PARTE III - TEORIA DO CONSUMIDOR Questão 14. Preferências dos Consumidores (a.) Preferências de consumidores são "bem-comportadas" se as quatro premissas da teoria do comportamento do consumidor são válidas. Leia as constatações abaixo e avalie qual ou quais destas representam premissas desta teoria. Assinale todas as respostas certas. i. ii. iii. iv. Mais sempre é melhor de que menos. Há um ponto de saturação. O consumidor pode comparar e ordenar todas as cestas de mercado. O consumidor prefere cestas balanceadas a cestas não balanceadas. (b.) Leia as afirmações abaixo e assinale as verdadeiras. (a.) O princípio da utilidade marginal decrescente diz que, à medida que se consome mais de determinada mercadoria, quantidades adicionais consumidas geram incrementos menores na utilidade. (b.) O princípio da utilidade marginal decrescente sempre é válido. (c.) O princípio da igualdade marginal diz que no ponto da escolha ótima do consumidor a utilidade marginal de cada bem por real (R$) gasto com ele é a mesma para todos os bens. (d.) O princípio da igualdade marginal sempre é válido. (c.) i. Você é indiferente entre Coca-cola e Pepsi. Desenhe seu mapa de indiferença. Coca 2 1 1 2 Pepsi ii. Se a Coca custar 10% a mais do que a Pepsi, qual sua escolha ótima? Resposta: Como a Pepsi é mais barata, e você é indiferente entre ambas, você optaria por consumir apenas Pepsi. iii. Qual sua taxa marginal de substituição? Explique em palavras o que ela significa. Resposta: Como a taxa marginal de substituição indica a quantidade máxima de um bem que um consumidor estaria disposto a deixar de consumir para obter uma unidade adicional do outro bem, neste exercício, a taxa marginal de substituição será de 1, ou seja, ele abre mão de 1 unidade de Coca para consumir 1 unidade a mais de Pepsi. iv. Você só toma Coca-cola com gelo. Para cada copo de Coca você usa 5 pedras de gelo. Desenhe seu mapa de indiferença (entre Coca e gelo). Coca 2 1 5 v. 10 Gelo Se você tem R$6,00 para gastar hoje com refrigerante, a Coca custa R$1,00 e cada pedra de gelo R$0,20, quantas Cocas e quantas pedras de gelo você deve comprar para maximizar sua utilidade? Resposta: Sendo Coca = x1 e Gelo = x2 U(x1; x2) = min {x1,x2} RO: x1 + 0,2 x2 = 6 Coca 1 2 3 4 Gelo 5 10 15 20 Gasto $2 $4 $6 $8 Logo, você pod erá comprar, para respeitar sua restrição orçamentária, 3 refrigerantes e 15 pedras de gelo (cesta ótima). (d.) Suponha que os três patetas Larry, Moe e Curly, tenham as seguintes preferências por tortas (bem X) e sorvetes (bem Y). Com base nas informações abaixo, escreva as funções de utilidade que melhor representam as preferências de cada uma dos patetas, e esboce cada uma delas em um gráfico: i. Tortas e sorvetes são bens não-relacionados para Larry. Ele sempre gasta parcelas fixas da sua renda dedicada à alimentação com cada bem: 40% com tortas (bem X) e 60% com sorvetes (bem Y). Resposta: U(x,y) = x0,4 y0,6 ii. Tortas e sorvetes são substitutos perfeitos para Moe, e a taxa marginal de substituição é 2/3. Resposta: U(x,y) = ax + by TMS UMG UMG U(x,y) = 2x + 3y 2 3 iii. Os bens são complementos perfeitos para Curly: ele sempre come 3 fatias de torta junto com 2 bolas de sorvete. Resposta: U(x,y) = min {2x ; 3y} y 4 2 3 6 x Questão 15. Churrasco Observe a tabela abaixo, obtida a partir dos dados da rodada 2002-2003 da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), do IBGE. Ela apresenta a aquisição alimentar per capita anual, por classe de rendimento mensal familiar, de vários tipos de carne bovina. Responda: (a.) Defina bens normais e bens inferiores, e represente graficamente curvas de Engel para ambos os bens. Bens normais são aqueles que apresentam elasticidade renda da demanda positiva. Nos bens inferiores, a elasticidade renda da demanda é negativa. Renda Bem inferior Bem normal Quantidade demandada (b.) De acordo com os dados do IBGE, e considerando apenas a aquisição alimentar das duas classes de rendimento mais elevadas, podemos dizer que, no Brasil, todos os tipos de carne de segunda são bens inferiores? Da mesma forma, podemos dizer que, no Brasil, todos os tipos de carne de primeira são bens normais? Justifique. De acordo com os dados da Tabela, carne de segunda no Brasil é bem normal do primeiro até o quinto sextil de renda. Ela só é bem inferior do quinto para o sexto sextil de renda. Isto é, para 90% ou mais da população brasileira, carne de segunda é bem normal, ao contrário do que afirmam alguns livros de microeconomia. As carnes de primeira são todas bens normais. Já a tabela a seguir, também construída a partir dos dados da POF 2002/2003 do IBGE, apresenta a despesa (ou gasto) em reais com alguns itens do orçamento familiar, classificados pela média da despesa total de 10 faixas de despesa. Alimentação Habitação Manutenção do lar Vestuário Transporte Aquisição de veículos Educação Periódicos, livros... 1 454,70 148,59 168,92 18,99 24,06 37,08 7,54 3,63 0,38 2 658,18 195,85 242,00 21,52 37,53 56,52 12,39 6,83 0,69 3 920,69 234,26 330,33 26,92 53,44 100,57 26,87 12,15 1,49 Despesa Média por Faixa 4 5 6 7 1.215,33 1.494,43 1.914,35 2.450,03 282,12 312,33 359,76 397,94 417,23 485,10 599,76 714,56 37,24 40,75 63,16 75,10 71,57 83,78 104,77 121,82 143,25 207,25 277,37 418,81 40,60 62,78 91,16 167,79 21,63 29,54 51,55 85,86 2,91 3,28 5,99 8,46 8 3.270,20 474,54 881,33 102,27 154,01 620,59 260,65 143,31 13,89 9 4.445,42 523,77 1.189,44 168,15 179,26 802,61 343,40 230,80 21,56 10 8.721,91 788,70 1.987,85 348,09 279,76 1.505,24 715,53 426,45 37,23 Suponha, por simplicidade, que a despesa total média por faixa corresponda à renda familiar média mensal de cada faixa1. Considere também que “elasticidade renda das despesas” é a variação percentual das despesas (ou gastos) com um determinado item, face à variação percentual da “renda”. Ou seja, que η = ∆%despesas . ∆%renda Para as questões abaixo, você pode ignorar os algarismos decimais da tabela. (c.) Estime a elasticidade renda das despesas com “alimentação” e com “aquisição de veículos” para famílias cuja “renda” média está entre as faixas 7 e 8. Utilize para tanto o conceito de elasticidade no arco (ou interpolada). A elasticidade renda da despesa com alimentação é aproximadamente 0,504 e a da aquisição de veículos, 1,42 (d.) Bens de luxo são aqueles cuja elasticidade renda da despesa supera a unidade. “Alimentos” e “aquisição de veículos” são bens de luxo para as faixas de renda 7 e 8? Por que?2 Aquisição de veículos é bem de luxo para as faixas de renda 7 e 8, pois a elasticidade renda da despesa supera a unidade. Alimentação, não. (e.) Considerando um crescimento de 5,2% da economia brasileira no ano anterior, e pressupondo que esse aumento da renda se deu de forma homogênea entre as faixas de “renda”3, qual foi o aumento esperado nas despesas com “alimentação” e com “aquisição de veículos” para famílias cuja “renda” média está entre as faixas 7 e 8? Alimentação: aumento da despesa foi de 2,6% (5,2%*0,504). Aquisição de veículos: 7,4% (5,2%*1,42). 1 Essa suposição não é muito realista, pois é razoável supor que as faixas de renda superiores despendem menos relativamente à renda (isto é, poupam relativamente mais) em comparação com as faixas de renda inferiores. Mas pense nas despesas mensais totais de sua família para saber em que faixa ela se enquadraria. 2 Em casa, “divirta-se” em descobrir se “educação” e “despesa com livros e periódicos” são bens de luxo para todas as faixas de “renda”. 3 Será que essa suposição é realista? A resposta depende de estudos empíricos mais trabalhosos. Questão 16. Vamos ao Shopping? Você foi chamado para descrever o comportamento dos consumidores em Shopping Centers. Após criteriosa observação, você conseguiu separar três tipos de consumidores com as seguintes características: (a.) O primeiro grupo de consumidores se mostra indiferente entre consumir vinhos nacionais (bem Y) ou importados (bem X), trocando sempre duas garrafas de vinho nacional por uma de vinho importado. i. Escreva a equação que descreve as preferências desse consumidor por vinho nacional (Y) e vinho importado (bem X). U(X,Y) = 2X + Y ii. Esboce o gráfico que representa estas preferências. Y 16 12 2 Ponto ótimo (8 ; 0) ótimo (8 , 16) 1 8 X iii. Calcule e indique no gráfico a restrição orçamentária e a escolha ótima desse grupo de consumidores, assumindo que o consumidor dispõe de R$ 480 para gastar com vinhos, PX = R$ 60/garrafa e PI = R$ 40/garrafa. Restrição orçamentária: 60X + 40Y = 480 (veja em vermelho no gráfico) (b.) O segundo grupo de consumidores vai ao Shopping para ir ao cinema e sempre come dois salgados. i. Escreva a equação que descreve as preferências desse grupo de consumidores por cinema (C) e salgados (S). U(S,C) = Min { C , S/2 } ii. Esboce o gráfico que representa estas preferências. C 3 Ponto ótimo (2 , 4) 1 2 12 S iii. Calcule e indique no gráfico a restrição orçamentária e a escolha ótima desse grupo de consumidores, assumindo que ele disponha de R$ 60 para gastar com o programa, sendo que o ingresso de cinema custa R$20 (PC = 20) e cada salgado sai por R$5 (PS = 5). Restrição orçamentária: 20C + 5S = 60 (veja em vermelho no gráfico) (c.) O terceiro grupo de consumidores vai ao Shopping para gastar na praça de alimentação (A) e comprar peças de vestuário (V) e seu comportamento deste consumidor pode ser descrito pela seguinte função Cobb-Douglas: U = A0,4V0,6 i. Encontre as funções de demanda por vestuário e alimentação, assumindo que o consumidor maximiza sua utilidade (Obs: você pode utilizar ou não o método de Lagrange, mas deve mostrar como chegou ao resultado! Não vale decorar!). O consumidor irá maximizar sua utilidade, sujeito à restrição orçamentária. O lagrangeano fica: L = A0,4V0,6 – λ [pAA + pVV – R] L A L V L 0,4 A -0,6 V 0,6 – λpA = 0 0,6 A 0,4 V-0,4 – λPV = 0 => => pAA + pVV – R = 0 λ = (0,4 A -0,6 V 0,6) / pA (Eq.1) λ = (0,6 A 0,4 V-0,4) / pV (Eq.2) (Eq.3) Igualando as equações (1) e (2): (0,4 A -0,6 V 0,6) / pA = (0,6 A 0,4 V-0,4) / pV V = 1,5 pA A / pV (Eq. 4) Substituindo na equação (3): pAA + pV [1,5 pA A / pV] – R = 0 A = 0,4R/pA Voltando na equação (4): V = 1,5 pA A / pV = 0,6R/PV Portanto, as curvas de demanda são: Demanda por alimento: A = 0,4R/pA Demanda por vestuário: V = 0,6R/pV ii. Para esses consumidores Alimentos e Vestuários são bens independentes, complementares ou substitutos. Explique. Os bens são independentes pois