Abóboras.

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Abóboras.
Classificação Botânica
As abóboras, Cucurbita sp., pertencem à Família das Cucurbitaceae e à Tribo das
Cucurbiteae. O gênero Cucurbita compreende 27 espécies conhecidas.
As cinco espécies mais comumente cultivadas nas nossas hortas são as seguintes:
1. Cucurbita pepo.
Um certo número de
variedades no seio dessa espécie, é
brenhosa. As folhas e os caules têm
espinhos. As folhas, sempre
profundamente cortadas, também se
caracterizam por lóbulos angulosos.
O pedúnculo dos frutos se
caracteriza por divisões (de 5 a 8, e
às vezes mais) muito marcadas e
não se alarga no lugar da inserção.
Essas divisões se prolongam, sobre
os frutos como costelas ou
colorações diferentes. As sementes
são esbranquiçadas e achatadas.
Elas estão sempre na margem e são
de cor branco cinza uniforme.
Foto. Cucurbita pepo: Sweet Dumpling
A espécie Cucurbita pepo se divide em duas sub-espécies:
- Cucurbita pepo pepo. Essa sub-espécie só compreende as variedades domesticadas, tais como
as abobrinhas, as abóboras assim como algumas abóboras ornamentais, chamadas na França
“colocintos”, que se caracterizam habitualmente por uma pigmentação avermelhada.
- Cucurbita pepo ovifera. Essa sub-espécie se divide ela mesma em três grupos;
* O grupo ovifera, que só contém variedades domesticadas, tais como as abóborasglande, os “patissons” e algumas abóboras ornamentais (coroa de espinhos, ovo branco,
colher...)
* O grupo texana, que é constituído de abóboras selvagens que são encontradas no
Texas.
* O grupo Ozarkana, que é constituído de abóboras selvagens que são encontradas
fora do Texas (Illinois, Missouri, Arkansas, Oklaoma e Louisiana).
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Foto. Pedúnculo dos frutos de Cucurbita pepo.
2. Cucurbita maxima.
Essa espécie se caracteriza mais
frequentemente por caules muito
compridos, e só existem poucas
espécies realmente brenhosas. As folhas
são grandes, jamais profundamente
divididas, e elas têm lóbulos
arredondados. Os numerosos pêlos e
rudes que cobrem toda as partes verdes
da planta nunca se tornam espinhosos.
Foto.
Cucurbita
Hungarian Blue.
maxima:
O pedúnculo do fruto é sempre
arredondado e sem costelas. Depois da
floração ele se alarga muito, se quebra
freqüentemente e adquire um diâmetro
duplo ou triplo do diâmetro do caule.
As sementes são sempre cobertas de
uma película pouco aderente. Elas são
marginais e sua cor varia do branco
puro ao bistre escuro. Elas são ovais e
inchadas.
Foto. Pedúnculo dos frutos de
Cucurbita maxima.
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3. Cucurbita moschata.
As variedades dessa espécie
são todas rasteiras. As folhas não são
cortadas, mas apresentam ângulos
bastante marcados. As folhas e os
pecíolos são recobertos de numerosos
pelos, que não se tornam espinhosos.
Foto. Cucurbita
Musquée de Provence.
moschata:
O pedúnculo apresenta cinco
costelas ou ângulos e se alarga ou se
achata no lugar da inserção no fruto.
As sementes são normalmente de cor
branco-cinza e muito marginais.
Foto. Pedúnculo dos frutos de
Cucurbita moschata.
4. Cucurbita argyrosperma.
Que também se chama Cucurbita mixta. Os botânicos só aceitaram essa espécie nos anos
1930. Os caules são muito longos, as folhas são grandes e recobertas de pêlos. O pedúnculo é
lobado e um pouco achatado no lugar de inserção dos frutos. As sementes são bastante longas e
achatadas e profundamente marginais. Às vezes essa borda é cor prateada.
