A Química e a Poluição do Solo Mar/2009 1 1. Solo - Definição É a camada superficial da Crosta Terrestre. É uma mistura de vários minerais, matéria orgânica e água capaz de manter a vida das plantas na superfície terrestre É o produto final das ações dos processos físicos, químicos e biológicos que degradam as rochas e em grande parte produzem minerais. 2 2. Solo - Interações 3 3. Horizontes do solo Horizonte Características R Rocha maciça, horizonte mais profundo C Sedimentos antigos. Costumam-se encontrar bacias petrolíferas e aqüíferos B Sedimentos e nutrientes lixiviados de camadas superiores E Camada mais rica, formada de matéria orgânica e nutrientes infiltrados A Camada superficial, composta de matéria orgânica, sais dissolvidos na água de solo e microorganismos. Os ecossistemas se apresentam neste contexto4 4. Intemperismo 5 5. Solução do Solo A solução solo é a porção aquosa do solo que contém materiais dissolvidos provenientes dos processos químicos e bioquímicos do solo e provenientes da troca com a hidrosfera e biosfera. Este meio transporta espécies químicas para as partículas do solo, mantendo um contato íntimo entre os solutos e as partículas do solo. Além de fornecer água para crescimento de vegetais, é um meio essencial para a troca de nutrientes da planta entre as raízes, terra sólida e microorganismos 6 6. Acidez do solo A acidez do solo ou pH do solo, é a concentração de íons H+ presente na solução do solo e um dos indicadores de sua fertilidade. A faixa de pH ideal dos solos para a agricultura é entre 5,5 e 6,5. Isto porque é nesta faixa que os nutrientes ficam mais disponíveis às plantas, ou seja, na solução do solo. A acidez do solo tem origem nas rochas que formam o solo, da interação do solo com o clima 7 6.1. Causas da Acidez do Solo a. Precipitação ácida pH natural da água de chuva CO2 + H2O ↔ HCO3Queima de combustíveis fósseis – emissões veiculares 2SO2 + O2 ↔ 2SO3 SO3 + H2O ↔ H2SO4 ...............................................................H2SO4 ↔ H3O+ + HSO4N2 + O2 ↔ 2NO 2NO + O2 ↔ NO2 NO2 + H2O ↔ HNO3 NO2 + H2O ↔ HNO3 ............................................................... HNO3 ↔ H3O+ + NO3 O3 + NO ↔ N2O + O2 8 6.1. Causas da Acidez do Solo b. Mineração: Drenagem ácida de minas - DAM 2FeS2 + 7O2 + 2H2O → 2Fe2+ + 4SO42+ + 4H+ Consequências: . Acidez das águas superficiais e subterrâneas próximas; . Lixiviação de outros metais do solo – mobilização ácida; . Empobrecimento ou toxidez do solo; . Destruição da cobertura vegetal; . Fertilização por Fe2+ . 9 6.1. Causas da Acidez do Solo: DAM 10 5.1. Causas da Acidez do Solo c. Presença do íon amônio (fertilização) NH4+ + H2O ↔ H3O+ + NH3 (atmosfera) Nitrificação NH4+ + 2O2 → NO3- + H2O + 2H+ (metabolismo microbiano) 11 6.1. Causas da Acidez do Solo d. Degradação parcial da matéria orgânica {CH2O} + O2 ↔ CO2 + H2O CO2 + H2O ↔ H2CO3 A degradação aeróbia parcial, assim como a fermentação, leva à ácidos orgânicos (acético, propiônico, butírico) 12 6.2. Correção da Acidez do Solo CaCO3 ↔ Ca2+ + CO32CO32- + H2O ↔ HCO3- + OHAlém de corrigir o pH, disponibiliza Ca aos vegetais 13 6.3. Disponibilidade de Minerais e pH 14 7. Componentes Minerais do Solo (a) Areia. Aspecto irregular com predominância de quartizito. Tamanho de partícula de 0,05 a 2 mm; (b) Silte. muito similar à areia mas com menor tamanho. Tamanho de partícula de 0,02 a 0,05 mm; (c) Argila. Tamanho de partícula de 0,02 a 0,05 mm. 15 7.1. Componentes Minerais do Solo : Argilas . A argila é um silicato de alumínio hidratado; . As argilas são o produto do intemperismo mineral no solo e possuem capacidade de reter água e cátions em sua contracamada por ser um sistema coloidal: Capacidade de troca catiônica 16 8. Matéria Orgânica do Solo carbohidratos celulose lipídeos Proteínas e aminoácidos Ácidos nucleicos 17 8.1. Degradação da Matéria Orgânica do solo {CH2O} + receptor de elétrons Aeróbia Fermentativa anaeróbia facultativa Anaeróbia Fungos e bactérias bactérias bactérias bactérias O2 Ácidos orgânicos; CO2; H2; álcoóis; CH4 N2O; N2; Fe2+; CO2; H2O; Mn2+ HS-; H2S; CO2; acetato; H2; CH4 18 8.2. Matéria Orgânica do Solo Não Biodegradável Fração Húmica Produto da degradação parcial da matéria orgânica polimérica, principalmente da lignina Ácidos fúlvicos Ácidos húmicos 19 8.2. Matéria Orgânica do Solo Não Biodegradável Fração Húmica 20 8.2. Matéria Orgânica do Solo Não Biodegradável Fração Húmica- Capacidade de Troca Catiônica CTC As substâncias húmicas incrementam a CTC e a CTA, protegendo e disponibilizando os cátions e ânions para as plantas. A Capacidade de Troca de Cátions nada mais é, que a capacidade química do solo em reagir com os minerais (nutrientes) catiônicos (H+, K+, NH4+, Ca2+, Mg2+, Zn2+, Mn2+, Fe2+, Cu2+ e Al3+ ) fixando-os, e mantendo–os disponíveis para as plantas, protegendo-os de perdas por lixiviação ou por reações fortes de fixação, que os indisponibilizam. 