Período Medieval - O Feudalismo

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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa
Catarina
Campus Joinville
Curso: CTI - Mecânica e Eletroeletrônica
Módulo: III
Unidade Curricular: História II
Prof. Anderson dos Santos
AULA 4 – PERÍODO MEDIEVAL – O FEUDALISMO
Alta Idade Média (séc. V – X):
• Formação do feudalismo;
• Decadência do comércio;
• Ruralização econômica;
• Fortalecimento do poder local exercido pelos senhores feudais;
• Ascensão da Igreja e da cultura teocêntrica;
• Europa invadida por povos bárbaros; mais tarde por árabes, vikings, etc...
Baixa Idade Média (séc. X – XV):
• Renascimento comercial e urbano;
• Decadência do feudalismo;
• Decadência do poder local e fortalecimento do poder nacional, representado pelo
rei;
• Efervescência cultural urbana;
• Europa invasora, conquistadora, com as Cruzadas e outras investidas;
FEUDALISMO:
Feudo – a palavra surgiu no século XI, para designar um benefício concedido por
alguém em troca da prestação de serviços militares e administrativos; também podia
designar a concessão de um castelo, de uma fortificação ou o direito de receber
impostos, determinados privilégios e isenções fiscais.
Obs.: os “feudos” possuíam extensões variáveis;
A produção estava circunscrita ao feudo;
Divisão do feudo:
• Manso senhorial ou real: porção de terra em que se encontrava o castelo, as
aldeias, a igreja e construções de exploração do senhor (forno, forja, moinho,
etc);
• Manso servil: terras de uso dos camponeses; cada família possuía um lote
(tenência ou manso);
• Manso comunal ou coletivo: pastos e bosques, utilizados pelo senhor e pelos
servos, principalmente para a prática da caça.
Definição - sistema formado por um conjunto de relações sociais, formas de
organização política e econômica que nasceram, desenvolveram-se e desintegraram-se
num espaço geográfico bem definido (Europa Ocidental), e num tempo não tão preciso
(entre os séculos X e XV).
Características gerais:
• Sociedades hierarquizadas;
• Regime de servidão;
• Economia rural e agrária;
• Descentralização política;
• Mentalidade religiosa;
O CLERO (oratores):
Secular – papa, cardeais, arcebispos, bispos e párocos;
Regular – monges;
Obs.: Clérigo era todo aquele que havia ingressado em uma das corporações da Igreja.
Sua função era orar.
Privilégios do Clero:
• julgados por tribunais da Igreja;
• Não pagavam impostos;
• Não tinham que cumprir serviço militar;
• Usufruto dos benefícios eclesiásticos;
Obrigações do clero:
• Celibato;
• Proibidos de usura;
• Votos de pobreza (proibidos de ter bens);
LEMBRETE: mas os benefícios e deveres variavam de acordo com a origem e a
função na hierarquia eclesiástica.
A NOBREZA (bellatores):
Todo aquele que possuía títulos de nobreza era considerado um “nobre”; Sua função era
guerrear.
“nobreza de sangue” – todo aquele que herdava os títulos de nobreza por ter nascido
em uma família nobre;
“nobreza de Toga” – aquele que adquiria o título através de serviços prestados ao rei
(burgueses ricos e com formação superior);
Alta nobreza – Ricos senhores feudais, proprietários de grandes extensões de terras,
que arrecadavam impostos na região onde viviam, eram influentes politicamente e com
plenos poderes sobre seus dependentes;
Baixa nobreza – nobres sem terras (normalmente filhos mais novos que ficavam sem
herança), que se tornavam guerreiros, prestando serviços militares a um nobre mais
poderoso, em troca de moradia e sustento.
LEMBRETE: relações de vassalagem e suserania.
Cerimônia de vassalagem e suserania:
1ª fase – o vassalo ajoelhado pronunciava o juramento, prestando uma homenagem
junto a objetos sagrados (Bíblia);
2ª fase – o suserano entregava, simbolicamente, um punhado de terra ou galho de
árvore, simbolizando o “feudo”;
3ª fase - para finalizar, suserano e vassalo beijam-se na boca e trocam gestos litúrgicos.
