WWW.ALUNONOTA10.COM.BR A Crise da República e as Guerras Civis A expansão Romana gerou uma série de problemas sociais na cidade. A grande massa camponesa, convocada para o serviço militar, perdera suas terras. Os chefes militares ganharam prestígio por seu papel nas conquistas. Isso como foi visto anteriormente fez com que surgissem generais dispostos a planejar campanhas e dar início a guerras com o intuito de tirar proveito político das vitórias e ganhar popularidade e poder. Porém novos territórios foram sendo anexados. As pessoas que enriqueciam com as guerras ficaram conhecidas como os “homens novos”. A velha ordem se desintegrava. O número de salteadores aumentava e atacava vários pontos da República. Os soldados afastados do exército por mutilações ou idade avançada ficavam desamparados. Como não havia ajuda para os necessitados a crise aumentou. A terra continuou excessivamente concentrada. A tentativa de reforma social infelizmente não conseguiu resolver esse problema. A crise aumentou. A República se esvaziou e, no fim do século I a.C., foi proclamado o Império. A Reforma dos Graco Após a grande expansão romana, começou em Roma uma série de agitações políticas que levaram à guerra civil e a graves crises internas. No espaço de tempo que compreende os anos 133 e 123 a.C., aconteceram as “Revoltas dos Gracos”. Dois irmãos, que foram eleitos para o cargo de tribunos da plebe, tentaram promover algumas reformas. Pequenos proprietários abandonavam as suas terras, depois de sofrerem a concorrência dos latifúndios explorados por escravos. Nas cidades, uma grande massa de cidadãos romanos (livres, mas pobres) sofria graves penúrias econômicas, não conseguiam emprego, pois a maioria das vagas era ocupada por escravos. “As feras que vagam pelos bosques da Itália – disse num discurso – têm suas tocas: os que lutam e morrem pela Itália só participam do ar e da luz e mais nada; sem teto e sem casas, andam errantes com seus filhos e mulheres. Os chefes, nas batalhas, exortam os soldados a lutarem pelos seus altares e túmulos. É falso: porque um grande número de romanos não tem altar, nem pátria, nem túmulo dos seus maiores. Lutam e morrem pela riqueza e pelo conforto alheios. Diz-se que são os senhores de toda a terra, mas não possuem sequer um pedaço de chão”. (Plutarco, Vida de Tibério Graco) Dez anos após a morte de Tibério, seu irmão Caio Graco atingiu o tribunato (123a.C.). Com programa semelhante ao do irmão, Caio obteve o apoio das classes populares e dos “cavaleiros” (plebeus enriquecidos); estes tinham atritos com a aristocracia, que lhes negava certas aspirações políticas e econômicas. Caio obteve a aprovação da lei “frumetária” (distribuição de trigo a preços baixos) e de uma lei que criava colônias na Itália e nas províncias, com o objetivo de diminuir as tensões sociais. Mas, quando tentou conceder aos aliados itálicos o direito de cidadania, seu prestígio popular decaiu. Em 121a.C., os aristocratas organizaram um tumulto popular, durante o qual morreram Caio e 250 dos seus partidários. Logo após, mais de 3 mil foram condenados à morte e decapitados. Depois desse episódio, a vida política de Roma ficou muita agitada. Surgiram dois grupos políticos que passaram à ofensiva: O Partido Popular ou Democrático, formado por homens novos e desempregados, que apoiavam a proposta de Reforma Agrária; e o Partido Aristocrático ou Senatorial (“optimates”, os melhores), conservador, oposto às reformas, composto por grandes proprietários e claro apoiado pelo Senado. Diante da crise os militares se tornaram cada vez mais populares enquanto o poder do Senado ia aos poucos sendo reduzido. Os Governos de Mário e Sila Tibério Graco – de ilustre família patrícia – ao ser eleito tribuno em 133 a.C., visava dar aos pobres de Roma acesso à posse da terra e com essa medida combater a pobreza ao mesmo tempo em que aumentava a produção e desconcentrava a propriedade. Desta forma reabilitava o pequeno proprietário de terra que era a base do recrutamento militar. Apresentou então o projeto de Lei Agrária (Lex Agrária): o Estado tomaria as ager publicus, que os latifundiários tinham ocupado sem autorização alguma, e as distribuiria entre os pobres, em pequenos lotes. Quem tivesse mais de 310 acres de terra