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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
CURSO DE GEOLOGIA
DANIEL NASCIMENTO OLIVEIRA ALVES
MAPEAMENTO GEOLÓGICO DE DETALHE
E PETROGRAFIA DOS LITOTIPOS DO JARDIM
DE ALAH, SALVADOR-BAHIA
Salvador
2013
DANIEL NASCIMENTO OLIVEIRA ALVES
MAPEAMENTO GEOLÓGICO DE DETALHE
E PETROGRAFIA DOS LITOTIPOS DO JARDIM
DE ALAH, SALVADOR-BAHIA
Monografia apresentada ao Curso de Geologia,
Instituto de Geociências, Universidade Federal da
Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau
de Bacharel em Geologia.
Orientador: Profº Dr. Johildo S. F. Barbosa.
Salvador
2013
DANIEL NASCIMENTO OLIVEIRA ALVES
MAPEAMENTO GEOLÓGICO DE DETALHE
E PETROGRAFIA DOS LITOTIPOS DO JARDIM
DE ALAH, SALVADOR-BAHIA
TERMO DE APROVAÇÃO
Trabalho Final de Graduação aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Geologia, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora:
Dr. JOHILDO SALOMÃO F. BARBOSA – Orientador
Professor do Instituto de Geociências
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
JAILMA SANTOS DE SOUZA
Mestre em Geologia pela UFBA
Professora do Instituto de Geociências
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ADRIANA ALMEIDA DE PEIXOTO
Doutora em Geologia pela UFBA
COMPANHIA BAIANA DE PESQUISA MINEREAL - CBPM
Salvador
2013
"Construí amigos, enfrentei derrotas, venci obstáculos,
bati na porta da vida e disse-lhe: Não tenho medo de vivê-la".
Augusto Cury
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pela benção e proteção nesta caminhada, por me dar
força e coragem para continuar e encerrar mais esta etapa em minha vida. Logo, é com
sentimento que escrevo essas breves palavras, como agradecimento a todas as pessoas que de
alguma forma contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho.
Aos meus pais, sobretudo Cristina a pessoa mais super disposta que me amparou em
tudo, sempre com seu entusiasmo em cada disciplina cursada. Mãe, obrigada pelo seu
encorajamento a prosseguir para nunca desistir. Nós iremos vencer todas as adversidades da
vida, que estão surgindo. Meu pai, Adailton pela sua amizade. Em especial, em memória do
meu avô, Feliciano, por seu grande ensinamento e caráter honrado.
A minha surpreendente noiva Kelly Dayane pelo seu carinho, amizade, fortaleza,
sempre com suas muitas palavras de conselho tornaram-me cada dia mais forte e apaixonado
pela vida. Aos meus cunhados Isaías, Priscila, Bel, Cabral, a minha sogra Nelma e sogro João
pelo seu apoio. Aos meus pais de criação, Dorinha e Joaci pela amizade e apoio. Aos meus
melhores professores da graduação, Simone Cruz, Ângela Leal, César Gomes, Johildo
Barbosa, Jailma Souza, Pedro Maciel, Maria José, Amalvina, Carlson, Vilton, Osmário Leite,
e Débora Rios.
Agradeço ao meu orientador Prof. Johildo por ter me aceitado como orientando.
Obrigado pela ajuda, orientação, paciência e conselhos para o melhor resultado deste trabalho.
Agradeço á dedicação da professora e amiga, Jailma, que sempre esteve disposta a me auxiliar
no desenvolvimento gradativo desse trabalho.
Aos meus amigos e colegas, Lucas, Daniel, Luana, Adriana, Paulão, Mario, Luis,
Maria Clara, Edmar, Sizenando, Deize, Caio, Letícia, Jairo, Acácio, Jofre, Antonio Jorge,
Jaime, Aline, Pedro, Anderson e muitos outros que fizeram parte das aulas, campos e
corredores da universidade que não me lembro nesse momento. Aos servidores do instituto de
geociências, Boçal, Deraldo, Jairo, Caetano, Gil, Messia, além da turma de geologia estrutural
2011.1 por alguns dados fornecidos. Obrigado a todos!
i
RESUMO
O afloramento rochoso do Jardim de Alah, no Costa Azul, bairro da cidade de
Salvador, Bahia, encontra-se no contexto tectônico do Cráton do São Francisco, inserido na
parte sul do cinturão móvel denominado de Faixa Salvador-Esplanada. Essa faixa se estende
desde Salvador até a cidade de Boquim em Sergipe, e é constituída por rochas metamórficas
de médio a alto grau. Com base em estudos de campo e petrográficos no afloramento do
Jardim
de
Alah
foram
identificadas
cinco
unidades
litotípicas:
granulitos
monzocharnockíticos; granulitos alumino-magnesianos; diques máficos; monzo-sienogranitos
e sedimentos recentes. Os granulitos alumino-magnesianos são rochas paraderivadas com
mais de 10% de granada, perfazendo cerca de 12% da área, e ocupam a parte oeste do mapa
Os granulitos monzocharnockíticos são rochas ortoderivadas que compreendem uma faixa na
parte central e leste da área, cobrindo cerca de 75% do afloramento. Os monzo-sienogranitos
encontram-se a sudoeste do afloramento, correspondendo cerca de 8% do total das rochas em
foco. Com textura afanítica a fanerítica e cor preta esverdeada, os diques máficos se
apresentam como corpos tabulares na parte central da área do afloramento e corresponde a
cerca de 5% das rochas aflorantes. Os sedimentos recentes são representados pela areia de
praia no entorno do afloramento rochoso, mais expressamente nas porções extremas do leste e
oeste no mapa. Considera-se que esse estudo vai contribuir para o conhecimento geológico da
parte sul da faixa acima referida e da região metropolitana de Salvador.
Palavras-chave: granulitos, petrografia, Jardim de Alah, Salvador, Bahia.
ii
ABSTRACT
The rocky outcrop of the Jardim de Allah, in the Costa Azul, neighborhood of the city
of Salvador, Bahia, is in the tectonic setting of the Craton, located on the southern part of the
Mobile Belt called range-Salvador Esplanada. This range extends from the city of Salvador to
Boquim in Sergipe, and consists of metamorphic rocks of medium to high grade. Based on
field studies and petrographic in outcrop of the Jardim de Allah identified five lithological
units: monzocharnockitics granulites; alumino-magnesian granulites, mafic dikes; monzosyenogranites and recent sediments. The monzocharnockitics granulites are ortoderived rocks,
which comprise a range of central and eastern area, covering about 75% of the outcrop. The
alumino-magnesian granulites are rocks paraderived with around 10% garnet, making up
about 12% of the area, and occupy the western part of the map. With the aphanitic to
phaneritic texture and greenish black color, the mafic dikes are presented as tabular bodies in
the central part of the outcrop area and accounts for about 5% of the rock outcropping. The
monzo-syenogranites are in the southwest of the outcrop, representing about 8% of the total
rocks in focus. The recent sediments are represented by sandy beach surrounding the rocky
outcrop, more specifically in the extreme portions of the east and west on the map. It is
considered that this study will contribute to the geological knowledge of the southern part of
the range above-mentioned and the metropolitan area of Salvador.
Keywords: granulites, petrography, Jardim de Allah, Salvador, Bahia.
iii
SUMÁRIO
RESUMO ............................................................................................................................... i
ABSTRACT .......................................................................................................................... ii
CAPÍTULO I - ASPECTOS INICIAIS .................................................................................... 1
1.1 Introdução .................................................................................................................... 1
1.2 Localização e Acesso ................................................................................................... 3
1.3 Objetivos ...................................................................................................................... 5
1.4 Metodologia de Trabalho .............................................................................................. 5
1.4.1 Pesquisas Bibliográficas e Interpretação Geológica de Imagens Aéreas .................. 6
1.4.2 Trabalhos de Campo e Amostragem ....................................................................... 6
1.4.3 Descrições Petrográficas ........................................................................................ 6
1.4.4 Confecção do Mapa Geológico / Monografia ......................................................... 7
CAPÍTULO II - GEOLOGIA REGIONAL ............................................................................ 8
2.1 Introdução .................................................................................................................... 8
2.2 Cráton do São Francisco .............................................................................................. 8
2.3 Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá ............................................................................. 10
2.4 Cinturão Salvador-Esplanada ..................................................................................... 11
2.5 Geologia de Salvador ................................................................................................ 12
CAPÍTULO III - MAPEAMENTO GEOLÓGICO DE DETALHE ...................................... 16
3.1 Introdução .................................................................................................................. 16
3.2 Granulitos Alumino-Magnesianos (Sp) ....................................................................... 18
3.3 Granulitos Monzocharnockíticos (MZCh) .................................................................. 20
3.4 Monzo-Sienogranítos (MSGr) .................................................................................... 23
3.5 Diques Máficos (Diq) ................................................................................................. 25
3.6 Sedimentos Recentes (Qa) .......................................................................................... 28
CAPÍTULO IV - PETROGRAFIA....................................................................................... 29
4.1 Introdução .................................................................................................................. 29
4.2 Granulitos Alumino-Magnesianos .............................................................................. 33
4.3 Granulitos Monzocharnockíticos ................................................................................ 37
4.4 Monzo-Sienogranitos ................................................................................................. 43
4.5 Diques Máficos .......................................................................................................... 46
CAPÍTULO V - CONCLUSÕES ......................................................................................... 50
REFERÊNCIAS........................................................................................................................52
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ v
LISTA DE QUADROS .......................................................................................................... v
LISTA DE FOTOGRAFIAS ................................................................................................. vi
LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS .................................................................................. viii
v
LISTA DE FIGURAS
Figura I. 1: Mapa simplificado do Estado da Bahia mostrando os domínios TectônicoGeocronológicos Arqueanos e Paleoproterozoicos. ...................................................................... 2
Figura I. 2: Mapa de localização da área de estudo no Estado da Bahia mostrando a cidade de
Salvador (A). Localização do afloramento do Jardim de Alah. (Imagem de Satélite da Google
Earth) (B). ........................................................................................................................................ 3
Figura I. 3: Mapa esquemático de localização da área de estudo (A). Imagem aérea
georreferenciada da área de Jardim de Alah (B). .......................................................................... 4
Figura II. 1: Mapa de localização do Cráton São Francisco (CSF) no Brasil (A). Mapa
geológico do CSF, com destaque para as faixas móveis (modificado de Almeida, et al., 1981)
(B). Mapa geológico regional com a área de estudo, indicada por seta vermelha (C). ............ 9
Figura II. 2: Mapa de localização do Cinturão Salvador-Esplanada, com a área de estudo de
Jardim de Alah. ...............................................................................................................................12
Figura II. 3: Mapa Geológico de Salvador mostrando a área de estudo apontada com seta em
vermelho com localização do Jardim de Alah. .............................................................................15
Figura III. 1: Mapa geológico reduzido do Jardim de Alah. Mais detalhes no Anexo I. .... Erro!
Indicador não definido.
Figura IV. 1: Diagrama Q-A-P (Streckeisen, 1976) com a projeção das amostras mais
representativas dos litotipos granulíticos do afloramento do Jardim de Alah. 3a – campo dos
charnockitos; 3b – campo dos monzo-sienogranitos; 10- campo dos gabros/basaltos. .............33
LISTA DE QUADROS
Quadro IV. 1: Composição modal das lâminas petrográficas estudadas. JD_A =Jardim de Alah. Siglas:
Pl= Plagioclásio, Ol= Olivina, Px= Piroxênio, Bt= Biotita, Hbl= Hornblenda, Crd= Cordierita, Grt=
Granada, Op= Minerais Opacos, Mic= Microclina, Qtz= Quartzo, Mp= Mesopertita, Ap=Apatita.
(Abreviações dos minerais segundo Kretz (1983), Spear (1993), Fettes e Desmons (2007).
................................................................................................................................................................32
vi
LISTA DE FOTOGRAFIAS
Foto I. 1: Visão geral do afloramento do Jardim de Alah. Foto tirada sobre o calçadão,
aproximadamente a 15m de distância da área de estudo, em frente ao estacionamento
principal da praia do Jardim de Alah. ............................................................................................ 5
Foto III. 1: Granulito Alumino-magnesiano com granada, apresentando coloração
avermelhada. Visão em Perfil. Martelo aponta o norte. Coordenadas UTM: 560420/ 8563040.