a elasticidade-preço cruzada das demandas é zero (ou seja, a demanda por A não depende do preço de V e a demanda de V não depende do preço de A). iii. Mostre que o consumidor gasta sempre uma parte fixa do dinheiro que leva ao Shopping (R) em Alimentação (A) e outra, em Vestuário (V). Quantos por cento de R ele gasta com cada bem? O gasto do consumidor com A é igual a: pA x A Do item (i.) temos que: A = 0,4R/pA. Multiplicando a demanda por pA: pA x A = 0,4R Ou seja, o gasto do consumidor com alimentação é fixo e equivale a 40% de sua renda. Analogamente, usando a curva de demanda por vestuário temos que pV x V = 0,6R, ou o gasto do consumidor com vestuário é fixo em 60% de sua renda. iv. Esboce o gráfico que representa as preferências deste tipo de consumidor por vestuário (V) e alimentação (A), bem como sua restrição orçamentária, e assinale o ponto que maximiza sua utilidade, assumindo que PA= R$40, PV= R$60 e R= $600 V 10 Ponto ótimo (6 , 6) 15 A Questão 17. A tábua (‘tablet’) mais famosa desde os 10 Mandamentos “2010 foi o ano do iPad”, disse Steve Jobs, fundador da Apple, no evento em março último em que apresentou uma nova versão do produto. Em apenas 9 meses, a Apple vendeu 15 milhões de unidades do produto, mais do que todos os tablets juntos venderam na história. O fato é que o sucesso dos tablets vem mudando hábitos de consumo para diversos tipos de conteúdo, tais como músicas, livros, filmes, revistas e jornais. (a.) O efeito mais óbvio da disseminação dos tablets é a substituição de conteúdos em meio físico por conteúdos digitais. Suponha que, para você e-Books (bem X) e livros impressos (bem Y) são substitutos perfeitos. Como usar seu iPad novo é particularmente prazeroso para você, ler um e-Book te dá uma utilidade marginal 20% maior do que ler um livro tradicional. i. Escreva uma equação que descreva suas preferências por e-Books (bem X) e livros impressos (bem Y). U(X,Y) =1, 2X + Y ii. Desenhe em um mesmo gráfico suas preferências e sua restrição orçamentária, assumindo que você dispõe de R$ 300 para gastar com livros (digitais e impressos) no ano, e que um e-Book custa PX = R$ 15/livro e um livro impresso custa PY = R$30/livro. RO: pXX + pYY = R 15X + 30Y = 300 (ou X + 2Y = 20) Y 24 10 1,2 Ponto ótimo (20 ; 0) ótimo (8 , 16) 1 20 X iii. Quantos e-Books e quantos livros impressos você deve comprar no ano, se quiser maximizar sua utilidade? Indique no gráfico do item (ii.). Como eBooks (bem X) oferecem uma maior utilidade por real gasto, já que: UMgX / pX = 1,2 / 15 = 0,08 UMgY / pY = 1 / 30 = 0,03 a escolha ótima do consumidor é comprar apenas eBooks. Com R$ 300, ele consegue comprar 300/15 = 20 eBooks, portanto, a escolha ótima é X = 20 e Y = 0, uma solução de canto. iv. Qual teria que ser o preço do livro impresso para que você se tornasse indiferente entre ele e um e-Book? Para o consumidor ser indiferente entre os dois, é preciso que: UMgX / pX = UMgY / pY ou, reescrevendo: UMgX / UMgY = pX / pY 1,2 = pX / pY ou seja, o preço do eBook teria que ser 20% maior do que o do livro impresso. Reescrevendo: PY = pX / 1,2 Se pX = R$15, então: PY = 15 / 1,2 = 12,50 Portanto, o livro impresso teria que custar R$12,50 para que eu fosse indiferente entre ele e um eBook. (b.) Em outras situações, bens reais e virtuais são complementares. Imagine que você compre sempre 20 músicas através do iTunes (bem X) para cada show de algum grupo que assiste no estádio (bem Y). i. Escreva a equação que descreve suas preferências por músicas (X) e shows (Y). U(X,Y) = Min { X , 20Y } ou U(X,Y) = Min { (1/20) X , Y } ii. Desenhe em um mesmo gráfico suas preferências e sua restrição orçamentária, assumindo que você disponha de R$ 360 para gastar com os dois bens no ano, sendo que cada música custa PX = R$ 1 e cada show, PY = R$100. RO: X + 100Y = 360 Y 3,6 Ponto ótimo (60, 3) 1 360 20 iii. X Qual sua escolha ótima? Calcule e indique no gráfico do item (ii.). No ponto ótimo, temos que X = 20Y para que não haja desperdício. Jogando na restrição orçamentária: (20Y) + 100Y = 360 Y=3 X = 20 (3) = 60 Portanto, o consumidor deve comprara 60 músicas e ir a 3 shows. (c.) Suponha agora que e-Books (bem X) e música digital (bem Y) sejam bens independentes entre si para você, e que você gasta sempre 30% da renda que dedica à compra de conteúdos digitais (R) com e-Books e 70% com músicas. i. Escreva a equação que descreve suas preferências por e-Books (bem X) e música digital (bem Y). Como os bens são independentes, a função é uma Cobb Douglas, sendo que os expoentes representam quantos % da renda ele gasta com cada bem: U (X,Y) = X0,3Y0,7 ii. Encontre suas funções de demanda por e-Books e música digital, assumindo que você maximiza sua utilidade, utilizando o método da TMS OU o método de Lagrange. Pela TMS, temos que, no ponto ótimo: UMgX / pX = UMgY / pY (0,3 X -0,7 Y 0,7) / pX = (0,7 X 0,3 Y-0,3) / pY pY Y = 2,33 pX X Equação (1) Jogando na restrição orçamentária: pXX + pYY = R pXX + 2,33 pX X = R X = 0,3R/pX (Função de demanda por X) Voltando na Equação (1): pY Y = 2,33 pX X pY Y = 2,33 pX (0,3R/pX ) Y = 0,7R/pY iii. (Função de demanda por Y) Qual sua escolha ótima, assumindo que um e-Book custa R$15, uma música digital custa R$1 e que sua renda dedicada a este fim é R= R$100 por mês? Basta substituir os dados acima nas funções de demanda: X = 0,3R/pX = 0,3 (100) / 15 = 2 Y = 0,7R/pY = 0,7 (100)/1) = 70 A escolha ótima é comprar 2 eBooks e 70 músicas por mês. Questão 18. Escolha entre álcool e gasolina O objetivo desse exercício é derivar a curva de demanda por um bem que é substituto perfeito de outro. No caso, de etanol em automóveis do tipo flex-fuel, fuel, que é substituto perfeito da gasolina. (a.) Defina bens substitutos perfeitos. A definição rigorosa de bens substitutos perfeitos é a de que a TMS entre eles é constante. Isto é, de que eles podem ser trocados em uma proporção constante (e não necessariamente 1:1), independentemente da combinação inicial dos bens, sem que haja alteração não nível de utilidade. Um vereador recebe, e, além de seus proventos e outros benefícios, verba fixa, exclusiva para combustível, que ele utiliza em seu carro oficial nos deslocamentos pela cidade. Suponha que o valor desta verba seja de R$ 700,00 por mês, mais ou menos o equivalente a um tanque cheio de gasolina por semana. (b.) Suponha que o preço do litro da gasolina seja de R$ 2,80 e do litro de etanol seja de R$ 2,0. Desenhe a Restrição Orçamentária do vereador, colocando no eixo horizontal quantidade consumida de litros de etanol (E) e no eixo vertical, gasolina (G). G 250 350 E Sabemos que o rendimento do etanol é equivalente a 0,7 vezes o rendimento da gasolina, e que os combustíveis são, em tese, substitutos perfeitos. Para simplificar, suponha que o carro do vereador faça 7 km com um litro de álcool e 10 km com um litro de gasolina. gas (c.) (i.) Escreva a função utilidade do vereador, isto é, U = f(E, G), onde E é o consumo de etanol e G, de gasolina. (ii.) Calcule a taxa marginal e substituição (-dG/dE). U = 10G + 7E. Obviamente, também são válidas respostas como U = G + 0,7E. Observe que esta função utilidade pode ser analisada pela abordagem cardinal, e não apenas ordinal. A TMS (-dG/dE) = 0,7. Isto é, para cada redução (aumento) de 1 litro de etanol, o consumidor vai precisar de um aumento (redução) de 0,7 litro de gasolina para ficar no mesmo nível de utilidade. (d.) Escolha ótima: (i) Desenhe no gráfico do item (b) o mapa de indiferença da função utilidade que você encontrou em (c). Qual é o ponto de escolha ótima, isto é, a combinação de gasolina e etanol que maximiza a utilidade do vereador? Qual é a utilidade neste ponto? O ponto de escolha ótima nesta situação é o consumo exclusivo de gasolina, como mostra a figura abaixo. Neste ponto, a utilidade será de 2.500 (ou 250, dependendo de como o aluno definiu a função utilidade). G 250 Pt de escolha ótima 350 357,4 E Algebricamente, o aluno pode também comparar utilidade marginal com o preço dos dois combustíveis. No caso da gasolina, a razão seria 10/2,8 = 3,57; no caso do etanol, 7/2 = 3,5. Como a relação benefício/custo é maior na gasolina, e os bens são substitutos perfeitos, a escolha ótima será o consumo exclusivo de gasolina. (e.) O preço do etanol varia bastante ao longo do ano, especialmente por causa da safra de cana de açúcar, que ocorre entre abril e setembro, quando o preço cai. (ii) Suponha que em abril, em virtude da safra de cana, o preço do litro do etanol caia para R$ 1,96/litro. Desenhe em um novo gráfico a nova Restrição Orçamentária e as curvas da função utilidade. Qual é a escolha agora entre gasolina e etanol? Qual é a utilidade? Neste caso, o máximo de etanol que o vereador pode comprar com sua verba exclusiva aumenta para 357,4 e a RO coincide exatamente com a curva de indiferença. Qualquer combinação possível de gasolina e etanol estará maximizando sua utilidade, que permanece no nível de 2.500 (ou 250). G 250 350 (iii) 357,4 E E se o preço do litro do álcool cair para abaixo de R$ 1,96/litro, qual será a escolha entre gasolina e etanol? (Desenho optativo, faça apenas se quiser, mas não deixe de escrever a resposta). Este caso é a situação inversa do item d.(i). O vereador consumirá apenas etanol, auferindo a mesma utilidade. (f.) A partir dos resultados obtidos nos itens anteriores, esboce graficamente a curva de demanda de etanol por parte do vereador. 250 357,4 357,4 19. Os alcoólatras (para fazer com o auxilio do excel) Três amigos foram a um bar, cada qual com R$ 25 para gastar em pinga. Suponha que o preço da dose de pinga seja R$ 1. (a.) Desenhe a restrição orçamentária dos três amigos, representando doses de pinga no eixo horizontal e mercadoria composta (cujo preço, por definição, também é R$1) no eixo vertical. 30 25 20 15 10 5 0 0 5 10 15 20 25 30 (b.) Os três amigos tem tendência ao alcoolismo. Suponha que a função utilidade do primeiro possa ser representada por: 2 + (i) Lembre-se de suas aulas de geometria analítica no colegial e desenhe a curva de indiferença desse primeiro consumidor para U = 25 e para U = 35,355. 