UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GEOLOGIA DANIEL NASCIMENTO OLIVEIRA ALVES MAPEAMENTO GEOLÓGICO DE DETALHE E PETROGRAFIA DOS LITOTIPOS DO JARDIM DE ALAH, SALVADOR-BAHIA Salvador 2013 DANIEL NASCIMENTO OLIVEIRA ALVES MAPEAMENTO GEOLÓGICO DE DETALHE E PETROGRAFIA DOS LITOTIPOS DO JARDIM DE ALAH, SALVADOR-BAHIA Monografia apresentada ao Curso de Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia. Orientador: Profº Dr. Johildo S. F. Barbosa. Salvador 2013 DANIEL NASCIMENTO OLIVEIRA ALVES MAPEAMENTO GEOLÓGICO DE DETALHE E PETROGRAFIA DOS LITOTIPOS DO JARDIM DE ALAH, SALVADOR-BAHIA TERMO DE APROVAÇÃO Trabalho Final de Graduação aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora: Dr. JOHILDO SALOMÃO F. BARBOSA – Orientador Professor do Instituto de Geociências UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA JAILMA SANTOS DE SOUZA Mestre em Geologia pela UFBA Professora do Instituto de Geociências UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ADRIANA ALMEIDA DE PEIXOTO Doutora em Geologia pela UFBA COMPANHIA BAIANA DE PESQUISA MINEREAL - CBPM Salvador 2013 "Construí amigos, enfrentei derrotas, venci obstáculos, bati na porta da vida e disse-lhe: Não tenho medo de vivê-la". Augusto Cury AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pela benção e proteção nesta caminhada, por me dar força e coragem para continuar e encerrar mais esta etapa em minha vida. Logo, é com sentimento que escrevo essas breves palavras, como agradecimento a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho. Aos meus pais, sobretudo Cristina a pessoa mais super disposta que me amparou em tudo, sempre com seu entusiasmo em cada disciplina cursada. Mãe, obrigada pelo seu encorajamento a prosseguir para nunca desistir. Nós iremos vencer todas as adversidades da vida, que estão surgindo. Meu pai, Adailton pela sua amizade. Em especial, em memória do meu avô, Feliciano, por seu grande ensinamento e caráter honrado. A minha surpreendente noiva Kelly Dayane pelo seu carinho, amizade, fortaleza, sempre com suas muitas palavras de conselho tornaram-me cada dia mais forte e apaixonado pela vida. Aos meus cunhados Isaías, Priscila, Bel, Cabral, a minha sogra Nelma e sogro João pelo seu apoio. Aos meus pais de criação, Dorinha e Joaci pela amizade e apoio. Aos meus melhores professores da graduação, Simone Cruz, Ângela Leal, César Gomes, Johildo Barbosa, Jailma Souza, Pedro Maciel, Maria José, Amalvina, Carlson, Vilton, Osmário Leite, e Débora Rios. Agradeço ao meu orientador Prof. Johildo por ter me aceitado como orientando. Obrigado pela ajuda, orientação, paciência e conselhos para o melhor resultado deste trabalho. Agradeço á dedicação da professora e amiga, Jailma, que sempre esteve disposta a me auxiliar no desenvolvimento gradativo desse trabalho. Aos meus amigos e colegas, Lucas, Daniel, Luana, Adriana, Paulão, Mario, Luis, Maria Clara, Edmar, Sizenando, Deize, Caio, Letícia, Jairo, Acácio, Jofre, Antonio Jorge, Jaime, Aline, Pedro, Anderson e muitos outros que fizeram parte das aulas, campos e corredores da universidade que não me lembro nesse momento. Aos servidores do instituto de geociências, Boçal, Deraldo, Jairo, Caetano, Gil, Messia, além da turma de geologia estrutural 2011.1 por alguns dados fornecidos. Obrigado a todos! i RESUMO O afloramento rochoso do Jardim de Alah, no Costa Azul, bairro da cidade de Salvador, Bahia, encontra-se no contexto tectônico do Cráton do São Francisco, inserido na parte sul do cinturão móvel denominado de Faixa Salvador-Esplanada. Essa faixa se estende desde Salvador até a cidade de Boquim em Sergipe, e é constituída por rochas metamórficas de médio a alto grau. Com base em estudos de campo e petrográficos no afloramento do Jardim de Alah foram identificadas cinco unidades litotípicas: granulitos monzocharnockíticos; granulitos alumino-magnesianos; diques máficos; monzo-sienogranitos e sedimentos recentes. Os granulitos alumino-magnesianos são rochas paraderivadas com mais de 10% de granada, perfazendo cerca de 12% da área, e ocupam a parte oeste do mapa Os granulitos monzocharnockíticos são rochas ortoderivadas que compreendem uma faixa na parte central e leste da área, cobrindo cerca de 75% do afloramento. Os monzo-sienogranitos encontram-se a sudoeste do afloramento, correspondendo cerca de 8% do total das rochas em foco. Com textura afanítica a fanerítica e cor preta esverdeada, os diques máficos se apresentam como corpos tabulares na parte central da área do afloramento e corresponde a cerca de 5% das rochas aflorantes. Os sedimentos recentes são representados pela areia de praia no entorno do afloramento rochoso, mais expressamente nas porções extremas do leste e oeste no mapa. Considera-se que esse estudo vai contribuir para o conhecimento geológico da parte sul da faixa acima referida e da região metropolitana de Salvador. Palavras-chave: granulitos, petrografia, Jardim de Alah, Salvador, Bahia. ii ABSTRACT The rocky outcrop of the Jardim de Allah, in the Costa Azul, neighborhood of the city of Salvador, Bahia, is in the tectonic setting of the Craton, located on the southern part of the Mobile Belt called range-Salvador Esplanada. This range extends from the city of Salvador to Boquim in Sergipe, and consists of metamorphic rocks of medium to high grade. Based on field studies and petrographic in outcrop of the Jardim de Allah identified five lithological units: monzocharnockitics granulites; alumino-magnesian granulites, mafic dikes; monzosyenogranites and recent sediments. The monzocharnockitics granulites are ortoderived rocks, which comprise a range of central and eastern area, covering about 75% of the outcrop. The alumino-magnesian granulites are rocks paraderived with around 10% garnet, making up about 12% of the area, and occupy the western part of the map. With the aphanitic to phaneritic texture and greenish black color, the mafic dikes are presented as tabular bodies in the central part of the outcrop area and accounts for about 5% of the rock outcropping. The monzo-syenogranites are in the southwest of the outcrop, representing about 8% of the total rocks in focus. The recent sediments are represented by sandy beach surrounding the rocky outcrop, more specifically in the extreme portions of the east and west on the map. It is considered that this study will contribute to the geological knowledge of the southern part of the range above-mentioned and the metropolitan area of Salvador. Keywords: granulites, petrography, Jardim de Allah, Salvador, Bahia. iii SUMÁRIO RESUMO ............................................................................................................................... i ABSTRACT .......................................................................................................................... ii CAPÍTULO I - ASPECTOS INICIAIS .................................................................................... 1 1.1 Introdução .................................................................................................................... 1 1.2 Localização e Acesso ................................................................................................... 3 1.3 Objetivos ...................................................................................................................... 5 1.4 Metodologia de Trabalho .............................................................................................. 5 1.4.1 Pesquisas Bibliográficas e Interpretação Geológica de Imagens Aéreas .................. 6 1.4.2 Trabalhos de Campo e Amostragem ....................................................................... 6 1.4.3 Descrições Petrográficas ........................................................................................ 6 1.4.4 Confecção do Mapa Geológico / Monografia ......................................................... 7 CAPÍTULO II - GEOLOGIA REGIONAL ............................................................................ 8 2.1 Introdução .................................................................................................................... 8 2.2 Cráton do São Francisco .............................................................................................. 8 2.3 Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá ............................................................................. 10 2.4 Cinturão Salvador-Esplanada ..................................................................................... 11 2.5 Geologia de Salvador ................................................................................................ 12 CAPÍTULO III - MAPEAMENTO GEOLÓGICO DE DETALHE ...................................... 16 3.1 Introdução .................................................................................................................. 16 3.2 Granulitos Alumino-Magnesianos (Sp) ....................................................................... 18 3.3 Granulitos Monzocharnockíticos (MZCh) .................................................................. 20 3.4 Monzo-Sienogranítos (MSGr) .................................................................................... 23 3.5 Diques Máficos (Diq) ................................................................................................. 25 3.6 Sedimentos Recentes (Qa) .......................................................................................... 28 CAPÍTULO IV - PETROGRAFIA....................................................................................... 29 4.1 Introdução .................................................................................................................. 29 4.2 Granulitos Alumino-Magnesianos .............................................................................. 33 4.3 Granulitos Monzocharnockíticos ................................................................................ 37 4.4 Monzo-Sienogranitos ................................................................................................. 43 4.5 Diques Máficos .......................................................................................................... 46 CAPÍTULO V - CONCLUSÕES ......................................................................................... 50 REFERÊNCIAS........................................................................................................................52 LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ v LISTA DE QUADROS .......................................................................................................... v LISTA DE FOTOGRAFIAS ................................................................................................. vi LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS .................................................................................. viii v LISTA DE FIGURAS Figura I. 1: Mapa simplificado do Estado da Bahia mostrando os domínios TectônicoGeocronológicos Arqueanos e Paleoproterozoicos. ...................................................................... 