AS CONDIÇÕES DA SAÚDE BRASILEIRA FRENTE AOS PADRÕES OURO DE TRATAMENTO: CONDUTA COM CEFOTAXINA EM NEONATO PARA A CONJUNTIVITE GONOCÓCICA THE CONDITIONS OF THE BRAZILIAN HEALTH IN THE STANDARDS GOLD TREATMENT: CONDUCT WITH CEFOTAXINA IN NEONATE TO GONOCOCCAL CONJUNCTIVITI. Eric Lima Mendonça do Nascimento1, Draicienne Silva da Rocha¹, Adna Sandriele Oliveira Lima Medeiros¹, João Paulo Barbosa de Jesus¹, Caio Medeiros de Oliveira 2, Marcia Silva de Oliveira3 Abstract - Is defined as ophthalmia neonatal conjunctivitis that occurs in the first four weeks of life. It may be caused by Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae, Herpes simplex, Streptococcus pneumoniae or other infectious agents. However, the most severe form is gonococcal conjunctivitis (GC). The eye infection is usually acquired during the passage of the fetus through the birth canal is uncommon affect newborns (NB) via cesarean section. Medical management with drugs considered second-line treatment, widely used in Brazil, shows improvement in the picture as the pathology in question, with Claforan administration (Cefotaxina) for 7 days, compared to the gold standard, Penicillin Cristalina. After treatment, the patient showed improvement susceptible and total elimination of bacterial focus continuing therapeutic approach in domicile. In qualitative studies, the treatment cefotaxina improvement in 78% of cases of CG in newborns, however, what to expect for the near future? Using multiple medications and sensitize the community can become an imminent risk, causing bacterial resistance, difficulty of effective drugs and difficulty in achieving improvement. Index Terms - neonatal, conjunctivitis, treatment. INTRODUÇÃO O padrão de uso de medicamentos no Brasil é fortemente influenciado pela falta de controle em toda a cadeia de disponibilização e distribuição, desde a produção até a comercialização, levando ao consumo abusivo e irracional de produtos de venda livre e mesmo dos que necessitam de receituário médico ou até mesmo a busca de outras alternativas de tratamento, considerados segundas escolhas. [1]. Grande parcela dos medicamentos descritos para crianças, são na verdade baseados em adequações de doses obtidas apenas em pesquisas realizadas para adultos, ignorando as diferenças fisiológicas entre esses dois públicos e submetendo-as ao risco de eficácia não comprovada produzindo diversos efeitos negativos na população pediatrica. O uso indiscriminado de medicamentos em crianças gera entre outras consequências o mascaramento de doenças graves, e o alívio dos sintomas encoberta a doença de base e quadros de reações adversas aos medicamentos, além do desenvolvimento de resistência bacteriana [1]. De maneira análoga, utiliza-se no campo da pediatria e neonatologia diferentes protocolos para tratamento das doenças que acometem essa faixa etária. As especificações do tratamento seguem a linha do cuidado rápido e de grande abrangência aos diversos microrganismos patogênicos, seguindo padrões, desde os mais adequados até os de especificidade extremamente focais. A alteração da ordem do protocolo, seja utilizando medicamentos mais seletivos seja por mudança na conduta terapêutica, podem produzir desordem no meio bacteriano, criando múltiplos indivíduos multirresistentes até mesmo no organismo do paciente, criando resistência e processos alérgicos, até então inexistentes [2]. Levando em consideração estes fatos, define-se como oftalmia neonatal a conjuntivite que ocorre nas primeiras quatro semanas de vida. Pode ser causada pela Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae, Herpes simplex, Streptococos pneumoniae ou outros agentes infecciosos. Contudo a forma mais grave é a conjuntivite gonocócica. A 1 Eric Lima Mendonça do Nascimento, Medical student by Faculdades Integradas da União Educacional do Planalto Central (FACIPLAC), Brasilia-DF, Brazil, 72460-000. [email protected] 2Caio Medeiros de Oliveira, gynecologist and obstetrician at the Federal University of Rio Grande do Norte, acts as Staff at the Regional Hospital Gama , Quadra 01 , Central Sector , 772405-901, Gama/DF, [email protected]. 