40 35 30 25 20 15 10 5 0 0 (ii) 5 10 15 20 25 30 A curva de indiferença desse consumidor é côncava ou convexa? Que premissa da teoria do consumidor essa função utilidade não respeita? Ela é concava, não obedecendo a premissa da TMS decrescente, o que significa que para esse consumidor, a utilidade marginal da pinga é crescente. (iii) Qual é a combinação de pinga e mercadoria composta que este consumidor deve escolher, de forma a maximizar sua utlidade nesta noite? O que isso significa, no médio prazo, para a saúde deste consumidor? Esse consumidor vai gastar tudo em pinga, e no médio prazo vai morrer de cirrose hepática, a não ser que seja impedido de entrar no bar. (c.) O segundo consumidor apresenta função utilidade um pouco diferente, que pode ser representada por: + 2 (i) Assim como no caso anterior, desenhe a curva de indiferença desse segundo consumidor para U = 25 e U = 35,355. 30 25 20 15 10 5 0 0 (ii) 5 10 15 20 25 30 Qual é a combinação de pinga e mercadoria composta que este consumidor deve escolher, de forma a maximizar sua utilidade nesta noite? O que isso significa, no médio prazo, para a saúde deste consumidor? Esse consumidor, mesmo tendo tendência ao alcoolismo, prefere gastar todo o seu dinheiro em mercadoria composta. Mesmo tendo a tendência (genética), não deve desenvolver a doença. (d.) Finalmente, o último consumidor apresenta a seguinte função utilidade: + (i) Desenhe a curva de indiferença desse terceiro consumidor para U = 25. 30 25 20 15 10 5 0 0 (ii) 5 10 15 20 25 30 Qual ou quais combinações de pinga e mercadoria composta este consumidor deve escolher, de forma a maximizar sua utlidade nesta noite? Esse consumidor apresenta dois equilíbrios: ou gasta tudo em mercadoria composta, ou gasta tudo em pinga. (iii) O terceiro consumidor entra no bar com seus R$ 25. O que acontece com as escolhas deste consumidor se ele adquirir a primeira dose de pinga? Com base neste resultado, que conselho você daria a este consumidor? Se ele beber o primeiro gole, ele só voltará ao estado inicial de satisfação se gastar todo o dinheiro em pinga. Meu conselho é evitar o primeiro gole. E frequentar os Alcoólatras Anônimos. Questão 20. Uma Viagem a Nova Iorque Márcia, Luana e Bianca resolveram viajar juntas a Nova Iorque. Cada uma reservou a mesma quantia em dinheiro (M) para gastar semanalmente em bons restaurantes (bem X) e alguns espetáculos, como shows, peças de teatro, óperas, musicais etc. (bem Y). Chegar a um consenso do que fazer foi difícil, uma vez que suas preferências são bastante distintas. A solução foi decidir que a cada semana uma delas escolheria os programas, levando em conta apenas suas próprias preferências. Na primeira semana Márcia é quem escolheria os programas. Ela possui a seguinte função utilidade: U ( X , Y )Márcia = X Y4 onde X é o número vezes que iriam a espetáculos e Y é o número de vezes que iriam a bons restaurantes. (a.) Com base na função utilidade de Márcia: i. Encontre as funções demanda por X e Y, como função dos preços PX , PY e da quantia semanal (M) destinada aos gastos com X e Y . (Você pode usar Lagrange ou não, mas a resposta só será válida se você mostrar como chegou ao resultado.) Resolveremos pela fórmula da TMS: # 1 !" 4 4 Sabemos que no ponto ótimo: &' &( 1 ) )" 4 4) )" Substituindo na restrição orçamentária, temos: ) + )" * ) + 4) * + , 0 -./ Voltando em (1): 4) )" 4 1&' *2 ) )" (1) 3 ii. 4 0 -.5 Mostre que a proporção de M que Márcia dedica a cada programa (X e Y) é sempre fixa. Usando as curvas de demanda calculadas em (i), temos: Parcela da renda gasta com X => Parcela da renda gasta com Y => &'6 7 &'6 7 # Portanto, Márcia gasta sempre 20% da sua renda com X e 80% com Y. Suponha que cada amiga disponha de 600 dólares semanais para gastar em espetáculos e restaurantes, que cada espetáculo custe 80 dólares e que o gasto em um bom restaurante esteja 120 dólares por pessoa, ou seja, PX = 120, PY = 80 e M = 600. (b.) Com base nas funções de demanda calculadas do item (a), e os dados acima, responda: i. Na semana em que Márcia escolherá os programas, a quantos espetáculos e bons restaurantes elas iriam? Usando as curvas de demanda calculadas em (a), temos: 1 1 * ∙ 600 1 5) 5 ∙ 120 4 4 * ∙ 600 6 5 ∙ 80 5)" Resposta: Elas irão apenas 1 vez ao teatro e 6 vezes a restaurantes. ii. Para Márcia, X e Y são substitutos, complementares ou independentes? Justifique sua resposta. Resposta: Os bens são independentes, pois a elasticidade-cruzada da demanda dos dois bens é nula. Isso quer dizer que a demanda de X não depende do preço de Y e a demanda de Y não depende do preço de X. @ =6,? A )" )" ∙ 0∙ 0 A)" @ =?,6 iii. A ) ) ∙ 0∙ 0 A) Desenhe a curva preço-consumo considerando variações no preço de X, mantendo constante o preço de Y (Py = 80) e a quantia em dinheiro para gastar semanalmente (M = 600). Explique o formato da curva preço-consumo de Márcia. Curv a Preço-Consum o: Be ns Ind ependen tes Px ? Y X? Yconstante 6 E1 E2 X 1 1 Nas outras duas semanas, como combinado, Bianca e Luana decidiriam os programas. Suponha que os preços de uma semana para outra permaneçam os mesmos e que cada uma disponha da mesma quantia para gastar a cada semana PX = 120, PY = 80 e M = 600. (c.) As preferências de Bianca poderiam ser representadas por: U ( X , Y )Bianca =min { X Y} i. Desenhe o mapa das curvas de indiferença de Bianca. O que você pode afirmar sobre suas preferências? Resposta: Os bens são complementares perfeitos. Complementares Perfeitos Y Curvas de Indiferença U ( X , Y ) = mín {X , Y } 3 2 1 0 1 2 3 X 5 ii. Desenhe a restrição orçamentária no gráfico no item (d)-(i) e indique a escolha ótima. Nessa semana, em que a programação é decidida por Bianca, a quantos espetáculos e bons restaurantes elas iriam? Explique sua resposta. Resposta: Quando dois bens são complementares, a escolha ótima ocorre sempre na “quina” da função utilidade, de forma que não haja desperdício comprando unidades adicionais de X ou Y que não aumentarão a utilidade do consumidor. Neste caso, a maior curva de indiferença que se consegue atingir com a restrição orçamentária dada é U = 3, ou seja, X = Y = 3. Y 7,5 Cesta Ótima Cesta Ótima : ( X , Y ) = (3 , 3) 3 2 1 0 1 2 3 X 5 6 (d.) Considerando que Luana possui a seguinte função utilidade: U ( X , Y )Luana =5X + Y i. Desenhe o mapa das curvas de indiferença de Luana. O que você pode afirmar sobre suas preferências? Resposta: Os bens são substitutos perfeitos. Substitutos Perfeitos Y Curvas de Indiferença U ( X ,Y ) = 5X + Y 5 TMS = 0 1 2 3 4 5 dY UMgX = =5 dX UMgY X 2 ii. Desenhe a restrição orçamentária no gráfico no item (e)-(i) e indique a escolha ótima. Nessa semana, em que a programação é decidida por Luana, a quantos espetáculos e bons restaurantes elas iriam? Explique sua resposta. Resposta: Se dois bens são substitutos teremos uma solução de canto. O consumidor optará por adquirir apenas o bem que lhe proporciona maior utilidade por real gasto. Assim, a programação da semana escolhida apenas por Luana consistirá em 5 concertos e nenhum restaurante. Curvas de Indiferença Y U ( X ,Y ) = 5 X + Y 7,5 TMS = dY UMgX = =5 dX UMgY 5 Cesta Ótima Cesta Ótima : ( X , Y ) = (5 , 0) 0 1 2 3 4 5 X 3 Questão 21. Aumento nos preços de transporte público Até maio deste ano, um trabalhador recebia salário mínimo de R$ 260,00, e gastava, hipoteticamente, em duas mercadorias: transporte público (representado por Y ) e a mercadoria composta (isto é, uma mercadoria que simboliza todas as demais mercadorias, representada por X ). Até março, o preço do transporte público era PX = 1,70 , enquanto o da mercadoria composta é, por construção, PY = 1,00 . Todo mês, o trabalhador gasta o equivalente a 40 viagens de transporte público (ida e volta do trabalho, 20 dias por mês), e o resto em mercadoria composta. Suponha que suas preferências sejam regulares e bem comportadas, isto é, atendam às quatro premissas básicas da teoria do consumidor4. (a.) Recentemente, o prefeito de São Paulo aumentou a preço da passagem para R$ 2,00 e o salário mínimo subiu para R$ 300,00. O trabalhador está em melhor situação agora? Mostre graficamente. Na situação inicial, a escolha ótima do trabalhador é (X*; Y*) = (40; 192), onde 192 = 260 – 1,7*40. A situação está representada na figura abaixo pela linha do orçamento preta e pela curva de indiferença em azul. A figura está fora de escala, o que não muda em nada o raciocínio. Com o aumento do salário mínimo e da tarifa de ônibus, a nova linha do orçamento é a que está em vermelho na figura. Com o novo salário mínimo, o trabalhador pode comprar a cesta (X*, Y*) original, que custa agora R$ 272 = 40*2 + 192, e ainda sobra algum dinheiro. O trabalhador está inequivocamente em melhor situação, como mostra a curva de indiferença tracejada em vermelho. 300 260 192 40 4 150 152,9 Elas devem ser também monotônicas, mas isso é assunto para estudos mais avançados. (b.) Se o prefeito tivesse aumentado o preço da passagem para R$ 2,70, o trabalhador estaria em melhor situação do que na situação inicial? Mostre graficamente? Nesta nova situação, o trabalhador consegue comprar a cesta inicial (X*, Y*), mas não sobra nenhum dinheiro. A antiga cesta custa agora exatamente os mesmos R$ 300 do novo salário mínimo. A análise da figura mostra que neste o caso, o trabalhador continua inequivocamente em melhor situação, desde que as suas preferências sejam bem comportadas. 300 260 192 40 111 152,9 (c.) Se o salário mínimo tivesse subido para R$ 270,00 e o preço da passagem para R$ 2,00, o trabalhador estaria em melhor situação do que na situação inicial? Mostre graficamente? Nessa situação, o trabalhador não pode comprar a sua cesta inicial (X*, Y*). A nova cesta custa R$ 272, enquanto seu salário é de apenas R$ 270. Neste caso, a situação final do trabalhador é inconclusiva, dependendo de quão importante é para ele o transporte em relação às demais mercadorias. Ele pode ficar melhor (fig. A), pior (fig. B) ou até igual (fig. C). 