2 Figura I. 2: Mapa de localização da área de estudo no Estado da Bahia mostrando a cidade de Salvador (A). Localização do afloramento do Jardim de Alah. (Imagem de Satélite da Google Earth) (B). ........................................................................................................................................ 3 Figura I. 3: Mapa esquemático de localização da área de estudo (A). Imagem aérea georreferenciada da área de Jardim de Alah (B). .......................................................................... 4 Figura II. 1: Mapa de localização do Cráton São Francisco (CSF) no Brasil (A). Mapa geológico do CSF, com destaque para as faixas móveis (modificado de Almeida, et al., 1981) (B). Mapa geológico regional com a área de estudo, indicada por seta vermelha (C). ............ 9 Figura II. 2: Mapa de localização do Cinturão Salvador-Esplanada, com a área de estudo de Jardim de Alah. ...............................................................................................................................12 Figura II. 3: Mapa Geológico de Salvador mostrando a área de estudo apontada com seta em vermelho com localização do Jardim de Alah. .............................................................................15 Figura III. 1: Mapa geológico reduzido do Jardim de Alah. Mais detalhes no Anexo I. .... Erro! Indicador não definido. Figura IV. 1: Diagrama Q-A-P (Streckeisen, 1976) com a projeção das amostras mais representativas dos litotipos granulíticos do afloramento do Jardim de Alah. 3a – campo dos charnockitos; 3b – campo dos monzo-sienogranitos; 10- campo dos gabros/basaltos. .............33 LISTA DE QUADROS Quadro IV. 1: Composição modal das lâminas petrográficas estudadas. JD_A =Jardim de Alah. Siglas: Pl= Plagioclásio, Ol= Olivina, Px= Piroxênio, Bt= Biotita, Hbl= Hornblenda, Crd= Cordierita, Grt= Granada, Op= Minerais Opacos, Mic= Microclina, Qtz= Quartzo, Mp= Mesopertita, Ap=Apatita. (Abreviações dos minerais segundo Kretz (1983), Spear (1993), Fettes e Desmons (2007). ................................................................................................................................................................32 vi LISTA DE FOTOGRAFIAS Foto I. 1: Visão geral do afloramento do Jardim de Alah. Foto tirada sobre o calçadão, aproximadamente a 15m de distância da área de estudo, em frente ao estacionamento principal da praia do Jardim de Alah. ............................................................................................ 5 Foto III. 1: Granulito Alumino-magnesiano com granada, apresentando coloração avermelhada. Visão em Perfil. Martelo aponta o norte. Coordenadas UTM: 560420/ 8563040. .........................................................................................................................................................19 Foto III. 2: Granulito Alumino-Magnesiano com crosta superficial produto da alteração intempérica. Visão em Perfil. Martelo aponta o norte. Coordenadas UTM: 560450/8562980. .........................................................................................................................................................19 Foto III. 3: Granulito Alumino-Magnesiano com fragmento de rocha em detalhe. Visão em perfil. Martelo aponta o norte. Coordenadas UTM: 560440/8562900. ......................................19 Foto III. 4: Granulito Alumino-Magnesiano com textura fanerítica média, destacando os cristais de granada. Visão em Perfil. Coordenadas UTM: 560440/8562780. ............................19 Foto III. 5: Granulito Alumino-Magnesiano, destacando os cristais de granada. Lápis aponta o norte. Visão em Perfil. Coordenadas UTM: 560440/8562780. ...................................................19 Foto III. 6: Granulito Monzocharnockítico com coloração escura e bastante fraturado. Visão em Planta. Martelo aponta o norte. Coordenadas UTM: 560410/ 8562030. ..............................21 Foto III. 7: Granulito Monzocharnockítico com foliação incipiente e mineralogia fanerítica média. Visão em Perfil. Lapiseira aponta o norte. Coordenadas UTM: 560430/856205. .........21 Foto III. 8: Granulito Monzocharnockítico com bandamento composicional milimétrico destacando-se bandas félsicas e fratura proeminente. Visão em Perfil. Lapiseira aponta o norte. Coordenadas UTM: 560440/ 8562200. ..............................................................................21 Foto III. 9: Granulito Monzocharnockítico com textura fanerítica média. Visão em perfil. Martelo aponta o norte. Coordenadas UTM: 560410/ 8562030. ................................................21 Foto III. 10: Detalhe da foliação Sn mostrando o bandamento.Visão em Planta. Lapiseira de escala. Coordenadas UTM: 560430/856205. ...............................................................................22 Foto III. 11: Detalhe da foliação Sn. Visão em Perfil. Moeda como escala. Coordenadas UTM: 560440/856225. ..................................................................................................................22 Foto III. 12: Monzo-sienogranitico com granulométria média.Lapiseira aponta o norte. Visão em planta. Coordenadas UTM: 560110/ 8560300. ......................................................................23 Foto III. 13: Corpo monzo-sienogranítico, cortando os Granulitos Monzocharnockíticos. Prancheta como escala. Coordenadas UTM: 560410/ 8562900. ................................................24 Foto III. 14: Corpo monzo-sienogranítico bastante alterado com espessura de 1,50m. Martelo aponta o norte. Coordenadas UTM: 560490/ 8563020. ...............................................................24 Foto III. 15: Monzo-Sienogranito apresentando granulométria fanerítica média e cristais de kfeldspato de tamanhos entre 0,6 a 1,0cm. Moeda com escala. Coordenadas UTM: 560400/8562800. ............................................................................................................................24 Foto III. 16: Dique secundário monzo-sienogranítico com pequena espessura cortando um enclave máfico. Lapiseira aponta o norte. Coordenadas UTM: 560410/ 8562200....................25 Foto III. 17: Dique máfico cortando o Granulitos Monzocharnockíticos. Bússola aponta o norte. Visão em planta. Coordenadas UTM: 560470/ 8562100. .................................................26 Foto III. 18: Dique máfico com estruturas de mistura com o monzo-sienogranito. Bússola aponta o norte. Visão em planta. Coordenadas UTM: 560450/ 8572100. .................................26 Foto III. 19: Dique máfico com contatos retos cortando os granulitos monzocharnockíticos. Lapiseira aponta o norte. Visão em planta. Coordenadas UTM: 560440/ 8562200. .................27 Foto III. 20: Dique máfico cortando os granulitos monzocharnockítico. Lapiseira aponta o norte. Visão em perfil. Coordenadas UTM: 560440/ 8562200. ..................................................27 Foto III. 21: Dique máfico cortando o granulitos monzocharnockíticos. Bússola aponta o norte. Visão em planta. Coordenadas UTM: 560440/ 8562200..................................................27 Foto III. 22: Dique máfico alterado e apresentando fraturas verticais. Martelo aponta o norte. Visão em perfil. Coordenadas UTM: 560440/ 8562200..............................................................27 Foto III. 23: Sedimentos arenosos da praia de Jardim de Alah na lateralidade leste do afloramento. ....................................................................................................................................28 Foto III. 24: Sedimentos de areia foca, e com a presença de fragmentos de bioclastos. ...........28 Foto IV.1: Lâminas das rochas do afloramento de Jardim de Alah para a descrição petrográfica, separadas em 3 grupos pela granulometria. ............................................................29 viii LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS Fotomicrografia IV. 1: Cristais de granada e biotita avermelhada secundária. Sem analisador. Aumento 25X. Lâmina JD-A04. Grt-granada, Qtz-quartzo, Bt-biotita, Op-opacos. .................34 Fotomicrografia IV. 2: Granulitos alumino-magnesiano com textura granoblástica, destacando a granada e a biotita avermelhada, matriz granoblástica granular. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A04. Grt-granada, Qtz-quartzo, Bt-biotita, Op-opacos. .................34 Fotomicrografia IV. 3: Granada porfiroblástica em uma matriz de Qtz+Pl. Sem analisador. Aumento 25X. Lâmina JD-A04. Grt-granada, Qtz-quartzo, Pl- plagioclásio,Op-opacos. ........35 Fotomicrografia IV. 4: Mesma lâmina anterior com polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A04. Grt-granada, Qtz-quartzo, Pl-plagioclásio, Op-opacos...................................35 Fotomicrografia IV. 5: Detalhe de um porfiroblásto de granada. Polarizadores cruzados. Aumento 100X. Lâmina JD-A05. Grt-granada, Qtz-quartzo, Pl-plagioclásio. ..........................36 Fotomicrografia IV. 6: Granada com inclusões de biotita. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A05. Grt-granada, Qtz-quartzo, Bt-biotita.......................................................36 Fotomicrografia IV. 7: Granada com biotita inclusa. Sem analisador. Aumento 25X. Lâmina JD-A05. Grt-granada, Qtz-quartzo, Bt-biotita..............................................................................37 Fotomicrografia IV. 8: Granada com biotita nas bordas, tipo retrograda. Sem analisador. Aumento 25X. Lâmina JD-A05. Grt-granada, Bt-biotita. ...........................................................37 Fotomicrografia IV. 9: Granulitos Monzocharnockíticos com textura granoblástica decussada. Presença de plagioclásio com bordas irregulares e granulométria média (parte direita da lâmina) à fina (parte esquerda da lâmina). Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JDA.01. Pl-plagioclásio, Qtz-quartzo. Op-minerais opacos, Bt-biotita. .........................................38 Fotomicrografia IV. 10: Granulitos Monzocharnockíticos com textura granoblástica decussada exibindo cristais xenoblásticos de plagioclásio com geminação albita-carlsbad. Polarizadores cruzados. Aumento 100X. Lâmina JD-A.02. Pl-plagioclásio, Cpxclinopiroxênio, Opx-ortopiroxênio, Qtz-quartzo. ........................................................................39 Fotomicrografia IV. 11: Granulitos Monzocharnockíticos com cristais de plagioclásio exibindo geminação albita-carlsbad. O quartzo é intersticial. Os cristais de ortopiroxênio estão alterados e fraturados. Polarizadores cruzados. Aumento 100X. Lâmina JD-A02.Plplagioclásio, Opx-ortopiroxênio, Qtz-quartzo, Bt-biotita............................................................40 Fotomicrografia IV. 12: Granulitos Monzocharnockíticos com textura granoblástica decussada com cristais de ortopiroxênio sub-idioblástico e com plagioclásios com geminação albita. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A01. Pl-plagioclásio, Cpxclinopiroxênio, Qtz-quartzo, Op-opacos, Opx-ortopiroxênio. ....................................................41 Fotomicrografia IV. 13: Granulitos Monzocharnockíticos com textura granoblástica decussada e com cristais de piroxênio fraturados. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A01. Pl-plagioclásio, Cpx-clinopiroxênio, Opx-ortopiroxênio, Qtz-quartzo, OpOpacos.............................................................................................................................................42 Fotomicrografia IV. 14: Detalhe da biotita com a forma de plaqueta e contato irregular serrilhado. Exibe extinção “olho de pássaro”. Polarizadores cruzados. Aumento 200X. Lâmina JD-A03. Pl-plagioclásio, Qtz-quartzo, Bt-biotita. ..........................................................42 Fotomicrografia IV. 15: Monzo-Sienogranitos com cristais de plagioclásio exibindo fraca geminação e contatos curvos com outros cristais. Polarizadores cruzados. Aumento 100X. Lâmina. JD-A07. Pl-plagioclásio, Qtz-quartzo, Fds-feldspato. ..................................................43 Fotomicrografia IV. 16: Monzo-Sienogranitos mostrando a mimerquita entre cristais de plagioclásio , feldspato potássico e quartzo. Polarizadores cruzados. Aumento 100X. Lâmina JD-A08. Pl-plagioclásio, Fds-feldspato, Op-opacos. ...................................................................44 Fotomicrografia IV. 17: Detalhe da microclína exibindo claramente a geminação polissintética. Polarizadores cruzados. Aumento 100X. Lâmina JD-A07.Mic-microclína, Qtzquartzo, Cl-clorita, Bt-biotita. .......................................................................................................44 Fotomicrografia IV. 18: Cristais de quartzo orientados seguindo uma foliação de fluxo. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A06. Pl-plagioclásio, Qtz-quartzo, Opopacos. ............................................................................................................................................45 Fotomicrografia IV. 19: Monzo-Sienogranito mostrando cristais de quartzo alinhado. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A06. Pl-plagioclásio, Qtz-quartzo, Opopacos, Bt-biotita. ..........................................................................................................................45 Fotomicrografia IV. 20: Monzo-sienogranito com cristais de plagioclásio sericitizados e quartzo estirado. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A06. Pl-plagioclásio, Qtz-quartzo, Op-opacos, Bt-biotita. ..............................................................................................46 Fotomicrografia IV. 21: Cristais de plagioclásio ripformes imersos em matriz afanítica. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A.09. Pl-plagioclásio. ..............................47 Fotomicrografia IV. 22: Aglomerados de plagioclásio ripiformes com granulometria média em uma matriz fina de plagioclásio. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A.09. Pl-plagioclásio. ...............................................................................................................................47 Fotomicrografia IV. 23: Aglomerado de plagioclásio circundado por matriz afanítica. Sem analisador. Aumento 25X. Lâmina JD-A10. Pl-plagioclásio. .....................................................48 Fotomicrografia IV. 24: Aglomerado de plagioclásio circundado por matriz afanítica. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A10. Pl-plagioclásio.................................48 Fotomicrografia IV. 25: Aglomerado de plagioclásio circundado por matriz afanítica, exibindo cristais de piroxênio e horblenda. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A10. Pl-plagioclásio, Px-Piroxênio, Hbl-hornlenda. .............................................................49 1 CAPÍTULO I ASPECTOS INICIAIS 1.1 Introdução A área de estudo está inserida no contexto do Cráton do São Francisco, (CSF), que teve sua evolução terminada no final do Paleoproterozoico em cerca de 1,8 a 2,4Ga. (ALMEIDA, 1977). Segundo Barbosa e Sabaté (2002, 2003, 2004), na macro-unidade CSF estão presentes as faixas móveis denominadas de Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá e Cinturão SalvadorEsplanada, que são possivelmente produtos das colisões de blocos arqueanos. O cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (CISC) segundo Souza (2008), é formado por rochas metamórficas de alto grau que se estendem de Itabuna-Ihéus ao sul, até as imediações da cidade de Curaçá ao norte. O Cinturão Salvador-Esplanada (CSE), onde se insere a área de estudo, se estende de Salvador na Bahia até Boquim no Estado de Sergipe. Na porção sul do Cinturão Salvador-Esplanada, encontra-se situado o afloramento do Jardim de Alah, finalidade principal desse estudo, e que se situa dentro da cidade de Salvador, a qual está localizada entre as latitudes de 12º 59’ 52’’S e 12º 59’ 48’’S e entre as longitudes de 38º 26’ 36’’W e 38º 26’ 30’’W (Figura I.1, I.2). Ressalta-se que a cidade de Salvador, de uma maneira geral, raramente apresenta bons afloramentos rochosos, devido principalmente às inúmeras construções imobiliárias. Isso dificulta os trabalhos de mapeamento geológico e de suas litologias. Todavia mesmo com todas essas dificuldades, alguns pesquisadores têm contribuído com trabalhos na cidade, podendo-se citar entre os mais relevantes os de Barbosa et al. (2005, 2012); Souza (2008, 2009) e Souza et al. (2010). 2 Figura I. 1: Mapa simplificado do Estado da Bahia mostrando os domínios TectônicoGeocronológicos Arqueanos e Paleoproterozoicos. Fonte: Modificado de Barbosa et al. (2012). Portanto o afloramento estudado vem dar mais uma contribuição à lacuna de informações geológicas de Salvador, sobretudo porque trata-se da coleta e organização de dados geológicos de detalhe e que envolve estudos petrográficos do referido afloramento, que possui uma área de aproximadamente 1.160m2. 3 1.2 Localização e Acesso A área de trabalho localiza-se na porção centro-leste do Estado da Bahia, (Figura I.2A), mais especificamente na zona costeira de Salvador, (Figura I.2B), na praia do Jardim de Alah (Figura I.3A, I.3B), situada no bairro Costa Azul, em Salvador. A área de estudo compreende os paralelos 12°30’S e 13°00’S e os meridianos 38°00’W e 38°30’W, e está situada na Folha Topográfica de Salvador (SD-24-X-A-V). Figura I. 2: Mapa de localização da área de estudo no Estado da Bahia mostrando a cidade de Salvador (A). Localização do afloramento do Jardim de Alah (B). 0 3216 m Fonte: Imagem de Satélite da Google Earth. 4 O acesso à área pode ser realizado através da Avenida Otávio Mangabeira, na orla marítima de Salvador. O afloramento encontra-se em frente ao estacionamento principal da praia do Jardim de Alah (Foto I.3B). Figura I. 3: Mapa esquemático de localização da área de estudo (A). Imagem aérea georreferenciada da área de Jardim de Alah (B). A) 856 304 0 8562 980 B) 560360 560440 560520 0 Fonte: Imagem produzida pelo próprio autor. 30 60m 5 Foto I. 1: Visão geral do afloramento do Jardim de Alah. Foto tirada sobre o calçadão, aproximadamente a 15m de distância da área de estudo, em frente ao estacionamento principal da praia do Jardim de Alah. Fonte: Foto produzida pelo próprio autor. 1.3 Objetivos Visando contribuir para um melhor conhecimento da geologia da cidade de Salvador, foi realizado mapeamento geológico de detalhe do afloramento do Jardim de Alah, cuja pesquisa teve os seguintes objetivos: (i) identificar e caracterizar as rochas, através do estudo petrográfico, e suas áreas de distribuição; (ii) entender o significado das texturas e possíveis reações metamórficas envolvidas na formação dos litotipos da área através do estudo de lâminas delgadas; e , (iii) elaborar um mapa geológico de detalhe da área na escala, 1: 450. 1.4 Metodologia de Trabalho Para alcançar os objetivos propostos foram realizados, os seguintes procedimentos: (i) pesquisa bibliográfica e interpretação de imagens aéreas da área, (ii) trabalhos de campo, coleta de amostras sistemáticas das rochas, (iii) descrições petrográficas, e (iv) confecção do mapa geológico e elaboração da presente monografia. 6 1.4.1 Pesquisas Bibliográficas e Interpretação Geológica de Imagens Aéreas A pesquisa bibliográfica constou da revisão detalhada de trabalhos anteriores existentes tanto sobre o contexto geológico regional, (Cráton do São Francisco, Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá, Cinturão Salvador-Esplanada) quanto sobre os dados da geologia local da cidade de Salvador. As fotos aéreas utilizadas foram obtidas por Souza (2008), que, utilizando um avião de pequeno porte, sobrevoando a cerca de 300 metros de altura, capturou imagens dos afloramentos da cidade de Salvador. Por sua vez os mapas de localização foram obtidos do site da CONDER. 1.4.2 Trabalhos de Campo e Amostragem Durante esta pesquisa foram realizadas várias campanhas de campo às rochas da praia do Jardim de Alah para o estudo geológico da área e amostragem. Os trabalhos de mapeamento da área foram divididos em duas etapas, de acordo com os períodos de baixamar e condições de segurança: (i) reconhecimento dos litotipos – depois de identificada a variedade de rochas da área, foi realizada descrição macroscópica detalhada das mesmas, além da coleta de amostras para a confecção de lâminas delgadas para estudos petrográficos, e (ii) marcação dos limites e contatos litológicos das rochas sempre fotografando suas principais características e feições estruturais. 1.4.3 Descrições Petrográficas Das amostras coletadas foram confeccionadas 10 lâminas para estudos petrográficos, aquelas consideradas mais representativas de cada litologia. No microscópio foi identificada a mineralogia dos litotipos e as proporções dos minerais voltadas para sua classificação. Além disso, foram identificadas as texturas e possíveis reações metamórficas dirigidas para melhor caracterizar o metamorfismo. Nos estudos petrográficos foram utilizados os microscópios Olympus BX41 do Laboratório de Petrografia, além do Carl Zeiss do (NGB)-Núcleo de Geologia Básica, ambos locados no Instituto de Geociências da UFBA. 7 1.4.4 Confecção do Mapa Geológico / Monografia Para confecção do mapa geológico do afloramento do Jardim de Alah, na escala 1:450, utilizou-se fotos aéreas obtidas por Souza (2008). Em overlays de papel transparente foram traçadas as estruturas dúcteis e rúpteis perceptíveis na escala de trabalho. As estruturas dúcteis, delimitação dos litotipos, zonas de cisalhamentos e medidas estruturais de foliação/bandamento foram também colocadas nos overlays. Após confecção do mapa geológico, utilizou-se o programa Arcview 9.3 para o georreferenciamento, além do programa Corel Draw para a arte final do mapa. Concomitantemente com os trabalhos detalhados acima, foi sendo desenvolvida a monografia, a qual foi evoluindo à medida que as etapas iam sendo concluídas. A presente monografia constitui o Trabalho Final de Graduação do aluno, exigido pelo Curso de Graduação em Geologia da UFBA. 8 CAPÍTULO II GEOLOGIA REGIONAL 2.1 Introdução A seguir estão colocadas de forma sucinta uma breve descrição do Cráton do São Francisco (CSF), do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá, e do Cinturão Salvador-Esplanada além do que se conhece sobre a geologia de Salvador. 