Laira Ramos Revisado por: Dr. Hélio Fernandes Retto Dra. Eliane C. H. Moreira Edição do Autor LAIRA RAMOS Reabilitação Perineal Ativa 1ª Edição ISBN 978-85-915785-0-4 Venda proibida Disponível somente em www.perineo.info NOTA: Este é um livro informativo sobre uma nova abordagem para a reabilitação perineal. Sua desse livro não substitui a formação no curso Reabilitação Perineal Ativa para os fisioterapeutas que querem ser reconhecidos por utilizar esse método. Reabilitação Perineal Ativa é Propriedade Intelectual da autora e está protegida pelos Direitos Autorais. Sua utilização somente é permitida mediante autorização por escrito. Edição do Autor 2014 APRESENTAÇÃO A Organização Mundial de Saúde considera a incontinência urinária um problema de saúde pública. Essa patologia atinge homens e mulheres e, assim como a incontinência anal, os prolapsos genitais, as disfunções sexuais e as algias pélvicas têm grande impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes. Antigamente essas patologias eram vistas como consequência natural da idade, e as pessoas se adaptavam às mudanças por elas impostas. A sociedade moderna e o aumento da expectativa de vida fizeram com que as pessoas se preocupassem com a qualidade de vida e o bem-estar, procurando cada vez mais cedo o tratamento para essas patologias. A falta de protocolos para a reabilitação perineal que respeitassem a evolução do tratamento e a individualidade de cada paciente levou-me a desenvolver o protocolo “Reabilitação Perineal Ativa”. Esse protocolo tem o objetivo de reabilitar a musculatura do períneo para que esses músculos sejam capazes de realizar suas funções. O único movimento resultante da contração do períneo é sua elevação em sentido cefálico e anteriorização em direção à sínfise púbica. A reabilitação desses músculos é realizada através da sua contração, do seu relaxamento e do seu alongamento. O RPA baseia-se na fisiologia do exercício, levando em conta as alterações cognitivas, neuromusculares e metabólicas causadas pela reabilitação, sendo indicado para a reabilitação muscular no tratamento da incontinência urinária feminina e masculina, disfunções sexuais masculinas e femininas, incontinência anal, obstipação, prolapsos genitais e algias pélvicas. Quando essas patologias estão em um estágio mais avançado e a cirurgia é necessária, a reabilitação perineal é recomendada antes e após a cirurgia, sendo um tratamento complementar ao cirúrgico. Este protocolo é utilizado por mim desde 2011. O sucesso atingido com seu tratamento lhe confere uma validação clínica. O estudo para sua validação científica está sendo feito na minha tese de doutorado, na Universidade Federal de São Paulo, com a orientação do Dr. Rodrigo de Aquino Castro. Laira Ramos Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info ii AUTORA Laira Ramos Desde o começo da faculdade interessei-me pela uroginecologia, cujos estágios frequentei o máximo possível. Tive muita influência e ajuda de meu pai e de minha irmã que também são profissionais nessa área. Após minha graduação, comecei a fazer formações nessa, área na qual me dedico com exclusividade até hoje. Procuro estar sempre atualizada para oferecer os melhores tratamentos aos meus pacientes, motivo esse que me levou a desenvolver o protocolo Reabilitação Perineal Ativa. A reabilitação perineal ainda é um tratamento pouco conhecido, por isso realizo palestras para profissionais da área da saúde e para leigos, com a finalidade de divulgar esses tratamentos, deixando-os mais acessíveis. Idealizadora e proprietária do PERÍNEO Idealizadora do protocolo Reabilitação Perineal Ativa Idealizadora e formadora dos cursos Reabilitação Perineal Ativa Doutoranda em Ginecologia pela Universidade Federal de São Paulo Mestre em Ciências da Fisioterapia na Faculdade de Motricidade Humana, Portugal Formação em fisioterapia uroginecológica no Brasil e na França Equivalência em fisioterapia pela Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Lisboa, Portugal Licenciada em fisioterapia pela Universidade Estadual de Londrina, Brasil Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info iii REVISORES Dr. Hélio Fernandes Retto Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina Universidade Clássica de Lisboa Médico de cirurgia ginecológica no Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa. Chefe de Serviço de Obstetrícia e Ginecologia da carreira médico-hospitalar. Presidente da Sociedade Portuguesa de Cirurgia Pélvica Reconstrutiva. Ex-membro do Board of Directors – Society of Pelvic Reconstrutive Surgeons (USA). International Vaginal Surgeon Award (2007) (USA). Dra. Eliane C. H. Moreira Graduada em Fisioterapia pela Universidade Estadual de Londrina Mestrado em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Doutorado em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Professor Associado da Universidade Estadual de Londrina Coordenadora do Curso de Residência de Fisioterapia em Uroginecologia e Obstetrícia Funcional da Universidade Estadual de Londrina. Coordenadora do Setor de Fisioterapia em Uroginecologia e Obstetrícia do Hospital Universitário, Universidade Estadual de Londrina. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info iv AGRADECIMENTOS A meus pais (Maria Elmira Ramos e Márcio Antonio Ramos) e irmãos (Naira Lopes Ramos e Leonardo Lopes Ramos), por nunca me deixarem desistir dos meus sonhos, mesmo nos momentos mais difíceis. Obrigada pelo apoio incondicional. A meus sobrinhos, Gabriel Ramos Menezes e Fernando Ramos Menezes, que iluminam a minha vida. À Eliane Moreira, por todo o suporte que me deu durante a graduação e por continuar a apoiar-me. Você ajudou a criar a profissional que sou hoje. Eu a admiro muito. Ao Dr. Hélio Retto, por toda a orientação que me deu; obrigada por sempre disponibilizar algum tempo para mim e por valorizar o meu trabalho. Ao Dr. Rodrigo Castro, obrigada por acreditar no meu trabalho, por ter aceitado orientar-me e por estar sempre disponível para tirar minhas dúvidas e discutir minhas teorias. Ao Dr. Ricardo Pereira, por todo apoio e palavras que, com certeza, fizeram-me uma profissional melhor. É uma honra para mim, e acredito que para todos os profissionais ligados à reabilitação perineal, saber que vocês apoiam a reabilitação perineal e reconhecem a sua importância. Ao Loic Dabbadie e à Marina Dabbadie, por tudo o que me ensinaram e pela forma carinhosa com que me trataram. Obrigada por me acolherem não só em sua clínica, mas também em sua casa. Muito o que está nesse livro eu aprendi com vocês. Ao professor Jan Cabri, é um grande orgulho para mim tê-lo tido como mestre. Eu admiro o seu trabalho e os seus esforços para sempre valorizar o trabalho da fisioterapia. Ao professor Pedro Pezarat Correia, seu livro “Anatomofisiologia” me ensinou muito, eu o li mais de sete vezes e a cada nova leitura aprendi mais. Às minhas grandes e inseparáveis amigas: Ana Beatriz Noronha, Camila Ribeiro, Fernanda Queirós, Juliana Suwa, Michelle Moreira e Paola Obici. Nem que morra!!! À Débora Pires Siles; “sis", I love you. À Veruska Poleto, sei que independente da distância sempre posso contar com você. Ao meu querido e amado primo Adriano Maricato Ramos, obrigada pelo carinho e pela acolhida inesquecível em Angola. Você é muito especial para mim. Aos amigos que fiz em Portugal, obrigada por me fazerem sentir em casa e segura, mesmo estando tão longe de casa. Edilaine Carona, com certeza Deus a colocou em meu caminho para que eu conseguisse percorrer esta jornada. Gi Dinis, por ter me recebido de braços abertos. Rui Carona, a “pequena” Maria, Ana Raposo, Nuno Raposo, Thalita Cunha, Bruno Cunha, que a distância nunca nos separe. Família Costa, obrigada por me acolherem como membro dessa família. Rui Inácio, Inês Silva, Vera Gomes, Sílvia Ferreira espero que nossa amizade dure para sempre. Gala Gonzales, a sua alegria ilumina uma sala inteira; Marco Ingrosso, você sempre foi um grande amigo. Gustavo Funke, você é meu informático predileto. Erika Morbeck e Helena Matos, obrigada por todos os momentos que passamos juntas. Aos amigos, Luciano Pereira dos Santos e Charles Rodrigues, pela maneira que me receberam e me acolheram. À Tia Benê, pela inestimável correção ortográfica, você colocou a beleza da Lígua-Mãe nesse trabalho. À querida amiga Soraia Rosa, tenho adorado trabalhar com você e muito obrigada por traduzir esse livro para a língua inglesa. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info v DEDICATÓRIA Dedico este livro à minha irmã, Dra. Naira Ramos. É muito bom partilhar com você esta paixão pela Uroginecologia e Obstetrícia. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info vi “Cada sonho que você deixa para trás é um pedaço do seu futuro que deixa de existir” Steve Jobs Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info vii PREFÁCIO O Livro Reabilitação Perineal Ativa traz, de modo bastante prático, uma atualização sobre o papel da fisioterapia nas principais disfunções do assoalho pélvico. A obra analisa, em 8 capítulos, os principais temas em Uroginecologia. O conteúdo, organizado pela autora Laira Ramos, representa o amadurecimento e a solidificação do conhecimento de uma fisioterapeuta que surge como referência nacional. A autora também demonstra, nesta obra, todas as qualidades científicas necessárias, além de expressar com muita clareza o papel da reabilitação na Uroginecologia moderna. Individualizar o tratamento utilizando várias técnicas é um conceito novo e deve ser seguido. A interdisciplinaridade é outro destaque desta obra. Será pela integração de vários profissionais (médicos, psicólogos, enfermeiros e fisioterapeutas) é que conseguiremos ter êxito no tratamento de afecções tão importantes que impactam de forma significativa a qualidade de vida das nossas mulheres. Rodrigo Castro Dr. Rodrigo Castro Graduação em Medicina pela Universidade Gama Filho Mestrado em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Doutorado em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo Professor adjunto da Disciplina de Ginecologia geral na Universidade na Unifesp Chefe do setores de Uroginecologia e Cirurgia Vaginal e leiomioma Uterino na Unifesp Representante da América Latina na Sociedade Internacional de Uroginecologia-IUGA Membro da comissão nacional de uroginecologia da FEBRASGO Revisor - International Urogynecology Journal, - Gynecologic and Obstetric Investigation Vice-Coordenador do Curso de Pós-Graduação do Departamento de Ginecologia da Escola Paulista de Medicina - Unifesp (triênio 2010-2012) Chefe da Enfermaria do Departamento de Ginecologia da Escola Paulista de Medicina Vice Coordenador Técnico de Serviço do Departamento de Ginecologia da Escola Paulista de Medicina Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info viii Conteúdo APRESENTAÇÃO ........................................................................................................... II AUTORA ......................................................................................................................... III REVISORES .................................................................................................................... IV AGRADECIMENTOS ....................................................................................................... V DEDICATÓRIA ................................................................................................................ VI PREFÁCIO .................................................................................................................... VIII 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1 2. ANATOMIA ............................................................................................................. 2 2.1. OSSOS E LIGAMENTOS ................................................................................... 2 2.2. ÓRGÃOS PÉLVICOS E ESTRUTURAS ............................................................ 4 2.2.1. BEXIGA ............................................................................................................. 4 2.2.2. URETRA ............................................................................................................ 4 2.2.3. ÚTERO.............................................................................................................. 5 2.2.4. VAGINA ............................................................................................................. 5 2.2.5. RETO ................................................................................................................ 5 2.3. MÚSCULOS ........................................................................................................ 6 2.3.1. DIAFRAGMA PÉLVICO ......................................................................................... 6 2.3.2. DIAFRAGMA UROGENITAL ................................................................................... 7 3. NEUROFISIOLOGIA MUSCULAR ....................................................................... 11 3.1. TIPOS DE FIBRAS MUSCULARES ................................................................. 11 3.1.1. FIBRAS LENTAS E OXIDATIVAS – TIPO I.............................................................. 12 3.1.2. FIBRAS RÁPIDAS OXIDATIVAS E GLICOLÍTICAS– TIPO IIA ..................................... 12 3.1.3. FIBRAS RÁPIDAS GLICOLÍTICAS – TIPO IIB ......................................................... 12 3.2. UNIDADE MOTORA ......................................................................................... 12 3.3. CONTRAÇÃO MUSCULAR ............................................................................. 13 3.4. ALONGAMENTO MUSCULAR ........................................................................ 16 3.5. SISTEMA NERVOSO ....................................................................................... 16 3.6. REFLEXOS MEDULARES ............................................................................... 18 3.6.1. REFLEXO MIOTÁTICO / FUSO NEUROMUSCULAR ................................................. 18 Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info ix 3.6.2. 4. REFLEXO MIOTÁTICO INVERSO / ÓRGÃO TENDINOSO DE GOLGI .......................... 19 PERÍNEO ............................................................................................................... 20 4.1. BIOMECÂNICA ................................................................................................. 20 4.2. FUNÇÃO ........................................................................................................... 21 4.3. FISIOLOGIA ...................................................................................................... 22 4.3.1. MICÇÃO .......................................................................................................... 22 4.3.2. DEFECAÇÃO .................................................................................................... 23 4.3.3. SEXUALIDADE ................................................................................................. 24 4.4. DISFUNÇÕES DO PERÍNEO ........................................................................... 26 4.4.1. INCONTINÊNCIA URINÁRIA (IU) ......................................................................... 