Arq Bras Cardiol volume 74, (nº 6), 2000 Moraes cols. Artigo Origein al Mortalidade por doença isquêmica do coração em Goiânia entre 1980 e 1994 Tendência da Mortalidade por Doença Isquêmica do Coração no Município de Goiânia-Brasil na Série Histórica entre 1980 e 1994 Suzana Alves de Moraes, Márcia Helena Vieira de Rezende, Isabel Cristina Martins de Freitas Ribeirão Preto, SP Objetivo - Analisar a tendência dos coeficientes específicos e padronizados de mortalidade pela doença isquêmica do coração, segundo sexo e faixa etária, na série histórica entre 1980 e 1994 no município de Goiânia-Brasil. Métodos - Os óbitos, retirados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde e os dados populacionais corresponderam aos dados censitários obtidos na Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A tendência dos coeficientes específicos foi analisada segundo triênios da série histórica, considerando-se ambos os sexos e 6 faixas etárias agrupadas em intervalos de 10 anos, a partir dos 25 anos de idade. Foram calculados os coeficientes padronizados por idade, utilizando-se como população padrão a do ano de 1980. A análise de tendência foi conduzida através de regressão linear simples. Resultados - Em cada triênio da série, a magnitude dos coeficientes foi maior no sexo masculino, aumentando com o avançar da idade, em ambos os sexos. O estudo de tendência dos coeficientes específicos por idade revelou um padrão estável de evolução em ambos os sexos até a faixa etária de 6574 anos (p>0,05). A partir dos 75 anos, para ambos os sexos houve um claro declínio da mortalidade por doença isquêmica do coração. Os coeficientes padronizados também apresentaram declínio significante (p≤0,05). Conclusão – O município de Goiânia encontra-se em um estágio da transição epidemiológica semelhante ao de países desenvolvidos, embora o declínio observado tenha sido influenciado principalmente pela mortalidade de indivíduos com idade mais avançada (75 anos e mais). Palavras-chave: mortalidade, isquemia miocárdica, estudos de tendência Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP Correspondência: Suzana Alves de Moraes - Av. Santa Luzia 440/81 - 14025-090 - Ribeirão Preto, SP Recebido para publicação em 28/7/99 Aceito em 20/10/99 A partir da segunda metade do século XX, na maioria dos países desenvolvidos e também naqueles em desenvolvimento, a doença isquêmica do coração vem se destacando como uma das principais causas de morte, com taxas de mortalidade de elevada magnitude. Entretanto, apesar da magnitude, nos últimos 40 anos a tendência destas taxas tem declinado em países como Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão, Reino Unido e outros da Europa Ocidental, após um período praticamente estacionário 1. No Brasil, a tendência de declínio da mortalidade por doença isquêmica do coração foi reconhecida inicialmente no município e Estado de São Paulo no final dos anos 70 2-4 e, posteriormente, entre 1979 e 1989 em algumas capitais metropolitanas brasileiras como Salvador, Belém, Belo Horizonte e Curitiba 4,5. Levando-se em consideração as diferenças regionais brasileiras, pode-se intuir que nem todas estas regiões estejam atravessando o 40 estágio da transição epidemiológica, caracterizado, segundo Onram 6, por tais tendências de declínio das doenças cardiovasculares. Dentro desta perspectiva, este estudo teve por objetivo investigar a tendência da mortalidade por doença isquêmica do coração na série histórica compreendida entre 1980 e 1994 para o município de Goiânia, capital metropolitana situada na região Centro Oeste do Brasil, com o propósito de identificar as características transicionais deste município. Métodos O estudo caracteriza-se como um desenho ecológico do tipo série histórica 7. As informações sobre os óbitos em residentes no município de Goiânia foram retiradas do CD-ROM-1996: Sistema de Informação sobre Mortalidade(SIM) 8, distribuído pelo DATASUS-CENEPI-FNS do Ministério da Saúde. Os dados que nesta versão ainda não eram definitivos (93 