O PACIENTE HIPERTENSO ATENDIDO EM UM PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF) EM MARIALVA-PR. Eliane Raquel Lalla; Rodrigo Resende da Silva Braga; Raquel Soares Tasca³. RESUMO Introdução. As doenças cardiovasculares são as causas mais comuns de morbidade e mortalidade em todo o mundo e, entre os fatores de risco para doença cardiovascular, encontram-se o diabetes mellitus e a hipertensão arterial, fatores independentes e sinérgicos (Paiva, 2006). Um estudo multicêntrico sobre prevalência de diabetes mellitus no Brasil, por exemplo, apontou um índice de 7,6% na população brasileira entre 30-69 anos, atingindo cifras próximas a 20% na população acima dos 70 anos. Cerca de 50% dessas pessoas desconhecem o diagnóstico, e 25% da população diabética não faz nenhum tratamento (Paiva, 2006). Outro importante problema de saúde pública é a hipertensão arterial, cuja prevalência estimada na população brasileira adulta é de cerca de 15 a 20%, sendo que, entre a população idosa, esta cifra chega a 65%. Entre os hipertensos, cerca de 30% desconhecem serem portadores da doença (Paiva, 2006). Para o controle de ambas as patologias, são necessárias medidas que envolvem mudanças no estilo de vida do indivíduo. O manejo do diabetes mellitus e da hipertensão arterial deve ser feito dentro de um sistema hierarquizado de saúde, sendo sua base o nível primário de atendimento (Paiva, 2006). Mesmo sabendo disso, o controle da hipertensão na população continua sendo um dos maiores problemas de saúde pública pelo mundo. Apesar do diagnóstico e tratamento para hipertensão ter melhorado significativamente durante as últimas duas décadas, seu controle não melhorou proporcionalmente (Prisant, 2005; Franklin, 2006). A terapêutica medicamentosa também mudou muito durante os últimos anos e se mostrou e continua se mostrando eficaz no controle da pressão arterial (Akashi, 1998; Franklin, 2006; Franklin, 2006). O mesmo ocorreu com o serviço prestado à população. Frente à crise vivida no setor saúde, o Ministério da Saúde, em 1994, implantou o Programa Saúde da Família (PSF), com o objetivo de proceder à reorganização da prática assistencial a partir da atenção básica, em substituição ao modelo tradicional de assistência, orientado para a cura de doenças. Assim sendo, o PSF pretende promover a saúde através de ações básicas que possibilitam a incorporação de ações programáticas de forma mais abrangente. A dinâmica proposta pelo PSF, centrada na promoção da qualidade de vida e intervenção nos fatores que a colocam em risco, permite a identificação mais acurada e um melhor acompanhamento dos indivíduos diabéticos e hipertensos (Paiva, 2006). Dentro desse programa o governo ainda implantou um programa de controle direto dessas doenças: o Sistema de acompanhamento e cadastramento de hipertensos e diabéticos (HIPERDIA). Este é o programa que cadastra e acompanha os hipertensos e diabéticos que são atendidos pelas equipes de saúde da família. É por isso que conhecer o perfil do paciente hipertenso num programa em que o acompanhamento ao indivíduo é mais direto torna-se importante. Objetivo. Traçar o perfil do indivíduo com hipertensão atendido por uma equipe de saúde da família do município de Marialva no Paraná/ Brasil no intuito de conhecer o paciente atendido e traçar ações para manter a eficácia do tratamento. Material e método. O presente estudo trata-se de um corte transversal para tentar conhecer melhor o paciente hipertenso atendido por uma das unidades de saúde da família do município de Marialva. A Unidade Básica de Saúde (UBS) escolhida para esse estudo fica sediada no bairro João de Barro na cidade de Marialva. A população escolhida para o estudo é aquela que recebe atendimento dessa equipe de saúde da família e estando cadastrada na unidade. Na UBS estão cadastrados 3127 pacientes. A partir de uma lista com os nomes dos pacientes hipertensos fornecida pelos agentes comunitários de saúde foi feita uma busca ativa de prontuários médicos para se descobrir a medicação utilizada pelos pacientes. No momento da coleta de dados também foi observado se o paciente fazia tratamento para o diabetes. Foi feita uma planilha que consta o nome do paciente, sexo, data de nascimento, medicação utilizada para controle e manutenção da pressão arterial normal e classificação quanto ao diabetes. A coleta de dados foi realizada no período de agosto a setembro de 2006. Os medicamentos oferecidos para hipertensão são captopril (utilizado também em casos de hipertensão (alteração de pressão brusca) por ser um inibidor da ECA, este medicamento é rapidamente absorvido por via oral e seus picos sanguíneos ocorrem em cerca de uma hora) propanolol (é um beta- bloqueador que causa a diminuição do débito e trabalho cardíaco e que tem boa absorção oral atingindo concentrações máximas em 80-90 minutos), hidroclorotiazida (diurético tiazídico utilizado para hipertensão em dose única ou fracionada), nifedipina (bloqueador seletivo dos canais de cálcio que diminui a contração) e furosemida (diurético de alça que diminui a reabsorção de eletrólitos como o sódio e aumenta a excreção do mesmo, bem como do potássio) (Lima, 2004). Para o diabetes o posto disponibiliza daonil (glibenclamida) e glifage (cloridrato de metformina). Resultados. Foram encontrados 139 pacientes diagnosticados e que fazem tratamento para hipertensão. Analisando a faixa etária percebe-se que a maior parte dos pacientes em questão tem entre 51 e 60 anos e são do sexo feminino. Quando verificamos a medicação utilizada, percebemos que, 50,36% usam hidroclorotiazida, 40,29% captopril, 22.30% nifedipina, 12,95% furosemida e 10,79% propanolol. Muitos pacientes utilizam mais de uma medicação para a manutenção da pressão arterial normal. Há entre os pacientes apenas um que não aceita o tratamento e ainda é etilista o que evidencia a necessidade de campanhas de conscientização para que se consiga tratar todos os casos de hipertensão. Considerações finais. A comunidade em questão está dentro dos padrões já que as idades encontradas para os pacientes hipertensos são semelhantes às encontradas em outros estudos. O tratamento vem sendo realizado e acompanhado mostrando o alcance do PSF em relação a essa enfermidade. Conhecendo então esse paciente deve-se avançar para a fase de implementação de campanhas que objetivem mudanças de comportamento que possam reduzir a medicação e melhorar o tratamento já que apesar de todo o avanço da área da saúde o controle da hipertensão ainda é uma das suas maiores preocupações de saúde pública. Palavras-chave: hiperdia; Programa de Saúde da Família; pressão arterial. Bibliografia: AKASHI, D. et al. Tratamento Anti-hipertensivo. Prescrição e Custo de Medicamentos. Pesquisa em hospital terciário. Arq. Brás. Cardiol., v. 71. 1998. FRANKLIN, S. S. et al. Hypertension in older people: part 1. The Journal of Clinical Hypertension., v. 8, n.6. june 2006. FRANKLIN, S. S. et al. Hypertension in older people: part 2. The Journal of Clinical Hypertension., v. 8, n.7. july 2006. LIMA, D. R. Manual da Farmacologia Clínica, Terapêutica e Toxicologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. PAIVA, D. C. P. et al. Avaliação da assistência ao paciente com diabetes e/ou hipertensão pelo Programa de Saúde da Família do Município de Francisco Morato, São Paulo, Brasil. Caderno de Saúde Pública, v.22, n.2. 2006. PRISANT, M. Hypertension in the Ederly. Totowa: Humana Press, 2005.