2.2 Cráton do São Francisco Essa unidade tectônica denominada por Almeida et al. (1977) apud Souza, (2008) de Cráton do São Francisco (CSF) se consolidou desde os tempos pré-brasilianos do Mesoproterozoico até os tempos brasilianos do Neoproterozoico. Ele apresenta uma forma geométrica com contornos curvos, com uma área de milhares de quilômetros quadrados, sendo composto por núcleos arqueanos e também por rochas mais jovens de idade paleoproterozoica (Figura II.1). Segundo Almeida (1977) esse conjunto litológico cessou sua evolução geotectônica no final do Paleoproterozoico. De acordo com Barbosa e Sabaté (2002, 2003, 2004), o embasamento do CSF no Estado da Bahia é subdividido em quatro segmentos crustais: Bloco Gavião (BG), Bloco Jequié (BJ), Bloco Serrinha (BS) e o Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá (BISC) todos com idades arqueanas. O Bloco Gavião é composto de rochas graníticas, granodioríticas e migmatíticas, com remanescentes de suítes TTG de idade aproximada 3.4Ga (U-Pb SHRIMP em zircões). O Bloco Jequié é formado de migmatitos com enclaves de supracrustais datadas de 3.0-2.9Ga (Rb-Sr) além de intrusões graníticas-granodioríticas mais jovens com idades 2.8-2.7Ga (Rb-Sr, Pb-Pb RT, U-Pb SHRIMP em zircão), todos reequilibrados na fácies granulito. O Bloco Serrinha é composto por ortognaisses graníticos-granodioríticos e tonalíticos com idades entre 3.1 e 2.8Ga (Rb-Sr, Pb-Pb evaporação zircão, U-Pb em zircão), equilibrados na fácies anfibolito. O Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (CISC), é constituído por tonalitos-trondhjemitos e faixas de rochas supracrustais associadas à gabros/basaltos de back-arc ou fundo oceânico, todos estes litotipos reequilibrados na fácies granulito. Nesse 9 caso as idades em zircões (Pb-Pb evaporação e U-Pb SHRIMP em zircão) variam de 2.6 a 2.1Ga (BARBOSA e SABATÉ, 2003). Figura II. 1: Mapa de localização do Cráton São Francisco (CSF) no Brasil (A). Mapa geológico do CSF, com destaque para as faixas móveis (modificado de ALMEIDA et al., 1981) (B). Mapa geológico regional com a área de estudo, indicada por seta vermelha (C). A) B) C) Fonte: Modificado de Corrêa-Gomes et al. 2005. Vale colocar que Barbosa et al. (2012), a partir da atualização dos dados geológicos existentes, volta a ressaltar a presença dos blocos arqueanos citados anteriormente, embora tenha individualizado também o Bloco Uauá, além dos Cinturões Itabuna-Salvador-Curaçá e o Cinturão Salvador-Esplanada. Segundo os autores citados anteriormente, estes segmentos arqueanos colidiram no Paleoproterozoico quando então houve, concomitantemente, uma 10 intensa produção de rochas metamórficas cujas fácies variam de xisto verde a anfibolito, chegando até granulito e com múltiplos eventos de granitogênese. Ainda segundo Almeida (1977 apud SOUZA 2008), o CFS é um componente importante da Plataforma SulAmericana aflorando em grande parte no Estado da Bahia, embora com porções menores no Estado de Minas Gerais. Constata-se ainda que na porção mais oriental do CSF, encontram-se rochas metamórficas de alto grau, polideformadas, e geralmente metamorfizadas na fácies granulito. Esses metamorfitos correspondem às raízes do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá, de orientação geral N-S e de idade paleoproterozoica, situada entre 2,2 a 2,0Ga, (BARBOSA e SABATÉ, 2004). Contornando essa entidade tectônica encontram-se as Faixas de Dobramentos Brasilianas, que segundo Almeida (1977) foram individualizadas em: (i) Faixa Brasília na margem oeste; (ii) a Faixa Sergipana a nordeste; (iii) Rio Preto e Riacho do Pontal a norte, (iv) e Araçuaí a sul, esse ultimo com contorno original posicionado aproximadamente no limite entre os Estados da Bahia e Minas Gerais (Figura II.1). Dois riftes aparecem truncando o CSF. O primeiro rifte, situado na porção ocidental baiana é representado pelo Aulacógeno do Paramirim (SCHOBBENHAUS, 1996; DANDERFER, 2000; CRUZ e ALKMIM, 2006), cuja evolução teve início a partir do Paleoproterozoico, e com sua abertura em torno de 1,7Ga. Segundo Cruz (2004), este rifte está orientado segundo a direção N-S, tendo neles se depositado as unidades litológicas do Supergrupo Espinhaço, (Paleoproterozoico a Mesoproterozoico), e do Supergrupo São Francisco, (Neoproterozoico). O segundo rifte de idade Cretácea, trunca a porção oriental do Cráton, tendo se desenvolvido na direção NNE-SSW, e formado durante a separação da América do Sul e o continente Africano. Esse rifte deu origem na Bahia e Sergipe à Bacia do Recôncavo-TucanoJatobá (MAGNAVITA et al., 2005). 2.3 Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá O Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (CISC) que faz parte do Orógeno ItabunaSalvador-Curaçá, corresponde a uma mega estrutura existente ao longo da costa baiana, seguindo em direção ao norte do Estado até as proximidades da cidade de Curaçá. Esse segmento é constituído por granulitos tonalíticos-trondhjemitos cujos protólitos têm idade mesoarqueana a paleoproterozoica, sendo essas rochas interpretadas como resultado da fusão de crosta oceânica toleiítica. Granulitos monzoníticos-shoshoníticos de 2,4Ga, também 11 ocorrem no CISC, incluindo ainda corpos charnockíticos com enclaves máfico-ultramáficos com idade de 2,6Ga e, mais raramente, rochas supracrustais (quartzitos com granada, gnaisses alumino-magnesianos com safirina, grafititos e formações manganesíferas). Também ocorrem gabros/basaltos de fundo oceânico e/ou bacias back-arc de fonte mantélica todos granulitizados (BARBOSA e SABATÉ, 2004). 2.4 Cinturão Salvador-Esplanada O Cinturão Salvador-Esplanada (CSE), como uma bifurcação do CISC, é constituído por rochas metamórficas, orientadas segundo a direção NE-SW. Ele que forma uma faixa móvel (BARBOSA e DOMINGUEZ, 1996), na qual os domínios geológicos da cidade de Salvador estão inseridos, (Figura II.2). Nesse Cinturão, existem rochas metamórficas de alto grau, incluindo granulitos, que se estendem até Boquim, no Estado de Sergipe. De acordo com as descrições acerca da geologia deste segmento, realizada por Oliveira Jr. (1990), e Delgado et al. (2002), o cinturão Salvador-Esplanada é constituído litologicamente por: (i) ortognaisses migmatíticos com tendência alcalina a subalcalina, (ii) ortognaisses charnoenderbíticos e charnockíticos, (iii) ortognaisses com termos félsicos, tonalíticos-granodioríticos e máficos, (gabros anfibolitizados com filiação toleiítica), além de granitos com tendência alcalina. Em sua porção nordeste, o Cinturão Salvador-Esplanada encontra-se coberto pelos depósitos neogénicos da Formação Barreiras e na parte sudoeste pelas rochas sedimentares da Bacia do Recôncavo-Tucano, antes referida. 12 Figura II. 2: Mapa de localização do Cinturão Salvador-Esplanada, com a área de estudo de Jardim de Alah. Fonte: Modificado de Barbosa et al. (2012). 2.5 Geologia de Salvador Inserida no Cinturão Salvador-Esplanada, a região metropolitana de Salvador foi subdividida por Barbosa e Dominguez (1996) em três domínios geológicos principais: Bacia Sedimentar do Recôncavo, Margem Costeira Atlântica e o Alto de Salvador. 13 A Bacia Sedimentar do Recôncavo é limitada a leste pelo sistema de falhas de Salvador, a oeste pela falha de Maragogipe, a norte e noroeste pelo Alto de Aporá, e a sul pelo sistema de falhas da Barra. É preenchida por rochas sedimentares mesozoicas e seu embasamento é composto predominantemente por gnaisses granulíticos arqueanos além das rochas metassedimentares neoproterozoicas. A Margem Costeira Atlântica é formada por depósitos terciários e quaternários, correspondendo aos sedimentos areno-argilosos da Formação Barreiras, e às coberturas recentes formadas basicamente por areias de praia. O Alto de Salvador consiste de um horst, limitado a oeste pela Falha de Salvador sendo composto por rochas metamórficas de alto grau, e cortadas subordinariamente por rochas intrusivas monzo-sienograníticas e por diques máficos. O alto de Salvador separa a Bacia Sedimentar do Recôncavo a oeste, do Oceano Atlântico localizado a leste. No Alto de Salvador dois domínios topográficos foram identificados por Barbosa et al. (2005), os quais são separados por uma zona rúptil denominada de Falha do Iguatemi, subparalela à Falha de Salvador. A porção oeste do Alto de Salvador é caracterizada por terrenos que possuem um relevo mais pronunciado, com altitudes maiores que 60m sendo composto por rochas metamórficas de alto grau (fácies granulito). Essa porção oeste foi amplamente pesquisada por Barbosa et al. (2005) e Cruz (2005). A porção leste é caracterizada por terrenos mais rebaixados, com altitudes menores que 30m, possuindo rochas metamórficas das fácies granulito e anfibolito, segundo Barbosa et al. (2005), e (SOUZA, 2009). Essa porção leste, foi estudada pioneiramente por Fujimori (1988), seguida por Souza (2008), que trabalhou sobretudo na área do Farol da Barra, onde foram feitas descrições de lâminas delgadas e análises das estruturas rúptil-dúcteis ali presentes. Os trabalhos desses autores estão estampados no mapa geológico escala 1: 1000 da figura II.3. Um segundo trabalho de extrema importância para cidade de Salvador foi à dissertação de mestrado de Souza (2009), cujo detalhamento das litologias de Salvador os separou em: (i) enclaves ultramáficos e máficos granulitizados; (ii) granulitos paraderivados; (iii) granulitos ortoderivados; (iv) diques máficos e, (v) corpos tabulares monzo– sienograníticos. Outros trabalhos recentes na região da cidade de Salvador são aqueles de Souza et al. (2010), que identificou e separou rochas tipo: (i) granulitos paraderivados, incluindo granulitos alumino-magnesianos, granitos granadíferos, granulitos básicos e quartzitos; (ii) encraves de granulitos ultramáficos e máficos; (iii) granulitos ortoderivados, compostos de granulitos tonalíticos, granulitos charnoenderbíticos, granulitos monzo-charnockíticos e 14 granulitos quartzo-monzodioríticos; (iv) corpos monzo-sienograníticos; e (v) diques máficos, metamórficos e não metamórficos. Destacam-se também as monografias, de Abrahão (2009), que realizou mapeamento estrutural da porção sul da Falha de Salvador, a monografia de Leal (2010), que fez um estudo petrográfico dos litotipos do Morro do Cristo, e por fim, a monografia de Cruz (2013), que apresenta uma caracterização petrográfica e geoquímica dos diques máficos das praias do Jardim de Alah, Paciência e Ondina. 15 Área de Estudo Figura II. 3: Mapa Geológico de Salvador mostrando a área de estudo apontada com seta em vermelho com localização do Jardim de Alah. Fonte: Modificado de Barbosa e Souza et al. (2009). 