www.deolhonoclima.com.br CONTEÚDO Introdução O Efeito Estufa Entenda o Fenômeno O Planeta Aquecido As Emissões Brasileiras de CO2 A Revolução Industrial Documentos Importantes sobre Mudança Global do Clima Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – Rio 92 A Convenção do Clima As Conferências das Partes O Protocolo de Quioto Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) A Comunicação Nacional Inventário Brasileiro das Emissões Antrópicas por Fontes e Remoções por Sumidouros de Gases Efeito Estufa não Controlados pelo Protocolo de Montreal Relatório Stern Referências Bibliográficas MUDANÇAS CLIMÁTICAS, INTRODUÇÃO Há duas décadas os cientistas vêm desenvolvendo estudos cujos resultados deixam o mundo em alerta. Afirmam os especialistas: “a temperatura média da Terra tem se elevado em virtude da intensificação do efeito estufa...” Este alerta de que o mundo está aquecendo serviu de base para as negociações internacionais que resultaram na Convenção do Clima, deliberada em 1992, durante a realização da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a Rio-92. Estudos disponibilizados pelo IPCC apontam que o aumento da concentração dos Gases de Efeito Estufa (GEE) na atmosfera poderá contribuir, nas próximas décadas, para a elevação do nível dos mares e a intensificacão de fenômenos meteorológicos severos (tornados, ciclones, furacões, secas prolongadas e outros), a desertificação de algumas áreas do planeta e a redução da produção agrícola, entre outras conseqüências. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), ressalta que o aquecimento global será uma das maiores preocupações deste século, tanto nos países desenvolvidos, quanto nos países em desenvolvimento. Todas as nações serão atingidas, em menor ou maior grau. Ressaltase que os países pobres estarão mais vulneráveis aos efeitos das mudanças globais do clima, devido à falta de recursos destinados para sua proteção e adaptação. Entretanto, a maior responsabilidade pelos atuais níveis de concentração de GEE na atmosfera recai sobre os países ricos, uma vez que estes apresentam um consumo per capita de energia fóssil (carvão, petróleo e gás natural) muito superior à dos países pobres, além de carregarem as responsabilidades históricas das emissões. Convenção do clima - Tratado aberto para assinatura na Rio-92 com o objetivo de “estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera em níveis seguros”. Entrou em vigor em 1994. Hoje, a Convenção conta com a adesão de 189 países. IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change – Painel Internacional Intergovernamental de Mudanças Climáticas) Criado pelas Nações Unidas e pela Associação Mundial de Meteorologia em 1988, o IPCC conta com mais de 2 mil cientistas de todo o mundo para estudar causas e impactos das mudanças climáticas. Nesse Painel destacam-se a atuação dos especialistas brasileiros e britânicos. Ligado à Convenção do Clima da ONU, o IPCC tem a tarefa de avaliar os resultados científicos, os dados e os riscos associados às mudanças climáticas e apresentar estratégias de mitigação, reunindo os resultados de pesquisas em diferentes disciplinas. Seus Relatórios de Avaliação, divulgados periodicamente, servem de base para as negociações internacionais e as políticas nacionais. Em 2007 o IPPC dividiu com o ex-vice presidente americano, Al Gore, o prêmio Nobel da Paz. Adaptação – É definida pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas como “ajustes em práticas, processos e estruturas que podem reduzir ou eliminar o potencial de destruição ou o aproveitamento de vantagens e oportunidades criadas por mudanças no clima” Responsabilidades Históricas – O atual nível de concentração dos GEE é resultado principalmente do acúmulo das emissões geradas nos últimos 150 anos pelas atividades industriais dos países desenvolvidos. Dessa forma, a Convenção ressalta o princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas, entre os países, e a obrigação dos países industrializados de assumirem a liderança na adoção das medidas nela previstas. O EFEITO ESTUFA O aquecimento da Terra é um fenômeno natural. Decorre do chamado efeito estufa, essencial para a existência do modo de vida na forma que conhecemos. O efeito estufa aquece a atmosfera junto à superfície do planeta. Ele ocorre naturalmente na atmosfera da Terra há bilhões de anos. O efeito estufa é explicado através da incidência dos vários processos sofridos pelos raios do Sol que chegam à Terra. Parte desses raios é refletida de volta, uma pequena parcela é absorvida pela atmosfera e uma outra parte importante alcança a superfície terrestre. A Terra, por sua vez, emite calor para manter sua temperatura em equilíbrio, sob forma de radiação térmica infravermelha. Devido à existência de uma camada de gases que envolvem o planeta, nem toda essa radiação térmica sai para o espaço, ficando aprisionada, contribuindo para manter a atmosfera aquecida. Em face desse fenômeno, a temperatura média do ar próximo à superfície é de 15º C. Sem ele, a temperatura média seria de 18º C abaixo de zero, o que impediria a sobrevivência de muitas espécies, inclusive o Homo sapiens. EM OUTRAS PALAVRAS: O EFEITO ESTUFA O efeito estufa é um fenômeno que resulta no aquecimento da atmosfera junto à superfície do planeta, intensificado pela emissão de certos gases