3 Marcia Silva de Oliveira, Full Professor of the Integrated Faculty of Central Plateau (FACIPLAC). SIGA Special Area, no. 02, 72460-000, East Sector, Gama/DF, Brazil. General Cordinator and Full Professor of the Paulista University (UNIP) – Campus Brasília. SGAS Block 913, s/n, 70390-130, Asa Sul. Brasília/DF, Brazil. Full Researcher of the Center for Studies in Education and Health Promotion, University of Brasilia – NESPROM/UnB. Campus Universitário Darcy Ribeiro s/n, set 07, room 34, 70.910-900, Asa Norte. Brasília/DF, Brazil, [email protected] DOI 10.14684/SHEWC.26.2016.72-76 © 2016 COPEC July 24 - 27, 2016, Salvador, BRAZIL XVI Safety, Health and Environment World Congress 72 infecção ocular é usualmente adquirida durante a passagem do feto através do canal do parto, sendo incomum afetar recém-nascidos por via cesariana [3]. A conduta médica com os medicamentos considerados de segunda linhas de tratamento, muito utilizados no Brasil, demonstra melhora no quadro como na patologia em questão, com administração de Claforan (Cefotaxina) por 7dias, em relação ao padrão ouro, a Penicilina Cristalina. Após tratamento, a paciente demonstrou melhora suscetível e eliminação total do foco bacteriano continuando conduta terapêutica em domicilio. Em estudos qualitativos, o tratamento por cefotaxina melhora em 78% dos casos de CG em RN. [3] Atualmente, embora a medicina se baseie no saber cientifico, o uso de múltiplos medicamentos produz sensibilização a comunidade podendo tornar-se um risco iminente, ocasionando resistência bacteriana, dificuldade de medicamentos eficazes e dificuldade na obtenção de melhora quando avaliação numa perspectiva futurista desses indivíduos expostos a múltiplos medicamentos nos primeiros momentos de vida [2] Tendo isso como base, o seguinte trabalho buscará mostrar os caminhos com que a população pediátrica passa e como o uso indiscriminado dos medicamentos podem intervim na saúde desses indivíduos, anos a frente. O USO INDISCRIMINADO DOS ANTIBIÓTICOS A Guerra Perdida para a Resistência Os antibióticos correspondem a 12% de todas as prescrições ambulatoriais. Segundo dado da Organização Mundial de Saúde (OMS), as infecções causam 25% das mortes do mundo e 45% nos países menos desenvolvidos [3]. Seguindo a perspectiva de sua utilização, o uso não adequado dos antibióticos no período neonato, podem contribuir nos aparecimentos de diversos problemas na fase adulta do indivíduo. No período perinatal muitas situações maternas constituem risco infeccioso para o feto/recém-nascido, também condições do próprio neonato são propicias ao aparecimento de patógenos oportunistas que causam diversas complicações a saúde nos primeiros momentos da vida [4]. Portanto, risco infeccioso bacteriano perinatal é a probabilidade de ocorrência de infecção bacteriana no RN, adquirida no período periparto, dependente de condição materna e o risco neonatal, corresponde a probabilidade de doença que o concepto possui no pós-parto. O pediatra/neonatologista deve identificar e avaliar esse risco para poder impedir a ocorrência de infecção ou intervir em tempo útil de acordo com o estado clínico do RN e os resultados dos exames pedidos e o mais importante, avaliar com sabedoria qual a conduta antibiótica deverá tomar a partir deste momento [4]. No RN os sinais clínicos de infecção são inespecíficos e a possibilidade de deterioração rápida é uma realidade, pelo que a atitude a tomar deverá ser caracterizada por um elevado grau de suspeição para iniciar antibióticos, mantendo, contudo, firmeza e sabedoria para os parar às 48/72h se a clínica, os exames complementares de diagnóstico e as culturas forem negativos. Não só isso, ter também a consciência de que as escolhas indiscriminadas da medicação podem favorecer no surgimento de maiores complicações no futuro desse RN, como processos alérgicos e bactérias resistentes ao tratamento [4]. Nos Estados Unidos, calcula-se que 50% dos usos de antibióticos sejam inadequados, correspondendo a tratamentos desnecessários para o patógeno produtor da doença. No Brasil, esses dados são alarmantes, chega a ser entre 50-66%, relacionado a prescrições não discriminantes e sem embasamento laboratorial para o uso de antibióticos de grande especificidade e pela automedicação da população [1]. Por sua vez, isso acelera o processo de resistência bacteriana, criando superbactérias capazes de combater a ação do fármaco e produzir grandes desastres na saúde da população. Expor o RN a uma seletividade bacteriana pela utilização de antibióticos produzem efeitos devastadores quando comparada a quantidade limitada de medicamentos para essa faixa etária [3]. Fatores que Podem