16 CAPÍTULO III MAPEAMENTO GEOLÓGICO DE DETALHE 3.1 Introdução Como visto no capítulo anterior, as rochas do Jardim de Alah fazem parte da porção denominada Alto de Salvador. As rochas desse alto tectônico foram previamente estudadas por Barbosa et al. (2005), Cruz (2005) e Souza (2009), embora as escalas utilizadas não tenham sido de detalhe como a utilizada neste trabalho. O mapeamento geológico agora realizado permite visualizar melhor os litotipos presentes por meio de descrições macroscópicas de campo, estudos petrográficos e caracterização das estruturas deformacionais, cujos dados finais permitiram a elaboração da monografia e o mapa geológico da área na escala 1:450. Com base nas informações obtidas em campo e no escritório, as rochas da área de estudo foram subdivididas em cinco unidades litológicas, a saber: (i) Granulitos AluminoMagnesianos; (ii) Granulitos Monzocharnockíticos; (iii) Monzo-sienogranitos; (iv) Diques Máficos; e (v) Sedimentos Recentes. A distribuição dos respectivos litotipos na área mapeada está apresentada no mapa da figura III.1 e no Anexo I. Além das rochas metamórficas e ígneas identificadas, foram também limitados os sedimentos recentes, representados pelas areias de praia. As principais unidades litológicas encontradas no afloramento foram descritas com base nas características macroscópicas, tendo como foco os aspectos de colocação, as relações de contatos, a composição mineralógica, bem como as feições estruturais. Para isso, fez-se uso de equipamentos como martelo geológico, lupa de bolso, além de algumas feições de alteração observadas nas diversas idas para estudar o afloramento. 17 18 3.2 Granulitos Alumino-Magnesianos (Sp) Os granulitos paraderivados, denominados nesse trabalho de granulitos aluminomagnesianos, encontram-se distribuídos na parte oeste da área, ocorrendo sob a forma de uma mega-lente com eixo na direção NE-SW, afinando-se em direção ao oceano. Perfaz uma área de cerca de 12% do mapa (Figura III.1, Anexo I). Essas rochas se apresentam sob a forma de mega-boudins, inclusas tectonicamente nos granulitos monzocharnockíticos. Os contatos com as outras unidades são curvos (Anexo I). Essas rochas quando semi-alteradas apresentam coloração variando do cinza claro ao cinza rosado (Foto III.1). Quando fracamente alteradas apresentam tons avermelhados (Fotos III.2 e III.3), fato que oblitera as estruturas deformacionais dificultando a sua compreensão. A mineralogia observada em campo, por meio do uso de lupa de bolso (10x), contém quartzo, k-feldspato, piroxênio, granada e biotita. Minerais opacos podem também ser notados com a lupa. Os cristais apresentam granulação média (Fotos III.4, III.5). A percentagem de granada diminui para o NE do afloramento. A presença da textura coronítica de cordierita na granada sugere um processo de retrometamorfismo, fato que pode ser observado no afloramento da foto III.4. Feições de esfoliação esferoidal no afloramento podem ser identificadas localmente. A rocha possui uma foliação Sn, considerada como penetrativa, com orientações preferências para NE. Não foram vistas indicações de estruturas primárias. As fraturas encontradas são de caráter semi-rúptil, com orientações preferenciais NW-SE. As zonas de cisalhamento encontradas nessa unidade possuem preferencial orientação NE-SW, com movimento aparente sinistral, tipo dúcteis-rúpteis de alto ângulo. 19 Foto III. 1: Granulito Alumino-Magnesiano com granada, apresentando coloração avermelhada. Visão em Perfil. Martelo aponta o norte. Coordenadas UTM: 560420/ 8563040. Foto III. 3: Granulito Alumino-Magnesiano com fragmento de rocha em detalhe. Visão em perfil. Martelo aponta o norte. Coordenadas UTM: 560440/8562900. Foto III. 2: Granulito Alumino-Magnesiano com crosta superficial produto da alteração intempérica. Visão em Perfil. Martelo aponta o norte. Coordenadas UTM: 560450/8562980. Foto III. 4: Granulito Alumino-Magnesiano com textura fanerítica média, destacando os cristais de granada. Visão em Perfil. Coordenadas UTM: 560440/8562780. Foto III. 5: Granulito Alumino-Magnesiano, destacando os cristais de granada. Lápis aponta o norte. Visão em Perfil. Coordenadas UTM: 560440/8562780. Fonte: Fotos III.1, III.2, III.3, III.4, III.5 produzidas pelo autor. 20 3.3 Granulitos Monzocharnockíticos (MZCh) Este litotipo tem como protólito rochas ortoderivadas (SOUZA, 2009). Esta litologia é menos alterada e distribuída quase que uniformemente em toda a área. Destaca-se mais nas partes central e leste da área de estudo (Figura III.1, Anexo I). Constitui o litotipo de maior expressividade na área de estudo, ocupando cerca de 75% das rochas presentes no mapa geológico recém elaborado. Esses granulitos possuem características macroscópicas heterogêneas, quanto ao índice de cor que varia de acordo com a alteração superficial a que foram submetidos. Nas partes menos alteradas apresentam coloração cinza-esverdeada a preta; nas partes mais alteradas aparecem com tons castanhoamarelados. A diferença de coloração pode ser oriunda tanto pela diferença composicional da rocha, quanto pela ação intempérica em cada nível do afloramento. Pode-se ressaltar que os afloramentos que estão sujeitos ao ataque das ondas marinhas, são naturalmente mais frescos, apresentando cores escuras (Foto III.6). Segundo Barbosa et al. (2005), estes granulitos são rochas consideradas quimicamente intermediárias, pois possuem teores de sílica de 54 a 69% e contêm minerais de granulométria média, evidenciados preferencialmente nos bandamentos gnáissicos composicionais. Os contatos com as outras litologias são variados (retos ou levemente ondulados) e vez por outra se faz através de zonas de cisalhamento. São cortados por diques máficos e corpos de monzo-sienogranitos. O bandamento gnáissico mostra uma alternância de bandas félsicas e máficas com granulometria média à fina e, em menor instância, grossa. A espessura do bandamento varia em média de 5 milímetros a 30 centímetros. Às vezes estão orientados, com a foliação se destacando mais que os bandamentos (Fotos III.7, III.8). 21 Foto III. 6: Granulito Monzocharnockítico com coloração escura e bastante fraturado. Visão em Planta. Martelo aponta o norte. Coordenadas UTM: 560410/ 8562030. Foto III. 7: Granulito Monzocharnockítico com foliação incipiente e mineralogia fanerítica média. Visão em Perfil. Lapiseira aponta o norte. Coordenadas UTM: 560430/856205. Fonte: Fotos III.6, III.7 produzidas pelo autor. No campo, por meio da lupa de bolso (10x) nota-se que a composição mineralógica predominante é formada por quartzo, piroxênio, anfibólio, minerais opacos, k-feldspato e plagioclásio, este último mineral com tamanhos dos grãos variando entre 0,3cm a 0,5cm aproximadamente na região NW-SE com aumento da espessura para SE atingindo até 1,0cm (Foto III.9). Foto III. 8: Granulito Monzocharnockítico com bandamento composicional milimétrico destacando-se bandas félsicas e fratura proeminente. Visão em Perfil. Lapiseira aponta o norte. Coordenadas UTM: 560440/ 8562200. Foto III. 9: Granulito Monzocharnockítico com textura fanerítica média. Visão em perfil. Martelo aponta o norte. Coordenadas UTM: 560410/ 8562030. Fonte: Fotos III.8, III.9 produzidas pelo autor. 22 As bandas máficas que ocorrem intercaladas com o bandamento do granulito monzosienogranitico são compostas em geral por piroxênio e anfibólio, este último, com granulometria variando de 0,4cm a 0,6cm (Foto III.9). A foliação Sn é penetrativa, imprimindo na rocha um bandamento cujas bandas possuem granulometria fina a média (Foto III.10). A orientação preferencial possui trend principal NW-SE (Foto III.11). Esse litotipo encontra-se bastante deformado e é de alto grau metamórfico. Foto III. 10: Detalhe da foliação Sn mostrando o bandamento.Visão em Planta. Lapiseira de escala. Coordenadas UTM: 560430/856205. Foto III. 11: Detalhe da foliação Sn. Visão em Perfil. Moeda como escala. Coordenadas UTM: 560440/856225. Fonte: Fotos III.10, III.11 produzidas pelo autor. 23 3.4 Monzo-Sienogranítos (MSGr) Os corpos monzo-sienograníticos, assim como os diques máficos, apresentam-se como corpos aproximadamente tabulares. Encontram-se na parte sudoeste do afloramento de Jardim de Alah e correspondem a cerca de 8% do total das rochas representadas no mapa geológico (Figura III.1, Anexo I). São rochas isotrópicas formando corpos intrusivos que cortam as unidades anteriores granulíticas. A textura predominante é fanerítica média indo localmente a grossa (Foto III.12). Os contatos com as outras unidades são retos a irregulares e em geral não exibem deformação (Fotos III.13, III.14). O índice de coloração varia de marrom claro a bege com porções avermelhadas nas regiões mais alteradas (Foto III.15). Na área de estudo esses corpos ocorrem de uma forma mais evidente na parte sudoeste do mapa onde são mais espessos que os diques máficos. Exibem espessura de 1,50m e comprimento por volta dos 27m a 33m. Ocorrem corpos menores secundários, formando diques com espessuras centimétricas, não sendo possível a representação na escala de mapeamento (Foto III.16). Na descrição macroscópica por meio de lupa de bolso (10x) identificou-se a presença de cristais de feldspatos potássicos com tamanhos variando aproximadamente de 0,5cm a 1,2cm, além de quartzo, plagioclásio, minerais opacos e biotita (Foto III.15). Foto III. 12: Monzo-Sienogranito com granulométria média. Lapiseira aponta o norte. Visão em planta. Coordenadas UTM: 560110/ 8560300. Fonte: Foto III.12 produzida pelo autor. 24 Foto III. 13: Corpo monzo-sienogranítico, cortando os Granulitos Monzocharnockíticos. Prancheta como escala. Coordenadas UTM: 560410/ 8562900. Foto III. 14: Corpo monzo-sienogranítico bastante alterado com espessura de 1,50m. Martelo aponta o norte. Coordenadas UTM: 560490/ 8563020. Foto III. 15: Monzo-Sienogranito apresentando granulação fanerítica média e cristais de k-feldspato de tamanhos entre 0,6 a 1,0cm. Moeda com escala. Coordenadas UTM: 560400/8562800. Fonte: Fotos III.13, III.14, III.15 produzidas pelo autor. 25 Foto III. 16: Dique secundário monzo-sienogranítico com pequena espessura cortando um enclave máfico. Lapiseira aponta o norte. Coordenadas UTM: 560410/ 8562200. Fonte: Foto III.16 produzida pelo autor. De acordo com Souza (2008), essas rochas intrusivas foram separadas em duas fácies: os meta-monzosienogranitos e os monzo-sienogranitos. A diferença entre os dois seria a deformação e o metamorfismo, embora a composição mineralógica seja a mesma em ambos os casos. 