270 260 192 40 150 152,9 Fig. A: transporte é relativamente menos importante; situação do trabalhador é melhor 270 260 192 40 150 152,9 Fig. B: transporte é mais importante; situação do trabalhador é pior 270 260 192 40 150 152,9 Fig. C: trabalhador é indiferente (d.) Suponhamos que a combinação de aumentos no salário mínimo e no preço da passagem de ônibus tenha resultado no aumento de satisfação de dois trabalhadores e na redução da satisfação de um trabalhador. É possível dizer, a partir da abordagem cardinal da utilidade, se a satisfação geral dos trabalhadores (soma das satisfações individuais dos três trabalhadores) aumentou ou diminuiu? E pela abordagem ordinal? Explique. Na abordagem cardinal é possível, pois ela permite a mensuração comparativa dos níveis de satisfação dos trabalhadores (em “utiles”). Na abordagem ordinal, essa comparação não é possível. Questão 22. A classe C vai às compras O Brasil passa por uma transformação sem precedentes no perfil de seus consumidores. A estabilidade e o crescimento da economia levaram à escalada de dezenas de milhões de pessoas para a classe C, que hoje representa cerca de metade da população brasileira. Mais do que uma simples elevação da renda, a ascensão para a classe C leva a mudanças nas preferências dos consumidores. Itens antes inacessíveis como celulares, computadores e até cursos superiores tornam-se agora anseios de consumo e símbolos de status. Estudo recente do Ibope identificou dois perfis principais de consumidores da classe C: o consumista, ou “deslumbrado”, que compra por impulso e valoriza bens de consumo como carros e eletrodomésticos, e o planejador, mais cauteloso, cético e preocupado com o futuro, que tende a investir mais em educação (escolas particulares para os filhos, curso superior, etc.). Waldisnei da Silva, assistente administrativo, e sua esposa Edinéia, cabeleireira, acabaram de ascender para a classe média. Eles estão tendo dificuldade em determinar a melhor maneira de gastar sua renda familiar e, depois de incontáveis brigas familiares, pediram que você use seus prestimosos conhecimentos de Microeconomia para evitar o divórcio! Suponha, de forma simplificada, que Waldisnei e Edinéia pretendem gastar toda a parcela de sua renda que sobra após seus gastos com subsistência (alimento, aluguel, roupas, etc.) com duas categorias de bens: telefonia celular (bem X) e educação (bem Y). As funções de utilidade de cada um são dadas por: Waldisnei: UW = X0,2Y0,8 Edinéia: UE = X0,7Y0,3 onde X é o número de minutos por mês que o consumidor passa no celular e Y, o número de horas por mês que gasta com um curso de especialização. (a.) (i.) Calcule a taxa marginal de substituição (TMS) de Y por X para cada um dos consumidores. (ii.) Defina taxa marginal de substituição. (iii.) Com base nos valores calculados em (i.), como você classificaria Waldisnei e Edinéia dentro dos perfis “consumista” e “planejador” explicados anteriormente? Explique sua resposta. (i.) Sabemos que a taxa marginal de substituição é dada por: TMS = UMgX / UMgY sendo UMgx = AU/AX e UMgY = AU/AY. Para Waldisney: TMS = (0,2X-0,8Y0,8) / (0,8X0,2Y-0,2) = 0,25 Y / X Para Edinéia: TMS = (0,7X-0,3Y0,3) / (0,3X0,7Y-0,7) = 2,33 Y / X (ii.) A taxa marginal de substituição é a quantidade do bem Y que o consumidor está disposto a abrir mão para obter uma unidade adicional do bem X, de forma a manter sua utilidade constante. (iii.) Vemos que Edinéia está disposta a abrir mão de uma quantidade muito maior (cerca de 9 vezes) do bem Y (educação)do que Waldisney para obter uma unidade adicional do bem X (telefonia celular), para uma mesma quantidade de Y e X. Isto indica que Edinéia atribui mais valor ao bem “telefonia celular”, enquanto Waldisney atribui mais valor ao bem educação. Podemos dizer, assim, que Edinéia enquadra-se no perfil “consumista” enquanto Waldisney enquadra-se no perfil “planejador”. Obs: repare que como a TMX de Waldisney, por exemplo, é 0,25Y/X, ele está disposto a abrir mão de 0,25 vezes Y/X unidades de Y para conseguir uma unidade a mais de X (e não 0,43, como muitos alunos colocaram). O significado do termo Y/X na TMS é o seguinte: como a função utilidade não é uma reta, ela terá uma inclinação (ou TMS) diferente em cada ponto. Para você saber exatamente o valor desta inclinação, é preciso escolher um ponto da curva (ou seja, um X e um Y). (b.) Suponha que, vencido pelo cansaço, Waldisnei tenha concordado que as preferências da mulher (UE = X0,7Y0,3) prevaleçam e deixa que ela tome as decisões sobre como gastar a renda disponível da família (R). Obtenha as curvas de demanda por eletrônicos (bem X) e educação (bem Y) de Edinéia. (Obs: você pode usar Lagrange ou não, mas precisa demonstrar como chegou ao resultado. Não vale decorar!!!) Edinéia irá maximizar sua utilidade, sujeito à restrição orçamentária. O lagrangeano fica: L = X0,7Y0,3 – λ [pXX + pYY – R] L X L Y L 0,7 X -0,3 Y0,3 – λpX = 0 => λ = (0,7 X -0,3 Y0,3) / pX 0,3 X 0,7 Y-0,7 – λPY = 0 => pXX + pYY – R = 0 λ = (0,3 X 0,7 Y-0,7) / pY (Eq.2) (Eq.3) Igualando as equações (1) e (2): (0,7 X -0,3 Y0,3) / pX = (0,3 X 0,7 Y-0,7) / pY Y = (3pX X) / (7pY) (Eq. 4) (Eq.1) Substituindo na equação (3): pXX + pY [(3pX X) / (7pY)] – R = 0 X = 0,7R/pX Voltando na equação (4): Y = 3pX (0,7R/pX) / (7pY) = 0,3R/PY Portanto, as curvas de demanda são X = 0,7R/pX e Y = 0,3R/PY. (c.) Suponha que a família disponha de uma renda de R$500 por mês para gastar com não supérfluos, e que o preço a ligação no celular (PX) seja R$1,00 por minuto e o preço do curso de especialização (PY) seja R$5,00 a hora. Qual a escolha entre eletrônicos e educação capaz de maximizar a utilidade? Aplicando os valores dados nas curvas de demanda encontradas em (b.): X = 0,7R/pX = 0,7 (500) / 1 = 350 minutos ao celular Y = 0,3R/PY = 0,3 (500) / 5 = 30 horas de curso de especialização (d.) Imagine que você seja o diretor de uma nova empresa de celular criada para atender a nova classe emergente e gostaria de estimar a demanda total por eletrônicos deste público. Assumindo que Edinéia represente um consumidor padrão, e que existem 20 milhões de consumidores potenciais com as mesmas preferências e renda disponível que ela, qual seria a demanda agregada por serviços de telefonia celular? Utilizando a curva de demanda de Edinéia por X calculada em (b.), temos que: QD = 20.000.000 x (0,7R/pX) Ou, para R = 500: QD = 20.000.000 x (0,7(500)/pX) = 7.000.000.000/pX Poderíamos escrever, portanto, que a demanda por telefonia celular é dada por QD = 7 / P, onde P é o preço da ligação, em R$ por minuto, e QD é a quantidade demandada em bilhões de minutos por mês. (e.) De forma a estimular os consumidores da classe C a investirem mais em educação, o governo criou um programa de subsídio a cursos superiores de forma que PY caiu pela metade. Represente a função de utilidade da família no gráfico correspondente de sua folha de resposta e mostre (i.) a restrição orçamentária antes e após o subsídio, (ii.) a escolha ótima entre eletrônicos e educação antes e após o subsídio (mostre os valores correspondentes de X e Y nos respectivos eixos) e (iii.) o efeito renda e o efeito substituição, em termos do consumo de Y. (i.) As restrições orçamentárias (pXX + pYY = R) são: Antes: Depois: X + 5Y = 500 X + 2,5Y = 500 (ii.) As escolhas ótimas são: Antes (calculada em e.): Depois: X = 350 e Y = 30 X = 350 e Y = 60 X = 0,7R/pX = 0,7 (500) / 1 = 350 minutos ao celular Y = 0,3R/PY = 0,3 (500) / 2,5 = 60 horas de curso de especialização (iii.) Para encontrar os efeitos renda e substituição utilizaremos o método de Hicks. Para tanto, traçamos uma reta (em cinza, no gráfico) paralela a nova restrição orçamentária, porém tangente à curva de utilidade em que Edinéia se encontrava antes do subsídio. Encontramos então o que seria o ponto ótimo nesta situação (em cinza), em que consideramos apenas o efeito da mudança no preço relativo dos bens (ou, graficamente, na inclinação da restrição orçamentária). Este é o efeito substituição. O restante, correspondente a um aumento de poder aquisitivo (ou, graficamente, a um deslocamento paralelo da restrição orçamentára – da cinza para a vermelha), é o efeito renda. Os efeitos estão marcados no eixo Y do gráfico, porque foram pedidos em termos do consumo de Y. Y R/pY = 500/2,5 = 200 R/pY = 500/5 = 100 Ponto ótimo depois 60 Efeito renda Ponto ótimo antes Efeito substituição 30 350 R/pX = 500/1 = 500 X Questão 23. A escolha de Sofia Andrea e Renato, após um bom período sem viajar sozinhos, foram surpreendidos por seus pais que se reuniram e depois de alguma discussão resolveram ficar com as netas para que o casal pudesse viajar e viver novas emoções. Democraticamente, decidiram que o casal poderia escolher entre uma semana na Selva Amazônica ou uma semana na Patagônia, o que custaria o mesmo. Eles ganhariam as passagens e a estadia, e os demais gastos ficariam por conta do casal. A primeira decisão a ser tomada seria para onde ir. Suponha que as preferências de Andrea e Renato possam ser expressas por: UANDREA (X ,Y) = X + Y e URENATO (X, Y) = X – Y , onde X é Patagônia e Y Selva Amazônica. (a.) O que você pode dizer a respeito das preferências dos dois? Represente graficamente o mapa de indiferença de cada um. Explique a partir das funções utilidade o que cada um prefere. Seria possível chegarem a um consenso? Justifique. Para Andrea os bens são substitutos perfeitos: uma semana na selva Amazônica gera exatamente a mesma utilidade que uma semana na Patagônia. Ela é, portanto, indiferente entre as duas opções e seu mapa de indiferença seria: 3 2 Melhor 1 1 2 3 Já Renato considera Y (Selva Amazônica) um mal, já que Umgy < 0. Logo, seu mapa de indiferença fica: 2 Melhor 1 1 2 A única possibilidade de consenso seria irem apenas para a Patagônia, já que Andrea obtém a mesma utilidade com as duas opções e para Renato esta é a única opção que gera utilidade marginal positiva. Entretanto, Sofia, a filha mais velha do casal “fechou o tempo”. Segundo Sofia, na Amazônia seus pais seriam atacados por onças e piranhas e, na Patagônia, por leões marinhos ferozes. Além disso, a dificuldade de locomoção e comunicação impediria o resgate rápido de seus corpos ou o que restasse deles. Estes argumentos sensibilizaram seus avós, que mais uma vez democraticamente, com o aval de Sofia, decidiram agora enviá-los ao Nordeste. Assim, Andrea e Renato viajariam para o Nordeste e caberia aos mesmos apenas decidir quantos dias ficar na cidade de Fortaleza (X) e quantos em Natal (Y). (b.) Agora a decisão seria quantos dias em cada cidade. Por sorte, suas preferências convergiam, podendo ser representadas por UCASAL (X,Y) = 0,5 lnX + 0,5 lnY . i. (P ,P ) Encontre as funções demanda por X e Y, como função dos preços X Y e da quantia (R) destinada à estadia em Fortaleza (X) e Natal (Y). (Você pode usar Lagrange ou não, mas a resposta só será válida se você mostrar como chegou ao resultado.) UCASAL (X,Y) = 0,5 lnX + 0,5 lnY L = 0,5 lnX + 0,5 lnY – λ(PXX + PYY – R) 1. D 6 0,5 6 − F) 0 F G, &'6 2. D ? 0,5 ? − F)" 0 F G, &(? 