título do resumo - Anais Unicentro

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ANÁLISE DA ESTRUTURA TESTICULAR E DO COMPORTAMENTO
SEXUAL DE RATOS MACHOS WISTAR SUBMETIDOS AO
TRATAMENTO COM ESTERÓIDE ANABÓLICO ANDROGÊNICO,
DECANOATO DE NANDROLONA
Carla Decanine (PIBIC/Fundação Araucária/UEL), Marianne Orlandini Klein,
Mainara Ferreira Barbieri, Daniela Cristina Ceccatto Gerardin, Suzana de
Fátima Paccola Mesquita (Orientadora), e-mail: [email protected]
Universidade Estadual de Londrina/Centro de Ciências Biológicas –
Departamento de Biologia Geral – Londrina – Paraná/Brasil
Área do CNPQ: MORFOLOGIA
Palavras-chave: reprodução masculina, espermatogênese, anabolizantes.
Resumo:
A utilização de esteróides anabólicos androgênicos (EAA) sem fins
medicinais vem aumentando entre adolescentes de forma abusiva e
indiscriminada em busca do aprimoramento de performance atlética,
aumento de massa muscular e perda de gordura. O uso inadequado
aumenta o risco de efeitos tóxicos adversos que geralmente acompanham o
uso dos esteróides. O objetivo deste estudo foi avaliar a influência do
tratamento com o esteróide anabólico androgênico, Decanoato de
Nandrolona, na histomorfometria testicular e no comportamento sexual de
ratos machos. Ratos da linhagem Wistar foram divididos em dois grupos: a)
Controle (0,3 mL de solução fisiológica 0,9%); b) Esteróide (5,0 mg/kg pc). A
solução salina e o esteróide sintético foram administrados duas vezes por
semana, subcutaneamente, durante 8 semanas. No sacrifício, as gônadas
foram pesadas e submetidas à rotina histológica usual para análise em
microscopia de luz e contagem espermática e o sangue coletado para
dosagem sérica de testosterona. Para análise do comportamento sexual
foram avaliados os seguintes parâmetros: 1ª ejaculação, número de
intromissões até a primeira ejaculação, número de intromissões após a
primeira ejaculação e número de ejaculações. Os resultados mostraram
diminuição nos níveis de testosterona e de contagem espermática e
presença de células germinativas descamadas no lúmen dos túbulos
seminíferos de animais tratados com esteróide. Em relação ao
comportamento sexual, os animais do grupo tratado com esteróide
apresentaram ejaculação precoce. Os resultados permitiram concluir que o
tratamento com o esteróide anabólico androgênico, Decanoato de
Nandrolona, interfere na morfometria testicular e pode provocar ejaculação
precoce.
Introdução
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
Os esteróides anabólicos androgênicos (EAA) são produtos sintéticos
derivados da testosterona. Devido a sua atividade anabólica, relacionada ao
aumento da massa muscular, e androgênica, com o desenvolvimento dos
caracteres secundários masculinos (Blue; Lombardo, 1999), são utilizados
por atletas ou não-atletas para melhorar o desempenho atlético e a
aparência física (Ribeiro, 2001).
Os efeitos colaterais associados ao abuso de EAA em homens são:
diminuição ou atrofia do volume testicular, redução da contagem de
espermatozóides, impotência, infertilidade, calvície, desenvolvimento de
mamas, dificuldade ou dor para urinar, aumento da próstata e ginecomastia
nem sempre reversível (Ribeiro, 2001), entre outros.
O decanoato de nandrolona (Deca-Durabolin®) é um dos EAA mais
utilizados no mundo (Kutscher; Lund; Perry, 2002), sendo que a maioria dos
seus usuários tem entre 18 e 26 anos de idade e são do sexo masculino
(Araujo; Andreolo; Silva, 2002).
O comportamento sexual e as respostas endócrinas são alterados
pela utilização inadequada de EAA e essas alterações variam de acordo
com a dose administrada e com o tempo de uso da droga (Clark; Harrold;
Fast, 1997).
O objetivo deste estudo foi investigar através de análises
histomorfométricas e de parâmetros de avaliação do comportamento sexual
as alterações decorrentes da administração de EAA em ratos machos
adultos.
Materiais e métodos
Ratos machos Wistar (250g) foram divididos aleatoriamente em 2
grupos (n=16): a) Controle (0,3 mL de solução fisiológica 0,9%); b) Esteróide
(5,0 mg/kg pc de Decanoato de Nandrolona®, laboratório Organon do
Brasil). A solução salina e o esteróide sintético foram administrados duas
vezes por semana, subcutaneamente, durante 8 semanas. Oito animais de
cada grupo foram utilizados para dosagem de testosterona e seus testículos
esquerdos, após processamento para microscopia de luz, foram utilizados
nas análises histomorfométricas (volume dos componentes do testículo;
diâmetro tubular e altura do epitélio seminífero e número das células de
Leydig), enquanto seus testículos direitos foram utilizados para o cálculo da
reserva espermática testicular. Os outros animais (8/grupo) foram utilizados
para análise de comportamento sexual (latência da primeira intromissão,
latência da primeira ejaculação, latência da primeira intromissão pósejaculação, número de intromissões e de ejaculações)
Durante todo o experimento, os animais foram mantidos no Biotério
do Departamento de Biologia da Universidade Estadual de Londrina com
temperatura (22 ± 2ºC) e luminosidade (ciclo 12h claro: 12h escuro)
controladas e receberam água e ração ad libitum. Para os testes de
comportamento sexual os animais foram transferidos para o biotério com
ciclo invertido, onde continuaram com o tratamento.
