+0,04% Economia [email protected] O ESTADO DO MARANHÃO · SÃO LUÍS, 20 de março de 2015 - sexta-feira Panorama econômico Miriam Leitão Com Valéria Maniero Não será rápido O s ministros Joaquim Levy e Nelson Barbosa têm dito que os ajustes na economia farão o Brasil voltar a crescer rapidamente. Usam a estratégia para tentar convencer o PT e os partidos da base, que são contra os cortes de gastos. Além disso, estão começando a ceder partes do ajuste na negociação. Ou os ministros expõem a gravidade do quadro ou a arrumação da economia ficará pelo meio do caminho. Claro que nesta conjuntura política é preciso conversar com o Congresso, mas não deveriam dourar a pílula. Não serão apenas alguns meses.Vai levar tempo para consertar o país, e isso exige cortes de gastos, suspensão de subsídios, juros altos por longo tempo. Os dois apertos — fiscal e monetário — vão comprimir ainda mais a economia já estagnada. Ao mesmo tempo, a inflação continuará alta pelos reajustes dos preços da energia e do aumento do dólar. Isso é remédio contra os erros do primeiro mandato, mas o PT está pronto para pôr a culpa na atual equipe econômica. Os ministros Joaquim Levy e Nelson Barbosa devem apontar o futuro de recuperação, mas precisam avisar que será um caminho longo. A meta de superávit primário deste ano é de 1,2% do PIB, lembra o economista Sérgio Vale, da MB Associados, e subirá para 2% no ano que vem. O cinto ficará mais apertado. O economista alerta para mais um risco que parece estar passando desapercebido pelo governo. Ele acha que é preciso haver racionamento de energia, sob qualquer cenário de chuvas, para poupar água nos reservatórios das hidrelétricas. Sem isso, não haverá energia para o momento da retomada. Os pontos-chave 1 2 3 Ministros da economia evitam falar da gravidade da crise. Com isso, reduzem chance de apoio ao ajuste Medidas têm que ser negociadas, mas elas perdem força com as concessões ao Congresso Sem cortes agora, inclusive redução do consumo de energia, não se prepara o crescimento para 2016 - Para se ter um 2016 melhor, é preciso racionar em 2015. Do contrário, não haverá energia para quando o país voltar a crescer. O governo poderá fazer um enorme esforço fiscal este ano, deixar a casa mais arrumada, e não haver energia para crescer. Avalio que o racionamento é inevitável. Será um erro muito grande não fazer, do ponto de vista econômico — afirmou. Outros economistas acham que a recessão de 2015 reduz o risco de racionamento. Sérgio Vale acha que mesmo com recessão será preciso haver restrição de consumo de energia para aumentar as chances de crescer em 2016. Ele mesmo admite que com racionamento em 2015 a retração pode chegar até a 3% do PIB. A boa notícia é que a recuperação seria mais rápida, podendo crescer 3% no ano que vem. Sem racionamento, a queda estimada é de 1%, mas, no ano que vem, o crescimento será mais contido pela falta de oferta de energia. Sob qualquer cenário, os dois últimos anos de mandato da presidente Dilma terão crescimento máximo na casa de 2%, segundo Sérgio Vale. A MB estima fechamento de mais de 600 mil postos de empregos formais este ano. Será a primeira vez que um ano fechará no negativo desde o início da série histórica, em 1996. Não houve isso nem em 2009, auge da crise internacional. O risco político, com as manifestações e a queda da aprovação presidencial, torna o ajuste ainda mais difícil de ser executado. - Assim como a Europa está em uma armadilha política e econômica, um círculo vicioso quase sem solução no curto prazo, o Brasil se encontra em que a crise política que piora a econômica e vice-versa — afirmou Sérgio Vale. Nos fundamentos da economia brasileira há uma série de problemas estruturais. Um deles está no forte déficit em conta-corrente, que passa de 4% do PIB. A alta do dólar ajuda a diminuir o déficit, mas eleva a inflação. Vale pondera que nem mesmo a valorização da moeda americana é certeza de que o déficit será revertido. Não há, ainda, garantia de crescimento das exportações. - Em 2003 e nos anos seguintes, o déficit em conta-corrente foi ajustado pelo boom das commodities e por um período de crescimento mundial que puxou o PIB brasileiro. O contexto atual é de queda de preços. Nossa indústria também ficou menos competitiva nos últimos anos. Tivemos aumento da energia, aumento do custo do trabalho, aumento de impostos. O cenário é adverso para as commodities e os bens manufaturados — explicou. O quadro externo é desfavorável, com a expectativa de alta dos juros pelo Banco Central americano. Não há, portanto, saída fácil e no curto prazo. O único caminho é o governo expor a gravidade da situação atual. Isso talvez ajude a conseguir mais apoio para as medidas de ajuste, que parece cada dia mais fraco. BOVESPA -1,11% A bolsa encerrou dia em 50,95 pontos DÓLAR +2,58% A moeda americana foi cotada em R$ 3,2960 EURO +0,19% A moeda europeia foi cotada em R$ 3,4676 OURO +0,9941% Commoditie se valorizou e foi vendida por 120,90 NASDAQ +0,92% A bolsa fechou com a marca de 4.983 pontos Mais de 6.300 postos de trabalho foram fechados em apenas dois meses no MA Ao todo, houve fechamento de 6.369 vagas formais em janeiro e fevereiro; perda representa recuo de 1,30% do emprego formal no estado, mostra Caged Arquivo S em uma política de atração de investimentos e de geração de emprego definida pelo Governo do Estado, o Maranhão registrou o fechamento de 6.369 postos de trabalho com carteira assinada nos dois primeiros meses do ano, o que representa uma queda de 1,30%. Os dados negativos são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Somente