O homem ideal: o cavaleiro
Surgimento da ordem da “cavalaria” – ano 1000;
Guerreiro – homem a cavalo;
Características do cavaleiro:
• forte;
• Destemido;
• Hábil com as armas (espada, escudo, lança, arco e flecha, faca, etc);
• Fiel ao seu senhor e à Igreja;
• Defensor dos fracos, dos pobres e das donzelas desprotegidas;
LEMBRETE: alguns servos podiam tornar-se cavaleiros, porém, a partir do século XII
o critério “nobreza” passou a ser fundamental para chegar a tal posto.
OS CAMPONESES (laboratores):
Todos aqueles que formavam a camada produtiva do feudalismo; sua função era
trabalhar.
Servos – Não possuíam quaisquer privilégios. Pagavam diversos tipos de impostos à
nobreza e ao clero, trabalhavam no pesado cotidianamente e eram impossibilitados de se
desligar do feudo, isto é, não podiam ir e vir;
Vilões – pagavam impostos mais leves que os servos e podiam ir e vir, isto é, usufruíam
de uma maior liberdade que os servos, mas também trabalhavam muito e estavam
sujeitos à autoridade do senhor.
Deveres e obrigações dos camponeses:
Corvéia – trabalhar diversos dias da semana no “manso senhorial” em troca de um
pequeno pedaço de terra;
Talha – entregar ao senhor parte de tudo o que produziam;
Banalidades – pagavam taxas para atravessar pontes, usar fornos e moinhos e até
mesmo animais e ferramentas;
Formariage – pagavam taxas para poderem casar;
Tostão de Pedro ou Dízimas – pagavam impostos à Igreja (normalmente a décima
parte do que produziam), que podiam ser em moedas ou em espécie;
Albergagem – Fornecer alojamento e alimentação ao senhor e a sua comitiva quando
viajavam;
Mão-morta – pagavam para suceder ao pai na posse do manso quando este morria.
ECONOMIA FEUDAL:
Agricultura – base de sustentação do feudalismo;
Feudos auto-suficientes (produziam quase tudo o que necessitavam);
Artesanato – boa parte era feita no próprio feudo, mas havia artesãos itinerantes que
completavam as benfeitorias;
Comércio – poucas moedas cunhadas, mas o comércio era feito na base da troca de
mercadorias
LEMBRETE: eram famosas as periódicas feiras medievais, nas quais os camponeses
trocavam seus excedentes; havia também o comércio de artigos de luxo do Oriente.
Outras características do período medieval:
• Baixa produtividade – terras mal trabalhadas (uso intensivo); instrumentos e
técnicas agrícolas impróprias;
• Pequena expectativa de vida;
• Fome, indigência e doenças (tuberculose, lepra, úlceras, tumores, eczemas e
pestes variadas);
• Pouca diversidade alimentar;
REPRESENTAÇÕES DO APOCALIPSE:
• Influência do cristianismo;
• Doenças, fome, miséria e grande quantidade de mortes;
• Crença no fim do mundo:
Visão pessimista – livro “Apocalipse” (difundido entre os letrados);
Visão otimista – crença no surgimento de uma nova “Era” (construção do paraíso
terrestre);
Do apocalipse ao messianismo:
• Crença nos profetas e messias – redentores da humanidade predestinados por
Deus a guiar os homens rumo à salvação, pela remissão de seus pecados
(influência do cristianismo);
Força e poder da Igreja:
• Única instituição a sobreviver às investidas de germânicos, muçulmanos, vikings
e húngaros, que enterraram o Império;
Características do poder eclesiástico:
• Não possuía concorrentes à altura (poder fragmentado);
• Riqueza - grande propriedade de terras, doações, venda de cargos eclesiásticos,
cobrança de dízimos e transferência de bens dos membros que morriam;
• Presença marcante em vários setores do dia-a-dia;
• Prestação de serviços à comunidade (estímulo à prática da caridade, construção
de hospedarias e hospitais e assistência aos mendigos e doentes;
• Ausência do Estado;
Ocupação das funções estatais pela Igreja:
• Controle dos tempos do trabalho (sinos), da paz e histórico (noção linear –
nascimento de Cristo ao juízo final);
• Controle do saber – conservação do conhecimento (greco-romano – através dos
copistas), monopólio do ensino (escolas monásticas e universidades).