3. D H ) + )" − * 0 Igualando as equações 1 e 2 temos: 0,5 0,5 ) )" ) )" Substituindo Y em 3: ) + )" I 2) * 7 &' ) J * )" 7 &( ii. Supondo que o preço médio da diária em Fortaleza seja de 750 reais (Px = 750) e que em Natal seja 500 reais (Py = 500) e que seus pais tenham disponibilizado 6000 reais para os gastos com estadia R = 6000 reais. Quantos dias eles ficariam em cada cidade? * 6000 4 2) 2750 6000 * 6 2500 2)" Resposta: Eles ficariam 4 dias em Fortaleza e 6 dias em Natal iii. Represente em um gráfico a restrição orçamentária e indique a cesta ótima. Y 12 6 4 8 X (c.) Suponha agora que os preços das diárias em Natal (Y) sofram em média uma queda de 14,29%. i. Será que eles alterariam os seus planos? Em caso afirmativo mostre quantos dias ficariam em cada cidade. Represente no gráfico anterior a nova restrição e a escolha ótima. PY’ = (1-0,1429)PY = 428,55 LGGG X = 4 e Y = (#N,) 7 Assumindo que eles pudessem comprar ‘frações’ de uma diária, eles ficariam 0,9 dias a mais em Natal. Seus planos, portanto, se alterariam. ii. Sabemos que uma variação de preços gera um efeito substituição e um efeito renda. Discuta e calcule cada um deles. (Dica: Utilize o conceito de Slutsky, i.e. calcule qual a nova renda – menor! – que permitiria ao casal comprar exatamente a mesma cesta que comprava antes.) A variação nos preços gera um efeito TOTAL de: 7 – 6 = 1 unidade de Y (o consumo de X fica inalterado, portanto, não há efeito total. Agora vamos alocar este efeito total entre efeito renda e distribuição. Uma forma de fazer isto é eliminar o efeito renda, reduzindo a renda do consumidor de forma que ele possa continuar a comprar apenas a cesta que comprava antes (e não mais!), mesmo com a redução de preços. Para fazer isto precisamos encontrar a renda necessária para se comprar a antiga cesta (4 unidades de X e 6 de Y) aos novos preços: R’ = 4(750) + 6 (428,55) = 3000 + 2571,30 = 5571,3 Para comprar a mesma cesta que compravam antes, Renato e Andrea precisariam de apenas R$5571,3 (ao invés de R$6000). Vamos encontrar agora a cesta ótima assumindo os NOVOS preços (Px = 750, Py’ = 428,55) E A NOVA RENDA R’ = 5571,3: ′ 5571,3 3,7 2(750) R ′ 5571,3 6,5 2(428,55) A cesta acima considera uma compensação na renda que elimina exatamente o efeito renda. Portanto, a variação que ocorre entre a cesta original (X=4 e Y=6) e a nova (X’=3,7 e Y’=6,5) é o efeito substituição por Slutsky. Assim, o efeito substituição é de (3,7 – 4) = -0,3 unidades de X e (6,5 – 6) = +0,5 unidades de Y. Para X: EFEITO TOTAL = EFEITO RENDA + EFEITO SUBSTITUIÇÃO: 0 EFEITO RENDA + (-0,3) = EFEITO RENDA = + 0,3 Para y: 1 = EFEITO RENDA + 0,5 EFEITO RENDA = + 0,5 Portanto, o efeito renda é de +0,3 unidades de X e +0,5 unidades de Y. iii. Suponha agora que o casal decida restituir aos seus pais a diferença dos gastos em estadia decorrente do desconto obtido. Seus planos continuariam os mesmos? Justifique sua resposta. Não. Se eles fizerem esta restituição, o efeito renda seria eliminado e sobraria apenas o efeito substituição. O novo ponto ótimo (calculado em ii) seria X = 3,7 e Y = 6,5. Questão 24. Aumento Salarial x Vale Refeição Trabalhadores de uma empresa recebem por mês R$ 300. Esta renda é repartida em alimentação dentro da empresa (bem X), cujo preço por quilograma é PX = R$ 10, e mercadoria-composta (isto é, uma mercadoria que representa todas as demais mercadorias, bem Y), cujo preço é, por definição, PY = R$ 1. Em meio a um processo de negociação salarial, os trabalhadores pedem um aumento salarial de R$ 50. Em contrapartida, o diretor desta empresa oferece vales-refeição, valendo os mesmos R$ 50, que só podem ser gastos no refeitório da empresa. Suponha que os trabalhadores são racionais. (a.) Escreva e desenhe a restrição orçamentária nas três situações: (a.) antes do aumento Resposta: Pxx + Pyy = R 10x + y = 300 300 30 (b.) supondo aumento salarial de R$ 50 Resposta: 350 10x+ y = 350 35 (c.) considerando a oferta do diretor Resposta: 300 Para x <5 y = 300 Se x ≥ 5 10x + y = 350 5 35 Na empresa, há trabalhadores que na situação inicial consomem mensalmente menos de 5 quilos de alimentação no refeitório (Grupo 1); para estes trabalhadores, o bem X é um bem inferior. Outros trabalhadores consomem inicialmente mais do que 5 quilos por mês (Grupo 2); para estes, o bem X é um bem normal. Considere que ambos os grupos de trabalhadores têm preferências bem comportadas (isto é, que obedecem às quatro premissas usuais da teoria do consumidor). (b.) Represente graficamente na figura com item (a.) a possível escolha ótima de um trabalhador do Grupo 1 nas três situações: antes do aumento, supondo aumento salarial de R$ 50,00 e considerando a oferta do diretor. Qual das alternativas lhes proporciona maior utilidade? Resposta: Para o trabalhador do Grupo 1, o bem X é inferior, ou seja, ele gostaria de gastar qualquer aumento de renda apenas com bem Y. Assim, a melhor alternativa para ele é um aumento salarial de $ 50, porque é a única alternativa que lhe permite fazer isto. Ótimo com aumento em dinheiro 350 300 Ótimo com aumento em vales Ótimo sem aumento 5 30 35 (c.) Com relação aos trabalhadores do Grupo 2, qual das alternativas lhes proporciona maior utilidade? Calcule a Taxa Marginal de Substituição (TMS) de um trabalhador do Grupo 2 no ponto de escolha ótima. Resposta: O grupo 2 é indiferente entre as opções ii e iii. STU VWXY VWXZ [Y [Z ,\ , Questão 25. Preferências, Restrições Orçamentárias e Fome Zero Guaribas é a cidade brasileira com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Segundo o site do Programa Fome Zero em Piauí, “crianças vivem em condições sub-humanas herdadas dos pais; o abastecimento de água é praticamente inexistente; para ter acesso a água potável é preciso subir a serra; centenas de famílias passam semanas inteiras sem ter uma refeição decente”. Para combater tanto a miséria, na qual parte significativa da população brasileira vive, quanto sua persistência, muitas ações serão necessárias. Nesta questão, somente um aspecto é avaliado, o impacto sobre o bem-estar do consumidor decorrente da concessão do benefício “Bolsa-Família” (em dinheiro) em comparação com a distribuição de cestas de alimentos. Suponha que as preferências de um habitante pobre de Guaribas possam ser descritas como “preferências hierárquicas”, as quais podem ser representadas pela seguinte função de utilidade: ^R < 40 a (, ) ] (40 + ) ^R ≥ 40 onde X é quantidade mensal de alimento e Y é quantidade mensal de vestuário. (a.) Desenhe o mapa de curvas de indiferença que corresponde a esta função de utilidade e indique nele o nível de utilidade (em números). Dê uma interpretação do significado do ponto ( X ,Y ) = (40,0) . Resposta: O ponto (40,0) indica o ponto de saturação, ou seja, neste ponto o habitante não está mais com fome. (b.) i. Quais são as quatro premissas usualmente adotadas na teoria de consumidor? 1. 2. 3. 4. ii. Integralidade: as preferências são completas Transitividade: preferências são transitivas Não saciedade: mais é melhor do que menos Convexidade: a TMS é decrescente Qual/quais desta(s) premissa(s) é (são) violada(s) no mapa de curvas de indiferença desta questão? Nesse mapa de curvas de indiferença são violados premissas 3 e 4. (c.) i. ii. Desenhe a restrição orçamentária de um habitante de Guariba, supondo que a renda mensal dele é R = 30 , e que os preços são 1 X P = e 2 Y P = , e indique a escolha ótima do habitante. Restrição Inicial: )' + )( * ⟹ Restrição 1: 15 − 7 &c − &d &c Qual é o pacote ( X ,Y ) que maximiza sua utilidade? Escolha ótima: ( X ,Y ) = (30, 0) iii. Qual é o valor da sua utilidade? U (= X ) = 30 (d.) Suponha que o governo, através de um programa Bolsa Família, dê R$45 para cada habitante por mês. i. Desenhe a nova restrição orçamentária do habitante, mostrando o novo ponto de escolha ótima ( X ,Y ) . Nova Restrição: 37,5 − ii. Qual é o pacote ( X ,Y ) que maximiza sua utilidade? Escolha ótima: ( X ,Y ) = (40, 17, 5) iii. Qual é o valor da sua utilidade? U ( = 40 + Y ) = 57,5 (e.) Suponha que, ao invés de R$45, o governo dê a cada habitante de Guaribas uma cesta de alimentos no valor de R$45 por mês. i. Mostre como isto muda a restrição orçamentária desenhada na questão (d). Nova restrição: • • no intervalo [0,45]: no intervalo [45, →]: 15 37,5 − Ou seja, em comparação com a restrição 2, a restrição é quebrada. No intervalo para X de zero para 45, a restrição é uma linha horizontal, com Y=15. ii. Qual é o novo pacote ( X ,Y ) que maximiza sua utilidade? Novo pacote: X = 45 Y = 15 iii. Qual é o novo valor da utilidade? Nova utilidade: U (= 40 + 15) = 55 i. Qual dos programas permite que o habitante de Guaribas atinja maior utilidade? A utilidade do programa bolsa família é mais alta do que a utilidade do programa cesta de alimentos. Dentro este modelo a escolha é então em favor da bolsa família. ii. Sua resposta ao item (i) é um exemplo de análise positiva ou normativa? Explique sua resposta. Isto é uma análise positiva, porque dentro o modelo isto é como a economia é, não como a economia deveria ser. Questão 26. Ligações Telefônicas para os EUA Charlinssom e Charlene namoram desde 2003. Charlene sempre teve um sonho: conhecer os EUA. A chance finalmente apareceu quando, entre 200 universitários, Charlene foi escolhida para trabalhar na Disney durante seu período de férias de final de ano. Charlinssom não gostou muito da idéia, mas acabou concordando que Charlene não deveria desperdiçar esta chance. Além disso, Charlinssom já estava com saudades de quando ia para baladas com os amigos e esta seria uma boa oportunidade para relembrar os velhos tempos. PARTE A Charlinssom tem a seguinte função utilidade: U(X,Y) = X1/3 Y2/3, onde X é o número de minutos mensais de ligação telefônica para Charlene e Y é o número de vezes no mês que ele sai com os amigos para a balada. (a.) Com base na função utilidade de Charlinssom descrita acima: i. Obtenha a taxa marginal de substituição (TMS) de Y por X (TMS = - dY/dX) . ii. 1⁄3 f⁄ / 1 !" 