Universidade de Brasília Instituto de Ciências Biológicas Departamento de Biologia Celular Resistência a Sclerotinia sclerotiorum em plantas de soja geneticamente modificadas para expressar o gene da oxalato descarboxilase de Flammulina velutipes Welcimar Gonçalves da Cunha 2010 Welcimar Gonçalves da Cunha Resistência a Sclerotinia sclerotiorum em plantas de soja geneticamente modificadas para expressar o gene da oxalato descarboxilase de Flammulina velutipes Tese apresentada à Universidade de Brasília, como parte das exigências do Programa de PósGraduação em Biologia Molecular, para a obtenção do título de “Doutor”. Orientador Dr. Francisco José Lima Aragão Brasília Distrito Federal – Brasil 2010 Aos meus pais Acimar Gonçalves da Cunha e Vera Lúcia Barbosa da Cunha, que na simplicidade e no amor investiram todas as suas forças para o bem maior de seus filhos. DEDICO AGRADECIMENTOS Neste momento, externo os meus sinceros agradecimentos a todos os que contribuíram para a realização deste trabalho. Assim, sou grato ao nosso bom Deus, autor de toda vida e alimento do meu viver. Aos meus pais Acimar Gonçalves da Cunha e Vera Lúcia Barbosa da Cunha, pelo amor, carinho, incentivo e confiança. Aos meus irmãos Acimar Gonçalves da Cunha Junior e Gleicimar Gonçalves da Cunha, espelho do meu viver. Ao meu amigo e orientador Francisco José Lima Aragão externo agradecimento especial pela sua dedicada orientação, disponibilidade e conselhos dados ao longo deste curso. Serei eternamente grato pelo incentivo prestado no momento em que eu fora chamado a assumir o desafio de ingressar na equipe de melhoramento da Pioneer Sementes. Jamais esquecerei suas palavras de apoio. A todos aqueles que se doaram a minha formação profissional em especial aos professores Everaldo Anastácio Pereira, José Ricardo Peixoto, Magno Antonio Patto Ramalho, César Augusto Brasil Pinto, João Bosco dos Santos e Ângela de Fátima Barbosa Abreu. A Ana Cristina Miranda Brasileiro e a Érika Valeria Saliba Albuquerque que me ajudaram a dar os primeiros passos na área de transformação de plantas. Ao amigo, chefe e exemplo de dedicação e amor ao melhoramento de plantas Luis Cláudio Prado. Ao Hugo, Maria Laine pelo apoio concedido a conclusão deste trabalho. A ajuda de vocês foi essencial. A Renata Esteve Ribeiro, parceira ao longo dessa caminhada e que esteve sempre presente, principalmente nos momentos de maiores dificuldades. O seu amor tornou mais suave e especial essa conquista. A UnB, Embrapa e CNPq. A todos os professores e funcionários do Departamento de Biologia Celular. A todos os pesquisadores e funcionários da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. A todos os amigos do laboratório de Transferência e Expressão de Genes. A todos os amigos da Pioneer que me ajudaram e incentivaram a continuar a cursar o doutorado em Biologia Molecular. Aos membros da banca, por dedicarem o seu tempo visando a melhoria deste trabalho. SUMÁRIO RESUMO............................................................................................................................... 1 1 – INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 2 1.1 – Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary .............................................................. 2 1.2 – Mofo Branco da Soja .............................................................................................. 3 1.3 – O ácido oxálico e o seu papel durante o processo de infecção do fungo S. sclerotiorum ............................................................................................................... 7 1.4 – Expressão de genes de oxalato oxidases e oxalato descarboxilases no desenvolvimento de plantas transgênicas resistentes ao fungo S. sclerotiorum .................................................................................................................. 11 2 – OBJETIVOS................................................................................................................. 15 3 – MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................ 16 3.1 – Isolamento do gene oxdc do fungo Flammulina velutipes ........................ 16 3.2 – Clonagem do gene oxdc ...................................................................................... 17 3.3 – Transformação genética de soja com o vetor pBluKSPOXDCAHAS ...... 19 3.4 – PCR (Polymerase Chain Reaction) para a detecção do gene oxdc ......... 19 3.5 – Plantio da geração T0............................................................................................ 20 3.6 – Plantio da geração T1............................................................................................ 20 3.7 – Plantio da geração T2............................................................................................ 21 3.8 – Inoculação das folhas destacadas utilizando plugs de micélio do fungo S. sclerotiorum ............................................................................................................. 22 3.8.1 – Produção do inóculo ......................................................................................... 22 3.8.2 – Teste das folhas destacadas........................................................................... 22 3.9 – Análise genético-estatística para avaliar a reação das plantas ao fungo Sclerotinia sclerotiorum ............................................................................................ 24 3.10 – Southern blot ........................................................................................................ 25 3.11 – RT-PCR ................................................................................................................... 25 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 27 4.1 – Isolamento do gene oxdc do fungo Flammulina velutipes ........................ 27 4.2 – Clonagem do gene oxdc ...................................................................................... 28 4.3 – Transformação genética de soja com o vetor pBlukSPOXDCAHAS, análise da PCR para a detecção do gene oxdc e obtenção da geração T2.. 29 4.4 – Inoculação de folhas destacadas das plantas T2 utilizando discos de micélio do fungo S. sclerotiorum ............................................................................ 31 5 – CONCLUSÕES ........................................................................................................... 42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 43 ANEXOS ............................................................................................................................. 53 ANEXO A ............................................................................................................................ 54 ANEXO B ............................................................................................................................ 76 RESUMO O mofo branco, causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, é hoje um dos principais problemas da cultura da soja e afeta diretamente a economia dos principais países produtores. A incidência desse patógeno acarreta em danos expressivos na produção e qualidade dos grãos, podendo atingir perdas em torno de 80%. O ácido oxálico, produzido pelo fungo durante o processo de infecção, é considerado o principal fator de patogenicidade do fungo S. sclerotiorum. A expressão de enzimas que degradam o ácido oxálico em plantas transgênicas tem sido utilizada em diversas culturas visando o desenvolvimento de cultivares resistentes. No presente trabalho, o gene oxdc que codifica para a enzima oxalato descarboxilase, isolado do fungo Flammulina velutipes, foi inserido via biobalística no genoma da soja. Dezesseis eventos T 2 foram avaliados via inoculação de discos de micélio do fungo S. sclerotiorum em folhas destacadas. A análise da curva de progresso da doença revelou que todos os eventos transgênicos apresentaram atraso no desenvolvimento dos sintomas quando comparados com o controle não transgênico. A área abaixo da curva de progresso da doença foi utilizada para sumarizar a severidade da doença em cada evento transgênico e no controle. O teste de Kruskal-Wallis revelou que houve diferença significativa (P ≤ 0,05) entre os tratamentos. Os eventos OXDC.9.21 e OXDC.8.18 tiveram os menores índices de severidade. Tais eventos apresentaram respectivamente, índices de severidade 96% e 93% menor que o apurado para o controle. Os resultados impetrados a partir da curva de progresso da doença e da severidade da doença utilizando o teste de inoculação da folha destacada com o fungo S. sclerotiorum sugerem que a expressão do gene da oxdc em soja confere aumento do nível de resistência das plantas ao patógeno. 1 1 – INTRODUÇÃO 1.1 – Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary De acordo com a atual classificação taxonômica, o fungo Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary pertence ao filo Ascomycota, classe Discomiceto, ordem Helotiales e família Sclerotiniaceae. Patógeno necrotrófico e polífago, tem como hospedeiros mais de 400 espécies incluindo culturas de importância econômica e diversas plantas daninhas (Boland & Hall, 1994). Disperso por todo o mundo, o fungo encontra condições ótimas de crescimento em temperaturas amenas (15 a 25 oC) e em ambientes com alta umidade. Em temperaturas abaixo de 0 oC e acima de 32 oC, o fungo apresenta baixa atividade (Purdy, 1979). As perdas de produtividade causadas pelo fungo S. sclerotiorum variam de acordo com a incidência do patógeno, região, clima, cultura e variedade plantada. Segundo Purdy (1979), as perdas de produtividade podem chegar a 100%. O custo anual das perdas oriundas do ataque de S. sclerotiorum nos EUA tem excedido os US$ 200 milhões (Bolton et al., 2006). Os sintomas variam de acordo com o hospedeiro, parte afetada do hospedeiro e com as condições ambientais. Em geral, o desenvolvimento do patógeno inicia em tecidos necróticos. O sintoma mais comum e característico da doença é a formação de um aglomerado de micélios brancos com aspecto cotonoso sob a área afetada e o posterior desenvolvimento dos escleródios. Os escleródios desempenham papel de grande importância durante o ciclo reprodutivo do fungo. Além de responsáveis pela produção de inóculo 2 (germinação micelogênica e/ou carpogênica), os escleródios são estruturas primárias de sobrevivência do fungo. Na ausência do hospedeiro, a persistência dos escleródios no solo pode atingir mais de oito anos (Adams & Ayers, 1979). Em algumas culturas, como o girassol, soja e feijão, os escleródios atuam também como estruturas de disseminação do patógeno. Durante a colheita em áreas infestadas pelo patógeno, os escleródios são misturados às sementes e se o beneficiamento não for adequado estas estruturas poderão infectar um novo campo no plantio da próxima safra. 1.2 – Mofo Branco da Soja O mofo branco, causado pelo fungo S. sclerotiorum, é hoje um dos principais problemas da cultura da soja e afeta diretamente a economia dos principais países produtores (EUA, Brasil e Argentina). A incidência desse patógeno acarreta em danos expressivos na produção e qualidade dos grãos, podendo atingir perdas em torno de 80%. Segundo trabalhos realizados, utilizando diferentes genótipos, o aumento de 10% da incidência da doença acarreta em perdas de produtividade que variam de 83 a 335 Kg/ha (Chun et al., 1987; Hoffman et al., 1998; Yang et al., 1999; Danielson et al., 2004). No Brasil, a doença ocorre predominantemente nas regiões produtoras do Sul e de terras altas (acima de 700 m) do Brasil Central. O monocultivo e a ausência de rotação com espécies não hospedeiras são as principais causas do aumento da área infestada no Brasil. Segundo estimativas apresentadas pelo pesquisador Luís Henrique Carregal P. da Silva no V Congresso Brasileiro de 3 Soja, realizado em maio de 2009, cerca de 45% da área plantada com soja no estado de Goiás encontra-se infestada pelo fungo S. sclerotiorum. No sudoeste goiano, principal pólo produtivo de soja do estado, cerca de 55% da área cultivada está infestada e em algumas fazendas tem-se verificado perdas de produtividade superiores a 60%. Nos EUA, o principal foco da doença compreende os estados de Iowa, Illinois, Minnesota, Nebraska, Pensilvânia, Dakota do Sul e Wisconsin (Wrather & Koenning, 2009). Historicamente, esses estados são responsáveis por aproximadamente 55% da produção de soja dos EUA. Em 2004, quando as condições climáticas foram favoráveis ao desenvolvimento do patógeno, as perdas de produtividade causadas pelo mofo branco nos EUA foram superiores a 27 milhões de sacos (Wrather & Koenning, 2009). Em preços atuais, o valor desse prejuízo equivale a aproximadamente US$ 550 milhões. A fase mais vulnerável da soja ao desenvolvimento do patógeno abrange os estádios de floração plena (R2) e início de formação das vagens (R3/R4). Nesse período, o dossel da planta cobre as entre linhas de plantio propiciando condições favoráveis de umidade e temperatura para os escleródios, presentes no solo, germinarem e produzirem os apotécios. Os apotécios, por sua vez, produzem os ascósporos que são liberados no ar. Os ascósporos, ao encontrarem tecidos senescentes, germinam e iniciam o processo de infecção da planta. Em geral, o processo de infecção inicia a partir das inflorescências e das axilas das folhas e ramos laterais. A Figura 1 resume de forma esquemática o ciclo de vida do mofo branco da soja, incluindo os processos de infecção via germinação carpogênica e micelogênica. 