Instrumentos de intervenção:
• Paz de Deus – regulamentação das condições de guerra;
• Trégua de Deus – Interdição da guerra em determinados dias do ano;
• Inquisição – a partir de 1183, julgamento de indivíduos acusados de heresias;
LEMBRETE: hereges eram aqueles que elaboravam, divulgavam ou criam em
doutrinas ou idéias contrárias aos princípios de fé defendidos pelos dogmas da Igreja.
HERESIAS:
Catáros – no sul da França foram chamados de albigenses (região de Albi) – divergiam
da Igreja por acreditarem na existência de dois mundos separados: um baseado nas
forças do bem e outro, nas do mal; questionavam o apego às coisas materiais praticado
pelo clero.
Valdenses – seguidores do rico comerciante Pedro Valdo que doou todas as suas
riquezas adquiridas por meio da usura e passou a viver de esmolas, pregando votos de
pobreza.
Os perseguidos pelo Santo Ofício:
Obs.: Perseguição aos hereges e a todos os que ameaçavam as “verdades” e os dogmas
da Igreja – judeus, mulheres, homossexuais, acusados de feitiçaria, artistas e
pensadores.
Modos:
Interrogatórios;
Confiscos;
Torturas;
Fogueiras;
LEMBRETE: O Santo Ofício era também chamado de Tribunal da Inquisição.
ORIGEM DA INTOLERÂNCIA AOS JUDEUS:
Visão dual da Igreja Romana – 1- filhos a quem Deus confiara suas verdades
(Abraão, Moisés, etc...); 2 - assassinos de Deus (crucificaram Jesus);
Período medieval – repressão ao comércio e ao lucro praticados pelos judeus (eram
assossiados à agiotagem e à exploração);
Obs.: aos judeus eram vetadas as chances de possuírem terras, de praticarem o
artesanato e de assumirem outras profissões;
AS MULHERES:
Perseguições por medo e pavor por parte dos clérigos;
Responsáveis pela decadência da humanidade (Eva);
Castigos divinos: dores do parto, menstruação (sinais de impureza e imperfeição);
Questão do celibato:
Econômica (sem família o clérigo deixava seus bens à Igreja);
Temor à mulher (pecados da carne, desvio da conduta dos monges e ruína dos
homens).
O declínio do feudalismo:
• Condições favoráveis na Europa a partir do século XI;
• Crescimento populacional:
• 46 milhões (1050);
• 73 milhões (1300);
• Mudanças no século XIV: terras inférteis; exigência de altos investimentos para
a produção;
• Problemas climáticos;
• Guerras (Guerra dos Cem Anos)
• Fome;
• Peste Negra (1348-1350);
Para ler:
• DEL ROIO, José Luiz. Igreja Medieval: a cristandade latina. São Paulo: Ática,
1997.
• FALBEL, Nachman. Heresias Medievais. São Paulo: Perspectiva, 1977.
• GINSZBURG, Carlo. O Queijo e os Vermes: o cotidiano e as idéias de um
moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: cia. Das Letras, 1987.
• INÁCIO, Inês; LUCA, Tania de. O Pensamento Medieval. São Paulo: Ática,
1991.
• MACEDO, José Rivair. Movimentos Populares na Idade Média. São Paulo:
Moderna, 1993.
• RIBEIRO, Daniel Valle. A Cristandade do Ocidente Medieval. São Paulo:
Atual, 1998.
• SALINAS, Samuel Sergio. Do Feudalismo ao Capitalismo – transições. São
Paulo: Atual, 1994.
Para assistir:
• Cruzada, EUA/Marrocos, 2005. Direção de Ridley Scott. 145 min.
• El Cid, EUA, 1961. Direção de Anthony Mann. 184 min.
• Em Nome de Deus, Inglaterra/Iugoslávia, 1988. Direção de Clive Donner. 115
min.
• Francesco, Itália, 1989. Direção de Liliana Cavani. 105 min.
• O Incrível Exército de Brancaleone, Itália, 1965. Direção de Marco Monicelli.
90 min.
• O Nome da Rosa, França/Alemanha, 1986. Direção de Jean-Jacques Annaud.
130 min.
• O Sétimo Selo, Suécia, 1957. Direção de Ingmar Bergman. 96 min.
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