cuidado de enfermagem ao paciente oncológico: a complexidade e

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CUIDADO DE ENFERMAGEM AO DOENTE ONCOLÓGICO: A COMPLEXIDADE
E DIFERENCIAÇÃO DO CUIDAR1
FERREIRA, Alaíne Teila de Moraes2; SARTURI, Marília Müller3; BERTOLINO,
Karla Cristiane Oliveira4
RESUMO
Objetiva-se realizar uma reflexão teórica sobre comunicação e cuidado da equipe de
enfermagem para com o doente oncológico. Trata-se de um estudo teórico-reflexivo,
baseado em situações acadêmicas práticas nas quais se analisou o cuidado ao doente
oncológico, no intuito de esclarecer esta temática por meio da busca, utilização e discussão
de trabalhos científicos disponibilizados na Biblioteca Virtual em Saúde. É fundamental
compreender o impacto do câncer no doente para estabelecer estratégias de cuidado e
comunicação como forma de interagir e exercitar o diálogo, por meio da escuta ativa. Tal
fato poderá contribuir para minimizar as sensações causadas pelo surgimento da doença.
Ainda há grandes barreiras no diálogo entre profissionais e doentes, como também, uma
grande dificuldade na compreensão do que representa a humanização no processo de
cuidar, mesmo com as inúmeras discussões sobre sua importância.
Descritores: Comunicação; Cuidado de Enfermagem; Enfermagem Oncológica.
ABSTRACT
The objective is to conduct a theoretical reflection on communication and team nursing care
for the cancer patient. This is a theoretical-reflective practice based on academic situations in
1
Trabalho teórico-reflexivo. Centro Universitário Franciscano (UNIFRA).
Apresentadora. Acadêmica do 8º semestre do curso de Graduação em Enfermagem da UNIFRA.
Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: [email protected]. Santa Maria-RS, Brasil.
3
Enfermeira. Especialista em Urgência, Emergência e Trauma pela Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ). Docente do Curso Técnico de Segurança do
Trabalho da Escola Nossa Senhora de Fátima. Enfermeira assistencial do Hospital Geral Unimed
Santa Maria. Santa Maria, RS, Brasil.
4
Enfermeira. Orientadora. Professora Assistente do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA) –
graduação e pós-graduação. Membro do Grupo Interdisciplinar de Pesquisas em Saúde
(GIPES)/UNIFRA e do Grupo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem e Saúde (GEPES)/UFSM.
Santa Maria, RS, Brasil.
2
1
which they examined the care of oncology patients in order to clarify this issue by seeking,
use and discussion of scientific papers available in the Virtual Library in Health is essential to
understand the impact of cancer on the patient to establish strategies for care and
communication as a means to interact and work out the dialogue, through active listening.
This fact may help reduce the sensations caused by the disease. There is substantial
barriers to dialogue between professionals and patients, but also a great difficulty in
understanding what is the humanization of the care process, even with much debate about
its importance.
Keywords: Communication; Nursing Care; Oncologic Nursing.
1. INTRODUÇÃO
O câncer é a segunda causa de morte no Brasil, sendo responsável por mais
de 70% de todas as mortes em 2007, em países de baixa e média renda, onde os
recursos disponíveis para prevenção, diagnóstico e tratamento são limitados ou
inexistentes. Trata-se de um grave problema de saúde pública, não só pela
dificuldade do controle dos casos registrados, como também pelas diferentes
situações socioeconômicas e desigualdades regionais nas quais ocorre¹.
Atualmente, o câncer é mais aceito pela sociedade, porém ainda carrega o
sinônimo de morte. E quando há impossibilidade de cura, o prognóstico de
terminalidade traz a ideia de que nada mais pode ser feito em prol do doente. No
entanto, deve-se acreditar na importância do cuidado voltado, sobretudo, para a
melhoria da qualidade de vida do doente oncológico no intuito de atender às suas
necessidades
biopsicossociais,
numa
perspectiva
holística
do
cuidado
de
enfermagem. Nesse contexto, destaca-se o papel essencial da comunicação, que
precisa ser ativa e atenta para com o doente a fim de se evitarem traumas tanto para
este quanto para seus familiares².