4 Figura 1. Esquema do ciclo de vida do fungo Sclerotinia sclerotiorum, agente causador do mofo branco da soja. Adaptado de Wharton & Kirk (2007). O controle da doença está concentrado principalmente em práticas agronômicas como o plantio de cultivares resistentes ao acamamento, maior espaçamento entre linhas, redução da população de plantas, plantio direto, rotação com culturas não hospedeiras e aplicação de fungicidas. Contudo, em condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento do patógeno, tais práticas têm se mostrado pouco eficientes. O uso de fungicidas é de baixa eficiência porque o período inicial de infecção do patógeno ocorre quando a planta encontrase na fase reprodutiva. Nesse estágio, as entre linhas de plantio estão cobertas 5 pelo dossel da planta e as folhas dificultam a distribuição do produto na área de ação do patógeno. Adicionalmente, o uso de fungicidas para o controle do mofo branco aumenta demasiadamente os custos de produção, reduzindo assim o lucro do agricultor. Desta forma, a alternativa economicamente viável para o controle é o desenvolvimento de variedades resistentes ao patógeno. Entretanto, a resistência genética ao hospedeiro é complexa e de baixa herdabilidade e está restrita a genótipos que apresentam apenas resistência parcial (Kim & Diers, 2000; Arahana et al., 2001; Guo et al., 2008; Vuong et al., 2008). Por sua vez, a resistência parcial desses materiais pode ser devida tanto à resistência fisiológica como a características da planta que propiciam condições menos favoráveis ao desenvolvimento do patógeno (mecanismos de escape). Os mecanismos de escape estão relacionados às características de acamamento, arquitetura do dossel, altura da planta, período de floração e maturação relativa (Kim & Diers, 2000). Trabalhos realizados visando a identificação de QTLs (Quantitative Trait Loci) revelaram que alguns dos marcadores identificados estavam associados com os mecanismos de escape da doença (Kim & Diers, 2000). A influência dos mecanismos de escape e do ambiente no desenvolvimento do patógeno interfere diretamente no trabalho de avaliação a campo da resistência fisiológica e dificulta o desenvolvimento de materiais resistentes ao mofo branco (Arahana et al., 2001; Vuong et al., 2004). Devido às dificuldades existentes no desenvolvimento de genótipos resistentes ao mofo branco utilizando-se de avaliações a campo, a comunidade científica tem buscado constantemente o uso de novos métodos ou técnicas controladas que permitam a identificação de materiais resistentes (Chun et al., 6 1987, Wegulo et al., 1998; Kim et al., 2000; Kull et al., 2003; Chen & Wang, 2005). Os métodos mais comumente testados são: inoculação de cotilédones ou folhas destacadas utilizando plugs de micélio, inoculação de pecíolos excisados e teste de tolerância ao ácido oxálico. O conhecimento aprofundado desses novos métodos de avaliação tem auxiliado no conhecimento do controle genético da doença, no desenvolvimento de marcadores moleculares e na seleção de materiais com maiores níveis de resistência ao fungo S. sclerotiorum. Contudo, até o presente momento, não há registros de cultivares resistentes no mercado. 1.3 – O ácido oxálico e o seu papel durante o processo de infecção do fungo S. sclerotiorum Diversos trabalhos realizados ao longo do último século associaram a produção do ácido oxálico (AO) com a patogenicidade de algumas das espécies de Sclerotinia (Higgins, 1927; Bateman & Beer, 1965; Maxwell & Lumsden, 1970; Kritzman et al., 1977; Noyes & Hancock, 1981; Marciano et al., 1983; Magro et al., 1984; Stone & Armentrout, 1985; Godoy et al., 1990; Pierson & Rhodes, 1992; Dutton & Evans, 1996). As principais evidências do envolvimento do AO no processo de infecção do fungo Sclerotinia spp. são: a) Presença de AO em tecidos infectados (Marciano et al., 1983; Godoy et al., 1990; Ferrar & Walker, 1993). b) Correlação positiva entre o nível de AO e a severidade da doença (Bateman & Beer, 1965; Maxwell & Lumsden, 1970; Noyes & Hancock, 1981; Magro et al., 1984). 7 c) Desenvolvimento de sintomas semelhantes aos causados pelo patógeno após a aplicação de AO ou filtrados de cultivo do fungo contendo AO (Bateman & Beer, 1965; Noyes & Hancock, 1981; Marciano et al., 1983). d) Plantas que apresentam tolerância ao AO são também mais tolerantes ao fungo (Noyes & Hancock, 1981; Tu, 1985; Wegulo et al., 1998; Kolkman & Kelly, 2000); Além das evidências citadas acima, o envolvimento do AO no processo de infecção do hospedeiro pode ser comprovado pelo trabalho de Godoy et al. (1990). Eles verificaram que mutantes de S. sclerotiorum incapazes de sintetizar AO foram não patogênicos ao feijoeiro (Phaseolus vulgaris), mesmo tendo mantido todo o aparato de produção de enzimas que atuam na degradação da parede celular. O mecanismo de ação do AO durante o processo de infecção do hospedeiro ainda não está completamente esclarecido. Contudo, diversas teorias têm sido propostas e testadas com o intuito de elucidar o papel do AO na interação patógeno hospedeiro e auxiliar no desenvolvimento de cultivares resistentes ao fungo Sclerotinia spp. Adicionando as novas descobertas à revisão apresentada por Bolton et al. (2006), o resumo dos principais mecanismos de ação do AO pode ser descrito da seguinte maneira: a) No início do processo de infecção, o AO acumula nos tecidos infectados e o aumento da concentração ocorre com o avanço da colonização do hospedeiro (Bateman & Beer, 1965). À medida que aumenta a concentração de AO, o pH extracelular diminui para valores em torno de 48 5. A redução do pH extracelular a níveis abaixo de 5 aumenta a atividade das enzimas que atuam na degradação da parede celular (CWDEs – CellWall Degrading Enzymes) (Bateman & Beer, 1965; Maxwell & Lumsden, 1970; Marciano et al., 1983; Magro et al., 1984). Durante a interação com o hospedeiro, o fungo S. sclerotiorum secreta um conjunto de CWDEs (pectinases, β-1,3 glucanase, glicosidases, celulases, xilanases e cutinases) com o intuito de facilitar a penetração e a colonização (Hancock, 1966; Lumsden, 1969; Riou et al., 1991). b) O contínuo acumulo de AO conduz a redução do pH extracelular à valores abaixo do nível ótimo de atividade das CWDEs. Contudo, a redução do pH a níveis abaixo de 4 inibe a atividade das proteínas inibidoras de poligalacturonases (PGIPs – Polygalacturonase-Inhibiting Protein) produzidas pela planta (Favaron et al., 2004). As poligalacturonases (PG) são importantes pectinases produzidas pelo fungo que atuam na degradação da parede celular. c) O AO pode afetar a regulação da transcrição de genes responsivos a alteração do pH e necessários para a patogênese e desenvolvimento do fungo S. sclerotiorum tais como pac1 (responsável pela ativação ou repressão de genes em resposta ao pH extracelular) e smk1 (requerido para o desenvolvimento dos escleródios) (Rollins & Dickman, 2001; Rollins, 2003; Chen et al., 2004). d) O AO inibe a atividade da polifenoloxidase produzida pela planta, limitando assim a produção dos compostos fenólicos que protegem a oxidação das 9 substâncias pécticas da parede celular (Marciano et al., 1983; Magro et al., 1984). e) O AO seqüestra os íons Ca2+ da parede celular, permitindo que as PG hidrolisem os pectatos (composto oriundo da reação entre o ácido péctico com Ca2+ e Mg2+ responsável pelo aumento da rigidez da lamela média e das outras camadas da parede celular), alterando assim a integridade da parede celular do hospedeiro (Bateman & Beer, 1965; Kurian & Stelzig, 1979). Além disso, as respostas de defesa da planta dependentes de íons Ca2+ podem ser comprometidas (Bateman & Beer, 1965). f) O AO promove a abertura dos estômatos induzindo a desidratação ou murchamento foliar durante o processo de infecção do fungo S. sclerotiorum. O AO manipula a função das células guarda induzindo a abertura estomática por meio do acúmulo de solutos e pela inibição do ácido abscísico (ABA) que promove o fechamento dos estômatos (Guimarães & Stotz, 2004). g) O AO atua como uma toxina móvel e a redução do pH decorrente do seu acúmulo leva à perda de rigidez do tecido infectado (Noyes & Hancock, 1981). h) Nas fases iniciais do processo de infecção, em pH relativamente elevado (pH > 5), o AO induz a explosão oxidativa, resposta de defesa da planta que dispara a morte celular programada (PCD – Programmed Cell Death) que conduz à reação de hipersensibilidade (HR - Hypersensitive Response) (Kim et al., 2008; Walz et al., 2008b). Esta resposta é fruto da produção de espécies ativas de oxigênio (ROS – Reactive Oxygen Species), tais como 10 H2O2, O2-, e OH-. Apesar de ser um eficiente mecanismo de defesa da planta à patógenos biotróficos, a HR favorece o processo de desenvolvimento de fungos necrotróficos, como S. sclerotiorum e Botrytis cinerea, durante o processo de infecção e colonização do hospedeiro (Govrin & Levine, 2000; Dickman et al. 2001; Thomma et al., 2001; Wang et al., 2008). Com o acúmulo de AO, o pH é reduzido e a interação é acompanhada pela supressão de ROS e da PCD, possibilitando maior penetração do patógeno no tecido vegetal (Cessna et al., 2000; Kim et al., 2008; Walz et al., 2008b). 1.4 – Expressão de genes de oxalato oxidases e oxalato descarboxilases no desenvolvimento de plantas transgênicas resistentes ao fungo S. sclerotiorum As evidências do envolvimento do AO no processo de infecção e o maior entendimento do seu papel na interação patógeno hospedeiro conduziu a sociedade científica ao estudo de novas estratégias que auxiliem no desenvolvimento de cultivares resistentes ao fungo S. sclerotiorum. Dentre tais estratégias, o uso da engenharia genética ganhou destaque e, na última década, diversos trabalhos foram publicados apresentando resultados obtidos com plantas transgênicas capazes de degradar o AO produzido pelo fungo (Kesarwani et al.,2000; Donaldson et al., 2001; Cober et al., 2003; Hu et al., 2003; Livingstone et al., 2005; Dias et al., 2006; Dong et al., 2008; Walz et al., 2008a; Walz et al., 2008b). As duas principais alternativas utilizadas para o desenvolvimento de 11 plantas transgênicas capazes de degradar o AO consistem na introdução do gene oxo, que codifica para a enzima oxalato oxidase (OXO) e do gene oxdc que codifica para a enzima oxalato descarboxilase (OXDC). A OXO converte o AO na presença de oxigênio (O2) em duas moléculas de gás carbônico (CO2) e uma de peróxido de hidrogênio (H2O2). O H2O2 possui um papel chave no sistema de defesa da planta, pois além de atuar como indutor de genes de proteção celular e da reação de hipersensibilidade (Levine et al., 1994; Tenhaken et al., 1995), participa do cruzamento oxidativo (cross-linking) de proteínas da parede celular formando, com a matriz de polissacarídeos, um grande polímero de várias glicoproteínas ricas em hidroxiprolina, reforçando estruturalmente a parede celular (Resende et al., 2003). O H2O2 também atua como importante substrato das peroxidases e, por conseguinte, dispara a química de lignificação da parede celular tornando-a mais rígida e resistente à degradação por enzimas secretadas pelos patógenos (Resende et al., 2003). Vale ressaltar que a morte celular (HR) induzida pelo H2O2 atua como um mecanismo eficiente de defesa da planta à patógenos biotróficos, mas favorece o processo de desenvolvimento de fungos necrotróficos, como S. sclerotiorum (Govrin & Levine, 2000; Thomma et al., 2001; Wang et al., 2008). Plantas transgênicas de tabaco e Arabidopsis thaliana incapazes de incitar a HR mostraram maior resistência à S. sclerotiorum (Govrin & Levin, 2000; Dickman et al. 2001). Além disso, o peróxido de hidrogênio presente em altas concentrações na célula pode ser tóxico e causar a morte celular. Plantas transgênicas de girassol que apresentaram altos níveis de expressão da enzima 12 OXO desenvolveram sintomas de clorose e necrose nas folhas e estes sintomas foram associados à produção excessiva de H2O2 (Hu et al., 