Modelagem da Tectônica de Placas na Crosta Terrestre Jorge Luiz P. da Costa Filho†, Roger M. Moreira TDT/CTC/UFF, R. Passos da Pátria, 156, bl. D, sl. 505 24210-240, Niterói, RJ E-mail: [email protected], [email protected]. Os estudos tectônicos registram o movimento de placas geológicas sobre um material mais fluido e menos viscoso, que pode corresponder ao sal ou argila no interior de uma bacia sedimentar, ou à astenosfera por baixo de uma placa litosférica. A litosfera, camada sólida que forma os continentes e o solo dos oceanos, é a mais externa do globo terrestre, pois é formada de material mais leve, assim, flutua por empuxo sobre o material abaixo, a astenosfera. Esta é formada por material mais pesado e dúctil, correspondendo à parte superior do manto. É de grande interesse a estruturação causada pelo movimento dessas placas sobre camadas mais fluidas, sobretudo na formação de estruturas petrolíferas sobre sais em bacias sedimentares. Este trabalho tem o objetivo de estudar o escoamento produzido pelo movimento de uma placa rígida semi-infinita e bidimensional, que apresenta uma determinada espessura e se move, muito lentamente, com velocidade constante U sobre uma camada espessa de fluido com densidade ö, como na figura 1. A placa fica submersa no fluido até uma certa profundidade H, que é inferior à sua espessura total, devido à diferença de densidade entre a placa e o fluido em questão. Como o fluido considerado no problema, abaixo e a frente da placa (figura 1), tem velocidade U muito baixa e viscosidade ì muito elevada, o número de Reynolds (Re), será muito próximo de zero: Re = φHU / µ ≅ 10 −24 Logo, uma modelagem simples, considerando escoamentos de Stokes, como disposto na figura 1, representa com boa precisão a interação entre a base da litosfera e a astenosfera, ajudando na compreensão dos fenômenos tectônicos. O problema é formulado utilizando-se o método da integral de contorno para o escoamento de Stokes e é resolvido por um código numérico desenvolvido em Fortran no domínio do tempo. Os resultados apresentam uma boa confiabilidade através da verificação da conservação da massa e da reversibilidade do escoamento. Diversos autores aplicam o método das integrais de contorno na solução de problemas regidos pela equação de Stokes. HIGDON (1985) mostra que tal método é extremamente preciso, eficiente e de fácil implementação quando aplicado na resolução de escoamentos de Stokes bidimensionais. Através do modelo aplicado, é conhecido o comportamento da superfície livre e das tensões atuantes na placa. Este modelo visa mostrar a utilização da simulação numérica na predição de fenômenos mais complexos, principalmente naqueles em que medições de campo se tornam extremamente demoradas e imprecisas. Sob determinadas condições de contorno, podemos prever o perfil assumido pela superfície Figura l: Geometria do Escoamento livre ao longo do tempo, o que é praticamente O escoamento é bidimensional e limitado à direita inviável de se obter experimentalmente. da placa e abaixo desta por uma superfície rígida, permitindo a obtenção de uma solução válida em toda a região fluida. Em particular, estamos interessados em casos em que a profundidade d é Referências muito grande, com superfície livre se estendendo na [l] J. J. L. Higdon, Stokes flow in arbitrary twohorizontal por várias profundidades d, como na dimensional domains: shear flow over ridges escala dos escoamentos geofísicos. and cavities, Journal of Fluid Mechanics., 159 Escoamentos com baixíssimos números de (1985) 195-226. Reynolds (Re<<1 - escoamentos de Stokes) podem representar o deslocamento entre camadas [2] R. M. Moreira, Simulação numérica do escoamento de Stokes com superfície livre sob geológicas. uma placa rígida, Tese - Universidade Federal ___________________ †Bolsista do PET SESu/MEC do Rio de Janeiro, COPPE. 291