.........................................................................................................................................................19
Foto III. 2: Granulito Alumino-Magnesiano com crosta superficial produto da alteração
intempérica. Visão em Perfil. Martelo aponta o norte. Coordenadas UTM: 560450/8562980.
.........................................................................................................................................................19
Foto III. 3: Granulito Alumino-Magnesiano com fragmento de rocha em detalhe. Visão em
perfil. Martelo aponta o norte. Coordenadas UTM: 560440/8562900. ......................................19
Foto III. 4: Granulito Alumino-Magnesiano com textura fanerítica média, destacando os
cristais de granada. Visão em Perfil. Coordenadas UTM: 560440/8562780. ............................19
Foto III. 5: Granulito Alumino-Magnesiano, destacando os cristais de granada. Lápis aponta o
norte. Visão em Perfil. Coordenadas UTM: 560440/8562780. ...................................................19
Foto III. 6: Granulito Monzocharnockítico com coloração escura e bastante fraturado. Visão
em Planta. Martelo aponta o norte. Coordenadas UTM: 560410/ 8562030. ..............................21
Foto III. 7: Granulito Monzocharnockítico com foliação incipiente e mineralogia fanerítica
média. Visão em Perfil. Lapiseira aponta o norte. Coordenadas UTM: 560430/856205. .........21
Foto III. 8: Granulito Monzocharnockítico com bandamento composicional milimétrico
destacando-se bandas félsicas e fratura proeminente. Visão em Perfil. Lapiseira aponta o
norte. Coordenadas UTM: 560440/ 8562200. ..............................................................................21
Foto III. 9: Granulito Monzocharnockítico com textura fanerítica média. Visão em perfil.
Martelo aponta o norte. Coordenadas UTM: 560410/ 8562030. ................................................21
Foto III. 10: Detalhe da foliação Sn mostrando o bandamento.Visão em Planta. Lapiseira de
escala. Coordenadas UTM: 560430/856205. ...............................................................................22
Foto III. 11: Detalhe da foliação Sn. Visão em Perfil. Moeda como escala. Coordenadas
UTM: 560440/856225. ..................................................................................................................22
Foto III. 12: Monzo-sienogranitico com granulométria média.Lapiseira aponta o norte. Visão
em planta. Coordenadas UTM: 560110/ 8560300. ......................................................................23
Foto III. 13: Corpo monzo-sienogranítico, cortando os Granulitos Monzocharnockíticos.
Prancheta como escala. Coordenadas UTM: 560410/ 8562900. ................................................24
Foto III. 14: Corpo monzo-sienogranítico bastante alterado com espessura de 1,50m. Martelo
aponta o norte. Coordenadas UTM: 560490/ 8563020. ...............................................................24
Foto III. 15: Monzo-Sienogranito apresentando granulométria fanerítica média e cristais de kfeldspato de tamanhos entre 0,6 a 1,0cm. Moeda com escala. Coordenadas UTM:
560400/8562800. ............................................................................................................................24
Foto III. 16: Dique secundário monzo-sienogranítico com pequena espessura cortando um
enclave máfico. Lapiseira aponta o norte. Coordenadas UTM: 560410/ 8562200....................25
Foto III. 17: Dique máfico cortando o Granulitos Monzocharnockíticos. Bússola aponta o
norte. Visão em planta. Coordenadas UTM: 560470/ 8562100. .................................................26
Foto III. 18: Dique máfico com estruturas de mistura com o monzo-sienogranito. Bússola
aponta o norte. Visão em planta. Coordenadas UTM: 560450/ 8572100. .................................26
Foto III. 19: Dique máfico com contatos retos cortando os granulitos monzocharnockíticos.
Lapiseira aponta o norte. Visão em planta. Coordenadas UTM: 560440/ 8562200. .................27
Foto III. 20: Dique máfico cortando os granulitos monzocharnockítico. Lapiseira aponta o
norte. Visão em perfil. Coordenadas UTM: 560440/ 8562200. ..................................................27
Foto III. 21: Dique máfico cortando o granulitos monzocharnockíticos. Bússola aponta o
norte. Visão em planta. Coordenadas UTM: 560440/ 8562200..................................................27
Foto III. 22: Dique máfico alterado e apresentando fraturas verticais. Martelo aponta o norte.
Visão em perfil. Coordenadas UTM: 560440/ 8562200..............................................................27
Foto III. 23: Sedimentos arenosos da praia de Jardim de Alah na lateralidade leste do
afloramento. ....................................................................................................................................28
Foto III. 24: Sedimentos de areia foca, e com a presença de fragmentos de bioclastos. ...........28
Foto IV.1: Lâminas das rochas do afloramento de Jardim de Alah para a descrição
petrográfica, separadas em 3 grupos pela granulometria. ............................................................29
viii
LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS
Fotomicrografia IV. 1: Cristais de granada e biotita avermelhada secundária. Sem analisador.
Aumento 25X. Lâmina JD-A04. Grt-granada, Qtz-quartzo, Bt-biotita, Op-opacos. .................34
Fotomicrografia IV. 2: Granulitos alumino-magnesiano com textura granoblástica, destacando
a granada e a biotita avermelhada, matriz granoblástica granular. Polarizadores cruzados.
Aumento 25X. Lâmina JD-A04. Grt-granada, Qtz-quartzo, Bt-biotita, Op-opacos. .................34
Fotomicrografia IV. 3: Granada porfiroblástica em uma matriz de Qtz+Pl. Sem analisador.
Aumento 25X. Lâmina JD-A04. Grt-granada, Qtz-quartzo, Pl- plagioclásio,Op-opacos. ........35
Fotomicrografia IV. 4: Mesma lâmina anterior com polarizadores cruzados. Aumento 25X.
Lâmina JD-A04. Grt-granada, Qtz-quartzo, Pl-plagioclásio, Op-opacos...................................35
Fotomicrografia IV. 5: Detalhe de um porfiroblásto de granada. Polarizadores cruzados.
Aumento 100X. Lâmina JD-A05. Grt-granada, Qtz-quartzo, Pl-plagioclásio. ..........................36
Fotomicrografia IV. 6: Granada com inclusões de biotita. Polarizadores cruzados. Aumento
25X. Lâmina JD-A05. Grt-granada, Qtz-quartzo, Bt-biotita.......................................................36
Fotomicrografia IV. 7: Granada com biotita inclusa. Sem analisador. Aumento 25X. Lâmina
JD-A05. Grt-granada, Qtz-quartzo, Bt-biotita..............................................................................37
Fotomicrografia IV. 8: Granada com biotita nas bordas, tipo retrograda. Sem analisador.
Aumento 25X. Lâmina JD-A05. Grt-granada, Bt-biotita. ...........................................................37
Fotomicrografia IV. 9: Granulitos Monzocharnockíticos com textura granoblástica decussada.
Presença de plagioclásio com bordas irregulares e granulométria média (parte direita da
lâmina) à fina (parte esquerda da lâmina). Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JDA.01. Pl-plagioclásio, Qtz-quartzo. Op-minerais opacos, Bt-biotita. .........................................38
Fotomicrografia IV. 10: Granulitos Monzocharnockíticos com textura granoblástica
decussada exibindo cristais xenoblásticos de plagioclásio com geminação albita-carlsbad.
Polarizadores cruzados. Aumento 100X. Lâmina JD-A.02. Pl-plagioclásio, Cpxclinopiroxênio, Opx-ortopiroxênio, Qtz-quartzo. ........................................................................39
Fotomicrografia IV. 11: Granulitos Monzocharnockíticos com cristais de plagioclásio
exibindo geminação albita-carlsbad. O quartzo é intersticial. Os cristais de ortopiroxênio estão
alterados e fraturados. Polarizadores cruzados. Aumento 100X. Lâmina JD-A02.Plplagioclásio, Opx-ortopiroxênio, Qtz-quartzo, Bt-biotita............................................................40
Fotomicrografia IV. 12: Granulitos Monzocharnockíticos com textura granoblástica
decussada com cristais de ortopiroxênio sub-idioblástico e com plagioclásios com geminação
albita. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A01. Pl-plagioclásio, Cpxclinopiroxênio, Qtz-quartzo, Op-opacos, Opx-ortopiroxênio. ....................................................41
Fotomicrografia IV. 13: Granulitos Monzocharnockíticos com textura granoblástica
decussada e com cristais de piroxênio fraturados. Polarizadores cruzados. Aumento 25X.
Lâmina JD-A01. Pl-plagioclásio, Cpx-clinopiroxênio, Opx-ortopiroxênio, Qtz-quartzo, OpOpacos.............................................................................................................................................42
Fotomicrografia IV. 14: Detalhe da biotita com a forma de plaqueta e contato irregular
serrilhado. Exibe extinção “olho de pássaro”. Polarizadores cruzados. Aumento 200X.
Lâmina JD-A03. Pl-plagioclásio, Qtz-quartzo, Bt-biotita. ..........................................................42
Fotomicrografia IV. 15: Monzo-Sienogranitos com cristais de plagioclásio exibindo fraca
geminação e contatos curvos com outros cristais. Polarizadores cruzados. Aumento 100X.
Lâmina. JD-A07. Pl-plagioclásio, Qtz-quartzo, Fds-feldspato. ..................................................43
Fotomicrografia IV. 16: Monzo-Sienogranitos mostrando a mimerquita entre cristais de
plagioclásio , feldspato potássico e quartzo. Polarizadores cruzados. Aumento 100X. Lâmina
JD-A08. Pl-plagioclásio, Fds-feldspato, Op-opacos. ...................................................................44
Fotomicrografia IV. 17: Detalhe da microclína exibindo claramente a geminação
polissintética. Polarizadores cruzados. Aumento 100X. Lâmina JD-A07.Mic-microclína, Qtzquartzo, Cl-clorita, Bt-biotita. .......................................................................................................44
Fotomicrografia IV. 18: Cristais de quartzo orientados seguindo uma foliação de fluxo.
Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A06. Pl-plagioclásio, Qtz-quartzo, Opopacos. ............................................................................................................................................45
Fotomicrografia IV. 19: Monzo-Sienogranito mostrando cristais de quartzo alinhado.
Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A06. Pl-plagioclásio, Qtz-quartzo, Opopacos, Bt-biotita. ..........................................................................................................................45
Fotomicrografia IV. 20: Monzo-sienogranito com cristais de plagioclásio sericitizados e
quartzo estirado. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A06. Pl-plagioclásio,
Qtz-quartzo, Op-opacos, Bt-biotita. ..............................................................................................46
Fotomicrografia IV. 21: Cristais de plagioclásio ripformes imersos em matriz afanítica.
Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A.09. Pl-plagioclásio. ..............................47
Fotomicrografia IV. 22: Aglomerados de plagioclásio ripiformes com granulometria média
em uma matriz fina de plagioclásio. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A.09.
Pl-plagioclásio. ...............................................................................................................................47
Fotomicrografia IV. 23: Aglomerado de plagioclásio circundado por matriz afanítica. Sem
analisador. Aumento 25X. Lâmina JD-A10. Pl-plagioclásio. .....................................................48
Fotomicrografia IV. 24: Aglomerado de plagioclásio circundado por matriz afanítica.
Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A10. Pl-plagioclásio.................................48
Fotomicrografia IV. 25: Aglomerado de plagioclásio circundado por matriz afanítica,
exibindo cristais de piroxênio e horblenda. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina
JD-A10. Pl-plagioclásio, Px-Piroxênio, Hbl-hornlenda. .............................................................49
1
CAPÍTULO I
ASPECTOS INICIAIS
1.1 Introdução
A área de estudo está inserida no contexto do Cráton do São Francisco, (CSF), que
teve sua evolução terminada no final do Paleoproterozoico em cerca de 1,8 a 2,4Ga.
(ALMEIDA, 1977).
