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O Império (27 a.C. à 476 d.C.)
C
ostuma-se dizer que o Império Romano durou até 476,
quando os invasores hérulos, comandados por Odoacro,
depuseram o imperador Rômulo Augústulo. Mas esse
acontecimento marca apenas o fim do Império Romano no Ocidente.
A metade oriental – mais rica, mais populosa, menos castigada
pelas guerras civis e menos exposta às invasões bárbaras –
sobreviveu como Império Romano do Oriente até metade do século
XV. Além disso, o declínio de Roma não pode ser entendido apenas
como um acontecimento isolado.
Dividimos este período da história romana em Alto Império
(séculos I a.C. a III d.C.), marcado pelo apogeu do escravismo, da
riqueza e do poder romanos; e Baixo Império (séculos III a V), fase
turbulenta da decadência romana e da chegada dos bárbaros
germânicos que lançaram sua ofensiva sobre os restos do império.
O Alto Império (I a.C. – III d.C.)
Caio Júlio César Otávio, o primeiro imperador romano,
centralizou os poderes sem romper oficialmente com as instituições
republicanas, pois conhecia bem o sentimento antimonarquista da
aristocracia romana. Desta forma o senado, as magistraturas e as
assembléias continuaram existindo, só que descaracterizadas e
submetidas à vontade pessoal do imperador. O senado, por exemplo,
foi transformado em órgão consultivo.
O Senado ofereceu-lhe a ditadura vitalícia. Otávio habilmente
recusou-a. Mas aceitou o título de Augusto (que significa:
consagrado, majestoso, venerável; aplicava-se aos lugares santos).
Foi acumulando os cargos e títulos mais importantes: Imperator
(“general vitorioso”), que lhe dava autoridade legal sobre todos
os exércitos; Princeps (“primeiro cidadão do Estado”) e presidente
do Senado. Além disso, era cônsul (comandante militar), tribuno
(intocável), censor (vigiava os cidadãos e nomeava os senadores),
sumo pontífice (chefe da religião romana).
O governo de Otávio realizou muitas reformas sociais e
administrativas, inaugurando um período de grande prosperidade
econômica e social. Dentre suas principais reformas e realizações
merecem destaque a organição da administração das províncias,
dividindo-as em senatoriais e imperiais. As províncias imperiais
eram regiões ainda não pacificadas e que inspiravam maiores
cuidados. O objetivo era facilitar o censo e a cobrança de imposto;
Passou a arrecadação dos impostos para as mãos do Estado e
combateu a corrupção dos altos funcionários, diminuindo a
exploração da província; Estabeleceu a Pax Romana, pondo fim as
guerras de expansão e fortalecendo e reorganizando o exército
para o melhor controle das fronteiras e dos domínios; Promoveu a
política de “pão e circo”, com a distribuição de trigo para a
população pobre e organização de festas e espetáculos públicos
regularmente, a fim de evitar as tensões sociais; Construiu
excelentes estradas garantindo assim a comunicação; O
Mediterrâneo ficou livre de piratas; as Letras e as Artes foram
protegidas e estimuladas.
Durante o governo de Otávio, nasceu Jesus Cristo, na
Palestina, então sob domínio romano. A crucificação de Cristo se
deu no governo seguinte, do imperador Tibério.
O Imperador Otávio Augusto construiu em Roma um novo
Estado de instituições sólidas, mas no entanto seus sucessores
não souberam preservá-lo. Quatro dinastias sucederam seu
governo ainda no Alto Império:
Ø Dinastia Júlio-Claudiana;
Ø Dinastia dos Flávios;
Ø Dinastia dos Antoninos;
Ø Dinastia dos Severos.
Dinastia Júlio-Claudiana (14-68 d.C.)
Imperadores: Tibério (14-37d.C.), Calígula (37-41 d.C.), Cláudio
(41-54 d.C.) e Nero (54-68 d.C.).
Principais características:
vinculada à aristocracia patrícia, esse
período foi marcado por sangrentos e
constantes conflitos com o Senado. No
governo de Tibério, data a crucificação
de Cristo, responsável pelo nascimento
do Cristianismo, uma nova religião que
se expandiu rapidamente. Nero
promoveu a primeira perseguição aos
Cristãos, quando mandou incendiar
Roma e os culpou por isso.
Nero
O comércio desenvolveu-se
intensamente em todas as regiões, possibilitando um grande avanço
econômico, que refletiu no embelezamento das cidades, construção
de estradas, anfiteatros, termas, aquedutos.
Dinastia Flávia (68 - 96 d.C.)
Imperadores: Vespasiano (68-79 d.C.), Tito (79-81 d.C.) e
Domiciano (81-96 d.C.)
Principais
características:
Vinculada aos grandes
comerciantes de outras
regiões da Península
Itálica, realizaram uma
administração
despótica, submetendo
o Senado ao controle
Tito Flávio
dos Imperadores dessa
Vespasiano
dinastia. No governo
de Tito as cidades de Pompéia e Herculano foram totalmente
destruídas pela erupção do Vesúvio. Em 70 e 95 ocorreram dois
conflitos com os judeus, que resultaram em verdadeiros massacres.
Dinastia Antonina (96 - 193 d.C.)
Imperadores: Nerva (96-98 d.C.), Trajano (98-117 d.C.),
Adriano (117-138 d.C.), Antonio Pio (138-161 d.C.), Marco Aurélio
(161-180 d.C.) e Cômodo (180-192 d.C.).