21 9. Aeração do Solo A composição gasosa do solo depende do grau do teor de nutrientes, matéria orgânica e da microbiota 22 10. Respiração do Solo O metabolismo microbiano é um dos principais processos reguladores da transformação de nutrientes no solo. Entre as formas de avaliação da atividade metabólica da microbiota do solo, destaca-se a quantificação de C pela liberação de CO2. O metabolismo dos organismos é dependente do teor de nutrientes, do receptor de elétrons, pH, temperatura, etc. 23 11. Contaminação do Solo 24 12. Poluição: O Que Reza a Constituição A Constituição Federal do Brasil de 1988 estabelece os princípios da política nacional do meio ambiente. No capítulo VI (“Do Meio Ambiente”), Artigo 225, é colocado o princípio: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” 25 12. Poluição: O Que Reza a Constituição São Paulo: Decreto nº 8.468/76 – Aprova o regulamento da Lei n. 997, de 31 de maio de 1976, que dispõe sobre a prevenção e sobre o controle da poluição do meio ambiente O Título IV é dedicado à poluição do solo: Art. 51 – Não é permitido depositar, dispor, descarregar, enterrar, infiltrar ou acumular no solo resíduos, em qualquer estado da matéria (...) Art. 52º – O solo somente poderá ser utilizado para destino final de resíduos de qualquer natureza desde que sua disposição seja feita de forma adequada, estabelecida em projetos específicos de transporte e destino final, ficando vedada a simples descarga ou depósito, seja propriedade pública ou particular. Art. 56 – O tratamento, quando for o caso, o transporte e a disposição de resíduos de qualquer natureza, de estabelecimentos industriais, comerciais e de prestação de serviços, quando não forem de responsabilidade do Município, deverão ser feitos pela própria fonte de poluição (...) 26 13. Disposição de resíduos sólidos: Lixão 27 13. Disposição de Resíduos Sólidos: Aterro Sanitário O aterro sanitário é uma técnica de disposição de resíduos sólidos no solo sem causar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho ou a intervalos menores se for necessário. 28 13. Disposição de resíduos sólidos: Aterro Controlado Aterro controlado é uma forma simplificada de aterro sanitário. É uma variação com menores exigências para a proteção ambiental, e cujas recomendações técnicas descritas na norma ABNT NBR 8849/1985, são mais simplificadas comparativamente ao aterro sanitário. 29 14. Disposição de resíduos sólidos Situação do Estado do Rio de Janeiro O estado do Rio de janeiro é composto por 92 Municípios, em resíduos sólidos, se encontra com: • • • • • • • 04 Aterros Sanitários Licenciados: Rio das Ostras, Nova Iguaçu, Piraí, Macaé; 13 Aterros “Controlados”: Angra dos Reis, Caxias (Gramacho), Nova Friburgo, Resende, Teresópolis, Barra do Piraí, Rio Bonito, Santa Maria Madalena, Petrópolis, Miracema, Maricá, Porciúncula, Natividade; 06 Aterros Sanitários em Licenciamento: Macaé (novo), Rio de Janeiro (Paciência), Nova Friburgo (novo), Paracambi, São Pedro da Aldeia, Campos; 4 Unidades de Triagem e Compostagem em fase de implantação; 53 Unidades de Triagem e Compostagem implantadas, desde 1977, sendo que 26 unidades operando normalmente; 62 Vazadouros (lixões), sendo 48 com catadores, crianças, 30 animais de corte e vetores. 15. Técnicas de Tratamento: Compostagem A compostagem é um processo natural que decompõem resíduos orgânicos (resíduos de jardinagem, por exemplo) num material escuro com aspecto de solo, chamado “composto”. 31 16. Técnicas de tratamento: Landfarming O “landfarming” é uma das tecnologias de remediação que consistem na aplicação do resíduo na superfície do solo, de modo a reduzir as concentrações dos constituintes de petróleo por meio da biodegradação microbiana. Os microrganismos promotores da degradação podem ser administrados, adicionando estirpes mais adequadas. A manipulação genética permite prever a possibilidade do desenvolvimento resistentes; de microrganismos particularmente 32 16. Técnicas de Tratamento: Landfarming É uma tecnologia de remediação biológica de solos contaminados ou lodos. Derivados de petróleo, como óleo diesel e óleos combustíveis; alguns pesticidas; borras oleosas; conservante de madeira; creosoto e resíduos de coque também são adequados para este tipo de tratamento. 