para a atmosfera, sendo o principal deles, pela quantidade acumulada, o dióxido de carbono (CO2) produzido na queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás natural). Estes gases são transparentes à luz solar que aquece a Terra, mas não deixam passar parte das ondas de calor (infravermelho) emitidas pela superfície terrestre para o espaço externo. O equilíbrio entre a energia que chega do Sol e a que sai da Terra fica rompido, provocando o aumento da temperatura. Embora o processo físico não seja o mesmo, o efeito lembra o que ocorre em uma estufa de plantas coberta com um vidro, daí a denominação adotada convencionalmente de efeito estufa. ENTENDA O FENÔMENO Efeito Estufa com o efeito estufa a temperatura média da Terra é de 15°C sem o efeito estufa a temperatura média da Terra é de -18°C Fonte: Projeto AEB-Escola/CPTEC-INPE - CD Educacional Mudanças Ambientais Globais Entretanto, este efeito pode ser intensificado. Qualquer fator que altere Para melhor compreender o fenômeno, podemos fazer uma analogia com um ônibus parado, com os vidros fechados e sob a luz do Sol. Os raios que chegam do Sol na forma de radiação ultravioleta passam pelos vidros e, ao atingirem a superfície do ônibus, se transformam em calor na forma de radiação infravermelha. A radiação infravermelha tem dificuldade de atravessar os vidros do ônibus, e com isso, a parte que fica presa no interior do veículo, causa o aquecimento no interior do ônibus. Fonte: Projeto AEB-Escola/CPTEC-INPE - CD Educacional Mudanças Ambientais Globais Não entendeu algum termo em nossa cartilha? Confira o nosso glossário virtual em www.deolhonoclima.com.br 5 O mesmo ocorre com a atmosfera da Terra onde alguns gases funcionam como o vidro do ônibus, deixando passar a radiação ultravioleta que chega do Sol, mas impedindo a radiação que é convertida em infravermelho na superfície ser devolvida para a atmosfera na forma de calor. a let vio ra lt ou ã iaç d ra vidro parte da radiação infravermelha não consegue atravessar transformação da radiação ultravioleta em radiação infravermelha (calor) outra parte é refletida de volta resultando no aquecimento interno a temperatura média interna é maior do que a média externa Fonte: Projeto AEB-Escola/CPTEC-INPE - CD Educacional Mudanças Ambientais Globais Essa radiação refletida na forma de calor tem dificuldade de retornar para o espaço, pois é capturada pelos gases estufa que se aquecem, aumentando assim a temperatura do ar. Os principais gases estufa são o vapor d’agua e o gás carbônico. Os principais gases estufa: H20 C02 gases estufa ã iaç d ra transformação da radiação ultravioleta em radiação infravermelha (calor) a let vio ra lt ou os gases estufa impedem a saída da radiação infravermelha (calor) aumento da temperatura do ar Fonte: Projeto AEB-Escola/CPTEC-INPE - CD Educacional Mudanças Ambientais Globais 6 O PLANETA AQUECIDO O aquecimento global é uma hipótese dos cientistas que credita a elevação média da temperatura da atmosfera nos últimos séculos ao aumento da emissão de gases de efeito estufa pelas atividades humanas. Apesar de o aquecimento global ser um fenômeno natural, o aumento das atividades humanas sobre a natureza (ações antropogênicas), principalmente após a Revolução Industrial, tem contribuído para intensificá-lo. Além das mudanças climáticas originadas pela ação do homem, existem aquelas que são causadas pela própria natureza, ou Existe no meio científico uma corrente de pensamento que questiona esta hipótese. Para estes cientistas (os “céticos”), o clima está mais quente não por causa destas ações do homem, mas devido a um ciclo natural de aquecimento e resfriamento do globo. Acreditam os “céticos” que o aquecimento global é resultado de diversos fatores. A emissão de gases é um deles, mas para eles, está longe de ser o mais relevante. A crescente elevação das emissões dos gases de efeito estufa provenientes das atividades humanas – como a queima de combustíveis fósseis em usinas termelétricas, veículos, indústrias, desmatamento, queimadas, mudança no uso da terra, um número cada vez maior de aterros sanitários e uma agricultura mais extensiva, entre outros fatores, tem contribuído para alterar a temperatura atmosférica e oceânica, representando uma ameaça para o clima do planeta. Segundo o IPCC, o aumento atual da concentração dos gases de efeito estufa na atmosfera poderá ter, em cerca de 50 anos, conseqüências graves, como a elevação do nível dos mares e outras conseqüências severas, que incluem a intensificação de fenômenos meteorológicos danosos, a desertificação de algumas áreas do planeta e a redução da produção agrícola, entre outras. Não entendeu algum termo em nossa cartilha? Confira o nosso glossário virtual em www.deolhonoclima.com.br 7 As mudanças climáticas antropogênicas, ou seja, causadas em decorrências das ações humanas, estão associadas ao aumento da poluição, queimadas, desmatamento e a formação de ilhas de calor nas grandes cidades. A partir do final do século XIX e no século XX houve uma expansão da produção industrial e um aumento de poluentes na atmosfera que intensificaram o efeito estufa. Com o aumento do efeito estufa há também um crescente aumento da temperatura média da Terra, também chamado de aquecimento global. O principal agente é o gás carbônico, também conhecido como, dióxido de carbono ou CO2. Além das mudanças climáticas originadas pela ação do homem, existem aquelas que são causadas pela própria natureza, ou seja, mudanças climáticas naturais. 