FENOLOGIA E PRODUTIVIDADE DA ABÓBORA (CUCURBITA

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FENOLOGIA E PRODUTIVIDADE DA ABÓBORA
(CUCURBITA MOSCHATA) NO SEMIÁRIDO
CEARENSE, COM KIT DE IRRIGAÇÃO
DESENVOLVIDO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR1
M. Valnir Júnior2; N. S. Luna3; O. P. Araújo3; L. S. Sousa3; F. J. C. Moreira4; M. J. B. Ramos3
RESUMO - o uso racional da água na irrigação, por meio de tecnologias compatíveis com os
níveis sócio econômicos dos agricultores torna-se, a cada dia, um fator determinante para se
alcançar produtividades satisfatórias. Torna-se necessário ainda o estuda da fenologia das
espécies de interesse, que é o conhecimento organizado da distribuição temporal das fenofases e
o entendimento da dinâmica de vegetativa e reprodutiva das plantas. Assim, neste ensaio
avaliou-se a fenologia de abóbora ‘Jacarezinho’ cultivada com kits de irrigação desenvolvidas
para a agricultura familiar, no semiárido cearense. O ensaio foi realizado de agosto a novembro
de 2011, no Perímetro Irrigado Ayres de Sousa, no distrito de Jaibaras, em Sobral-CE. Avaliouse: número de folhas, área foliar, número e comprimento das brotações, número de botões
florais, flores e frutos vingados, produção e produtividade. De posse dos resultados, observa-se
que a abóbora ‘Jacarezinho’ desenvolveu-se sem restrição neste sistema de irrigação. Para as
variáveis fenológicas analisadas, observou-se desenvolvimento dentro dos padrões aceitáveis da
cultivar; para a produção e produtividade verificou-se que foram atendidos os padrões
esperados, quando comparados com os sistemas convencionais.
PALAVRAS CHAVE: crescimento inicial, Cucurbitaceae, desenvolvimento vegetativo.
PHENOLOGY AND PRODUTIVITY OF CUCURBITA
MOSCHATA IN CEARENSE SEMIARID WITH
IRROGATION KIT DEVELOPED FOR FAMILIAR
AGRICULTURE
SUMMARY - the rational use of water for irrigation, through technologies compatible with the
socioeconomic levels of farmers becomes every day, a factor to achieve satisfactory yields. It is
also necessary to study the phenology of the species of interest, which is organized knowledge
of the temporal distribution of phenophases and understanding of the dynamics of vegetative
and reproductive plants. Thus, this trial evaluated the phenology of Cucurbita moschata
'Jacarezinho' cultivated with irrigation kits designed for familiar agriculture in Cearense
1
Pesquisa financiada pela FINEP.
Prof. Doutor, Eixo de Recursos Naturais, IFCE, Campus de Sobral - CE;
3
Graduanda em Irrigação e Drenagem, IFCE, Campus de Sobral - CE. e-mail: [email protected]
4
Prof. Mestre, Eixo de Recursos Naturais, IFCE, Campus de Sobral - CE;
2
M. Valnir Júnior et al.
semiarid. The test was conducted from August to November 2011, at the Irrigated Perimeter
Ayres de Sousa, in the district of Jaibaras, in Sobral - CE. Were evaluated: number of leaves,
leaf area, number and shoot length, number of flower buds, flowers and fruits avenged,
production and productivity. With the results, it is observed that the C. moschata 'Jacarezinho'
developed without restriction in this system of irrigation. For phenological analyzed, is within
acceptable limits development of cultivar, for the production yield and it was found that the
expected patterns were seen when compared to conventional systems.
KEYWORDS: initial growth, Cucurbitaceae, vegetative development.
INTRODUÇÃO
A abóbora (Cucurbita moschata (Duch.) Duch. Ex Poir.), pertence à Família Cucurbitaceae,
a qual possui cerca de 90 gêneros e 750 espécies adaptadas às regiões tropicais e subtropicais de
ambos os hemisférios, possui ainda diversas espécies de importância econômica e alimentar
(Saturnino et al., 1982; Bee & Barros 1999). As espécies do gênero Cucurbita são monóicas e
dependentes de vetores bióticos para assegurar a polinização (PASSARELLI, 2002).
É uma planta anual, que apresenta ramas rasteiras e podem chegar a 6,0 metros de
comprimento. Essas plantas formam estruturas para fixação nos suportes que são denominadas
gavinhas, sendo que as ramas em contato com o solo emitem raízes que auxiliam na sua fixação.