Cucurbita argyrosperma se divide em duas sub-espécies:
- Cucurbita argyrosperma argyrosperma que se sub-divide em quatro grupos:
argyrosperma, callicarpa, stenosperma e palmieri. Os três primeiros grupos incluem todas
as variedades cultivadas conhecidas. O quarto grupo corresponde às populações
espontâneas do nordeste do México que denominamos normalmente Cucurbita palmieri.
- Cucurbita argyrosperma sororia, que inclui as populações selvagens difundidas do
México ao Nicarágua, que eram originalmente descritas sob o nome de Cucurbita sororia.
Essa sub-espécie é considerada como sendo o ancestral selvagem do grupo.
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Foto. Cucurbita
argyrosperma: Pépita Veracruz.
5. Cucúrbita ficifolia.
Como seu nome indica, as
folhas dessa espécie parecem com as
da figueira e têm cinco lóbulos
arredondados,
separados
por
cavidades profundas. As sementes
são de cor preta. Os caules são muito
longos e podem atingir 15 metros. É
uma espécie vivaz quando as
condições climáticas o permitem. A
frutificação se manifesta quando os
dias são mais curtos.
Foto. Cucurbita ficifolia.
História
A família das Cucurbitáceas é uma das famílias mais importantes no domínio alimentício.
As espécies do gênero Cucurbita foram domesticadas no Novo Mundo e cultivadas há milênios
pelos povos Ameríndios. Apesar da marginalização atual de algumas dessas espécies, elas foram
um componente essencial do regime alimentar de comunidades rurais e algumas comunidades
urbanas do continente American,o e de outras partes do mundo.
Geralmente estima-se que Cucurbita maxima é saída do centro de biodiversidade da
América do Sul. Quanto às outras quatro espécies comumente utilizadas pelo homem, isto é,
Cucurbita pepo, Cucurbita moschata, Cucurbita ficifolia e Cucurbita argyrosperma, supõe-se
terem sido domesticadas na América Central sem que a certeza dessa origem seja absoluta.
Por volta do final dos anos 1980, uma grande quantidade de informações foi reunida sobre a
origem e evolução dessas quatro espécies. Os limites taxonômicos e genéticos de Cucurbita pepo e
Cucurbita argyrosperma foram redefinidos e as espécies selvagens que lhes são aparentadas foram
classificadas em categorias intra-específicas apropriadas. As conclusões de todas essas pesquisas
lançaram uma dúvida sobre a origem centro-americana de Cucurbita moschata e Cucurbita
ficifolia.
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Cucurbita pepo
Segundo as escavações arqueológicas, a espécie Cucurbita pepo é uma das mais velhas
espécies domesticadas. Os traços mais antigos foram descobertos no México, no Vale de Oaxaca,
(8750 antes de Cristo a 700 depois de Cristo) e nas grutas de Ocampo em Tamaulipas (7000 antes
de Cristo a 500 antes de Cristo). Sua presença nos EUA é também muito antiga, pois remonta a
4000 antes de Cristo, no Missouri, e a 1400 antes de Cristo, no Mississipi.
É possível que Cucurbita pepo tenha sido domesticada ao mesmo tempo no México com
Cucurbita fraterna como ancestral selvagem, e na região leste dos EUA, com Cucurbita texana
como ancestral selvagem.
Cucurbita argyrosperma
É a espécie cultivada que mais foi objeto de pesquisas intensivas nesses últimos anos.
Segundo as descobertas arqueológicas mais recentes, parece que a domesticação de Cucurbita
argyrosperma, no sul do México data de mais de 7000 anos. O grupo argyrosperma parece o menos
especializado e mais primitivo enquanto o grupo callicarpa é o grupo mais especializado e mais
recente. O tamanho relativamente grande das sementes do grupo argyrosperma sugere que esse
grupo foi principalmente selecionado pelas sementes. Em compensação, a diversidade das formas,
das cores e do tamanho dos frutos dos grupos Stenosperma e Callicarpa sugere que a seleção era
orientada ao mesmo tempo para a obtenção de sementes e de polpa. Na América do Sul, a espécie
Cucurbita argyrosperma é cultivada no Peru e na Argentina. As variedades que aí são cultivadas
são manifestadamente uma introdução recente do grupo Callicarpa. Algumas variedades desse
grupo são também presentes nos EUA, assim como uma variedade do grupo argyrosperma,
comercializada como planta ornamental “Silver Seed Gourd”.
