Socioambientalismo de Fronteiras – v. III 43 PAISAGENS E ECOSSISTEMAS Thiago Morato de Carvalho1 Celso Morato de Carvalho2 Sumário: 1. Introdução; 2. Feições Regionais: as áreas abertas de Roraima; 3. As Contribuições para o Entendimento de Paisagens em Roraima; 4. Modelos Atuais para o Entendimento de Paisagens; 5. Unidades Morfoestruturais de Roraima; 6. Formação de Paisagens; 7. Colinas, Lagos e Ilhas Fluviais; 8. As Dunas de Areias Brancas e Marrons; 9. Referências. 1 INTRODUÇÃO Quando olhamos atentamente para uma paisagem, nós podemos perceber que o cenário que estamos observando é composto por elementos diversificados, por exemplo, uma serra com rochas expostas, um lago circundado por gramíneas e arbustos, pequenos conjuntos de arvoretas que se sobressaem em áreas abertas ou um rio com palmeiras nas margens e vegetação arbustiva entre árvores mais encorpadas. É muito possível também que nós encontremos nesta paisagem picadas e caminhos os mais diferentes, diversos tipos de construções para moradia e outros fins, isoladas ou formando conjuntos de comunidades, roças e plantações as mais diversas, animais ao redor de habitações quando domésticos, ou livres nos seus espaços naturais. O que vemos, então, pode ser sentido intuitivamente, como quando paramos para olhar um quadro que registrou o tempo em cores, mas também podemos olhar analiticamente o conjunto paisagístico que vemos, no sentido de procurarmos compreender como o homem se entende com a natureza, como tem seus comportamentos intrinsecamente associados aos ambientes imediatos 1 2 Laboratório de Métricas da Paisagem – MEPA, departamento de Geografia. Instituto de Geociências, Universidade Federal de Roraima. E-mail: [email protected]. Coordenação de Biodiversidade. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia 44 Thiago Morato de Carvalho e Celso Morato de Carvalho onde vive e como utiliza os bens naturais ao seu redor. Podemos ir ainda um pouco mais além e perceber que os humanos ao interferirem no seu ambiente alteram-no em vários níveis, desde bucólicas transformações, até pesadas modificações ambientais que refletem a mão ideológica de todo um sistema dominante que, amparado em leis específicas, exerce pressões de usurpação sobre o conhecimento das comunidades tradicionais e alteram as relações homem-ambiente (METZGER, 2001; MOREIRA, 2004; AB’SABER, 2003; WEIGEL, 2009:69; MORAIS & CARVALHO, 2013). Além destas considerações, nós podemos ainda olhar paisagens de forma categórica, arranjando os elementos de modo a permitir com que possam ser interpretados à luz da geografia e do direito, por exemplo, com relação à gestão ambiental. Podemos ainda arriscar um enfoque mais acadêmico sobre a paisagem e sua biodiversidade, gerando conhecimentos que podem ser utilizados como base para a geração de novos conhecimentos ou ter valor de uso imediato. Esses enfoques e interpretações trazem nos seus bojos vários receptores conceituais que são reconhecidos por outras disciplinas, abrindo espaços para importantes discussões, por exemplo, sobre conservação dos ecossistemas e usos dos recursos naturais. Disciplinas que não se enxergam quando isoladas; ao se reconhecerem, agrupam-se e formam um conjunto cujas propriedades são maiores do que a soma de suas partes. Dentre estas disciplinas integradoras estão a biogeografia e a geomorfologia, cujas variáveis são sensíveis aos níveis de amplitude de áreas adotados, daí termos conceitos envolvendo paisagens em diferentes escalas de grandeza, por exemplo, zonas e domínios abrangendo conceituações em escala subcontinental, e interpretações de feições regionais com base nos conceitos de geossistemas e fácies. São olhares dependentes da escala sim, mas indissociáveis entre si – o reconhecimento de uma feição regional só pode ser feito dentro do contexto geral de uma zona ou domínio (AB’SABER, 1967; VANZOLINI, 2011). 2 FEIÇÕES REGIONAIS: AS ÁREAS ABERTAS DE RORAIMA Um bom exemplo dessas considerações de fácies regionais e suas inserções dentro de domínios são as paisagens encontradas numa parte da porção norte da Amazônia, uma região com cerca de 70.000 km² que abriga uma das maiores áreas abertas amazônicas, abrangendo a Venezuela, a Guiana e o Brasil, onde é maior a extensão destas áreas abertas, com 43.281 km² abrangendo 19% da região – o lavrado roraimense (Figura 1). Socioambientalismo de Fronteiras – v. III Figura 1 45 Áreas abertas ao norte da Amazônia: 1 – lavrado de Roraima, áreas abertas da Gran Sabana na Venezuela e campos do Rupununi na Guiana, 2 – Campos do Paru do Oeste e Marapi, Serra de Tumucumaque, Pará (02º48’N, 60º39’W). A literatura cita diversos nomes para estas paisagens abertas roraimenses, por exemplo, campos do Rio Branco, savana, cerrado, bioma ou ecorregião (OLIVEIRA, 1929; TAKEUSHI, 1960; BARBOSA et al., 2005; EITEN, 1977, 1992). Campo é termo genérico utilizado para muitas áreas abertas brasileiras. A área nuclear dos campos cerrados, por exemplo, está a uma distância de pelo menos 2.500 km de Roraima, o domínio morfoclimático do cerrado. As semelhanças do lavrado com o cerrado existem e são apenas fisionômicas (VANZOLINI & CARVALHO, 1991). O termo savana, utilizado para designar várias áreas abertas no mundo todo, juntamente com os termos bioma e ecorregião, ao se juntarem formam as condições para um enfoque muito genérico sobre fisionomias de vegetação, sem situá-las adequadamente num contexto geral. Isto pode gerar mais confusão do que clareza geográfica e ecológica. Quem quer que ande pelas áreas abertas de Roraima encontrará terras indígenas, com as suas comunidades características, suas casas cobertas de palha de buriti, as paredes à moda de adobe, com janelas, cujas moradias são semelhantes em tamanho e arquitetura. São comunidades tradicionais que têm uma história, uma luta por suas terras, estilo de vida comunitária, modos característicos de se relacionarem com o ambiente imediato, com suas roças, religião, comportamentos sociais, comidas, e modo de criar os filhos. 