Partindo de tais considerações, este trabalho objetiva realizar uma reflexão
teórica acerca da comunicação e do cuidado da equipe de enfermagem para com o
doente oncológico, com ênfase no que os diferencia dos pacientes acometidos de
outras patologias, em suas necessidades dentro e fora âmbito hospitalar.
2
2. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo do tipo teórico-reflexivo, decorrente da vivência pessoal e
acadêmica das autoras, baseada em situações nas quais se analisou a necessidade
do cuidado ao doente oncológico, oportunizando uma visão mais ampla dos fatores
que englobam a atenção de enfermagem ao mesmo.
Partindo dos questionamentos elencados durante a viência do cuidado aos doentes
com câncer, este estudo aborda a referida temática por meio da busca, utilização e
discussão de artigos científicos e outros trabalhos disponibilizados via web através do site
da Biblioteca Virtual em Saúde. Dessa forma, foram encontrados trabalhos que abordam os
temas “cuidado de enfermagem”, “oncologia” e “comunicação” e, posteriormente, efetivou-se
a leitura reflexiva dos mesmos com vistas a elaborar o presente trabalho.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A partir do diagnóstico de câncer, há uma preocupação com as consequências
imprevisíveis, tanto para o indivíduo como para os seus familiares. Na cultura ocidental, a
doença associa-se à dor, sofrimento, limitações físicas, dependência e temor à morte,
causando a ruptura dos planos futuros. Porém, a revelação do diagnóstico ao doente
também permite que todos os envolvidos possam buscar estratégias de enfrentamento para
lidar com os efeitos causados pela doença e seu tratamento³.
O enfrentamento da doença, após o diagnóstico, é de um impacto significativo para o
seu portador, círculo familiar e pessoas próximas. Em algumas situações, a família opta por
não expor ao doente o foco do problema no intuito de preservá-lo, emocional e
psicologicamente, e mantê-lo tranquilo durante o tratamento4. Porém, o doente exposto aos
quimioterápicos, por exemplo, pode sofrer determinadas reações e efeitos colaterais,
comprometendo algumas funções orgânicas, fato que contribui para a ideia de desistência,
e, portanto, no caso de não haver a consciência sobre o diagnóstico, pode-se perder o
acesso ao paciente5.
Assim sendo, a forma como o profissional apresenta o diagnóstico interfere,
decisivamente, na relação do doente com sua doença e tratamento. Portanto, é necessário
esclarecer e auxiliar os profissionais de saúde para desenvolverem uma comunicação
3
terapêutica, segura e esclarecedora, adequando as informações às necessidades
específicas de cada doente de acordo com sua realidade de vida e da forma como enfrenta
a situação6. Porém, o enfermeiro exibe dificuldades na compreensão das solicitações do
doente que se enquadra em um estado terminal. Por isso, faz-se premente que este
profissional possua conhecimentos e habilidades de comunicação para decodificar
informações essenciais, no intuito de diminuir a aflição daquele que está morrendo para
proporcionar um cuidado de qualidade².
No caso da abordagem ao doente com neoplasia maligna, a tarefa de compartilhar
informações sobre o diagnóstico, prognóstico, riscos e benefícios do tratamento, torna-se
uma difícil tarefa em que o processo de transmitir más notícias é desafiador, complexo e de
responsabilidade, essencialmente, médica. Sobretudo, a forma de assimilação de tais
informações e a maneira como o doente vivencia a patologia variam de indivíduo para
indivíduo, envolvendo diversos fenômenos da doença, como o patológico, o psicossocial, o
antropológico e o sociocultural, que merecem seu devido entendimento4.