2⁄3 ⁄ f/ 2 Mostre que a TMS obtida acima é decrescente e interprete esse resultado. Para sabermos se a TMS é mesmo decrescente em X basta derivar: A 1 − <0 A 2 Interpretação: Quando X aumenta a TMS diminui. Com um aumento no consumo de X, cai a utilidade marginal de X, ou seja, o indivíduo troca menos unidades de Y por uma unidade adicional de X. iii. Encontre as funções demanda por X e Y, como função dos preços (PX ,PY) e da renda (R). (Você pode usar Lagrange ou não. Mas, a resposta só será válida se você mostrar como chegou ao resultado. Não vale decorar!!!!!!!!!!) Sabemos que no ponto ótimo: &' &( 1 ) ∙ 2 )" 2) )" Substituindo na restrição orçamentária, temos: ) + )" * ) + 2) * + , 0 h./ 2) )" Voltando em (1): 21 *2 ) &' 3 i 0 h.5 )" (b.) Com base nas funções de demanda calculadas do item (a), responda: i. Os bens X e Y são substitutos, complementares ou independentes? Justifique sua resposta usando as elasticidades relevantes. Mostre como chegou ao resultado. Os bens são independentes, pois a elasticidade-cruzada da demanda dos dois bens é nula. Isso quer dizer que a demanda de X não depende do preço de Y e a demanda de Y não depende do preço de X. @ =6,? @ =?,6 ii. A )" )" ∙ 0∙ 0 A)" A ) ) ∙ 0∙ 0 A) Os bens X e Y são normais ou inferiores? Justifique sua resposta usando as elasticidades relevantes. Mostre como chegou ao resultado. Os bens são normais, pois as elasticidades-renda da demanda dos dois bens são positivas. Isso significa que quando a renda aumenta, aumenta a demanda pelos dois bens. =67 =?7 A * 1 * ∙ ∙ 3) 1 > 0 A* 3) * A * 2 *3 ∙ ∙ )" 1 > 0 A* 3)" * 2 (c.) Supondo que PX = 0,80, PY = 50 e R = 600: i. Calcule a cesta de consumo ótimo de Charlinssom (a quantidade de X e Y que maximiza a sua utilidade). Substituindo nas curvas de demanda calculadas em (a) temos: 1 1 * 600 250 3) 3 ∙ 0,80 2 2 * 600 8 3)" 3 ∙ 50 Resposta: Charlinsson falará 250 minutos com Charlene e irá a 8 baladas. ii. Desenhe a restrição orçamentária de Charlinssom e marque a cesta ótima escolhida por ele. 12 8 Cesta ótima 250 PARTE B A companhia telefônica, percebendo que Charlinssom liga freqüentemente para Charlene nos EUA, oferece a ele um novo plano telefônico. Charlinssom pagaria R$ 150 por mês e teria direito de falar até 250 minutos com Charlene. Caso quisesse falar mais do que esses 250 minutos no mês, pagaria R$ 1 por minuto adicional. A renda e o preço do bem Y permanecem inalterados (veja no item (c)). (d.) Desenhe a nova restrição orçamentária de Charlinssom, com o novo plano da telefônica. Coloque também neste gráfico as informações (restrição orçamentária inicial e a cesta ótima de consumo calculada em (c)-(i)) que você colocou no gráfico do item (c)-(ii). Se Charlinsson gasta R$150 com o novo plano, a renda que sobra é: R’ = 600 – 150 = 450 Se ele gastar estes R$450 integralmente com baladas, ele conseguirá ir no máximo a 450 / 50 = 9 baladas. Assim, sua nova restrição orçamentária será quebrada neste nível, já que não será possível a Charlinsson atingir um Y maior do que 9. Para qualquer X menor que 250 minutos, Y será 9. Já para X >= 250, a RO será: 1X’ + 50Y = 450, sendo X’ o número de minutos adicionais que Charlisson fala. O número total de minutos será, portanto, X = 250 + X’. Y (balada) 12 9 8 cesta ótima sem plano (250,8) ● restrição orçamentária com plano da telefônica 250 700 750 X (ligações telefônicas para EUA em minutos) (e.) Caso Charlinssom continue falando a mesma quantidade de minutos com Charlene por mês (calculada no item (c)) e escolha aderir ao novo plano oferecido: i. Qual será sua nova combinação de consumo de X e Y? Dos 600 reais, Charlinssom gasta 150 reais no plano da telefônica para falar 250 minutos (mesmo que o calculado no item c) com Charlene. Pode utilizar o restante (450 reais) para sair com os amigos. Considerando que ele gasta 50 reais por balada, agora ele poderá sair 9 vezes. Portanto, a combinação será 250 minutos e 9 idas à balada. Y (balada) cesta ótima com plano (250,9) 12 9 8 ● ● cesta ótima sem plano (250,8) 250 700 750 X (ligações para EUA em minutos) ii. Qual a utilidade dessa nova combinação de ligações para Charlene (X) e idas à balada (Y)? (, ) ⁄ ⁄ 250⁄9⁄ 27,26 iii. Neste ponto, ele estará numa situação melhor que no plano antigo? Utilize o gráfico (ítem d) para justificar sua resposta. Resposta: Como agora ele fala o mesmo que antes, mas pode sair mais vezes com os seus amigos, Charlinsson se encontra em uma situação melhor. Também é possível observar tal fato pela análise do gráfico, em que Charlinsson poderia atingir uma curva de indiferença mais elevada (maior satisfação). Além disso, é possível ver que a nova combinação de X e Y fornece maior utilidade ao Charlinsson. (, ) ⁄ ⁄ 250⁄8⁄ 27,21 (f.) Com o novo plano Charlinssom deve falar com Charlene 250 minutos, mais que 250 minutos ou menos que 250 minutos, para maximizar a sua utilidade? Justifique sua resposta. Resposta: com o novo plano, Charlinsson deverá falar os 250 minutos com Charlene. No ponto (250, 9) a TMS = 9/500 enquanto a razão dos preços é 1/50 (10/500), ou seja: TMS < Px/Py. Sabemos então que UMgx/Px < UMgy/Py. Ou seja, a satisfação adicional de ter mais do bem Y (em troca do bem X), por real gasto com bem Y é maior do que a satisfação adicional de ter mais do bem X por real gasto com bem X. Charlinsson tem um incentivo de abrir mão dos seus minutos no telefone com Charlene, para sair mais com seus amigos. Apesar desse incentivo, o plano da telefônica impossibilita que isto ocorra. Assim, Charlinsson maximiza sua satisfação no ponto (X,Y) = (250, 9). Y (balada) cesta ótima com plano (250,9) 12 9 8 ● ● 250 cesta ótima sem plano (250,8) 700 750 X (ligações para EUA em minutos) Questão 27. Imposto sobre o Cigarro Após diversos estudos demonstrarem os efeitos nocivos do cigarro à saúde, vários governos têm adotado políticas no sentido de reduzir seu consumo. Restrição à propaganda, limitação dos locais no qual o fumo é permitido e campanhas de conscientização são exemplos de iniciativas deste tipo. Uma medida também bastante comum tem sido aumentar o imposto sobre o cigarro, encarecendo o produto e assim reduzindo seu consumo. Esta última medida, entretanto, vem acompanhada de certa polêmica. Críticos argumentam que cidadãos mais pobres, por gastarem uma porção maior de sua renda com o vício, pagariam uma parte desproporcional do imposto, ampliando a desigualdade social. Nesta questão analisaremos a possibilidade de eliminar esta distorção devolvendo, na forma de uma transferência em dinheiro, o valor pago em impostos sobre o cigarro. Imagine um trabalhador que consuma cigarros todos os dias, e tenha suas preferências representadas pela seguinte função de utilidade Cobb- Douglas: U ( x, y) = xy3 onde x é quantidade diária de cigarros e y é um bem composto que representa os demais bens que o trabalhador consome (alimento, vestuário, etc.). (a.) (i) Quais as curvas de demanda do bem x e do bem y, assumindo que o trabalhador maximiza sua utilidade? Utilizando Lagrange, temos: l " − Fmn' + n( " − *o pD p' " − Fn' 0 => Fr (2) pD p( 3 " − Fn( 0 => F (3) pD pH n' + n( " − * 0 Fazendo (1) = (2) temos: " 3 " n' n" " (q (1) 3 n' n( Substituindo em (3): 3 n' n' + n( t u−* 0 n( d '( s rc 4n' − * 0 / 5 0 4v/ * 3 w4n x n' ' n( h0 4v5 (b.) Suponha que a renda diária do trabalhador é R = R$ 8 e que os preços são PX = R$ 0,25 e PY = R$ 0,75. Escreva e desenhe a restrição orçamentária do trabalhador. Qual a cesta A = (xA , yA ) que maximiza sua utilidade? Indique esta cesta em sua figura, e calcule o valor da utilidade dessa cesta. A restrição orçamentária será: n' + n( " * 0,25 + 0,75" 8 Isolando y para obter a equação da reta: " 8 − 0,25 0,75 A cesta ótima será (usando as curvas de demanda calculadas em (a)): " 8 * 8 4n' 4 ∙ 0,25 3* 3∙8 8 4n( 4 ∙ 0,75 Ou seja, consumir 8 unidades de cigarro e 8 do bem composto. Esta cesta dá a seguinte utilidade: " 8 ∙ 8 4096 Y Cesta ótima 13,33 10,67 Cesta ótima; (A) Restrição Orçamentária 10 8 X 45 8 16 20 32 (c.) Suponha agora que o governo aumente o imposto sobre o cigarro de forma que este passe a custar PX = R$0,50, tudo o mais constante. Calcule o novo ponto de escolha ótima B = (xB ,yB ). Escreva e desenhe também a nova restrição orçamentária na figura do item (b), indicando o ponto (B). Qual o impacto do imposto na utilidade do consumidor? Veja no gráfico as respostas em vermelho. O novo preço será n'y 0,50. Jogando nas curvas de demanda: " * 8 4 4n' 4 ∙ 0,50 3* 3∙8 8 4n( 4 ∙ 0,75 O indivíduo consumirá agora 4 unidades de cigarro e as mesmas 8 unidades do bem composto que consumia antes. A restrição orçamentária passa a ser: 0,50 + 0,75" 8 E a utilidade correspondente será menor: " 4 ∙ 8 2048 (d.) Um economista calculou que o imposto terá um efeito substituição de –3 cigarros e um efeito renda de –1 cigarro. Qual a interpretação desses valores? Dê também uma definição geral dos dois efeitos. O efeito SUBSTITUIÇÃO indica que os consumidores comprarão mais da mercadoria que ficou relativamente mais barata (bem composto) e menos da mercadoria que ficou mais cara (cigarro). Ele mede a variação do consumo, mantendo constante o nível de utilidade (Hicks) ou o poder aquisitivo (Slutstky). Portanto, mantendo-se constante a utilidade ou o poder aquisitivo, e variando apenas os preços relativos, o indivíduo deixaria de comprar 3 cigarros. O efeito RENDA mede a variação do consumo referente ao aumento ou redução do poder aquisitivo do consumidor, mantendo-se constante o preço do item. Aqui, ela deixaria de comprar 1 cigarro em decorrência de uma perda de poder aquisitivo. (e.) Suponha agora que o governo dê ao trabalhador uma restituição em dinheiro de forma que seu poder de compra não caia. Quantos reais (R$) o governo deve transferir ao trabalhador para que seja possível a ele comprar exatamente a mesma cesta comprava antes do imposto? Para recompor a renda do trabalhador e tornar possível que ele compre exatamente a mesma cesta que comprava antes do imposto, o governo precisaria restituir o equivalente ao número de unidades de cigarros que ele comprava antes do imposto vezes o imposto por unidade (R$0,25): 8 x 0,25 = 2 reais (f.) Escreva e desenhe a nova restrição orçamentária na sua figura no item (b) e calcule o novo ponto ótimo C, e o valor da utilidade dessa cesta. Em comparação com a cesta A, qual é a redução no consumo de cigarro por parte do trabalhador? O bem-estar do trabalhador aumentou ou diminuiu? Veja as retas referentes ao item f em verde no gráfico do item b. A nova restrição orçamentária será: n' + n( " * + 2 0,50 + 0,75" 10 " * 10 5 4n' 4 ∙ 0,50 3 ∙ 10 3* 10 4n( 4 ∙ 0,75 A nova cesta ótima será consumir 5 cigarros e 10 unidades do bem composto. O consumo de cigarros cai ( 8 – 5) = 3 unidades. O bem estar passa a ser: " 5 ∙ 10 5000 Ou seja, houve aumento do bem estar em relação ao item c, mas este ainda permanece