33 16. Técnicas de Tratamento: Landfarming preparação célula coberta revestimento inoculação cobertura Lavragem do solo 34 16.1. Landfarming: Características • As emissões gasosas dependem da taxa de resíduo incorporada; • Seleção do local: segurança e proteção ambiental; • Fatores impeditivos: locais com falhas geológicas, alta permeabilidade, aqüíferos utilizados para abastecimento, nível alto de águas subterrâneas, susceptibilidade a erosão, locais pantanosos, declividade superior a 5%, são desaconselháveis; • O controle das águas é fundamental para a segurança do tratamento, pois os constituintes perigosos podem ser transportados e solubilizados atingindo o lençol freático e cursos d’água subterrâneos e superficiais. • As águas geradas ou escoadas, através do sistema devem ser conduzidas a estação de tratamento de efluentes líquidos, a fim de evitar algum risco de contaminação ambiental. 35 16.1. Landfarming: Monitoramento e Controle • Incorporação do resíduo (arado); • Sistema de coleta de lixiviados; • Revestimento impermeável do solo (argila ou geomembrana); • Umidade (irrigação); • Nível de oxigenação (aragem ou ventilação forçada); • Nutriente (adição de macroelementos); • pH (se controla com técnicas agrícolas); • Temperatura (controlada com água aspergida). 36 16.1. Landfarming: Vantagens e Desvantagens 37 16.1. Landfarming: Legislação Para o projeto e operação desta forma de tratamento deve-se observar o estabelecido na norma ABNT NBR 13.894 TRATAMENTO NO SOLO (landfarming) publicada em 01/06/1997. 38 17. Biorremediação “Processo biológico, intermediado na maioria dos casos por m-os, com o objetivo de degradar contaminantes em solo ou meio aquoso, gerando espécies menos poluentes” 39 17.1. Biorremediação: Características • Respiração aeróbia: O oxigênio é o receptor de elétrons; • Respiração anaeróbia : substitutos comuns do oxigênio: NO3-; SO42- e Fe2+ ; • Fermentation: Os compostos orgânicos são receptores e doadores de elétrons, produzindo substâncias como: ácidos, álcoois, H2 e CO2; • Co-metabolismo: Os m-os, através de seu metabolismo natural, produzem enzimas capazes de degradar os poluentes. 40 17.1. Biorremediação: Características Termos empregados Bioremediação In situ Intrínseca Natural m-os endógenos Ex situ Engenheirada Auxiliada Recolocação de m-os Bioremediação Natural: Trabalha com a capacidade natural dos m-os sem o uso de equipamentos ou sistemas auxiliares; Bioremediação Engenheirada: Aumenta a taxa de crescimento ou capacidade degradativa dos m-os pelo uso de sistemas de engenharia para suprir nutrientes, receptores de elétrons e/ou estimulantes de crescimento, modificação topográfica, inserção de mos alóctones, etc. 41 17.2. Biorremediação: Técnicas de Mehoramento de Desempenho Bioestimulação - que fornece nutrientes às populações de microorganismos, aumentando sua população, promovendo o crescimento e consequentemente o aumento da atividade metabólica na degradação; Bioaumentação - que introduz misturas específicas de m-os (isoladas ou em consórcio) em um ambiente contaminado ou em um biorreator para iniciar o processo. 42 17.3. Biorremediação Engenheirada 43 17.3. Biorremediação Engenheirada 44 17.4. Biorremediação: Mecanismos de Degradação HO-(CH2)-COOH CH3-(CH2)n-1-COOH O mecanismo é dependente da ação enzimática 45 18. Utilização de Biossólidos na Agricultura Legislação 46 19. Processos de Acumulação de Tóxicos • • • • Bioacumulação: termo genérico - processo em que substâncias químicas provenientes do ambiente são assimiladas e retidas pelos organismos; Bioconcentração ou Bioacumulação direta. acumulação de compostos químicos exclusivamente a partir da fase aquosa; Biomagnificação ou Bioacumulação Indireta. processo através do qual os contaminantes são transferidos de um nível trófico a outro Absorção via dieta →principal processo na transferência trófica Em peixes e mamíferos, a absorção do alimento ocorre no intestino e, no caso de contaminantes hidrofóbicos, é dependente do conteúdo de lipídeos da fonte alimentar 47 Obrigada! Neusa Pereira Arruda ([email protected]) 48