46 Thiago Morato de Carvalho e Celso Morato de Carvalho Evidentemente casam-se entre si e os filhos são indígenas. Ao perguntar aos habitantes dessas comunidades o nome do ambiente em que vivem, eles vão dizer que é lavrado, o mesmo nome que seus pais e avós se referiam à região e que os antigos moradores não indígenas davam para essas áreas abertas. Assim, esta paisagem é formada por cenários que incluem, numa parte, os fatores físicos e bióticos, e na outra parte as populações indígenas e todos os que habitam esta região, imprimindo indelevelmente nestes cenários as identidades ecológica, geográfica e cultural que devem ser respeitadas. Lavrado é o nome dessa paisagem. 3 AS CONTRIBUIÇÕES PARA O ENTENDIMENTO DE PAISAGENS EM RORAIMA Hoje clássicos da literatura, diversos autores deram o ponto de partida para o entendimento das paisagens roraimenses, formulando modelos partindo do pressuposto de que os ambientes de qualquer região podem ser descritos do ponto de vista estrutural ou mais amplo, através do reconhecimento dos tipos gerais de vegetação, aberta ou fechada, relevo e hidrografia. Vamos ilustrar esta abordagem tomando como exemplo as conceituações sobre domínios morfoclimáticos brasileiros e a distribuição da biota (formações vegetais e animais), mantendo um olho voltado para os aspectos sociais e antropológicos da ocupação dos ambientes pelas comunidades tradicionais e lavradores. Nós temos no Brasil os domínios da Amazônia, cerrado, caatinga e a floresta Atlântica, os quais podem ser caracterizados pela sobreposição de feições da vegetação, clima, relevo, solos e hidrografia, com amplas faixas intermediárias (AB’SABER, 2003). Os pioneiros a integrarem a ideia de domínios morfoclimáticos de Ab’Saber (1967) aos tipos de paisagem e as grandes formações vegetais foram dois herpetólogos, o brasileiro Paulo Emílio Vanzolini e seu colega norte-americano Ernst Williams, em 1970. A herpetologia é o ramo da zoologia que estuda os anfíbios e os répteis. O estudo clássico destes dois zoólogos foi a diferenciação geográfica de lagartos do gênero Anolis, cuja interpretação baseou-se no modelo de domínios morfoclimáticos como critério geográfico. Tendo como pontos de partidas as unidades geográficas e os padrões de distribuição das formas deste gênero de lagarto Anolis, Vanzolini e seu colega Williams interpretaram as variações geográficas dos lagartos entre os domínios como sendo o resultado de expansões e retrações da floresta durante períodos secos (glaciais) e úmidos (interglaciais) nos últimos 20.000-10.000 anos. Essa dinâmica criou barreiras que levaram à interrupção do fluxo gênico entre popula- Socioambientalismo de Fronteiras – v. III 47 ções de animais antes intercruzantes, levando a formação de espécies distintas. O modelo tornou-se um clássico na biogeografia e é bem conhecido como modelo de refúgios do Pleistoceno e teoria de refúgios, também elaborado pelo geólogo alemão Jürgen Haffer (VANZOLINI & WILLIAMS, 1970; VANZOLINI, 2011; HAFFER, 1969). Há uma representação arqueológica que utiliza o modelo de domínios morfoclimáticos e as flutuações climáticas do Pleistoceno, das formas como conceituados por Aziz Ab’Saber, Paulo Vanzolini e Ernest Williams, que não diz respeito diretamente às paisagens de Roraima, mas é um exemplo pertinente no contexto amazônico. Trata-se dos estudos da arqueóloga norte-americana Betty Jane Meggers. Ela formulou entre as décadas de 1940 a 70 hipóteses sobre a evolução dos povos pré-históricos da América do Sul com base nas adaptações climáticas e de solos – a cultura é determinada pelas relações entre o ambiente e a tecnologia. Se o ambiente não é propício a tecnologia falha e a cultura de um povo entra em decadência. Meggers é tida como colonialista por alguns, em virtude do programa de arqueologia na América do Sul financiado, na época, pelo governo norte-americano, mas, independente disso, ela partiu da hipótese de que as diferentes condições do solo e do clima determinam os aspectos sócio-políticos dos povos, tendo como exemplo as migrações na Amazônia. As mudanças do Pleistoceno entram em cena para explicar como num período úmido (interglacial) há evidências de florescimento de sociedades pré-históricas amazônicas, mas durante o período seco (glacial) os solos empobrecem juntamente com os aspectos socioculturais de uma ou mais civilizações (MEGGERS, 1954; MEGGERS & CLIFFORD, 1973). Outra forma mais simples de entendermos a paisagem é olharmos para as fisionomias regionais da vegetação (VANZOLINI & CARVALHO, 1991; EITEN, 1977; TAKEUSHI, 1960). Se tomarmos o lavrado como exemplo, nós podemos observar as seguintes fisionomias na paisagem geral destas áreas abertas roraimenses: i) as matas das margens dos rios de pequeno porte, que