A comunicação é um processo essencial nas relações humanas por constituir-se em
um meio de informação que pode se expressar de forma verbal e não-verbal, extremamente
importante nas relações de trabalho de enfermagem, as quais envolvem doentes,
profissionais e familiares. Trata-se de um instrumento facilitador do processo de interação
enfermeiro-paciente7.
Nesse contexto, os sentimentos contraditórios, gerados pela descoberta de uma
neoplasia, benigna ou maligna, como a angústia e a revolta, acompanhados de diversos
questionamentos, podem tornar-se exacerbados pela falta de vínculo com os profissionais,
sua linguagem técnica e, ainda, pelo medo do desconhecido. Sensações como solidão,
insegurança, incerteza e angústia do doente, causadas pelo impacto da doença, podem
interferir na relação com o enfermeiro e no diálogo estabelecido entre eles8.
Por conseguinte, torna-se de extrema relevância que a enfermagem compreenda o
impacto causado pelo câncer no doente, pois tal entendimento pode possibilitar o
estabelecimento de estratégias efetivas de cuidado como forma de imprimir a capacidade de
interagir e exercitar o diálogo, por meio da escuta ativa. Tal fato poderá contribuir para
minimizar as sensações desagradáveis causadas pelo surgimento da doença.
4. CONCLUSÃO
4
Conclui-se que ainda há grandes barreiras no diálogo entre profissionais e doentes,
como também uma grande dificuldade na compreensão e comunicação durante o processo
de cuidar, mesmo com algumas discussões sobre a temática. Esta dificuldade acentua-se
quando se fala em doentes oncológicos sem possibilidades de cura, visto que os
profissionais não sabem lidar com pacientes cujo prognóstico pode suscitar sentimentos de
culpa, tristeza e impotência. Caberia ao profissional de enfermagem, então, em suas
tomadas de decisão, criar estratégias, para um melhor acesso ao doente portador de
câncer, principalmente desde o início do tratamento, um momento crucial para o
esclarecimento de suas dúvidas. Logo, é perceptível a necessidade do diálogo, que deve
ser construído através de uma escuta ativa e sensível para compreender as ações e
reações diante do impacto da doença, além de uma orientação de forma eficaz e constante.
Neste contexto, percebem-se as dificuldades ainda existentes na enfermagem em se
tratando de compreender algumas solicitações do doente acometido pelo câncer, ou que
algumas vezes, se enquadra em um estado terminal. Por isso, faz-se necessário que o
enfermeiro possua conhecimentos específicos e habilidades de comunicação para
decodificar informações essenciais, no intuito de diminuir a aflição e proporcionar, de forma
integral, um cuidado de qualidade a este doente.
REFERÊNCIAS
1. Organização Mundial da Saúde. Os programas e projetos, câncer, dados e estatísticas.
Genebra, 2007. Disponível em: <http://www.who.int/cancer/en/>
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de enfermagem. Rev. Acta Paul Enf. São Paulo, 2006 n. 19, supl. 2, p. 144-9. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/ape/v19n2/ a04v19n2.pdf>
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pacientes com câncer genital ou mamário. Rev Assoc Med Bras. Brasília, 2010, n. 56, supl.
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5
5. Sapolnik R. Suporte de terapia intensiva no paciente oncológico. Jornal de Pediatria. Rio
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79,
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Disponível
em:
<http://www.scielo.br/pdf/jped/v79s2/v79s2a13.pdf>
6. Silva VCE,
Zago MMF. A revelação do diagnóstico de câncer para profissionais e
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:<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-71672005000400019&script=sci_arttext>
7. Rodrigues MVC, Ferreira ED, Menezes TMO. Comunicação da Enfermeira com pacientes
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supl. 1, p. 86-91. Disponível em:< http://www.facenf.uerj.br/v18n1/v18n1a15.pdf>.
8. Fontes CAS, Alvim NT. Importância do diálogo da enfermeira com clientes oncológicos
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Disponível
<http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/view/6507>
6
em:
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