Maneirismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:El_Greco_-_El_Espolio.jpg El Expolio, 1577–1579 – El Greco Na História da Arte o período posterior ao Renascimento e anterior ao Barroco ficou conhecido pelo curioso título de Maneirismo. O termo foi cunhado pelo historiador do período, denominado Giorgio Vasari (1511 - 1574). Maneirismo, a seu ver, significa graça, elegância e sofisticação. Posteriormente, nos escritos de Giovanni Pietro Bellori (1613 - 1696) e de Luigi Lanzi (1732 1810), a noção aparece ligada à elegância artificial e à virtuosidade excessiva. Surgem, então, vários estudiosos que atribuem sentido pejorativo ao termo, indicando que a arte desse período é a decadência de tudo que os artistas do Alto Renascimento teriam produzido. Logo, se infere que os artistas dessa época faziam arte à maneira dos grandes mestres renascentistas, mas sem a originalidade dos seus antecessores. É compreensível que esses artistas sofram esse tipo de pressão. O time de artistas que vêm antes deles possuía nomes, como os de Leonardo da Vinci, Michelangelo Buonarroti e Rafael de Sânzio, gênios incomparáveis da história da Arte Ocidental e artistas que fizeram uma Arte sem igual. No entanto os artistas maneiristas trouxeram novidades para Arte e acrescentaram muito sentido às produções artísticas. O Maneirismo é um desdobramento crítico do Renascimento e, ao mesmo tempo, uma transição para o Barroco. Em linhas gerais, as características do Maneirismo são: o rompimento com a perspectiva e com a proporcionalidade; descarte da regularidade e da harmonia; distorção das figuras; ênfase na subjetividade e nos efeitos emocionais; e deslocamento do tema central da composição. Os maneiristas foram artistas importantes e com propostas coerentes para o seu período histórico. Esse estilo constitui uma arte criada nos ambientes palacianos e voltada para um público aristocrático. Naturalmente os artistas produzem uma arte com estilo, elegância, cultivando a beleza, a graça e os aspectos ornamentais. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:David_von_Michelangelo.jpg David, 1501–1504- Michelangelo http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Giambologna_raptodasabina.jpg O rapto da Sabina, 1582 – Giambologna Observe as duas imagens acima. É possível perceber, muito claramente, as diferenças e semelhanças entre as duas obras. O David, de Michelangelo, apresenta uma pose serena, impassível, pois o artista procurava, em sua obras, a representação da beleza ideal. Já na obra de Giambologna, o artista, além de executar com primazia sua obra, quer também que interpretemos sua história. Quais outras diferenças e semelhanças você consegue identificar nas duas obras? Pintura É na pintura que as mudanças, durante o Maneirismo, são mais importantes. Observe as imagens abaixo e as principais características da pintura maneirista. Composições repletas de figuras que se comprimem em um espaço reduzido. Para que as figuras sejam reconhecíveis, o artista cria uma série de planos, que acabam por criar uma sensação de irrealidade. Tecnicamente, cria uma tensão muito grande na obra. Ao contrário das pinturas do Alto Renascimento, organizadas em pirâmide, agora, as composições abrem-se para o exterior. Alguns artistas alinham as suas figuras paralelamente à moldura do quadro. Outros criam uma atmosfera perturbadora, através da representação de grandes figuras que dominam o primeiro plano, de uma perspectiva em plano muito inclinado e de figuras surpreendentemente pequenas no fundo (conforme se pode ver na imagem ao lado). http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Barocci_-_Madonna_del_Popolo.jpg A Madonna do povo, 1579 - Federico Barocci A obra, ao lado, é uma das mais famosas do período e demonstra uma característica muito importante do Maneirismo: a deformação consciente das figuras. A procura da elegância gera figuras esguias e esbeltas, mas muitas vezes essas figuras dão uma sensação incômoda de distorção. Repare no pescoço alongado da madona e o corpo comprido do Menino Jesus em seu colo. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Parmigianino_003b.jpg Madona do Pescoço Longo – 1530/40 – Parmigianino É muito comum a expressão melancólica nas imagens do período. As roupas, com seus drapeados, dobras das vestes, muito bem marcados e luminosidade forte e marcante. Jacopo da Pontormo é um dos maiores expoentes do estilo maneirista. Essas características geram um sentimento religioso forte e uma dramaticidade que será muito bem explorada pelos artistas barrocos posteriormente. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Jacopo_Pontormo_-_Kreuzabnahme_Christi.jpg A Deposição da Cruz, 1526-1528 - Jacopo da Pontormo http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jacopo_Tintoretto_-_The_Last_Supper_-_WGA22649.jpg A Última Ceia, 1592/1594 - Tintoretto A Última Ceia, de Tintoretto, mostra como a composição maneirista é complexa e já não apresenta a figura principal no centro do quadro. No entanto é possível reconhecer Jesus Cristo em seu último banquete pela luz que emana de sua figura. Um quadro genuinamente maneirista em todas as suas características. Realidade e Imaginação http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Arcimboldovertemnus.jpeg Vertumnus, retrato de Rodolfo II, 1590 - Giuseppe Arcimboldo A segunda fase do Maneirismo acentua as características anteriores, mas também acrescenta novos dados. Os artistas do Renascimento eram muito presos a cânones fixos e rígidos. Aprendidas essas lições, os artistas maneiristas apresentam uma arte muito peculiar e criativa que irá chocar os seus contemporâneos. Dois exemplos são muito importantes para se compreender essa nova visão da arte em que o compromisso com a criatividade nos apresenta obras impensáveis no passado. O espanhol Arcimbolo até hoje nos diverte com seus retratos formados por vegetais, flores e legumes. Por sorte, o artista foi acolhido por diversas cortes, onde os reis eram considerados também exóticos, assim como seu pintor. O artista não possui obras religiosas, o que é um caso extremamente raro, uma vez que, mesmo as cortes para as quais trabalhou, eram católicas. O artista era muito mais ligado à natureza do que ao divino. Sua obra, bastante revolucionária, só irá encontrar ecos no século 20, com as correntes modernistas. Além de pintor, também foi arquiteto, engenheiro, cenógrafo de teatro e organizador de festas. Outro artista que imprimiu uma marca muito pessoal e revolucionária, considerado por muitos críticos como o artista mais importante do Maneirismo, foi Doménikos Theotokópoulos, mais conhecido como El Greco. Outros pesquisadores o consideram tão genial e autêntico que não é possível encaixá-lo em nenhum das escolas convencionais, e sim dono de um gênero próprio. Nessa imagem ao lado, é possível ver com tranquilidade as características que mostram que El Greco era um pintor diferente dos demais. Pinturas, como essa, onde há deformação das figuras, descaso com as cores naturais e a sensação irreal do espaço que cerca as estranhas figuras, causaram uma reação negativa em seus contemporâneos. Ovacionada pelos pintores modernistas como um grande gênio, em seu tempo, foi considerado um pintor estranho. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:El_Greco,_The_Vision_of_Saint_John_(1608-1614).jpg A Visão de São João, 1608-1614 – El Greco Arquitetura A contribuição mais significativa para arquitetura do período é a utilização da luz, em sua distribuição, dentro das construções, e também da decoração dos edifícios. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:IB-Vicenza-01.jpg Fachada do Palazzo Chiericati em Vicenza- Itália - Andrea Palladio A arquitetura maneirista é baseada na tradição. O desenho, com o desenvolvimento da perspectiva científica, torna-se primordial para a execução de obras magníficas, que em nada ficam devendo para os prédios do Alto Renascimento. As inovações do Maneirismo se referem mais ao modo de construção do que à forma em si. http://en.wikipedia.org/wiki/File:Chiesa_gesu_facade.jpg Igreja de Jesus ou Il Gesù – Roma – Itália - Giacomo dela Porta Dentre os arquitetos que se destacaram, estão Andrea Palladio, Giulio Romano, Antonio da Sangallo, Giacomo della Porta e Jacopo Vignola. Escultura A influência e o legado deixado por Michelangelo é muito claro na escultura do Maneirismo. No entanto, a sinuosidade e a elegância das formas são características desenvolvidas muito bem pelos escultores maneiristas. Os artistas dominam a técnica e querem transmitir isso nas suas obras. Trata-se de um virtuosismo em que a escultura empregada é subjetiva, sentimentalista, sensível, privilegiando a sensualidade plástica. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Giambologna_herculesenesso.jpg Hércules e Nesso, 1599 – Giambologna A estatuária de grande dimensão é a mais comum, servindo como monumentos, representativos e decorativos. A Arte profana ganha espaço com a Reforma Protestante, que se levantou contra os ídolos cristãos. Colecionadores fizeram florescer um mercado da escultura de menor porte. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Saliera_(js).jpg Saleiro de Francisco I, 1540-1543 - Benvenuto Cellini Os escultores mais conhecidos desse período são: Benvenuto Cellini, Bartolomeo Ammannati, Giambologna, Jean Goujon, Francesco Primaticcio, Pierre Franqueville, Germain Pilon, Alonso Berruguete, Juan de Juni, Diego de Siloé, no norte. Até mesmo Michelangelo, em sua fase final, pode ser considerado maneirista. Cinebiografia Leia a reportagem sobre o filme de <http://www.cinematografo.com.br/el-greco/>. O filme, de 2007, retrata a vida do mestre El Greco. El Greco, no site “Cinematógrafo” O cinema é repleto de filmes sobre artistas. Contar a vida de alguém nas telas nunca é fácil, sobretudo quando a história do artista é permeada de incertezas. No entanto o cinema é o lugar da magia e suas possibilidades são infinitas. O famoso filme “A Moça Com Brilho de Pérola” é um caso de sucesso, onde a criatividade do cineasta foi muito além da história. O referido filme conta a história do pintor barroco Jan Vermeer. No entanto muito pouco se sabe da vida desse artista. O diretor do filme criou uma história envolvendo o famoso quadro e conseguiu fazer um registro de época muito interessante e uma história poética e envolvente. A reportagem cita também outros filmes interessantes que merecem ser vistos. Filmes, como “Sede de Viver”, sobre Van Gogh, e o famoso filme de Camille Claudel, sobre a conturbada vida da escultora francesa. Outros filmes sobre a história de artistas merecem destaques: Agonia e Êxtase- Biografia de Michelangelo - O filme mostra bem as divergências entre o artista e o papa Júlio II, durante o longo período em que pintou o teto da capela Sistina. Basquiat. A história do jovem artista negro, Jean Michel Basquiat, que vive na mendicância pelas ruas de Nova York, até ser descoberto por Andy Warhol. São duas grandes estrelas do mundo da arte no século 20. Caravaggio. O mestre maior do Barroco possui uma biografia bastante conturbada. Nesse filme, sua sexualidade, sua relação com o poder e com seus modelos são superados pela beleza estética do filme, que remete às cores e texturas de suas obras. Os Amores de Picasso. O maior nome da arte no século 20, aos 60 anos, no auge de sua carreira, convivendo com seus jovens amores. Destaque para a atuação de Anthony Hopkins como Pablo Picasso. Pollock. O primeiro grande nome da arte norte-americana, em uma interpretação brilhante de Ed Harris. Existem muitos filmes sobre artistas plásticos, músicos, escritores, atores e bailarinos. Qual artista você acha que merece um filme? Será que ele já não possui? Pesquise com seus colegas as cinebiografias de artistas. Monte uma sessão de cinema na escola e depois debata com o público presente. O cinema pode nos ensinar muito sobre a Arte, a vida e o mundo. http://en.wikipedia.org/wiki/File:El-greco-poster.jpg Pôster grego de divulgação do filme sobre El Greco