ao atravessarem o lavrado têm o nome de matas de galeria, ii) os buritizais, formados por buritis Mauritia flexuosa, iii) as ilhas de mata, que são manchas de vegetação mais densa e mais alta, iv) os arbustos agrupados ou isolados, onde são frequentes o caimbé Curatella americana e os muricis Byrsonima spp., v) as ciperáceas Bulbostylis spp. e várias espécies de gramíneas, uma delas predominando, dependendo dos solos, vi) as áreas francamente abertas de lavrado, com poucos arbustos, vii) os lagos do lavrado, viii) presença de cactáceas, por exemplo, o mandacaru Cereus sp., geralmente associadas a áreas de cupinzeiros Cornitermes, os quais também ocorrem onde os cactos não estão presentes, ix) as serras em várias regiões do lavrado, onde estão presentes no entorno árvores baixas, arvoretas e arbustos, geralmente com a presença de cactáceas, gêneros Cereus e Melocactus. 48 Thiago Morato de Carvalho e Celso Morato de Carvalho Podemos citar também relatos sobre as profícuas relações entre geomorfologia e a biogeografia tendo como pano de fundo as paisagens do lavrado roraimense (CARVALHO, 2009B; VANZOLINI, 2011; CARVALHO & CARVALHO, 2012a,b). Essas considerações são baseadas nas características geomorfológicas das áreas abertas do nordeste de Roraima, como os afloramentos graníticos presentes nas regiões de morros, hogbacks, inselbergs, matacões e tors esparsos de diferentes tamanhos. Do ponto de vista biogeográfico, estas unidades podem ser vistas como hábitats e microhábitats para diferentes espécies da fauna do lavrado. Fraturas e disjunções nestas rochas constituem um complexo de microhábitats, com água, areia e vegetação, que são ocupados por muitos vertebrados e invertebrados. Algumas espécies são fiéis a estas formações, portanto não ocorrem em todo o lavrado, só onde houver estes hábitats. Reconhecer estas fisionomias é o campo da geomorfologia e interpretar a distribuição dos animais nestes ambientes é o campo da biogeografia, aliada à zoologia, botânica e ecologia. Outros modelos sobre descrições de paisagens de Roraima já foram também apresentados, por exemplo, os trabalhos do Radambrasil (1975), um projeto em nível nacional ligado ao Ministério das Minas e Energia; os relatórios do Ministério do Interior, com úteis informações paisagísticas do lavrado e outras áreas (ACAR, 1973); e os relatos sobre a geografia e história de Roraima, elaborados por Antonio Ferreira de Souza (1969). Na Folha número 8 do Radambrasil, dedicada a Roraima, é possível obter detalhadas informações sobre a geologia, geomorfologia, botânica e usos dos recursos naturais desta região, a qual, parte do Planalto das Guianas, é formada por regiões serranas nos limites setentrionais, por exemplo, as serras Parima, Imeniaris, Pacaraima e Uafaranda, e pelo Planalto Norte Amazônico, com altitudes menores do que 800 metros, cobertas por florestas. Nestas formações estão situados os Planaltos ou Platôs Residuais Norte Amazônicos. São regiões antigas, dispostas sobre terrenos sedimentares e cristalinos, onde ocorrem as várzeas dos rios, os tesos e terraços fluviais (VELOSO et al., 1975; AB’SABER, 1997, 2003; VANZOLINI & CARVALHO, 1991). Muitas destas descrições de paisagens do Radambrasil foram feitas através das informações obtidas por reambuladores, que iam de toda forma até áreas inacessíveis, com a ajuda dos antigos relatos sobre a vegetação de Roraima (e.g. TAKEUSHI, 1960; BEIGBEDER, 1959; BARBOSA & RAMOS, 1959; OLIVEIRA, 1929). Os relatos feitos por Sebastião Pereira do Nascimento, um estudioso da fauna de Roraima e também das relações humanas e a natureza, especificamente indígenas e o meio ambiente, são de fundamental importância para conhecermos as paisagens do lavrado. Nascimento está entre os que mais têm contribuído para o entendimento das paisagens roraimenses, ao lado do antropólogo Paulo José Brando Santilli, defensor da cultura e dos direitos Socioambientalismo de Fronteiras – v. III 49 dos povos indígenas de Roraima. Os relatos de Nádia Farage sobre os povos indígenas da região e processos de colonização também muito contribuem para entendimento das paisagens da região. Dentre outros estudiosos que voltaram os olhos para estas paisagens, vários já citados, merecem destaque os zoólogos Paulo Emílio Vanzolini e Ronald Heyer, e o geógrafo Aziz Nacib Ab’Saber, que fazem minuciosos relatos sobre viagens e estudos realizados por vários autores nesta região (NASCIMENTO, 1998, 2000; NASCIMENTO et al., 2012; SANTILLI, 1994, 2001; AB’SABER, 1997; 2003; VANZOLINI & CARVALHO, 1991; HEYER, 1989; FARAGE, 1991). Também contribuem para o entendimento destas paisagens o Ministério Público Estadual, que faz permanente defesa dos direitos indígenas, através do Procurador de Justiça Edson Damas da Silveira, o Ibama e o ICMBio que trabalham em várias áreas da região, pesquisadores das universidades federal e estadual de Roraima, do Inpa e IBGE, além de órgãos estaduais, como o Iacti, o Museu Integrado de Roraima e a Seplan, órgãos estaduais que coordenaram o Zoneamento Ecológico Econômico de Roraima em 2014, liderados por Daniel Gianluppi e sua equipe do Iacti. Atualmente, para conhecermos em detalhes os componentes paisagísticos das regiões são empregadas técnicas de geoprocessamento através do Sistema de Informações Geográficas, com a criação de bancos de dados ambientais e sociais. São informações úteis para conhecermos as paisagens e os elementos estruturais que as compõem. Aqui na nossa região temos dois exemplos onde estas informações são geradas: na Universidade Federal de Roraima, através do laboratório de Métricas da Paisagem e na Seplan, através do Sistema de Gestão Territorial de Roraima, que tem um excelente modelo de geoprocessamento, implantado por Haroldo Henrique Amoras dos Santos. 