Influenciar a Seleção do Medicamento As condições que influenciam no uso medicamentoso variam entre países, cada um possui sua forma de implementar o manejo das práticas de saúde e de lidar com suas especificidades no ambiente social [5]. Em âmbito hospitalar, prescritores com menos experiência clínica tomam mais frequentemente as decisões terapêuticas mais generalizadas e sentem pressionados pelo alivio imediato dos sintomas e não na forma com que o tratamento deve ser conduzido, essa situação piora quando estão diante de casos agudos de alta complexidade [3]. A prioridade é evitar qualquer desastre, o que submete a utilização de antibióticos de amplo espectro em associação a vários outros de pequeno espectro, na intenção de pegar qualquer patógeno no organismo que esteja produzindo a moléstia do paciente [3]. Outro fato comum, é o automatismo das prescrições, fazendo com que a duração de curso de um antibiótico se prolongue além do racional. O conjunto falta de informação, pressa de resultados e o uso inadequado dos tratamentos empíricos em graves infecções, contribuem para a seleção de cepas microbianas resistentes prejudicando a vida da população pediátrica quanto avaliamos um futuro o qual os medicamentos atuais não surtirão mais efeitos [4]. Grande parcela dos medicamentos descritos para crianças, são na verdade baseados em adequações de doses obtidas apenas em pesquisas realizadas para adultos, ignorando as diferenças fisiológicas entre esses dois públicos e submetendo-as ao risco de eficácia não comprovada e de efeitos não avaliados [1]. O uso indiscriminado de medicamentos em crianças sem prescrição médica gera entre © 2016 COPEC July 24 - 27, 2016, Salvador, BRAZIL XVI Safety, Health and Environment World Congress 73 outras consequências o mascaramento de doenças graves, e o alívio dos sintomas encoberta a doença de base e quadros de reações adversas aos medicamentos, além do desenvolvimento de resistência bacteriana [1]-[4]. Percebe-se uma tendência geral praticada na sociedade em compartilhar remédios com outros membros da família ou do círculo social. Hábito cada vez mais presente também no âmbito da pediatria. [1]. A automedicação infantil encontra todas essas facilidades durante seu percurso. Fato é que, presente na sociedade moderna, essa prática está incutida na rede social da criança, tornando-a alvo de erros assertivos, o qual múltiplos erros e um pequeno acerto, capaz de aliviar os sintomas do indivíduo, porém deixando resquícios do uso dos outros medicamentos [3]. Todos esses fatores contribuem negativamente na condição realmente alarmantes do uso indiscriminado dos antibióticos: Até quando eles irão produzir resultados? AS CONSEQUÊNCIAS DO USO ABUSIVO E IRRACIONAL DOS ANTIBIÓTICOS A disponibilidade facilidade e agravada pela publicidade pouco judiciosa, acentua o abuso dos antibióticos. Este tem como consequência o surgimento de efeitos adversos que corresponde a 23% de todas as reações adversas encontradas nos hospitais [3]. A resistência bacteriana é uma preocupação mundial, sendo objeto de grande repercussão no meio cientifico quando observamos as recentes publicações. O uso de antibióticos em infecções virais leva o aumento de múltiplos organismos bacterianos, tornando verdadeiros vilões a saúde mundial [5]. Na pediatria, há grandes obstáculos a serem vencidos e o maior entre eles é a dificuldade de um sistema de vigilância epidemiológica das infecções, na obtenção e gerenciamento das informações e, consequentemente, na construção de indicadores capazes de criar perfis locais para o uso medicamentoso das principais bactérias que acometem a região [6]. A complexa relação entre os microrganismos e os humanos, apesar das inúmeras pesquisas desenvolvidas nessa área, limita nossa ousadia quando se trata da avaliação de resultados. Na faixa etária pediátrica, muitos pacientes são admitidos com processo infeccioso adquirido na comunidade – Infecção Comunitária. O quais indicam protocolos préestabelecidos e condutas terapêuticas generalizadas, a questão mais importante é, e quando o protocolo não se aplica? É nesse questionamento que a abertura dos reais problemas se encontram [6]. A POPULAÇÃO PEDIÁTRICA: AS CONSEQUÊNCIAS DAS TENTATIVAS DE TRATAMENTO Uma série de fatores proporciona o desenvolvimento das doenças na criança, tais como: a lenta maturação do seu sistema imunológico, cujo desenvolvimento é menos