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
Resultados e Discussão
No presente trabalho, o peso testicular dos animais do grupo Esteróide,
apresentou diminuição significativa, resultado este em concordância com o
de Maravelias et al. (2005) (Tabela 1).
A redução no diâmetro tubular, altura do epitélio seminífero e no
número das células de Leydig nos animais tratados com esteróide está de
acordo com os dados observados por Takahashi; Tatsugi; Kohnd, 2004.
Alterações na função secretora das células de Leydig podem ter causado a
redução nas reservas espermáticas totais, aqui observadas (Tabela 1). No
grupo Esteróide houve redução (p<0,05) nos volumes dos túbulos
seminíferos e do tecido intersticial dos animais quando comparados aos
controles, o que está de acordo com dados de Feinberg; Lumia; McGinnis
(1997) (Tabela 1).
A avaliação histológica dos túbulos seminíferos dos testículos dos
animais tratados com o esteróide mostrou que houve descamação das
células espermatogênicas para o interior da luz desses túbulos, o que pode
ter contribuído para a redução observada no diâmetro e na altura do epitélio
tubular.
A dosagem de testosterona plasmática mostrou-se significativamente
menor para o grupo Esteróide em relação ao Controle.
Em relação ao comportamento sexual, os animais do grupo Esteróide
mostraram ejaculação precoce e um maior número de ejaculações
confirmando os resultados de Dohle; Smith; Weber (2003).
Tabela 1– Análise da estrutura testicular e contagem de espermatozóides
Parâmetros
Controle
Esteróide
D
1.47±0.04
1.29±0.02∗
Peso testicular (g)
E
1.48±0,04
1.30±0,02∗
Volume dos túbulos seminíferos (mL)
1.237±0.026
1.147±0.014
Volume do tecido intersticial (mL)
0.160±0.003
0.069±0.001∗
Número de Leydig por testículo (106)
9.75±0.90
5.18±1.43∗
Diâmetro dos túbulos seminíferos (μm)
323.25±5.11
196.14±5.22∗
Altura do epitélio seminífero (μm)
Contagem espermatozóides (106) no
testículo
88.98±1.49
48.68±0.84∗
242.90 ±13.86
87.06±1,74∗
Valores expressos em Média ± DP, teste Tukey.
Tabela 2– Avaliação do comportamento sexual
Parâmetros
Controle
∗
p< 0,05
Esteróide
Latência da 1ª intromissão (s)
60,14±15,16
23,14±4,75 ∗
Número de intromissões
37,43±1,80
13,83±4,66∗
Latência da 1ª ejaculação (s)
660,86±31,93
143,57±29,88∗
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
Latência da 1ª intromissão
pós-ejaculação (s)
Número de intromissões pósejaculação
Número de ejaculações
1157,30±50,17
416,00±28,37∗
38,14±2,95
27,28±2,61
2,00±0,22
3,43±0,37
Valores expressos em Média ± DP, teste de Mann-Whitney. 2 animais do grupo Esteróide não apresentaram
comportamento.
∗
p< 0,01.
Conclusões
O esteróide anabólico androgênico, Decanoato de Nandrolona interfere na
morfometria testicular e pode provocar ejaculação precoce.
.
Agradecimentos
À Fundação Araucária pelo auxílio financeiro na forma de Bolsa de Iniciação
Científica e a todas as pessoas que contribuíram para a realização deste
trabalho.
Referências
1. Araújo, L.R.; Andreolo, J.; Silva, M.S. Utilização de suplemento
alimentar e anabolizante por praticantes de musculação nas
academias de Goiânia-GO. Rev. Br. Cien. Mov. 2002, 10, 13.
2. Blue. J. G.; Lombardo, J. A. Steroids and steroids-like compounds.
Clin Sports Med. 1999, 18, 667.
3. Clark, A.S.; Harrold, E.V.; Fast, A.S. Anabolic–androgenic steroid
effects on the sexual behavior of intact male rats. Horm. Behav. 1997,
31, 35.
4. Dohle, G. R.; Smith, M.; Weber, R. F. A. Androgens and male fertility.
World J. Urol. 2003, 21, 341.
5. Feinberg, M.J.; Lumia, A.R.; McGinnis, M.Y. The effect of anabolicandrogenic steroids on sexual behavior and reproductive tissues in
male rats. Physiol. Behav. 1997, 62, 23.
6. Kutscher, E.C.; Lund, B.C.; Perry, P.J. Anabolic steroids: A review for
the clinician. Sports Med. 2002, 32, 285.
7. Maravelias, C.; Dona, A.; Stefanidou, M.; Spiliopoulou, C. Adverse
effects of anabolic steroid in athletes a constant threat. Toxicol. Lett.
2005, 158, 167.
8. Ribeiro, P.C.P. O uso indevido de substâncias: esteróides
anabolizantes e energéticos. Adolescência Latinoamericana. 2001, 2,
97.
9. Takahashi, M.; Tatsugi, Y.; Kohnd, T. Endocrionological and
pathological effects of anabolic-androgenic steroids in male rats.
Endocr. J. 2004, 51, 425
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
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