2003). Contudo, a expressão de genes que codificam para a OXO tem sido utilizada com sucesso em diferentes culturas (soja, girassol, canola, amendoim e tomate) visando o desenvolvimento de materiais resistentes a Sclerotinia spp. (Donaldson et al., 2001; Cober et al., 2003; Hu et al., 2003; Livingstone et al., 2005; Dong et al., 2008; Walz et al., 2008a). Em soja, plantas transgênicas expressando o gene de germe de trigo que codifica para a OXO apresentaram redução do progresso da doença, quando comparadas com o controle, em testes realizados utilizando os métodos de inoculação de cotilédones e inoculação da haste com o fungo S. sclerotiorum (Donaldson et al., 2001). Posteriormente, uma das linhagens obtidas por Donaldson et al. (2001) foi avaliada em testes realizados a campo e os resultados obtidos demonstraram que o material apresentava resistência parcial ao mofo branco da soja, com índices de severidade inferior a testemunha irmã não transgênica (Cober et al., 2003). A OXDC cataboliza o AO produzindo ácido fórmico (ácido orgânico não tóxico) e CO2. As vantagens atribuídas a OXDC referem-se à especificidade ao AO, o não requerimento de cofatores e a alta atividade da enzima em pH ácido ou neutro (3,0 a 7,0) (Mehta & Datta, 1991; Kesarwani et al., 2000). Como a OXDC é ativa em pH baixo e a maioria dos oxalatos encontra-se em vacúolos de células vegetais, é concebível que esta enzima possa ser direcionada a essa organela para gerar plantas transgênicas livres de oxalato. Além disso, a ação da OXDC 13 não produz H2O2 adicional no sistema, podendo apresentar-se como alternativa à OXO no desenvolvimento de plantas com maior nível de resistência a patógenos necrotróficos. Plantas transgênicas de tomate, fumo e alface transformadas com o gene da OXDC apresentaram maior nível de resistência ao fungo S. sclerotiorum, quando comparadas com o controle, em testes realizados utilizando folhas destacadas (Kesarwani et al.,2000; Dias et al., 2006; Walz et al., 2008b). Dias et al. (2006) e Walz et al. (2008b) mostraram que o nível de resistência ao fungo S. sclerotiorum está correlacionado ao nível de transcritos e atividade da enzima OXDC. 14 2 – OBJETIVOS Considerando a importância do AO no processo de infecção, os resultados obtidos com plantas transgênicas que expressam genes que degradam o AO e as vantagens atribuídas a OXDC, o presente trabalho tem por objetivo principal a introdução e expressão do gene oxdc em plantas de soja visando o desenvolvimento de eventos transgênicos resistentes ao fungo S. sclerotiorum. 15 3 – MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 – Isolamento do gene oxdc do fungo Flammulina velutipes Os procedimentos realizados para o isolamento do gene oxdc do fungo Flammulina velutipes foram previamente descritos por Dias et al. (2006) e serão apresentados neste capítulo para melhor entendimento do trabalho. Micélios do fungo F. velutipes (isolado: IJF 140502 – Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia) foram cultivados a 25 oC em meio de cultivo líquido (Mehta & Datta, 1991) e, após 25 dias de cultivo, 12,5mM de ácido oxálico foram acrescidos ao meio para indução da enzima oxalato descarboxilase (OXDC). A extração do RNA total foi realizada depois de 12 horas de cultivo em meio contendo ácido oxálico utilizando o kit Micro-to-Midi Total RNA Purification System (Invitrogen) a partir de 250mg de tecido do fungo, segundo o protocolo sugerido pelo fabricante. A síntese do cDNA a partir do RNA total foi realizada utilizando a ® transcriptase reversa SuperScript II (Invitrogen), de acordo com o protocolo descrito pelo fabricante. A reação de RT–PCR foi processada em termociclador utilizando 50μL de solução composta de 40ng de cDNA, 60mM de Tris–SO4 (pH 8.9), 18mM de (NH4)2SO4, 2mM de MgSO4, 250nM de cada dNTP, 200nM de cada primer e 5U da enzima taq DNA polymerase Platinum High Fidelity (Invitrogen). A mistura foi submetida à reação de desnaturação inicial (94 oC por 2min) e a 35 ciclos de 16 amplificação (94 ºC por 30s, 55 ºC por 30s, 68 ºC por 2min) seguidos de um ciclo de elongação final de 10min 5´TCTAGATGTTCAACAACTTCCAACG3´ e a 68 ºC. Os primers 5´GGATCCTCAGTTCACAGGACCAAC3´ foram utilizados para amplificar uma seqüência de 1.344pb que corresponde à seqüência codificante do gene oxdc. 3.2 – Clonagem do gene oxdc A região codificante do gene oxdc foi clonada no vetor pCR2.1 TOPO (Invitrogen) gerando o vetor pTOPOOXDC e, logo em seguida, seqüenciada em seqüenciador automático utilizando os primers universais M13 e T7. Para a construção do vetor de expressão pOXDC, a seqüência codificante do gene oxdc (1.344pb) foi clonada no vetor pUC19-35SdAMVNOS entre os sítios de BamHI e XbaI sob o controle de duas cópias em tandem do promotor 35S RNA do vírus do mosaico da couve-flor (CaMV35S) e uma seqüência enhancer do vírus do mosaico da alfafa (AMV) (Figura 2). O cassete de expressão (2.310pb) foi então removido do vetor pOXDC com as enzimas EcoR1 e HindIII e clonado no vetor pBluKSP (Fermentas), dando origem ao vetor pBluKSPOXDC (5.256pb) (Figura 2). Por fim, o cassete de expressão contendo o gene mutante ahas, isolado de Arabidopsis thaliana e que confere resistência ao herbicida imazapir (herbicida do grupo das imidazolinonas) foi retirado do vetor pAC321 (Rech et al., 2008) com a enzima XbaI e inserida no sítio de SpeI do vetor pBluKSPOXDC dando origem ao vetor pBluKSPOXDCAHAS (10.968pb) (Figura 2). 17 ApaLI (178) ApaLI (3282) EcoRI (397) NOS -T BamHI (684) AP r XbaI (690) AM V Tra ns la tiona l E nhance r pUC19-35SdAMVNOS 1 - Clonagem do gene oxdc no sítio de BamHI e XbaI Tras cript Sta rt S ite 3601 bp Tande m 35 s Promote r PstI (1355) ApaLI (2036) HindIII (1363) A paLI ( 17 8) A paLI ( 4626) E coR I ( 3 97 ) AP r NOS-T B amH I ( 684) 2 - Clonagem do cassete 35SdAMV-OXDC-NOS no sítio de EcoRI e HindIII pO X D C 4945 bp oxdc A paLI ( 3 3 80) PstI ( 1681) X b aI ( 203 4) AMV Translational Enhancer H indI I I ( 27 07 ) Trascript Start Site PstI ( 2699) Tandem 35s Promoter ApaLI (5012) SpeI (684) BamHI (690) AP r PstI (706) EcoRI (708) NOS-T BamHI (995) pBluKSPOXDC 5256 bp ApaLI (3766) 3 - Clonagem do gene ahas no sítio de SpeI ox dc HindIII (3018) PstI (3010) Tande m 35 s P romoter PstI (1992) AM V Tra ns lational Enha nce r Tras cript S tart Site ApaLI (10724) FspI (10279) FspI (483) XbaI (678) AP r SpeI (775) ApaLI (9478) SpeI (1055) BamHI (2147) Tande m 35 s P romote r Tras cript S tart Site pBluKSPOXDCAHAS AM V Tra ns lational Enhance r 10968 bp XbaI (8057) BamHI (2940) EcoRI (2981) ox dc FspI (6983) ahas BamHI (6707) NcoI (3915) NOS-T EcoRI (6420) BamHI (6402) EcoRI (5091) Figura 2. Estratégia para a construção do vetor pBluKSPOXDCAHAS (10.968pb). O gene oxdc foi isolado do fungo Flamulina velutipes e o gene mutante ahas do vetor pAC321. 18 3.3 – Transformação genética de soja com o vetor pBluKSPOXDCAHAS O vetor pBluKSPOXDCAHAS foi utilizado para transformar via biobalística células meristemáticas de 1152 embriões zigóticos extraídos de sementes esterilizadas da variedade BR-16. A esterilização das sementes, a extração e posicionamento dos embriões zigóticos, a preparação de partículas, o bombardeamento com o vetor pBlukSPOXDCAHAS, a indução de multibrotação e a regeneração em meio seletivo (MS + sacarose 3% + imazapir 500nM + agar 0,6%) dos brotos transgênicos foi realizada conforme o protocolo descrito por Aragão et al. (2000) e Rech et al. (2008). 3.4 – PCR (Polymerase Chain Reaction) para a detecção do gene oxdc A análise molecular visando a detecção do gene oxdc foi realizada utilizando o DNA extraído de discos foliares, segundo metodologia de Doyle & Doyle (1987). Para cada amostra analisada, 2μL de DNA (≈20ng) foram adicionados à solução contendo 17,6μL de H2O; 2,5μL de tampão 10X; 0,8μL de dNTP (4μM); 0,6μL de MgCl2 (50μM); 0,5μL de cada primer (10μM); e 0,5μL de Taq polimerase (10U/μL). Os primers OXDC371 (5´CTCGGCAGCAGAATGAGGTC3´) e OXDC873 (5´TCGGCTCGACAGAGGAGAAG3´) utilizados na reação amplificam seqüência de 522pb contida na região codificante do gene oxdc. 19 uma As condições de tempo e temperatura da PCR para a detecção do gene oxdc encontram-se na Tabela 1. Os produtos da PCR foram submetidos à eletroforese em gel de agarose 1% usando tampão TBE 0,5X e voltagem ajustada para 5 V/cm. Tabela 1. Condições de tempo e temperatura da PCR utilizada para a detecção do gene oxdc. Etapas 1 - Desnaturação inicial 2 – Desnaturação 3 - Anelamento dos primers 4 - Alongamento das fitas de DNA 5 - Amplificação (Repetir 35 vezes as etapas 2, 3 e 4) 6 - Extensão final Temperatura 95ºC 95ºC 57°C 72°C Tempo 5min 1min 1min 2min 72°C 5min 3.5 – Plantio da geração T0 As plantas regenerantes em meio seletivo e positivas segundo as análises moleculares (PCR) foram aclimatadas em vasos contendo solo fértil e alocadas em casa de vegetação. As sementes de cada planta da geração T 0 foram coletadas, identificadas e armazenadas em sacos de papel para o posterior plantio da geração T1. Cada planta T0 foi considerada um evento distinto. 3.6 – Plantio da geração T1 As sementes obtidas de cada evento T 0 foram plantadas em copos plásticos de 350ml contendo solo fértil. Discos foliares das plantas em estágio vegetativo VC (Fehr et al., 1971) foram coletados para a extração de DNA e 20 posterior análise via PCR. A análise para a detecção do gene oxdc foi realizada conforme descrito no item 3.4. As plantas positivas segundo a análise molecular (PCR) foram transferidas para vasos contendo solo fértil. Os vasos foram alocados em casa de vegetação. As sementes de cada planta da geração T 1 foram coletadas separadamente e identificadas para o plantio da geração T2. Cada planta foi considerada um evento distinto. 3.7 – Plantio da geração T2 Vinte e quatro sementes de 16 eventos T1 (OXDC.1.01; OXDC.1.02; OXDC.2.03; OXDC.2.04; OXDC.3.05; OXDC.3.06; OXDC.4.07 OXDC.4.08;; OXDC.5.09; OXDC.5.10; OXDC.6.11; OXDC.6.12; OXDC.7.16; OXDC.7.17; OXDC.8.18 e OXDC.9.21) foram plantadas em copos plásticos de 350ml contendo solo fértil. Discos foliares das plantas em estágio vegetativo VC (Fehr et al., 1971) foram coletados para a extração de DNA e posterior análise via PCR. A análise para a detecção do gene oxdc foi realizada conforme descrito no item 3.4. Quinze plantas positivas, segundo a análise de PCR, de cada evento foram transferidas para vasos contendo solo fértil. Os vasos foram alocados em casa de vegetação com fotoperíodo de 14 horas, umidade relativa maior que 80% e intensidade luminosa de 350μmol.m-2.s-1. O teste para verificar a reação das plantas T2 ao fungo S. sclerotiorum foi realizado conforme descrito no item 3.8. 21 3.8 – Inoculação das folhas destacadas utilizando plugs de micélio do fungo S. sclerotiorum 3.8.1 – Produção do inóculo Escleródio oriundo de um campo de soja infectado com mofo branco foi cultivado em placa de Petry com meio BDA (Batata Dextrose Agar). Visando o desenvolvimento de micélios, a placa contendo os escleródios foi mantida em temperatura ambiente sob a bancada do laboratório. Para a produção do inóculo utilizado no teste das folhas destacadas, um disco de micélio de 5mm de diâmetro foi retirado da borda do halo formado pelo crescimento do fungo e colocado no centro de uma nova placa contendo meio BDA. Ao todo 20 placas foram produzidas para realizar o teste. As placas foram transferidas para sala de cultivo com temperatura ambiente de 20 oC e retiradas após 48 horas para a realização do teste das folhas destacadas. 3.8.2 – Teste das folhas destacadas O experimento foi realizado utilizando trifólios retirados de plantas sadias T 2 e que apresentavam o mesmo estágio de desenvolvimento (V3). A Tabela 2 resume o número de plantas amostradas de cada evento. O terceiro trifólio de cada planta foi retirado junto à haste principal e imediatamente depositado em uma vasilha com água para o transporte até o laboratório. 22 Tabela 2. Número de plantas (trifólios) amostradas de cada evento oxdc na geração T2 para o teste de inoculação da folha destacada com o fungo S. sclerotiorum. Cada trifólio foi considerado uma repetição. Evento OXDC.1.01 OXDC.1.02 OXDC.2.03 OXDC.2.04 OXDC.3.05 OXDC.3.06 OXDC.4.07 OXDC.4.08 OXDC.5.09 OXDC.5.10 OXDC.6.11 OXDC.6.12 OXDC.7.16 OXDC.7.17 OXDC.8.18 OXDC.9.21 BR-16 (Controle) Número de Plantas 10 9 10 6 10 10 10 10 10 4 10 10 8 6 9 10 10 No laboratório, as amostras foliares foram posicionadas em placa de Petri sob 3 folhas umedecidas de papel de filtro. Discos de micélio de 5mm de diâmetro foram retirados das margens do halo formado pelo crescimento do fungo S. sclerotiorum em meio BDA e posicionados na superfície adaxial da folha ao lado da nervura central. Somente a folha do meio de cada trifólio foi inoculada com o plug de micélio. As placas contendo os trifólios inoculados foram transferidas para sala de cultivo e mantidas no escuro com temperatura ambiente de 20 oC. As folhas inoculadas foram fotografadas após 42, 66 e 90 horas de cultivo. As imagens foram usadas para medir a área afetada em cada estágio com o auxilio do programa v1.0.1 QUANT (Vale et al., 2003). 