4 MODELOS ATUAIS PARA ENTENDIMENTO DE PAISAGENS No presente, há várias ferramentas que nos permitem analisar em detalhes a paisagem e seus elementos físicos e biológicos constitutivos, como o relevo, a drenagem, vegetação e solos. Uma destas ferramentas imprescindíveis hoje em dia são as imagens de satélites, assim como o foram num passado recente as imagens de radar e mais anterior um pouco as fotografias aéreas (RADAMBRASIL, 1975; Figura 11-A). Por exemplo, no presente exercício sobre paisagens de Roraima é fundamental identificarmos as formas de relevo elaboradas por dois processos: i) denudação, relacionado à degradação e desgaste do relevo – como exemplo temos os níveis de superfícies de aplainamento, os morros e tesos (colinas baixas), ii) agradação, rela- 50 Thiago Morato de Carvalho e Celso Morato de Carvalho cionado à acumulação de sedimentos – como exemplo temos as paisagens formadas pelas planícies aluviais, acumulação de areias brancas, áreas alagadas e lagos (CHRISTOFOLETTI, 1999). As imagens que permitem identificar processos agradacionais podem ser obtidas de diversas fontes (CARVALHO, 2009a) – nós utilizamos para este exercício as Landsat 7 (produto Geocover 2000). Para processos denudacionais, é muito útil o modelo de elevação da SRTM (radar interferométrico). E para processar imagens, pode ser utilizado o programa Envi 4.3, por exemplo. As imagens Landsat 7 podem ser obtidas através do produto Geocover 2000 (zulu.ssc.nasa.gov) e o modelo digital de elevação através da Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) e corrigidos hidrologicamente (relevobr.cnpm. embrapa.br). Aqui na nossa região estas imagens e informações de paisagens e processos geomorfológicos podem ser obtidas através do Laboratório de Métricas da Paisagem da Universidade Federal de Roraima (http:/ufrr.br/mepa), que utiliza e desenvolve técnicas derivadas de geoprocessamento e sensoriamento remoto com base em imagens como as da séria Landsat. 5 UNIDADES MORFOESTRUTURAIS DE RORAIMA Uma pergunta é pertinente no presente contexto: como situar dentro das paisagens amazônicas os ambientes de Roraima? Embora possamos utilizar atualmente de geotécnicas para caracterizar paisagens, nós podemos reconhecer quatro unidades morfoestruturais em Roraima, descritas nos clássicos relatos que descrevem o antigo Território Federal do Rio Branco (e.g. BARBOSA & RAMOS, OLIVEIRA, 1959; OLIVEIRA, 1929, GUERRA, 1957; RADAMBRASIL, 1975; TAKEUSHI, 1960): i) áreas florestadas de vários tipos ao sul e oeste; ii) lavrado – áreas abertas com arbustos, gramíneas e ciperáceas, ilhas de mata e buritizais formando matas galerias juntamente com as matas dos rios e igarapés, a nordeste de Roraima; iii) áreas alagáveis – formações abertas com buritizais, palmáceas e herbáceas em sistemas de paleocanais, com predominância de depósitos aluvionares permanentemente alagáveis compostos por areias brancas que ocorrem no centro da região para o sul, iv) áreas montanhosas e serras baixas nas fronteiras, ao norte com a Venezuela, em ambientes florestados no geral mesclados com áreas abertas, e a leste com a Guiana, em ambientes de áreas abertas do lavrado (Figuras 2 e 3). Essas unidades compõem feições muito específicas dentro do domínio morfoclimático amazônico. Específicas porque dentro da grande área florestada da Hiléia ocorrem áreas abertas, por exemplo, os campos de Humaitá no rio Madeira no Amazonas, os campos do Ariramba no rio Trombetas no Socioambientalismo de Fronteiras – v. III 51 Pará, as áreas abertas de Alter do Chão no rio Tapajós no Pará, as campinas e campinaranas do rio Negro no Amazonas, os campos do Puciari em Rondônia (EGLER, 1960; VANZOLINI, 1992; AB’SABER, 1967). Roraima é uma destas áreas abertas. Específicas também porque cada área aberta destas tem uma identidade cultural, geográfica e ecológica próprias, com a presença de animais endêmicos ou com distribuição restrita (CARVALHO, 2009b). Específica também, por outro foco, porque estimula uma velha questão sobre expansões e retrações da floresta, hipótese que trás muitas consequências para a biota e para o entendimento das migrações humanas – sob um clima úmido a floresta se expande, em clima seco (glacial nos pólos e áreas próximas) o ar fica seco e a floresta se retrai, promovendo processos de especiação da fauna e flora, e a retração ou expansão também de culturas humanas (VANZOLINI & WILLIAMS, 1970; MEGGERS, 1954, 1973). E específica também, esta área do lavrado roraimense, porque corrobora com a conceituação de Ab’Saber dos domínios morfoclimáticos, uma área de extensão subcontinental, que tem feições próprias de relevo, vegetação, clima, solos e hidrografia. Roraima não tem extensão subcontinental, mas contempla a parte da conceituação de domínios no que diz respeito a presença enclaves (ou encraves) de vegetação dentro da grande formação vegetal, por exemplo as manchas de cerrado dentro da caatinga. Assim, a grande área abrangida pelo domínio morfoclimático da Amazônia, com