1. Expansão da produção industrial Mudanças Climáticas 2. Aumento de poluentes na atmosfera Causas 3. Intensificação do efeito estufa 4. Aumento da temperatura média da Terra (Aquecimento Global) Principal Agente Gás Carbônico Dióxido de Carbono CO2 Fonte: Projeto AEB-Escola/CPTEC-INPE - CD Educacional Mudanças Ambientais Globais Nos últimos 400.000 anos a concentração de dióxido de carbono na atmosfera variou entre 180 e 280 partes por milhão por volume. Mas durante os últimos 100 anos a quantidade deste gás aumentou para 375 partes por milhão por volume, de acordo com o Terceiro Relatório de Avaliação do IPCC publicado em 2001. O gradativo aumento da temperatura é atribuído principalmente às emissões de poluentes na atmosfera, a partir dos últimos anos 1970, com um aumento da quantidade de gás carbônico atmosférico e, portanto, um aumento do efeito estufa. Os países desenvolvidos são os principais emissores de dióxido de carbono na atmosfera. Todavia, em alguns países em desenvolvimento é também representativa a quantidade de emissão de GEE por mudanças no uso do solo. 8 Emissão de CO2 Milhares de toneladas/ano 7000 América do Norte 6000 Europa 5000 Ásia América Central América do Sul 4000 África do Norte e Oriente Médio África Sub-saariana 3000 2000 Oceania emissão por processos industriais 1000 0 emissão por uso do solo O Quarto Relatório de Avaliação do IPCC, apresentado em 2007, consolidando as conclusões do Terceiro, afirma que existem fortes evidências de que a maior parte do aquecimento da Terra, nos últimos 50 anos, pode ser atribuída às atividades humanas. O relatório se distingue dos anteriores porque reduz o grau de incertezas. As suas diversas simulações concluem que o aquecimento observado na segunda metade do século XX não se deve apenas ao forçamento natural - isto é, à variabilidade da intensidade solar e às erupções vulcânicas. A variação da temperatura nos últimos 140 anos somente pode ser explicada pela combinação dos forçamentos naturais e antropogênicos, como pode ser observado abaixo. Fonte: IPCC, 2001 - Simulação da variação da temperatura da Terra (em cinza) comparando com a variação real observada nos últimos 140 anos (em vermelho). No cenário (a), a simulação leva em conta apenas a variação natural. No cenário (b), apenas a influência antropogênica. No cenário (c), a combinação das duas forças. Não entendeu algum termo em nossa cartilha? Confira o nosso glossário virtual em www.deolhonoclima.com.br 9 Os cenários projetados pelo IPCC para este século indicam que a temperatura média do planeta continuará subindo no mínimo mais 1,4ºC e no máximo cerca de 5,8ºC. As projeções indicam também um maior número de dias quentes e ondas de calor em todas as regiões continentais. Além disso, dias com geadas e ondas de frio podem se tornar menos freqüentes (gráfico abaixo). Fonte: Projeto AEB-Escola/CPTEC-INPE - CD Educacional Mudanças Ambientais Globais A década de 1990 foi a mais quente nos últimos mil anos, e o ano de 2005, o mais quente já registrado por métodos diretos de medida. As projeções indicam um aumento do nível médio do mar entre 0,11 m e 0,77 m, o que pode afetar significativamente as atividades humanas e os ecossistemas terrestres. Pode haver um aumento da freqüência e da intensidade da precipitação em diversas regiões, sobretudo na região tropical. Além disso, há projeções de secas generalizadas em regiões continentais durante o verão. Muitos modelos mostram um aumento da temperatura da superfície do mar no Oceano Pacífico Equatorial, o que sugere uma situação futura de El Niño quase permanente. O aquecimento global pode provocar mudanças nos ecossistemas terrestres com mudanças nos padrões globais da vegetação. Estudos recentes indicam que, ao contrário da maioria das atividades humanas, ecossistemas naturais terão maior dificuldade de adaptação se as mudanças climáticas ocorrerem no curto intervalo de décadas. A velocidade com que tais alterações estão ocorrendo em comparação àquelas dos processos naturais em ecossistemas introduz séria ameaça à mega-diversidade de espécies da flora e da fauna dos ecossistemas, em especial da Amazônia, com o provável resultado de um sensível empobrecimento biológico. Os resultados de estudos monitorados pelo IPCC indicam que as mudanças climáticas vão influenciar o mundo todo. Ecossistemas costeiros e ribeirinhos em áreas sob influência das marés poderão ser profundamente alterados. Também a agricultura e a geração de hidroeletricidade poderiam ser afetadas por mudanças na distribuição das chuvas ou na ocorrência de períodos secos extensos. 