deveria transferir o excedente para o Estado para este promover a partilha. Tibério defendeu eloqüentemente, nos comícios, o seu projeto. Alarmada com o tom revolucionário de Tibério, a nobreza opôs-se a ele por todos os meios. A lei agrária foi aprovada, mas a oligarquia vingou-se mais tarde. Tibério candidatou-se à reeleição. No dia do sufrágio, os nobres provocaram um tumulto popular e assassinaram Tibério. Durante os anos seguintes, a oligarquia abusou do poder e conseguiu, anular todos os efeitos da reforma agrária. Observe o trecho do discurso de Tibério Graco transcrito abaixo: 8 Alguns anos após a morte de Caio Graco, a Assembléia Popular pressionou para que o líder do Partido Popular, o “homem novo” Mário, fosse nomeado general e combatesse por Roma. Em 107 a.C., Mário – cidadão de origem humilde – foi eleito cônsul e designado para a campanha militar contra a Numídia. Mário organizou um exército formado por proletários e obteve uma série de vitórias. Anos mais tarde, apoiado pelas classes populares e pelos soldados proletários, tornou-se o chefe de Roma. Em seu governo realizou reformas que favoreceram a classe popular; como pagar salários aos soldados, provocando a entrada de um grande número de pobres no exército. Os soldados ao fim do serviço militar recebiam terras.Participar do exército passou a ser uma profissão. Diminuiu os privilégios da aristocracia. Nesse momento, o partido popular adquiriu um caráter abertamente revolucionário. De 91a.C. a 88 a.C. travou-se a chamada “guerra social” – Roma conta os itálicos – na qual se destacou Sila, ardente partidário da aristocracia senatorial. Novas tentativas do partido popular, apoiada por Mário, foram esmagadas por Sila. Apesar de numericamente superiores, os membros do Partido Popular foram WWW.ALUNONOTA10.COM.BR A Crise da República e as Guerras Civis derrotados e muitos adeptos foram mortos. Mário e os sobreviventes foram exilados na África. Sila se tornou ditador (83 a. C-79 a. C) e realizou enérgica reforma política. Deu ao Senado enormes poderes: aboliu as leis de Caio Graco; tirou à Assembléia e aos tribunos quase toda autoridade. Conseguiu abafar, desta forma, a agitação revolucionária. Contudo as revoltas não Cabeça de Sila cessaram. Ocorreram novas revoltas populares e, além disso, tivemos na região da Campânia (73-71 a.C.), uma das maiores revoltas de escravos da história romana liderados por Espártaco, um gladiador da Trácia que já havia militado no exército romano. Em trono dele reuniram-se cerca de 120 mil homens, cujo principal objetivo era obter melhores condições de vida e privilégios destinados apenas aos homens livres além de deixar a Itália e regressar às suas regiões de origem. Para Rubim Aquino, “mesmo nas grandes rebeliões de escravos, os revoltados não possuíam uma nítida consciência de classe: pretendiam adquirir a liberdade individual, e não a supressão da ordem escravista”. Primeiro Triunvirato Sila morreu em 78 a.C. O partido popular renasceu imediatamente e dispôs-se a lutar pela reconquista dos antigos direitos. O general Pompeu e o riquíssimo Crasso, antigo oficiais de Sila, puseram-se à frente dessas reivindicações. Apoiados pelo partido popular, forma eleitos cônsules no ano 70 a.C. Em pouco tempo desfizeram o poderio da oligarquia senatorial. Enquanto isso, um jovem político – Júlio César – destacava-se pelo seu poder oratório e de 58 a.C. a 51 a.C., conquistou a Gália. No ano 60, Pompeu, Crasso e César formaram o primeiro triunvirato (três no poder). Uma vez reunidos o prestígio popular de César, a base militar de Pompeu e o poderio financeiro de Crasso, a aliança logo apresentou excelentes resultados. Cada um passou a administrar uma parte do grande domínio romano: Pompeu ficou com Roma, Crasso foi para o Oriente e César ficou com o governo das Gálias. Embora houvesse coincidência de interesses no acordo dos triúnviros, sempre reinou a desconfiança entre eles, fato que dava a união um caráter precário. Além disso, não havia qualquer reconhecimento oficial ao Triunvirato, que contava com a oposição dos principais representantes da oligarquia senatorial. Crasso morreu numa campanha no Oriente. Júlio César, ambicioso e já com grande popularidade em Roma, ganhou a desconfiança do Senado romano, que