áreas predominantemente florestadas, apresenta áreas abertas dentro do domínio, as quais podem representar relíquitos de vegetação que dominou há 20.000-10.000 anos atrás, vegetação de cerrado, por exemplo, que pode ter adentrado na Amazônia durante climas mais secos quando as florestas regrediram (AB’SABER, 2003; VANZOLINI, 1986). A hidrografia regional atua como um importante sistema modelador destes ambientes paisagísticos de Roraima, dissecando o relevo na direção predominante norte-sul e pode ser caracterizada como autóctone no geral – os rios do domínio amazônico, no geral, são predominantemente alóctones. O sistema fluvial roraimense é influenciado ao norte e noroeste pelas serras Parima e Pacaraima, divisoras de águas que drenam para o rio Orinoco. Por exemplo, o rio Orinoco nasce na Serra Parima, parte situada a noroeste de Roraima, e se desenvolve na Venezuela; os rios Maú, Cotingo, Panari e Uailan nascem na região das serras do Monte Roraima e drenam para os rios Tacutu e Branco. Na porção noroeste, nas proximidades das Serras Parima e Imeniaris, nascem os rios Parima e Auari, os quais formam o rio Uraricoera, na Serra Uafaranda. O Uraricoera corre para leste e se junta ao rio Tacutu (fronteira Brasil-Guiana em quase toda a sua extensão), o qual nasce na região da Serra Wamuriaktawa na Guiana e corre de sul para norte numa fossa tectônica (graben). Ambos os rios vão formar o rio Branco, que corre para o sul e se une ao rio Negro na sua margem esquerda. 52 6 Thiago Morato de Carvalho e Celso Morato de Carvalho FORMAÇÃO DE PAISAGENS Os padrões de dissecação do terreno nos informam sobre a gênese das paisagens, e através das imagens de satélite, nós podemos observar em Roraima os processos agradacionais e denudacionais (Figuras 3-6 e 8) – as últimas compreendem 135.000 km² da região (cerca de 60%); os relevos agradacionais estão encaixados em 90.000 km² das paisagens roraimenses, incluindo os lagos do lavrado (Figuras 6 e 8). Como exemplos regionais de relevo do tipo denudacional nós temos os sistemas erosivos, escarpados, do complexo Parima-Pacaraima, com forte controle estrutural e de dissecação. Outras regiões da paisagem roraimense que ilustram este processo por denudação são: região do Monte Roraima (05°11’N, 60°49’W) com dissecação moderada, Serra do Marari (04°16’N, 60°46’W) fracamente dissecado e Serra da Lua (02°27’N, 60°28’W) fortemente dissecada, localizada nas proximidades da Guiana, com relevo de transição com morfologias agradacionais e denudacionais (Figura 5). Nas áreas formadas por terras baixas e arrasadas por intemperismo químico profundo (etchplanação), nós podemos observar as planícies fluviais bem desenvolvidas, do tipo agradacionais. Os ambientes agradacionais roraimenses caracterizam-se por apresentarem planícies fluviais bem desenvolvidas, onde os principais rios formam, pelo menos, 17.500 km² de área úmida por onde fluem os rios que cortam os lavrados em parte, como o Uraricoera, Tacutu, Branco, Surumu, Parimé, Cauamé e o Cotingo. Nessas planícies fluviais ocorrem morfologias típicas de unidades agradacionais, por exemplo, as barras de areia e ilhas anexadas à planície, que estão em constante dinâmica. Os rios, predominantemente aluviais, formam praias durante a estiagem e lagos de paleocanais, com unidades onde ocorrem processos erosivos evidenciados pelos barrancos íngremes e ilhas em processo de erosão. Também fazem parte das paisagens agradacionais as formações lacustres, fluviais ou desconexas destes, formando ambientes periodicamente alagáveis, no lavrado e na porção sul de Roraima. No lavrado, esse sistema hidrogeomorfológico interconectado por campos e veredas tem cerca de 11.000 km² de extensão, em morfologias típicas de sistemas deposicionais. As áreas periódicas e permanentemente alagáveis do centro-sul de Roraima ocupam cerca de 8.000 km². Estas áreas úmidas em Roraima – considerando somente os rios com planícies fluviais desenvolvidas, campos com sistemas lacustres, e áreas de influência de buritizais – ocupam uma área de aproximadamente 20.750 km². Nós podemos também associar as formas de dissecação do terreno com as altitudes. Então, identificamos, através das técnicas de geoprocessamento, um compartimento com cotas acima de 800 metros na região fronteiriça com a Venezuela, o sistema de montanhas Parima-Pacaraima. Neste Socioambientalismo de Fronteiras – v. III 53 compartimento serrano predominam as morfologias tipicamente denudacionais, com dissecação forte e controle estrutural, vales encaixados, serras formando hogbacks, inselbergs e formações tabulares (tepuys), as quais estão associadas a antigas superfícies regionais de aplainamento. Um exemplo desta morfologia é o Monte Roraima. Um segundo compartimento, intermediário, tem as cotas entre 200 a 800 metros, intercalado por morfologias típicas denudacionais e agradacionais, prevalecendo a primeira. O sistema Parima-Pacaraima caracteriza-se por ser uma região instável do ponto de vista evolutivo da paisagem, atuando como frente de recuo de escarpa, rebaixando o relevo (dissecando-o) por atividade modeladora dos sistemas de drenagem, formando um complexo sistema de serras e morros, o que explica a origem dos inselbergs (morros testemunhos) desta região e dos tepuys. King (1956) e Latrubesse & Carvalho (2006) relatam este processo para a região de Goiás, descrevendo-o como zona de erosão recuante. Ocorrem também neste compartimento intermediário as planícies fluviais incipientes, as quais têm suave caimento em direção ao rio Branco. Um terceiro compartimento, agora com predominância de feições agradacionais, é caracterizado então pelos sistemas lacustres do lavrado e por algumas áreas abertas ao sul da região, que apresentam depósitos aluvionares e planícies fluviais bem desenvolvidas. Estas áreas ao sul atuam em cotas inferiores a 200 metros e são regiões estáveis, com dissecação fraca, caracterizadas por superfície aplainada pelas redes de drenagens fluviais: Branco, Xeruini, Catrimani, Jufari e Jauaperi – os três últimos são rios que formam extensos terraços meandriformes (Figura 9). 