Segundo Barbosa e Sabaté (2002, 2003, 2004), na macro-unidade CSF estão presentes
as faixas móveis denominadas de Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá e Cinturão SalvadorEsplanada, que são possivelmente produtos das colisões de blocos arqueanos. O cinturão
Itabuna-Salvador-Curaçá (CISC) segundo Souza (2008), é formado por rochas metamórficas
de alto grau que se estendem de Itabuna-Ihéus ao sul, até as imediações da cidade de Curaçá
ao norte. O Cinturão Salvador-Esplanada (CSE), onde se insere a área de estudo, se estende
de Salvador na Bahia até Boquim no Estado de Sergipe.
Na porção sul do Cinturão Salvador-Esplanada, encontra-se situado o afloramento do
Jardim de Alah, finalidade principal desse estudo, e que se situa dentro da cidade de Salvador,
a qual está localizada entre as latitudes de 12º 59’ 52’’S e 12º 59’ 48’’S e entre as longitudes
de 38º 26’ 36’’W e 38º 26’ 30’’W (Figura I.1, I.2).
Ressalta-se que a cidade de Salvador, de uma maneira geral, raramente apresenta bons
afloramentos rochosos, devido principalmente às inúmeras construções imobiliárias. Isso
dificulta os trabalhos de mapeamento geológico e de suas litologias. Todavia mesmo com
todas essas dificuldades, alguns pesquisadores têm contribuído com trabalhos na cidade,
podendo-se citar entre os mais relevantes os de Barbosa et al. (2005, 2012); Souza (2008,
2009) e Souza et al. (2010).
2
Figura I. 1: Mapa simplificado do Estado da Bahia mostrando os domínios TectônicoGeocronológicos Arqueanos e Paleoproterozoicos.
Fonte: Modificado de Barbosa et al. (2012).
Portanto o afloramento estudado vem dar mais uma contribuição à lacuna de
informações geológicas de Salvador, sobretudo porque trata-se da coleta e organização de
dados geológicos de detalhe e que envolve estudos petrográficos do referido afloramento, que
possui uma área de aproximadamente 1.160m2.
3
1.2 Localização e Acesso
A área de trabalho localiza-se na porção centro-leste do Estado da Bahia,
(Figura I.2A), mais especificamente na zona costeira de Salvador, (Figura I.2B), na praia do
Jardim de Alah (Figura I.3A, I.3B), situada no bairro Costa Azul, em Salvador. A área de
estudo compreende os paralelos 12°30’S e 13°00’S e os meridianos 38°00’W e 38°30’W, e
está situada na Folha Topográfica de Salvador (SD-24-X-A-V).
Figura I. 2: Mapa de localização da área de estudo no Estado da Bahia mostrando a cidade de Salvador (A).
Localização do afloramento do Jardim de Alah (B).
0
3216 m
Fonte: Imagem de Satélite da Google Earth.
4
O acesso à área pode ser realizado através da Avenida Otávio Mangabeira, na orla
marítima de Salvador. O afloramento encontra-se em frente ao estacionamento principal da
praia do Jardim de Alah (Foto I.3B).
Figura I. 3: Mapa esquemático de localização da área de estudo (A). Imagem aérea georreferenciada da área
de Jardim de Alah (B).
A)
856 304 0
8562 980
B)
560360
560440
560520
0
Fonte: Imagem produzida pelo próprio autor.
30
60m
5
Foto I. 1: Visão geral do afloramento do Jardim de Alah. Foto tirada sobre o calçadão,
aproximadamente a 15m de distância da área de estudo, em frente ao estacionamento principal
da praia do Jardim de Alah.
Fonte: Foto produzida pelo próprio autor.
1.3 Objetivos
Visando contribuir para um melhor conhecimento da geologia da cidade de Salvador,
foi realizado mapeamento geológico de detalhe do afloramento do Jardim de Alah, cuja
pesquisa teve os seguintes objetivos: (i) identificar e caracterizar as rochas, através do estudo
petrográfico, e suas áreas de distribuição; (ii) entender o significado das texturas e possíveis
reações metamórficas envolvidas na formação dos litotipos da área através do estudo de
lâminas delgadas; e , (iii) elaborar um mapa geológico de detalhe da área na escala, 1: 450.
1.4 Metodologia de Trabalho
Para alcançar os objetivos propostos foram realizados, os seguintes procedimentos:
(i) pesquisa bibliográfica e interpretação de imagens aéreas da área, (ii) trabalhos de campo,
coleta de amostras sistemáticas das rochas, (iii) descrições petrográficas, e (iv) confecção do
mapa geológico e elaboração da presente monografia.
6
1.4.1 Pesquisas Bibliográficas e Interpretação Geológica de Imagens Aéreas
A pesquisa bibliográfica constou da revisão detalhada de trabalhos anteriores
existentes tanto sobre o contexto geológico regional, (Cráton do São Francisco, Cinturão
Itabuna-Salvador-Curaçá, Cinturão Salvador-Esplanada) quanto sobre os dados da geologia
local da cidade de Salvador. As fotos aéreas utilizadas foram obtidas por Souza (2008), que,
utilizando um avião de pequeno porte, sobrevoando a cerca de 300 metros de altura, capturou
imagens dos afloramentos da cidade de Salvador. Por sua vez os mapas de localização foram
obtidos do site da CONDER.
1.4.2 Trabalhos de Campo e Amostragem
Durante esta pesquisa foram realizadas várias campanhas de campo às rochas da praia
do Jardim de Alah para o estudo geológico da área e amostragem. Os trabalhos de
mapeamento da área foram divididos em duas etapas, de acordo com os períodos de baixamar e condições de segurança: (i) reconhecimento dos litotipos – depois de identificada a
variedade de rochas da área, foi realizada descrição macroscópica detalhada das mesmas,
além da coleta de amostras para a confecção de lâminas delgadas para estudos petrográficos, e
(ii) marcação dos limites e contatos litológicos das rochas sempre fotografando suas
principais características e feições estruturais.
1.4.3 Descrições Petrográficas
Das amostras coletadas foram confeccionadas 10 lâminas para estudos petrográficos,
aquelas consideradas mais representativas de cada litologia. No microscópio foi identificada a
mineralogia dos litotipos e as proporções dos minerais voltadas para sua classificação. Além
disso, foram identificadas as texturas e possíveis reações metamórficas dirigidas para melhor
caracterizar o metamorfismo. Nos estudos petrográficos foram utilizados os microscópios
Olympus BX41 do Laboratório de Petrografia, além do Carl Zeiss do (NGB)-Núcleo de
Geologia Básica, ambos locados no Instituto de Geociências da UFBA.
7
1.4.4 Confecção do Mapa Geológico / Monografia
Para confecção do mapa geológico do afloramento do Jardim de Alah, na escala 1:450,
utilizou-se fotos aéreas obtidas por Souza (2008). Em overlays de papel transparente foram
traçadas as estruturas dúcteis e rúpteis perceptíveis na escala de trabalho. As estruturas
dúcteis, delimitação dos litotipos, zonas de cisalhamentos e medidas estruturais de
foliação/bandamento foram também colocadas nos overlays.
Após confecção do mapa geológico, utilizou-se o programa Arcview 9.3 para o
georreferenciamento, além do programa Corel Draw para a arte final do mapa.
Concomitantemente com os trabalhos detalhados acima, foi sendo desenvolvida a monografia,
a qual foi evoluindo à medida que as etapas iam sendo concluídas. A presente monografia
constitui o Trabalho Final de Graduação do aluno, exigido pelo Curso de Graduação em Geologia
da UFBA.
8
CAPÍTULO II
GEOLOGIA REGIONAL
2.1 Introdução
A seguir estão colocadas de forma sucinta uma breve descrição do Cráton do São
Francisco (CSF), do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá, e do Cinturão Salvador-Esplanada
além do que se conhece sobre a geologia de Salvador.
2.2 Cráton do São Francisco
Essa unidade tectônica denominada por Almeida et al. (1977) apud Souza, (2008) de
Cráton do São Francisco (CSF) se consolidou desde os tempos pré-brasilianos do
Mesoproterozoico até os tempos brasilianos do Neoproterozoico. Ele apresenta uma forma
geométrica com contornos curvos, com uma área de milhares de quilômetros quadrados,
sendo composto por núcleos arqueanos e também por rochas mais jovens de idade
paleoproterozoica (Figura II.1). Segundo Almeida (1977) esse conjunto litológico cessou sua
evolução geotectônica no final do Paleoproterozoico.
De acordo com Barbosa e Sabaté (2002, 2003, 2004), o embasamento do CSF no
Estado da Bahia é subdividido em quatro segmentos crustais: Bloco Gavião (BG), Bloco
Jequié (BJ), Bloco Serrinha (BS) e o Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá (BISC) todos com
idades arqueanas. O Bloco Gavião é composto de rochas graníticas, granodioríticas e
migmatíticas, com remanescentes de suítes TTG de idade aproximada 3.4Ga (U-Pb SHRIMP
em zircões). O Bloco Jequié é formado de migmatitos com enclaves de supracrustais datadas
de 3.0-2.9Ga (Rb-Sr) além de intrusões graníticas-granodioríticas mais jovens com idades
2.8-2.7Ga (Rb-Sr, Pb-Pb RT, U-Pb SHRIMP em zircão), todos reequilibrados na fácies
granulito. O Bloco Serrinha é composto por ortognaisses graníticos-granodioríticos e
tonalíticos com idades entre 3.1 e 2.8Ga (Rb-Sr, Pb-Pb evaporação zircão, U-Pb em zircão),
equilibrados na fácies anfibolito. O Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (CISC), é constituído
por tonalitos-trondhjemitos e faixas de rochas supracrustais associadas à gabros/basaltos de
back-arc ou fundo oceânico, todos estes litotipos reequilibrados na fácies granulito. Nesse
9
caso as idades em zircões (Pb-Pb evaporação e U-Pb SHRIMP em zircão) variam de 2.6 a
2.1Ga (BARBOSA e SABATÉ, 2003).
Figura II. 1: Mapa de localização do Cráton São Francisco (CSF) no Brasil (A). Mapa geológico do CSF, com
destaque para as faixas móveis (modificado de ALMEIDA et al., 1981) (B). Mapa geológico regional com a
área de estudo, indicada por seta vermelha (C).
A)
B)
C)
Fonte: Modificado de Corrêa-Gomes et al. 2005.
Vale colocar que Barbosa et al. (2012), a partir da atualização dos dados geológicos
existentes, volta a ressaltar a presença dos blocos arqueanos citados anteriormente, embora
tenha individualizado também o Bloco Uauá, além dos Cinturões Itabuna-Salvador-Curaçá e
o Cinturão Salvador-Esplanada. Segundo os autores citados anteriormente, estes segmentos
arqueanos colidiram no Paleoproterozoico quando então houve, concomitantemente, uma
10
intensa produção de rochas metamórficas cujas fácies variam de xisto verde a anfibolito,
chegando até granulito e com múltiplos eventos de granitogênese. Ainda segundo Almeida
(1977 apud SOUZA 2008), o CFS é um componente importante da Plataforma SulAmericana aflorando em grande parte no Estado da Bahia, embora com porções menores no
Estado de Minas Gerais. Constata-se ainda que na porção mais oriental do CSF, encontram-se
rochas metamórficas de alto grau, polideformadas, e geralmente metamorfizadas na fácies
granulito. Esses metamorfitos correspondem às raízes do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá,
de orientação geral N-S e de idade paleoproterozoica, situada entre 2,2 a 2,0Ga, (BARBOSA
e SABATÉ, 2004).
Contornando essa entidade tectônica encontram-se as Faixas de Dobramentos
Brasilianas, que segundo Almeida (1977) foram individualizadas em: (i) Faixa Brasília na
margem oeste; (ii) a Faixa Sergipana a nordeste; (iii) Rio Preto e Riacho do Pontal a norte,
(iv) e Araçuaí a sul, esse ultimo com contorno original posicionado aproximadamente no
limite entre os Estados da Bahia e Minas Gerais (Figura II.1).
Dois riftes aparecem truncando o CSF. O primeiro rifte, situado na porção ocidental
baiana é representado pelo Aulacógeno do Paramirim (SCHOBBENHAUS, 1996;
DANDERFER, 2000; CRUZ e ALKMIM, 2006), cuja evolução teve início a partir do
Paleoproterozoico, e com sua abertura em torno de 1,7Ga. Segundo Cruz (2004), este rifte
está orientado segundo a direção N-S, tendo neles se depositado as unidades litológicas do
Supergrupo Espinhaço, (Paleoproterozoico a Mesoproterozoico), e do Supergrupo São
Francisco, (Neoproterozoico).