No México, os três grupos cultivados de Cucurbita argyrosperma se encontram, cada um,
em zonas bem específicas do país, numa altitude que varia entre 0 e 1800 metros. Eles prosperam
de preferência em climas quentes e secos, ou então com uma estação de chuvas bem determinada.
Cucurbita moschata
Os vestígios dessa espécie descobertos durante pesquisas arqueológicas não permitem
afirmar com certeza que essa espécie é originária da América Central ou da América do Sul. Os
vestígios mais antigos foram descobertos nas grutas de Ocampo, Tamaulipas no noroeste do
México. Eles datam de um período que vai de 4900 a 3500 antes de Cristo. Descobriu-se também
em Huaca Prieta, no Peru (3000 antes de Cristo), no Guatemala (2000 antes de Cristo a 850 depois
de Cristo).
Essa espécie sendo extremamente variável quanto à morfologia de seus frutos e suas
sementes, não se pode tirar nenhuma conclusão quanto à determinação de um centro de origem
genética. A diversidade genética dessa espécie é considerável quanto à forma de seus frutos e de
suas sementes, quanto aos ciclos de crescimento, quanto à resistência às doenças virais, quanto à
capacidade de conservação.
Pode-se mencionar a existência de variedades muito resistentes aos vírus cultivados pelos
povos Maias ou de variedades a ciclos de crescimento muito diferentes cultivados na península de
Yucatan. São 2000 origens de Cucurbita moschata que foram repertoriadas pelos cientistas
americanos.
Cucurbita ficifolia
O centro de origem e domesticação dessa espécie é ainda desconhecido. Ele se situa na
América Central ou na América do Sul. Os vestígios mais antigos foram descobertos no Peru.
Essa espécie se caracteriza por uma grande produtividade, e é comum encontrar por volta de
cinqüenta frutos em uma planta. Cada fruto pode conter até 500 sementes ou mais.
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Polinização
A abóbora é uma planta monóica, isto é, que carrega na mesma planta flores macho e flores
fêmea em lugares diferentes.
A abóbora pode ser auto
fecunda: uma flor fêmea pode ser
fertilizada por pólen, que vem de
uma flor macho da mesma planta.
Entretanto, as fecundações
cruzadas são predominantes: a flor
fêmea é fertilizada por pólen que
vem de diferentes plantas da mesma
variedade ou de uma outra
variedade.
O principal vetor dessas
polinizações cruzadas são as
abelhas. Em função das regiões e
dos ambientes, a distância de
isolamento aconselhada entre duas
variedades de abóboras varia de 500
metros até 1 quilômetro e até mais.
Foto. Flores macho e flores fêmea
As flores macho são
facilmente reconhecíveis, pois elas
aparecem acima da folhagem no
final de longos caules. As flores
fêmeas
são
tão
facilmente
reconhecíveis, porque em sua base
se encontra o futuro fruto, na
verdade o ovário, já possuindo uma
forma bem definida. O tamanho
desse ovário pode ser conseqüente.
Assim, ele atinge às vezes 15 cm de
comprimento, na variedade Tromba
d’Albenga.
Foto. Uma flor fêmea.
Quando a flor fêmea é fecundada, o fruto se desenvolve. Quando a flor fêmea não é
fecundada, o fruto se enfraquece.
Numa planta de abóbora, as flores macho aparecem muito antes das flores fêmeas, e elas são
bem mais numerosas que essas últimas. Pode-se notar também, que durante os períodos de
temperatura muito alta, as flores macho são predominantes.