23 3.9 – Análise genético-estatística para avaliar a reação das plantas ao fungo Sclerotinia sclerotiorum Para a avaliação da reação das plantas ao fungo S. sclerotiorum, foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado conforme o seguinte modelo estatístico: Yij m ti eij em que: Yij : valor observado na unidade experimental de repetição j que recebeu o tratamento i, sendo j = 1, 2, ..., ji e i = 1, 2, ...,17; m: média geral do experimento; ti : efeito do tratamento i, sendo i = 1, 2, ...,17; eij : erro experimental associado à observação Yij, assumindo que os erros são independentes e normalmente distribuídos, com média zero e variância homogênea 2 e . A severidade da doença nos eventos oxdc e no controle (BR-16) foi determinada por meio do cálculo da área abaixo da curva de progresso da doença (AUDPC - Area Under the Disease Progress Curve), obtida a partir da estimativa da média das AUDPC em cada repetição de acordo com a fórmula abaixo, proposta por Shaner e Finney (1977): n AUDPC [( xi xi 1 ) / 2](t i ti 1 ) i 1 em que: n: número de avaliações no tempo; 24 xi : é a severidade da doença medida pelo programa QUANT V.1.0.1 (Vale et al., 2003) no tempo i, sendo i = 42, 66 e 90; ti : é o tempo em que foi realizada a avaliação i, sendo i = 42, 66 e 90. Os dados obtidos a partir do cálculo da AUDPC de cada repetição foram analisados utilizando o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis (Kruskal & Wallis, 1952). 3.10 – Southern blot O DNA genômico utilizado para a análise de Southern foi isolado de acordo com Dellaporta et al. (1983). As análises de Southern foram realizadas como descrito por Sambrook et al. (1989). O DNA genômico (15μg), digerido com EcoRI, foi separado em gel de agarose 1%, transferido para uma membrana de nylon (Hybond) e hibridizado com a sonda marcada com α[ 32P]-dCTP (3000 Ci mol-1) usando o kit Random Primer DNA Labelling (Pharmacia Biotech), de acordo com as instruções do fabricante. A sonda foi obtida a partir do isolamento e purificação do fragmento de 1.350pb oriundo da digestão do vetor pBluKSPOXDCAHAS com BamHI e XbaI. A sonda corresponde à seqüência codificante do gene oxdc. O fragmento de 1.350pb foi isolado de um gel de agarose 1% e purificado utilizando o kit Wizard SV Gel Clean-Up System (Promega). 3.11 – RT-PCR 25 A RT-PCR foi realizada utilizando o RNA total extraído de folhas do controle BR-16 (repetição 1) e das plantas transgênicas OXDC.6.11.7 (repetição 7 do evento OXDC.6.11) e OXDC.9.21.2 (repetição 2 do evento OXDC.9.21). O RNA total foi extraído das folhas usando o kit Micro-to-Midi Total RNA Purification System (Invitrogen). O DNA genômico remanescente nas amostras foi eliminado com o uso de DNase. A síntese do cDNA a partir do RNA total foi realizada ® utilizando a transcriptase reversa SuperScript II (Invitrogen), de acordo com o protocolo descrito pelo fabricante. As reações de PCR foram realizadas como descrito no item 3.4 com ≈25ng de cDNA. Os primers OXDC371 e OXDC873 foram utilizados para amplificar a seqüência de 522pb contida na região codificante do gene oxdc. Como controle interno, os primers rRNA1 (5'AACGGCTACCACATCCAAGG-3') e rRNA2C (5'-TCATTACTCCGATCCCGAAG3') foram utilizados para amplificar uma seqüência do gene 18S rRNA. A intensidade relativa das bandas foi determinada utilizando o escâner do gel de PCR para análise da intensidade de banda com o programa Quantity One® v4.6.3. A quantificação relativa foi feita comparando as intensidades das bandas do oxdc e 18S rRNA. 26 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 – Isolamento do gene oxdc do fungo Flammulina velutipes O gene oxdc de 1.344pb que codifica para a enzima oxalato descarboxilase apresentou 99,26% de identidade quando comparado com outra seqüência do gene, previamente listada no GenBanK (acesso: AF2000683), também isolada do fungo F. velutipes. As diferenças encontradas ocorreram em apenas 10 bases, contudo a seqüência de aminoácidos não foi alterada. A seqüência de 1.344pb (Figura 3) foi depositada no GenBank com o número de acesso AY238332. 1 61 121 181 241 301 361 421 481 541 601 661 721 781 841 901 961 1021 1081 1141 1201 1261 1321 atgttcaaca gtgcctttgg gagcccagcg accagtgacc ccggataatc catggctttg ggtggctggg acaaatatgc tgggcatatg tatatttcca ctccaagcga gccttcaatg gttatcctga cagctataca caggggacgg tccggtggga gtggccgagg gacgagtgga gtagcctcta cattatgtag cgttttgctg gcgcacctga actgttgttg acttccaacg cgtccaccac cgactgtacc cagcgcttgt tgcctataga tcggtaatgc ctcggcagca gtcttgaagc ttctgaaggg ccgtcggccc cagctgatga acgacggtac agaacttcag tcttccctag ttccccttcc cagcgaagat ttacagttga cattcttcat cgtttgatta agaacattgg atgtcagtct acttggacga gtcctgtgaa tctgctcact gacgggaact ctttgccagc aaagccagag ccttcagaat gaagtggcca gaatgaggtc aggcgctatc gtctacccaa cggtgatttg tccagaaggc attcttgctc agccaagaac tgaacctcct atattcattc tgcagattcc gcctggtgct ctctggaaac ccaaggtggt aaacacgact aagtcagtgg cgagacactt ctga gtcatccttc ggaactgcga actgatccca aggaaccagc ccggacttgc ttcagcttca gttttgcctc agggagttgc atctcagctg tggtatttcc tcagagttca actgactggc cccgccgcat gcggacaacc aacttctcct acgacgttca ttgagagagc gcgagggtga gatatcgctt ttgacttatc ctggcgttaa gcggagctca tctccggttt ccggtacctc accccgtgct ttggtgcgac tcgccccacc gcaagcagcg tcgcgactaa attggcacaa tcgataacga caccaggcat tcttggtgtt tttcgcatgt ggtctcacat agccggaccc ctgtcgagcc acatttccgt tgcactggca caattttcgc atgttcctgc tggaggtctt cacctccgag agcagtttgc taccgctgga aaccgccgca ctggaatgag aatccaagga gactactgat actgcagacg tctcgcttgc gaacgctgag agggcgcaat tcctcactcg tgattcaggc tccaatggaa acctgctcaa cgttagccca gacgcagtat cgctatcgcc tccgactgag tgcgcagagt atctatgggc caataccgac tgtcgtgcag gaccaaggcg Figura 3. Seqüência do gene oxdc de 1.344pb isolado do fungo Flammulina velutipes (isolado: IJF 140502, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia) 27 4.2 – Clonagem do gene oxdc O processo de clonagem do gene oxdc deu origem ao vetor pBluKSPOXDCAHAS (10.968pb). A Figura 4 apresenta a digestão do vetor pBluKSPOXDCAHAS com a enzima FspI realizada para confirmar a inserção do cassete de expressão do gene ahas. Figura 4. Digestão do vetor pBluKSPOXDCAHAS com a enzima FspI (2). Marcador 1-kb ladder-Invitrogen (1). Como o fungo S. sclerotiorum é capaz de afetar todas as partes da planta de soja, o gene oxdc foi clonado sob o controle de duas seqüências em tandem do promotor constitutivo CaMV35S. Este promotor tem sido utilizado com sucesso no controle da expressão de transgenes em diferentes órgãos de várias espécies de plantas, incluindo a soja. Kay et al. (1987) demonstraram que a duplicação em 28 tandem das seqüências do CaMV35S aumenta a atividade transcricional em aproximadamente 10 vezes quando comparada com o promotor natural. O cassete de expressão do gene oxdc presente no vetor pBluKSPOXDCAHAS foi destinado previamente para a construção do vetor pCambOxDc e utilizado para transformar, via Agrobacterium, a alface visando o desenvolvimento de plantas transgênicas resistentes ao mofo branco (Dias et al., 2006). Os resultados obtidos revelaram que o gene oxdc sob o controle da seqüência em tandem do CaMV35S e do enhancer AMV é capaz de prover aumento da resistência ao fungo S. sclerotiorum. Adicionalmente, o promotor CaMV35S foi utilizado com sucesso no controle da expressão do gene oxdc em plantas transgênicas de fumo e tomate resistentes a S. sclerotiorum (Kesarwani et al.,2000; Walz et al., 2008b). 4.3 – Transformação genética de soja com o vetor pBlukSPOXDCAHAS, análise da PCR para a detecção do gene oxdc e obtenção da geração T2 O vetor pBluKSPOXDCAHAS foi utilizado para transformar via biobalística células meristemáticas de 1.152 embriões zigóticos. Após o período de indução de multibrotação, os embriões bombardeados foram transferidos para o meio seletivo contendo imazapir (500nM). Quarenta e oito (48) plantas regenerantes em meio seletivo foram analisadas via PCR. A análise da PCR detectou a presença do gene oxdc em 10 plantas (Figura 5). Cada planta oxdc positiva, segundo a análise molecular (PCR), foi considera um evento T 0 distinto (OXDC.1; OXDC.2; OXDC.3; OXDC.4; OXDC.5; OXDC.6; OXDC.7; OXDC.8; OXDC.9 e OXDC.10). A eficiência 29 de transformação, considerando o número final de plantas transgênicas e o número total de embriões bombardeados foi de 0,87%. Figura 5. PCR das plantas de soja transformadas com o vetor pBlukSPOXDCAHAS. Os números de 1 a 10 indicam respectivamente os eventos OXDC.1; OXDC.2; OXDC.3; OXDC.4; OXDC.5; OXDC.6; OXDC.7; OXDC.8; OXDC.9 e OXDC.10). Os números 11 e 12 indicam respectivamente o vetor pBluKSPOXDCAHAS e a cultivar BR-16 não transgênica. O marcador utilizado foi o 1-kb ladder-Sigma. As bandas possuem 522pb. As 10 plantas positivas, segundo a análise da PCR, foram aclimatadas na casa de vegetação visando à obtenção da geração T 1. O estresse causado pela cultura de tecidos associado às baixas temperaturas durante o período de aclimatação acarretou no florescimento precoce das plantas T 0 e impediu o desenvolvimento normal das plantas. Decorrente do desenvolvimento anormal das plantas, o número de sementes obtidas de cada evento na geração T0 foi extremamente baixo (Tabela 3). Este fato impediu que fosse realizada a análise de segregação do transgene na geração T1. As sementes obtidas de cada evento T 0 foram plantadas em casa de vegetação e as plantas T1 foram analisadas via PCR para detectar a presença do gene oxdc. Os transgênicos apresentaram fenologia (altura da planta, local de inserção da primeira vagem, número de ramos, comprimento de internós, área 30 foliar e número total de flores e vagens) semelhante às plantas nãotransformadas. Cada planta T1 foi considerada um evento distinto. Tabela 3. Número total de sementes obtidas de cada evento na geração T 0. Evento T0 OXDC.1 OXDC.2 OXDC.3 OXDC.4 OXDC.5 OXDC.6 OXDC.7 OXDC.8 OXDC.9 OXDC.10 Número de sementes obtidas na geração T0 6 8 5 8 2 23 5 1 1 6 4.4 – Inoculação de folhas destacadas das plantas T2 utilizando discos de micélio do fungo S. sclerotiorum Vinte e quatro sementes de 16 eventos T 1 (OXDC.1.01; OXDC.1.02; OXDC.2.03; OXDC.2.04; OXDC.3.05; OXDC.3.06; OXDC.4.07 OXDC.4.08;; OXDC.5.09; OXDC.5.10; OXDC.6.11; OXDC.6.12; OXDC.7.16; OXDC.7.17; OXDC.8.18 e OXDC.9.21) foram plantadas na casa de vegetação e as plantas T2 foram analisadas via PCR para a detecção do gene oxdc. Cerca de 10 plantas PCR positivas de cada evento T2 e 10 plantas não transgênicas da variedade BR16, que apresentaram desenvolvimento similar, foram selecionadas para realizar o teste da folha destacada inoculada com o fungo S. sclerotiorum (Tabela 2). A análise da curva de progresso da doença revela que todos os eventos transgênicos apresentaram atraso no desenvolvimento dos sintomas quando comparados com o controle não transgênico (Figura 6). Após 42 horas da 31 inoculação, os primeiros sintomas eram facilmente observados no controle (áreas lesionadas variando de 0.84 a 2.69 cm 2). No mesmo estágio, os eventos transgênicos, em sua grande maioria, apresentavam pequenos sintomas localizados apenas ao redor do disco de micélio. A área lesionada do controle, após 42 horas, foi, aproximadamente, 2 vezes maior que o pior evento transgênico (OXDC.1.02) e 7 vezes maior que o melhor evento (OXDC.9.21) nesse mesmo estágio. A média da área lesionada de todos os eventos transgênicos foi de 0,41 cm2, enquanto que o valor obtido para o controle foi de 1,49 cm 2. Considerando que, para o cálculo da área lesionada, a área do disco de micélio (≈0.2 cm 2) fora apreciada, mesmo que o fungo não tenha penetrado no tecido, a média obtida para os eventos transgênicos está superestimada, pois parte dos eventos não apresentavam sintomas visíveis ao redor do halo formado pelo plug. Desta forma, a diferença real entre os transgênicos e o controle neste primeiro estágio de avaliação é ainda maior. Após 66 horas, com a evolução dos sintomas em alguns eventos transgênicos, observou-se que o crescimento do patógeno ocorre, principalmente, através das nervuras das folhas. Nesse estágio, a área infectada do controle foi 2,8 vezes maior que o pior evento transgênico (OXDC.1.02) e 23,4 vezes maior que o melhor evento (OXDC.9.21). A média da área lesionada de todos os eventos transgênicos foi de 1,41 cm2, enquanto que o valor obtido para o controle foi de 6,48 cm2. Vale ressaltar que a média da área lesionada de todos os eventos transgênicos após 66 horas do início do teste foi menor que a obtida no controle após 42 horas. 