10 Considerando os avanços científicos sintetizados pelos relatórios do IPCC em escala global e os estudos recentes observacionais e de modelagem sobre a variabilidade climática de longo prazo e mudanças climáticas futuras e para o passado, chega-se a conclusão de que o clima, de fato, está mudando global e regionalmente. Sabe-se, todavia, que o aquecimento global irá fazer com que haja um derretimento das calotas polares, com aumento do nível médio do mar e inundação de regiões mais baixas. A evaporação nas regiões equatoriais irá aumentar e com isto os sistemas meteorológicos, como furacões e tempestades tropicais, ficarão mais ativos. Além disso, deverá haver um aumento da incidência de doenças tropicais, tais como malária, dengue e febre amarela. Já se sabe que, nos últimos 150 anos, o conteúdo de gás carbônico aumentou em 25% e a temperatura média global aumentou na faixa de 0,3 a 0,6ºC. É necessário considerar que essas observações se restringem aos últimos 150 anos, tempo muito curto para gerar conclusões definitivas, uma vez que esses fenômenos podem estar ocorrendo há milhões de anos e possuirem ciclos desconhecidos. Do total das emissões de gases de efeito estufa em 2005, 77% eram de CO2, 14% de CH4 (metano), 8% de N2O (óxido nitroso) e 1% dos perfluorocarbono e hexafluoride hexafluoreto de enxofre. As fontes geradoras de GEE contemplam: • Queima de combustíveis fósseis para geração de energia,: a utilização do carvão mineral, óleo combustível e gás natural para geração de eletricidade e em plantas de calor de processo que respondem pela maioria destas emissões, seguidos do setor de transporte, setor industrial, construção civil (incluindo infra-estrutura); Não entendeu algum termo em nossa cartilha? Confira o nosso glossário virtual em www.deolhonoclima.com.br 11 Emissões Fugitivas – Emissões indesejáveis no processo industrial que, em condições normais, deveriam ocorrer de forma controlada. • As atividades ligadas ao uso da terra e mudanças no uso da terra, a exemplo do desmatamento; • Metano, óxido nitroso e F-gases (Hidrofluorcarbonos, perfluorcarbonos e hexafluoreto de enxofre - não existentes originalmente na natureza, sendo sintetizados unicamente por atividades humanas) são produzidos pelo setor agropecuário, resíduos e processos industriais. • Processos industriais como a produção de cimento e químicos envolvem reações que liberam CO2 e emissões de outros gases (nãoCO2). Os processos de extração e processamento de combustíveis fósseis também emitem CO2 e geram emissões fugitivas (não-CO2). As principais atividades humanas (antropogênicas) que contribuem para o aumento global da temperatura do clima têm sua contribuição percentual assim distribuída por setor diretamente emissor. GEE por Fontes 3% % 14% 24% 18% 14% 5% 8% 14% Fonte: Stern Review: The Economics of Climate Change 12 Geração de Energia Indústria Transporte Construção Outras Atividades Energéticas Relacionadas Uso da Terra Agricultura Resíduos AS EMISSÕES BRASILEIRAS DE CO2 Na atualidade a produção e uso da energia assumem a responsabilidade de cerca de 65% de todas as emissões de GEE registradas no planeta. No Brasil a maior contribuição nas emissões liquida de CO2 provém da mudança no uso da terra, em particular do desmatamento de florestas nativas para uso agropecuário. Em face da elevada participação de energia renovável na matriz energética brasileira, principalmente devido à geração de eletricidade em usinas hidroelétricas, o uso automotivo do álcool e do bagaço de canade-açúcar para a termoeletricidade, as emissões decorrentes do uso de energia, quando comparados aos outros setores da economia, se mostram em menor percentual, colocando sobre o setor de Mudança no Uso da Terra e Floresta a nossa maior parcela das emissões de CO2 (75%). Nesse contexto o desmatamento, em especial na Amazônia, é considerado o nosso desafio maior no enfrentamento das Mudanças Climáticas Globais e na preservação da biodiversidade e do patrimônio ambiental. A figura 9 apresenta os percentuais das emissões nacionais de CO2 por fonte, segundo o Inventário Nacional de Gases de Efeito Estufa. 6% 9% 7% 1% 2% 75% Mudanças no Uso da Terra e Floresta Processos Industriais Emissões Fugitivas Queima de Combustíveis - Indústria Queima de Combustíveis - Transporte Queima de Combustíveis - Outros setores Fonte: MCT (www.mct.gov.br) Não entendeu algum termo em nossa cartilha? Confira o nosso glossário virtual em www.deolhonoclima.com.br 13 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Depois da invenção da máquina a vapor, a queima de combustíveis fósseis se tornou a base de um novo modelo de desenvolvimento. As emissões globais dos gases de efeito estufa produzidos pelo ser humano iniciaram-se na Europa a partir da Revolução Industrial, inaugurando o período conhecido como “Era Industrial”, cujo principal marco foi o advento da máquina a vapor, que passou a ser usado em larga escala a partir de 1776. A denominada revolução industrial marca o corte histórico no funcionamento dos sistemas energéticos anteriormente estruturados pela humanidade. Com ela, encerra-se a fase de superioridade das fontes de energias biológicas e vivencia-se o início da escalada de triunfo e hegemonia dos combustíveis fósseis. A força propulsora da revolução industrial esteve creditada ao desenvolvimento de engenhos que permitissem a ampliação da escala de produção, antes efetuada pelo conjunto trabalhador/ferramentas. A forma de produção em voga orientava-se no acréscimo de geração de força humana e redução de tempo de produção e transformação. Atuando como conjunto trabalhador/ferramenta, o homem agia de duas formas: era a fonte de força motriz, esta obtida através da conversão de energia realizada em seu próprio organismo e atuava como executor de tarefas a partir de suas habilidades e capacidade mental, aliada às habilidades motoras apreendidas. Até a difusão do uso da máquina a