As flores macho possuem pólen e néctar, e as flores fêmea possuem somente néctar.
Elas têm uma duração de vida muito curta: elas se abrem antes da madrugada e se fecham
definitivamente na metade da manhã.
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É essencial tomar consciência que as polinizações cruzadas só podem se manifestar no seio
da mesma espécie. Não há fecundações cruzadas e hibridações naturais possíveis entre as diferentes
espécies de Cucurbita, existem alguns casos de cruzamentos com Cucurbita argyrosperma.
De fato, os botânicos americanos perceberam que Cucurbita argyrosperma se caracterizava
por diferentes níveis de compatibilidade e então, de hibridação potencial.
- o maior grau de compatibilidade se manifesta com Cucurbita moschata.
- um grau menor de compatibilidade se manifesta com variedades e populações selvagens de
Cucurbita pepo, assim como algumas variedades de Cucurbita maxima e de formas de
Cucurbita foetidissima.
- um grau ainda menor de compatibilidade se manifesta com as espécies selvagens tais como
Cucurbita lundelliana, Cucurbita martinezzi, Cucurbita pedatifolia e Cucurbita digitata.
Para resumir, as hibridações são
antes de tudo entre variedades (no seio
de cada espécie) e não há hibridações
entre Cucurbita pepo, Cucurbita
maxima, Cucurbita moschata e
Cucurbita ficifolia.
Foto. Flores macho
A única espécie que pode se
hibridar com as três primeiras dessas
quatro espécies é a Cucurbita
argyrosperma. Deve-se destacar que,
entretanto, a espécie Cucurbita
argyrosperma é pouco conhecida e
pouco cultivada nas hortas de zonas
temperadas.
Assim, um agricultor pode produzir
sementes de abóboras em sua horta (se esse
último é isolado de maneira satisfatória da
mais próxima horta que produza outras
abóboras) com a condição de só cultivar uma
variedade por espécie: por exemplo, uma
abóbora-moranga (Cucurbita pepo), uma
abóbora-menina (Cucurbita maxima), uma
abóbora-cheirosa (Cucurbita moschata), uma
abóbora de Siam (Cucurbita ficifolia).
Foto. Abelhas em uma flor fêmea.
É aconselhável não se cultivar a
variedade Cucurbita argyrosperma perto de variedades Cucurbita pepo, Cucurbita maxima e
Cucurbita moschata, quando se deseja produzir suas próprias sementes. Em compensação, pode-se
muito bem produzir sementes de Cucurbita argyrosperma e de Cucurbita ficifolia na mesma horta
já que não existe nenhum risco de hibridação entre essas duas espécies.
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O agricultor não pode produzir, pelo menos em polinização livre, sementes de abobrinhas
verdes, quando há na mesma horta uma outra variedade de Cucurbita pepo, por exemplo, uma
variedade de abobrinha amarela.
De fato, as abelhas vão hibridar essas duas variedades de Cucurbita pepo, e a hibridação só
será manifestada no segundo ano, quando as sementes saídas dessas duas variedades de abobrinha
serão colocadas em cultura.
É importante entender que a hibridação acontece no verdadeiro fruto que é a semente. O que
nós comemos, é a polpa do falso fruto, que é na verdade um alargamento do ovário. Os óvulos
foram fecundados por pólen transmitido da flor macho a flor fêmea. Cada óvulo fecundado se torna
uma semente.
Quando o óvulo de uma
variedade é fecundado por pólen
vindo de outra variedade (da mesma
espécie), ele gera uma semente cujas
potencialidades são muito diferentes.
Nós vamos agora citar as
técnicas de “polinização controlada”,
permitindo ao agricultor de produzir
sementes de várias variedades da
mesma espécie na mesma horta sem
levar em conta as distâncias de
isolamento.
Foto. Deixadas por elas
mesmas, as flores se fecham
naturalmente no meio da manhã.