32 Figura 6. Curva de progresso da doença obtida a partir da inoculação de folhas destacadas com discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. A área infectada medida em cada tempo (42, 66 e 90 horas) é a média de 10 repetições, exceto para os eventos OXDC.1.02, OXDC.2.04, OXDC.5.10, OXDC.7.16, OXDC.7.17 e OXDC.8.18 que tiveram 9, 6, 4, 8, 6 e 9 repetições, respectivamente. As barras indicam o desvio padrão das médias. No último estágio, considerado para a avaliação da curva de progresso da doença, as lesões observadas nas folhas das plantas controles atingiram as bordas e estenderam-se por quase a totalidade da folha (Figura 1A). Nesse estágio, a magnitude do valor obtido para a média da área lesionada do controle (17,60 cm2) foi 5 vezes maior que a média da área lesionada de todos os eventos transgênicos (3,5 cm2). A média da área infectada obtida 90 horas após a inoculação, variou de 0,45 cm2 (OXDC.9.21) a 7,19 cm2 (OXDC.2.03) nos eventos transgênicos. Detalhes das lesões observadas em cada evento transgênico após 90 horas do início do teste podem ser observados nas Figuras 2A a 17A. Nesse estágio, as áreas anotadas para o evento OXDC.9.21 variaram de 0,2 a 0,84 cm2. 33 Vale ressaltar que toda a área anotada inclui o valor da área do disco de micélio (≈0.2 cm2), mesmo que não tenha sido observado sintoma oriundo da penetração do fungo na folha. Após 90 horas, nas repetições 2 e 7 do evento OXDC.9.21 o crescimento do fungo S. sclerotiorum ocorreu apenas sob a superfície das folhas não sendo visualizada penetração dos micélios, mesmo quando analisadas com o auxílio da lupa (Figuras 8 e 17A). A análise para determinar a curva de progresso da doença foi encerrada após 90 horas da inoculação das folhas destacadas, pois nesse estágio as lesões observadas no controle haviam atingido as extremidades do tecido. Contudo, como o fato verificado no controle não fora observado nos eventos transgênicos, uma nova avaliação foi realizada após 24 horas da última avaliação, ou seja, 114 horas após o início do teste. Nesse momento, observou-se que a média da área lesionada do evento OXDC.9.21 foi de 0,54 cm 2, valor 2,75 vezes menor que o observado no controle no primeiro estágio de avaliação (42 horas). As Figuras 18A e 19A mostram respectivamente as fotos do controle e do evento OXDC.9.21 após 114 horas do início do teste. A área abaixo da curva de progresso da doença (AUDPC) foi utilizada para sumarizar a severidade da doença em cada evento transgênico e no controle. O teste de Kruskal-Wallis revelou que houve diferença significativa (P ≤ 0,05) entre os tratamentos (Figura 7). O único evento que não diferiu significativamente ao nível de 5% de probabilidade da cultivar BR-16 foi o OXDC.2.03. Contudo, vale ressaltar que este difere do controle se considerar o valor de P ≤ 0,10. Outro ponto importante a ser considerado na comparação entre o evento OXDC.2.03 e o controle refere-se ao fato de que a diferença estatística obtida a partir do teste de 34 Kruskal-Wallis é uma função dos postos das observações na amostra combinada e não das médias propriamente ditas. Adicionalmente, a severidade do evento OXDC.2.03 foi 61% menor que a severidade obtida no controle. A severidade média de todos os eventos transgênicos foi 79% inferior a determinada para o controle. Os eventos OXDC.9.21 e OXDC.8.18 tiveram os menores índices de severidade. Tais eventos apresentaram, respectivamente, índices de severidade 96% e 93% menor que o apurado para o controle. Figura 7. Severidade da doença dos eventos oxdc e do controle não transgênico (BR-16) medida pelo cálculo da área abaixo da curva de progresso da doença (AUDPC). Letras iguais presentes acima das barras de média indicam que os eventos não diferem significativamente ao nível de 5% de probabilidade de acordo com o teste de Kruskal-Wallis. Os resultados impetrados a partir da curva de progresso da doença e da severidade da doença utilizando o teste de inoculação da folha destacada com o fungo S. sclerotiorum sugerem que a expressão do gene da oxdc em soja confere 35 aumento do nível de resistência das plantas ao patógeno. Resultados similares foram previamente relatados em plantas de tabaco, tomate e alface transformadas para expressar o gene que codifica para a OXDC (Kesarwani et al., 2000; Dias et al., 2006; Walz et al., 2008b). Paralelamente, e seguindo estratégia similar, a expressão da enzima OXO em plantas transgênicas de soja, girassol, canola, amendoim e tomate também culminou no aumento do nível de resistência a Sclerotinia (Donaldson et al., 2001; Cober et al., 2003; Hu et al., 2003; Livingstone et al., 2005; Dong et al., 2008; Walz et al., 2008a). Com o objetivo de verificar a correlação entre a resistência da planta ao fungo S. sclerotiorum e o nível de transcritos do gene oxdc, foi realizada a análise de RT-PCR utilizando folhas extraídas do controle (repetição 1) e das plantas transgênicas OXDC.6.11.7 (repetição 7 do evento OXDC.6.11) e OXDC.9.21.2 (repetição 2 do evento OXDC.9.21). A planta OXDC.6.11.7 apresentou resistência parcial a S. sclerotiorum enquanto que a OXDC.9.21.2 exibiu o maior nível de resistência a S. sclerotiorum (Figura 8). A análise de RT-PCR revelou a presença de transcritos do gene oxdc apenas nas plantas transgênicas OXDC.9.21.2 e OXDC.6.11.7 (Figura 9). Por sua vez, a planta OXDC.9.21.2, que apresentou alto nível de resistência a S. sclerotiorum, obteve nível de transcritos 2,75 vezes maior que a planta OXDC.6.11.7, que acusou moderada resistência ao fungo (Figura 9). Estes resultados sugerem que a expressão do gene oxdc está associada à resistência ao fungo, e que o nível de resistência é dependente do nível de expressão do transgene. A associação entre a presença do gene e a resistência é também apoiada pelo fato de que todos os eventos transgênicos apresentaram algum nível de resistência ao patógeno quando comparados com o controle. 36 Figura 8. Resposta a S. sclerotiorum obtida pela inoculação de folhas destacadas com discos de micélio. Detalhe do trifólio da planta OXDC.9.21.2 após 42 (a), 66 (b) e 90 (c) horas. Detalhe do trifólio da planta OXDC.6.11.7 após 42 (d), 66 (e) e 90 (f) horas. Detalhe do trifólio da repetição 1 do controle BR-16 após 42 (g), 66 (h) e 90 (i) horas. Detalhe do crescimento do micélio na folha da planta OXDC.9.21.2 após 90 (j) e 114 (k) horas e no controle BR-16 após 90 (l) horas. Os resultados obtidos pela análise de RT-PCR corroboram com estudos realizados previamente que correlacionaram o nível de resistência ao fungo S. 37 sclerotiorum ao nível de transcritos do gene oxdc e da atividade da enzima OXDC (Dias et al., 2006; Walz et al., 2008b). Kesarwani et al. (2000) observaram que o nível de expressão da enzima OXDC, em plantas transgênicas de fumo, foi cinco vezes maior quando direcionada para o vacúolo em comparação com o citosol. Sendo assim, o uso de construções utilizando peptídeos sinais que direcionam a expressão do gene oxdc para o vacúolo da planta apresenta-se como estratégia potencial para o desenvolvimento de cultivares resistentes ao mofo branco. Figura 9. (A) RT-PCR para a detecção da expressão do trasngene oxdc e do gene endógeno 18S rRNA nas plantas transgênicas OXDC.6.11.7 e OXDC.9.21.2 e no controle (BR-16). (B) Quantificação da expressão do gene oxdc relativa à do 18S rRNA. O evento OXDC.9.21, que apresentou a menor severidade nos testes realizados utilizando o método da folha destacada, foi selecionado para a 38 caracterização adicional por Southern blot. Os resultados revelaram que todas as plantas analisadas do evento OXDC.9.21 possuem duas cópias do gene oxdc e o mesmo padrão de integração (Figura 10). Este fato suplanta, pelo menos para este evento, a decisão de considerarmos cada planta testada como uma repetição. Figura 10 Análise da presença do transgene oxdc nas plantas transgênicas do evento OXDC.9.21 (1 a 8). Planta controle BR-16 (9). Os resultados obtidos no presente estudo suportam a hipótese que o AO produzido pelo fungo exerce função estratégica durante o processo de infecção do hospedeiro e que a introdução de genes capazes de produzir enzimas que degradam este ácido é aplicável ao desenvolvimento de linhagens de soja resistentes a S. sclerotiorum. Previamente, Donaldson et al. (2001) verificaram que plantas de soja transformadas com o gene oxo apresentaram redução do progresso da doença, quando comparadas com o controle, em testes realizados utilizando os métodos de inoculação de cotilédones e inoculação da haste com o fungo S. sclerotiorum (Donaldson et al., 2001). Uma das linhagens obtidas por 39 Donaldson et al. (2001) avaliada em testes a campo apresentou resistência parcial ao mofo branco da soja com índices de severidade inferior a testemunha irmã não transgênica (Cober et al., 2003). Em contraste com o trabalho realizado por Donaldson et al. (2001), os eventos transgênicos obtidos neste estudo expressam a OXDC e, por conseqüência, não produzem H2O2 adicional no sistema. Embora, comumente apresentado como importante componente do sistema de defesa das plantas a patógenos, o papel do H2O2 na interação Sclerotinia x planta, mesmo que não totalmente esclarecido, parece atuar como facilitador do desenvolvimento do fungo. Recentes estudos (Kim et al., 2008; Walz et al., 2008b) concluíram que, no início do processo de infecção (pH > 5), o AO secretado pelo fungo S. sclerotiorum induz o aumento dos níveis de espécies ativas de oxigênio (ROS), tais como H2O2, que dispara a morte celular programada (PCD) e conduz a reação de hipersensibilidade (HR). Por ser um fungo necrotrófico, a morte celular produzirá o ambiente favorável ao seu desenvolvimento e fornecerá o suprimento necessário para a infecção e colonização do hospedeiro. Em concordância, plantas transgênicas de tabaco e A. thaliana incapazes de incitar a HR apresentaram maior nível de resistência à S. sclerotiorum (Govrin & Levin, 2000; Dickman et al. 2001). Todavia, em termos práticos, estudos adicionais são necessários para determinar a melhor estratégia visando o desenvolvimento de plantas resistentes a S. sclerotiorum via introdução de genes capazes de gerar enzimas que degradam o AO. 40 Por fim, visando o desenvolvimento de variedades de soja resistentes a S. sclerotiorum faz-se necessário a introdução dos materiais obtidos nesse trabalho em programas de seleção recorrente, utilizando no cruzamento outras fontes de tolerância ao mofo branco. Bidney et al (2000) indica que o cruzamento entre linhagens que expressam enzimas capazes de degradar o AO com linhagens tolerantes ao mofo branco determina aumento significativo da resistência ao patógeno. Nesse estudo, o autor demonstra que o efeito sinérgico da expressão de enzimas como a OXO e OXDC em materiais tolerante a S. sclerotiorum provê imunidade ou significativo aumento da resistência em plantas de girassol e canola. 41 5 – CONCLUSÕES A expressão do gene oxdc em soja confere aumento do nível de resistência das plantas ao fungo S. sclerotiorum. Os resultados obtidos no presente estudo suportam a hipótese que o AO produzido pelo fungo possui importante papel na interação Sclerotinia x Soja e que a introdução de genes capazes de produzir enzimas que degradam este ácido é aplicável ao desenvolvimento de linhagens de soja resistentes a S. sclerotiorum. 42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Adams PB, Ayers WA: Ecology of Sclerotinia species. Phytopathology 69: 896-899 (1979). 2. Aragão FJL, Sarokin L, Vianna GR, Rech EL: Selection of transgenic meristematic cells utilizing a herbicidal molecule results in the recovery of fertile transgenic soybean (Glycine max (L.) 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O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. ... 57 Figura 2A. Folhas do evento OXDC.1.01 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. ........................................ 58 Figura 3A. Folhas do evento OXDC.1.02 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. ........................................ 59 Figura 4A. Folhas do evento OXDC.2.03 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. ........................................ 60 Figura 5A. Folhas do evento OXDC.2.04 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. ........................................ 61 Figura 6A. Folhas do evento OXDC.3.05 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. ........................................ 62 Figura 7A. Folhas do evento OXDC.3.06 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. ........................................ 63 Figura 8A. Folhas do evento OXDC.4.07 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. ........................................ 