3.5 Diques Máficos (Diq) Como podem ser observados no mapa geológico do afloramento de Jardim de Alah, os diques máficos que alí ocorrem pertencem, respectivamente, à Província Metamórfica de Salvador e a Província Litorânea segundo denominações de Corrêa-Gomes et al. (1996) e Menezes Leal et al., 2012 apud Cruz (2013). Os diques máficos aparecem cortando as rochas anteriores, em duas direções preferenciais: N-S e E-W. Suas espessuras situam-se entre 1,8m e 1,5m, respectivamente. Apresentam-se como corpos tabulares, sendo mais expressivos aqueles com maiores espessuras situados na parte central da área. Intrusões de diques de menores espessuras cortam transversalmente não só os diques anteriores, mas também as rochas granulíticas e corpos monzo-sienograníticos descritos anteriormente. Estes diques máficos correspondem a cerca de 5% das rochas aflorantes em Jardim de Alah (Figura III.1 e Anexo I). Os diques em geral possuem contatos retos, (Foto III.17) embora localmente sejam reentrantes demonstrando uma mistura mecânica de magma com o monzo-sienogranito antes 26 descrito (Foto III.18). A coloração desses diques varia do preto ao preto-esverdeado. A rocha se mostra afanítica a fanerítica muito fina (Fotos III.19 e III.20). Segundo Cruz (2013), esses diques são compostos de plagioclásio, minerais ferromagnesianos, opacos, biotita e clorita, valendo colocar que com a lupa, em geral, não se verifica esses minerais. A descrição microscópica dos diques será mostrada no capítulo seguinte. Entretanto, em algumas amostras de mão percebe-se, com a lupa (10x), a presença de plagioclásio, piroxênio, minerais opacos e biotita. São rochas que não sofreram deformações (Fotos III.21, III.22). A presença de esfoliação esferoidal resultante da desagregação imprime na rocha um aspecto arredondado com forma concêntrica. Às vezes se mostram cortados por fraturas e falhas com deslocamento dextral e sinistral. Foto III. 17: Dique máfico cortando o Granulitos Monzocharnockíticos. Bússola aponta o norte. Visão em planta. Coordenadas UTM: 560470/ 8562100. Foto III. 18: Dique máfico com estruturas de mistura com o monzo-sienogranito. Bússola aponta o norte. Visão em planta. Coordenadas UTM: 560450/ 8572100. Fonte: Fotos III.17, III.18 produzidas pelo autor. 27 Foto III. 19: Dique máfico com contatos retos cortando os granulitos monzocharnockíticos. Lapiseira aponta o norte. Visão em planta. Coordenadas UTM: 560440/ 8562200. Foto III. 21: Dique máfico cortando o granulitos monzocharnockíticos. Bússola aponta o norte. Visão em planta. Coordenadas UTM: 560440/ 8562200. Foto III. 20: Dique máfico cortando os granulitos monzocharnockítico. Lapiseira aponta o norte. Visão em perfil. Coordenadas UTM: 560440/ 8562200. Foto III. 22: Dique máfico alterado e apresentando fraturas verticais. Martelo aponta o norte. Visão em perfil. Coordenadas UTM: 560440/ 8562200. Fonte: Fotos III.19, III.20, III.21, III.22 produzidas pelo autor. . 28 3.6 Sedimentos Recentes (Qa) Os sedimentos recentes da área de estudo são representados pela areia de praia. Distribuem-se nas porções extremas tanto a leste quanto a oeste do mapa (Figura III.1 e Anexo I) sendo constantemente retrabalhadas pelo mar (Fotos III.23, III.24). Apresentam granulometria fina a grossa, constituídos por grãos arredondados e semiarredondados de quartzo e minerais opacos. Em geral são encontrados em zonas rebaixadas topograficamente, preenchendo pequenos espaços no afloramento, os quais quando na maré baixa represa as águas do mar, formando pequenos lagos temporários aproveitados pelos banhistas. Possuem estratificação ou de topo swash com leve inclinação mergulhando no sentido da linha de costa. Nesses sedimentos é comum a presença de bioclastos juntos com os grãos de quartzo (Foto III.24). Foto III. 23: Sedimentos arenosos da praia de Jardim de Alah na lateralidade leste do afloramento. Foto III. 24: Sedimentos de areia foca, e com a presença de fragmentos de bioclastos. Fonte: Fotos III.23, III.24 produzidas pelo autor. 29 CAPÍTULO IV PETROGRAFIA 4.1 Introdução Os diferentes litotipos de rochas que ocorrem no afloramento do Jardim de Alah foram caracterizados petrograficamente como: (i) Granulitos Alumino-magnesianos, (ii) Granulitos Monzocharnockíticos, (iii) Monzo-sienogranitos e (iv) Diques Máficos. Os dados petrográficos foram obtidos através do estudo de 14 lâminas delgadas, as quais foram descritas minuciosamente. Para facilitar a descrição petrográfica, às lâminas foram separadas em três grupos (Foto IV.1) em função da granulometria: fina, média, grossa. Foto IV. 1: Lâminas das rochas do afloramento de Jardim de Alah para a descrição petrográfica, separadas em 3 grupos pela granulação. Fina Média Grossa Fonte: Foto IV.1 produzida pelo autor. 30 Durante as análises petrográficas foram observadas as relações de contato entre os minerais, a granulometria, as texturas, além das feições de alterações, que auxiliaram na descrição das litologias e a compreensão da ordem de recristalização dos minerais. O estudo das principais características observadas nas lâminas seguiu as orientações de Sial e Mcreath (1984), Wernick (2004) e Winter (2009), conforme descrito a seguir. Com relações às texturas, considerou-se: (i) textura granoblástica granular, quando o arranjo dos minerais se dá na forma de grãos que tendem a ser equidimensionais; (ii) textura porfiroblástica, quando espécies minerais destacam-se em tamanho na matriz da rocha e foram desenvolvidos durante o processo metamórfico; (iii) textura poiquilítica quando cristais maiores englobam numerosos cristais menores de uma ou mais espécies minerais; (iv) textura mirmequítica quando ocorre intercrescimento entre cristais de plagioclásio e vênulas de quartzo em forma de bastões irregulares, (v) textura ofítica quando aparecem ripas de plagioclásio nas rochas vulcânicas englobadas por cristais maiores de piroxênios, e (vi) textura porfirítica quando há presença de grandes cristais dispersos em uma massa fundamental de granulação fina ou vítrea, típico de textura de rochas ígneas. Com relação aos processos de alteração de determinados minerais considerou-se: (i) saussuritização que refere-se à alteração do plagioclásio transformando-o em epídoto e saussurita, e (ii) sericitização que refere-se ao processo pelo qual minerais de feldspato são hidratados para produzir sericita. Estágios incipientes podem ser reconhecidos pelo surgimento de uma fina “poeira” de sericita identificada sobre os feldspatos quando em luz plano polarizada. Com relação à granulometria, considerou-se: (i) rocha com granulometria fina, onde o tamanho dos grãos varia entre 0,1 < 0 ≤ 1,0mm; (ii) rocha com granulometria média, quando o tamanho dos grãos situa-se entre 1,0 < 0 ≤ 5,0mm; (iii) rocha com granulometria grossa, quando o tamanho dos grãos situa-se entre 5,0 < 0 ≤ 20,0mm; e (iv) rocha com granulometria muito grossa quando o tamanho dos grãos ocorre 0 ≥ 20,0mm. Com relação ao tamanho dos cristais considera-se: (i) matriz, quando o tamanho dos cristais ocorre 0 ≤ 0,1mm; (ii) microfenocristal, quando o tamanho dos cristais situa-se entre 0,2< 0 ≤ 0,5mm; (iii) fenocristal, quando o tamanho dos cristais situa-se entre 0,5 < 0 ≤ 2,0mm; (iv) macrofenocristal, quando o tamanho dos cristais situa-se entre 2,0 < 0 ≤ 10,0mm. 31 Com relação à proporção de fenocristais na rocha, considerou-se: (i) rocha fracamente porfirítica, quando existem ≤ 5% de fenocristais; (ii) rocha moderadamente porfirítica, quando existe uma quantidade de fenocristais variando de 5 até mais de 10% , e (iii) rocha fortemente porfirítica, quando existem ≥ 10% de fenocristais. Na tabela IV.1 são apresentadas as proporções modais dos litotipos observados no afloramento da praia do Jardim de Alah, e na figura IV.1 sua classificação mineralógica. Para as proporções modais foram utilizadas somente 10 lâminas delgadas: duas lâminas dos Granulitos Alumino-magnesianos, três lâminas dos Granulitos Monzocharnockíticos, três lâminas dos Monzo-sienogranitos e duas lâminas dos diques máficos. Além dessas, quatro lâminas foram observadas, no entanto, devido à espessura inapropriada foram descartadas da descrição petrográfica detalhada. 32 Quadro IV.1: Composição modal das lâminas petrográficas estudadas. JD-A =Jardim de Alah. Siglas: Pl= Plagioclásio, Ol= Olivina, Px= Piroxênio, Bt= Biotita, Hbl= Hornblenda, Crd= Cordierita, Grt= Granada, Op= Minerais Opacos, Mic= Microclina, Qtz= Quartzo, Mp= Mesopertita, Ap=Apatita. (Abreviações dos minerais segundo Kretz (1983), Spear (1993), Fettes e Desmons (2007). Rochas Lâminas Pl Granulitos Alumino-Magnesianos Granulitos Monzocharnockíticos JD-A.04 JD-A.05 JD-A.01 JD-A.02 JD-A.03 Minerais Metamórficos 12% 15% 36% 41% 35% Px 7% 8% 10% 12% 10% Qtz 20% 23% 32% 29% 30% Mp 31% _ 29% _ 10% _ 9% _ 10% _ Grt 14% 10% _ _ Op 7% Mic Crd 5% Bt 4% _ Hbl Op Ap _ _ 10% _ Minerais Retrometamórficos _ _ 3% 2% Minerais Acessórios _ _ Fenocristais Dique Máficos Pl Px JD-A.09 15% 9% JD-A.10 17% 8% Fonte: Quadro IV.1 elaborado pelo próprio autor. 5% 4% 2% 1% Monzo-Sienogranitos JD-A.06 JD-A.07 JD-A.08 Fenocristais 10% 7% 6% _ _ _ 40% _ 35% _ 39% _ _ 30% _ 41% _ 36% _ _ _ _ _ _ _ 1% _ 4% 14% _ 8% _ _ 5% Microfenocristais _ 10% 1% Minerais Acessórios 5% 5% 5% 1% 1% 1% 7% _ 10% 2% _ _ Matriz Hbl 6% 5% Op 3% 2% Pl 36% 44% Ol 6% 2% Px 19% 17% Op 6% 5% 33 Figura IV. 1: Diagrama Q-A-P (Streckeisen, 1976) com a projeção das amostras mais representativas dos litotipos granulíticos do afloramento do Jardim de Alah. 3a – campo dos charnockitos; 3b – campo dos monzo-sienogranitos; 10- campo dos gabros/basaltos. Fonte: Imagem produzida pelo próprio autor. 4.2 Granulitos Alumino-Magnesianos Este litotipo foi estudado petrograficamente através das lâminas JD-A.04 e JD-A.05, e corresponde às rochas denominadas nesse trabalho de granulitos alumino-magnesianos. Essas rochas possuem textura granoblástica, granulação fina a média, exibindo porfiroblastos de granada na matriz granoblástica granular. A composição mineralógica dessas rochas é constituída de mesopertita (29 a 31%), quartzo (20 a 23%), granada (10 a 14%), piroxênio (7 a 8%), e plagioclásio (12 a 15%), como minerais principais. Subordinadamente ocorrem minerais opacos (7 a 10%), e cordierita (5%). Cristais de biotita marrom (3 a 4%) e hornblenda (0 a 2%) aparecem de forma secundária, produtos do retrometamorfismo (Fotomicrografias IV.1, IV.2). 34 Fotomicrografia IV. 1: Cristais de granada e biotita avermelhada secundária. Sem analisador. Aumento 25X. Lâmina JD-A04. Grt-granada, Qtz-quartzo, Bt-biotita, Opopacos. Fotomicrografia IV. 2: Granulitos alumino-magnesiano com textura porfiroblástica, destacando a granada e a biotita avermelhada, matriz granoblástica granular. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A04. Grt-granada, Qtz-quartzo, Bt-biotita, Op-opacos. Qtz Op Qtz Bt Grt Grt Fonte: Fotomicrografias IV.1, IV.2 produzidas pelo próprio autor. A mesopertita aparece sob a forma de grãos com tamanho variando entre 1 e 3mm. Exibe lamelas orientadas segundo a foliação incipiente da rocha. O quartzo ocorre em grãos estirados, de 0,2 a 0,6mm, e exibindo freqüentemente extinção ondulante, por vezes paralela à foliação. Os cristais de mesopertita são em geral xenoblásticos. 