A primeira técnica consiste simplesmente a cultivar sob proteção de um véu, todas as
plantas da mesma variedade. Pode-se assim, confeccionar um mini-túnel com arcos recobertos por
um mosquiteiro em filó ou malha metálica fina. A única contingência real dessa técnica é a
necessidade de introduzir insetos polinizadores, pois sem eles, as plantas não poderão ser
fecundadas.
Colméias de zangões são comercializadas por sociedades especializadas, mas elas
representam evidentemente um certo custo. Esse custo pode ser dividido por dois ou três
agricultores na medida em que basta que um mini túnel seja visitado a cada dois ou três dias por
insetos polinizadores. Os zangões entram na colméia durante a noite, e fica fácil transportá-los de
um lugar para o outro.
Pode-se também otimizar o uso de tais colméias (normalmente destinadas a polinizar
grandes superfícies e durante muitas sementes) criando um túnel bastante grande que poderá
acolher uma variedade de cada espécie de Cucurbita com uma variedade de pepino, uma variedade
de melão, uma variedade de melancia, uma variedade de berinjela, uma variedade de quiabo. Todas
as sementes produzidas serão de variedades puras.
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Foto. Mini-túnel com arcos recobertos por um mosquiteiro.
A segunda técnica é a da polinização manual. Ela consiste em ligar, à noite, as flores macho
e as flores fêmea que vão abrir na manhã seguinte. Com um pouco de experiência é muito fácil
reconhecê-las, pois elas adquirem uma cor amarela característica. Às vezes, mesmo as flores de
algumas variedades têm a extremidade de suas pétalas ligeiramente dobradas, na véspera da
abertura. A ligadura se efetua na extremidade da flor. Utiliza-se simplesmente fita crepe
(geralmente destinada a proteger as bordas das madeiras nos trabalhos de pintura). É aconselhável
ligar pelo menos duas flores macho para cada flor fêmea a polinizar.
Nas hortas que acolhem um
grande número de plantas de
abóboras, é prático sinalizar as flores
fêmeas com ligaduras com uma marca
colorida, por um pedaço de fita
adesiva colorida colada na folha
situada acima, ou por qualquer outro
meio que permita encontrá-las
facilmente no dia seguinte. É também
preferível percorrer a horta no dia
seguinte seguindo o mesmo percurso
utilizado na véspera e seguindo as
mesmas direções, por exemplo, de
leste a oeste.
Foto. Uma flor fêmea com ligadura
As flores fêmeas com ligadura são de fato mais fáceis de se encontrar quando a direção do
percurso de trabalho é a mesma, por causa da orientação natural das folhas.
De manhã, as flores machos são colhidas, liberadas de suas ligaduras e suas pétalas
retiradas. A fita adesiva da flor fêmea é em seguida retirada delicadamente. Se uma ou outra flor,
uma vez liberada da ligadura, não se abre totalmente e naturalmente, é que ela não está “madura”:
então não se pode utilizar para o processo de polinização manual.
A polinização é efetuada caiando o pólen das flores macho sobre cada parte do estigma da
flor fêmea. Deve-se ser muito vigilante, pois pode acontecer que uma abelha pouse no meio do
processo de fecundação. Então esse último deve ser abandonado por causa da intrusão de pólen
estranho.
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Quando a polinização se efetua corretamente, deve-se fechar cuidadosamente a flor fêmea
envolvendo-se delicadamente com fita adesiva. Não se deve esquecer de fixar logo, com ligadura
hortícola ao redor do pedúnculo da flor polinizada afim de poder reconhecê-la facilmente no final
da estação dos frutos que terão sido polinizados manualmente. A ligadura deve ser bastante frouxa,
para permitir ao pedúnculo de crescer sem problemas.
Foto. De manhã, as flores machos
são colhidas, liberadas de suas ligaduras
e suas pétalas retiradas.
É aconselhável efetuar essa
polinização manual o mais cedo possível.