O segundo rifte de idade Cretácea, trunca a porção oriental do Cráton, tendo se
desenvolvido na direção NNE-SSW, e formado durante a separação da América do Sul e o
continente Africano. Esse rifte deu origem na Bahia e Sergipe à Bacia do Recôncavo-TucanoJatobá (MAGNAVITA et al., 2005).
2.3 Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá
O Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (CISC) que faz parte do Orógeno ItabunaSalvador-Curaçá, corresponde a uma mega estrutura existente ao longo da costa baiana,
seguindo em direção ao norte do Estado até as proximidades da cidade de Curaçá. Esse
segmento é constituído por granulitos tonalíticos-trondhjemitos cujos protólitos têm idade
mesoarqueana a paleoproterozoica, sendo essas rochas interpretadas como resultado da fusão
de crosta oceânica toleiítica. Granulitos monzoníticos-shoshoníticos de 2,4Ga, também
11
ocorrem no CISC, incluindo ainda corpos charnockíticos com enclaves máfico-ultramáficos
com idade de 2,6Ga e, mais raramente, rochas supracrustais (quartzitos com granada, gnaisses
alumino-magnesianos com safirina, grafititos e formações manganesíferas). Também ocorrem
gabros/basaltos de fundo oceânico e/ou bacias back-arc de fonte mantélica todos
granulitizados (BARBOSA e SABATÉ, 2004).
2.4 Cinturão Salvador-Esplanada
O Cinturão Salvador-Esplanada (CSE), como uma bifurcação do CISC, é constituído
por rochas metamórficas, orientadas segundo a direção NE-SW. Ele que forma uma faixa
móvel (BARBOSA e DOMINGUEZ, 1996), na qual os domínios geológicos da cidade de
Salvador estão inseridos, (Figura II.2). Nesse Cinturão, existem rochas metamórficas de alto
grau, incluindo granulitos, que se estendem até Boquim, no Estado de Sergipe.
De acordo com as descrições acerca da geologia deste segmento, realizada por
Oliveira Jr. (1990), e Delgado et al. (2002), o cinturão Salvador-Esplanada é constituído
litologicamente por: (i) ortognaisses migmatíticos com tendência alcalina a subalcalina, (ii)
ortognaisses charnoenderbíticos e charnockíticos, (iii) ortognaisses com termos félsicos,
tonalíticos-granodioríticos e máficos, (gabros anfibolitizados com filiação toleiítica), além de
granitos com tendência alcalina.
Em sua porção nordeste, o Cinturão Salvador-Esplanada encontra-se coberto pelos
depósitos neogénicos da Formação Barreiras e na parte sudoeste pelas rochas sedimentares da
Bacia do Recôncavo-Tucano, antes referida.
12
Figura II. 2: Mapa de localização do Cinturão Salvador-Esplanada, com a área de
estudo de Jardim de Alah.
Fonte: Modificado de Barbosa et al. (2012).
2.5 Geologia de Salvador
Inserida no Cinturão Salvador-Esplanada, a região metropolitana de Salvador foi
subdividida por Barbosa e Dominguez (1996) em três domínios geológicos principais: Bacia
Sedimentar do Recôncavo, Margem Costeira Atlântica e o Alto de Salvador.
13
A Bacia Sedimentar do Recôncavo é limitada a leste pelo sistema de falhas de
Salvador, a oeste pela falha de Maragogipe, a norte e noroeste pelo Alto de Aporá, e a sul pelo
sistema de falhas da Barra. É preenchida por rochas sedimentares mesozoicas e seu
embasamento é composto predominantemente por gnaisses granulíticos arqueanos além das
rochas metassedimentares neoproterozoicas.
A Margem Costeira Atlântica é formada por depósitos terciários e quaternários,
correspondendo aos sedimentos areno-argilosos da Formação Barreiras, e às coberturas
recentes formadas basicamente por areias de praia.
O Alto de Salvador consiste de um horst, limitado a oeste pela Falha de Salvador
sendo composto por rochas metamórficas de alto grau, e cortadas subordinariamente por
rochas intrusivas monzo-sienograníticas e por diques máficos. O alto de Salvador separa a
Bacia Sedimentar do Recôncavo a oeste, do Oceano Atlântico localizado a leste. No Alto de
Salvador dois domínios topográficos foram identificados por Barbosa et al. (2005), os quais
são separados por uma zona rúptil denominada de Falha do Iguatemi, subparalela à Falha de
Salvador. A porção oeste do Alto de Salvador é caracterizada por terrenos que possuem um
relevo mais pronunciado, com altitudes maiores que 60m sendo composto por rochas
metamórficas de alto grau (fácies granulito). Essa porção oeste foi amplamente pesquisada
por Barbosa et al. (2005) e Cruz (2005). A porção leste é caracterizada por terrenos mais
rebaixados, com altitudes menores que 30m, possuindo rochas metamórficas das fácies
granulito e anfibolito, segundo Barbosa et al. (2005), e (SOUZA, 2009). Essa porção leste,
foi estudada pioneiramente por Fujimori (1988), seguida por Souza (2008), que trabalhou
sobretudo na área do Farol da Barra, onde foram feitas descrições de lâminas delgadas e
análises das estruturas rúptil-dúcteis ali presentes. Os trabalhos desses autores estão
estampados no mapa geológico escala 1: 1000 da figura II.3.
Um segundo trabalho de extrema importância para cidade de Salvador foi à
dissertação de mestrado de Souza (2009), cujo detalhamento das litologias de Salvador os
separou em: (i) enclaves ultramáficos e máficos granulitizados; (ii) granulitos paraderivados;
(iii) granulitos ortoderivados; (iv) diques máficos e, (v) corpos tabulares monzo–
sienograníticos.
Outros trabalhos recentes na região da cidade de Salvador são aqueles de Souza et al.
(2010), que identificou e separou rochas tipo: (i) granulitos paraderivados, incluindo
granulitos alumino-magnesianos, granitos granadíferos, granulitos básicos e quartzitos; (ii)
encraves de granulitos ultramáficos e máficos; (iii) granulitos ortoderivados, compostos de
granulitos tonalíticos, granulitos charnoenderbíticos, granulitos monzo-charnockíticos e
14
granulitos quartzo-monzodioríticos; (iv) corpos monzo-sienograníticos; e (v) diques máficos,
metamórficos e não metamórficos.
Destacam-se também as monografias, de Abrahão (2009), que realizou mapeamento
estrutural da porção sul da Falha de Salvador, a monografia de Leal (2010), que fez um estudo
petrográfico dos litotipos do Morro do Cristo, e por fim, a monografia de Cruz (2013), que
apresenta uma caracterização petrográfica e geoquímica dos diques máficos das praias do
Jardim de Alah, Paciência e Ondina.
15
Área de Estudo
Figura II. 3: Mapa Geológico de Salvador mostrando a área de estudo apontada com seta em
vermelho com localização do Jardim de Alah.
Fonte: Modificado de Barbosa e Souza et al. (2009).
16
CAPÍTULO III
MAPEAMENTO GEOLÓGICO DE DETALHE
3.1 Introdução
Como visto no capítulo anterior, as rochas do Jardim de Alah fazem parte da porção
denominada Alto de Salvador. As rochas desse alto tectônico foram previamente estudadas
por Barbosa et al. (2005), Cruz (2005) e Souza (2009), embora as escalas utilizadas não
tenham sido de detalhe como a utilizada neste trabalho.
O mapeamento geológico agora realizado permite visualizar melhor os litotipos
presentes por meio de descrições macroscópicas de campo, estudos petrográficos e
caracterização das estruturas deformacionais, cujos dados finais permitiram a elaboração da
monografia e o mapa geológico da área na escala 1:450.
Com base nas informações obtidas em campo e no escritório, as rochas da área de
estudo foram subdivididas em cinco unidades litológicas, a saber: (i) Granulitos AluminoMagnesianos; (ii) Granulitos Monzocharnockíticos; (iii) Monzo-sienogranitos; (iv) Diques
Máficos; e (v) Sedimentos Recentes.
A distribuição dos respectivos litotipos na área mapeada está apresentada no mapa da
figura III.1 e no Anexo I. Além das rochas metamórficas e ígneas identificadas, foram
também limitados os sedimentos recentes, representados pelas areias de praia.
As principais unidades litológicas encontradas no afloramento foram descritas com
base nas características macroscópicas, tendo como foco os aspectos de colocação, as relações
de contatos, a composição mineralógica, bem como as feições estruturais. Para isso, fez-se
uso de equipamentos como martelo geológico, lupa de bolso, além de algumas feições de
alteração observadas nas diversas idas para estudar o afloramento.
17
18
3.2 Granulitos Alumino-Magnesianos (Sp)
Os granulitos paraderivados, denominados nesse trabalho de granulitos aluminomagnesianos, encontram-se distribuídos na parte oeste da área, ocorrendo sob a forma de uma
mega-lente com eixo na direção NE-SW, afinando-se em direção ao oceano. Perfaz uma área
de cerca de 12% do mapa (Figura III.1, Anexo I). Essas rochas se apresentam sob a forma de
mega-boudins, inclusas tectonicamente nos granulitos monzocharnockíticos. Os contatos com
as outras unidades são curvos (Anexo I).
Essas rochas quando semi-alteradas apresentam coloração variando do cinza claro ao
cinza rosado (Foto III.1). Quando fracamente alteradas apresentam tons avermelhados
(Fotos III.2 e III.3), fato que oblitera as estruturas deformacionais dificultando a sua
compreensão.
A mineralogia observada em campo, por meio do uso de lupa de bolso (10x), contém
quartzo, k-feldspato, piroxênio, granada e biotita. Minerais opacos podem também ser notados
com a lupa. Os cristais apresentam granulação média (Fotos III.4, III.5). A percentagem de
granada diminui para o NE do afloramento. A presença da textura coronítica de cordierita na
granada sugere um processo de retrometamorfismo, fato que pode ser observado no
afloramento da foto III.4. Feições de esfoliação esferoidal no afloramento podem ser
identificadas localmente.
A rocha possui uma foliação Sn, considerada como penetrativa, com orientações
preferências para NE. Não foram vistas indicações de estruturas primárias. As fraturas
encontradas são de caráter semi-rúptil, com orientações preferenciais NW-SE.
As zonas de cisalhamento encontradas nessa unidade possuem preferencial orientação
NE-SW, com movimento aparente sinistral, tipo dúcteis-rúpteis de alto ângulo.
19
Foto III. 1: Granulito Alumino-Magnesiano
com
granada,
apresentando
coloração
avermelhada. Visão em Perfil. Martelo aponta o
norte. Coordenadas UTM: 560420/ 8563040.
Foto III. 3: Granulito Alumino-Magnesiano
com fragmento de rocha em detalhe. Visão em
perfil. Martelo aponta o norte. Coordenadas
UTM: 560440/8562900.
Foto III. 2: Granulito Alumino-Magnesiano com
crosta superficial produto da alteração
intempérica. Visão em Perfil. Martelo aponta o
norte. Coordenadas UTM: 560450/8562980.
Foto III. 4: Granulito Alumino-Magnesiano
com textura fanerítica média, destacando os
cristais de granada. Visão em Perfil.
Coordenadas UTM: 560440/8562780.
Foto III. 5: Granulito Alumino-Magnesiano,
destacando os cristais de granada. Lápis aponta o
norte. Visão em Perfil. Coordenadas UTM:
560440/8562780.
Fonte: Fotos III.1, III.2, III.3, III.4, III.5 produzidas pelo autor.
20
3.3 Granulitos Monzocharnockíticos (MZCh)
Este litotipo tem como protólito rochas ortoderivadas (SOUZA, 2009). Esta litologia é
menos alterada e distribuída quase que uniformemente em toda a área. Destaca-se mais nas
partes central e leste da área de estudo (Figura III.1, Anexo I).