vapor, era a força hidráulica a fonte de energia inanimada de maior uso na indústria; esta por sua vez, tinha seus limites de potência vinculados à natureza técnica dos conversores e se verificava um impedimento, de ordem natural, no aumento indefinido nas potências dos moinhos em função do crescimento da demanda. Uma outra vulnerabilidade da força hidráulica recaía na impossibilidade de contornar a insuficiência das vazões nas estações frias, quando ocorria o congelamento dos rios, ou em períodos de seca. É nesse ambiente de restrições à expansão industrial capitalista do século XVIII, advindas do uso dos recursos energéticos animados e 14 inanimados, que se materializam as condições de contorno favoráveis à consolidação do carvão como combustível comercial. Ressalta-se aqui a importância que teve a crise da lenha no século XVI e, desde então, a crescente elevação dos seus custos de produção e transporte, como sendo um fator fundamental na penetração do carvão mineral na matriz energética mundial. A busca pela superação da dependência da força motriz humana e animal e da ampliação da potência disponível nas máquinas e conversores resultou no desenvolvimento da máquina a vapor, inicialmente desenvolvidas por SAVERY e NEWCOMEN nos anos de 1698 e 1712, respectivamente. As primeiras máquinas a vapor destinavam-se ao uso no esgotamento das águas subterrâneas nas minas inglesas de carvão. Por apresentarem rendimentos muito baixos, algo em torno de 1%, estas tiveram uso restrito no setor carvoeiro. Somente com os ajustes conduzidos por JAMES WATT, na segunda metade do século XVIII, é que a máquina a vapor torna-se um motor de uso universal e promove uma significativa ruptura nos sistemas energéticos de então, permitindo que pela primeira vez seja possível desagregar espacialmente o conversor de sua fonte de energia. A máquina a vapor reorganiza as relações entre homem e energia. O relógio, o moinho de vento e o moinho d’água utilizam as forças de um meio que deixam intacto; em oposição, a “máquina de fogo” consome as matérias das quais ela tira sua energia. As novas linhas vão exigir investimentos cada vez mais pesados, bem como a utilização de conhecimentos científicos técnicos cada vez mais vastos. A difusão do uso da máquina a vapor permite estabelecer uma nova forma de agir do homem sobre os recursos naturais. Com ela é rompido um paradigma, no qual o desenvolvimento de uma região estava condicionado a existência de abundantes recursos naturais. Na medida em que tais recursos se mostravam escassos ou perdiam valor, a importância econômica dessas mesmas regiões entrava em rota de descrédito e decadência. Não se pode perder de vista o fato de que os investimentos carreados no desenvolvimento de novas tecnologias de conversão de energia se deram em um ambiente de expansão capitalista. Tais investimentos objetivavam não somente o aumento da Não entendeu algum termo em nossa cartilha? Confira o nosso glossário virtual em www.deolhonoclima.com.br 15 produtividade, isto é, “o esforço para encontrar modos de incorporar até mesmo quantidades menores de tempo de trabalho em quantidades cada vez maiores de produtos. Isto leva a maquinaria e métodos mais rápidos e eficientes”, (BRAVERMAN, p.149, 1987), mas também a garantia da independência do sistema produtivo do uso intensivo da energia humana através da substituição do trabalho humano pela energia mecânica. O uso do carvão ganha abrangência mundial e a produção de energia seguiu firme respondendo à crescente demanda posta pelo processo de industrialização. A denominada Segunda Revolução Industrial, iniciada na segunda metade do século XIX, orientava-se na imperativa necessidade de superação das novas restrições à expansão industrial, agora posta sobre a máquina a vapor. Na verdade, o modelo orientado à produção criou necessidades que superavam os limites técnicos possíveis de execução com o uso da máquina a vapor. Estas restrições estabeleceram a trama que deu forma à turbina a vapor, o motor a explosão, o desenvolvimento do motor elétrico e a formação do mercado de eletricidade. A industrialização trouxe um progresso sem precedentes na história. Mas também criou graves problemas ambientais. Em 1750, a madeira era responsável por 90% da energia disponível no mundo, sendo substituída gradualmente pelo carvão. Em 1890, o carvão mineral já superava a lenha como fonte energética. Os combustíveis fósseis - que têm sua origem na energia solar acumulada em plantas e/ou animais submetidos a uma série de processos de concentração e compactação durante milhões de anos - passaram a ser o novo marco no aproveitamento dos processos naturais de acumulação e concentração de energia. Depois do carvão, o petróleo passou a ser utilizado para gerar energia mecânica em sua forma direta, tornando-se rapidamente a principal fonte de energia tanto para o transporte, tanto de massa quanto o individual. 