em fevereiro, foram eliminados 2.260 empregos celetistas no estado, equivalente ao recuo de 0,46% em relação ao estoque de assalariados com carteira assinada do mês anterior. Os setores que mais contribuíram para o recuo na oferta de emprego foram a construção civil, que perdeu 1.708 postos no mês passado, e o comércio, que totalizou 291 postos de trabalho fechados. De acordoz com os dados do Caged, o setor de serviços, outro importante segmento da economia maranhense e grande empregador, também teve saldo negativo em fevereiro, com a perda de 120 vagas. No mesmo rumo de fechamento de postos de trabalho, se seguiram a atividade extrativa mineral, que eliminou 267 vagas; a indústria de transformação, com a perda de 21 postos, e os serviços industriais de utilidade pública, com o fechamento de sete vagas. Das oito atividades econômicas acompanhadas pelo Caged no Maranhão, apenas os setores agropecuário e da administração pública registraram saldo positivo em fevereiro, com 128 e 26 vagas, respectivamente. O Caged monitora mensalmente o comportamento do emprego formal em 52 municípios maranhenses com mais de 30 mil habitantes, entre os quais São Luís. Em fevereiro, 28 desses 52 municípios registraram queda na oferta de emprego, sendo o pior saldo verificado na capital maranhense, com a perda de 1.871 Operário da construção civil trabalha em obra; categoria foi uma das mais afetadas pela queda do emprego Comportamento do emprego postos de trabalho com carteira assinada. Em 20 municípios, houve saldo positivo de emprego formal, com destaque para Imperatriz, que gerou 224 postos. Outros quatro municípios - Alto Alegre do Pindaré, Arame, Codó e São Domingos do Maranhão - tiveram saldo zero. Equívoco - Indagado sobre o fechamento de mais 6.300 postos de trabalho, o secretário-adjunto de Estado de Indústria e Comércio, Pierre Januário, transferiu a responsabilidade dessa eliminação de vagas para a política do governo anterior. Ele se pronunciou durante evento do Banco da Amazônia, realizado ontem na Associação Comercial. No entanto, os números do Caged mostram o contrário. A política de atração de investimentos do governo anterior resultou, de 2009 a 2014, na geração de mais de 100 mil postos de trabalho com carteira assinada. O secretário-adjunto Pierre Januário não soube informar se há no momento uma política de atração de investimentos para o Maranhão por parte do Governo do Estado que possa gerar mais empregos para a população. “Estamos trabalhando na melhoria da política de incentivos fiscais”, respondeu. Basa tem R$ 310 mi para financiar o setor produtivo maranhense Flora Dolores Informação foi passada a empresários maranhenses e ao poder público em encontro na Associação Comercial O Banco da Amazônia dispõe, este ano, de R$ 310 milhões em crédito de fomento para atender ao setor produtivo do Maranhão. São R$ 100 milhões a mais do que o disponibilizado em 2014. O montante foi informado ontem ao empresariado maranhense e ao poder público em encontro na Associação Comercial, com a presença do presidente da instituição financeira, Valmir Rossi. Apesar do momento de instabilidade econômica e política do país, Valmir Rossi disse acreditar que o Brasil irá superar as dificuldades e que, para isso, é importante o apoio do setor produtivo. Sobre o Maranhão, o presidente do banco frisou que o estado tem um grande potencial de crescimento e que a instituição é parceira nesse processo de desenvolvimento econômico. Ele informou que o banco tem apoiado diversas atividades no estado, sobretudo o agronegócio, principalmente na região sul do Maranhão, mas que também há crédito disponível para a indústria, comércio, serviços, turismo, energia e até mesmo para saúde e educação. “Temos linhas de crédito de várias fontes para atender a todas essas atividades”, afirmou. No ano passado, o banco disponibilizou R$ 210 milhões em linhas de crédito para o estado. No entanto, com o crescimento da demanda, esse montante foi ultrapassado, alcançando R$ 230 milhões em contratação de financiamento de fomento. Os recursos foram aplicados para potencializar atividades de produtores rurais, empreendedores individuais, além de mini, micro, pequenas, médias e grandes empresas de diversos segmentos. Agronegócio - Segundo o superintendente regional do Banco da Amazônia, Antonio Édson Ribeiro, que apresentou as linhas de crédito para 2015, no ano passado o setor do agronegócio participou com mais de 70% dos desembolsos para o setor produtivo maranhense. “Nosso desafio em 2015 é fazer com que o nosso teto de R$ 310 milhões em crédito disponível para o estado não somente seja alcançado, como também superado”, observou Antonio Édson Ribeiro. A presidente da Associação Comercial do Maranhão, Luzia Rezende, destacou a importância Valmir Rossi, presidente do Basa, conversou com empresários Números R$ 310 Milhões em crédito de fomento estão sendo disponibilizados pelo Banco da Amazônia para o setor produtivo do Maranhão do encontro promovido pelo Banco da Amazônia, nesse momento em que o país necessita da manutenção da atividade produtiva para retomar o crescimento. “Apoiamos eventos como esse, que leva informação aos empresários sobre a atuação do banco e as oportunidades que estão disponíveis em termos de linhas 70% Dos recursos das linhas de crédito do Basa para o Maranhão em 2014 foram captados pelo agronegócio de crédito”, ressaltou. O encontro foi encerrado com uma palestra do economista Luiz Suzigan (LCA Consultoria) sobre Cenários Econômicos e Oportunidades de Negócios. Mais na versão digital oestadoma.com.br