27 4.4.2. INCONTINÊNCIA ANAL (IA) ................................................................................ 28 4.4.3. PROLAPSOS DOS ÓRGÃOS PÉLVICOS (POP) .................................................... 28 4.4.4. ALGIAS PÉLVICAS ............................................................................................ 28 4.4.5. DISFUNÇÕES SEXUAIS (DS)............................................................................. 29 5. QUALIDADE DE VIDA .......................................................................................... 30 6. REABILITAÇÃO PERINEAL ................................................................................ 31 6.1. TIPOS DE TRATAMENTO ............................................................................... 32 6.1.1. CINESIOTERAPIA (EXERCÍCIOS DE KEGEL) ........................................................ 32 6.1.2. BIOFEEDBACK (BFB) ....................................................................................... 32 6.1.3. ELETROESTIMULAÇÃO (EE) ............................................................................. 33 6.1.4. CONES VAGINAIS ............................................................................................. 38 6.1.5. MASSAGEM PERINEAL E MASSAGEM CICATRICIAL............................................... 38 6.2. OBJETIVOS ...................................................................................................... 38 6.3. TRATAMENTOS ............................................................................................... 39 6.3.1. REABILITAÇÃO PERINEAL NA INCONTINÊNCIA URINÁRIA ..................................... 39 6.3.2. REABILITAÇÃO PERINEAL NA INCONTINÊNCIA ANAL ........................................... 40 6.3.3. REABILITAÇÃO PERINEAL NOS PROLAPSOS GENITAIS ........................................ 41 6.3.4. REABILITAÇÃO PERINEAL NO PRÉ PARTO ......................................................... 41 6.3.5. REABILITAÇÃO PERINEAL NO PÓS-PARTO ......................................................... 42 6.3.6. REABILITAÇÃO PERINEAL NAS DISFUNÇÕES SEXUAIS ........................................ 43 6.3.7. REABILITAÇÃO PERINEAL NAS ALGIAS PÉLVICAS ............................................... 44 7. HIGIENE ÍNTIMA................................................................................................... 45 8. PROTOCOLO REABILITAÇÃO PERINEAL ATIVA ............................................ 47 Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info x 8.1. AVALIAÇÃO ..................................................................................................... 48 8.2. ANAMNESE...................................................................................................... 48 8.3. EXAME FÍSICO / AVALIAÇÃO DO PERÍNEO........................................................... 52 8.3.1. AVALIAÇÃO VISUAL .......................................................................................... 52 8.3.2. PALPAÇÃO DIGITAL .......................................................................................... 53 8.3.3. CONES VAGINAIS (CV) ..................................................................................... 54 8.3.4. PERINEOMETRIA .............................................................................................. 54 8.3.5. DINAMOMETRIA ............................................................................................... 54 8.3.6. ELETROMIOGRAFIA (EMG) .............................................................................. 55 8.3.7. ULTRASSONOGRAFIA (US) ............................................................................... 55 8.3.8. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (RM) ...................................................................... 55 8.4. SESSÕES ......................................................................................................... 56 1ª FASE – ENSINO/ CONSCIÊNCIA CORPORAL ....................................................... 58 SESSÃO 1 .................................................................................................................... 59 SESSÃO 2 .................................................................................................................... 59 SESSÃO 3 .................................................................................................................... 60 SESSÃO 4 .................................................................................................................... 60 2ª FASE - AGILIDADE / COORDENAÇÃO MUSCULAR ............................................. 61 SESSÃO 5 .................................................................................................................... 62 SESSÃO 6 .................................................................................................................... 62 SESSÕES 7 E 8 ............................................................................................................. 63 3ª FASE- HIPERTROFIA MUSCULAR ......................................................................... 63 SESSÕES 9 E 10 ........................................................................................................... 64 SESSÕES 11 E 12 ......................................................................................................... 65 SESSÕES 13 E 14 ......................................................................................................... 66 SEGUIMENTO................................................................................................................ 67 RESUMO DO PROTOCOLO: ............................................................................................. 68 BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................. 69 Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info xi 1. INTRODUÇÃO Segundo a International Continence Society (ICS), uma simples instrução verbal ou escrita não é suficiente para um programa de reabilitação perineal. Cerca de 30% das mulheres não são capazes de contrair a musculatura do períneo somente com o comando verbal. A reabilitação perineal tem mostrado ser um tratamento eficaz para as patologias do períneo. Estudos mostram que a taxa de cura para a incontinência urinária varia de 28 a 84%. Esse grande intervalo de resultados é devido aos diferentes meios de avaliação utilizados em cada estudo. Nesses estudos, vemos que os pacientes que têm seus tratamentos acompanhados por um fisioterapeuta especialista têm melhores resultados do que aqueles que fazem os exercícios sem supervisão; e a explicação sobre a anatomia do períneo torna o tratamento mais eficaz. A reabilitação perineal causa alterações neuromusculares e metabólicas responsáveis pelo aumento da resposta reflexa, da força e resistência muscular, normalização do tônus, coordenação muscular e hipertrofia. Os resultados do tratamento dependem do tipo de treino adotado, da motivação do paciente, da adesão ao treino e da integridade muscular e nervosa. Um programa de menor intensidade é mais seguido pelos pacientes. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 1 2. ANATOMIA O pavimento pélvico é uma estrutura complexa que encerra a parte inferior da pelve e é formado por músculos, ossos, ligamentos e tecido conjuntivo; tem como função a sustentação dos órgãos pélvicos, manutenção da continência urinária e fecal, participando também da função reprodutiva, sexual e postural. 2.1. OSSOS E LIGAMENTOS A pelve é formada pelos ossos do quadril, pelo sacro e pelo cóccix. Os ossos do quadril se articulam anteriormente entre eles através da sínfise púbica e, posteriormente com, o sacro, através das articulações sacroilíacas. Cada um dos dois ossos do quadril é formado pelos ossos ílio, ísquio e púbico, que se fundem na idade adulta; o sacro se articula inferiormente com o cóccix pela articulação sacrococcígea. A pelve feminina é mais larga e tem uma forma mais arredondada que a masculina. Na pelve feminina o osso sacro é menos curvado e mais horizontalizado, o que aumenta a distância entre o cóccix e a sínfise púbica; essas diferenças favorecem a mulher a passar pelo processo da gravidez e do parto normal. A pelve é delimitada pelas circunferência superior e circunferência inferior onde se encontra a cavidade pélvica. O tamanho das circunferências superiores e Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 2 inferiores são importantes para que a mulher seja capaz de ter um parto normal. Considera-se uma desproporção cefalopélvica quando essa distância não permite a passagem do feto. Os ligamentos que fixam os ossos da pelve podem ser divididos em 4 grupos: Ligamentos entre o sacro e o ilíaco: ligamento sacroilíaco anterior, ligamento sacroilíaco posterior e ligamento interósseo. Ligamentos entre o sacro e o ísquio: ligamento sacrotuberoso e ligamento sacroespinhoso. Ligamentos entre o sacro e cóccix: ligamento sacrococcígeo anteriores, posteriores e laterais. Ligamentos entre os ossos púbicos: ligamento púbico anterior, posterior, superior e inferior. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 3 2.2. ÓRGÃOS PÉLVICOS E ESTRUTURAS A bexiga, o útero e o reto estão localizados na cavidade pélvica. Estão envolvidos por um tecido músculo-fibroso que os suporta e os conecta à parede da pelve. A forma dos órgãos pélvicos é definida pela ação sinérgica dos ossos, músculos, ligamentos e tecido conjuntivo que os sustentam. Os ligamentos e fáscias têm a função de estabilizar e suspender os órgãos pélvicos, mantendo-os em sua forma anatômica correta, sendo mais solicitados quando há o aumento da pressão intra-abdominal. Cabe aos músculos a função de sustentação destas estruturas ao repouso. 2.2.1. Bexiga A bexiga urinária é um órgão muscular oco situado acima do osso púbico. Nos homens, está à frente do reto; nas mulheres, à frente do útero. É fixada ao osso púbico pelo ligamento pubovesical; ao útero, pelo ligamento uterovesical e ao umbigo pelo, ligamento úraco. Sua função é armazenar a urina vinda dos ureteres, que depois será expelida pela uretra. Tem a capacidade de armazenar 300 a 650 ml de urina, sendo esse volume bastante variável devido à complacência do músculo de sua parede: o músculo detrusor. 2.2.2. Uretra A uretra é uma estrutura fibromuscular, com função de eliminar a urina armazenada na bexiga. Nos homens, além da função urinária, tem a função ejaculatória. Mede de 3 a 4 cm na mulher e, aproximadamente, 15 cm no homem. Internamente é constituída pelo esfíncter, formado por musculatura lisa na parte proximal e, na parte distal, por musculatura estriada. Esta ligada à sínfise púbica pelo ligamento pubouretral. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 4 2.2.3. Útero O útero é um órgão muscular oco, situado em frente do reto e atrás da bexiga. Tem função reprodutiva sofrendo, grandes alterações durante a gravidez, passando de 50g a 5kg ou mais. Isso leva a uma sobrecarga no sistema de sustentação. É fixado à parede lateral da pelve pelo ligamento largo; ao sacro, pelo ligamento útero-sacro; ao púbis, pelo ligamento pubocervical. O ligamento redondo vai do fundo do útero até o tecido subcutâneo dos grandes lábios, ajudando na postura antefletida e antevertida do útero; o ligamento cardinal (de Mackenrodt) vai do colo do útero até a parede lateral da pelve. 2.2.4. Vagina A vagina é um canal formado por musculatura lisa e tecido conectivo que liga o colo do útero ao meio externo. Está localizada atrás da uretra e na frente do reto, com cerca de 8 a 10 cm de comprimento. Seu tamanho se altera durante o ato sexual e no trabalho de parto. 2.2.5. Reto O reto é o segmento terminal do intestino grosso. É formado por musculatura lisa, e vai do cólon até o ânus, com aproximadamente 15cm de comprimento. Em sua parte superior, a tração do músculo elevador do ânus forma o ângulo anorretal, que é responsável por manter as fezes no cólon durante o período de armazenamento. No canal anal encontra o esfíncter anal interno, de musculatura lisa e o esfíncter anal externo, de musculatura estriada. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 5 2.3. MÚSCULOS O períneo é formado por duas camadas de musculatura estriada. Uma mais profunda, que forma o diafragma pélvico; outra, a mais superficial, que forma o diafragma urogenital e o esfíncter anal. As imagens anatômicas mais antigas o mostram com uma forma côncava, pois eram baseadas em cadáveres. A avaliação através de imagens, entretanto, permitiu constatar que, “in vivo”, essa musculatura tem o formato convexo, o que aumenta a sua ação na sustentação dos órgãos pélvicos. 2.3.1. Diafragma pélvico O diafragma pélvico é formado pelo músculo elevador do ânus e pelo músculo coccígeo. Tem origem no osso púbico, na fáscia do músculo obturador interno e na espinha isquiática; dirige-se posteriormente, para inserir-se atrás da uretra, vagina e ânus, e no sacro e cóccix. Seus músculos são constituídos maioritariamente (70%) por fibras lentas. Há diferentes divisões para o elevador do ânus. Alguns autores consideram que é constituído pelos músculos puborretal, pubococcígeo e iliococcígeo; outros Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 6 acrescentam o puboviceral que, pode ser dividido em pubouretral, pubovaginal e puboanal. Na linha longitudinal do elevador do ânus, encontra-se o hiato urogenital, por onde passam a uretra, a vagina e o ânus. Os músculos pubouretral, pubovaginal e puboanal têm origem no osso púbico e se unem respectivamente com seus pares heterolaterais atrás da uretra, da vagina e ânus, formando o hiato urogenital e servindo de suporte para essas estruturas. O músculo puborretal tem origem no osso púbico e se insere no seu par heterolateral atrás do reto, entre o esfíncter anal interno e o esfíncter anal externo. Formam o ângulo anorretal. O músculo pubococcígeo tem origem no arco do osso púbico e se insere na rafe anococcígea. As fibras dos músculos ileococcígeos têm origem na fáscia do músculo obturador interno e se inserem, posteriormente, no cóccix e nos seus pares heterolaterais, formando a rafe anococcígea. O músculo coccígeo, também chamado isquiococcígeo, tem origem na espinha isquiática e se insere no sacro e no cóccix. A contração do elevador do ânus resulta em um movimento cranial e ventral, elevando os órgãos pélvicos e movendo a uretra, a vagina e o ânus em direção à sínfise púbica; tem maior ação no suporte dos órgãos pélvicos e na continência urinária e fecal. O músculo coccígeo tem função de estabilizar a pelve. 2.3.2. Diafragma urogenital O diafragma urogenital é formado pelos músculos esfíncter uretral externo, transverso perineal, bulboesponjoso e isquiocavernoso; o músculo esfíncter anal externo também se encontra nesse plano. Seus músculos são constituídos por fibras rápidas. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 7 Nos homens, o espaço entre o ânus e a base do pênis é chamado centro tendíneo do períneo, corpo perineal ou corpo do períneo. Nas mulheres essa estrutura está localizada entre a vagina e o ânus. O corpo perineal é uma estrutura fibromuscular, onde há o encontro dos músculos esfíncter anal externo, bulboesponjoso, transverso do períneo e as fibras mediais do levantador do ânus. O músculo transverso perineal está localizado entre o músculo bulboesponjoso e o esfíncter anal externo, cruzando transversalmente o diafragma urogenital. Tem origem na tuberosidade isquiáticas e se insere em frente ao ânus em seu heterolateral. Sua contração estabiliza o diafragma urogenital. O músculo esfíncter uretral externo tem origem no corpo do períneo e circunda a uretra. Nas mulheres, insere-se na parede vaginal; nos homens, insere-se na rafe peniana. Sua contração comprime a uretra. Seu tónus é capaz de manter a continência urinária durante o sono. O músculo bulboesponjoso tem origem no corpo do períneo. Nos homens, insere-se na rafe peniana; nas mulheres, na base do clitóris e no arco púbico. Sua contração fecha o introito vaginal e traciona a base do pênis e o capuz do clitóris. É importante para a ereção de ambos por, em relaxamento, comprimir a veia peniana e a veia dorsal do clitóris. Durante o orgasmo, há uma contração desses músculos que, nos homens, ajuda a expelir o esperma e, nas mulheres, dificulta a saída do esperma do canal vaginal, favorecendo a fecundação. O músculo isquiocavernoso tem origem na tuberosidade isquiática, Nos homens, insere-se no corpo cavernoso do pênis; nas mulheres, na base do clitóris. Sua contração, nos homens, traciona o pênis e, nas mulheres, traciona o capuz do clitóris. Junto com o bulboesponjoso, quando relaxado, comprime a veia dorsal peniana e a Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 8 veia dorsal do clitóris, facilitando a ereção. Durante o orgasmo, também sofre uma contração. O esfíncter anal externo tem origem anteriormente no corpo do períneo. Depois circunda o canal anal, seguindo em sentido ao cóccix, onde se insere na rafe anococcígea. Juntamente com o bulboesponjoso forma um “8” na camada superficial do períneo. Sua contração comprime o canal anal. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 9 Diafragma pélvico Músculo Origem Inserção Função Pubouretral Osso púbico Atrás da uretra Pubovaginal Osso púbico Atrás da vagina Puboanal Osso púbico Atrás do ânus Puborretal Osso púbico Atrás do reto Continência urinária e fecal. Pubococcígeo Arco do osso púbico Rafe anococcígea Sexual e reprodutiva Iliococcígeo Fáscia do m. obturador interno Cóccix Coccígeo Espinha isquiática Sacro e cóccix Suporte dos órgãos pélvicos. Estabilizar a pelve Diafragma urogenital Músculo Origem Bulboesponjoso Corpo do períneo Inserção Função Base do clitóris/ rafe peniana Ereção do pênis / clitóris Fechar o introito vaginal Contração durante o orgasmo Base do clitóris/ Isquiocavernoso Tuberosidade isquiática corpo cavernoso do pênis Transverso Espinha isquiática Corpo do períneo Esf. anal ext. Corpo do períneo Rafe anococcígea Esf. uretral ext. Corpo do períneo Parede da vagina/ rafe peniana Ereção do pénis / clitóris Contração durante o orgasmo Estabilizar o diafragma urogenital Continência anal Continência urinária Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 10 3. NEUROFISIOLOGIA MUSCULAR O músculo esquelético é um órgão com atividade somática e movimento voluntário, adaptado ao trabalho mecânico. O ventre muscular é constituído por tecido muscular e conjuntivo, e uma vasta rede vascular para dar aporte sanguíneo às suas células. As fibras musculares são células multinucleadas, formadas por miofilamentos, retículo sarcoplasmático e sarcossoma. Estão envoltas pela membrana celular chamada sarcolema. Os miofilamentos de actina e miosina formam o sarcómero, que é unidade contrátil do músculo; o retículo sarcoplasmático é responsável pela excitação da membrana celular; e os sarcossomas são numerosas mitocôndrias responsáveis pelo metabolismo celular. O músculo tem uma estrutura bem definida, envolta por uma rede de tecido conjuntivo. As fibras musculares são envoltas pelo endomísio; o feixe de fibras é envolto pelo epimísio e o músculo é envolto pelo perimísio. Na extremidade do ventre muscular, a união dessas camadas de tecido conjuntivo forma o tendão, que faz a inserção dos músculos aos ossos. Um músculo saudável deve apresentar potência e resistência satisfatórias, atividade reflexa, relaxamento, alongamento e deve ser capaz de realizar sua função. Quando há uma disfunção muscular, é preciso avaliar as alterações na estrutura muscular, lesões nas fibras musculares ou nos tendões, alterações metabólicas, lesões nervosas periféricas e centrais. 3.1. TIPOS DE FIBRAS MUSCULARES As principais diferenças que caracterizam os tipos de fibras musculares são as três diferentes isoformas da miosina, que constitui cada tipo de fibra, suas diferentes atividades enzimáticas, a variação da taxa de hidrólise de ATP, a velocidade que Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 11 acontece o encurtamento dos sarcômeros e as propriedades eletrofisiológicas da membrana celular. Considera-se hoje que o músculo esquelético tem em sua composição mais de uma cadeia de miosina, sendo assim fibras híbridas. Essa diversidade permite ao músculo adaptar-se às exigências funcionais como duração, intensidade e velocidade da contração exigida em cada atividade. 3.1.1. Fibras lentas e oxidativas – Tipo I Abundante número de mitocôndrias Abundante número de capilares Resistentes 3.1.2. Fibras rápidas oxidativas e glicolíticas– Tipo IIa Grande número de mitocôndrias Abundante número de capilares Potentes e resistentes 3.1.3. Fibras rápidas glicolíticas – Tipo IIb 3.2. Quase ausência de mitocôndrias Poucos capilares Grande quantidade de enzimas da via glicolítica Potentes e fadigáveis UNIDADE MOTORA As fibras musculares são inervadas pelo motoneurônios alfa. A união entre a fibra muscular e o motoneurônio é chamada placa motora ou junção neuromuscular. Cada fibra muscular é inervada por um único motoneurônio alfa, e o conjunto de fibras musculares inervadas pelo mesmo motoneurônio alfa é chamado unidade motora (UM). Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 12 Há três tipos de unidade motora: lenta; rápida e resistente; rápida e fadigável. Elas são formadas pelas fibras musculares tipo I, IIa e IIb, respectivamente. As unidades motoras lentas são inervadas por motoneurônio menores, com baixo limiar de ação e são resistentes; as unidades motoras rápidas e resistentes são inervadas por motoneurônios maiores, com limiar de ação mais elevado e são resistentes; as unidades motoras rápidas e fadigáveis são inervadas pelos maiores motoneurônios, com o maior limiar de ação e são fadigáveis. UM lenta UM rápida e resistente UM rápida e fadigável Fibra muscular tipo I Fibra muscular tipo IIa Fibra muscular tipo IIb Motoneurônio Motoneurônio Motoneurônio Pequeno limiar de ação Menor tamanho Resistente 3.3. Alto limiar de ação Tamanho intermediário Resistente Maior limiar de ação Maior tamanho Fadigável CONTRAÇÃO MUSCULAR A função do músculo vem da sua capacidade de contrair, relaxar e alongar. A contração ativa do músculo estriado é um processo voluntário, em consequência do deslizamento dos miofilamentos de actina sobre os miofilamentos de miosina, diminuindo o tamanho do sarcômero. Esse processo é desencadeado por um estímulo elétrico vindo de um motoneurônio que libera neurotransmissores (acetilcolina) na placa motora. A acetilcolina atua na membrana da fibra muscular, abrindo canais que permitem que íons sódio fluam para dentro da membrana e potássio, para fora, despolarizando a membrana celular e desencadeando o potencial de ação da fibra muscular. Através do sistema de tubos-T o potencial de ação é conduzido para as regiões mais interiores da fibra muscular, fazendo com que a despolarização se faça de forma homogênea. A despolarização dos tubos-T abre os canais de cálcio do retículo sarcoplasmático, liberando grande quantidade de cálcio para o meio celular. Os íons Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 13 cálcio geram força de atração entre os filamentos de actina e miosina, fazendo com que eles deslizem entre si. Após alguns segundos, os íons cálcio são bombardeados ativamente para o retículo sarcoplasmático, onde ficam até a chegada de um novo potencial de ação. A despolarização da fibra muscular, assim como da fibra nervosa, respeita a lei do “tudo ou nada”, ou seja, se a fibra recebe estímulo suficiente ou superior para atingir seu potencial de ação, ela se contrai totalmente; se o estímulo for inferior ao necessário, não há contração. As fibras tipo I têm um menor potencial de ação, por isso na contração voluntária ativa são recrutadas primeiro, seguidas das fibras IIa e depois IIb. A maior resistência de contração das fibras I, geradas pelo seu metabolismo aeróbico, fornece uma economia energética, fazendo com que as fibras rápidas sejam utilizadas quando realmente uma contração rápida e potente é solicitada. Propriedades contráteis: Período de latência: tempo entre a chegada do potencial de ação na placa motora até o começo do movimento. Dura poucos milissegundos e é maior nas mulheres. Tempo de contração: tempo entre o começo do movimento até o valor máximo de tensão. Dura cerca de 30 a 40ms. Pico de tensão: o valor máximo de força que o músculo atinge. Tempo de relaxamento: tempo entre o instante em que foi atingido o pico de tensão e o instante em que a contração atinge 50% do valor máximo. Aumenta com a fadiga. O processo de contração da fibra muscular dura cerca de 150 a 200ms, sendo que o pico de tensão é atingido de 30 a 40ms; a despolarização da fibra muscular, que resulta na abertura dos canais de cálcio, acontece em um tempo bastante menor, cerca de 10 a 15ms. Essa rapidez na despolarização da fibra muscular gera mais cálcio Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 14 no meio celular e permite que o processo de contração seja desencadeado antes que a fibra relaxe. O recrutamento de um maior do número de unidades motoras aumenta a força da contração. O aumento da frequência de descarga mantém as unidades motoras contraídas por mais tempo, aumentando a resistência muscular. A tetania muscular é atingida quando o potencial de ação seguinte excita a fibra muscular ainda na fase de contração, fazendo com que não haja oscilação da força muscular. A tetania incompleta acontece quando esse potencial de ação chega à fibra muscular já na fase do relaxamento. Não somos capazes de, voluntariamente, contrair isoladamente um músculo do corpo. Nossos comandos são para a realização de determinado movimento e contraímos os músculos necessários para esse movimento se realizar. A realização de um movimento é feita pela contração de um músculo principal e seus sinergistas. Os músculos agonistas contraem na direção do movimento, ajudando o músculo principal; os músculos antagonistas contraem na direção oposta ao movimento, servindo de estabilizador ou freando o movimento. O sinergismo muscular é incrementado com o treino, levando a movimentos mais precisos e eficazes. A co-contração muscular é a contração de um músculo junto com a contração de seu antagonista. Geralmente acontece em movimentos lentos e durante o período de aprendizagem. Em movimentos rápidos, acontece a inervação recíproca, que é o relaxamento do antagonista durante uma contração rápida e forte do agonista, e depois a contração do antagonista para frear o movimento. Através da inervação somática do nervo pudendo é feita a contração voluntária do períneo. Quando não há nenhuma lesão, esse estímulo resulta na contração de todos os músculos que o formam, fazendo a elevação desses músculos Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 15 em sentido cranial e a anteriorização em direção à sínfise púbica. Não é possível a contração voluntária e isolada de apenas alguns músculos do períneo. 3.4. ALONGAMENTO MUSCULAR O alongamento muscular é o deslizamento da actina sobre a miosina no sentido oposto ao movimento da contração, aumentando o seu tamanho. Um músculo saudável deve ter a capacidade de a actina se deslocar sobre a miosina sem que haja a rutura dessas estruturas. O treino de alongamento muscular aumenta a flexibilidade do músculo, aumenta o tamanho e o número dos sarcômeros, aumentando também a força muscular, melhora o relaxamento e diminui os nódulos musculares, aumenta o comprimento dos tendões e dos componentes elásticos. 3.5. SISTEMA NERVOSO O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico (SNP). O SNC corresponde ao encéfalo e à medula, e é responsável pelo processamento da informação. O SNP corresponde às fibras sensitivas (aferentes), e motoras (eferentes), que são responsáveis por levar o impulso nervoso dos receptores ao SNC e do SNC aos efetores, respectivamente. informação (receptores) processamento (SNC) ação (efetores ) As fibras nervosas se diferenciam de acordo com o tamanho, velocidade de condução e presença da bainha de mielina. As fibras mielinizadas e com maior diâmetro são as mais rápidas; as não mielinizadas e de menor diâmetro são as mais lentas. Essa velocidade varia de 0,5 a 120 m/s. Os nervos são um conjunto de fibras nervosas em paralelo, que conduzem o impulso nervoso (sinal). A intensidade da resposta depende da frequência do estímulo Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 16 e do nº de fibras nervosas estimuladas, enquanto a velocidade depende do tipo de neurônio e do nº de sinapses. Os receptores transformam um estímulo em um influxo nervoso que, pela via aferente, envia informações ao sistema nervoso central que processa essa informação e a transforma em uma ação que será enviada pelo sistema nervoso eferente aos efetores (músculos e glândulas). Os receptores não obedecem à lei do “tudo ou nada”; eles se adaptam ao estímulo fazendo com que a sensação diminua. Há uma diversidade de estímulos e receptores específicos para cada um deles, fazendo com que as informações que chegam ao SNC sejam bastante específicas. Mielinizadas Classificação das fibras nervosas eferentes (motoras) 120 – 60 80 - 30 50 - 10 30 - 6 Aα Aβ Aγ Aδ V m/s Tipo Classififação das fibras nervosas aferentes (sensitivas) 120 – 60 60 - 30 30 – 6 I II III IA IB Tipo Terminações 2ª FNM Terminações 1ª FNM OTG Vibração Tato epicrítico 2 - 0,5 C Inerva os fusos neuromusculares (FNM) Inerva o músculo esquelético V m/s Não miel. Tato epicrítico Tato grosseiro Dor aguda Frio Calor Tato grosseiro Pressão pressão 2 – 0,5 IV Tato grosseiro, Pressão profunda, Cócegas Dor contínua Frio Calor O processamento de informações tem 3 estágios: análise da informação, seleção da resposta, programação da resposta. No primeiro estágio, o sistema nervoso central recebe o estímulo, analisa a situação, compara com estímulos armazenados e identifica a informação. Depois de analisar, o SNC decide qual é a melhor maneira de executar a ação de acordo com as ações que tem na memória e, enfim, envia a Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 17 programação da resposta para que a ação seja executada. A memória é consequência da repetição de uma ação. Quanto mais se repete uma ação, mais rápida e precisa é a resposta. 