Constitui o litotipo de maior expressividade na área de estudo, ocupando cerca de 75%
das rochas presentes no mapa geológico recém elaborado. Esses granulitos possuem
características macroscópicas heterogêneas, quanto ao índice de cor que varia de acordo com
a alteração superficial a que foram submetidos. Nas partes menos alteradas apresentam
coloração cinza-esverdeada a preta; nas partes mais alteradas aparecem com tons castanhoamarelados. A diferença de coloração pode ser oriunda tanto pela diferença composicional da
rocha, quanto pela ação intempérica em cada nível do afloramento. Pode-se ressaltar que os
afloramentos que estão sujeitos ao ataque das ondas marinhas, são naturalmente mais frescos,
apresentando cores escuras (Foto III.6).
Segundo Barbosa et al. (2005), estes granulitos são rochas consideradas quimicamente
intermediárias, pois possuem teores de sílica de 54 a 69% e contêm minerais de granulométria
média, evidenciados preferencialmente nos bandamentos gnáissicos composicionais.
Os contatos com as outras litologias são variados (retos ou levemente ondulados) e vez
por outra se faz através de zonas de cisalhamento. São cortados por diques máficos e corpos
de monzo-sienogranitos.
O bandamento gnáissico mostra uma alternância de bandas félsicas e máficas com
granulometria média à fina e, em menor instância, grossa. A espessura do bandamento varia
em média de 5 milímetros a 30 centímetros. Às vezes estão orientados, com a foliação se
destacando mais que os bandamentos (Fotos III.7, III.8).
21
Foto III. 6: Granulito Monzocharnockítico
com coloração escura e bastante fraturado.
Visão em Planta. Martelo aponta o norte.
Coordenadas UTM: 560410/ 8562030.
Foto III. 7: Granulito Monzocharnockítico com
foliação incipiente e mineralogia fanerítica
média. Visão em Perfil. Lapiseira aponta o norte.
Coordenadas UTM: 560430/856205.
Fonte: Fotos III.6, III.7 produzidas pelo autor.
No campo, por meio da lupa de bolso (10x) nota-se que a composição mineralógica
predominante é formada por quartzo, piroxênio, anfibólio, minerais opacos, k-feldspato e
plagioclásio, este último mineral com tamanhos dos grãos variando entre 0,3cm a 0,5cm
aproximadamente na região NW-SE com aumento da espessura para SE atingindo até 1,0cm
(Foto III.9).
Foto III. 8: Granulito Monzocharnockítico com
bandamento
composicional
milimétrico
destacando-se bandas félsicas e fratura
proeminente. Visão em Perfil. Lapiseira aponta
o norte. Coordenadas UTM: 560440/ 8562200.
Foto III. 9: Granulito Monzocharnockítico
com textura fanerítica média. Visão em perfil.
Martelo aponta o norte. Coordenadas UTM:
560410/ 8562030.
Fonte: Fotos III.8, III.9 produzidas pelo autor.
22
As bandas máficas que ocorrem intercaladas com o bandamento do granulito monzosienogranitico são compostas em geral por piroxênio e anfibólio, este último, com
granulometria variando de 0,4cm a 0,6cm (Foto III.9).
A foliação Sn é penetrativa, imprimindo na rocha um bandamento cujas bandas
possuem granulometria fina a média (Foto III.10). A orientação preferencial possui trend
principal NW-SE (Foto III.11). Esse litotipo encontra-se bastante deformado e é de alto grau
metamórfico.
Foto III. 10: Detalhe da foliação Sn mostrando o
bandamento.Visão em Planta. Lapiseira de escala.
Coordenadas UTM: 560430/856205.
Foto III. 11: Detalhe da foliação Sn. Visão em Perfil.
Moeda como
escala. Coordenadas
UTM:
560440/856225.
Fonte: Fotos III.10, III.11 produzidas pelo autor.
23
3.4 Monzo-Sienogranítos (MSGr)
Os corpos monzo-sienograníticos, assim como os diques máficos, apresentam-se como
corpos aproximadamente tabulares. Encontram-se na parte sudoeste do afloramento de Jardim
de Alah e correspondem a cerca de 8% do total das rochas representadas no mapa geológico
(Figura III.1, Anexo I).
São rochas isotrópicas formando corpos intrusivos que cortam as unidades anteriores
granulíticas. A textura predominante é fanerítica média indo localmente a grossa (Foto III.12).
Os contatos com as outras unidades são retos a irregulares e em geral não exibem deformação
(Fotos III.13, III.14).
O índice de coloração varia de marrom claro a bege com porções avermelhadas nas
regiões mais alteradas (Foto III.15). Na área de estudo esses corpos ocorrem de uma forma
mais evidente na parte sudoeste do mapa onde são mais espessos que os diques máficos.
Exibem espessura de 1,50m e comprimento por volta dos 27m a 33m. Ocorrem corpos
menores secundários, formando diques com espessuras centimétricas, não sendo possível a
representação na escala de mapeamento (Foto III.16).
Na descrição macroscópica por meio de lupa de bolso (10x) identificou-se a presença
de cristais de feldspatos potássicos com tamanhos variando aproximadamente de 0,5cm a
1,2cm, além de quartzo, plagioclásio, minerais opacos e biotita (Foto III.15).
Foto III. 12: Monzo-Sienogranito com granulométria
média. Lapiseira aponta o norte. Visão em planta.
Coordenadas UTM: 560110/ 8560300.
Fonte: Foto III.12 produzida pelo autor.
24
Foto III. 13: Corpo monzo-sienogranítico,
cortando os Granulitos Monzocharnockíticos.
Prancheta como escala. Coordenadas UTM:
560410/ 8562900.
Foto III. 14: Corpo monzo-sienogranítico
bastante alterado com espessura de 1,50m.
Martelo aponta o norte. Coordenadas UTM:
560490/ 8563020.
Foto III. 15: Monzo-Sienogranito apresentando granulação
fanerítica média e cristais de k-feldspato de tamanhos entre 0,6
a 1,0cm. Moeda com escala. Coordenadas UTM:
560400/8562800.
Fonte: Fotos III.13, III.14, III.15 produzidas pelo autor.
25
Foto III. 16: Dique secundário monzo-sienogranítico com
pequena espessura cortando um enclave máfico. Lapiseira
aponta o norte. Coordenadas UTM: 560410/ 8562200.
Fonte: Foto III.16 produzida pelo autor.
De acordo com Souza (2008), essas rochas intrusivas foram separadas em duas fácies:
os meta-monzosienogranitos e os monzo-sienogranitos. A diferença entre os dois seria a
deformação e o metamorfismo, embora a composição mineralógica seja a mesma em ambos
os casos.
3.5 Diques Máficos (Diq)
Como podem ser observados no mapa geológico do afloramento de Jardim de Alah, os
diques máficos que alí ocorrem pertencem, respectivamente, à Província Metamórfica de
Salvador e a Província Litorânea segundo denominações de Corrêa-Gomes et al. (1996) e
Menezes Leal et al., 2012 apud Cruz (2013). Os diques máficos aparecem cortando as rochas
anteriores, em duas direções preferenciais: N-S e E-W. Suas espessuras situam-se entre 1,8m
e 1,5m, respectivamente.
Apresentam-se como corpos tabulares, sendo mais expressivos aqueles com maiores
espessuras situados na parte central da área. Intrusões de diques de menores espessuras
cortam transversalmente não só os diques anteriores, mas também as rochas granulíticas e
corpos monzo-sienograníticos descritos anteriormente. Estes diques máficos correspondem a
cerca de 5% das rochas aflorantes em Jardim de Alah (Figura III.1 e Anexo I).
Os diques em geral possuem contatos retos, (Foto III.17) embora localmente sejam
reentrantes demonstrando uma mistura mecânica de magma com o monzo-sienogranito antes
26
descrito (Foto III.18). A coloração desses diques varia do preto ao preto-esverdeado. A rocha
se mostra afanítica a fanerítica muito fina (Fotos III.19 e III.20).
Segundo Cruz (2013), esses diques são compostos de plagioclásio, minerais ferromagnesianos, opacos, biotita e clorita, valendo colocar que com a lupa, em geral, não se
verifica esses minerais. A descrição microscópica dos diques será mostrada no capítulo
seguinte. Entretanto, em algumas amostras de mão percebe-se, com a lupa (10x), a presença
de plagioclásio, piroxênio, minerais opacos e biotita. São rochas que não sofreram
deformações (Fotos III.21, III.22). A presença de esfoliação esferoidal resultante da
desagregação imprime na rocha um aspecto arredondado com forma concêntrica. Às vezes se
mostram cortados por fraturas e falhas com deslocamento dextral e sinistral.
Foto III. 17: Dique máfico cortando o Granulitos
Monzocharnockíticos. Bússola aponta o norte. Visão
em planta. Coordenadas UTM: 560470/ 8562100.
Foto III. 18: Dique máfico com estruturas de mistura
com o monzo-sienogranito. Bússola aponta o norte.
Visão em planta. Coordenadas UTM: 560450/
8572100.
Fonte: Fotos III.17, III.18 produzidas pelo autor.
27
Foto III. 19: Dique máfico com contatos retos
cortando os granulitos monzocharnockíticos.
Lapiseira aponta o norte. Visão em planta.
Coordenadas UTM: 560440/ 8562200.
Foto III. 21: Dique máfico cortando o
granulitos monzocharnockíticos. Bússola
aponta o norte. Visão em planta. Coordenadas
UTM: 560440/ 8562200.
Foto III. 20: Dique máfico cortando os granulitos
monzocharnockítico. Lapiseira aponta o norte. Visão
em perfil. Coordenadas UTM: 560440/ 8562200.
Foto III. 22: Dique máfico alterado e apresentando
fraturas verticais. Martelo aponta o norte. Visão
em perfil. Coordenadas UTM: 560440/ 8562200.
Fonte: Fotos III.19, III.20, III.21, III.22 produzidas pelo autor.
.
28
3.6 Sedimentos Recentes (Qa)
Os sedimentos recentes da área de estudo são representados pela areia de praia.
Distribuem-se nas porções extremas tanto a leste quanto a oeste do mapa (Figura III.1 e
Anexo I) sendo constantemente retrabalhadas pelo mar (Fotos III.23, III.24).
Apresentam granulometria fina a grossa, constituídos por grãos arredondados e semiarredondados de quartzo e minerais opacos. Em geral são encontrados em zonas rebaixadas
topograficamente, preenchendo pequenos espaços no afloramento, os quais quando na maré
baixa represa as águas do mar, formando pequenos lagos temporários aproveitados pelos
banhistas.
Possuem estratificação ou de topo swash com leve inclinação mergulhando no sentido
da linha de costa. Nesses sedimentos é comum a presença de bioclastos juntos com os grãos
de quartzo (Foto III.24).
Foto III. 23: Sedimentos arenosos da praia de
Jardim de Alah na lateralidade leste do
afloramento.
Foto III. 24: Sedimentos de areia foca, e com a
presença de fragmentos de bioclastos.
Fonte: Fotos III.23, III.24 produzidas pelo autor.
29
CAPÍTULO IV
PETROGRAFIA
4.1 Introdução
Os diferentes litotipos de rochas que ocorrem no afloramento do Jardim de Alah foram
caracterizados petrograficamente como: (i) Granulitos Alumino-magnesianos, (ii) Granulitos
Monzocharnockíticos, (iii) Monzo-sienogranitos e (iv) Diques Máficos. Os dados
petrográficos foram obtidos através do estudo de 14 lâminas delgadas, as quais foram
descritas minuciosamente.
Para facilitar a descrição petrográfica, às lâminas foram separadas em três grupos
(Foto IV.1) em função da granulometria: fina, média, grossa.
Foto IV. 1: Lâminas das rochas do afloramento de Jardim de Alah para a
descrição petrográfica, separadas em 3 grupos pela granulação.
Fina
Média
Grossa
Fonte: Foto IV.1 produzida pelo autor.
30
Durante as análises petrográficas foram observadas as relações de contato entre os
minerais, a granulometria, as texturas, além das feições de alterações, que auxiliaram na
descrição das litologias e a compreensão da ordem de recristalização dos minerais.