acentuado quanto menor for a idade, tornando maior o risco de aquisição de doenças transmissíveis; o compartilhamento de objetos entre pacientes pediátricos; a desnutrição aguda; a presença de anomalias congênitas; o uso de medicamentos, particularmente de corticosteróides; e as doenças hematooncológicas e a presença de microrganismos oportunistas dessa faixa etária [7]. Diante disso, partiremos de tratamento da Oftalmia Gonocócica para avaliar a repercussão dos tratamentos na população pediátrica. Segundo o Ministério da Saúde, Oftalmia Neonatal (ON) é definida como uma conjuntivite purulenta do recémnascido, no primeiro mês de vida, usualmente contraída durante o seu nascimento, a partir do contato com secreções genitais maternas contaminadas [7]-[8]. A ON foi um grande problema de saúde pública durante séculos, em todo o mundo. Era a principal causa de cegueira infantil, sendo responsável por 60 a 73% dos casos nas instituições para crianças cegas [8] ao longo do século XIX. A epidemiologia desta condição mudou radicalmente com a introdução do método de Credé, em 1881, que consistia na aplicação de uma gota de solução aquosa de nitrato de prata (NP) a 2%, após a limpeza dos olhos. Esse procedimento reduziu dramaticamente a incidência da CN, não só na Europa, mas em todo o mundo [8]. Posteriormente, a solução de NP a 1% passou a ser o método de Credé, por ser menos irritante que a 2% [8] A grande maioria dos casos de ON infecciosa é adquirida durante a passagem pelo canal do parto e reflete as doenças sexualmente transmissíveis (DST) presentes na comunidade [7]. Com relação aos agentes microbianos, no Manual DST AIDS do MS de 2006 são reportados como os mais importantes a Neisseria gonorrhoeae (NG) e a Chlamydia trachomatis (CT), sendo a CT considerada a principal bactéria implicada na gênese da CN, em especial nos países industrializados [8]. Enquanto nos países em desenvolvimento a incidência de NG e CT estava entre cinco e 50 por 1000 nascidos vivos, para ambos os agentes, nos desenvolvidos, a incidência da NG era de 0,1 a 0,6 e a de CT era de 5 a 60 por 1000 nascidos vivos [8]. Talvez a justificativa mais importante para a necessidade de identificação do agente etiológico é que, ao contrário da conjuntivite do adulto, a CN implica em maior risco de complicações locais e significativo potencial de complicações sistêmicas, de gravidade dependente do microrganismo, necessitando de pronto tratamento direcionado ao agente específico [5]-[8]. Os RN com oftalmia gonocócica devem ser tratados em meio hospitalar em internamento. Deve ser feita lavagem frequente com soro fisiológico. A aplicação tópica de antibióticos que no passado era tida como tão importante parece não ser necessária. O antibiótico de eleição para a terapêutica é o ceftriaxone devido ao surgimento de resistência à penicilina. Os autores referem como tratamento a mesma dose da profilaxia – 50mg/kg em dose única. Os 10 dias de terapêutica preconizados no passado para a oftalmia © 2016 COPEC July 24 - 27, 2016, Salvador, BRAZIL XVI Safety, Health and Environment World Congress 74 gonocócica são agora prescritos apenas para as situações em que existem sinais de doença sistémica [9]. Porém, dependendo da região, a penicilina G cristalina ainda continua sendo o medicamento mais adequado devido não apresentar resistência no local. Portanto, nos locais onde é conhecida a sensibilidade da Neisseria à penicilina esta deve continuar a ser o antibiótico de primeira linha, com dose de 100 000UI/kg/dia [4]. Por outras vezes associar o uso da cefotaxina, devido ser o medicamento de segunda escolha, também produz o tratamento da doença, porém excluindo o patógeno da utilização da penicilina como primeira linha [8][4]. A pressão antibiótica é a relação entre extensão do uso de antibióticos e a seleção das cepas resistentes. O uso continuo de antibióticos tem aumentado a resistência de vários antibióticos a antimicrobianos comuns, como no caso a penicilina, produzindo uma situação de alarme a qual o ponto central é, e quando os novos medicamentos não surtirem mais efeitos devido a utilização precoce e abundante, o que iremos fazer? Esse é o ponto chave de toda a problemática relacionadas ao uso de antibióticos atualmente [5]-[8]. Há ainda evidência limitada que avalie se a redução de prescrição de antibióticos diminui o desenvolvimento de resistência, ou seja, a limitação de consumo só