As folhas são grandes e de cor verde-escura com manchas prateadas, as flores masculinas e
femininas são pentâmeras, crescem individualmente nas axilas das folhas e possuem cor
amarelo intenso (PARIS, 2001).
A flor estaminada possui cinco estames com filetes e produz flores masculinas e femininas separadas
na mesma planta. As condições climáticas para bom desenvolvimento vegetativo e frutificação são
temperatura amena a quente e boa disponibilidade de água durante todo o ciclo (KUROZAWA, 2004).
Essa cultura tem uma ampla participação na alimentação da população brasileira. Na região
Nordeste, sua presença é ainda mais notável, visto que toda região apresenta o cultivo desta
espécie em larga escala ou em nível de subsistência. Esta região ainda se destaca pela
manutenção em vários aspectos de uma agricultura tradicional, o que possibilita que várias
características de interesse sejam detectadas.
O estudo da fenologia da planta é de grande importância, pois estuda as mudanças exteriores
(morfologia) e as transformações que estão relacionadas ao ciclo da cultura. Representa,
portanto, o estudo de como a planta se desenvolve ao longo de suas diferentes fases:
germinação, emergência, crescimento e desenvolvimento vegetativo, florescimento, frutificação,
formação das sementes e maturação.
Com todas as informações disponíveis sobre o ciclo da planta, é possível identificar as
relações e a influência dos fatores envolvidos no processo de produção, favorecendo a previsão
de problemas, o manejo e a tomada de decisão. Além disso, ajuda também na compreensão da
dinâmica de comunidades vegetais podendo ser aplicados ao manejo da flora e à agricultura
(RIBEIRO & CASTRO 1986).
O objetivo desse trabalho foi avaliar os aspectos da biologia floral, fenologia e produtividade
da abóbora C. moschata Var. jacarezinho, na região do semiárido cearense com Kit de irrigação
desenvolvido para a agricultura familiar.
M. Valnir Júnior et al.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Perímetro Irrigado Ayres de Souza, Setor VI, no distrito de
Jaibaras, localizado no município de Sobral – CE, o qual tem como coordenadas geográficas
03º45'36" de Latitude Sul e 40º27'10" de Longitude Oeste. A região é caracterizada por ter o
clima do tipo Aw’, quente, com chuvas de verão e máximas em outono, segundo classificação
de Köppen, com temperatura média anual de 27,5 ºC e precipitação média anual de 690 mm. O
trabalho foi realizado de agosto a novembro de 2011.
As variáveis estudadas foram: a. número de folhas: contadas semanalmente, para poder
avaliar o desenvolvimento das plantas e para se obter a área foliar; b. área foliar: acompanhada
semanalmente, era medida transversal e longitudinalmente, a princípio com uma régua e de
acordo com seu crescimento a medição passou a ser feita com uma trena. Nas primeiras
semanas, era avaliada somente uma folha por planta, mas no decorrer do tempo, o número de
folhas foi aumentando e à medição passou a ser feita em duas folhas por planta, procurando
sempre escolher duas folhas distintas, e de acordo com as observações feitas a cada semana
distinguir a menor folha e a maior, para se ter uma base do crescimento das plantas; c. número
de brotações: uma vez por semana avaliava-se também o número de brotações que crescia com
o decorrer do tempo, para que assim pudesse ter uma melhor avaliação do desenvolvimento da
planta; d. comprimento das brotações: medida semanalmente, desde o início da brotação até o
final da rama, as medições a princípio eram feitas com régua, pelo menos enquanto a rama ainda
se encontrava pequena, mas de acordo com o crescimento passou a ser utilizada trena, já que as
brotações chegavam a medir mais de 3,0 metros. A princípio contava-se uma brotação por
planta, mas de acordo com o aumento do número de brotações, aumentava também a quantidade
a ser medida, escolhendo-as de forma aleatória, mas tentando distinguir às menores, as médias e
as grandes, para que assim pudesse ter uma melhor avaliação de cada planta; e. número de
botões florais: o número de botões florais era contado semanalmente, e observado que
demoravam cerca de dois ou três dias até a abertura total, a partir da quantidade de botões podia
se ter uma base do número de flores; número de flores: as primeiras flores foram observadas
53 dias após o plantio, e a contagem delas era feita semanalmente, no entanto elas eram
observadas diariamente; f. número de frutos vingados: os primeiros frutos vingados também
foram observados 53 dias após o plantio, eram contados semanalmente; g. produção e
produtividade: no dia 3 de novembro foi feita a colheita dos frutos e observada a produção da
cultura, a produção obtida deu um total de 672 frutos, sendo eles separados em grandes (458
frutos) e pequenos (214 frutos).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os resultados apresentados na Figura 1A, observa-se que o número de folhas
foi crescente ao longo das nove semanas avaliadas, no entanto apresentaram crescimento inicial
lento. Este resultado era esperado, visto que, o ciclo desta cultivar é de 80 dias. Pace et. al.,
(1999) afirmam que esse crescimento inicial lento ocorre em virtude das plantas gastarem
grande parte da energia para fixação no solo.