35 O piroxênio é do tipo enstatita, ocorre sob a forma de grãos xenoblásticos a hipidioblásticos de 0,10 a 1,5mm de diâmetro. São levemente pleocróicos, variando de incolor a castanho-pálido. Eles são relativamente raros, e quando ocorrem estão sempre associados com granada, biotita e opacos. O segundo piroxênio é do tipo diopsídio, ocorre como cristais xenoblásticos a subidioblásticos, com tamanhos variando entre 0,5 e 1,0mm. Os contatos entre si e com os outros minerais são geralmente retilíneos a levemente curvos. Encontram-se bastante fragmentados e com extinção paralela às clivagens do mineral. Exibe cor de interferência alta de segunda ordem. A hornblenda é xenoblástica, aparecendo no contato entre as mesopertitas e os piroxênios. A granada mostra-se sempre fraturada, e aparece na forma de cristais xenoblásticos. Representa entre 10 a 14% da rocha, exibindo cor avermelhada, contornos irregulares e com inclusões de quartzo e plagioclásio. A granada, apresenta tamanhos de 1 a 6mm, (Fotomicrografias IV.3, IV.4, IV.5). Geralmente mostram inclusões de biotita e quartzo. O contato com os outros minerais é do tipo suturado ou lobado. Fotomicrografia IV. 3: Granada porfiroblástica em uma matriz de Qtz+Pl. Sem analisador. Aumento 25X. Lâmina JD-A04. Grt-granada, Qtz-quartzo, Pl- plagioclásio,Op-opacos. Fotomicrografia IV. 4: Mesma lâmina anterior com polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A04. Grt-granada, Qtz-quartzo, Plplagioclásio, Op-opacos. Grt Op Op Grt Grt Qtz Grt Qtz Grt Grt Pl Qtz Op Op Pl Fonte: Fotomicrografias IV.3, IV.4 produzidas pelo próprio autor. Os cristais de plagioclásio são de preferência xenoblásticos a sub-idioblástico, com alguns antipertíticos e/ou com geminação albita. Possuem tamanho médio de 0,6mm, com alguns cristais menores (0,2 a 0,3mm) embora alguns cheguem até 0,8mm de tamanho. Os 36 contatos são irregulares interlobados a serrilhados, não só com os outros minerais, mas até mesmo entre eles. Ás vezes os contatos são retos com cristais de quartzo (Fotomicrografia IV.5). Suas composições obtidas através dos geminados albita, pelo método Michel-Levy (KERR, 1959) forneceram valor de An= 22-27% que se refere à andesina. A biotita sempre está presente com cor vermelha, com exceção dos grãos que ocorrem dentro das granadas. Em geral elas formam pequenas placas paralelas à foliação da rocha, (Fotomicrografias IV.6, IV.7). Encontra-se, portanto sob duas formas de ocorrência: dentro das granadas sendo mais antigas, ou nas bordas desse mineral, sendo mais novas, retrogradas (Fotomicrografia IV.8). A hornblenda quando ocorre, é retrograda e posicionada na borda dos minerais opacos. Exibe pleocroísmo que varia de verde-claro a verde-escuro. Fotomicrografia IV. 5: Detalhe de um porfiroblasto de granada. Polarizadores cruzados. Aumento 100X. Lâmina JD-A05. Grt-granada, Qtz-quartzo, Pl-plagioclásio. Grt Grt Pl Pl Qtz Grt Pl Qtz Pl Pl Fotomicrografia IV. 6: Granada com inclusões de biotita. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A05. Grt-granada, Qtz-quartzo, Bt-biotita. Grt Grt Qtz Bt Grt Qtz Qtz Pl Fonte: Fotomicrografias IV.5, IV.6 produzidas pelo próprio autor. 37 Fotomicrografia IV. 7: Granada com biotita inclusa. Sem analisador. Aumento 25X. Lâmina JD-A05. Grtgranada, Qtz-quartzo, Bt-biotita. Grt Grt Qtz Bt Grt Qtz Fotomicrografia IV. 8: Granada com biotita nas bordas, tipo retrograda. Sem analisador. Aumento 25X. Lâmina JD-A05. Grt-granada, Bt-biotita. Bt Bt Bt Grt Op Bt Bt Fonte: Fotomicrografias IV.7, IV.8 produzidas pelo próprio autor. 4.3 Granulitos Monzocharnockíticos Considerando as lâminas JD-A.01, JD-A.02 e JD-A.03, esse litotipo apresenta textura granoblástica decussada e subordinamente inequigranular, com grãos predominantemente xenoblásticos. É constituído de plagioclásio (35 a 41%), quartzo (29 a 32%), mesopertita (9 a 10%), piroxênio (10 a 12%), hornblenda (4 a 5%), biotita (1 a 5%), minerais opacos (2 a 8%), enquanto a apatita (0 a 1%) é o mineral acessório mais frequente (Fotomicrografias IV.9, IV.10). 38 Os cristais de plagioclásio são xenoblásticos a sub-idioblásticos, com contatos irregulares entre eles e com os outros minerais. Nesses casos os contatos são suturados, ou levemente suturados, tendendo a levemente retilíneos, sobretudo com os piroxênios. Possuem tamanho médio de 0,8mm, com alguns cristais menores (0,4 a 0,5mm) e outros maiores chegando até 1,0mm de tamanho. Esta fase mineral pode apresentar uma extinção ondulante, sobretudo quando próxima às zonas de intensa deformação. Suas composições, obtidas através dos geminados albita pelo método Michel-Levy (KERR, 1959), forneceram valores de An=13 a 16% e An= 24 a 29% que correspondem às soluções sólidas oligoclásio-andesina. Fotomicrografia IV. 9: Granulitos Monzocharnockíticos com textura granoblástica decussada. Presença de plagioclásio com bordas irregulares e granulometria média (parte direita da lâmina) à fina (parte esquerda da lâmina). Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A.01. Pl-plagioclásio, Qtz-quartzo. Op-minerais opacos, Bt-biotita. Op Q tz Bt Pl Bt Pl Bt Pl Q tz Pl Pl Pl Pl Pl Fonte: Fotomicrografia IV.9 produzida pelo próprio autor. Pl 39 Fotomicrografia IV. 10: Granulitos Monzocharnockíticos com textura granoblástica decussada exibindo cristais xenoblásticos de plagioclásio com geminação albita-carlsbad. Polarizadores cruzados. Aumento 100X. Lâmina JD-A.02. Pl-plagioclásio, Cpx-clinopiroxênio, Opx-ortopiroxênio, Qtz-quartzo. Fonte: Fotomicrografia IV.10 produzida pelo próprio autor. O quartzo ocorre xenoblástico a sub-idioblástico, com contatos irregulares, exibindo frequentemente extinção ondulante. Em geral, seus cristais são xenoblásticos, constituindo grãos com dimensões variando desde 0,2 a 2,0mm. Possuem contatos irregulares embainhados com o plagioclásio. Formam também aglomerados intersticiais finos, juntamente com o plagioclásio. Com relação aos minerais ferromagnesianos, os contatos variam de suturados a embainhados. O ortopiroxênio (enstatita) ocorre sob a forma de cristais xenoblásticos a subidioblásticos, com tamanhos variando entre 0,4 e 1,5mm, com predominância daqueles com 0,7mm de tamanho. Os contatos entre si são geralmente retilíneos a levemente curvos. Encontram-se bastante fragmentados e com extinção aproximadamente paralela aos nicóis do microscópico. As cores de interferência variam de baixa a alta no campo da primeira ordem. Possuem contatos levemente curvos com cristais de quartzo e irregulares e embainhados com a biotita. Essa ultima foi produzida pela alteração retrograda do ortopiroxênio (Fotomicrografia IV.11). 40 Fotomicrografia IV. 11: Granulitos Monzocharnockíticos com cristais de plagioclásio exibindo geminação albita-carlsbad. O quartzo é intersticial. Os cristais de ortopiroxênio estão alterados e fraturados. Polarizadores cruzados. Aumento 100X. Lâmina JD-A02. Pl-plagioclásio, Opx-ortopiroxênio, Qtzquartzo, Bt-biotita Op x Pl Op x Qtz Bt Pl Opx Op x Pl O px Op x Qtz Qtz Fonte: Fotomicrografia IV.11 produzida pelo próprio autor. O clinopiroxênio (diopsídio) é encontrado nos granulitos monzocharnockíticos sob a forma de cristais fraturados, sub-idioblásticos, com contatos irregulares com os outros minerais. São cristais predominantemente xenoblásticos, tamanhos variando, entre 0,4 e 1,5mm, com predominância daqueles com 0,7mm de tamanho (Fotomicrografia IV.12). Encontram-se bastante fragmentados e se extinguem quando suas clivagens fazem 38º com os nicóis do microscópio. Exibe cor de interferência alta de segunda ordem. A mesopertita forma grãos xenoblásticos de 0,95mm a 2mm de tamanho. Os contatos entre o quartzo, plagioclásio e feldspato potássico variam de suturados a retilíneos. Esses três minerais por vezes formam mirmequita exibindo texturas simplectíticas. A mesopertita, quando alongada/estirada, orienta-se paralelamente aos minerais constituindo a foliação da rocha. ferromagnesianos, 41 Fotomicrografia IV. 12: Granulitos Monzocharnockíticos com textura granoblástica decussada com cristais de ortopiroxênio sub-idioblástico e com plagioclásios com geminação albita. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A01. Pl-plagioclásio, Cpx-clinopiroxênio, Qtzquartzo, Op-opacos, Opx-ortopiroxênio. Cpx Pl Pl Pl Op Pl Qtz Pl Qtz Pl Op Op x Qtz Qtz Pl Pl Op Fonte: Fotomicrografia IV.12 produzida pelo próprio autor. Os minerais acessórios completam a composição mineralógica da rocha, sendo a apatita a mais frequente. Essa ocorre constituindo cristais de 0,05 a 0,76mm, sendo idioblásticos a sub-idioblásticos. Outros minerais acessórios como a biotita (1 a 5%) e hornblenda (5%) são produtos do retrometamorfismo e ocorrem quase sempre bordejando os piroxênios e opacos (Fotomicrografia IV.13). A biotita aparece principalmente sob a forma de plaquetas e, eventualmente, sob a forma de cristais xenoblásticos (Fotomicrografia IV.14). A hornblenda é sub-idioblástica e de cor esverdeada-clara. 42 Fotomicrografia IV. 13: Granulitos Monzocharnockíticos com textura granoblástica decussada e com cristais de piroxênio fraturados. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A01. Pl-plagioclásio, Cpxclinopiroxênio, Opx-ortopiroxênio, Qtz-quartzo, OpOpacos. Qtz Pl Pl Cpx Opx Qtz Pl Opx Opx Opx Pl Qtz Pl Op Qtz Op Fonte: Fotomicrografia IV.13 produzida pelo próprio autor. Os minerais opacos chegam a alcançar cerca de 5% da moda dessas rochas. Seus cristais são sub-idioblásticos e por vezes arredondados. Apresentam contatos irregulares com os piroxênios e retos a curvos com os plagioclásios; os tamanhos variam de 0,04mm a 1,4mm. Nos cristais de plagioclásio a alteração, quando bem marcada, produz sericita. Na maioria das lâminas petrográficas estudadas, os clinopiroxênios juntamente com os ortopiroxênios formam a paragênese mineral metamórfica de alto grau da rocha. Fotomicrografia IV. 14: Detalhe da biotita com a forma de plaqueta e contato irregular serrilhado. Exibe extinção “olho de pássaro”. Polarizadores cruzados. Aumento 200X. Lâmina JD-A03. Pl-plagioclásio, Qtz-quartzo, Bt-biotita. Bt Qtz Qtz Pl Fonte: Fotomicrografia IV.14 produzida pelo próprio autor. 43 4.4 Monzo-Sienogranitos O estudo das lâminas JD-A.06, JD-A.07 e JD-A.08 permitiram caracterizar petrograficamente os monzo-sienogranitos. Essas rochas apresentam textura porfirítica e em uma das lâminas foi encontrada a mirmequitia que é fruto do intercrescimento entre cristais de plagioclásio, feldspato potássico e quartzo, formando bastões irregulares, (Fotomicrografias IV.15, IV.16). A mineralogia principal dessa rocha é constituída por microclina (30 a 41%), quartzo (35 a 40%), plagioclásio (6 a 10%), biotita (10 a 14%) e hornblenda (0 a 2%). A apatita (0 a 1%) e os minerais opacos (5 a 7%), constituem os minerais acessórios (Tabela IV.1). O feldspato potássico (microclina) constitui grãos de 0,7 a 2,5mm, com cristais xenomórficos, anédricos, podendo ser pertíticos ou não. As pertitas são observadas principalmente nos cristais maiores. Às vezes nota-se a geminação albita + periclina (microclina), ocorrendo de forma nítida a difusa. Nesses feldspatos potássicos observa-se inclusões de quartzo e de plagioclásio, ambos ocorrendo sob as formas anédricas a subédricas, todos com contatos sub-embainhados. Às vezes formam aglomerados intersticiais, de granulação média, junto ao quartzo e ao plagioclásio. Os limites intergranulares deste mineral variam de suturados a retilíneos, neste último caso, quando em contato com minerais ferromagnesianos (biotita, hornblenda). Fotomicrografia IV. 15: Monzo-Sienogranitos com cristais de plagioclásio exibindo fraca geminação e contatos curvos com outros cristais. Polarizadores cruzados. Aumento 100X. Lâmina. JD-A07. Plplagioclásio, Qtz-quartzo, Fds-feldspato. Pl Qtz Pl Pl Fds Pl Pl Fds Fonte: Fotomicrografia IV.15 produzida pelo próprio autor. 