O estudo das principais características observadas nas lâminas seguiu as orientações
de Sial e Mcreath (1984), Wernick (2004) e Winter (2009), conforme descrito a seguir.
Com relações às texturas, considerou-se: (i) textura granoblástica granular, quando o
arranjo dos minerais se dá na forma de grãos que tendem a ser equidimensionais; (ii) textura
porfiroblástica, quando espécies minerais destacam-se em tamanho na matriz da rocha e
foram desenvolvidos durante o processo metamórfico; (iii) textura poiquilítica quando cristais
maiores englobam numerosos cristais menores de uma ou mais espécies minerais; (iv) textura
mirmequítica quando ocorre intercrescimento entre cristais de plagioclásio e vênulas de
quartzo em forma de bastões irregulares, (v) textura ofítica quando aparecem ripas de
plagioclásio nas rochas vulcânicas englobadas por cristais maiores de piroxênios, e (vi)
textura porfirítica quando há presença de grandes cristais dispersos em uma massa
fundamental de granulação fina ou vítrea, típico de textura de rochas ígneas.
Com relação aos processos de alteração de determinados minerais considerou-se: (i)
saussuritização que refere-se à alteração do plagioclásio transformando-o em epídoto e
saussurita, e (ii) sericitização que refere-se ao processo pelo qual minerais de feldspato são
hidratados para produzir sericita. Estágios incipientes podem ser reconhecidos pelo
surgimento de uma fina “poeira” de sericita identificada sobre os feldspatos quando em luz
plano polarizada.
Com relação à granulometria, considerou-se: (i) rocha com granulometria fina, onde o
tamanho dos grãos varia entre 0,1 < 0 ≤ 1,0mm; (ii) rocha com granulometria média, quando
o tamanho dos grãos situa-se entre 1,0 < 0 ≤ 5,0mm; (iii) rocha com granulometria grossa,
quando o tamanho dos grãos situa-se entre 5,0 < 0 ≤ 20,0mm; e (iv) rocha com granulometria
muito grossa quando o tamanho dos grãos ocorre 0 ≥ 20,0mm.
Com relação ao tamanho dos cristais considera-se: (i) matriz, quando o tamanho dos
cristais ocorre 0 ≤ 0,1mm; (ii) microfenocristal, quando o tamanho dos cristais situa-se entre
0,2< 0 ≤ 0,5mm; (iii) fenocristal, quando o tamanho dos cristais situa-se entre 0,5 < 0 ≤
2,0mm; (iv) macrofenocristal, quando o tamanho dos cristais situa-se entre 2,0 < 0 ≤ 10,0mm.
31
Com relação à proporção de fenocristais na rocha, considerou-se: (i) rocha fracamente
porfirítica, quando existem ≤ 5% de fenocristais; (ii) rocha moderadamente porfirítica, quando
existe uma quantidade de fenocristais variando de 5 até mais de 10% , e (iii) rocha fortemente
porfirítica, quando existem ≥ 10% de fenocristais.
Na tabela IV.1 são apresentadas as proporções modais dos litotipos observados no
afloramento da praia do Jardim de Alah, e na figura IV.1 sua classificação mineralógica. Para
as proporções modais foram utilizadas somente 10 lâminas delgadas: duas lâminas dos
Granulitos Alumino-magnesianos, três lâminas dos Granulitos Monzocharnockíticos, três
lâminas dos Monzo-sienogranitos e duas lâminas dos diques máficos. Além dessas, quatro
lâminas foram observadas, no entanto, devido à espessura inapropriada foram descartadas da
descrição petrográfica detalhada.
32
Quadro IV.1: Composição modal das lâminas petrográficas estudadas. JD-A =Jardim de Alah. Siglas: Pl= Plagioclásio, Ol= Olivina, Px= Piroxênio, Bt=
Biotita, Hbl= Hornblenda, Crd= Cordierita, Grt= Granada, Op= Minerais Opacos, Mic= Microclina, Qtz= Quartzo, Mp= Mesopertita, Ap=Apatita.
(Abreviações dos minerais segundo Kretz (1983), Spear (1993), Fettes e Desmons (2007).
Rochas
Lâminas
Pl
Granulitos Alumino-Magnesianos
Granulitos Monzocharnockíticos
JD-A.04
JD-A.05
JD-A.01
JD-A.02
JD-A.03
Minerais Metamórficos
12%
15%
36%
41%
35%
Px
7%
8%
10%
12%
10%
Qtz
20%
23%
32%
29%
30%
Mp
31%
_
29%
_
10%
_
9%
_
10%
_
Grt
14%
10%
_
_
Op
7%
Mic
Crd
5%
Bt
4%
_
Hbl
Op
Ap
_
_
10%
_
Minerais Retrometamórficos
_
_
3%
2%
Minerais Acessórios
_
_
Fenocristais
Dique Máficos
Pl
Px
JD-A.09
15%
9%
JD-A.10
17%
8%
Fonte: Quadro IV.1 elaborado pelo próprio autor.
5%
4%
2%
1%
Monzo-Sienogranitos
JD-A.06
JD-A.07
JD-A.08
Fenocristais
10%
7%
6%
_
_
_
40%
_
35%
_
39%
_
_
30%
_
41%
_
36%
_
_
_
_
_
_
_
1%
_
4%
14%
_
8%
_
_
5%
Microfenocristais
_
10%
1%
Minerais Acessórios
5%
5%
5%
1%
1%
1%
7%
_
10%
2%
_
_
Matriz
Hbl
6%
5%
Op
3%
2%
Pl
36%
44%
Ol
6%
2%
Px
19%
17%
Op
6%
5%
33
Figura IV. 1: Diagrama Q-A-P (Streckeisen, 1976) com a projeção das amostras mais
representativas dos litotipos granulíticos do afloramento do Jardim de Alah. 3a – campo dos
charnockitos; 3b – campo dos monzo-sienogranitos; 10- campo dos gabros/basaltos.
Fonte: Imagem produzida pelo próprio autor.
4.2 Granulitos Alumino-Magnesianos
Este litotipo foi estudado petrograficamente através das lâminas JD-A.04 e JD-A.05, e
corresponde às rochas denominadas nesse trabalho de granulitos alumino-magnesianos.
Essas rochas possuem textura granoblástica, granulação fina a média, exibindo
porfiroblastos de granada na matriz granoblástica granular. A composição mineralógica
dessas rochas é constituída de mesopertita (29 a 31%), quartzo (20 a 23%), granada (10 a
14%), piroxênio (7 a 8%), e plagioclásio (12 a 15%), como minerais principais.
Subordinadamente ocorrem minerais opacos (7 a 10%), e cordierita (5%). Cristais de biotita
marrom (3 a 4%) e hornblenda (0 a 2%) aparecem de forma secundária, produtos do
retrometamorfismo (Fotomicrografias IV.1, IV.2).
34
Fotomicrografia IV. 1: Cristais de granada e biotita
avermelhada secundária. Sem analisador. Aumento 25X.
Lâmina JD-A04. Grt-granada, Qtz-quartzo, Bt-biotita, Opopacos.
Fotomicrografia IV. 2: Granulitos alumino-magnesiano com
textura porfiroblástica, destacando a granada e a biotita
avermelhada, matriz granoblástica granular. Polarizadores
cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A04. Grt-granada,
Qtz-quartzo, Bt-biotita, Op-opacos.
Qtz
Op
Qtz
Bt
Grt
Grt
Fonte: Fotomicrografias IV.1, IV.2 produzidas pelo próprio autor.
A mesopertita aparece sob a forma de grãos com tamanho variando entre 1 e 3mm.
Exibe lamelas orientadas segundo a foliação incipiente da rocha. O quartzo ocorre em grãos
estirados, de 0,2 a 0,6mm, e exibindo freqüentemente extinção ondulante, por vezes paralela à
foliação. Os cristais de mesopertita são em geral xenoblásticos.
35
O piroxênio é do tipo enstatita, ocorre sob a forma de grãos xenoblásticos a
hipidioblásticos de 0,10 a 1,5mm de diâmetro. São levemente pleocróicos, variando de incolor
a castanho-pálido. Eles são relativamente raros, e quando ocorrem estão sempre associados
com granada, biotita e opacos.
O segundo piroxênio é do tipo diopsídio, ocorre como cristais xenoblásticos a subidioblásticos, com tamanhos variando entre 0,5 e 1,0mm. Os contatos entre si e com os outros
minerais são geralmente retilíneos a levemente curvos. Encontram-se bastante fragmentados e
com extinção paralela às clivagens do mineral. Exibe cor de interferência alta de segunda
ordem. A hornblenda é xenoblástica, aparecendo no contato entre as mesopertitas e os
piroxênios.
A granada mostra-se sempre fraturada, e aparece na forma de cristais xenoblásticos.
Representa entre 10 a 14% da rocha, exibindo cor avermelhada, contornos irregulares e com
inclusões de quartzo e plagioclásio. A granada, apresenta tamanhos de 1 a 6mm,
(Fotomicrografias IV.3, IV.4, IV.5). Geralmente mostram inclusões de biotita e quartzo. O
contato com os outros minerais é do tipo suturado ou lobado.
Fotomicrografia IV. 3: Granada porfiroblástica
em uma matriz de Qtz+Pl. Sem analisador.
Aumento 25X. Lâmina JD-A04. Grt-granada,
Qtz-quartzo, Pl- plagioclásio,Op-opacos.
Fotomicrografia IV. 4: Mesma lâmina anterior
com polarizadores cruzados. Aumento 25X.
Lâmina JD-A04. Grt-granada, Qtz-quartzo, Plplagioclásio, Op-opacos.
Grt
Op
Op
Grt
Grt
Qtz
Grt
Qtz
Grt
Grt
Pl
Qtz
Op
Op
Pl
Fonte: Fotomicrografias IV.3, IV.4 produzidas pelo próprio autor.
Os cristais de plagioclásio são de preferência xenoblásticos a sub-idioblástico, com
alguns antipertíticos e/ou com geminação albita. Possuem tamanho médio de 0,6mm, com
alguns cristais menores (0,2 a 0,3mm) embora alguns cheguem até 0,8mm de tamanho. Os
36
contatos são irregulares interlobados a serrilhados, não só com os outros minerais, mas até
mesmo entre eles. Ás vezes os contatos são retos com cristais de quartzo (Fotomicrografia
IV.5). Suas composições obtidas através dos geminados albita, pelo método Michel-Levy
(KERR, 1959) forneceram valor de An= 22-27% que se refere à andesina.
A biotita sempre está presente com cor vermelha, com exceção dos grãos que ocorrem
dentro das granadas. Em geral elas formam pequenas placas paralelas à foliação da rocha,
(Fotomicrografias IV.6, IV.7). Encontra-se, portanto sob duas formas de ocorrência: dentro
das granadas sendo mais antigas, ou nas bordas desse mineral, sendo mais novas, retrogradas
(Fotomicrografia IV.8).
A hornblenda quando ocorre, é retrograda e posicionada na borda dos minerais opacos.
Exibe pleocroísmo que varia de verde-claro a verde-escuro.
Fotomicrografia IV. 5: Detalhe de um porfiroblasto de
granada. Polarizadores cruzados. Aumento 100X. Lâmina
JD-A05. Grt-granada, Qtz-quartzo, Pl-plagioclásio.
Grt
Grt
Pl
Pl
Qtz
Grt
Pl
Qtz
Pl
Pl
Fotomicrografia IV. 6: Granada com inclusões de biotita.
Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A05.
Grt-granada, Qtz-quartzo, Bt-biotita.
Grt
Grt
Qtz
Bt
Grt
Qtz
Qtz
Pl
Fonte: Fotomicrografias IV.5, IV.6 produzidas pelo próprio autor.
37
Fotomicrografia IV. 7: Granada com biotita inclusa.
Sem analisador. Aumento 25X. Lâmina JD-A05. Grtgranada, Qtz-quartzo, Bt-biotita.
Grt
Grt
Qtz
Bt
Grt
Qtz
Fotomicrografia IV. 8: Granada com biotita nas
bordas, tipo retrograda. Sem analisador. Aumento
25X. Lâmina JD-A05. Grt-granada, Bt-biotita.