M. Valnir Júnior et al.
A Figura 1B mostra os valores médios para a variável número de brotações, que apresenta
também valores esperados para a cultura. Segundo Melo et al., (2006), em uma avaliação na
cultivar de melancia, foi verificado o crescimento do número de brotações a cada vistoria
realizada durante os períodos de 30, 60 e 90 dias após plantio, mas foi notório o índice de
crescimento no período de 60 dias ficando praticamente estável após os outros 30 dias.
Na Figura 2A podemos observar a variável comprimento das brotações, comparando o
crescimento das três maiores hastes, dessa forma, verificou-se que houve um crescimento
significativo para a cultura avaliada. Segundo Moraes et al., (2006), em um trabalho realizado
com uma cultivar de melancia, notou-se o aumento das hastes a cada contagem feita ao longo de
30, 60 e 90 dias, no entanto, estatisticamente não diferiram entre si.
A Figura 2B, apresenta os valores para a variável área foliar, mostrando-se crescente ao longo
das semanas observadas. Em estudos realizados por Nerson & Paris (1984) em uma cultivar de
melão, observou-se resultados diferentes dos obtidos, onde a área foliar do melão tende a diminuir
com o final do seu ciclo de vida, em até 23%. Hostalácio & Válio (1984) em estudos com feijão,
também comprovaram que há decréscimo da área foliar por ocasião do final do ciclo da cultura.
Na Figura 3A podemos observar o desenvolvimento da cultura em relação ao número de botões
florais, flores e frutos vingados, ao longo de nove semanas. Quanto a variável número de botões
florais, através da pesquisa realizada observamos o surgimento dos primeiros botões aos 44 dias
após o transplantio das mudas, e notamos que o crescimento se manteve constante, ocasionando logo
em seguida o brotamento das primeiras flores, que foram observadas 53 dias após o plantio e foram
aumentando gradativamente de acordo com o tempo. No gênero Cucurbita, de modo geral, as
plantas são monóicas, apresentando flores masculinas e femininas, sendo que o número de flores
masculinas é sempre superior ao de flores femininas (Whitaker & Davis, 1962). Quanto ao número
de frutos, verificou-se um aumento gradativo, como mostra o gráfico da Figura 3A, esse resultado
era esperado para a cultivar estudada. Em pesquisa realizada por Pasqualeto et. al., 2000, nota-se que
houve tendência de aumento no número de frutos. Todavia, não se registrou diferença estatística.
Em estudo realizado por Duthie et al., (1999) na cultivar de melancia, observaram maior número de
frutos comerciais por planta em menores densidades de plantio.
CONCLUSÕES
Para todas as variáveis fenológicas estudadas, não houve restrição hídrica ao
desenvolvimento potencial da cultivar;
Para a produção e produtividade observou-se que os padrões foram conservados, quando
comparados com os sistemas convencionais.
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PASQUALETO, A. et al. – Produção de frutos de abóbora híbrida pela aplicação de 2,4-D nas flores,
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RIBEIRO, D. Interferência de diferentes condições de luminosidade nos padrões fenológicos de
Cucurbita pepo e Solanum gilo Raddi. XII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e VIII
Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba.
Figura 1. Número de folhas em plantas de abóbora, observadas ao longo de 10 semanas (A); Número de
brotações em plantas de abóbora, observadas ao longo de 10 semanas (B).
Figura 2. Comprimento das 3 maiores brotações em abóbora, observadas ao longo de 9 semanas (A); área
foliar de plantas de abóbora, observadas ao longo de 9 semanas (B);
Figura 3. Número de botões florais, flores e frutos vingados de abóbora, observadas ao longo de 9 semanas.
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