44 A mirmequita é intergranular, quando em contato com o quartzo, e às vezes chega a formar uma textura gráfica. Nas lâminas observa-se a microclina com típica geminação da microclina, “tartan”. (Fotomicrografias IV.16, IV.17). Fotomicrografia IV. 16: Monzo-Sienogranitos mostrando a mimerquita entre cristais de plagioclásio, feldspato potássico e quartzo. Polarizadores cruzados. Aumento 100X. Lâmina JD-A08. Pl-plagioclásio, Fds-feldspato, Op-opacos. Fotomicrografia IV. 17: Detalhe da microclina exibindo claramente a geminação polissintética. Polarizadores cruzados. Aumento 100X. Lâmina JD-A07.Micmicroclina, Qtz-quartzo, Cl-clorita, Bt-biotita. Qtz Qtz Mic Qtz Mic Mic Mic Cl Qtz Bt Mic Fonte: Fotomicrografias IV.16, IV.17 produzidas pelo próprio autor. Os cristais de quartzo possuem às vezes indicadores da atuação de uma possível tensão, localmente com a formação de sub-grãos exibindo extinção ondulante. São xenomórficos, por vezes alongados/estirados e mostrando hábito amebóide. Esses cristais variam de 0,2mm até 5mm. Os cristais menores se encontram nas bordas dos cristais maiores e também dos cristais de feldspato, fazendo surgir na rocha à textura de intercrescimento. Os contatos são muito reentrantes e irregulares, sobretudo com os outros cristais de quartzo. Apresentam frequentemente extinção ondulante (Fotomicrografia IV.18). A biotita constitui grãos com tamanhos variando entre 0,08 a 1mm. Exibe pleocroísmo que varia de tons de amarelo a marrom. Esta fase mineral ocorre como cristais individualizados, em forma de palhetas. Os minerais opacos formam cristais de 0,08 a 1,5mm de tamanho. São xenomórficos a algumas vezes idiomórficos. A mirmequita pode ser também considerada acessória, sendo encontrada na trama mineralógica da rocha, preferencialmente presente nos contatos entre a mesopertita, o plagioclásio e o quartzo. 45 Fotomicrografia IV. 18: Cristais de quartzo orientados seguindo uma foliação de fluxo. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A06. Pl-plagioclásio, Qtzquartzo, Op-opacos. Qtz Qtz Pl Qtz Pl Pl Qtz Op Fonte: Fotomicrografia IV.18 produzidas pelo próprio autor. Os cristais de plagioclásio são predominantemente xenomórficos com algumas ocorrências de subdiomórficos. Possuem tamanho médio de 0,8mm, com alguns cristais menores (0,4 a 0,5mm) e outros chegando até 1,0mm. Apresenta geminação albita com teor de anortita variando entre 30 a 35%, sendo considerado então do tipo andesina. Estão bastante fraturados, (Fotomicrografias IV.19, IV.20). Fotomicrografia IV. 19: Monzo-Sienogranito mostrando cristais de quartzo alinhado. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A06. Pl-plagioclásio, Qtz-quartzo, Op-opacos, Bt-biotita. Pl Bt Qtz Qtz Op Qtz Pl Bt Fonte: Fotomicrografias IV. 19 produzidas pelo próprio autor. 46 Fotomicrografia IV. 20: Monzo-sienogranito com cristais de plagioclásio sericitizados e quartzo estirado. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A06. Pl-plagioclásio, Qtz-quartzo, Op-opacos, Bt-biotita. Qtz Qtz Qtz Pl Pl Op Bt Pl Fonte: Fotomicrografia IV.20 produzida pelo próprio autor. Os minerais opacos possuem formas anédricas, alongadas, contatos curvos, irregulares a embaiados. Alguns cristais apresentam contatos retos com os plagioclásios. Os tamanhos variam entre 1,2 a 0,4mm. Nos cristais menores é mais comum observar as relações entre eles e os minerais secundários como hornblenda (1 a 2%). A apatita é pouco representativa na rocha, não passando de 1% do volume total da amostra. Ocorre com forma acicular, em geral como inclusão no plagioclásio. 4.5 Diques Máficos Os diques máficos foram caracterizados quando do estudo das lâminas JD-A.09 e JD-A.10. A mineralogia principal desses diques é constituída por plagioclásio (15 a 17%), piroxênio (8 a 9%), hornblenda (5 a 6%) e minerais opacos (2 a 3%). A matriz constitui a parte mais representativa da rocha chegando até 68% do volume total. Essa é formada por cristais de plagioclásio (36 a 44%), olivina (2 a 6%), piroxênio (17 a 19%) e minerais opacos (5 a 6%), (Tabela IV.1). 47 Os fenocristais de plagioclásio possuem dimensões variando de 0,5 a 1,5mm, entretanto quando presentes na matriz têm tamanho em torno de 0,2cm. De um modo geral, apresentam-se como ripas euédricas a subédricas com hábitos curtos ou alongados, (Fotomicrografias IV.21, IV.22). Possuem contatos retos entre si e às vezes com bordas corroídas. Os contatos com os piroxênios são curvos. Fotomicrografia IV. 21: Cristais de plagioclásio ripformes imersos em matriz afanítica. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A.09. Pl-plagioclásio. Pl Pl Pl Pl Pl Pl Pl Fotomicrografia IV. 22: Aglomerados de plagioclásio ripformes com granulometria média em uma matriz fina de plagioclásio. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A.09. Pl-plagioclásio. Pl Pl Pl Pl Pl Pl Pl Fonte: Fotomicrografias IV.21, IV.22 produzidas pelo próprio autor. 48 Eles encontram-se maclados polissinteticamente segundo a lei albita e albita-carlsbad, sendo que muitas vezes as lamelas de geminação mostram-se completas, parciais, ausentes ou em formato de agulha. As composições dos plagioclásios obtidas através dos geminados albita, pelo método Michel-Levy (KERR, 1959) forneceram valores situando em fase mineral na família das andesinas-labradoritas (An= 41 a 60%) (Fotomicrografias IV.23, IV.24). Fotomicrografia IV. 23: Aglomerado de plagioclásio circundado por matriz afanítica. Sem analisador. Aumento 25X. Lâmina JD-A10. Pl-plagioclásio. Pl Pl Pl Pl Pl Pl Pl Fotomicrografia IV. 24: Aglomerado de plagioclásio circundado por matriz afanítica. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A10. Pl-plagioclásio. Pl Pl Pl Pl Pl Pl Fonte: Fotomicrografias IV.23, IV.24 produzidas pelo próprio autor. 49 Os piroxênios são classificados como augita e ocupam cerca de 8 a 9% da rocha total. São representados predominantemente por fenocristais (tamanho médio = 0,5 mm). Geralmente apresentam-se anedrais a subedrais e frequentemente são circundadas pelos plagioclásios gerando a textura subofítica, (Fotomicrografia IV.25). Fotomicrografia IV. 25: Aglomerado de plagioclásio circundado por matriz afanítica, exibindo cristais de piroxênio e hornblenda. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A10. Pl-plagioclásio, Px-piroxênio, Hbl-hornblenda. Pl Pl Pl Pl Px Hbl Fonte: Fotomicrografia IV.25 produzida pelo próprio autor. Os cristais de anfibólio (hornblenda) apresentam formas irregulares, cor verde escura, com tamanhos variando entre 0,05 a 0,09mm. Os minerais opacos apresentam cristais com tamanhos de 0,08mm a 0,18mm. Estão inclusos no plagioclásio com formas anédricas a subédricas; cristais euédricos são raros. 50 CAPÍTULO V CONCLUSÕES Os estudos realizados nos litotipos encontrados no afloramento do Jardim de Alah mostram uma grande diversidade de metamorfitos de alto grau, intensamente deformados em modo polifásico e cortados por corpos monzo-sienograníticos tabulares e diques máficos. Sem considerar os sedimentos recentes, na área de estudo foram encontrados quatro litotipos quais sejam; Granulitos Alumino-Magnesianos, Granulitos Monzocharnockíticos; Monzo-sienogranitos e Diques Máficos. Os granulitos Alumino-Magnesianos são rochas paraderivadas com mais de 10% de granada, perfazem cerca de 12% da área, e ocupam a parte oeste do mapa. Os granulitos Monzocharnockíticos são rochas ortoderivadas que compreendem uma faixa na parte central e leste da área cobrindo cerca de 75% do afloramento. Os Monzo-Sienogranitos encontram-se a sudoeste do afloramento, correspondendo cerca de 8% do total das rochas cristalinas. Os diques máficos se apresentam como corpos tabulares na parte central da área do afloramento e corresponde a cerca de 5% das rochas aflorantes. Sua cor é preta esverdeada com textura afanítica a fanerítica muito fina. Os sedimentos recentes são representados pela areia de praia no entorno do afloramento rochoso, mais expressamente nas porções extremas do leste e oeste no mapa. As características microscópicas observadas nas rochas da região do Jardim de Alah, mostram que essas rochas foram metamorfisadas em alto grau, evidenciado pela presença de ortopiroxênio nas principais associações minerais. Identificou-se também que a área sofreu retrometamorfismo, devido à presença de bordas de reação nos piroxênios e minerais opacos, que foram parcialmente transformados em biotita e hornblenda. A presença da cordierita nas bordas das granadas dos granulitos alumino-magnesianos caracterizam também o processo de retrometamorfismo. Embora não tenha sido feitas análises mais detalhadas das rochas da área, considera-se que os granulitos alumino-magnesianos são originalmente derivados dos pelitos. (Barbosa et al. 2005). Os granulitos monzocharnockíticos foram considerados por Barbosa et al. (2005) 51 como rochas intermediárias, originadas a partir de magmas cálcio-alcalino de baixo potássio e os diques máficos apresentam caráter toleítico, enquanto que os corpos e veios monzosienograníticos foram classificados como sub-alcalinos e peraluminosos. Sendo que os monzo-sienogranitos apresentam duas gerações com base na petrografia e estruturas. Os mais velhos mostram-se deformados e os mais novos mostram contatos abruptos com suas encaixantes. Finalmente, vale ressaltar a necessidade da realização de uma análise estrutural do afloramento, datações geocronológicas, análises de química de rocha total juntamente com a química mineral para construção de grids petrogenéticos, para indicar as condições de metamorfismo das unidades geológicas que estão sendo identificadas na área de estudo. 52 REFERÊNCIAS ALMEIDA, F.F.M. O Cráton do São Francisco. Revista Brasileira Geociências. Vol. 4: 1977. p. 349-364. ALMEIDA, F. F. M. et al. Brazilian structural provinces: An introduction. 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Edition, 2009. 720P. 56 ANEXO - I MAPA GEOLÓGICO DA PRAIA DO JARDIM DE ALAH, SALVADOR-BAHIA (ANEXO I) 560360 560440 560400 560480 Qa TO N ME A N O I C A EST º 68 º 79 º 74º 65 9º 6 º 69 º 74 º 72 º 8563040 70 º 78 º 65 º 75 Qa MZCh º 60 º 75 º 38 º 70 º 62 MZCh º 57 º 53 º 69 º 54 3º 5º 5 5 º 65 º 44 º 54 º 34 º 57 Qa º 38 º 67 º 69 º 7 º 65 º 60 º 75 7 JD-A01 º º 53 4º º 72 º 56 5 º 66 º 57 º º 66 º º º 70 º 51 MSGr MZCh JD-A08 º º 61 78 º º 81 0º º 77 75 6º 1º5 6 º 77 9º 7 6 2º 6 MSGr 06 -A JD 8562980 1º 8 JD-A03 54 75 MZCh MZCh º º º 73 º 68 10 JD-A º 69 65 7 º 69 JD-A07 MSGr º 65 69 0º º 77 3 58 Qa º 77 º 74 0º JD-A05 JD-A09 º 74 Sp 5º Sp º º º 69 º 70 72 64 º 75 º 60 69 º º 54 6 º º 66 70 º 62 7º 66 º º MZCh º 70 77 º º 5 º 69 Qa º 69 50 55 º 60º 6 º º 69 6º 64 º 69 0º 72 º º 70 65 9º JD-A04 77 6 º 66 74 º Qa º 59 66 º 32 9º º 80 º 60 º 49 53º º 33 º 65 65 69 JD-A02 º 74 O 8º 7 IC T N Â º 72 º 71 º 53 TL A O N A CE O º 70 MZCh TERCIÁRIO - QUATERNÁRIO º 63 Qa SEDIMENTO RECENTES PALEOPROTEROZOICO Diq MSGr DIQUES MÁFICOS MONZO-SIENOGRANITOS ESTRUTURAS: FOLIAÇÃO DEFORMACIONAL COM CAIMENTO LINEAÇÃO DE ESTIRAMENTO MINERAL COM CAIMENTO ARQUEANO / PALEOPROTEROZOICO LINEAÇÃO ESTRUTURAL ZONAS DE CISALHAMENTO MZCh GRANULITO MONZOCHARNOCKÍTICO FRATURA Sp GRANULITO ALUNINO-MAGNESIANO Pontos de Amostragem MAPA DE SITUAÇÃO MAPA DE LOCALIZAÇÃO DE JARDIM DE ALAH Escala 1:450 0 Área de estudo 9,0 18,0 27,0 36,0 45,0 m