16 DOCUMENTOS IMPORTANTES SOBRE MUDANÇA GLOBAL DO CLIMA Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – Rio 92 A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Rio 92 ou Eco 92, realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992, foi um importante marco para a integração das preocupações ambientais com a necessidade de desenvolvimento. Novos termos e conceitos, até então pouco conhecidos, começaram a freqüentar as manchetes dos jornais: biodiversidade, desertificação, aquecimento global, Agenda 21, riscos ambientais globais e desenvolvimento sustentável. Um conjunto de documentos com compromissos importantes para a humanidade foi assinado: a Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Convenção do Clima, a Convenção da Biodiversidade, a Convenção sobre Desertificação, os Princípios para a Administração Sustentável das Florestas e a Agenda 21. Não entendeu algum termo em nossa cartilha? Confira o nosso glossário virtual em www.deolhonoclima.com.br 17 A Convenção do Clima A Convenção do Clima tem sua importância em especial por representar o consenso de mais de uma centena de países sobre a necessidade de se fazer um esforço em escala global para reduzir a emissão de gases que intensificam o efeito estufa. Ao mesmo tempo, também significa o reconhecimento de que os países precisam repartir o ônus decorrente desse fenômeno. A Convenção é o símbolo da vontade de cooperação internacional em torno do tema do aquecimento global. As negociações para a formulação do texto que foi apresentado na Rio-92 começaram dois anos antes. Em 1990, a 44ª Assembléia Geral das Nações Unidas reconheceu que o problema da mudança climática é fortemente baseado em aspectos políticos e de negociação, sendo as Nações Unidas o fórum apropriado para ações políticas centradas nos problemas ambientais globais. Em cinco encontros, a partir de então, representantes de mais de 150 países se reuniram e aprovaram em maio de 1992 o documento final. A Convenção do Clima foi assinada durante a Rio-92 por 155 países e entrou em vigor em 21 de março de 1994. O Brasil foi o primeiro país a assinar a Convenção, em 4 de junho de 1992. O Congresso Nacional a ratificou em 28 de fevereiro de 1994. A Convenção entrou em vigor para o Brasil em 29 de maio de 1994. O principal objetivo da Convenção do Clima é o de alcançar a estabilização das concentrações dos gases de efeito estufa na atmosfera em um nível não perigoso para o sistema climático, que não ameace a produção de alimentos e que viabilize o desenvolvimento econômico de modo “sustentável”. A Convenção estabeleceu compromissos para os países, divididos em grupos: • Anexo I – Países-membros da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), além do antigo bloco soviético. • Não-Anexo I – Todos os demais, principalmente os países em desenvolvimento. 18 Os países do Anexo I concordaram em promover ações para redução de suas emissões até o ano de 2000, voltando aos níveis de 1990. Os países do Não-Anexo I se comprometeram a adotar programas nacionais de mitigação, sem ter que cumprir metas quantitativas. O bloco econômico denominado BRIC, que inclui Brasil, Rússia, Índia e China, apresentam hoje grandes emissões de GEE. Existe um movimento liderado pelos países do Anexo - I, para que o BRIC assuma compromissos de reduzir emissões em um segundo período de compromisso - após 2012. No entanto, as emissões do Brasil, Rússia, Índia e China são significativas se tirarmos uma fotografia do momento (suas contribuições atuais). Se levarmos em conta suas contribuições históricas, as emissões deste grupo passam a ser pouco representativas. Visitar: http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/4069.html# As Conferências das Partes O fórum em que os países signatários da Convenção discutem suas diferenças e alinham as expectativas chama-se “Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas de Mudanças Climáticas (COP/CQNUMC)”. Em dezembro de 1997, a III Conferência das Partes (COP3) ocorreu em Quioto, no Japão. Nesta COP-3, o documento que já vinha sendo elaborado obteve seu formato conclusivo e foi lançado às Partes como Protocolo de Quioto, em referência à cidade sede da Conferência. Foi no Japão que a delegação brasileira apresentou oficialmente a chamada “Proposta Brasileira”, ampliando o princípio de “responsabilidades comuns, mas diferenciadas”, ao incorporar o mecanismo de captação de recursos financeiros destinado aos países em desenvolvimento para implementação de ações orientadas ao desenvolvimento sustentável. Para isto, a proposta previa a criação de um fundo mundial a ser alimentado por contribuições advindas de penalidades arbitradas aos países industrializados que não cumprissem suas metas quantitativas de redução de emissões acordadas. Visitar: http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/17921.html http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/17919.html Não entendeu algum termo em nossa cartilha? Confira o nosso glossário virtual em www.deolhonoclima.com.br 19 RESPONSABILIDADES COMUNS, MAS DIFERENCIADAS Imagine a seguinte situação: você e seus amigos são convidados a irem para um jantar com outro grupo em um restaurante caríssimo. Por uma razão qualquer, independente de sua vontade, você e seus amigos não podem estar presente neste compromisso desde o início, e somente chegam na hora do cafezinho, ao final desse jantar. É justo que a conta seja dividida igualmente por todos os presentes, sem levar em consideração quem chegou depois e não teve o direito de consumir da mesma forma que o grupo que estava presente desde o início? Responder esta pergunta é a essência do conceito das responsabilidades comuns, porém diferenciadas. A Convenção do Clima está baseada no princípio da responsabilidade