De fato, as polinizações manuais efetuadas
no final da manhã em estação muito quente
têm muito poucas chances de sucesso, na
medida em que o pólen terá esquentado e
fermentado e não será mais viável. Não se
deve esquecer que, deixadas por elas
mesmas, as flores se fecham naturalmente
no meio da manhã.
Antes de realizar a polinização manual, deve-se cuidar para que as flores com ligaduras não
sejam furadas na base. Acontece que alguns insetos, tais como os grandes zangões, abrem uma
passagem à força. Essa intrusão pode se manifestar também depois que a polinização tenha sido
feita e deve-se verificar no dia seguinte que as flores polinizadas na véspera tenham guardado a
integridade. Esse tipo de intrusão é uma exceção.
Na medida do possível, deve-se evitar polinizar uma flor fêmea com uma flor macho colhida
na mesma planta.
Foto. Anteras e pólen.
As polinizações manuais
serão coroadas de sucesso quando
elas são efetuadas no início da fase
de frutificação. Quando um fruto já
se formou naturalmente (isto é, por
polinização de insetos) numa planta
destinada
a
ser
polinizada
manualmente, é muito aconselhável
colhê-lo a fim que esse fruto
polinizado manualmente possa
beneficiar de todo o vigor da planta.
Além disso, o número de frutos
polinizados
por
planta
será
determinado pela duração da
estação normal de crescimento, pelo
nível do calor do verão e pela natureza da variedade.
Assim, pode-se polinizar um só fruto de uma variedade de “abóbora gigante”, dois frutos de
uma variedade de “potimarron”, três frutos de uma variedade de “patisson” e uma dúzia de frutos de
uma variedade de “pomme d’or”.
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Nós pudemos constatar que
certas variedades de abóboras
parecem mais recalcitrantes do que
outras de polinização manual. É o
caso, por exemplo, da variedade
“Potiron
verde
azeitona”.
Entretanto, ainda não está provada
que essa dificuldade seja intrínseca
à variedade, e que ela não seja na
verdade uma conseqüência de uma
certa falta de adaptação da tal
variedade a um ou outro ambiente.
Foto. A polinização é
efetuada caiando o pólen das
flores macho sobre cada parte do
estigma da flor fêmea.
Quando no início da estação, deseja-se praticar polinizações manuais em abóboras, deve-se
cuidar para que o espaço entre as variedades seja amplamente suficiente para os caules não se
misturarem e as flores (em particular as flores macho) serem facilmente marcadas para cada
variedade.
Para uma produção de
sementes que beneficie de uma boa
diversidade genética, é recomendado
cultivar no mínimo 6 plantas de cada
variedade. O ideal é de cultivar uma
dúzia ou ainda melhor, uma vintena
se o espaço na horta o permitir.
Foto. Não se deve esquecer
de fixar logo, com um fio colorido
ao redor do pedúnculo da flor
polinizada
afim
de
poder
reconhecê-la facilmente no final
da estação dos frutos que terão
sido polinizados manualmente.
Produção de sementes
Durante a colheita de frutos, é aconselhável esperar o maior tempo possível antes de abri-los
para extrair as sementes. De fato, essas últimas continuam a se formar no interior do fruto. Quando
se espera um mês ou mais, a qualidade e a viabilidade das sementes são melhores.
Na abertura do fruto, as sementes são extraídas com a mão e pode-se lavá-las tirando a
polpa. Elas são em seguida colocadas logo para secar em um pequeno tamis em um lugar seco e
ventilado.
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As sementes de abóbora levam um certo
número de dias para secarem completamente. Um
ventilador pode acelerar muito o processo. As
sementes são totalmente secas se elas quebram
quando se tenta dobrá-las. É muito desaconselhável
secá-las em cima de papel, pois depois não se pode
descolá-las.
Foto. As sementes são extraídas com a
mão. Pode-se lavá-las tirando a polpa.
As sementes de abóbora têm uma duração
germinativa média de 6 anos. Entretanto, elas
podem conservar uma faculdade germinativa até 10
anos ou mais.