reduz a resistência quando é ampla e suficientemente ampla e se prolonga por tempo suficiente para haver renovação genética microbiana [5]. Antibioticoterapia apropriada na pediatria significa não usar antimicrobianos na ausência de indicação, nem esquema errado ou por grandes períodos de tempos forçar inúmeras tentativas de tratamento às cegas [8]. É necessário definir claramente o impacto global do problema da resistência microbiana na vida da criança e na repercussão social no âmbito da saúde a qual essa resistência pode ocasionar na mortalidade, morbidade e desenvolvimento de moléstias [5]. O USO RACIONAL DOS ANTIBIÓTICOS: UM COMPROMISSO DE TODOS O custo anual das infecções causadas por germes resistentes é de 4-5 milhões de dólares nos Estados Unidos. O impacto econômico da resistência bacteriana afeta diferentemente os diversos seguimentos da sociedade e corroboram para a escassez de medicamentos nas redes públicas de tratamento [5]. A contenção somente será alcançada mediante ao uso racional de antimicrobianos em medicina humana, a busca de novos medicamentos não devem ser o foco principal da atenção cientifica, mas promover o uso racional e equilibrados dos medicamentos que temos atualmente no mercado em anuência com a implementação de medidas de controle hospitalar para as infecções em todos os hospitais da rede nacional [5]-[8]. Essas intervenções devem constituir prioridade nacional fazendo parte das tomadas de decisões das atividades de saúde do país. Crianças de um modo geral são amplamente afetadas pela prática da automedicação, comum e muito presente na sociedade e o uso abusivo e indiscriminado dos antibióticos para diversas doenças [3]. A questão mais preocupante talvez seja o fato do abandono de tratamento em alguns casos e o uso de medicamentos mais específicos ao invés de iniciar o tratamento com o medicamento dito, padrão ouro. O desenvolvimento de resistência e tolerância a esses medicamentos pode acarretar em malefícios irreversíveis [3][8]. Os progressos da neonatologia, nas últimas décadas, proporcionaram a sobrevida de recém-nascidos prematuros de muito baixo peso e recém-nascidos portadores de algumas malformações, consideradas, anteriormente, como incompatíveis com a vida. Para que essa situação continue é necessário ter o cuidado no uso de medicamentos e nos manejos escolhidos para o atendimento desse grupo, pois, paradoxalmente, junto com essa melhora, outros problemas começaram a surgir, entre eles, o aumento das infecções e a dificuldade de adesão ao tratamento, que passaram a ser fatores limitantes para a sobrevida desses recém-nascidos [8]. CONSIDERAÇÕES FINAIS Portanto, a partir dos argumentos supracitados, compreendese que a administração de antibióticos no meio infantil deve ser implementada de maneira sábia e controlada, pois todas as medidas de tratamento na vida dessas crianças repercutirão ao longo de todo o seu desenvolvimento, podendo promover tanto a melhora quando o aumento de agravos a sua saúde. É necessário definir claramente o impacto global do problema da resistência microbiana na vida da criança e na repercussão social no âmbito da saúde a qual essa resistência pode ocasionar na mortalidade, morbidade e desenvolvimento de moléstias. Afinal, a medicina como um ramo da ciência envolve não somente uma dimensão cientificista e biológica, mas também a preocupação de seus impactos no mundo e na promoção da saúde no futuro da população. REFERÊNCIAS [1] [2] [3] [4] [5] Passos AF, “Conjuntivite neonatal com ênfase na sua prevenção”, Ver Bras Oftalmol vol70- Editora Fap-UFES, 2011. 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Wannamacher, L; “Uso indiscriminado de antibióticos e resistência microbiana” SciELO - Editora Fap-Unifesp, 2014 © 2016 COPEC July 24 - 27, 2016, Salvador, BRAZIL XVI Safety, Health and Environment World Congress 75 [6] [7] [8] Pereira MBC, et al; “Farmacologia Clínica: fundamentos da terapêutica racional”, Editora Guanabara Koogan; 2004 Organizacion Panamericana del La Saúde, “Red de vigilância a los antibióticos en las Américas enfrenta su uso excessivo e inapropriado” Revista La America del Farmacologia, vol 30, n3, 2001 Ministério Brasileiro de Saúde, “Pediatria: Prevenção e controle de infecção hospitalar”, Sociedade Brasileira de Pediatria, Vol 1, 2006. © 2016 COPEC July 24 - 27, 2016, Salvador, BRAZIL XVI Safety, Health and Environment World Congress 76