7 COLINAS, LAGOS E ILHAS FLUVIAIS No lavrado ocorre uma interessante feição geomorfológica com extensa superfície de aplainamento nas cotas entre 50-200 metros (74% do lavrado), formadas por colinas dissecadas – os tesos – originadas pela dissecação da drenagem em torno dos sistemas lacustres interconectados por igarapés. A declividade destas áreas varia entre 0º-5º em relevo plano com baixa energia, favorecendo o aporte de material sedimentar, basicamente arenoso, proveniente das áreas adjacentes elevadas e favorece a formação de lagos (Figura 10). A formação destes lagos está associada às águas pluviais e ao lençol freático; em sua maioria são cabeceiras de canais de primeira ordem que dão origem aos buritizais. Predominantemente sazonais, esses lagos são rasos (1-3 metros de profundidade) e influenciados pelas chuvas, que nesta região é em torno de 1600 mm/ano, assim distribuídas: i) no período chuvoso (abril-setembro, no geral) é cerca de 1400 mm ao ano e 280 mm por mês, ii) no período seco (outubro-março, no geral) é em torno de 270 mm ao ano e 45 mm por mês. É justamente no período chuvoso que se forma no 54 Thiago Morato de Carvalho e Celso Morato de Carvalho lavrado um formidável sistema interconectando entre si lagos, igarapés e rios, por uma área cerca de 800 km². Durante a estiagem a área dos lagos tem cerca 130 km². Recentemente nós contabilizamos cerca de 840 lagos só ao longo da planície fluvial do rio Branco – aproximadamente 110 destes no curso alto, 80 no trecho médio e 650 no curso baixo. As ilhas fazem parte deste sistema e nós identificamos recentemente 148 ilhas ao longo do rio Branco, através de imagens de satélite e excursões de campo. Como os rios são dinâmicos, em 1975 havia 129 ilhas ao longo deste rio, portanto, um acréscimo de 19 ilhas em 38 anos. Um caso interessante é o complexo formado pelas ilhas Canhapucari na Praia Grande e São Pedro e São Bento no igarapé Surrão, em frente à cidade de Boa Vista. Este complexo com 7,76 km² está sendo anexado à margem esquerda do rio Branco a uma taxa de 16.705 m²/ano. No caso particular da ilha Canhapucari, esta tem se desenvolvido longitudinalmente, com perda lateral. Em 71 anos houve um ganho de 155.240 m² de sedimentos, acréscimo de 25,75% de sua área a uma taxa anual de 2,18 m² (Figura 11A-B). Cabe aqui um comentário a respeito de ordem temporal de mudanças da paisagem. Esta interessante paisagem do sistema fluvial do rio Branco, envolvendo as ilhas defronte a cidade de Boa Vista, é uma das mais dinâmicas de Roraima e está em constante mudança em escala anual. Algumas outras mudanças na paisagem estão na ordem de décadas, como as áreas urbanas, povoados, e seus entornos. Outras transformações paisagísticas são da ordem de milhares de anos, como as mudanças naturais da cobertura vegetal e feições do relevo. 8 AS DUNAS DE AREIAS BRANCAS E MARRONS Essas formações dunares em Roraima ocorrem nos rios Xeruini, Catrimani e Água Boa do Univini, e também em diversas áreas de lavrado (Figura 12). No rio Xeruini, as dunas compõem a paisagem como depósitos inativos, aluvionares de paleomeandros no seu terraço, bem como depósitos ativos da planície fluvial do rio. Nas regiões dos rios Catrimani e Univini ocorrem dunas parabólicas inativas, provavelmente originadas de antigos depósitos aluvionares dos terraços remodelados pelo vento na direção NE-SW. Estes depósitos que formam dunas abrangem cerca de 730 km². Em algumas regiões de tesos do lavrado ocorrem também depósitos ativos arenosos – as areias marrons – dando aspecto de dunas modeladas por ação do fluxo superficial de água, escoamento laminar, lembrando feições do tipo ripples, que são pequenas ondulações modeladas pelo fluxo lento em superfície rasas de água (Figura 12 D). Socioambientalismo de Fronteiras – v. III 55 A litologia do substrato rochoso e a topografia do relevo são essenciais para a formação de areias brancas (podzolização). A origem das areias brancas, sejam autóctones ou alóctones, é associada ao intemperismo (saprólito) de rochas cristalinas ou de arenitos. Estas rochas foram lixiviadas durante fases paleoclimáticas secas (glaciais), formando depósitos residuais de quartzo e feldspato, os quais podem ficar no local ou ser transportados para outros lugares. Processos eólicos também podem atuar na formação dos depósitos arenosos, por exemplo, nas campinas e campinaranas do rio Negro. São feições remodeladas pelo vento, formando dunas do tipo parabólica, cuja orientação geral é NE-SW. Alguns estudos como os de Ab’Saber (1982), Iriondo & Latrubesse (1994) e Carneiro-Filho et al. (2003) dão ênfase a essas feições dunares e ocorrências das areias brancas. Figura 2 Padrões de vegetação das áreas abertas ao norte da Amazônia: A – fronteira com a Venezuela, contato lavrado com floresta (04°2’N, 61°03’W), B – vegetação da Gran Sabana venezuelana, serras e morros, processos de ravinamento (04°50’N, 60°57’W), C – Serra da Memória, vegetação arbustiva sobre campos com matacões e tors (04°10’N, 60°57’W), D – ilhas de mata, igarapés com buritizais e lagos do lavrado (03°12’N, 60°57’W). 