inferior ao item a. (g.) Considerando esta compensação financeira, o que aconteceu com o efeito renda e com o efeito substituição, em termos do consumo de cigarro? Com a restituição do imposto, o governo recompõe o poder aquisitivo das pessoas, fazendo com que a renda volte ao nível que era antes do imposto. Assim, o efeito renda é zero. Como sabemos que: EFEITO TOTAL = EFEITO RENDA + EFEITO SUBSTITUIÇÃO Se o efeito renda é zero, o efeito substituição será equivalente ao efeito total, portanto, de 3 cigarros a menos em relação à situação inicial (sem imposto e sem compensação financeira). (h.) Se você fosse Ministro da Saúde e tivesse como objetivo diminuir o consumo de cigarro, você implementaria a política proposta no enunciado? Justifique sua resposta. Sim, eu implementaria a política, pois ela atinge o objetivo de reduzir o consumo de cigarros, diminuindo o consumo 3 unidades, e ainda leva a um aumento do consumo do bem composto em 2 unidades. A restituição evita o efeito renda negativo (ou redução do poder aquisitivo) que ocorreria no caso de apenas instituir-se o imposto. A utilidade do indivíduo aumenta em relação à situação inicial. Questão 28. Vagabundo, eu??? Em geral, usamos a teoria da escolha do consumidor para analisar como uma pessoa decide alocar sua renda entre dois bens. Aqui, usaremos exatamente o mesmo arcabouço para analisar como uma pessoa decide alocar seu tempo entre trabalho e lazer.5 Imagine que Bill Kates III é um programador de computadores recém formado, que trabalha como autônomo para uma empresa de software. Bill permanece acordado 100 horas por semana. Ele gasta parte deste tempo com lazer – jogando joguinhos de computador, atualizando sua página no Orkut ou seguindo os passos de Steve Jobs no Twitter. O resto de seu tempo, Bill gasta desenvolvendo programas de computador; para cada hora de programação, ele ganha R$50, que imediatamente gasta, comprando bens diversos. Assim, Bill enfrenta um tradeoff entre consumo (possibilitado pelo seu trabalho como programador) e lazer. Suponha que X é o número de horas que Bill gasta com lazer, Y é o consumo de Bill na semana (em R$), w é o salário que Bill recebe por hora de trabalho (em R$ por hora) e T, o número de horas que passa acordado na semana. Sua restrição será dada por: X + (1/w)Y = T Repare que, como Bill terá agora que alocar as horas que passa acordado (T) – e não sua renda como no caso dos problemas tradicionais – ao invés de uma restrição orçamentária teríamos uma restrição de tempo. (a.) Desenhe a restrição de Bill, colocando o consumo de Bill em R$ (bem Y) no eixo vertical e o número de horas de lazer (bem X) no eixo horizontal. (Obs: Assuma que Bill recebe um salário de R$50 por hora trabalhada e fica acordado 100 horas na semana.) Com w=50 e T=100, a restrição fica X + (1/50)Y = 100. No gráfico: Consumo (Y) 5000 100 5 Lazer (X) Esta questão foi baseada em Mankiw, N.G., “Princípios de Microeconomia”, pp. 469-470. (b.) A restrição acima mostra que a decisão de Bill – como qualquer decisão de consumo – dependerá do preço relativo entre consumo e lazer. (i) Defina preço relativo. (ii) Qual o preço relativo entre consumo e lazer para Bill? i. Preço relativo é o preço de uma mercadoria comparativamente aos demais preços da economia. ii. O preço relativo entre consumo e lazer é o salário (w ou 1/w). (c.) Suponha que a utilidade de Bill possa ser dada por: U(X,Y) = X0,3Y0,7 Encontre as equações das curvas de demanda por lazer e por consumo, em função do salário de Bill e do tempo que ele fica acordado (T). (Obs: É preciso demonstrar como o resultado foi obtido!) Bill irá maximizar sua utilidade, sujeito à restrição dada pelo exercício. O lagrangeano fica: L = X0,3Y0,7 – λ [X + (1/w)Y – T] L X L Y L 0,3 X -0,7 Y0,7 – λ = 0 λ = 0,3 X -0,7 Y0,7 (Eq.1) => 0,7 X 0,3 Y-0,3 – (1/w) λ = 0 X + (1/w)Y – T = 0 => (Eq.3) Igualando as equações (1) e (2): 0,3 X -0,7 Y0,7 = 0,7 wX 0,3 Y-0,3 Y = 2,33wX Substituindo na equação (3): X + { (2,33wX) – T = 0 X = T / 3,33 = 0,3T (Eq. 4) λ = 0,7w X 0,3 Y-0,3 (Eq.2) Voltando na equação (4): Y = 2,33wX = 2,33w (0,3T) = 0,7wT Portanto, as curvas de demanda são X = 0,3T e Y = 0,7wT. (d.) Se o salário de Bill for de R$50 por hora e ele permanecer acordado 100 horas na semana: (i.) Quanto ele irá consumir na semana? (ii.) Quanto tempo ele gastará com lazer? (iii.) Quantas horas ele trabalhará na semana? Utilizando as curvas de demanda calculadas no item anterior: X = 0,3T = 0,3 (100) = 30 horas Y = 0,7wT = 0,7 (50) (100) = 3500 reais Ele trabalhará as horas do dia que não gasta com lazer, portanto 100 – 30 = 70 horas. Assim, Bill (i) irá consumir R$3500, (ii) gastar com lazer 30 horas e (iii) trabalhar 70 horas por semana. (e.) Imagine que o salário de Bill agora aumente para R$100 por hora de programação. i. Bill trabalhará mais, menos ou o mesmo número de horas após o aumento? Bill trabalha todo o tempo que ele não gasta com lazer (T – X). Observando a curva de demanda por lazer calculada no item (c) vemos que X não depende do salário. Assim, Bill gasta com lazer as mesmas X = 0,3T = 30 horas, e trabalha 70 (100 – 30) horas que fazia antes do aumento. ii. O resultado obtido no item (i) é consistente com o que você aprendeu sobre oferta e demanda? Por que sim/não? Não. A lei da oferta diz que, quanto maior o preço de um bem, maior a quantidade ofertada. Aqui, entretanto, o preço do trabalho (ou seja, o salário) aumenta e Bill trabalha o mesmo número horas, portanto, oferta a mesma “quantidade” de trabalho. iii. Calcule o efeito renda e o efeito substituição do aumento de salário de Bill sobre o tempo alocado para lazer (bem X). (Dica: comece calculando quantas horas Bill teria que permanecer acordado (T’) para obter a mesma combinação de consumo e lazer que tinha antes do aumento.) Como o tempo alocado para lazer não muda, o efeito total em X é ZERO. Para calcular o efeito substituição, podemos calcular quantas horas Bill teria que permanecer acordado (T’) para obter a mesma combinação de consumo e lazer que tinha antes do aumento, ou seja, X = 30 e Y = 3500, agora com um novo salário de w’= 100: T´= X + (1/w)Y = 30 + (1/100)3500 = 65 Ou seja, 65 horas acordado (ao invés de 100) seriam suficientes para Bill obter o mesmo consumo e lazer de antes, agora que seu salário é maior. Substituindo T´=65 na curva de demanda por X calculada em (c): X = 0,3T = 0,3(65) = 19,5 O efeito substituição é, portanto, 19,5 – 30 = -10,5 Como sabemos que: EFEITO TOTAL = EFEITO RENDA + EFEITO SUBSTITUIÇÃO 0 = EFEITO RENDA + (-10,5) EFEITO RENDA = 10,5 O efeito renda em X é +10,5 e o efeito substituição, -10,5. iv. Defina efeito renda e efeito substituição. Utilize estes conceitos e os valores calculados no item anterior para explicar como a decisão de Bill sobre como alocar seu tempo entre trabalho e lazer muda com o aumento de salário. Quando o preço de um bem varia, o efeito total (aumento ou redução) na quantidade consumida por ser dividido em 2 partes: (1) o EFEITO SUBSTITUIÇÃO mede a parte resultante de uma alteração do preço relativo. Quando o salário de Bill aumenta, o lazer se torna mais caro em relação ao consumo, e isso encoraja Bill a substituir lazer por consumo, trabalhando mais. (2) O EFEITO RENDA mede a parte resultante de um aumento do poder de compra, com os preços relativos mantidos constantes. Com o aumento de salário, Bill está mais rico que antes, e consegue atingir o nível de consumo que deseja trabalhando menos. Neste caso, os efeitos renda e substituição se anulam, e Bill trabalha a mesma coisa. (f.) Após alguns anos trabalhando intensamente como programador, Bill teve uma crise de stress. Sua pressão subiu, ele desenvolveu uma úlcera, seus cabelos ficaram prematuramente brancos... Seu médico recomendou fortemente que ele mudasse seu comportamento e que, de agora em diante, para evitar o risco de um colapso, tirasse uma hora de lazer para cada hora trabalhada na semana. Assumindo que Bill recebe R$50 por hora trabalhada, desenhe em um mapa de indiferença como ficariam as preferências de Bill (entre CONSUMO e lazer) se ele seguisse o conselho de seu médico. Represente no mesmo gráfico a restrição de Bill e indique o ponto ótimo. Consumo (Y) 5000 Ponto ótimo (50 , 2500) 2500 50 100 Lazer (X) (g.) Mas Bill é teimoso e, ao invés de seguir as indicações de seu médico, manteve suas preferências como eram antes: U(X,Y) = X0,3Y0,7. Entretanto, ele modificou sua restrição de forma que lhe sobrassem para lazer ao menos 50 horas semanais. Supondo que Bill recebe R$50 por hora: (i) Represente graficamente as preferências e a nova restrição de Bill, indicando o ponto ótimo. (ii) O que acontece com a utilidade de Bill em relação à situação inicial (item d)? Mostre graficamente. Consumo (Y) 5000 3500 Ponto ótimo antes (30 , 3500) 2500 Ponto ótimo depois (50 , 2500) 30 50 Lazer (X) Questão 29. A Herança Zé Moleza é o único parente vivo do milionário ancião Sr. Paulo Patinhas. Há anos Zé espera que seu tio morra e lhe deixe uma polpuda herança. Na última consulta, o médico da família disse que o Sr. Patinhas teria exatamente um ano de vida. Como Zé é preguiçoso e não tem nenhuma outra fonte de renda para sobreviver até lá, o gerente do banco dispôs-se a lhe emprestar dinheiro a uma taxa de 25% o período, ou seja, para cada $1 emprestado hoje ele pagaria de volta $1,25 daqui a um ano, quando recebesse a herança, que se estima alcançará o valor de R$1,25 milhão até lá. Suponha que X e Y sejam duas mercadorias compostas: os gastos com consumo neste ano (X) e no próximo (Y). (a.) Qual a restrição orçamentária de Zé (ou seja, quais combinações de X e Y sua herança lhe permite ter)? Pense que o dinheiro hoje (PX) custa a Zé 1,25 vezes o dinheiro daqui a um ano (PY). (Escreva a renda em milhares de reais, para facilitar a representação). Restrição orçamentária: 1,25X + 1Y = 1250 Suponha que a função de utilidade que descreve as preferências de Zé Moleza seja dada por: U = min |1,25; ~ (b.) Represente em um mesmo gráfico o mapa de indiferença e a restrição orçamentária de Zé Moleza, indicando claramente o ponto ótimo. Os bens são complementares para Zé Moleza porque ele gasta com consumo futuro (bem Y) sempre 1,25 vezes o que gasta com consumo hoje (bem X). Para visualizar isto, imagine que você queira desenhar uma curva de indiferença qualquer (U = 5, por exemplo). Para tanto você precisa lista todas as combinações