64 54 Figura 9A. Folhas do evento OXDC.4.08 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. ........................................ 65 Figura 10A. Folhas do evento OXDC.5.09 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. ........................................ 66 Figura 11A. Folhas do evento OXDC.5.10 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. ........................................ 67 Figura 12A. Folhas do evento OXDC.6.11 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. ........................................ 68 Figura 13A. Folhas do evento OXDC.6.12 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. ........................................ 69 Figura 14A. Folhas do evento OXDC.7.16 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. ........................................ 70 Figura 15A. Folhas do evento OXDC.7.17 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. ........................................ 71 Figura 16A. Folhas do evento OXDC.8.18 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. ........................................ 72 55 Figura 17A. Folhas do evento OXDC.9.21 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. ........................................ 73 Figura 18A. Folhas de plantas não transgênicas da variedade BR-16 após 114 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. ....................................................................................... 74 Figura 19A. Folhas do evento OXDC.9.21 após 114 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. ........................................ 75 56 Figura 1A. Folhas de plantas não transgênicas da variedade BR-16 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. 57 Figura 2A. Folhas do evento OXDC.1.01 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. 58 Figura 3A. Folhas do evento OXDC.1.02 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. 59 Figura 4A. Folhas do evento OXDC.2.03 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. 60 Figura 5A. Folhas do evento OXDC.2.04 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. 61 Figura 6A. Folhas do evento OXDC.3.05 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. 62 Figura 7A. Folhas do evento OXDC.3.06 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. 63 Figura 8A. Folhas do evento OXDC.4.07 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. 64 Figura 9A. Folhas do evento OXDC.4.08 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. 65 Figura 10A. Folhas do evento OXDC.5.09 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. 66 Figura 11A. Folhas do evento OXDC.5.10 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. 67 Figura 12A. Folhas do evento OXDC.6.11 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. 68 Figura 13A. Folhas do evento OXDC.6.12 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. 69 Figura 14A. Folhas do evento OXDC.7.16 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. 70 Figura 15A. Folhas do evento OXDC.7.17 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. 71 Figura 16A. Folhas do evento OXDC.8.18 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. 72 Figura 17A. Folhas do evento OXDC.9.21 após 90 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. 73 Figura 18A. Folhas de plantas não transgênicas da variedade BR-16 após 114 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. 74 Figura 19A. Folhas do evento OXDC.9.21 após 114 horas do posicionamento dos discos de micélio do fungo S. sclerotiorum. O diâmetro do círculo no qual as folhas estão contidas possui 15 cm. 75 ANEXO B Artigo 1B. Cunha WG, Tinoco MLP, Pancoti HL, Ribeiro RE, Aragão FJL: High resistance to Sclerotinia sclerotiorum in transgenic soybean plants transformed to express an oxalate decarboxylase gene. Plant Pathology Doi: 10.1111/j.1365-3059.2010.02279.x (2010)…………………………77 Artigo 2B. Dias BBA, Cunha WG, Morais LS, Vianna GR, Rech EL, Capdeville Gd, Aragão FJL: Expression of an oxalate decarboxylase gene from Flammulina sp. in transgenic lettuce (Lactuca sativa) plants and resistance to Sclerotinia sclerotiorum. Plant Pathology 55: 187-193 (2006)………………………………………………………………………...84 76 77 2 W. G. Cunha et al. Previous studies showed that some of the identified quantitative trait loci (QTL) for resistance to SSR were associated with escape mechanisms (Kim & Diers, 2000). For these reasons, soybean breeding has not made available a SSR-resistant variety on the market. Previous studies provided evidence for the involvement of oxalic acid (OA) in S. sclerotiorum pathogenesis and OA tolerance has been correlated to disease tolerance (Bateman & Beer, 1965; Maxwell & Lumsden, 1970; Noyes & Hancock, 1981; Marciano et al., 1983; Magro et al., 1984; Tu, 1985; Godoy et al., 1990; Wegulo et al., 1998; Cessna et al., 2000; Kolkman & Kelly, 2000; Favaron et al., 2004; Guimarã es & Stotz, 2004; Kim et al., 2008; Walz et al., 2008b). Treatment of healthy plants with OA or fungal culture filtrates resulted in foliar symptoms identical to those found in diseased plants (Bateman & Beer, 1965; Noyes & Hancock, 1981; Marciano et al., 1983). In addition, plants that showed in vitro and field tolerance to OA were more tolerant to S. sclerotiorum (Noyes & Hancock, 1981; Tu, 1985; Wegulo et al., 1998; Kolkman & Kelly, 2000) and mutants of S. sclerotiorum unable to synthesize OA were less pathogenic when compared with a wild type (Godoy et al., 1990). A potential alternative to developing an SSR-resistant soybean variety is the introduction of genes that generate enzymes capable of degrading the OA. Several transgenic plants expressing genes encoding enzymes that can metabolize OA, such as oxalate oxidases (OXO) and oxalate decarboxylases (OXDC), have shown an enhanced resistance to S. sclerotiorum (Kesarwani et al., 2000; Donaldson et al., 2001; Cober et al., 2003; Hu et al., 2003; Livingstone et al., 2005; Dias et al., 2006; Dong et al., 2008; Walz et al., 2008a). OXO catalyses the oxygen-dependent oxidation of oxalate to carbon dioxide and hydrogen peroxide. OXDC breaks down oxalate to generate carbon dioxide and formate in the absence of any cofactor requirement. In addition, OXDC is specific to OA and has high activity at acidic or neutral pH (Kesarwani et al., 2000). The main goal of this research was to introduce an oxalate decarboxylase gene (oxdc) from a Flammulina sp. into the soybean genome in order to generate transgenic lines resistant to S. sclerotiorum. Materials and methods Plasmid vector and soybean transformation The oxdc coding sequence was removed from pTOPOOxDc and cloned into the vector pUC19-35SdAMVNOS, between the XbaI and BamHI sites, under the control of the doubled 35S promoter from Cauliflower mosaic virus and a sequence enhancer from Alfalfa mosaic virus (Dias et al., 2006). The oxdc expression cassette was excised with EcoRI and HindIII from the vector pOXDC (Dias et al., 2006) and inserted into the pBluKSP (Fermentas) to generate the pBluKSPOXDC vector. The oxdc cassette is composed of the oxdc coding sequence under control of the doubled 35S promoter from Cauli- Figure 1 Diagram representing the pBluKSPOXDCAHAS transformation vector containing the ahas gene (ahas5¢: ahas gene promoter; ahasCDS: Arabidopsis thaliana AHAS coding sequence; ahas3¢: ahas gene terminator) and oxdc expression cassettes (d35S: doubled 35S promoter from Cauliflower mosaic virus; AMV: nontranslated sequence enhancer from Alfalfa mosaic virus; nos3¢: nopaline synthase terminator). Black bar represents the probe used in the Southern analysis. flower mosaic virus and a sequence enhancer from Alfalfa mosaic virus, and nos gene terminator. The 5718-bp fragment containing the mutated Arabidopsis ahas gene (selectable marker that confers imidazolinone-specific resistance) was removed with XbaI from the vector pAC321 (Rech et al., 2008) and cloned into the SpeI site of the vector pBluKSPOXDC, resulting in the transformation vector pBluKSPOXDCAHAS (Fig. 1). Soybean transformation was carried out according to Rech et al. (2008) and Aragã o et al. (2000). Mature seeds of a commercial variety (BR-16) were surface-sterilized and soaked in distilled water for 18–20 h. The embryonic axes were excised from seeds, and the apical meristems were exposed by removing the primary leaves and bombarded as previously described by Aragã o et al. (2000). Multiple shooting was induced by cultivating the embryonic axes in BAP-supplemented medium immediately after bombardment. As soon as the embryonic axesderived shoots were 2–3 cm in length, they were individually transferred to a plastic pot containing a mixture of fertilized soil and vermiculite and acclimatized in a greenhouse to produce seeds. A total of 1152 explants were bombarded with the vector pBluKSPOXDCAHAS. PCR screening of transformed plants The recovered plants and progenies were screened by PCR to detect the presence of the oxdc gene. Genomic DNA from young leaves was extracted by the CTAB method (Doyle & Doyle, 1987). The PCR analyses were carried out according to Aragã o et al. (2002). The primers OXDC 371 (5¢-CTCGGCAGCAGAATGAGGTC-3¢) and OXDC 873 (5¢-TCGGCTCGACAGAGGAGAAG-3¢) were used to amplify a 522-bp sequence within the oxdc coding sequence. Detached leaf assays The detached leaf assay was carried out using plants from the T2 generation. Sclerotia were collected from a soybean infected field located in Distrito Federal (Brazil) and Plant Pathology (2010) 78 79 4 W. G. Cunha et al. Figure 3 Disease progress curve of T2 oxdc soybean transgenic events and the nontransgenic control (BR-16) obtained by the detached leaf assay using Sclerotinia sclerotiorum mycelial agar plug. The infected area measured in each time was an average of 10 different plant repetitions except for the OXDC.1.02, OXDC.2.04, OXDC.5.10, OXDC.7.16, OXDC.7.17 and OXDC.8.18 that were 9, 6, 4, 8, 6 and 9 repetitions, respectively. Bars = standard deviation. (a) (b) (c) (d) (e) (f) (g) (h) (i) (j) (k) (l) Figure 4 Resistance response of transgenic plants to Sclerotinia sclerotiorum inoculation. Symptoms were observed on detached leaves 42 h (a, d and g), 66 h (b, e and h) and 90 h (c, f and i) after inoculation of transgenic plants OXDC.9.21.2 (a–c), OXDC.6.11.7, (d–f) and nontransgenic control (g–i) with 5-mm mycelial agar plugs. Detail of soybean line OXDC.9.21.2 response to the mycelium of S. sclerotiorum growth 90 h (j) and 114 h (k) after inoculation compared to a nontransgenic plant 90 h after inoculation (l). Plant Pathology (2010) 80 S. sclerotiorum resistance in transgenic soybean plants (a) (b) Figure 5 (a) RT-PCR for detection of expression of the foreign oxdc and endogenous 18S rRNA genes in transgenic soybean lines. (b) Quantification of the oxdc gene expression relative to that of 18S rRNA housekeeping gene. Lane 1: line OXDC.6.11.7; lane 2: line OXDC.9.21.2; lane 3: nontransgenic plant. Figure 6 Southern blot analysis of genomic DNA to detect the foreign oxdc gene expression cassette in the soybean plants (T2 generation) from transgenic event OXDC.9.21. Lanes 1–8: transgenic plants; lane 9: nontransgenic plant. Discussion The progenies (T2 generation) of self-pollinated transgenic lines were tested for resistance to S. sclerotiorum. Results from the detached leaf assays showed that plants transformed with the oxdc gene presented different levels of resistance to S. sclerotiorum. Compared to the nontransformed control, all transgenic events demonstrated a significant delay in lesion development. Similar results were previously reported in tobacco, tomato and lettuce transgenic plants transformed to express an oxdc coding gene (Kesarwani et al., 2000; Dias et al., 2006; Walz et al., 2008a). RT-PCR analysis revealed the expression of the oxdc gene in the resistant lines tested (OXDC.9.21.2, OXDC.6.11.7), while no transcripts corresponding to the oxdc gene were observed in the susceptible nontransgenic lines analyzed. Results suggested that line OXDC.6.11.7, exhibiting only moderate resistance to S. sclerotiorum, revealed a presence of oxdc gene transcripts at a much lower level (Fig. 5b) than observed in the line OXDC.9.21.2, which exhibited a high resistance level to the pathogen. These results suggest that expression of the oxdc gene is associated with resistance to the fungus and 5 that the resistance level is dependent on the transgene expression level. The association of the presence of the gene and resistance is also supported by the fact that all transgenic lines presented a level of resistance to the pathogen while all nontransgenic genotypes tested were susceptible to infection. The results have shown that the generation