral média, com duas chanfrandura onde passam os nervos trigémio (chanfrandura Trigeminal
de Gruber ou incisura Trigemini) e o motor ocular externo contra o cume do rochedo.
A parede osteo-dural é revestida por duramáter que passa em ponte ao nível da sutura petrooccipital, onde se desdobra para conter o seio petroso inferior, corresponde ao triângulo petroso ou área
de Eagleton no qual os limites são: em cima, o bordo superior do rochedo; em baixo, o sulco sigmoideu
ou goteira do seio lateral; de fora, uma linha vertical que passa de fora do canal auditivo interno.
2) Dentro: linha convencional vertical que passa pela origem aparente do nervo trigémio
(corresponde ao limite entre a protuberância anular e a face ant. do braquima pontis). Ao nível do sulco
bulbo-protuberencial, o ângulo compreende a fossa lateral do bulbo.
3) Baixo e atrás: face anterior do hemisfério cerebeloso (lóbulo digastrico);
4) Cima e atrás: face anterior do hemisfério cerebeleloso (lóbulo quadrado).
A zona de junção das faces postero-superior e postero-inferior do ângulo corresponde à
penetração no cerebelo de um pedúnculo cerebeloso médio, no floculos ou lóbulo do pneumogástrico,
ao recessus lateral de Reichert com o plexo coroide lateral do 4ºventrículo e a lingula (corno de
abundância), e ao verso anterior do grande seio circunferencial de Vicq d’Azyr.
→ Relações intrínsecas – órgãos vasculo-nervosos que ocupam a região do ângulo pontocerebeloso: situados no espaço sub-aracnóideu, ocupam a parte lateral da cisterna pôntica ou na cisterna
do confluente lateral ponto-cerebeloso (que comunicam entre si pela cisterna pôntica, pela cisterna
baralis e pela cisterna ambiens da cavidade cerebral pelo orifício ou buraco oval de pacchioni).
4 grupos de nervos cranianos, rodeados pela bainha de pia mater, emanam do tronco cerebral e
contornam o ângulo ponto-cerebeloso, são: por dentro, o motor ocular externo (VI); na parte superior
da região, o Trigémio (V); na parte externa o feixe acústico-facial; na parte inferior, o grupo de nervos
do buraco lácero posterior: glossofaríngeo (IX), pneumogástrico (X) e espinhal (XI).
O conjunto dos nervos forma na região 3 feixes que são (cima/baixo, dentro/fora):
a) feixe superior na direcção sagital –constituído pelo trigémio e nervo motor ocular externo;
b) feixe médio, direcção oblíqua, separado do seio bulbo-protuberencial, penetra no conduto
auditivo interno: constituído pelos VII e VIII pares cranianos;
c) feixe inferior que atinge o compartimento postero-externo do buraco lacero posterior,
constituido por 3 nervos mistos (IX, X, XI) ??.
Nervo Trigémio – destaca-se do sulco trigémio , na face anterior da protuberância e do braquima
pontis ou pedúnculo cerebeloso médio. Ramo motor sob o ramo sensitivo; no andar posterior da base
do crânio, ocupa a parte supero-interna do ângulo ponto-cerebeloso, entre a saliência da piramide e da
face ant. do lóbulo quadrado. Atinge o bordo superior do rochedo, entra na incisura trigemini para
atingir o cavum de Meckel ou cavum trigeminal.
Triângulo trigeminal de Latange e Wertheimer – sob a tenda do cerebelo, atrás do rochedo
entre o seu b.sup e o istmo do encéfalo e a protuberância e a f.ant. do hemisfério cerebral. Corresponde
ao ângulo ponto-cerebeloso e está ocupado pelo trigémio e pelo tecido aracnóide da cisterna lateral
ponto-cerebelosa.
Nervo Motor Ocular Externo – subjacente e interno em relação o Trigémio. Nasce do sulco
bulbo-protuberencial, por cima da eminência piramidal, atravessa a parte mais interna do ângulo pontocerebeloso (cisterna lateral ou ponto cerebelosa), e depois cruza o bordo superior do rochedo perto do
cimo e atravessa o canal de Dorello.
Feixe acústico-facial – representado por 3 nervos: facial (VII), intermediário de Wrisberg (VII) e
auditivo(VIII) – destacam-se da fosseta lateral do bulbo: o facial é mais interno e o auditivo mais externo.
O feixe nervoso forma um cordão que entra no canal auditivo interno e sofre uma torção; as fibras
constituintes do auditivo estão agrupadas de maneira que as do nervo coclear sejam antero-internas, e as
do nervo vestibular sejam postero-inferiores, sendo que o nervo vestibular enrola à volta do coclear.
Grupo de nervos do buraco lácero posterior – os 3 nervos mistos passam no parte inferior do
ângulo ponto-cerebeloso e entram no buraco lacero posterior.
Artérias – representadas por ramos colaterais das artérias vertebrais ou do tronco basilar; reúnemse ao tronco cerebral e ao cerebelo.
Artéria cerebelosa sup.- nasce da parte terminal do tr. Basilar, dirige-se para fora paralelamente ao
b.sup. da protuberância, passa entre o patético(cima) e o trigémio(baixo), descrevendo um anel no
confluente lat.ponto-cerebeloso, antes de se distribuir pela face sup. do cerebelo.
Artéria cerebelosa média – cruza transversalmente a região passando por baixo do trigémio,
aborda a f.ant, do cerebelo onde se divide em 2 ramos terminais: 1 sup. e 1 inf. Única artéria do
floculus.
Artéria auditiva interna – nasce do tr.basilar, de um tronco comum com a cerebelosa
média(tr.cerebelo-labiríntico), aborda o feixe acústico-facial que vasculariza, depois penetra no conduto
auditivo interno.
Veias – não seguem as artérias homónimas. Confluem para o seio petroso:
Veias laterais da protuberância(veias pontino laterais), as veias cerebelosas ant. e inf. e as veias do
floculos e as veias auditivas internas vão ao seio petroso inferior;
A veia de Dandy (v.cerebelosa lat.sup.) vinda da f.sup. do cerebelo e do ângulo ponto cerebeloso,
conflui para o seio petroso superior. Satélite o n.auditivo;
A veia cerebelosa lat.inf acaba tanto no seio petroso inf., como no seio petroso superior por um
tronco comum com a veia de Dandy.
Em resumo: Percebe-se facilmente que ocupando a fossa cerebelosa, cavidade de parede
inextensível, os tumores que se desenvolvem nesta região, espaço restrito da cavidade posterior,
provocam sinais de compressão e perturbações nervosas no qual a sintomatologia é bastante precisa e
isto devido à vizinhança do bulbo raquidiano, da protuberância, do pedúnculo cerebeloso médio, do
cerebelo, mas também, e sobretudo, pela presença, nesta região, dos V e VIII pares de nervos cranianos.
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