passou a apoiar Pompeu. Mas César marchou sobre Roma e dominou as tropas de Pompeu, que fugiu para o Egito, onde foi assassinado. A Ditadura de César Derrotadas as últimas tropas de Pompeu, tornou-se Caio Júlio César o chefe supremo do mundo romano. Em 46 (depois da batalha de Tapso) foi nomeado ditador por 10 anos e depois recebeu o título de ditador perpétuo. Além disso, fez com que lhes fossem atribuídos alguns dos mais importantes cargos políticos: cônsul, tribuno, censor e sumo pontífice. Embora sem ostentar o título, foi um verdadeiro imperador. Assim concentrou em suas mãos poderes para realizar o seu programa de reformas. César queria corrigir os males mais graves do regime. Desejava construir uma grande nação. E foi ele, realmente, quem lançou os alicerces do vasto Império Romano. Tudo isso, é bom destacar, foi realizado em curto prazo, com extraordinária rapidez. Seu governo efetivo em Roma foi muito breve: um ano apenas. César não suprimiu a assembléia, nem as magistraturas republicanas. Respeitou as formas aparentes do governo romano. Na realidade, porém, implantou uma autêntica monarquia, concentrando em suas mãos toda a autoridade. Todavia, não se arrogou o título de rei, pelo qual os romanos tinham profunda e tradicional aversão. E quando Marco Antônio, um dos seus auxiliares, ofereceu-lhe publicamente a coroa, César rejeitou-a. Reformas de César: Œ Distribuiu trigo e dinheiro aos soldados, mas combateu o parasitismo. Investigou as irregularidades na distribuição dos celeiros públicos e reduziu o número de recebedores para menos de 50%. Os que viviam às custas do Estado, passaram de 300.000 para 150.000; • Concedeu a cidadania romana a muitos habitantes de províncias cargos importantes, em Roma; Ž Reduziu o Senado a conselho consultivo, aumentou-lhe o número para 900, e fez com que muitos habitantes das províncias fossem eleitos senadores; • Reprimiu os abusos dos publicanos (cobradores de impostos), que tanto desprestigiavam a dominação romana; • Obrigou todos os latifundiários da Itália a empregarem, entre os seus trabalhadores, pelo menos 1/3 de homens livres. Isto significou mais trabalho para os desempregados – e uma prudente reação contra o incessante incremento da escravidão; ‘ Distribuiu terras aos plebeus, inclusive aos seus soldados veteranos desengajados; ’ Empreendeu grandes obras públicas (oferecendo, assim, A divisão das províncias romanas entre César, Pompeu e Crasso. 9 WWW.ALUNONOTA10.COM.BR A Crise da República e as Guerras Civis trabalho aos desempregados); “ Fundou colônias agrícolas, nas quais procurou introduzir, quanto possível, o progresso e os espairecimentos existentes em Roma: termas, piscinas, redes de esgotos, etc. Assim prosperaram, longe de Roma, centenas de povoações, que se tornaram centros de difusão de cultura e foram, ao mesmo tempo, vanguardas militares que reforçavam a segurança do Império. Com essas reformas, César contrariou os interesses da nobreza senatorial, dos cavaleiros enriquecidos pela inescrupulosa cobrança de impostos e até de alguns líderes populares. Seus opositores uniram-se em uma conspiração chefiada por Marco Júnio Bruto e Caio Cássio, terminando por assassinar César em 44 a.C. Segundo Triunvirato Com a morte de César, ocorreu uma grande revolta popular, acontecimento político que foi muito explorado por Marco Antonio, um dos fortes generais de Júlio César, que juntamente com Lépido e Otávio, organizou o II Triunvirato. Isso após promoverem a eliminação dos opositores de Júlio César. Marco Antônio tornouse senhor do Egito e do Oriente, Lépido foi para o norte da África e Otávio tornou-se senhor do Ocidente (Europa, incluindo a Itália). Ocorreu uma luta aberta entre os triúnviros, Lépido foi forçado a abandonar a vida política e os dois outros entraram em choque. Marco Antônio, apaixonado por Cleópatra (rainha do Egito) fez um testamento que a incluía como herdeira de territórios romanos. O Senado romano autorizou Otávio a declarar guerra a Marco Antônio e Cleópatra. Na batalha naval de Actium (Ácio), Otávio venceu as frotas de Antônio e Cleópatra, tornando-se o chefe supremo do Estado Romano. Terminava a República romana , tinha início o Império. A divisão das províncias romanas entre Antônio, Otávio e Lépido. 10