of highly S. sclerotiorum-resistant soybean lines is feasible by the expression of the oxalate decarboxylase gene. The interaction of Sclerotinia with epidermal cells of transgenic and nontransgenic soybean plants is currently being studied at the ultra-structural level. This may help to elucidate the cellular basis of this plant-pathogen interaction. In addition, studies will be carried out to evaluate the resistance of soybean lines under field conditions. To confirm the enhanced resistance shown by the detached leaf assay, transgenic event OXDC.9.21 will be further tested under field conditions. Although the values were inconsistent in some situations, a significant correlation of SSR disease ratings between the detached leaf assay and field evaluations has been reported (Wegulo et al., 1998; Kim et al., 2000; Hoffman et al., 2002). To ensure the consistency of the detached leaf assay, this study used uniform leaf size, fixed the inoculum placement and provided adequate moisture during the test, as discussed by Wegulo et al. (1998). Expression of oxalate-detoxifying enzymes in transgenic plants has been successful in generating resistant lines. Wheat oxalate oxidase has been constitutively expressed in canola, tobacco, soybean, poplar, sunflower, peanut and tomato (Thompson et al., 1995; Berna & Bernier, 1997; Donaldson et al., 2001; Cober et al., 2003; Hu et al., 2003; Livingstone et al., 2005; Dong et al., 2008) and the oxalate decarboxylase gene has been incorporated into tobacco, tomato and lettuce (Kesarwani et al., 2000; Dias et al., 2006; Walz et al., 2008a). In contrast to oxalate oxidase enzyme activity, which converts OA into carbon dioxide and hydrogen peroxide, oxalate decarboxylase promotes OA conversion into carbon dioxide and formate and does not lead to a development of additional hydrogen peroxide (Kesarwani et al., 2000; Walz et al., 2008a). The production of oxygen radical synthesis interactions seems to be important, as they weaken the host tissue at early stages of infection and consequently enhance the growth and development of the pathogen (Govrin & Levine, 2000). Kim et al. (2008) concluded that S. sclerotiorum-secreted oxalate induces increased levels of reactive oxygen species (ROS) such as hydrogen peroxide and superoxide in the plant in the early stages of the infection, which appears to trigger a programmed cell death (PCD) pathway, resulting in plant cell death and the generation of a suitable environmental niche for fungal pathogenic development, nutrient acquisition, and the establishment of a necrotrophic relationship. Walz et al. (2008b) observed moderate hydrogen peroxide accumulation in inoculated tobacco plants in the first 24 h after infection and a subsequent decrease. These studies suggested that in the early stages of pathogenesis at relatively high pH (>5) the oxalate produced by the fungus induces increased reactive oxygen species Plant Pathology (2010) 81 6 W. G. Cunha et al. (hydrogen peroxide and superoxide) levels and a programmed cell death response in plant tissue that is required for disease development (Kim et al., 2008). As OA accumulates, the pH decreases and it suppresses the reactive oxygen species and programmed cell death, enabling the pathogen’s further ingress into plant tissue (Kim et al., 2008). OXDC transgenic plants would be a better model in which to study the plant pathogen interaction, considering that there is no additional hydrogen peroxide production, unlike in OXO plants. In practical terms, more studies are needed to determine which oxalate-detoxifying strategy would be more appropriate. Acknowledgements We gratefully acknowledge the financial support of FINEP and CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientı́fico e Tecnoló gico, grant number 500028 ⁄ 2006-0). W. Cunha was supported by a fellowship from CNPq. References Aragã o FJL, Sarokin L, Vianna GR, Rech EL, 2000. Selection of transgenic meristematic cells utilizing a herbicidal molecule results in the recovery of fertile transgenic soybean (Glycine max (L.) Merrill) plants at a high frequency. 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Aragãoa* a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Laboratório de Introdução e Expressão de Genes, PqEB W5 Norte, 70770-900, Brasília, DF; bUniversidade de Brasília, Departamento de Botânica, Instituto de Ciências Biológicas, CP 04457, 70919-970, Brasília, DF; and c Universidade de Brasília, Departamento de Biologia Celular, Instituto de Ciências Biológicas, 70919-970, Brasília, DF, Brazil Sclerotinia sclerotiorum causes rot in a broad range of crops including lettuce, soybean, dry bean and tomato. Pathogenesis of Sclerotinia has been associated with the copious production of oxalic acid. Enzymes capable of degrading oxalic acid have been utilized to produce transgenic resistant plants. Transgenic lettuce lines containing the decarboxylase gene (oxdc) isolated from a Flammulina sp. were produced by Agrobacterium-mediated transformation. Out of 80 regenerated plants, PCR analysis revealed the presence of the oxdc gene in 34 lines. Except for eight lines, the primary transformants transferred the foreign gene to the first generation in a Mendelian fashion. In a detached-leaf assay inoculated with agar plugs of a 2-day-old S. sclerotiorum culture, two lines (P100 and P43) were symptomless, while line P57 showed a delay in symptom development when compared with a nontransgenic control line. RT-PCR analysis carried out with the resistant lines showed the expression of oxdc gene transcripts. Keywords: Flammulina sp., oxalate decarboxylase, oxalic acid, Sclerotinia sclerotiorum, transgenic lettuce Introduction Sclerotinia sclerotiorum is a broad host-range pathogenic ascomycete, which can cause diseases in more than 400 plant species including many agronomically important crops such as tomato, soybean, dry bean and lettuce (Boland & Hall, 1994). In lettuce (Lactuca sativa), diseased plants are unmarketable as they rot once infected with the fungus. The disease is difficult to control when the fungus is established in the soil because the sclerotia of S. sclerotiorum are long-lived (Tu, 1997). Although some breeding lines of L. sativa and L. serriola have shown some degree of resistance against S. sclerotiorum, there are no resistant commercial cultivars of lettuce, and disease control is based on the use of fungicides, with ascospores as the target (Whipps et al., 2002; Young et al., 2004). Pathogenesis of S. sclerotiorum, Sclerotium cepivorum and Sclerotium rolfsii has been associated with the production of oxalic acid by these fungi (Bateman & Beer, 1965; Magro et al., 1984; Godoy et al., 1990). Previous studies *E-mail: [email protected] Accepted 1 September 2005 provided evidence for the involvement of oxalic acid in fungal pathogenesis. Treatment of healthy sunflower and common bean plants with oxalic acid or fungal culture filtrates resulted in foliar symptoms identical to those found in diseased plants (Noyes & Hancock, 1981; Marciano et al., 1983; Godoy et al., 1990). In addition, plants that showed in vitro resistance to oxalic acid were more tolerant to S. sclerotiorum (Noyes & Hancock, 1981; Rowe, 1993; Kolkman & Kelly, 2000). Marciano et al. (1983) detected high concentrations of oxalic acid in sunflower tissues infected by S. sclerotiorum. Moreover, prototrophic mutants of S. sclerotiorum deficient in oxalic acid production were nonpathogenic to common bean plants. In contrast, the oxalic acid-producing wild type was pathogenic (Godoy et al., 1990). The exact role of oxalic acid during infection is not well understood. However, several cellulolytic and pectolytic enzymes secreted by the fungi during invasion of plant tissues have maximal activities at low pH, and oxalate might increase enzymatic activity by shifting the apoplastic pH (Bateman & Beer, 1965; Lumsden, 1976; Magro et al., 1984). Oxalic acid may chelate calcium, compromising the function of calcium-dependent defence responses and weakening the cell wall (Bateman & Beer, 1965; Marciano et al., 1983; Ferrar & Walker, 1993). In addition, oxalate suppresses oxidant biosynthesis, 187 Plant Pathology (2006). © 2006 The Authors Journal compilation © 2006 BSPP 84 188 B. B. A. Dias et al. disabling the earliest resistance response in plant cells (Cessna et al., 2000). With a view to the degradation of oxalic acid, genes for enzymes such as oxalate oxidase and oxalate decarboxylase have been isolated and characterized. Oxalate oxidase catalyses the oxygen-dependent oxidation of oxalate to CO2 and hydrogen peroxide (Kotsira & Clonis, 1997). Oxalate decarboxylases break down oxalate to generate formate and carbon dioxide (Reinhardt et al., 2003). The introduction of these genes in transgenic plants has been proposed in order to produce Sclerotinia-resistant lines. The barley oxalate oxidase gene was introduced into canola (Thompson et al., 1995) and peanut (Livingstone et al., 2005). The wheat oxalate oxidase gene was introduced into poplar (Liang et al., 2001), tobacco (Berna & Bernier, 1997), soybean (Donaldson et al., 2001) and sunflower (Burke & Rieseberg, 2003). The oxalate decarboxylase gene from Collybia velutipes (syn. Flammulina velutipes) was introduced into tomato and tobacco (Kesarwani et al., 2000). As S. sclerotiorum is one of the most important pathogens of lettuce, the main goal of this research was to isolate and to introduce an oxalate decarboxylase gene (oxdc) from a Flammulina sp. into lettuce plants. Materials and methods Isolation of the oxalate decarboxylase gene An oxalate decarboxylase gene from the edible mushroom Flammulina sp. was isolated using RT-PCR. The mycelium of the fungus (isolate IJF 140502, Embrapa Germplasm Bank) was cultivated on static liquid medium (5% dextrose, 1% peptone, 0·1% KH2PO4, 0·05% MgSO4·7H2O and 1% Difco malt extract, pH 5·2) (Mehta & Datta, 1991) for 25 days at 25°C. Oxalic acid was added to the culture at 12·5 mm. After 12 h, total RNA was isolated from 250 mg of mycelium of Flammulina sp. using the Micro-toMidi Total RNA kit (Invitrogen). Total RNA was used to produce cDNA using the reverse transcriptase Superscript II (Invitrogen), according to the protocol suggested by the manufacturer. PCR reaction was carried out in a PTC-100 thermocycler (MJ Research) in 50 µL solution containing 40 ng cDNA, 60 mm Tris–SO4 pH 8·9, 18 mm (NH4)2SO4, 2 mm MgSO4, 250 nm of each dNTP, 200 nm of each primer and 5 U Platinum Taq DNA Polymerase High Fidelity (Invitrogen). The mixture was overlaid with mineral oil, denatured at 94°C (2 min), and subjected to 35 cycles of amplification (94°C for 30 s, 55°C for 30 s, 68°C for 2 min) with a final elongation step of 10 min at 68°C. The primers 5′-TCTAGATGTTCAACAACTTCCAACG-3′ and 5′-GGATCCTCAGTTCACAGGACCAAC-3′ were used to amplify a sequence of 1344 bp, corresponding to the coding sequence from the oxalate decarboxylase (oxdc) gene. The sequence was cloned into pCR2·1TOPO (Invitrogen) to generate the vector pTOPOOxDc, sequenced by using universal M13 and T7 primers on an automatic sequencer (Applied Biosystems) and deposited in GenBank (accession no. AY238332). Plasmid vector The oxdc coding sequence was removed from pTOPOOxDc and cloned into the vector pUC19-35SAMVNOS, between the XbaI and BamHI sites, under the control of the doubled 35S promoter from Cauliflower mosaic virus and a sequence enhancer from Alfalfa mosaic virus. The pUC1935SAMVNOS vector was derived from the pBI426 (Datla et al., 1991) in which the gus–nptII gene fusion was removed with NcoI and SacI, and the NcoI site was deleted by partial digestion of nuclease S1. The oxdc expression cassette was removed from the pUC19-35SAMVNOS vector with PvuII and cloned into the binary vector pCAMBIA1390 (CAMBIA) in the SmaI site, resulting in the transformation vector pCambOxDc. The vector pCambOxDc carries the selectable marker gene htp to confer hygromycin resistance. Agrobacterium strain EHA 105, containing the vector pCambiaOxDc, was used to transform lettuce plants. Lettuce transformation The transformation of lettuce cv. Verônica was performed according to Curtis et al. (1994). Cotyledons from 48-hgerminated seeds were excised, then cocultured with bacterial suspension for 15 min. Explants were transferred to MS medium (Murashige & Skoog, 1962) supplemented with 0·1 mg L −1 6-benzylaminopurine (BAP), 0·1 mg indolylbutyric acid (IBA), 10 mg hygromycin and 250 mg cefotaxime L−1. Calluses were transferred to MS medium containing 0·1 mg BAP L−1 for shoot regeneration. PCR screening of transformed plants Plantlets were screened by PCR for the presence of the oxdc gene. Genomic DNA was isolated from young