comum, mas diferenciada. O preâmbulo da Convenção sobre Mudança do Clima reconhece que “mudança do clima da Terra e seus efeitos negativos são uma preocupação comum da humanidade” e que “a natureza global da mudança do clima requer a maior cooperação possível de todos os países e sua participação em uma resposta internacional efetiva e apropriada, conforme suas responsabilidades comuns, mas diferenciadas e respectivas capacidades e condições sociais e econômicas.” Também é observado que “a maior parcela das emissões globais, históricas e atuais de gases de efeito estufa é originária dos países desenvolvidos, e que as emissões per capita dos países em desenvolvimento ainda são relativamente baixas, e que a parcela de emissões globais originárias dos países em desenvolvimento crescerá para que eles possam satisfazer suas necessidades sociais e de desenvolvimento.” A responsabilidade é comum porque os gases de efeito estufa são misturados completamente na atmosfera em cerca de duas semanas e, então, não é possível atribuir diretamente as emissões aos países que lhes deram origem. Além disso, a responsabilidade é diferenciada porque alguns países são mais responsáveis pela causa do aquecimento global do que outros. Isso ocorre devido a diferenças de tamanho, população e nível de desenvolvimento; em outras palavras, ao nível de interferência antrópica no sistema climático. São as emissões históricas que, acumuladas na atmosfera desde a revolução industrial, determinam o aumento da temperatura e, portanto, a responsabilidade dos países industrializados no aumento do efeito estufa é vastamente preponderante. A responsabilidade do Brasil no aquecimento global corresponde às suas pequenas emissões históricas, decorrentes de um processo de industrialização recente. Contudo, a Convenção está baseada no relato, pelos países, de suas emissões antrópicas anuais de gases de efeito estufa. Este fato faz com que as sociedades dos diversos países estabeleçam, erroneamente, uma relação direta entre emissões anuais e responsabilidade pelo aumento do aquecimento global. Em conformidade com suas responsabilidades comuns, mas diferenciadas os países desenvolvidos reconhecem e assumiram voluntariamente na Convenção que devem tomar a iniciativa no combate à mudança do clima e a seus efeitos adversos. (MCT: www.mct.gov.br) 20 O Protocolo de Quioto Na Quarta Conferência da Partes (COP 4), entre 2 e 13 de novembro de 1998, em Buenos Aires, Argentina, um total de 39 países desenvolvidos assinaram o Protocolo de Quioto, incluindo os Estados Unidos. Mas o Senado norte-americano não o ratificou ainda, desobrigando o país de cumprir sua meta. Estabeleceu-se que o Protocolo de Quioto somente vigoraria 90 dias após a ratificação por pelo menos 55 países signatários da Convenção do Clima, incluindo os países desenvolvidos, e que juntos contabilizariam pelo menos 55% do total de gases do efeito estufa do mundo. Este limite só foi atingido quando a Rússia finalmente ratificou o Protocolo, em dezembro de 2004. Assim, o Protocolo de Quioto entrou finalmente em vigor em 16 de fevereiro de 2005. O Protocolo de Quioto estabeleceu que: • os países do Anexo I terão que reduzir no período de 2008-2012, 5,2%, na média, das suas emissões de dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) aos níveis de 1990. • os países do Anexo I terão que reduzir seus níveis de hidroclorofluorcarbono (HFC), perfluorcarbono (PFC), e hexafluoreto de enxofre (SF6) aos níveis do ano de 1995. • será permitido o “comércio de emissões” entre países do Anexo I: países que reduzirem mais do que sua meta podem vender créditos para aqueles que não conseguirem. • será permitido aos países do Anexo I que não conseguirem cumprir suas metas de redução de emissão utilizar o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, MDL, “pagando” pelo não-cumprimento das metas com investimentos em projetos em países do Não-Anexo I que reduzam emissões e promovam o desenvolvimento sustentável. O Protocolo de Quioto considera a possibilidade do uso de três instrumentos, conhecidos por mecanismos de flexibilização a serem empregados, de forma complementar, pelos países, para o alcance de suas metas de redução das emissões dos gases intensificadores de efeito estufa: Comércio de Emissões – CE, Mecanismo de Implementação Conjunta - IC, e o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL. Os dois últimos mecanismos são denominados de mecanismos baseados em projetos pelo fato de que as unidades de redução das emissões são derivadas de investimentos em projetos ambientalmente adicionados. Tais projetos são estruturados de forma a reduzir as emissões antropogênicas por fontes, ou incrementar a absorção antropogênicas por sumidouros de gases de efeito estufa. Visitar: http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/17331.html Não entendeu algum termo em nossa cartilha? Confira o nosso glossário virtual em www.deolhonoclima.com.br 21 Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), aprovado no Protocolo de Quioto permite que países do Anexo I compensem suas emissões através de investimentos em projetos de redução de emissões em países em desenvolvimento (Não-Anexo I). Definidos os critérios básicos do MDL, em novembro de 2004 foi aprovado o primeiro projeto merecedor de créditos por reduzir a emissão