Bt
Bt
Bt
Grt
Op
Bt
Bt
Fonte: Fotomicrografias IV.7, IV.8 produzidas pelo próprio autor.
4.3 Granulitos Monzocharnockíticos
Considerando as lâminas JD-A.01, JD-A.02 e JD-A.03, esse litotipo apresenta textura
granoblástica decussada e subordinamente inequigranular, com grãos predominantemente
xenoblásticos. É constituído de plagioclásio (35 a 41%), quartzo (29 a 32%), mesopertita
(9 a 10%), piroxênio (10 a 12%), hornblenda (4 a 5%), biotita (1 a 5%), minerais opacos (2 a
8%), enquanto a apatita (0 a 1%) é o mineral acessório mais frequente (Fotomicrografias IV.9,
IV.10).
38
Os cristais de plagioclásio são xenoblásticos a sub-idioblásticos, com contatos
irregulares entre eles e com os outros minerais. Nesses casos os contatos são suturados, ou
levemente suturados, tendendo a levemente retilíneos, sobretudo com os piroxênios. Possuem
tamanho médio de 0,8mm, com alguns cristais menores (0,4 a 0,5mm) e outros maiores
chegando até 1,0mm de tamanho. Esta fase mineral pode apresentar uma extinção ondulante,
sobretudo quando próxima às zonas de intensa deformação.
Suas composições, obtidas através dos geminados albita pelo método Michel-Levy
(KERR, 1959), forneceram valores de An=13 a 16% e An= 24 a 29% que correspondem às
soluções sólidas oligoclásio-andesina.
Fotomicrografia IV. 9: Granulitos Monzocharnockíticos com
textura granoblástica decussada. Presença de plagioclásio com
bordas irregulares e granulometria média (parte direita da lâmina)
à fina (parte esquerda da lâmina). Polarizadores cruzados.
Aumento 25X. Lâmina JD-A.01. Pl-plagioclásio, Qtz-quartzo.
Op-minerais opacos, Bt-biotita.
Op
Q tz
Bt
Pl
Bt
Pl
Bt
Pl
Q tz
Pl
Pl
Pl
Pl
Pl
Fonte: Fotomicrografia IV.9 produzida pelo próprio autor.
Pl
39
Fotomicrografia IV. 10: Granulitos Monzocharnockíticos com
textura granoblástica decussada exibindo cristais xenoblásticos
de plagioclásio com geminação albita-carlsbad. Polarizadores
cruzados. Aumento 100X. Lâmina JD-A.02. Pl-plagioclásio,
Cpx-clinopiroxênio, Opx-ortopiroxênio, Qtz-quartzo.
Fonte: Fotomicrografia IV.10 produzida pelo próprio autor.
O quartzo ocorre xenoblástico a sub-idioblástico, com contatos irregulares, exibindo
frequentemente extinção ondulante. Em geral, seus cristais são xenoblásticos, constituindo
grãos com dimensões variando desde 0,2 a 2,0mm. Possuem contatos irregulares
embainhados com o plagioclásio. Formam também aglomerados intersticiais finos,
juntamente com o plagioclásio. Com relação aos minerais ferromagnesianos, os contatos
variam de suturados a embainhados.
O ortopiroxênio (enstatita) ocorre sob a forma de cristais xenoblásticos a subidioblásticos, com tamanhos variando entre 0,4 e 1,5mm, com predominância daqueles com
0,7mm de tamanho. Os contatos entre si são geralmente retilíneos a levemente curvos.
Encontram-se bastante fragmentados e com extinção aproximadamente paralela aos nicóis do
microscópico. As cores de interferência variam de baixa a alta no campo da primeira ordem.
Possuem contatos levemente curvos com cristais de quartzo e irregulares e embainhados com
a biotita. Essa ultima foi produzida pela alteração retrograda do ortopiroxênio
(Fotomicrografia IV.11).
40
Fotomicrografia IV. 11: Granulitos Monzocharnockíticos com
cristais de plagioclásio exibindo geminação albita-carlsbad. O
quartzo é intersticial. Os cristais de ortopiroxênio estão
alterados e fraturados. Polarizadores cruzados. Aumento 100X.
Lâmina JD-A02. Pl-plagioclásio, Opx-ortopiroxênio, Qtzquartzo, Bt-biotita
Op x
Pl
Op x
Qtz
Bt
Pl
Opx
Op x
Pl
O px
Op x
Qtz
Qtz
Fonte: Fotomicrografia IV.11 produzida pelo próprio autor.
O clinopiroxênio (diopsídio) é encontrado nos granulitos monzocharnockíticos sob a
forma de cristais fraturados, sub-idioblásticos, com contatos irregulares com os outros
minerais. São cristais predominantemente xenoblásticos, tamanhos variando, entre 0,4 e
1,5mm, com predominância daqueles com 0,7mm de tamanho (Fotomicrografia IV.12).
Encontram-se bastante fragmentados e se extinguem quando suas clivagens fazem 38º com os
nicóis do microscópio. Exibe cor de interferência alta de segunda ordem.
A mesopertita forma grãos xenoblásticos de 0,95mm a 2mm de tamanho. Os contatos
entre o quartzo, plagioclásio e feldspato potássico variam de suturados a retilíneos. Esses três
minerais por vezes formam mirmequita exibindo texturas simplectíticas. A mesopertita,
quando alongada/estirada, orienta-se paralelamente aos minerais
constituindo a foliação da rocha.
ferromagnesianos,
41
Fotomicrografia IV. 12: Granulitos Monzocharnockíticos
com textura granoblástica decussada com cristais de
ortopiroxênio sub-idioblástico e com plagioclásios com
geminação albita. Polarizadores cruzados. Aumento 25X.
Lâmina JD-A01. Pl-plagioclásio, Cpx-clinopiroxênio, Qtzquartzo, Op-opacos, Opx-ortopiroxênio.
Cpx
Pl
Pl
Pl
Op
Pl
Qtz
Pl
Qtz
Pl
Op
Op x
Qtz
Qtz
Pl
Pl
Op
Fonte: Fotomicrografia IV.12 produzida pelo próprio autor.
Os minerais acessórios completam a composição mineralógica da rocha, sendo a
apatita a mais frequente. Essa ocorre constituindo cristais de 0,05 a 0,76mm, sendo
idioblásticos a sub-idioblásticos.
Outros minerais acessórios como a biotita (1 a 5%) e hornblenda (5%) são produtos do
retrometamorfismo e ocorrem quase sempre bordejando os piroxênios e opacos
(Fotomicrografia IV.13).
A biotita aparece principalmente sob a forma de plaquetas e, eventualmente, sob a
forma de cristais xenoblásticos (Fotomicrografia IV.14). A hornblenda é sub-idioblástica e de
cor esverdeada-clara.
42
Fotomicrografia IV. 13: Granulitos Monzocharnockíticos
com textura granoblástica decussada e com cristais de
piroxênio fraturados. Polarizadores cruzados. Aumento
25X.
Lâmina
JD-A01.
Pl-plagioclásio,
Cpxclinopiroxênio, Opx-ortopiroxênio, Qtz-quartzo, OpOpacos.
Qtz
Pl
Pl
Cpx
Opx
Qtz
Pl
Opx
Opx
Opx
Pl
Qtz
Pl
Op
Qtz
Op
Fonte: Fotomicrografia IV.13 produzida pelo próprio autor.
Os minerais opacos chegam a alcançar cerca de 5% da moda dessas rochas. Seus
cristais são sub-idioblásticos e por vezes arredondados. Apresentam contatos irregulares com
os piroxênios e retos a curvos com os plagioclásios; os tamanhos variam de 0,04mm a 1,4mm.
Nos cristais de plagioclásio a alteração, quando bem marcada, produz sericita. Na
maioria das lâminas petrográficas estudadas, os clinopiroxênios juntamente com os
ortopiroxênios formam a paragênese mineral metamórfica de alto grau da rocha.
Fotomicrografia IV. 14: Detalhe da biotita com a forma de
plaqueta e contato irregular serrilhado. Exibe extinção “olho
de pássaro”. Polarizadores cruzados. Aumento 200X.
Lâmina JD-A03. Pl-plagioclásio, Qtz-quartzo, Bt-biotita.
Bt
Qtz
Qtz
Pl
Fonte: Fotomicrografia IV.14 produzida pelo próprio autor.
43
4.4 Monzo-Sienogranitos
O estudo das lâminas JD-A.06, JD-A.07 e JD-A.08 permitiram caracterizar
petrograficamente os monzo-sienogranitos. Essas rochas apresentam textura porfirítica e em
uma das lâminas foi encontrada a mirmequitia que é fruto do intercrescimento entre cristais de
plagioclásio, feldspato potássico e quartzo, formando bastões irregulares, (Fotomicrografias
IV.15, IV.16).
A mineralogia principal dessa rocha é constituída por microclina (30 a 41%), quartzo
(35 a 40%), plagioclásio (6 a 10%), biotita (10 a 14%) e hornblenda (0 a 2%). A apatita (0 a
1%) e os minerais opacos (5 a 7%), constituem os minerais acessórios (Tabela IV.1).
O feldspato potássico (microclina) constitui grãos de 0,7 a 2,5mm, com cristais
xenomórficos, anédricos, podendo ser pertíticos ou não. As pertitas são observadas
principalmente nos cristais maiores. Às vezes nota-se a geminação albita + periclina
(microclina), ocorrendo de forma nítida a difusa. Nesses feldspatos potássicos observa-se
inclusões de quartzo e de plagioclásio, ambos ocorrendo sob as formas anédricas a subédricas,
todos com contatos sub-embainhados. Às vezes formam aglomerados intersticiais, de
granulação média, junto ao quartzo e ao plagioclásio. Os limites intergranulares deste mineral
variam de suturados a retilíneos, neste último caso, quando em contato com minerais
ferromagnesianos (biotita, hornblenda).
Fotomicrografia IV. 15: Monzo-Sienogranitos com
cristais de plagioclásio exibindo fraca geminação e
contatos curvos com outros cristais. Polarizadores
cruzados. Aumento 100X. Lâmina. JD-A07. Plplagioclásio, Qtz-quartzo, Fds-feldspato.
Pl
Qtz
Pl
Pl
Fds
Pl
Pl
Fds
Fonte: Fotomicrografia IV.15 produzida pelo próprio autor.
44
A mirmequita é intergranular, quando em contato com o quartzo, e às vezes chega a
formar uma textura gráfica. Nas lâminas observa-se a microclina com típica geminação da
microclina, “tartan”. (Fotomicrografias IV.16, IV.17).
Fotomicrografia IV. 16: Monzo-Sienogranitos
mostrando a mimerquita entre cristais de
plagioclásio, feldspato potássico e quartzo.
Polarizadores cruzados.
Aumento 100X.
Lâmina JD-A08. Pl-plagioclásio, Fds-feldspato,
Op-opacos.
Fotomicrografia IV. 17: Detalhe da microclina
exibindo
claramente
a
geminação
polissintética.
Polarizadores
cruzados.
Aumento 100X. Lâmina JD-A07.Micmicroclina, Qtz-quartzo, Cl-clorita, Bt-biotita.
Qtz
Qtz
Mic
Qtz
Mic
Mic
Mic
Cl
Qtz
Bt
Mic
Fonte: Fotomicrografias IV.16, IV.17 produzidas pelo próprio autor.
Os cristais de quartzo possuem às vezes indicadores da atuação de uma possível
tensão, localmente com a formação de sub-grãos exibindo extinção ondulante. São
xenomórficos, por vezes alongados/estirados e mostrando hábito amebóide. Esses cristais
variam de 0,2mm até 5mm. Os cristais menores se encontram nas bordas dos cristais maiores
e também dos cristais de feldspato, fazendo surgir na rocha à textura de intercrescimento. Os
contatos são muito reentrantes e irregulares, sobretudo com os outros cristais de quartzo.
Apresentam frequentemente extinção ondulante (Fotomicrografia IV.18).
A biotita constitui grãos com tamanhos variando entre 0,08 a 1mm. Exibe pleocroísmo
que varia de tons de amarelo a marrom. Esta fase mineral ocorre como cristais
individualizados, em forma de palhetas.