3.6. REFLEXOS MEDULARES O reflexo medular é a resposta muscular a um estímulo que é processada sem a interferência dos centros superiores do SNC. Ele tem um período de latência inferior ao da resposta voluntária processado nos centros superiores. Os reflexos monossimpáticos têm um período de latência de 25 a 30ms; os reflexos com mais de uma sinapse têm latência de 50 a 80ms; as respostas processadas nos centros superiores do SNC têm latência acima de 100ms. O treino altera a resposta reflexa, fazendo com que o movimento seja mais eficiente. Para que esse processo aconteça de forma correta, é preciso que o músculo esteja em sua correta posição anatômica, e tenha sua estrutura neurofisiológica intacta. Lesões neuromusculares, inatividade, idade e falta de propriocepção interferem negativamente no processo de reflexo muscular. 3.6.1. Reflexo miotático / Fuso neuromuscular Os fusos neuromusculares (FNM) são receptores no interior do músculo constituídos por fibras intrafusais. Possuem, em sua extremidade, proteínas contráteis, e, em sua parte central, receptores sensíveis ao alongamento muscular, que são inervados por fibras aferentes Ia ou II. O estiramento de um músculo excita sua fibra intrafusal, gerando o reflexo miotático: uma contração reflexa desee músculo e o relaxamento de seu antagonista. As fibras intrafusais aferentes Ia e II são responsáveis por mecanismos distintos, mas complementares. As fibras Ia fornecem informações sobre movimentos rápidos e Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 18 precisos, enquanto as fibras II fornecem informação sobre a posição e movimentos lentos. As extremidades contráteis do fuso neuromuscular são inervadas por motoneurônios gama. A ação desse motoneurônio mantém a contração da extremidade do fuso neuromuscular, produzindo um grau de estiramento da fibra intrafusal, determinando o limiar do reflexo miotático, controlando o tônus muscular, e mantendo o comprimento muscular adequado. 3.6.2. Reflexo miotático inverso / Órgão tendinoso de Golgi Os órgãos tendinosos de Golgi (OTG) são receptores sensíveis à contração muscular, localizados nas extremidades dos tendões e inervados por fibras aferentes Ib. A contração intensa de um músculo estimula a fibra Ib que provoca o relaxamento desse músculo e a contração de seu antagonista. É o chamado reflexo miotático inverso, que funciona como feedback para a tensão muscular. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 19 4. PERÍNEO 4.1. BIOMECÂNICA A pelve é responsável pela transferência do peso do tronco para os membros inferiores. Sua biomecânica pode ficar comprometida devido às alterações posturais e não apenas devido a fraqueza muscular. A estabilidade lombo pélvica depende da integridade do sistema osteoligamentar, do sistema muscular e do sistema nervoso. Em posição ortostática, os órgãos pélvicos devem estar sustentados pela musculatura do períneo. Com o aumento da pressão intra-abdominal, esses órgãos são empurrados em sentido caudal, necessitando da atuação de seus ligamentos para permanecerem em sua posição correta. O estiramento muscular do períneo, causado pelo aumento súbito da pressão abdominal, gera um reflexo miotático de contração dessa musculatura (reflexo da tosse), aumentando o suporte muscular ao esforço, e evitando a sobrecarga sobre os ligamentos. A perda desse reflexo e a fraqueza muscular diminuem o suporte e aumentam o hiato urogenital, predispondo ao aparecimento de prolapsos genitais e da incontinência. Exercícios e atividades que aumentam a pressão intra-abdominal podem ser prejudiciais para o períneo, principalmente se esses músculos estiverem fracos, seja por disfunções neuromusculares, ou pós-operatório e pós-parto. Fala-se muito da ação negativa dos exercícios abdominais sobre o períneo, mas, por o períneo fazer parte do sistema de sustentação e ser responsável pela transferência do peso do tronco para os membros inferiores, dificilmente encontraremos um exercício que não tenha ação sobre esses músculos. Com o treino, podemos programar uma pré-contração da musculatura do períneo sempre que formos realizar uma ação que aumente a pressão intra-abdominal. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 20 A anteriorização da pelve aumenta a circunferência pélvica, sobrecarregando o sistema de sustentação, mas é uma excelente postura para o parto normal. A hiperlordose aumenta a pressão sobre a parede posterior da vagina e sobre o ligamento útero-sacro, predispondo aos prolapsos da parede posterior. A retificação da lordose aumenta a pressão sobre a parede anterior da vagina e do ligamento úraco, predispondo aos prolapsos da parede anterior. Exercícios de báscula ajudam a manter a correta sinergia desses músculo e a mobilidade pélvica. A posição de cócoras é muito boa para o alongamento da musculatura do períneo. 4.2. FUNÇÃO A contração do períneo resulta em um movimento crânio-frontal, elevando os órgãos pélvicos e fechando o hiato urogenital. É responsável pelo fechamento da uretra, vagina e ânus, promovendo a continência urinária e fecal. O períneo faz parte do sistema de sustentação da bexiga, do útero e do reto, e participa da função reprodutiva e sexual. Esses músculos também são responsáveis pela estabilidade da articulação sacro-ilíaca e do tronco. O períneo, assim como outros músculos de sustentação, deve sempre ter uma atividade muscular para manter a correta posição dos órgãos pélvicos sem sobrecarregar os ligamentos, e manter a continência urinária e fecal ao repouso. É preciso que esses músculos estejam em sua posição anatômica correta e que tenham sua estrutura neuromuscular intacta para que exerçam a sua função. O aumento da pressão intra-abdominal causa um maior estresse no sistema de sustentação do pavimento pélvico, movendo o períneo em sentido caudal. A musculatura do períneo, quando está saudável, contrai reflexamente em resposta a esse estímulo, aumentando a força de suporte dos órgãos pélvicos e fechando o hiato Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 21 urogenital, contribuindo, assim, para a manutenção do sistema de continência e de suporte aos esforços. A fraqueza do períneo resulta no períneo descendente, diminuindo o suporte dos órgãos pélvicos, aumentando a abertura do hiato urogenital, predispondo ao prolapso dos órgãos pélvicos e a incontinência urinária de esforço. Os exames mostram que as mulheres com prolapso têm uma maior abertura do hiato urogenital. O bom funcionamento da musculatura do períneo está relacionado ao estrógeno. Durante a amamentação, na segunda fase do ciclo menstrual e na menopausa, há uma diminuição do nível desse hormônio, podendo ser causa das disfunções do períneo. Mulheres, após a menopausa, são mais suscetíveis a terem problemas urinários, defecatórios, sexuais e prolapsos genitais. 4.3. FISIOLOGIA 4.3.1. Micção A bexiga é formada por uma musculatura lisa, disposta por fibras sem orientação definida, formando uma rede que se contrai homogeneamente. Os feixes musculares do detrusor são separados por um tecido elástico e colágeno que permite à bexiga encher-se sem alterar muito a sua pressão intra-vesical. A isso chama-se complacência vesical. A micção envolve uma complexa atividade do sistema nervoso central e periférico. O trato urinário inferior é inervado perifericamente pelo sistema nervoso somático, parassimpático e simpático. A inervação somática tem origem em S2-S4 e, através do nervo pudendo, inerva o esfíncter uretral estriado. A inervação simpática tem origem em T10-L2 e, através do nervo hipogástrico, inerva a bexiga e o esfíncter Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 22 uretral liso. A inervação parassimpática tem origem em S2-S4 e é conduzida pelas fibras do nervo pélvico até à bexiga. Há evidências de que o esfíncter uretral estriado também receba inervação autônoma. Na fase de esvaziamento, há uma inibição do sistema nervoso simpático e a ação do sistema nervoso parassimpático é responsável pela contração do detrusor e relaxamento do esfíncter uretral. Quando a pressão intra-vesical ultrapassa a pressão uretral a urina é eliminada. Durante a fase de enchimento, o sistema nervoso simpático age inibindo a contração do detrusor e promovendo a contração do esfíncter uretral interno. Através do sistema nervoso somático, a contração voluntária do períneo aumenta a pressão de fechamento uretral e inibe a ação do sistema nervoso parassimpático, contribuindo para a continência urinária. A primeira sensação de urinar acontece com cerca de 200ml, quando o aumento da pressão intra-vesical estira a parede da bexiga, estimulando os receptores de pressão. Esse estímulo pode ser inibido pelo sistema nervoso somático com a contração da musculatura do períneo. Quando o volume de urina chega entre 350 a 500ml, a capacidade vesical máxima é atingida, e a ação do sistema nervoso simpático é inibida pelo córtex cerebral, ativando o sistema nervoso parassimpático. 4.3.2. Defecação Na maior parte do tempo, o reto não contem fezes. Isso acontece devido ao esfíncter que há entre o reto e o sigmóide, e ao ângulo anorretal, formado pelo elevador do ânus. Quando há entrada de fezes no reto, o aumento da pressão da parede retal desencadeia o reflexo intrínseco da defecação, promovendo movimentos peristáltico que leva as fezes em direção ao ânus. A pressão das fezes no ânus Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 23 desencadeia o reflexo mioentérico que relaxa o esfíncter anal interno, ficando o esfíncter anal externo responsável pela contenção das fezes. Outros reflexos que aumentam os movimentos peristálticos são o ortocólico, que acontece ao acordar e ficar em pé; e o reflexo gastrocólico, que acontece quando ingerimos algum alimento. Assim como na micção, o sistema nervoso simpático é responsável pela fase de enchimento, contraindo o esfíncter anal interno. A contração do esfíncter anal externo é feita pelo sistema nervoso somático, sendo também responsável pela contenção das fezes e pela inibição do sistema nervoso parassimpático. O sistema nervoso parassimpático é responsável pelos movimentos peristálticos e reflexos da defecação. 4.3.3. Sexualidade O ser humano é a única espécie que tem relações sexuais fora do período fértil, o que demonstra a sua liberdade sexual. A resposta sexual foi primeiramente dividida por Masters and Johnson (1966) em 3 fases: desejo, excitação e orgasmo. Hoje entende-se que a sexualidade depende de fatores físicos, psicológicos, neurológicos e endócrinos. Basson (2001) propôs um novo modelo para o ciclo da resposta sexual em que nem sempre todas as fases do ciclo precisam estar presentes, e que não há uma fase determinante para o começo do ciclo. Nesse novo modelo, considera-se que a satisfação sexual pode não estar diretamente ligada ao orgasmo, isto é, pode-se ter uma relação sexual satisfatória mesmo quando não se atinge o orgasmo. Também considera-se que o desejo sexual não precisa ser espontâneo. O ato sexual pode começar por se querer proximidade com o parceiro, ou por outras razões, e que o desejo pode ser consequência dos Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 24 estímulos gerados pelo ato sexual. Nesse caso, desejo e excitação podem ser considerados uma mesma fase. O desejo está ligado à atração, é desejar sexualmente o parceiro. Essa fase é cognitiva e não precisa ter alterações físicas. Quanto mais prazerosa é uma experiência, mais a queremos repetir. O desejo aumenta à medida que sentimos mais prazer com o que fazemos. A excitação é controlada pelo sistema nervoso parassimpático. Desencadeia uma combinação de sinais objetivos e subjetivos, preparando o corpo para a relação sexual. Sinais e sintomas da excitação: Tumescência genital Dilatação dos dois terços superiores da vagina Lubrificação vaginal Ereção do pénis ou clitóris Ereção dos mamilos Aumento da frequência cardíaca e respiratória Aumento da sensibilidade genital Vasodilatação Prazer Desejo O orgasmo é controlado pelo sistema nervoso simpático. Nessa fase, acontece o pico de prazer com as seguintes respostas físicas e cognitivas: Alteração da consciência Contração do períneo, do útero e da próstata Vasoconstrição Sensação de bem-estar e felicidade Como já foi dito anteriormente, a contração da musculatura do períneo inibe a ação do sistema nervos parassimpático. As mudanças que acontecem durante a excitação estão sobre a ação do sistema nervoso parassimpático. Para que haja a lubrificação, a ereção e as outras mudanças necessárias para o ato sexual, é preciso Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 25 que a musculatura do períneo esteja relaxada. Por outro lado, a fase do orgasmo é controlada pelo sistema nervoso simpático. Sendo assim, a contração do períneo estimula o orgasmo. 4.4. DISFUNÇÕES DO PERÍNEO As disfunções do períneo estão ligadas ao sistema urinário, defecatório, sexual, à sustentação e à dor. Essas queixas geralmente são acompanhadas por disfunções de mais de um desses sistemas, por isso é importante que durante a avaliação, investiguese sobre a micção, defecação, sexualidade e dor. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 26 4.4.1. Incontinência Urinária (IU) Segundo a International Continence Society (ICS), in 4th International Consultation on Incontinence (2009), a incontinência urinária é a perda involuntária de urina, havendo três tipos de incontinência urinária mais conhecidos: Incontinência urinária de esforço (IUE) é a perda involuntária de urina aos esforços, tosse ou espirro. Incontinência urinária de urgência (IUU) é a perda involuntária de urina precedida por uma urgência urinária. Incontinência urinária mista (IUM) é a perda involuntária de urina associada ao esforço e a urgência. A IU pode ser causada por fatores intrínsecos (mecanismo de fechamento da uretra, mecanismos de sustentação da uretra e estabilidade lombopélvica), e por fatores extrínsecos (motores, musculares e hábitos de vida). Fatores motores Disfunção do pavimento pélvico Alterações posturais Patologias pulmonares Fatores musculares Diminuição mobilidade Diminuição da força Diminuição da resistência Hábitos de vida: Sedentarismo Tosse crónica Inadequada ingesta de líquido Atividades que aumentem a pressão intra-abdominal Tabagismo Ingesta de cafeína, álcool, chá Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 27 De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a incontinência urinária atinge mais de 200 milhões de pessoas no mundo e é considerada um problema de saúde pública. É difícil fazer uma análise da sua incidência, pois ainda é considerada por alguns pacientes como evolução normal da idade. Esses pacientes não se sentem à vontade para relatar aos seus médicos sobre a perda de urina. Muitas vezes só procuram tratamento quando essa patologia já está em um grau mais avançado e interfere em suas atividades de vida diárias. A sociedade moderna e o aumento da expectativa de vida fizeram com que as pessoas se preocupassem com a qualidade de vida e o bem-estar, procurando soluções práticas para seus problemas. As mulheres estão mais ativas na sociedade e a IU já não tem sido vista como uma consequência natural da idade. 4.4.2. Incontinência Anal (IA) A incontinência anal é qualquer perda involuntária de flatos ou fezes. 4.4.3. Prolapsos dos Órgãos Pélvicos (POP) O prolapso urogenital é a descida da parede anterior, da parede posterior e/ou do ápice da vagina Prolapso do ápice da vagina é a descida do útero ou da cúpula vaginal Prolapso da parede anterior da vagina é a descida da bexiga e/ou da uretra Prolapso da parede posterior da vagina é a descida do fundo de saco de Douglas e/ou do reto 4.4.4. Algias Pélvicas É uma dor recorrente e persistente na pelve: fossas ilíacas, vagina, segmento anorretal, região lombossacra e região periumbilical. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 28 4.4.5. Disfunções Sexuais (DS) Segundo o 3º International Consultation on Sexual Dysfuntion, Paris, 2010, esta são as disfunções sexuais. Femininas: Disfunções do desejo: diminuição ou ausência de desejo sexual, fantasia sexual ou pensamento sexual o Aversão: ansiedade ou repúdio ao ato sexual Disfunções da excitação: diminuição ou ausência das repostas psicológicas ou fisiológicas que preparam o corpo para o ato sexual Excitação persistente: resposta genital indesejada na ausência de desejo Disfunção do orgasmo: diminuição ou ausência de orgasmos; diminuição da intensidade dos orgasmos; dificuldade em atingir o orgasmo Dispareunia: dor ou desconforto persistente ou recorrente durante a penetração vaginal o Vaginismo: persistente ou permanente dificuldade em permitir a introdução do pênis, ou qualquer outro objeto na vagina, embora haja desejo de fazê-lo Masculinas: Disfunções do desejo: diminuição ou ausência de desejo sexual, fantasia sexual ou pensamento sexual o Aversão: ansiedade ou repúdio ao ato sexual Disfunção erétil: consistente ou recorrente inabilidade em manter uma ereção suficiente para uma relação sexual, que dura há mais de 3 meses Ejaculação prematura: a ejaculação ocorre sempre, ou quase sempre, mais cedo que o desejado; antes da penetração ou logo após. Incapacidade de adiar a ejaculação causando, frustração e fazendo com que haja aversão ao ato sexual Não-ejaculação: ausência de ejaculação durante o orgasmo Disfunção do orgasmo: diminuição ou ausência de orgasmos; diminuição da intensidade dos orgasmos; dificuldade em atingir o orgasmo Dispareunia: dor durante a relação sexual *Segundo esses autores, essas são as definições mais aceitas, mas não há evidências suficientes para efetivamente definir ejaculação prematura. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 29 5. QUALIDADE DE VIDA Disfunções do pavimento pélvico causam problemas que afetam a qualidade de vida pessoal, familiar e social. Os pacientes sentem vergonha dessas patologias e há um grande tabu sobre o assunto. Pacientes com IU sofrem com sintomas que os deixam inconfortáveis, embaraçados e socialmente afastados; sua autoestima e autoimagem ficam profundamente abaladas com a sensação de estarem molhados, pelo odor e pelo uso de absorventes. A IU também causa irritação na pele, angústia, depressão e irritabilidade. É uma doença crônica que, se não for tratada, tem tendência de piorar com o tempo. Mulheres incontinentes passam menos tempo caminhando, trabalhando, convivendo com a família e amigos; despendem grande parte do seu tempo com cuidados de higiene levando a perda da independência e autocontrole. As pacientes adotam estratégias que incluem o uso de roupas escuras para esconder as manchas de urina, evitam intimidade sexual, reduzem a ingestão de líquido, praticam menos atividade física, e estão sempre preocupadas em localizar um banheiro. Assim como na incontinência urinária, os pacientes com incontinência fecal têm sua qualidade de vida muito afetada, isolando-se socialmente, pois têm vergonha da doença e medo de estarem longe da casa de banho. Evitam contato sexual, apresentam grande índice de depressão e baixa autoestima. Mulheres com prolapso genital sentem-se menos capazes fisicamente e, sexualmente, menos atraentes. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 30 6. REABILITAÇÃO PERINEAL O tratamento conservador para as patologias do períneo pode ser qualquer um, desde que não envolva medicamentos ou cirurgia. Os principais são a mudança no estilo de vida e fisioterapia. Esses tratamentos geralmente têm baixo custo, baixo risco de efeitos adversos e não prejudicam os tratamentos subsequentes. Segundo orientação da International Continence Society, o profissional de saúde deve informar o paciente sobre a patologia, sobre todas as alternativas de tratamento e sobre os riscos de cada um deles. Ainda de acordo com a ICS, o a fisioterapia é indicada como tratamento inicial para as disfunções do pavimento pélvico. Deve ter uma duração de 8 a 12 semanas. É, também, indicado para a prevenção dessas patologias. Os exercícios para a musculatura do períneo são praticados pelos Taoístas, na China, há mais de 6 mil anos. Margaret Morris foi quem introduziu essa técnica pela primeira vez no meio médico em 1936, mas apenas na década de 40 ficou famosa após o trabalho do Dr. Arnold Kegel, sendo até hoje conhecida como os exercícios de Kegel. O tratamento deve ser feito com instrução e supervisão de um profissional da saúde. Estudos mostram que pacientes que foram acompanhadas pelo fisioterapeuta tiveram melhores resultados no tratamento do que as que apenas foram instruídas a fazer os exercícios sozinhas. As maiorias dos pacientes se consideram satisfeitos com o resultado do tratamento de fisioterapia. É essencial para o sucesso do tratamento que o paciente esteja motivado e que haja acompanhamento da sua evolução. O paciente deve estar ciente de que, para se manterem as alterações conseguidas com a reabilitação perineal, é preciso fazer os exercícios regularmente e dar continuidade ao treino após o fim do tratamento. O fisioterapeuta deve dar claras instruções aos pacientes sobre os exercícios que devem Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 31 ser feitos em casa. Um programa de exercício de alta intensidade e alta frequência é menos seguido pelas pacientes. Os tratamentos das patologias do períneo devem visar à melhora dos sintomas e também à melhora da qualidade de vida. É importante que se formem equipes multidisciplinares para essas práticas. 6.1. TIPOS DE TRATAMENTO 6.1.1. Cinesioterapia (Exercícios de Kegel) Arnold Kegel ficou conhecido por constatar que exercícios para a musculatura do períneo eram benéficos no tratamento para a incontinência urinária e para os prolapsos genitais. São sinônimo de cinesioterapia perineal e, como tal, é base para o tratamento de fisioterapia. Podem ser associados a movimentos de báscula, exercícios hipopressivos, biofeedback, eletroestimulação, entre outros. 6.1.2. Biofeedback (BFB) O biofeedback é uma resposta visual ou auditiva no exato momento de uma ação que permite uma constante correção do movimento ou adaptação a este. Essa técnica envolve o sistema cognitivo e facilita o aprendizado da contração e relaxamento corretos da musculatura do períneo. A visão é a melhor informação sensorial para a detecção dos erros do movimento, dando maior ajustamento na correção automática do movimento. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 32 O biofeedback pode ser realizado através de uma sonda vaginal ou anal que pode identificar a contração através da variação da força, da pressão ou da eletromiografia. A palpação também pode ser uma forma de biofeedback. Os valores obtidos com medidores da pressão da musculatura do períneo nos dão uma relação direta com sua força, e podem ser comparados com outros pacientes. Esses equipamentos estão menos sujeito a interferências com o meio e o posicionamento da referida sonda é menos sensível às mudanças de posição da paciente. Na eletromiografia, os valores nos indicam a atividade muscular e não são diretamente proporcionais à força, portanto mais complexos para verificar a evolução do tratamento e comparar com um padrão de normalidade. No entanto, a eletromiografia é muito útil para as pesquisas, principalmente quando podemos utilizar em conjunto com exames de imagem. A eletromiografia também é muito útil quando o objetivo é o treino do relaxamento e quando o paciente tem um grau muito pequeno de força. 6.1.3. Eletroestimulação (EE) A electroestimulação é usada para o tratamento da incontinência urinária desde 1952, sendo feita por sonda vaginal após 1967. Essa técnica utiliza pulsos elétricos que excitam nervos periféricos e tecido muscular, promovendo a contração da musculatura lisa e estriada. A onda é um evento elétrico isolado, separado por um tempo finito do próximo evento. De acordo com o formato, pode ser retangular, quadrado, triangular, trapezoide, sinusoidal e exponencial. As ondas também podem ser monofásicas (quando existe somente um semiciclo positivo ou negativo) ou bifásicas (quando faz um ciclo completo, podendo ser simétrica ou assimétrica). Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 33 Amplitude: magnitude máxima de oscilação da onda Largura de pulso/comprimento da onda: distância entre o começo e o fim de um pulso, medido em segundos Período: tempo entre o começo e o fim de um pulso, medido em segundos A corrente elétrica é o fluxo ordenado de carga através da matéria. Corrente contínua: fluxo contínuo e unidirecional de partículas carregadas; o sentido não varia, é negativa ou positiva. Tem a polaridade fixa. Corrente alternada: fluxo contínuo e bidirecional de partículas carregadas, ora é positiva ora é negativa. Tem a polaridade variada. o Simétrica o Assimétrica Corrente pulsada/interrompida: fluxo uni ou bidirecional de partículas carregadas que periodicamente param por um período finito capaz de proporcionar o relaxamento muscular, a unidade elementar é o pulso. o Corrente pulsada contínua/monofásica o Corrente pulsada alternada/bifásica Corrente pulsada alternada simétrica Corrente pulsada alternada assimétrica Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 34 Corrente Exemplo Alternada bifásica simétrica (mais segura) Tens FES Corrente russa Interferencial Função Aplicação de medicamento (iontoforese) Hiperemia Vasodilatação Analgesia Contração muscular Aumento da força Aumento do fluxo sanguíneo Alternada bifásica assimétrica Só no Tens Analgesia Alternada monofásica Farádica Diadinâmica Contração muscular Contínua/direta/ constante Correntes galvânicas (podem fazer lesão na derme) A frequência de uma corrente é o número de pulsos em um período de tempo, medido em hertz (Hz) Baixa frequência Até 1`000 Hz (clínico 1 a 200 Hz) Média frequência 1`000 – 10`000 Hz (clínico 2`000 a 4`000Hz) Alta frequência Acima de 10`000 Hz Galvânica, farádica, diadinâmica, TENS, FES Interferencial, corrente russa, FES Ondas curtas, micro-ondas, ultra-som Espasmo muscular isolado Espasmo muscular e contração A escolha da corrente deve ser baseada no objetivo do tratamento, respeitando a neurofisiologia muscular bem como o estado saudável do músculo. Os músculos desnervados devem ser estimulados com baixa intensidade e com pulsos de longa duração (maior que 100ms), sem provocar contração muscular para evitar a lesão das fibras que estão sendo reabilitadas, e a perda das novas placas motoras. Para a reabilitação perineal utilizamos correntes pulsadas de baixa frequência, ou média modulada em baixa frequência, sempre apolares para evitar lesões cutâneas. Na electroestimulação, todas as unidades motoras são recrutadas ao mesmo tempo, não sendo possível isolar as fibras lentas das rápidas e, ao contrário da Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 35 contração voluntária, na eletroestimulação as fibras rápidas são recrutadas primeiro. O que diferencia o trabalho das fibras lentas e rápidas nesse tratamento é a frequência da onda e o tempo de trabalho e repouso selecionado. Durante a aplicação da corrente excitomotora, deve-se aumentar a intensidade gradativamente, prestando muita atenção à resposta da contração muscular. Um aumento brusco da intensidade pode causar lesão da fibra muscular e das placas motoras. A intensidade da corrente vai aumentando sem que haja nenhuma resposta muscular. Quando o limiar de ação é atingido, começa a contração muscular e a força cresce rapidamente até chegar à força máxima, quando todas as unidades motoras já estão sendo recrutadas. A estimulação elétrica causa despolarização das fibras nervosas aferentes, dos motoneurônios e das fibras musculares. O motoneurônio tem um limiar de ação mais baixo e maior velocidade de condução que as fibras nervosas eferentes nociceptivas, por isso é possível promover a contração muscular sem causar dor. A eletroterapia mantém o estado fisiológico da célula para que seja formada uma nova placa motora. Quanto antes começar o tratamento, melhores são os resultados, principalmente nos casos de lesão nervosa periférica, como acontece na prostatectomia radical. Esse tratamento promove a reinervação, a propriocepção e a percepção da musculatura, aumenta a força muscular, diminui a dor, edemas, aumenta a irrigação sanguínea e proporciona a facilitação, desenvolvendo uma memória de resposta. A eletroestimulação recruta mais unidades motoras que uma contração muscular voluntária. Fazendo essa contração de forma síncrona, isto é, todas as unidades motoras são contraídas ao mesmo tempo, tendo um dispêndio maior de energia. Na contração voluntária máxima, apenas 60% das unidades motoras são Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 36 recrutadas, e de uma forma assíncrona. A corrente interferencial produz uma contração assíncrona, portanto mais parecida com a contração voluntária. A eletroestimulação pode ser utilizada para avaliar e normalizar a sensibilidade, principalmente no pós-parto, quando há episiotomia e a paciente relata uma diminuição da sensibilidade no lado da cicatriz. Essa técnica também pode ser utilizada para a analgesia e no tratamento da incontinência urinária de urgência. Nesse caso são utilizadas correntes contínuas. A eletroterapia não deve ser utilizada indiscriminadamente, sendo preciso ter cuidado e dar orientações precisas para as pacientes que fazem esse tratamento em casa. Uma alta intensidade da corrente pode levar a lesão da fibra muscular e nervosa. A eletroterapia gera uma contração com maior dispêndio de energia, levando o músculo à fadiga com mais facilidade e não é uma contração muscular fisiológica, podendo alterar o padrão da contração muscular. Algumas correntes podem fazer reações dérmicas e até provocar queimaduras. Seu efeito pode ser influenciado pela pilosidade da pele, pela sujeira ou oleosidade, pelo uso excessivo de gel condutor. Tabela com referências para a eletroterapia Frequência (Hz) Largura de pulso (μs) Fibra I 20 500 Fibra II 70 100 Inibição 5 100 100 100 Analgesia Tempo de trabalho / estímulo (s) 10 6 --------- Tempo de repouso (s) Tempo tratamento 10 15 min 12 10 min Contínua (não há repouso) Contínua (não há repouso) 20 min 20 min Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 37 6.1.4. Cones vaginais Os cones vaginais foram introduzidos por Plevnik em 1985. O mais comum é um kit com 5 cones do mesmo formato e tamanho com peso diferente: 20g, 32g, 45g, 57g, 70g. Primeiro a paciente deve ser avaliada e deve começar o tratamento com o cone mais pesado que conseguir segurar durante a avaliação e, gradualmente, evoluir para o cone mais pesado. O cone é colocado na vagina da paciente como se fossem um absorvente interno e a paciente deve fazer exercícios em ortostatismo para que o peso seja sustentado pela musculatura do períneo. É um excelente acessório para a hipertrofia muscular e/ou para as pacientes continuarem o tratamento em casa. 6.1.5. Massagem perineal e massagem cicatricial A massagem perineal tem o objetivo de promover o relaxamento e alongamento muscular. É indicada no pré parto para dar mais elasticidade à musculatura do períneo e facilitar o parto e também pode ser utilizada nos casos de contratura da musculatura, trigger points ou dificuldade de relaxamento. A massagem cicatricial é muito útil no pós-parto ou pós-operatório para melhorar o processo cicatricial e prevenir o aparecimento de fibrose. Nos casos em que há fibrose, é possível tratá-la com excelentes resultados. 