As diversas variedades de Cucurbita pepo
contêm, por quilo, de 5 000 até 20 000 sementes. As
diversas variedades de Cucurbita maxima contêm,
por quilo, de 2 500 sementes até 5 500 sementes.As
diversas variedades de Cucurbita moschata contêm,
por quilo, de 5 200 sementes até 12 000 sementes.
Criação de variedades
Mesmo que as abóboras
sejam fundamentalmente plantas
alógamas, parece que elas são, apesar
disso, adaptadas a condições de autofecundação.
Alguns autores na América
destacam diferentes razões para isso.
A primeira é o desenvolvimento
bastante amplo das Cucurbita, que
ocasiona sempre uma fecundação das
flores fêmeas de uma planta por
pólen vindo de flores machos da
mesma planta. A segunda é a prática
muito corrente dos Ameríndios de
misturar na horta, plantas de milho,
de abóbora e de feijão, instaurando
assim uma certa distância entre as
plantas da mesma variedade.
De qualquer maneira, a auto fecundação foi muito utilizada por obtentores para criar novas
variedades, e não parece que as Cucurbita sejam muito sensíveis ao que chamamos “depressão
genética”.
Por causa disso, é muito fácil para um agricultor de brincar de criar suas próprias
variedades, cruzando duas variedades da mesma espécie.
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A técnica é similar à usada para a
polinização manual, com a diferença que
as flores macho vêm de plantas de uma
variedade diferente. Assim, na véspera à
noite, pode-se fechar flores fêmea de
Golden Delicious (em forma de coração)
e flores macho da variedade Marina di
Chioggia (que são duas Cucurbita
maxima). Na manhã seguinte, a
fecundação se efetua como explicado
antes. É claro que não se deve esquecer
de pregar uma etiqueta no pedúnculo,
precisando os nomes da variedade
“receptadora” e da variedade “macho”.
As sementes são colhidas no outono e
semeadas no ano seguinte.
Quando o cruzamento foi realizado com variedades muito “purificadas” (o que é o caso das
variedades chamadas para uso profissional), ele vai gerar plantas de primeira geração que vão ser
relativamente parecidas, e não é necessário cultivar um grande número. Em compensação, não é o
caso quando as variedades utilizadas para o cruzamento são variedades para uso amador com
características relativamente variáveis. O cruzamento vai então gerar plantas de primeira geração
mais diferentes que as gerações seguintes, e pode-se cultivar um número maior do que no caso
anterior.
As plantas dessa primeira geração deverão ser sistematicamente auto fecundadas. Isso quer
dizer que as flores de cada planta são polinizadas manualmente com flores macho saídas da mesma
planta. O agricultor vai selecionar frutos em função de critérios, tais como a obtenção de um
coração de cor bronze e com epiderme verrugosa. Ele só vai colher sementes do ou dos frutos
selecionados.
Essas sementes são em seguida semeadas no ano seguinte, e as plantas que elas vão produzir
são todas auto fecundadas. O agricultor novamente só selecionará o ou os frutos em forma de
coração de bronze e verrugosos. Esse processo será repetido até que todos os frutos obtidos tenham
as características selecionadas a partir da primeira geração.
A variedade é assim chamada “fixada”. Entretanto, é muito provável que de tempos em
tempos apareçam frutos que chamamos “fora do tipo” por causa da presença de genes qualificados
de “recessivos”.
Uma nova variedade pode também
ser criada quando se descobre na horta uma
abóbora que não corresponde nada à
variedade semeada. Pode-se chamar a isso
de mutação ou um presente dos anjos. Se o
agricultor aprecia a cor, a forma, o sabor ou
a grande precocidade do fruto “fora do
tipo”, pode-se utilizar como base de um
processo de seleção e de auto-fecundação
afim de obter, depois de alguns anos, uma
variedade fixada que produz somente frutos
similares ao fruto descoberto na horta.
Foto. Diversidade de Abóboras.
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