Os minerais opacos formam cristais de 0,08 a 1,5mm de tamanho. São xenomórficos a
algumas vezes idiomórficos. A mirmequita pode ser também considerada acessória, sendo
encontrada na trama mineralógica da rocha, preferencialmente presente nos contatos entre a
mesopertita, o plagioclásio e o quartzo.
45
Fotomicrografia IV. 18: Cristais de quartzo orientados
seguindo uma foliação de fluxo. Polarizadores cruzados.
Aumento 25X. Lâmina JD-A06. Pl-plagioclásio, Qtzquartzo, Op-opacos.
Qtz
Qtz
Pl
Qtz
Pl
Pl
Qtz
Op
Fonte: Fotomicrografia IV.18 produzidas pelo próprio autor.
Os cristais de plagioclásio são predominantemente xenomórficos com algumas
ocorrências de subdiomórficos. Possuem tamanho médio de 0,8mm, com alguns cristais
menores (0,4 a 0,5mm) e outros chegando até 1,0mm. Apresenta geminação albita com teor de
anortita variando entre 30 a 35%, sendo considerado então do tipo andesina. Estão bastante
fraturados, (Fotomicrografias IV.19, IV.20).
Fotomicrografia IV. 19: Monzo-Sienogranito mostrando
cristais de quartzo alinhado. Polarizadores cruzados.
Aumento 25X. Lâmina JD-A06. Pl-plagioclásio, Qtz-quartzo,
Op-opacos, Bt-biotita.
Pl
Bt
Qtz
Qtz
Op
Qtz
Pl
Bt
Fonte: Fotomicrografias IV. 19 produzidas pelo próprio autor.
46
Fotomicrografia IV. 20: Monzo-sienogranito com cristais de
plagioclásio sericitizados e quartzo estirado. Polarizadores
cruzados. Aumento 25X. Lâmina JD-A06. Pl-plagioclásio,
Qtz-quartzo, Op-opacos, Bt-biotita.
Qtz
Qtz
Qtz
Pl
Pl
Op
Bt
Pl
Fonte: Fotomicrografia IV.20 produzida pelo próprio autor.
Os minerais opacos possuem formas anédricas, alongadas, contatos curvos, irregulares
a embaiados. Alguns cristais apresentam contatos retos com os plagioclásios. Os tamanhos
variam entre 1,2 a 0,4mm. Nos cristais menores é mais comum observar as relações entre eles
e os minerais secundários como hornblenda (1 a 2%).
A apatita é pouco representativa na rocha, não passando de 1% do volume total da
amostra. Ocorre com forma acicular, em geral como inclusão no plagioclásio.
4.5 Diques Máficos
Os diques máficos foram caracterizados quando do estudo das lâminas JD-A.09 e
JD-A.10. A mineralogia principal desses diques é constituída por plagioclásio (15 a 17%),
piroxênio (8 a 9%), hornblenda (5 a 6%) e minerais opacos (2 a 3%).
A matriz constitui a parte mais representativa da rocha chegando até 68% do volume
total. Essa é formada por cristais de plagioclásio (36 a 44%), olivina (2 a 6%), piroxênio
(17 a 19%) e minerais opacos (5 a 6%), (Tabela IV.1).
47
Os fenocristais de plagioclásio possuem dimensões variando de 0,5 a 1,5mm,
entretanto quando presentes na matriz têm tamanho em torno de 0,2cm. De um modo geral,
apresentam-se como ripas euédricas a subédricas com hábitos curtos ou alongados,
(Fotomicrografias IV.21, IV.22). Possuem contatos retos entre si e às vezes com bordas
corroídas. Os contatos com os piroxênios são curvos.
Fotomicrografia IV. 21: Cristais de plagioclásio ripformes
imersos em matriz afanítica. Polarizadores cruzados. Aumento
25X. Lâmina JD-A.09. Pl-plagioclásio.
Pl
Pl
Pl
Pl
Pl
Pl
Pl
Fotomicrografia IV. 22: Aglomerados de plagioclásio
ripformes com granulometria média em uma matriz fina de
plagioclásio. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina
JD-A.09. Pl-plagioclásio.
Pl
Pl
Pl
Pl
Pl
Pl
Pl
Fonte: Fotomicrografias IV.21, IV.22 produzidas pelo próprio autor.
48
Eles encontram-se maclados polissinteticamente segundo a lei albita e albita-carlsbad,
sendo que muitas vezes as lamelas de geminação mostram-se completas, parciais, ausentes ou
em formato de agulha.
As composições dos plagioclásios obtidas através dos geminados albita, pelo método
Michel-Levy (KERR, 1959) forneceram valores situando em fase mineral na família das
andesinas-labradoritas (An= 41 a 60%) (Fotomicrografias IV.23, IV.24).
Fotomicrografia IV. 23: Aglomerado de plagioclásio
circundado por matriz afanítica. Sem analisador. Aumento
25X. Lâmina JD-A10. Pl-plagioclásio.
Pl
Pl
Pl
Pl
Pl
Pl
Pl
Fotomicrografia IV. 24: Aglomerado de plagioclásio
circundado por matriz afanítica. Polarizadores cruzados.
Aumento 25X. Lâmina JD-A10. Pl-plagioclásio.
Pl
Pl
Pl
Pl
Pl
Pl
Fonte: Fotomicrografias IV.23, IV.24 produzidas pelo próprio autor.
49
Os piroxênios são classificados como augita e ocupam cerca de 8 a 9% da rocha total.
São representados predominantemente por fenocristais (tamanho médio = 0,5 mm).
Geralmente apresentam-se anedrais a subedrais e frequentemente são circundadas pelos
plagioclásios gerando a textura subofítica, (Fotomicrografia IV.25).
Fotomicrografia IV. 25: Aglomerado de plagioclásio
circundado por matriz afanítica, exibindo cristais de piroxênio
e hornblenda. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Lâmina
JD-A10. Pl-plagioclásio, Px-piroxênio, Hbl-hornblenda.
Pl
Pl
Pl
Pl
Px
Hbl
Fonte: Fotomicrografia IV.25 produzida pelo próprio autor.
Os cristais de anfibólio (hornblenda) apresentam formas irregulares, cor verde escura,
com tamanhos variando entre 0,05 a 0,09mm. Os minerais opacos apresentam cristais com
tamanhos de 0,08mm a 0,18mm. Estão inclusos no plagioclásio com formas anédricas a
subédricas; cristais euédricos são raros.
50
CAPÍTULO V
CONCLUSÕES
Os estudos realizados nos litotipos encontrados no afloramento do Jardim de Alah
mostram uma grande diversidade de metamorfitos de alto grau, intensamente deformados em
modo polifásico e cortados por corpos monzo-sienograníticos tabulares e diques máficos.
Sem considerar os sedimentos recentes, na área de estudo foram encontrados quatro
litotipos quais sejam; Granulitos Alumino-Magnesianos, Granulitos Monzocharnockíticos;
Monzo-sienogranitos e Diques Máficos. Os granulitos Alumino-Magnesianos são rochas
paraderivadas com mais de 10% de granada, perfazem cerca de 12% da área, e ocupam a
parte oeste do mapa.
Os granulitos Monzocharnockíticos são rochas ortoderivadas que
compreendem uma faixa na parte central e leste da área cobrindo cerca de 75% do
afloramento.
Os
Monzo-Sienogranitos
encontram-se
a
sudoeste
do
afloramento,
correspondendo cerca de 8% do total das rochas cristalinas. Os diques máficos se apresentam
como corpos tabulares na parte central da área do afloramento e corresponde a cerca de 5%
das rochas aflorantes. Sua cor é preta esverdeada com textura afanítica a fanerítica muito fina.
Os sedimentos recentes são representados pela areia de praia no entorno do afloramento
rochoso, mais expressamente nas porções extremas do leste e oeste no mapa.
As características microscópicas observadas nas rochas da região do Jardim de Alah,
mostram que essas rochas foram metamorfisadas em alto grau, evidenciado pela presença de
ortopiroxênio nas principais associações minerais. Identificou-se também que a área sofreu
retrometamorfismo, devido à presença de bordas de reação nos piroxênios e minerais opacos,
que foram parcialmente transformados em biotita e hornblenda. A presença da cordierita nas
bordas das granadas dos granulitos alumino-magnesianos caracterizam também o processo de
retrometamorfismo.
Embora não tenha sido feitas análises mais detalhadas das rochas da área, considera-se
que os granulitos alumino-magnesianos são originalmente derivados dos pelitos. (Barbosa et
al. 2005). Os granulitos monzocharnockíticos foram considerados por Barbosa et al. (2005)
51
como rochas intermediárias, originadas a partir de magmas cálcio-alcalino de baixo potássio e
os diques máficos apresentam caráter toleítico, enquanto que os corpos e veios monzosienograníticos foram classificados como sub-alcalinos e peraluminosos. Sendo que os
monzo-sienogranitos apresentam duas gerações com base na petrografia e estruturas. Os mais
velhos mostram-se deformados e os mais novos mostram contatos abruptos com suas
encaixantes.
Finalmente, vale ressaltar a necessidade da realização de uma análise estrutural do
afloramento, datações geocronológicas, análises de química de rocha total juntamente com a
química mineral para construção de grids petrogenéticos, para indicar as condições de
metamorfismo das unidades geológicas que estão sendo identificadas na área de estudo.
52
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56
ANEXO - I
MAPA GEOLÓGICO DA PRAIA DO JARDIM DE ALAH, SALVADOR-BAHIA (ANEXO I)
560360
560440
560400
560480
Qa
TO
N
ME
A
N
O
I
C
A
EST
º
68
º
79
º
74º
65
9º
6
º
69
º
74
º
72
º
8563040
70
º
78
º
65
º
75
Qa
MZCh
º
60
º
75
º
38
º
70
º
62
MZCh
º
57
º
53
º
69
º
54
3º
5º
5
5
º
65
º
44
º
54
º
34
º
57
Qa
º
38
º
67
º
69
º
7
º
65
º
60
º
75
7
JD-A01
º
º
53
4º
º
72
º
56 5
º
66
º
57
º
º
66
º
º
º
70
º
51
MSGr
MZCh
JD-A08
º
º
61
78
º
º
81
0º
º 77
75
6º
1º5
6
º
77 9º
7
6
2º
6
MSGr
06
-A
JD
8562980
1º
8
JD-A03
54
75
MZCh
MZCh
º
º
º
73
º
68
10
JD-A
º
69
65
7
º
69
JD-A07
MSGr
º
65
69
0º
º
77
3
58
Qa
º
77
º
74
0º
JD-A05
JD-A09
º
74
Sp
5º
Sp
º
º
º
69
º
70
72
64
º
75
º
60
69
º
º
54
6
º
º
66
70
º
62
7º
66
º
º
MZCh
º
70
77
º
º
5
º
69
Qa
º
69
50
55
º 60º
6
º
º
69
6º
64
º
69
0º
72
º
º
70
65
9º
JD-A04
77
6
º
66
74
º
Qa
º
59
66
º
32
9º
º
80
º
60
º
49 53º
º
33
º
65
65
69
JD-A02
º
74
O
8º
7
IC
T
N
Â
º
72
º
71
º
53
TL
A
O
N
A
CE
O
º
70
MZCh
TERCIÁRIO - QUATERNÁRIO
º
63
Qa
SEDIMENTO RECENTES
PALEOPROTEROZOICO
Diq
MSGr
DIQUES MÁFICOS
MONZO-SIENOGRANITOS
ESTRUTURAS:
FOLIAÇÃO DEFORMACIONAL COM CAIMENTO
LINEAÇÃO DE ESTIRAMENTO MINERAL COM CAIMENTO
ARQUEANO / PALEOPROTEROZOICO
LINEAÇÃO ESTRUTURAL
ZONAS DE CISALHAMENTO
MZCh
GRANULITO MONZOCHARNOCKÍTICO
FRATURA
Sp
GRANULITO ALUNINO-MAGNESIANO
Pontos de Amostragem
MAPA DE SITUAÇÃO
MAPA DE LOCALIZAÇÃO DE JARDIM DE ALAH
Escala 1:450
0
Área de estudo
9,0
18,0
27,0
36,0
45,0 m
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