56 Figura 3 Thiago Morato de Carvalho e Celso Morato de Carvalho Exemplos de unidades morfoestruturais de Roraima: 1 – lavrado, 2 – matas altas, 3 – planícies de areias brancas. Socioambientalismo de Fronteiras – v. III Figura 4 57 Tipos de planícies fluviais de Roraima: A – planície fluvial sobre relevo aplainado do lavrado, confluência dos rios Uraricoera e Tacutu (03°1’N, 60°29’W), B – planície fluvial sobre relevo aplainado do lavrado, rio Mucajaí (02°36’N, 60°54’W), C – planície fluvial pouco desenvolvida, rio Cotingo (04°17’N, 60°32’W), D – planície fluvial pouco desenvolvida em relevo com forte controle estrutural, rio meandriforme com sistemas lacustres de meandros abandonados tipo oxbowls (04°56’N, 61°14’W). 58 Thiago Morato de Carvalho e Celso Morato de Carvalho Figura 5 Padrões morfológicos de sistemas denudacionais e agradacionais: 1 – região do Monte Roraima, com dissecação moderada (05°11’, N 60°49’W), 2 – forte dissecação e controle estrutural, Serra Marari, norte de Roraima (04°16’N, 60°46’W), 3 – rio Uraricoera, dissecação fraca com predominância de morfologias agradacionais (03°19’N, 60°25’W), 4 – Serra da Lua, dissecação média e forte, com controle estrutural, transição de morfologias agradacionais e denudacionais (02°27’N, 60°28’W). Socioambientalismo de Fronteiras – v. III Figura 6 59 Sistemas lacustres no lavrado: acima rio Surumu, abaixo rio Tacutu. 60 Thiago Morato de Carvalho e Celso Morato de Carvalho Figura 7 Classes altimétricas do relevo de Roraima. Socioambientalismo de Fronteiras – v. III Figura 8 61 Sistemas geomorfológicos denudacionais e agradacionais e unidades associadas às áreas úmidas de Roraima. 62 Thiago Morato de Carvalho e Celso Morato de Carvalho Figura 9 Perfis topográficos dos três compartimentos do relevo de Roraima: i) A a-a’ – borda norte do lavrado e áreas do sistema Parima, até a Venezuela, ii-iii) B b-b’, C c-c’- regiões centrais do lavrado até a fronteira da Venezuela, incluindo áreas de mata, iv) D d’- corte do lavrado até as áreas abertas da Gran Sabana venezuelana. Socioambientalismo de Fronteiras – v. III 63 Figura 10 Lavrado: 1 – tesos, morfologias convexas, 2 – lagos circulares, 3 – igarapés associados a buritizais. Figura 11 Complexo Surrão-Praia Grande, processo de soldamento a montante, acreção lateral – planície de inundação (estabilização de barra arenosa: A) fotografia aérea do governo norte-americano obtida em 1943 e depositadas na biblioteca do Inpa, B) imagem GeoEye obtida em 2011. 64 Thiago Morato de Carvalho e Celso Morato de Carvalho Figura 12 Depósitos de areias brancas modelados por ação eólica e fluvial em Roraima: A – Depósito inativo, aluvionar de paleomeandro, terraço do rio Xeruini. B – Dunas parabólicas inativas, provável origem de antigos depósitos aluvionares remodelados pelo vento (NE-SW), campos de dunas dos rios CatrimaniUnivini. C – Depósitos ativos na planície fluvial do rio Xeruini. D – Depósitos ativos arenosos (areias marrons) do lavrado, tesos, aspectos de dunas modeladas por ação eólica em conjunto com fluxo superficial de água (polifásica). 9 REFERÊNCIAS AB’SABER, A. N. A formação Boa Vista: significado geomorfológico e geoecológico no contexto do relevo de Roraima. In: BARBOSA, R. I.; FERREIRA E. J. G.; CASTELLÓN, E. G. (Eds.). Homem, ambiente e ecologia no Estado de Roraima. Manaus: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia , 1997. _____. Domínios morfoclimáticos e províncias fitogeográficas do Brasil. Orientação, Universidade de São Paulo, Departamento de Geografia 3, 1967. Socioambientalismo de Fronteiras – v. III 65 _____. Os domínios de natureza no Brasil. Potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. _____. The paleoclimate and paleoecology of Brazilian Amazônia. In: PRANCE, G. T. (Ed.). Biological diversification in the tropics. New York, Columbia University Press, 1982. ACAR, 1973. Território Federal de Roraima. Diagnóstico sócio econômico preliminar. Associação de Crédito e Assistência Rural do Território Federal de Roraima – Serviço de Extensão Rural, Ministério do Interior. BARBOSA, O.; RAMOS, J. R. A. 1959. Território do Rio Branco. Aspectos principais da geomorfologia, da geologia e das possibilidades minerais de sua zona setentrional. Departamento Nacional da Produção Mineral, Divisão de Geologia e Mineralogia, Boletim 196, Rio de Janeiro 47p. BARBOSA, R. I.; NASCIMENTO, S. P.; AMORIM, P. F., SILVA, R.F. 2005. Notas sobre a composição arbóreo-arbustiva de uma fisionomia das savanas de Roraima, Amazônia Brasileira. Acta Botanica Brasilica 19(2):323-329. BEIGBEDER, Y. 1959. La région moyenne du haut rio Branco (Brésil): Étude geomorphologique. Université de Paris, Institut National de Recherches de L’Amazonie 254p. + Cartes. CARNEIRO-FILHO, A.; TATUMI, S. H.; YEE, M. 2003. Dunas fósseis na Amazônia. Ciência Hoje 32(191): 24-29. CARVALHO, C. M. 2009b. O lavrado da serra da lua em Roraima e perspectivas para estudos da herpetofauna na região. Revista Geográfica Acadêmica 3(1):5-11. CARVALHO, T. M. Parâmetros geomorfométricos para descrição do relevo da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé, Manaus, Amazonas p. 3-17. In: Biotupé: Meio Físico, Diversidade Biológica e Sociocultural do Baixo Rio Negro, Amazônia Central. (Santos-Silva, E. N. & V. V. Scudeller, Orgs.). v. 2, Editora da Universidade Estadual do Amazonas, Manaus, Amazonas, 2009a. _____; CARVALHO, C. M. Interrelation of geomorphology and fauna of Lavrado region in Roraima, Brazil – suggestions for future studies. Quaternary Science Journal 61(2):146-155, 2012b. _____. Sistemas de informações geográficas aplicadas à descrição de habitats. Acta Scientiarum 34:79-90, 2012a. CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. 2. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 1980. EGLER, W. A. Contribuição ao conhecimento dos campos da Amazônia. I. Os campos do Ariramba. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi (Nova Série Botânica), 4:1-36, 1960. EITEN, G. Delimitação do conceito de cerrado. Arquivos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 21:125-134, 1977. _____. Natural Brazilian vegetation types and their causes. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 64:35-65, 1992. FARAGE, N. As muralhas dos sertões: os povos indígenas no rio Branco e a colonização. São Paulo e Anpocs: Paz e Terra, 1991. 66 Thiago Morato de Carvalho e Celso Morato de Carvalho GUERRA, A. T. Estudo geográfico do Território do Rio Branco. IBGE, Rio de Janeiro, 1957. HAFFER, J. Speciation in Amazonian forest birds. Science165:131-137, 1969. HEYER, W. R. Hyla benitzi (Amphia:Anura:Hylidae): First record for Brazil and its biogeographical significance. Journal Herpetology 28(4): 497-499, 1994. IRIONDO, M.; LATRUBESSE, E. A probable scenario for a dry climate in Central Amazônia during the late Quaternary. Quaternary International 21:121-128, 1994. KING, L. C. Geomorfologia do Brasil Oriental. Revista Brasileira de Geografia 18(2):1-147, 1956. LATRUBESSE, E.; CARVALHO, T. M. Geomorfologia. Goiás e Distrito Federal. Superintendência de Geologia e Mineração – Série Geologia e Mineração 2, Governo do Estado de Goiás – Secretaria de Indústria e Comércio, 2006. MEGGERS, B. J. Environmental limitation on the development of culture. American Anthropologist 56(3):801-824, 1954. _____; CLIFFORD, E. A reconstituição da pré-história amazônica: algumas considerações teóricas. Publicações Avulsas do Museu Paraense Emílio Goeldi 20:5169, 1973. METZGER, J. P. O que é ecologia de paisagens. Biota Neotropica 1(1):1-9, 2001. MORAIS, R. P.; CARVALHO, T. M. Cobertura da Terra e Parâmetros da Paisagem no Munícipio de Caracaraí – Roraima. Revista Geográfica Acadêmica 7(1):46-59, 2013. MOREIRA, R. Marxismo e geografia: a geograficidade e o diálogo das ontologias. Geographia 6(11):21-37, 2004. NASCIMENTO, S. P. Aspectos epidemiológicos dos acidentes ofídicos ocorridos no Estado de Roraima, Brasil, entre 1992 e 1998. Cadernos de Saúde Pública 16(1):271-276, 2000. _____. Ocorrência de lagartos no lavrado de Roraima (Sauria: Teiidae: Gekkonidae: Iguanidae: Polychrotidae: Tropiduridae: Scincidae e Amphisbaenidae), Brasil. Boletim do Museu Integrado de Roraima 4: 39-49, 1998. _____; CARVALHO, C. M.; FARIAS, R. E. S. Os quelônios de Roraima. Biologia Geral e Experimental 12(1):1-48, 2012. OLIVEIRA, A. I. Bacia do Rio Branco. Estado do Amazonas. Boletim do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil 37:1-71, 1929. SANTILLI, P. Fronteiras da República: história e política entre os Macuxi no vale do rio Branco. Núcleo de História Indígena e do Indigenismo, Universidade de São Paulo-Fapesp, 1994. _____. Pemongon Patá: território Macuxi, rotas de conflito. Unesp, 2001. SOUZA, A. F. Noções da geografia e história de Roraima. Gráfica Palácio Real, Manaus, Amazonas, 1969. TAKEUSHI, M. A estrutura da vegetação na amazônia. II. As savanas do norte da Amazônia. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, 7:1-14. 1960. Socioambientalismo de Fronteiras – v. III 67 VANZOLINI, P. E. Paleoclimas e especiação em animais da América do Sul tropical. Estudos Avançados (6)15:41-65. 1992. _____. Zoologia sistemática, geografia e a origem das espécies, pp214-238. In: A evolução ao nível de espécie: répteis da América do Sul (Opera Omnia Paulo E. Vanzolini). Editora Beca – Fundação de Amparo do Estado de São Paulo, 2011. (Originalmente publicado por P. E. V. em 1970, Universidade de São Paulo, Instituto de Geografia, Série Teses e Monografias 3:1-56). _____; CARVALHO, C. M. Two sibling and sympatric species of Gymnophthalmus in Roraima, Brasil (Sauria:Teiidae). Papéis Avulsos de Zoologia 37: 173-226. 1991. _____; WILLIAMS,E. E. South American anoles: the geographic differentiation and evolution of the Anolis chrisolepis species group (Sauria, Iguanidae). Arquivos de Zoologia 19(1-4):1-298. 1970. VELOSO, H. P.; GÓES-FILHO, L.; LEITE, P. F.; BARROS-SILVA, S.; FERREIRA, H. C.; LOUREIRO R. L.; TEREZO, E. F. M. IV – Vegetação – As regiões fitoecológicas, sua natureza e seus recursos econômicos – Estudo fitogeográfico. In: Projeto Radambrasil – Folha NA.20 Boa Vista e parte das folhas NA.21 Tumucumaque, NB.20 Roraima e NB.21 – DNPM, Rio de Janeiro, 1975. WEIGEL, P. Educação para que ambiente? Desafios teóricos para a educação ambiental na Amazônia. Inpa, 2009.