de X e Y que fazem com que U = 5. Podemos reescrever a função de utilidade desta forma: U = 1,25X se 1,25X < Y U = Y se Y >= 1,25X E assim encontrar facilmente pontos onde U = 5: Y X 4 5 4 6 4 7 4 8 4 9 4 10 5 5 6 5 7 5 8 5 Colocando no gráfico esta curva de indiferença, vemos que ela tem o formato de um L (o que ocorre sempre que os bens são complementares), porque se X = 4, mesmo que Y seja maior que 5, a utilidade continuará sendo U = 5 porque ela é determinada pelo menor valor entre 1,25X e Y. Da mesma forma, mesmo que X seja maior que 4, U continua sendo 5. As demais curvas de indiferença serão paralelas àquela que encontramos para U = 5: Y 1250 Obs: o gráfico não está em escala para facilitar a visualização Ponto ótimo (500 ; 625) 625 U=5 5 4 500 1000 X A restrição orçamentária (1,25X + 1Y = 1250) aparece em vermelho no gráfico. O ponto ótimo ocorrerá onde a restrição orçamentária tangenciar a maior curva de indiferença possível. Se os bens forem complementares, o ótimo ocorrerá sempre na “quina” do L porque é onde não se desperdiça recursos comprando unidades de X ou Y que não gerarão aumento na utilidade... Neste ponto, 1,25X = Y. Substituindo na restrição orçamentária: 1,25X + 1(1,25X) = 1250 2,50X = 1250 X = 500 Y = 1,25X = 625 Portanto, o ponto ótimo é (500 ; 625). (c.) O que você pode dizer sobre as preferências de Zé? Os bens são complementares para Zé Moleza porque ele gasta com consumo futuro (bem Y) sempre 1,25 vezes o que gasta com consumo hoje (bem X). Dizendo de outra forma, aumentar o consumo em um período sem a contrapartida de um aumento em outro não aumenta a utilidade de Zé, já que ele prefere consumir X e Y nua proporção fixa. Imagine que, contrariando as expectativas do médico, o Sr. Patinhas morra repentinamente e, para surpresa de todos, ao abrir seu testamento descobre-se que ele deixou a herança (de R$1.000 mil, após pagar os impostos e advogados) para sua amante secreta, a Sra. Maria Sortuda. Imagine que Maria possa receber 25% de juros sobre suas economias, ou seja, para cada $1 investido este ano na ela receberá $1,25 no próximo. Novamente, X e Y são duas mercadorias compostas: os gastos com consumo neste ano (X) e no próximo (Y). Suponha que a função de utilidade que descreve as preferências de Maria Sortuda seja dada por: U = X0,7Y0,3 (d.) Encontre as curvas de demanda por X e Y, em função de PX, PY e R. (Obs: Você pode usar Lagrange ou não, mas a resposta só será válida se você mostrar como chegou ao resultado. Não vale decorar!) Maria Sortuda irá maximizar sua utilidade, sujeita à restrição orçamentária, portanto o lagrangeano fica: L = X0,7Y0,3 – λ [pXX + pYY – R] Derivando em função de X, Y e λ, temos: (1) δL/δX = 0,7X-0,3Y0,3 – λpX = 0 (2) δL/δY = 0,3X0,7Y-0,7 – λpY = 0 (3) δL/δλ = pXX + pYY – R = 0 ou ou Igualando (1) e (2): [0,7X-0,3Y0,3] / pX = [0,3X0,7Y-0,7] / pY 0,7pYY = 0,3pXX Y = (0,3pXX) / (0,7pY) Substituindo em (3): pXX + pY [(0,3pXX) / (0,7pY)] – R = 0 pXX + (0,3/0,7)pXX – R = 0 0,7pXX + 0,3pXX = 0,7R pXX = 0,7R X = 0,7*(R/Px) λ = [0,7X-0,3Y0,3] / pX λ = [0,3X0,7Y-0,7] / pY Como Y = (0,3pXX) / (0,7pY), temos: Y = 0,3*(R/Py) As curvas de demanda são X = 0,7*(R/Px) e Y = 0,3*(R/Py). (e.) Do enunciado sabemos que Px = 1, Py = (1/1,25) = 0,80 e R = 1000 (assuma que a única fonte de renda de Maria Sortuda é a herança), encontre a cesta ótima que maximiza a utilidade de Maria, dada sua restrição orçamentária. Usando as curvas de demanda: X = 0,7*(R/Px) = 0,7*(1000/1) = 700 Y = 0,3*(R/Py) = 0,3*(1000/0,8) = 375 A cesta ótima será um gasto com X de 700 e um gasto com Y de 375. (f.) Qual a taxa marginal de substituição (de Y por X)? Dê a interpretação econômica deste valor. TMS = (7Y)/(3X) O valor indica que Maria estará disposta a abrir mão de (7Y)/(3X) unidades de consumo futuro para conseguir uma unidade adicional de consumo presente. (g.) Imagine que o Sr. Patinhas, temeroso que Maria gaste toda a herança imediatamente e fique desprovida no futuro, determine em seu testamento que metade da herança não pode ser gastada no primeiro ano, e deve ser poupada para o segundo ano (ou seja, o gasto com X deve representar no máximo 50% da renda). i. Escreva e desenhe no mesmo gráfico as duas restrições orçamentárias de Maria: a antiga (sem restrição de gasto) e a nova (com restrição). A nova restrição orçamentária será quebrada, de forma que 50% da renda ($500) sejam gastos com X. Como Px = 1, ela terá que “consumir” no máximo X = 500 / 1 = 500. Como conseqüência, com as $500 restantes ela deverá comprar, no mínimo, 500 / 0,80 = 625 unidades de Y. A nova restrição fica: Para Y =< 625, X = 500 Para Y > 625, X + 0,80Y = 1000 (continua valendo a restrição original) Y 1250 Restrição antiga Restrição nova 625 500 ii. 1000 X Qual o novo ponto ótimo? Maria gostaria de consumir X= 700 (calculado em (e.), mas Patinhas limitou seu X a, no máximo, 500. Assim, o melhor que ela pode fazer é X = 500 e Y = 625. iii. O que acontece com a utilidade de Maria, em relação à situação inicial? Calcule a variação da utilidade. A utilidade é dada por U = X0,7Y0,3. - Na situação inicial, com X = 700 e Y = 375: - Na nova situação, com X = 500 e Y = 625: U = (700)0,7(375)0,3 = 580,47 U = (500)0,7(625)0,3 = 534,62 Sua utilidade, portanto, caiu bastante. (h.) Voltemos agora à situação inicial (sem a restrição ao gasto no primeiro período imposta no item g). Suponha agora que, para estimular o consumo neste ano de crise econômica, o governo decida implantar um imposto sobre a poupança de forma que Maria receba apenas $1,15 por $1 investido. Assim, o preço de Y passa a ser (1/1,15) = 0,87. i. Como Maria deve agora distribuir seu consumo entre este ano (X) e o próximo (Y), se quiser maximizar sua utilidade? Usando as curvas de demanda: X = 0,7*(R/Px) = 0,7*(1000/1) = 700 (não muda) Y = 0,3*(R/Py) = 0,3*(1000/0,87) = 344,83 A cesta ótima será um gasto com X de 700 e um gasto com Y de 344,83. ii. O governo conseguiu atingir seu objetivo de aumentar o consumo presente (X)? Explique por quê. Não, o consumo presente (X) permaneceu inalterado em 700. Isto porque os bens são independentes (repare que a função utilidade é uma Cobb-Douglas) de forma que o consumo de um bem independe do preço do outro. iii. Calcule os efeitos renda e substituição da medida, utilizando a metodologia de Slutsky, em termos dos consumos de X e Y. Primeiro calculamos os efeitos totais, ou seja, a variação total no consumo resultante da alteração do preço de Y de 0,80 para 0,87: ET (X) = 700 – 700 = 0 ET (Y) = 344,83 – 375 = -30,17 Para comprar a cesta que comprava antes (700,375) ao novo preço de 0,87 Maria precisaria de uma renda de: (700 x 1) + (375 x 0,87) = 1026,25 (R’). Vamos agora encontrar o efeito substituição utilizando as curvas de demanda de Maria calculadas em (d.) e substituindo para Px=1, Py=0,87 e R’=1026,25 (ao utilizar esta renda ajustada eliminamos o efeito renda, e o que sobre é efeito substituição): X = 0,7*(R/Px) = 0,7*(1026,25/1) = 718,375 Y = 0,3*(R/Py) = 0,3*(1026,25/0,87) = 353,879 O efeito substituição é, portanto, a diferença entre esta cesta nova com a renda ajustada R’ e a cesta original? ES (X) = 718,375 – 700 = 18,375 ES (Y) = 353,879 – 375 = -21,121 O efeito renda é a parte do efeito total que não é efeito substituição: ER (X) = ET(X) – ES(X) = 0 – 18,375 = -18,375 ER (Y) = ET(Y) – ES(Y) = –30,17 + 21,121 = -9,05 Assim, podemos dizer que, em termos do consumo de X, o efeito total é zero. Isto porque o efeito substituição positivo de 18,375 unidades é exatamente compensado por um efeito renda negativo de 18,375 unidades. Já em termos do consumo de Y, o efeito total é negativo em 30,17 unidades. Esta redução no consumo de Y resulta de um efeito substituição negativo em 21,121 unidades e de um efeito renda também negativo de 9,05 unidades. iv. Defina efeito renda e efeito substituição, e interprete os números calculados no item (ii). Quando o preço de um bem se altera, o consumidor comprará menos deste bem por dois motivos: (1) Porque este bem se tornou mais caro comparativamente às demais opções que ele tem e ele, portanto, irá substituir o bem que ficou mais caro por outro que ficou comparativamente mais barato (efeito substituição) (2) Porque ele teve uma redução em seu poder aquisitivo, já que com a mesma renda não pode mais comprar a mesma cesta que comprava antes... Como o consumidor agora está mais “pobre”, ele comprará menos de todos os bens (efeito renda). OBS: Repare que o efeito renda NÃO resulta de uma variação na renda, mas de uma variação no preço de um dos bens!!! Interpretação: o aumento do preço de Y de 0,80 para 0,87 não teve impacto no consumo de X (o efeito total é zero) porque a tendência do consumidor de comprar 18,375 unidades a mais deste bem que se tornou comparativamente mais barato (efeito substituição) foi exatamente compensada pela tendência de reduzir o consumo do bem agora que o poder aquisitivo caiu (efeito renda). Já o consumo de Y caiu 30,17 unidades (efeito total), porque além da tendência do consumidor de comprar 21,121 unidades a menos deste bem que se tornou comparativamente mais caro (efeito substituição), houve ainda uma tendência a reduzir o consumo do bem agora que o poder aquisitivo caiu (efeito renda) de 9,05 unidades. (h.) Suponha agora que o governo, de forma a não reduzir ainda mais a renda dos consumidores em épocas de crise, decide restituir a Maria o valor pago em impostos. O contador de Maria sugere que esta volte então a consumir as quantidades de X e Y que fazia antes do imposto, já que a restituição anularia completamente o efeito do imposto. Este raciocínio está certo ou errado? Calcule os dados relevantes e utilize-os para justificar sua resposta. Como calculamos em (i.), mesmo que o governo restitua Maria, aumentando sua renda para $1026,25, de forma a permitir que esta tenha os recursos para comprar a cesta original, eliminando o efeito renda, o efeito substituição permanece já que o consumo presente ficou comparativamente mais barato que o consumo futuro. A cesta ótima após a restituição será aquela calculada em (i.) para Px=1, Py=0,87 e R’=1026,25: X = 0,7*(R/Px) = 0,7*(1026,25/1) = 718,375 Y = 0,3*(R/Py) = 0,3*(1026,25/0,87) = 353,879 Portanto o contador está errado: Maria terá uma nova cesta ótima, considerando agora só o efeito substituição. Repare que agora o governo atingiu seu objetivo de aumentar X, que passou de 700 para 718,375.