leaf discs according to Doyle & Doyle (1987). PCR reactions were carried out according Aragão et al. (2002). The primers OXDC 873 (5′-TGGGCTCGACAGAGGAGAAG-3′) and OXDC 371 (5′-CTCGGCAGCAGAATGAGGTC-3′) within the gene oxdc coding sequence were used to amplify a 502-bp sequence. Progeny analysis Seeds of the first generation (R1) of self-pollinated plants were germinated on half-strength MS medium containing 10 mg hygromycin and 250 mg cefotaxime L−1. χ2 analyses, using the correction factor of Yates (Steel & Torrie, 1980), were performed to determine whether or not the observed segregation ratio was consistent with a Mendelian ratio (3 : 1 or 15 : 1), with a 95% level of confidence. Inoculation of transgenic plants with S. sclerotiorum An isolate of S. sclerotiorum obtained from tomato plants grown in Guaíra, SP, Brazil and kept at Embrapa Hortaliças (Brasília, DF, Brazil) was used in the experiments. The fungus was grown on PDA medium (20% potato, Plant Pathology (2006). © 2006 The Authors Journal compilation © 2006 BSPP 85 Resistance to Sclerotinia in transgenic lettuce 2% dextrose, 1·5% agar). Inoculation was carried out according to Dickson & Hunter (1983). A mycelial agar plug 2 mm in diameter was cut from the growing margins of a 2-day-old S. sclerotiorum culture and applied to the adaxial surface of a leaf detached from a 9-week-old plant (10 leaves from each transgenic and nontransgenic line). Symptoms were observed every 12 h and lesion length recorded. Leaves were kept in a plant growth chamber (Conviron) at 20°C, 90–100% relative humidity and a photoperiod (50 µmol m−2 s−1) of 12 h. RT-PCR expression analysis Lines P20, P43, P57 and P100 were analysed for the presence of oxdc gene transcripts. Total RNA was extracted from leaves using the Micro-to-Midi Total RNA kit. The remaining genomic DNA was eliminated by DNase digestion of the RNA samples. Total RNA was used to produce cDNA using the reverse transcriptase Superscript II, according to the protocol suggested by the manufacturer. PCR reactions were carried out as described above, except for the following changes: 25 ng cDNA, 1·5 U Taq DNA polymerase, and amplification cycles of 95°C for 1 min, 57°C for 1 min and 72°C for 1 min, with a final elongation step of 5 min at 72°C. Primers OXDC 873 and OXDC 371 were used to amplify a sequence within the oxdc gene. As an internal control, primers rRNA1 (5′-AACGGCTACCACATCCAAGG-3′) and rRNA2C (5′-TCATTACTCCGATCCCGAAG-3′) were used to amplify a sequence from the 18S rRNA gene. Results The oxalate decarboxylase gene (oxdc) from Flammulina sp. isolate IJF 140502 showed 99·26% identity when compared with the GenBank sequence from F. velutipes (accession AF2000683), revealing differences in only 10 bp. No differences were found in the protein amino acid sequence. Out of 80 regenerated plants, 34 lines (42·5%) revealed the presence of the oxdc gene in the PCR analysis. All transgenic lines were rooted and acclimatized. Seven lines showed an abnormal phenotype with smaller leaves and thinner stems. All acclimatized transgenic lines (R0 generation) were allowed to produce seeds. The progeny (R1 generation) of 34 self-fertilized transgenic lines were screened by PCR analysis for the presence of the oxdc gene (Fig. 1). With the exception of eight lines (P11, P37, P39, P41, P61, P81, P82, P88), the R0 plants transferred the foreign gene to the R1 generation in a Mendelian fashion (Table 1). Twentythree lines presented a segregation ratio of 3 : 1 and three lines a segregation ratio of 15 : 1. Detached leaves were inoculated with 2-mm-diameter agar plugs from growing margins of 2-day-old S. sclerotiorum cultures and lesion length was recorded. Lines P100 and P43 did not show any symptoms (Fig. 2). Although the mycelium of S. sclerotiorum was able to initiate growth from the plug and attach to the leaf surface at 189 Figure 1 PCR analysis of putative transformed lettuce lines for detection of the oxdc gene. Lane 1, positive control (plasmid pCambiaOxDc); lane 2, nontransgenic plant; lanes 3 –15, transgenic lines. Table 1 Segregation analysis in 34 lines of transgenic lettuce R1 generationa Line R 0 Positive Negative Segregation ratio tested χ2 Pb P1 P2 P3 P5 P6 P11 P14 P17 P19 P20 P21 P22 P23 P37 P39 P40 P41 P42 P43 P48 P54 P57 P58 P59 P61 P63 P81 P82 P88 P99 P100 P101 P102 P103 42 35 42 40 45 20 39 41 35 39 39 41 36 24 44 40 27 41 37 40 37 39 37 37 29 33 5 29 7 33 36 41 32 36 8 15 8 10 4 25 11 6 15 6 11 4 13 25 6 10 22 9 11 8 12 11 12 13 19 17 43 18 41 17 12 9 18 12 3:1 3:1 3:1 3:1 15 : 1 3:1 3:1 15 : 1 3:1 3:1 3:1 15 : 1 3:1 3:1 3:1 3:1 3:1 3:1 3:1 3:1 3:1 3:1 3:1 3:1 3:1 3:1 3:1 3:1 3:1 3:1 3:1 3:1 3:1 3:1 2·16 0·66 2·16 0·66 0·30 22·41 0·24 3·40 0·66 3·26 0·24 0·56 0·06 17·69 4·51 0·67 10·35 1·31 0·11 1·77 0·01 0·24 0·01 0·03 5·44 2·16 106·77 4·43 93·44 2·16 0·00 1·31 3·22 0·00 0·14 0·41 0·14 0·41 0·58 0·00 0·62 0·07 0·41 0·07 0·62 0·46 0·80 0·00 0·03 0·41 0·01 0·25 0·73 0·18 0·93 0·62 0·93 0·87 0·02 0·14 0·00 0·03 0·00 0·14 1·00 0·25 0·07 1·00 a Data are based on in vitro tolerance to hygromycin. 3 : 1 or 15 : 1. inoculation sites of resistant transgenic plants, no colonization of the foliar tissue was observed (Fig. 2c). In contrast, tissue colonization was extensive on nontransgenic plants (Fig. 2d). Line P57 showed a delay in symptom Plant Pathology (2006). © 2006 The Authors Journal compilation © 2006 BSPP 86 190 B. B. A. Dias et al. Figure 2 Pathogenesis assay of transgenic lines P100, P43 and P57 for resistance to Sclerotinia sclerotiorum. Symptoms were observed on detached leaves (a) 12; (b) 24 h after inoculation with 2-mm mycelial agar plugs. (c) Detail of the mycelium of S. sclerotiorum initiating growth from the plug and attaching to the leaf surface at the inoculation site of a resistant transgenic plant (arrows); (d) line P43 and damaged susceptible nontransgenic plants. NT, nontransgenic line. development compared with the nontransgenic line (Fig. 2a,b). The progression of disease development in 33 transgenic lettuce lines over a 36-h period is illustrated (Fig. 3). Except for transgenic lines P57, P43 and P100 (Fig. 3a,d,h, respectively), there were no significant differences in lesion length compared with the controls (nontransgenic plants). Symptoms were more severe for line P2 at 36 h than for the other lines from its group (Fig. 3c). As observed in the control plants, in all transgenic susceptible lines the lesions extended across the whole leaf within 48 h (data not shown). RT-PCR analysis for detection of oxdc gene transcripts was carried out with three resistant lines (P43, P57, P100) and one susceptible transgenic line (P20). The resistant lines showed oxdc gene expression, while line P20 and the nontransgenic plant did not produce oxdc gene transcripts (Fig. 4). All plants tested displayed similar levels of expression of the 18S rRNA gene. Discussion The expression of the oxalate decarboxylase gene (oxdc) from Flammulina sp. in lettuce has allowed the produc- tion of transgenic lines resistant to the necrotrophic fungus S. sclerotiorum. With the exception of seven lines, the transgenic plants produced presented a normal phenotype. Seven transgenic lines showed an abnormal phenotype, with smaller leaves and narrow stems. Similar results were observed by Pileggi et al. (2001). These phenotypes may be attributable to somaclonal variation caused by exposure to growth regulators during callus growth and plant regeneration. Insertional gene mutation could also be involved. Further experiments with plasmid rescue should be considered in order to evaluate this possibility. The progenies (R1 generation) of self-pollinated transgenic lines were tested for the presence of the oxdc gene. The analyses indicated that most of the transgenic plants contained the transgene(s) integrated in a single locus, as indicated by the 3 : 1 segregation ratio. This is a desirable property for introducing transgenic plants into a breeding programme aimed at the development of new cultivars. Several studies support the concept that most of the foreign genes introduced by Agrobacterium are normally transmitted to the progeny (Gelvin, 1998). In this study, eight lines did not transfer the introduced foreign gene to Plant Pathology (2006). © 2006 The Authors Journal compilation © 2006 BSPP 87 Resistance to Sclerotinia in transgenic lettuce 191 Figure 3 Lesion-length progression following inoculation of detached leaves of 33 transgenic lettuce lines and control with mycelial agar plugs containing Sclerotinia sclerotiorum. Transgenic lines and control indicated on right border of each block. Bars, SD (n = 10). Figure 4 RT-PCR for detection of expression of oxdc and 18S rRNA genes in transgenic lettuce lines. Upper lanes: (1) nontransgenic plant; (2) P20; (3) P43; (4) P57; (5) P100; (6) plasmid vector used in the PCR reaction. Lower lanes: lettuce 18S rRNA gene as internal control. the R1 generation in the Mendelian segregation ratio expected for self-pollinated plants. An insertional mutation of an essential gene required for ovule fecundation or development might account for this aberrant inheritance. In addition, physical transgene elimination has been reported in several plants and has been attributed to intrachromosomal recombination (Fladung, 1999); genetic instability resulting from the conditions of tissue culture (Risseeuw et al., 1997; Joersbo et al., 1999); or a genomic defence process (Srivastava et al., 1996; Romano et al., 2005). From the total of 34 putative transgenic lines produced, only three lines presented resistance to S. sclerotiorum. The expression of a transgene located in active chromatin or heterochromatin is highly variable, even among lines independently transformed with the same construct. Many factors may be responsible for variable transgene expression, including the tendency for exogenous DNA to undergo rearrangement prior to integration, effects related to the transgene copy number and integration position, and effects of DNA hypermethylation (Meyer, 1998; Abranches et al., 2000). Plant Pathology (2006). © 2006 The Authors Journal compilation © 2006 BSPP 88 192 B. B. A. Dias et al. The introduction of genes coding for enzymes able to degrade oxalic acid in transgenic plants has been successful in generating Sclerotinia-resistant canola (Thompson et al., 1995); poplar (Liang et al., 2001); tobacco (Berna & Bernier, 1997; Kesarwani et al., 2000); soybean (Donaldson et al., 2001); sunflower (Burke & Riesenberg, 2003); tomato (Kesarwani et al., 2000); and peanut (Livingstone et al., 2005). Apparently, only transgenic soybean and sunflower plants with partial resistance have so far been tested under field conditions (Burke & Rieseberg, 2003; Cober et al., 2003). Correlation of Sclerotinia disease ratings between glasshouse, laboratory and field evaluations has been reported (Kim et al., 2000). Although this correlation was inconsistent in some cases (Vuong et al., 2004), in vivo resistance assays with both oxalic acid and Sclerotinia mycelium plug inoculation have consistently been correlated with resistance in the field (Kesarwani et al., 2000; Kolkman & Kelly, 2000; Chipps et al., 2005). In soybean, Wegulo et al. (1998) demonstrated that both mycelial inoculation of detached leaves and the response of detached stems to oxalic acid correlated with disease resistance in the field. RT-PCR analyses revealed the expression of the oxdc gene in the three resistant lines (P43, P57, P100), while no oxdc gene transcripts were observed in the susceptible transgenic and nontransgenic lines analysed. These results suggest that expression of the oxdc gene is associated with resistance to Sclerotinia. The results show that expression of the oxalate decarboxylase gene in a highly susceptible species is efficient in generating resistance to S. sclerotiorum. The interaction of Sclerotinia with epidermal cells of transgenic and nontransgenic lettuce is currently being studied at the ultrastructural level. This may help to elucidate the cellular basis of this plant–pathogen interaction. In addition, studies are being carried out to evaluate the resistance of lettuce lines under field conditions. Acknowledgements We would like to thank Dr Arailde Fontes Urben (Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia) and Dr Gilmar Paulo Henz (Embrapa Hortaliças) for providing the Flammulina sp. and Sclerotinia isolates, respectively, and Warley Almeida for his technical assistance. This work was supported by CNPq (grant number 305441/2004-3). References Abranches R, Santos AP, Wegel E, Williams S, Castilho A, Christou P, Shaw P, Stoger E, 2000. 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