6.2. OBJETIVOS O primeiro objetivo que o fisioterapeuta deve ter quando faz a reabilitação perineal é o aumento da percepção perineal e o ensino da contração e do relaxamento desses músculos. Estes, geralmente, não são contraídos conscientemente nas atividades de vida diária, e é difícil, para alguns pacientes, realizar esse movimento Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 38 da maneira correta. O ensino correto da contração determina o sucesso do tratamento. A reabilitação perineal visa ao aumento da força máxima, da endurance, da resposta reflexa, do relaxamento, do alongamento, da propriocepção e da normalização do tônus muscular; também tem o objetivo de tratar as algias pélvicas e melhorar o processo cicatricial. É fundamental uma avaliação minuciosa para determinar os melhores objetivos para cada tratamento. Nas patologias relacionadas ao sistema de sustentação e continência, o principal objetivo é o aumento da força, da endurance e dos reflexos. Nas obstipações intestinais, algias pélvicas, dispareunias e preparação para o nascimento, temos que ter muita atenção ao alongamento e relaxamento desses músculos. A musculatura do períneo faz parte dos músculos de sustentação e é responsável pela estabilidade pélvica. Em alguns casos, é necessário que se faça uma reabilitação postural para complementar o tratamento de reabilitação perineal. 6.3. TRATAMENTOS 6.3.1. Reabilitação Perineal na Incontinência Urinária A reabilitação perineal e mudanças no estilo de vida devem ser a primeira opção de tratamento para a IU, sendo indicada também para a sua prevenção. Nesse tratamento, utilizamos técnicas que aumentem a força, a resistência muscular, o reflexo, e normalize o tônus da musculatura do períneo. Treinamos a contração aos esforços, principalmente nas situações que são referidas como maior causa da perda de urina. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 39 Para a incontinência urinária de urgência, adicionamos técnicas que podem inibir a contração do detrusor, tais como as correntes elétricas inibitórias e a contração da musculatura do períneo, para inibir o sistema nervoso parassimpático. As mudanças no estilo de vida podem ser a adequada ingestão de líquidos, evitar alimentos que estimulem a diurese, ensinar que esses músculos fazem parte do sistema de sustentação e devem ter sempre uma contração. Essa contração deve ser mais forte à medida que se aumenta a pressão intra-abdominal. Deve-se evitar movimentos que aumentem excessivamente essa pressão. Devemos treinar o intervalo para de micção. O normal é ir à casa de banho de 6 a 8 vezes durante o dia e, no máximo, uma durante o sono. É preciso ensinar a correta posição para urinar, quando a musculatura do períneo deve estar relaxada e a eliminação da urina se dê apenas pela contração do detrusor. A incontinência urinária causada pela prostatectomia pode ser tratada com a reabilitação perineal visto que é consequência de uma lesão nervosa periférica sendo utilizadas as mesmas técnicas de reabilitação que são utilizadas nas outras patologias. A diferença é que no homem utiliza-se uma sonda anal. 6.3.2. Reabilitação Perineal na Incontinência Anal Assim como para a incontinência urinária, a reabilitação perineal aumenta a força de fechamento do esfíncter anal, sendo indicada, também, para o tratamento da incontinência anal. O tratamento da incontinência anal pode ser mais demorado que o da incontinência urinária, e pode não ter o mesmo sucesso, quando sua causa é uma lesão da fibra muscular do esfíncter anal liso. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 40 6.3.3. Reabilitação Perineal nos Prolapsos Genitais Mulheres com prolapso têm menor força de contração da musculatura do períneo e uma maior abertura do hiato urogenital. A reabilitação perineal pode ser tratamento dos prolapsos quando estão em sua fase inicial, ou pode ser um complemento ao tratamento cirúrgico, tanto no pré quanto no pós-operatório. Assim como nas incontinências, a reabilitação para o tratamento de prolapsos visa ao aumento da força, da resistência, do reflexo e da normalização do tônus da musculatura do períneo; treinamos a contração aos esforços e recomendamos que o períneo sempre tenha uma contração para poder cumprir sua função de sustentação sem sobrecarregar os ligamentos. Utilizamos as mesmas técnicas utilizadas para o tratamento das incontinências visto, que a ação do períneo resulta em apenas um movimento e a reabilitação muscular ser desenvolvida através dessa ação. 6.3.4. Reabilitação Perineal no Pré Parto O trabalho do fisioterapeuta no pré e pós-parto vai muito além do períneo, mas neste módulo apenas abordaremos os aspetos da reabilitação perineal a fim de tratar e prevenir as disfunções do períneo. Em todos os tratamentos, o fisioterapeuta deve estar em contato com o médico especialista e os outros profissionais que seguem a paciente, para que a eficiência seja maior. No pré e pós-parto, o contato com o obstetra é imprescindível e, se houver indicações, o tratamento deve ser interrompido ou alterado. Durante a gravidez, há o aumento do útero que, em uma mulher não grávida, pesa cerca de 50 gramas; no fim da gravidez, chega a pesar cerca de 5kg ou mais. Esse aumento de peso, aliado às alterações biomecânicas e hormonais, faz uma sobrecarga Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 41 excessiva sobre o sistema de sustentação, sendo indicado a reabilitação desses músculos antes de engravidar, ou no começo da gravidez, para prevenir futuras disfunções do períneo. As pacientes que procuram a fisioterapia já no segundo trimestre podem não alcançar a hipertofia muscular. São necessárias de 8 a 12 semanas para que o músculo tenha as alterações metabólicas responsáveis por essas alterações, que acontecerão, efetivamente quando o tratamento é feito com sobrecarga. Para o tratamento durante a gravidez pode-se utilizar o biofeedback, mas nunca a eletroterapia na musculatura do períneo. Visando preparar o períneo para o parto normal é necessário ensinar a mulher a relaxar e alongar essa musculatura, sendo utilizadas, para isso, técnicas de relaxamento e respiração, posturas para o alongamento do períneo, movimento de báscula e massagem perineal. Também é muito importante ensinar as técnicas de expulsão. A dilatação é um processo fisiológico passivo no caso do trabalho de parto mediado por hormônios; ela acontece com a musculatura lisa: o colo do útero. A musculatura estriada precisa de uma ação mecânica para alterar seu comprimento e, se as fibras desses músculos não tiverem a elasticidade suficiente, elas rompem durante esse processo. 6.3.5. Reabilitação Perineal no Pós-Parto No pós-parto, a paciente pode começar a fisioterapia depois de ir à consulta de revisão e o obstetra autorizar o começo da reabilitação. O retorno às relações sexuais é um indicativo que se pode começar o tratamento. Tanto as mulheres que fizeram cesariana quanto as que fizeram parto normal devem fazer a reabilitação perineal. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 42 As mudanças hormonais e biomecânicas da gravidez, e não apenas o parto normal, são uma das causas das disfunções do períneo. Para o fortalecimento perineal no pós-parto são utilizadas as mesmas técnicas de fortalecimento usadas para o tratamento das incontinências e prolapsos. Deve-se avaliar a cicatriz da episiotomia, da laceração ou da cesariana. Pode-se utilizar massagem perineal e cicatricial pra uma melhora do processo cicatricial e para liberar fibrose. Também é muito importante questionar sobre a sexualidade e verificar a presença de dispareunia, que pode ser consequência de lesões decorridas pelo parto ou pela falta de lubrificação devido à amamentação. Nesses casos, é preciso treinar o alongamento e relaxamento e indicar o uso de lubrificantes. 6.3.6. Reabilitação Perineal nas Disfunções Sexuais As disfunções sexuais podem ter origem orgânica, psicológica ou física. Sendo assim, o tratamento para as disfunções sexuais é muito mais complexo que os outros tratamentos. Na maioria das vezes são fatores associados e não isolados que levam à disfunção sexual. É imprescindível que se trabalhe em uma equipe multidisciplinar. A fisioterapia é responsável pelo tratamento das causas físicas dessas disfunções. O aumento da percepção corporal e perineal é a base do tratamento para as disfunções sexuais. O controle sobre esses músculos melhora a qualidade de vida sexual e torna a relação sexual um ato mais prazeroso. A hipertrofia do bulboesponjoso deixa o canal vaginal mais fechado, o que aumenta o contato do pênis com a vagina durante a penetração. O aumento da irrigação sanguínea e a hipertrofia do bulboesponjoso e isquicavernoso melhoram a Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 43 ereção e o suporte do pênis e do clitóris. As alterações neuromusculares e metabólicas aumentam a sensibilidade da região perineal. O ensino do relaxamento do períneo favorece a atuação do sistema nervoso parassimpático, promovendo as alterações da fase da excitação, retardando o orgasmo e fazendo com que a penetração não seja um ato doloroso. O alongamento e a massagem servem como tratamento das algias causadas por contração muscular ou lesões. A contração do períneo inibe o sistema nervoso parassimpático e favorece a atuação do sistema nervoso simpático, promovendo o orgasmo. A reabilitação do nervo pudendo pode ser uma forma de tratamento para a disfunção erétil, causada pelo tratamento do câncer da próstata. Assim como na incontinência, são utilizadas as mesmas técnicas de reabilitação perineal nos homens e nas mulheres; a diferença é que no homem utiliza-se uma sonda anal. 6.3.7. Reabilitação Perineal nas Algias Pélvicas Existem várias causas para as algias pélvicas e não é simples chegar a um diagnóstico. No que diz respeito ao sistema músculo esquelético, a hiperatividade ou o não relaxamento do períneo podem ser uma dessas causas; técnicas de relaxamento, alongamento e massagem perineal são indicadas nesses casos. É muito importante verificar alterações posturais. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 44 7. HIGIENE ÍNTIMA Uma adequada higiene da área anogenital é fundamental para manter essas estruturas saudáveis e prevenir infecções, dermatites, doenças sexualmente transmissíveis e, até mesmo o câncer. A região anogenital tem um pH ácido que serve como forma de proteção. A higiene dessa região, tanto nas mulheres como nos homens, deve ser feita de forma adequada para que não se altere o seu pH fisiológico nem sua flora. A falta de conhecimento sobre anatomia faz com que algumas pessoas não façam a higiene genital da maneira correta. Deve-se instruir que as mulheres limpem os pequenos lábios, os grandes lábios, a fenda entre os grande e os pequenos lábios, retraiam o prepúcio do clitóris para a limpeza do serumem encontrado na glande do clitóris e limpem, também, a região anal e as virilhas. Não se deve introduzir nenhum produto na vagina, a não ser que tenha uma prescrição médica. Os homens devem ser instruídos a lavar o pênis, também retraindo o prepúcio para a limpeza do serúmem do escroto, da virilha e da região anal. Os sabonetes normais têm um pH alcalino, que pode alterar o pH dessa região, diminuindo sua proteção e deixando sua pele mais seca e sensível. Os sabonetes específicos para a higiene íntima têm o pH entre 4,2 e 5,6; sendo mais fisiológico, portanto, indicado para esse tipo de higiene. Esses sabonetes também são hipoalergênicos e têm uma adstringência suave, não agredindo a pele. Normalmente essa higiene deve ser feita de uma a três vezes ao dia. Entretanto, seu excesso pode ser tão prejudicial quanto sua falta. Não é recomendado que as mulheres utilizem o absorvente de uso diário pois aumenta a humidade vaginal, as roupas íntimas devem ser lavadas com detergentes sem corantes ou perfumes e devem ser muito bem enxaguadas. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 45 Durante o período menstrual e no puerpério, deve-se ter mais cuidado com a higiene, trocando o absorvente regularmente, a cada duas ou três horas. Não há contra indicação ao uso de tampões, desde que seja trocado com a mesma regularidade que os absorventes. Deve-se fazer a higiene íntima depois das atividades físicas e das relações sexuais. É muito importante que não permaneça com a roupa interior molhada ou úmida. Há produtos específicos para hidratar essa região, principalmente para as mulheres que estão na pós menopausa e sofrem com a secura vaginal. Elas devem fazer a higiene uma a duas vezes ao dia, para não aumentar esta desidratação; devem, ainda, ser orientadas a utilizarem lubrificantes artificiais nas relações sexuais. Essa orientação, também, deve ser dada para as mulheres no puerpério, principalmente para as que estão amamentando. Não há nenhuma indicação, ou contraindicação, em relação à depilação. Essa prática deve respeitar o gosto e sensibilidade de cada um. Caso haja o aparecimento de dermatites, deve-se consultar um médico. Em caso de patologias já instaladas como vulvovaginites, dermatites, fungos ou infecções, deve-se procurar o médico para que o melhor tratamento seja seguido. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 46 8. PROTOCOLO REABILITAÇÃO PERINEAL ATIVA O protocolo Reabilitação Perineal Ativa é composto por uma primeira consulta, quando é feita uma avaliação específica e detalhada para que o fisioterapeuta possa decidir o melhor tratamento para o paciente. Depois são 14 sessões individuais, divididas nas 3 fases da reabilitação: 4 sessões para a fase de ensino/consciência corporal, 4 sessões para a fase de agilidade/coordenação muscular e 6 sessões para a fase de hipertrofia muscular. O tratamento com o protocolo RPA é feito com sonda intracavitária, sendo utilizado um aparelho de electroestimulação e biofeedback. O uso do aparelho permite avaliar objetivamente o desempenho da paciente durante a sessão e controlar a fadiga muscular; também permite avaliar objetivamente a evolução de sessão a sessão. O fato de ser utilizado um aparelho para a realização do biofeedback faz com que o protocolo seja individualizado, mesmo sendo o mesmo para todas as pacientes. Sempre a paciente estará trabalhando dentro da sua força máxima. Isso faz com que, durante todo o tratamento, as sessões sejam desafiadoras para a paciente, respeitando a evolução da sua melhora e seus limites. Além do tratamento individual com o fisioterapeuta, a paciente é orientada a fazer exercícios em casa e a utilizar o cone vaginal, sempre com a supervisão e o acompanhamento do fisioterapeuta. Todas as 14 sessões do protocolo podem estar programadas no aparelho de electroestimulação e biofeeedback, o que garante total fidedignidade ao procedimento. Nesse caso o biofeedback é guiado por mais de 30 gráficos diferentes, para a realização dos exercícios mais simples aos mais complexos. Isso facilita a execução dos exercícios e torna a sessão mais lúdica. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 47 8.1. AVALIAÇÃO 8.2. Anamnese Uma anamnese detalhada é fundamental para se traçar o diagnóstico, decidir o tratamento e ver sua evolução. DADOS PESSOAIS data da avaliação nome telefone E-mail data de nascimento profissão queixa principal começo dos sintomas desporto frequência tratamento anterior data duração data quantas micções di quantas vezes faz x micção por precauç quantas vezes perd quando começou a quanto de urina per usa alguma proteçã quantas vezes troca quando perde urina consegue interromp sente a vagina mais EVA incômodo (Esca analógica) DADOS DO MÉDICO nome especialidade telefone email ANTECEDENTES MÉDICOS E GINECOLÓGICOS menopausa idade reposição hormonal cirurgia anterior (qual) data da cirurgia Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 48 ANTECEDENTES OBSTÉTRICOS data do parto patologia associada gravidez múltipla ganho de peso da mãe (Kg) peso do bebê (gramas) perímetro cefálico (cm) tipo de parto tempo da 1a fase (horas) como foi vivida tempo da 2a fase (min) posição força intervenção episiotomia laceração 0 – não \ 1 – diabetes gestacional \ 2 – hipertensão \ 3 – pré-eclampsia 4 – eclampsia \ 5 - outras 1 - norma l \ 2 - gêmi os \ 3 - tri gêmi os quanto perde quando perde consegue interromper EVA incômodo 0 - normal \ 1 - cesariana \ 2 - na água \ 3 - em casa 0 - deitada \ 1 - soro \ 2 - caminhando \3 - tranquila \ 4 - bola \ 5 - água 0 - ginecológica \ 1 - cócoras \ 2 - sentada \ 3 - outra 0 - não \ 1 - só durante as contrações \ 2 - muitas vezes 3 – não sabia como fazer força 0 - não \ 1 - fórceps \ 2 - ventosa 01234- não Primeiro grau: a rotura atinge pele e mucosa Segundo grau: a rotura atinge aponeurose e musculatura Terceiro grau: a rotura atinge o esfíncter anal Quarto grau: a rotura atinge a mucosa retal 0 - não \ 1 - sim \ por quê? início da sexualidade frequencia das relaçõe satisfação com a sexu desejo prazer regularidade do orgasm dor dor EVA lubrificação ereção (masculino) ereção EVA (masculino 0 - não \ 1 - gravidez \ 2 - pós-parto \ 3 - ambos epidural incontinência urinária incontinência anal retorno da actividade sexual amamentação tempo que amamamentou 0 - não \ 1 - gravidez \ 2 - pós-parto \ 3 - ambos 0 - não \ 1 - menos de 1 mês pós parto \ 2 - entre 1 a 3 meses \ 3 - mais de três 0 - não \ 1 - sim \ por quê? sente a vagina mais fr sente um peso na vagi parede anterior parede posterior apice SISTEMA URINÁRIO data quantas micções diárias quantas vezes faz xixi à noite micção por precaução quantas vezes perde urina quando começou a IU quanto de urina perde usa alguma proteção quantas vezes troca a proteção quando perde urina consegue interromper a perda sente a vagina mais fraca EVA incômodo (Escala visual analógica) 0 - não \ 1 - cada 1 hora \ 2 - cada 2 horas \ 3 - cada 3 horas 0 - nunca \ 1 - uma vez por semana ou menos 2 - 2 a 3 vezes por semna \ 3 - uma a 3 vezes ao dia 4 - diversas vezes ao dia \ 5 - o tempo todo 0 – há menos de um ano \ 1 – há um ano 2 – há 2 anos \ 3 – há mais de 3 anos 0 - gota \ 1 - jato \ 2 - micção completa 0 - não \ 1 - só para proteção \ 2- de uso diário \ 3 - absorvente \ 4 - frauda 0 - não usa \ 1 - uma \ 2 - duas \ 3 - tres \ 4 - quatro ou mais 0 - nunca \ 1 - antes de chegar ao banheiro \ 2 - tosse ou espirro \ 3 - atividade física \ 4 - depois de urinar, quando está se vestindo \ 5 - sem motivo \ 6 - ao mudar de posição \ 7 perde sempre \ 8 - durante o sono \ 9 - outro 0 - não \ 1 - sim \ 2 - parcialmente 0 - não \ 1 - pouco \ 2 - médio \ 3 - bastante 0 - não incomoda nada \ 10 - incomoda o máximo Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 49 SISTEMA DEFECATÓRIO frequencia da defecação defecação por precaução quantas vezes perde fezes quando começou quanto perde quando perde consegue interromper EVA incômodo (Escala visual analógica) 0 - mais de uma vez por dia \ 1 - todos os dia \ 2 - a cada dois ou três dias 3 - mais de 3 dias 0 - não \ 1 - cada 1 hora \ 2 - cada 2 horas \ 3 - cada 3 horas 0 - nunca \ 1 - uma vez por semana ou menos \ 2 - 2 a 3 vezes por semana 3 - uma vez ao dia \ 4 - diversas vezes ao dia \ 5 - o tempo todo 0 – há menos de um ano \ 1 – há um ano \ 2 – há 2 anos \ 3 – há mais de 3 anos 0- nada \ 1 - flatos \ 2 - fezes líquidas \ 3 - fezes pastosas \ 4 - fezes sólidas 0358- nunca \ 1 - antes de chegar ao banheiro \ 2 - tosse ou espirro atividade física \ 4 - depois de urinar, quando está se vestindo sem motivo \ 6 - ao mudar de posição \ 7 - perde sempre durante o sono \ 9 - outro 0 - não \ 1 - sim \ 2 - parcialmente SEXUALIDADE 0 - ausente \ 1 - normal \ 2 - diminuída \ 3 - aumentada início da sexualidade frequencia das relações sexuais 0 - ausente \ 1 - normal \ 2 - diminuída \ 3 - aumentada satisfação com a sexualidade EVA 0 - ausente \ 1 - normal \ 2 - diminuída desejo 0 - nunca \ 1 - durante a penetração \ 2 - durante todo o acto sexual prazer 3 - depois da relação regularidade do orgasmo 0 - ausente \ 1 - normal \ 2 - diminuída \ 3 - aumentada dor 0 - não \ 1 - total dor EVA 2 - sim mas insuficiente para penetração lubrificação 3 - suficiente para a penetração mas insatisfatória ereção (masculino) 4 - suficiente para a penetração e satisfatória ereção EVA (masculino) PROLAPSOS sente a vagina mais fraca sente um peso na vagina parede anterior parede posterior apice EVA incômodo 0 - Não \ 1 - pouco \ 2 - médio \ 3 - bastante 0 - não \ 1 - quando faz muito esforço \ 2 - a maior parte do tempo\ 3 -sempre grau 0 sem prolapso grau I grau II grau III Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 50 TRATAMENTO sessão AV 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 6m 1a 2a data 0 - não sabe contrair \ 1 – sim sabe contrair \ 2 - não consegue auto-avaliar tratamento autoavaliação da contração Grau 0 - sem contração perineal visível, nem à palpação (ausência de contração); abertura vaginal Grau 1 - sem contração perineal visível, contração reconhecível somente à palpação; Grau 2 - contração perineal fraca, contração fraca à palpação; distância ano-vulvar Grau 3 - contração perineal presente e resistência não opositora à palpação; tónus ano-vulvar Grau 4 – contração perineal presente e resistência opositora não mantida mais do que anus cinco segundos à palpação; força vaginal a palpação Grau 5 - contração perineal presente e resistência opositora mantida mais do que cinco segundos à palpação força anal a palpação musculatura acessória 0 – não \ 1 - abdomem \ 2 - glúteos \ 3 - adutores comando invertido 0 – não \ 1 – sim cicatriz EMG começo perineômetro começo endurance (seg) reflexo aos esforços sensibilidade eletro II sensibilidade subjetiva contração eletro II máximo eletro II sensibilidade eletro I sensibilidade subjetiva contração eletro I máximo eletro I eletromiografia fim perineômetro fim nº do cone tempo do cone (seg) 0 – não \ 1 - sim \ 2-com fibrose \ dolorida 0 – não \ 1 – sim intensidade que começa a sentir o estímulo elétrico II 0 - não sente \ 1- homogênio \ 2- sente mais lado direito \ 3- sente mais lado esquerdo intensidade em que sente a contração muscular intensidade máxima intensidade que começa a sentir o estímulo elétrico I 0 - não sente \ 1- homogênio \ 2- sente mais lado direito \ 3- sente mais lado esquerdo intensidade em que sente a contração muscular intensidade máxima Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 51 8.3. Exame físico / Avaliação do períneo A ICS recomenda que faça parte da avaliação das patologias do pavimento pélvico a avaliação funcional do períneo. Essa avaliação pode ser feita pela inspeção e palpação, e também podem ser usados exames objetivos como eletromiografia, perineometria, ultra-sonografia e ressonância magnética. É fundamental que se dê uma instrução clara para que o paciente faça a contração correta. Pode-se pedir que o paciente faça força como se quisesse segurar urina ou gases. Deve ser avaliada a força máxima, a endurance (capacidade de manter a contração), contração reflexa, relaxamento e verificar assimetria muscular; também se pode avaliar a sensibilidade e a presença de focos de dor. 8.3.1. Avaliação visual Durante a avaliação visual, deve-se verificar a presença ou ausência da contração, visualizando o movimento do períneo para dentro em sentido cefálico. Chama-se comando invertido quando, ao tentar contrair, a paciente faz força no sentido de evacuar empurrando, o períneo para fora no sentido caudal. Também se deve verificar a posição do períneo com os músculos contraídos e em repouso. Considera o períneo descendente quando está em uma posição mais caudal, a partir de uma linha imaginária entre as espinhas isquiáticas. Para observar se há uma contração reflexa ao aumento da pressão intraabdominal, pede-se que o paciente tussa; quando o paciente tosse, o períneo não deve ter um movimentado para baixo e sim deve ter um movimento cranial devido a uma contração reflexa. É muito difícil a observação desse reflexo na avaliação visual, sendo mais credível quando se utiliza instrumentos para a avaliação objetiva. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 52 O que deve ser observado na avaliação visual. Abertura vaginal Borda anal Distância ano-vulvar Visualização da contração Movimento cefálico do períneo Musculatura acessória Comando invertido Respiração Cicatriz 8.3.2. Palpação digital A palpação digital é o exame padrão para avaliar a habilidade de contrair o períneo. O avaliador introduz o dedo médio e o indicador no introito vaginal e pede que seja feita a contração da musculatura. Deve-se observar. tônus ano-vulvar força muscular (escala de Ortiz) musculatura acessória comando invertido contração reflexa relaxamento sensibilidade dor cicatriz Escala de Ortiz: Grau 0 - sem contração perineal visível, nem sentida à palpação (ausência de contração); Grau 1 - sem contração perineal visível, contração reconhecível somente à palpação; Grau 2 – contração perineal visível mas fraca à palpação; Grau 3 - contração perineal presente, mas não resistente à força opositora; Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 53 Grau 4 – contração perineal presente e resistente à força opositora por menos de cinco segundos; Grau 5 - contração perineal presente e resistente à força opositora por cinco segundos ou mais. 8.3.3. Cones vaginais (CV) Os cones vaginais são dispositivos de plástico, com o tamanho parecido de um tampão, mas com pesos diferentes que variam de 20 a 70 gramas. Deve-se introduzir o cone mais leve na vagina como se fosse um absorvente interno, pedindo que a paciente faça uma série de exercícios durante 1 minuto. Caso a paciente consiga manter o cone durante esse período, é avaliado o cone mais pesado, e assim sucessivamente. 8.3.4. Perineometria A perineometria é uma avaliação objetiva e muito simples de ser feita. Através de uma sonda vaginal, é avaliada a pressão resultante da contração do períneo e o endurance muscular. Os valores da perineometria podem ser comparados diretamente para avaliar a evolução do tratamento, ou para comparar a contração entre diversos indivíduos. É um instrumento de fácil manejo e barato, que os ginecologistas poderiam ter em seus consultórios. 8.3.5. Dinamometria A dinamometria, também uma avaliação objetiva, é muito semelhante a perineometria. Também é medido utilizando uma sonda anal ou vaginal, mas nesse caso, utiliza-se um dinamômetro medindo diretamente a força e não a pressão. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 54 8.3.6. Eletromiografia (EMG) A eletromiografia mede, objetivamente, a função muscular e não é um exame de fácil interpretação. Seu resultado não dá o real valor da melhora da força antes e depois do tratamento e não pode ser comparado diretamente entre diferentes pacientes; para uma melhor avaliação dos seus resultados deve ser analisado com outras variáveis. 8.3.7. Ultrassonografia (US) A ultrassonografia é uma técnica de imagem, em que se pode avaliar a posição dos órgãos pélvicos e sua deslocação com a contração do períneo e seu com relaxamento. Através da imagem também podemos avaliar a fáscia e o trofismo muscular. 8.3.8. Ressonância magnética (RM) Assim como a ultrassonografia, a ressonância magnética é uma técnica de imagem, em que se pode avaliar a contração do períneo através da diferença da posição dos órgãos pélvicos durante sua contração e seu relaxamento, avaliando também o trofismo muscular. O seu custo é um fator limitante para sua utilização. Também pode medir as alterações neuromusculares observando as porções do músculo que são ativadas durante a contração, sendo esse procedimento mais relevante que a EMG, por poder mensurar os músculos profundos. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 55 8.4. SESSÕES O protocolo “Reabilitação Perineal Ativa” visa desenvolver a funcionalidade do períneo respeitando as 3 fases da reabilitação: ensino/consciência corporal, agilidade/coordenação muscular e hipertrofia muscular. A reabilitação perineal segue os mesmos princípios da reabilitação dos outros músculos estriados. Cada músculo do períneo tem uma função específica, mas quando solicitada a contração voluntária eles se contraem como um todo, não sendo possível a contração isolada de cada um deles. O único movimento gerado pela contração do períneo é sua elevação sentido cranial e anteriorização em sentido à sínfise púbica, fechando a uretra, a vagina e o ânus, e elevando os órgãos pélvicos. Todos os tratamentos de fisioterapia para as disfunções do períneo devem ser feitos baseados nesse movimento. É fundamental que seja feita uma minuciosa avaliação para determinar as causas da patologia e os objetivos do tratamento. A sessão indicada para o paciente é aquela que ele consegue realizar, mas com algum grau de dificuldade ou desafio. Esse protocolo deve ser adaptado às necessidades de cada um. Alguns pacientes poderão precisar fazer uma sessão mais de uma vez e outros poderão pular algumas. A evolução do tratamento depende da constante avaliação do paciente. Características que são treináveis em um músculo: Força Potência Endurance Relaxamento Alongamento Velocidade Agilidade Equilíbrio Coordenação Flexibilidade Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 56 Em um programa de reabilitação, é preciso considerar as alterações neurofisiológicas e musculares visando um desenvolvimento progressivo da função e força muscular; o treino deve ser adaptado de acordo com o contexto, capacidade física de cada indivíduo, respeitando os objetivos de cada um deles. Variáveis que determinam a intensidade do treino: Resistência Ordem de seleção dos exercícios Nº de séries Nº repetições Frequência semanal Frequência diária Período de descanso A alteração da carga acarreta alterações metabólicas, hormonais, neuronais e cardiovasculares. A carga pode ser definida de acordo com a % força máxima (FM), com o nº máximo de repetições, e deve ser definida de acordo com a capacidade de cada indivíduo e com a fase da reabilitação que ele se encontra. Para indivíduos não treinados, a carga deve ser baixa. O descanso entre as séries influencia nas alterações hormonais, metabólicas, cardiovasculares e na performance da sessão; períodos muito curtos de descanso comprometem o treinamento. Indivíduos não treinados devem começar com 2 a 3 sessões por semana, de baixa intensidade. A evolução do treinamento pode ser determinada pelo aumento do volume ou frequência das sessões. A frequência de 4 a 5 vezes por semana, de alta intensidade, deve ser feita pelos indivíduos treinados. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 57 1ª FASE – ENSINO/ CONSCIÊNCIA CORPORAL Segundo a ICS, a simples instrução verbal não é suficiente para ensinar ao paciente o movimento correto do períneo. O ensino da contração, do relaxamento e a percepção perineal devem ser os primeiros objetivos do tratamento. Não é possível ensinar essa contração sem que o fisioterapeuta esteja acompanhando a contração muscular, seja com o toque vaginal ou com a utilização se sonda intracavitária. Nas primeiras sessões do tratamento, o aumento da força muscular é devido à aprendizagem da correta realização do movimento. A contração do períneo não é inata. Deve ser ensinada ao paciente e requer treino, sendo esse o principal objetivo do tratamento. Durante a contração do períneo, pode haver também a contração dos abdominais, glúteos e adutores, chamados músculos acessórios. Deve-se ensinar aos pacientes a contração isolada do períneo. Quando queremos realizar um movimento, o sistema nervoso central pensa na ação a ser realizada e não em cada músculo que, individualmente, irá realizar essa ação. Através da repetição de uma atividade, é criado um programa nos níveis superiores do sistema nervoso central, que corresponde a um conjunto de ações armazenadas na memória. A técnica de Knack, contração voluntária do períneo antes de fazer um esforço, deve ser ensinada para a paciente no início do tratamento; estudos mostram que ensinar a mulher a contrair o períneo antes e depois de tossir diminui a perda de urina. As sessões dessa fase são feitas 2 vezes por semana, com duração de 2 semanas; os exercícios em casa são para a percepção perineal. Deve-se instruir o paciente que contraia o músculo e relaxe com muita atenção. O que interessa é o paciente sentir a contração, o relaxamento e a posição do músculo. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 58 Sessão 1 *Demonstrar eletroterapia na barriga da paciente para que ela saiba o que irá sentir e não tenha receio da corrente / Diferenciar contração de expulsão 10 minutos eletroterapia para fibra tipo II Cinesioterapia com BFB, contrações rápidas a 60 % da FM 8 repetições Trabalho 4 segundos Repouso 12 segundos Um minuto de intervalo a cada série 2 séries Paciente semi-sentado, em posição confortável Paciente parado 15 minutos eletroterapia para fibra tipo I Cinesioterapia com BFB, contrações isométricas a 30 % da FM 10 repetições Trabalho 5 segundos Repouso 15 segundos Um minuto de intervalo a cada série 2 séries Paciente semi-sentado Paciente parado Para casa: percepção perineal 10 minutos eletroterapia para fibra tipo II Cinesioterapia com BFB, contrações rápidas a 70 % da FM 8 repetições Trabalho 3 segundos Repouso 9 segundos Um minuto de intervalo a cada série 2 séries Paciente semi-sentado Paciente parado 15 minutos eletroterapia para fibra tipo I Cinesioterapia com BFB, contrações isométricas a 40 % da FM 10 repetições Trabalho 7 segundos Repouso 14 segundos Um minuto de intervalo a cada série 2 séries Sessão 2 Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 59 Paciente semi-sentado Paciente parado Para casa: percepção perineal 10 minutos eletroterapia para fibra tipo II Cinesioterapia com BFB, contrações rápidas a 80 % da FM 10 repetições Trabalho 3 segundos Repouso 9 segundos Um minuto e intervalo a cada série 2 séries Paciente semi-sentado Paciente parado 15 minutos eletroterapia para fibra tipo I Cinesioterapia com BFB, contrações isométricas a 50 % da FM 10 repetições Trabalho 10 segundos Repouso 10 segundos Um minuto e intervalo a cada série 2 séries Paciente semi-sentado Paciente parado Para casa: percepção perineal associada à patologia, isto é, perceber como está o períneo quando acontecem os sintomas 10 minutos eletroterapia para fibra tipo II Cinesioterapia com BFB, contrações rápidas a 80 % da FM 10 repetições Trabalho 3 segundos Repouso 6 segundos Um minuto e intervalo a cada série 2 séries Paciente semi-sentado Paciente parado 15 minutos eletroterapia para fibra tipo I Cinesioterapia com BFB, contrações isométricas a 50 % da FM 10 repetições Sessão 3 Sessão 4 Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 60 Trabalho 10 segundos Repouso 10 segundos Um minuto e intervalo a cada série 3 séries Paciente semi-sentado Paciente parado Para casa: percepção perineal associada à patologia, isto é, perceber como está o períneo quando acontecem os sintomas Reavaliar o paciente na 4ª sessão 2ª FASE - AGILIDADE / COORDENAÇÃO MUSCULAR A agilidade é importante para parar um movimento e mudar sua direção rapidamente. Nas primeiras semanas de treino, acontecem as alterações neuromusculares que se verificam na melhoria da coordenação intramuscular, melhoria da coordenação intermuscular e melhoria da atividade reflexa. A melhoria da coordenação intramuscular acontece devido ao aumento das unidades motoras recrutadas e ao aumento da frequência de recrutamento. Isso é conseguido com solicitação de contração do músculo em intensidade próxima à contração voluntária máxima (90% da força máxima) e com repetição dos movimentos à grande velocidade. A coordenação intermuscular está relacionada com a coordenação entre os músculos agonistas e antagonistas durante o movimento. Na fase inicial do treino, a contração de um músculo é seguida da contração de seu antagonista; com o treino percebe-se a inibição da contração do músculo antagonista. As sessões dessa fase também são feitas 2 vezes por semana, com duração de 2 semanas. Os exercícios para casa devem ser de contrações rápidas e contrações mantidas, duas séries de 10 repetições rápidas e duas séries de repetições mantidas por 10 segundos, uma vez ao dia, nos dias que não tem fisioterapia. Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 61 Sessão 5 10 minutos eletroterapia para fibra tipo II Cinesioterapia com BFB, contrações rápidas a 90 % da FM 12 repetições Trabalho 3 segundos Repouso 6 segundos Um minuto e intervalo a cada série 2 séries Paciente semi-sentado Paciente parado 15 minutos eletroterapia para fibra tipo I Cinesioterapia com BFB, contrações isométricas a 50 % da FM 10 repetições Trabalho 15 segundos Repouso 10 segundos Um minuto e intervalo a cada série 3 séries Paciente semi-sentado Movimento de flexão de tronco e quadril durante a contração do períneo Para casa: 2 séries de 10 contrações rápidas e 2 séries de contrações isométricas (10 seg contração / 10 segundos relaxamento) Sessão 6 10 minutos eletroterapia para fibra tipo II Cinesioterapia com BFB, contrações rápidas a 90 % da FM 12 repetições Trabalho 3 segundos Repouso 6 segundos Um minuto e intervalo a cada série 2 séries Paciente semi-sentado Paciente parado 15 minutos eletroterapia para fibra tipo I Cinesioterapia com BFB, contrações isométricas a 60 % da FM 10 repetições Trabalho 15 segundos Repouso 10 segundos Um minuto e intervalo a cada série 3 séries Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 62 Paciente semi-sentado Movimento de flexão de tronco e quadril durante a contração do períneo Para casa: 2 séries de 10 contrações rápidas e 2 séries de contrações isométricas (10 seg contração / 10 segundos relaxamento) Sessões 7 e 8 *O que diferencia essas sessões é a dificuldade dos gráficos do biofeedback. 10 minutos eletroterapia para fibra tipo II Cinesioterapia com BFB, contrações rápidas a 60 - 90 % da FM 15 repetições Trabalho 3 segundos Repouso 3 segundos Um minuto e intervalo a cada série 3 séries Paciente semi-sentado Paciente parado 15 minutos eletroterapia para fibra tipo I Cinesioterapia com BFB, contrações isométrica a 60 % da FM 10 repetições Trabalho 20 segundos Repouso 10 segundos 45 segundos e intervalo a cada série 2 séries Paciente em pé Paciente parado Para casa: 2 séries de 10 contrações rápidas e 2 séries de contrações isométricas (10 seg contração / 10 segundos relaxamento) 3ª FASE- HIPERTROFIA MUSCULAR A hipertrofia muscular depende do tipo de programa seguido, da ação muscular, da intensidade e seleção dos exercícios, do volume do treino, do tempo de descanso entre as séries e da frequência semanal. A hipertrofia das fibras tipo I é alcançada com um treino com maior volume, mas em menor intensidade. A hipertrofia Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 63 das fibras tipo II é alcançada com um treino de força e potência com grande intensidade. Alterações que levam à hipertrofia muscular: Aumento do número e do diâmetro das miofibrilas, Aumento do número e do tamanho das mitocôndrias, Maior desenvolvimento do retículo sarcoplasmático Aumento do número de capilares sanguíneos e sua área de superfície, Aumento do colágeno intersticial Aumento da área transversal da fibra muscular Quando a fibra muscular não responde mais ao estímulo do treino, devido ao aumento do volume, ocorre a hiperplasia muscular, consequência de uma divisão da fibra muscular, originando duas fibras de tamanho original que, então, poderão passar pelo processo de hipertrofia. São realizadas sessões semanais durante 4 semanas e depois duas sessões quinzenais, completando as 12 semanas de tratamento. Para casa: 3 séries de 10 contrações rápidas e 3 séries de 10 contrações isométrica de 10 segundos, uma vez ao dia. Também é indicado o uso do cone em casa durante 15 minutos, em dias alternados. O uso do cone durante o banho facilita para que se torne uma rotina e ajuda na recolocação do cone, caso ele caia. Durante o banho são feitos os movimentos que geralmente são recomendados para o trabalho com os cones vaginais. Se a paciente tiver capacidade, pode utilizar o cone para fazer caminhadas ou até mesmo ir à academia com ele, mas para isso ela deve estar bem treinada. O trabalho com o cone não substitui as séries de contrações das fibras rápidas e lentas. Sessões 9 e 10 *O que diferencia essas sessões é a dificuldade dos gráficos do biofeedback. 10 minutos eletroterapia para fibra tipo II Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 64 Cinesioterapia com BFB, contrações a 60 - 90 % da FM 15 repetições Trabalho 3 segundos Repouso 3 segundos Um minuto e intervalo a cada série 3 séries Paciente semi-sentado Paciente parado 15 minutos eletroterapia para fibra tipo I Cinesioterapia com BFB, contrações isométricas, concêntricas e excêntricas a 40 - 90 % da FM 10 repetições Trabalho 20 segundos Repouso 10 segundos 45 segundos e intervalo a cada série 2 séries Paciente em pé e parado Para casa: 3 séries de 10 contrações rápidas e 3 séries de contrações isométricas (10 seg contração / 10 segundos relaxamento). Uso do cone Sessões 11 e 12 *O que diferencia essas sessões é a dificuldade dos gráficos do biofeedback. 10 minutos eletroterapia para fibra tipo II Cinesioterapia com BFB, contrações rápidas a 60 - 90 % daFM 15 repetições Trabalho 2 segundos Repouso 2 segundos 45 segundos de intervalo entre as séries 2 séries Paciente semi-sentado Paciente parado 15 minutos eletroterapia para fibra tipo I Cinesioterapia com BFB, contrações isométricas, concêntricas e excêntricas a 40 - 90 % da FM 10 repetições Trabalho 25 segundos Repouso 10 segundos 45 segundos e intervalo a cada série 3 séries Paciente em pé e em movimento (andando no lugar e agachando) Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 65 Para casa: 3 séries de 10 contrações rápidas e 3 séries de contrações isométricas (10 seg contração / 10 segundos relaxamento). Uso do cone Sessões 13 e 14 *O que diferencia essas sessões é a dificuldade dos gráficos do biofeedback. 10 minutos eletroterapia para fibra tipo II Cinesioterapia com BFB, contrações rápidas a 60 - 90 % 20 repetições Trabalho 2 segundos Repouso 2 segundos 45 segundos de intervalo a cada série 3 séries Paciente semi-sentado Paciente parado 15 minutos eletroterapia para fibra tipo I Cinesioterapia com BFB, contrações isométricas, concêntricas e excêntricas a 40 - 90 % da FM 10 repetições Trabalho 30 segundos Repouso 5 segundos 30 segundos e intervalo a cada série 3 séries Paciente em pé simulando os esforços que mais prejudicam a patologia Para casa: 3 séries de 10 contrações rápidas e 3 séries de contrações isométricas (10 seg contração / 10 segundos relaxamento). Uso do cone Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 66 Seguimento A atrofia muscular é resultado da ausência ou redução da atividade muscular por um período superior a duas semanas, sendo responsável pela diminuição da força quando se interrompe o treino. É fundamental que o paciente entenda a importância de continuar os exercícios em casa, para que os ganhos do tratamento se mantenham. Treinar um grupo muscular duas a três vezes por semana é suficiente para manter a força. É necessário que seja muito bem explicado ao paciente quais exercícios ele deve continuar fazendo. Também é preciso orientar que esses músculos fazem parte dos músculos de sustentação e não devem estar totalmente relaxados. E que, sempre antes de fazer uma atividade que aumente a pressão abdominal, é preciso uma contração mais forte dos músculos do períneo. O paciente deve ser visto nos 6 meses, 1 ano e 2 anos seguintes ao fim do tratamento, repetindo a avaliação inicial Deve ser orientado a manter os exercícios de casa: 3 séries de 10 contrações rápidas / 3 séries de 10 contrações mantidas por 10 segundos – duas a três vezes por semana O uso do cone é recomendado duas a três vezes por semana; nessa fase, caso a paciente se sinta confortável, o cone já pode ser utilizado durante caminhadas ou outras atividades físicas Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. Venda proibida. Disponível somente em www.perineo.info 67 Resumo do protocolo: Sessão 1 2 3 4 5 6 7e8 9 e 10 11 e 12 13 e 14 E P 10 SS 10 SS 10 SS 10 SS 10 SS 10 SS 10 SS 10 SS 10 SS 10 SS A PD PD PD PD PD PD PD PD PD PD FIBRA II %FM NC TC TR NS 60 8 4 12 2 70 8 3 9 2 80 10 3 9 2 80 10 3 6 2 90 12 3 6 2 90 12 3 6 2 60-90 15 3 3 3 60-90 15 3 3 3 60-90 15 2 2 2 60-90 20 2 2 3 IS E P 60 15 SS 60 15 SS 60 15 SS 60 15 SS 60 15 SS 60 15 SS 60 15 EP 60 15 EP 45 15 EP 45 15 EP E= eletroestimulação (minutos) P= posição do paciente A= ação %FM= porcentagem da força máxima NC= número de contrações TC= tempo de contração TR= tempo de relaxamento A PD PD PD PD EM EM PD PD EM EM FIBRA I %FM NC TC TR NS IS 30 10 5 15 2 60 40 10 7 14 2 60 50 10 10 10 2 60 50 10 10 10 3 60 50 10 15 10 3 60 60 10 15 10 3 60 60 10 20 10 2 45 40-90 10 20 10 2 45 40-90 10 25 10 3 45 40-90 10 30 5 3 30 tempo total 40,93 40,20 40,67 44,00 47,10 47,10 45,00 45,00 49,00 51,00 NS= número de séries IS= intervalo entre as séries (em segundos) SS= semi sentado PD= parado EP= em pé EM= em movimento Tempo total em minutos Evolução da frequência das sessões Semana Frequência semanal 0 1x 1 2x 2 2x Sessão Avaliação 1e2 3e4 Em casa Percepção corporal 1ª fase 3 2x 5e6 4 2x / reavaliar 7e8 Nos dias em que não há fisioterapia 2ª fase 5 6 7 8 9 10 11 12 6 meses 1 anos 2 anos 1x 1x 1x 1x / reavaliar 0 1 0 1 / reavaliar 1x 1x 1x 9 10 11 12 --13 --14 Fase Todos os dias Uso do cone 2 a 3 vezes por Reavaliação semana 3ª fase Seguimento Direitos reservados ao autor, proibida a utilização sem prévia autorização. 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