de um gás do efeito estufa. O projeto localiza-se em Nova Iguaçu (RJ) e consiste de um aterro sanitário. No Brasil, a implantação do MDL caracteriza-se pela diversidade dos projetos. A utilização de gás e biomassa para geração de energia vem sendo adotada por indústrias e aterros sanitários em vários estados. Outra modalidade é o estímulo ao aproveitamento das fontes renováveis de energia, como parques eólicos (energia do vento), biomassa, energia solar e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). Há projetos candidatos ao MDL que fazem uso da co-geração energética a partir do bagaço de cana e substituição de óleo combustível por gás natural em indústrias. Visitar: http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/4007.html 22 A Comunicação Nacional Todos os países signatários da Convenção sobre Mudança do Clima assumiram o compromisso de elaborar e atualizar periodicamente inventários nacionais de emissões e remoções antrópicas (de origem humana) de gases de efeito estufa classificados por suas respectivas fontes. Este compromisso está no capítulo 4 da Convenção. A Comunicação Nacional do Brasil consiste de dois capítulos principais: 1. Inventário (contabilização) de emissões dos principais gases de efeito estufa (CO2, CH4 e N2O, HFC, PFC e SF6) nos setores energético, industrial, uso da terra e desmatamento, agropecuária e tratamento de resíduos. 2. Providências tomadas ou previstas para implementar a Convenção no País. A realização do inventário brasileiro de gases de efeito estufa foi uma tarefa desafiadora, que envolveu 60 instituições e mais de 300 especialistas espalhados por todas as regiões do país. Provenientes de diferentes setores (como os de energia, indústria, agricultura, tratamento de resíduos e florestas), profissionais de formações variadas de instituições ministeriais, empresas estatais federais e estaduais, empresas privadas, organizações não-governamentais, universidades e centros de pesquisas trabalharam na elaboração do inventário brasileiro de emissões. Visitar: http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/4004.html Não entendeu algum termo em nossa cartilha? Confira o nosso glossário virtual em www.deolhonoclima.com.br 23 Inventário Brasileiro das Emissões Antrópicas por Fontes e Remoções por Sumidouros de Gases de Efeito Estufa não Controlados pelo Protocolo de Montreal O Inventário constitui um dos principais capítulos da Comunicação Nacional que o Brasil entregou ao Secretariado da Convenção do Clima. As diretrizes da Convenção para preparação da Comunicação Nacional dos países em desenvolvimento estabelecem que o inventário inicial desses países tenha como base o ano de 1994. O Inventário Brasileiro apresenta as séries de emissões antrópicas, por fontes, e remoções antrópicas, por sumidouros, de gases de efeito estufa, sempre que possível, desde 1990. O inventário mostra que as emissões brasileiras de GEE oriundas do setor energético são relativamente pequenas, devido ao grande uso de fontes de energia renováveis, em especial hidrelétrica, álcool e de bagaço de cana. A grande contribuição nacional nas emissões de CO2 é creditada a mudança de uso da terra (75% de todas as emissões registradas no país) sendo as atividades ligadas ao desmatamento a grande responsável por estes números. Visitar: http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/25441.html 24 Relatório Stern Documento encomendado pelo governo Britânico sobre os efeitos na economia mundial das alterações climáticas nos próximos 50 anos. O estudo foi coordenado pelo economista do Banco Mundial Sir Nicholas Stern e divulgado no dia 30 de outubro de 2006. Uma das principais conclusões do relatório é que os gastos para estabilizar a emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa na atmosfera seriam equivalentes a 1% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial até 2050. Em referência ao avanço do desmatamento o estudo mostra que o custo de oportunidade da proteção da floresta em oito países responsáveis por 70% das emissões resultantes da utilização de terras poderia chegar inicialmente a US$ 5 bilhões/ano. Visitar: www.sternreview.org.uk Não entendeu algum termo em nossa cartilha? Confira o nosso glossário virtual em www.deolhonoclima.com.br 25 BIBLIOGRAFIA A AEB-ESCOLA/CPTEC-INPE - CD Educacional Mudanças Ambientais Globais, 2007. BEN – Balanço Energético Nacional. Ministério das Minas e Energia, Brasília, 2004. BRAVERMAN, HARRY, 1987, Trabalho e Capital Monopolista: A Degradação do Trabalho no Século XX. Livros Técnicos e Científicos Editora S.A, Rio de Janeiro. IEA - INTERNATIONAL ENERGY AGENCY. World Energy Outlook 2005. IPCC – THE INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE, 1997, Revised 1996 IPCC Guidelines for National Greenhouse GAS Inventories, IPCC. IPCC – THE INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE, 2001, Summary for Policymakers – The Scientific Basis. In: Report of Working Group I, IPCC, WMO/UNEP. IPCC, 1995. IPCC Second Assessment Report, Climate Change, 1995. IPCC, 2001. Third Assessment Report. Climate Change 2001: Synthesis Report MÉZÁROS, ISTVÁN, 2002, Para Além do Capital, Boitempo Editorial, Editora da Unicamp, primeira edição, Campinas. STERN, NICHOLAS. The Economics of Climate Change: The Stern Review. Cambridge University. Cambridge, 2006. 26