Principais características: Imperadores de origem não
romana, adotaram uma postura conciliatória com o Senado. Foram
excelentes governantes, com exceção do último. Nesse período
Roma chegou ao seu esplendor, sendo conhecido como a Idade de
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O Império (27 a.C. à 476 d.C.)
Ouro. Novas conquistas
permitiram a aquisição de
mais escravos, terras e outras
riquezas, refletindo mais uma
vez no investimento da arte,
da arquitetura e de grandes
edificações.
descontentes; as imensas desigualdades sociais e o contraste entre
o luxo, o ócio e a ostentação da elite e a miséria da plebe provocaram
tensões sociais e rebeliões, tanto em Roma quanto nas províncias;
Trajano e o general Sura
Dinastia Severa (193-235 d.C.)
Imperadores: Sétimo Severo (193-211
d.C.), Caracala (211-217 d.C.), Heliogábalo
(218-222 d.C.) e Severo Alexandre (222-235
d.C.)
Principais
características:
Caracala concedeu a todos os homens
livres do Império o direito de cidadania
romana. Porém, esse período foi marcado
por intensos conflitos internos (sociais
e rebeliões nas Províncias) e externos
(ameaça dos povos bárbaros),
sinalizando a decadência do Império
Romano que se deu a partir do século III.
Ä O Cristianismo: No panorama religioso o crescimento do
Cristianismo cujos ideais universalistas e humanistas combatiam
as bases que sustentavam o Império Romano: o militarismo, a
escravidão e o caráter divino do poder imperial.
Ä As invasões bárbaras, que se constituíram no golpe final
sobre o império agonizante.
Alguns imperadores do Baixo Império tiveram ações concretas
no intuito de tentar reverter a crise. Destacam-se nesse intuito, os
imperadores Diocleciano, Constantino e Teodósio.
Sétimo Severo
O Baixo Império (séc. III a V)
A partir do século III, o Império Romano foi marcado por
inúmeras crises, dentre as quais se destacam a anarquia militar e as
crises no campo e na cidade. Foi um longo processo, que durou
centenas de anos e teve numerosas causas. Para muitos autores,
as invasões bárbaras foram a causa decisiva. Mas há várias outras.
Eis as principais:
Ä Crise do escravismo: provocada pelo fim das guerras de
expansão (Pax romana) e pela propagação do cristianismo, que
fazia restrições à escravidão. Os proprietários foram aos poucos
substituindo o trabalho escravo pelo colonato, arrendando parcelas
de suas terras para colonos, que ficavam presos a sua propriedade
e tinham que lhe entregar uma parte da produção. A crise do
escravismo foi acompanhada por uma crescente ruralização da
economia, com a atrofia das cidades e do comércio. O Estado
aumentava a carga de impostos e emitia moedas para custear as
despesas militares aumentando a pressão sobre as camadas
populares e gerando inflação (mais de 200% de inflação);
Ä Crise econômica: que foi o resultado da desestruturação
do modo de produção escravista, a produção diminuía devido à
redução da oferta de mão-de-obra escrava. Ocorreu a diminuição
da produção agrícola e o aumento do valor dos produtos gerando
os ciclos inflacionários;
Ä Crise social: Surgimento de massas urbanas miseráveis e
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Ä Crise política: Governos aristocráticos, que excluíam o
povo das decisões; As dificuldades para manter a unidade e
administração de um império tão grande e diversificado, provocaram
a ampliação do aparelho militar e burocrático, abrindo espaço para
o crescimento da corrupção e das disputas pelo poder. A partir do
século III o clima era de anarquia política e militar, quando as legiões
entronavam seus generais como imperadores, provocando
seguidos conflitos armados, que afetavam toda a economia. Entre
os anos 235 e 284, Roma chegou a ter 26 imperadores, dos quais 25
foram assassinados;
Diocleciano (284-305) foi o primeiro imperador romano a
buscar soluções para a crise. Para melhorar a administração e por
um fim na anarquia militar, implantou a Tetrarquia (divisão
administrativa do império em quatro unidades, correspondendo a
quatro governos). Na economia criou a Lei do Máximo, que fixava
preços para as mercadorias. Esperava com essa medida baixar a
inflação. Com o fim do governo de Diocleciano, voltaram a ocorrer
disputas pelo cargo de Imperador.
Constantino (313-337) tornou-se imperador único após a
tetrarquia. Restaurou a unidade do Império, cujo centro de
gravidade se deslocara para o Oriente, onde o imperador faria
fundar em 330, na área da antiga Bizâncio, uma grandiosa capital –
Constantinopla, a “nova Roma”. Reorganizou a administração das
províncias e fortaleceu o exército para impedir a penetração dos
bárbaros no território romano. Em 313 por meio do “Édito de Milão”,
concedeu liberdade de culto aos cristãos, pois já eram uma parcela
numerosa e influente da população romana. Constantino soube
utilizar essa força nascente, apresentando-se como defensor do
cristianismo. Com o objetivo de superar a crise da falta de escravos
criou a Lei do Colonato, que fixava o colono a terra.
Teodósio (378-395) dividiu o império Romano entre seus dois
filhos: Honório, a quem coube o Império Romano do Ocidente, e
Arcádio, que ficou com o Império Romano do Oriente. Em 380, o
imperador Teodósio proclamou o cristianismo como religião oficial
do império.
Enquanto no Oriente o império sobreviveria por mais um
milênio, no Ocidente seria logo desintegrado sob o choque dos
bárbaros.
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