e 94) foram atualizados diretamente pelo DATASUS-CENEPI 9. Os óbi- Arq Bras Cardiol, volume 74 (nº 6), 493-497, 2000 493 Moraes e cols. Mortalidade por doença isquêmica do coração em Goiânia entre 1980 e 1994 tos de interesse foram aqueles cuja causa básica estava classificada entre os códigos 410 e 414.9 da classificação internacional de doenças-CID-IX Revisão 10. Os dados populacionais para o período do estudo foram coletados junto à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (FIBGE) 11,12 Seção Goiás, em Goiânia, onde as estimativas populacionais para os anos intercensitários do período foram calculadas por interpolação segundo o método de Arriaga, utilizando-se o Programa Populacion Analysis with Spreadsheet (PAS) 13. Foram definidos estratos etários entre 25 anos e 75 anos e mais, agrupados em intervalos de 10 anos segundo a classificação etária proposta pela FIBGE 11,12. Foram calculados os coeficientes específicos de mortalidade por sexo e faixa etária, para cada triênio da série histórica estudada. Para cada triênio foram também calculados os coeficientes gerais padronizados por idade e sexo, utilizando-se como padrão a estrutura etária da população para o ano censitário de 1980 14. Os bancos de dados com as informações sobre os óbitos por causa básica, no período entre 1980 e 1994, para residentes no município de Goiânia, foram extraídos do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) 8. Para o tratamento das informações foi utilizado o software FOXPRO-vs. 2.6 15, através do desenvolvimento de rotinas para a recodificação e criação de variáveis novas de interesse para o estudo. As variáveis consideradas foram: sexo, faixa etária, ano do óbito e óbitos por doença isquêmica do coração. Para o cálculo dos coeficientes específicos e padronizados foram desenvolvidas planilhas eletrônicas através do software EXCEL vs. 7.0 16. Arq Bras Cardiol volume 74, (nº 6), 2000 A classificação dos óbitos por doença isquêmica do coração segundo sexo e faixa etária no período estudado foi efetuada no software Epiinfo versão 6.04c 17. Estas informações alimentaram as planilhas eletrônicas desenvolvidas no software EXCEL VS. 7.0 16 através das quais foram calculados os coeficientes específicos e padronizados. Para análise das tendências, utilizou-se a regressão linear simples e os testes de hipóteses foram conduzidos com nível de significância α=0,05. As análises de tendências dos coeficientes foram processadas no programa SPSS for Windows, vs. 7.0 18. Resultados Neste estudo, optou-se analisar os indicadores de mortalidade por doença isquêmica do coração, a partir de 25 anos de idade, após constatação, prévia, no banco de dados, da inexistência de óbitos por esta causa em faixas etárias mais jovens. Com o propósito de minimizar possíveis vieses relacionados à edição da Classificação Internacional de Doenças, optou-se trabalhar em uma série histórica ao longo da qual esteve em vigência apenas a IX Revisão 10. Na tabela I encontram-se, para cada triênio, os coeficientes específicos de mortalidade por doença isquêmica do coração segundo sexo e faixa etária e os coeficientes gerais padronizados segundo sexo. Nas figuras de 1 a 6 estão apresentadas as tendências dos coeficientes específicos de mortalidade na série histórica entre 1980 e 1994, em cada uma das faixas etárias estudadas, segundo sexo. Na figura 7 encontra-se a tendência dos coeficientes padronizados por idade e sexo. Tabela I - Coeficientes específicos e padronizados de mortalidade por DIC/100.000 pessoas/ano, no municípiode Goiânia em cada triênio da série histórica (1980-1994). Coeficientes específicos/100.000 pessoas/ano Idade Sexo 80 a 82 83 a 85 86 a 88 89 a 91 92 a 94 25 – 34 M F T 1,7863 1,1055 1,4332 8,0432 1,9587 4,8629 5,3454 1,7459 3,4491 4,4999 2,3777 3,3715 3,3153 0,7224 1,9299 35 – 44 M F T 16,9324 6,3291 11,5257 25,7599 10,9420 18,1240 15,4788 4,7450 9,8872 21,3227 8,3596 14,4860 22,5916 7,3146 14,4605 45 – 54 M F T 70,6745 25,4626 47,6160 89,3444 36,2550 62,1401 77,8045 18,8769 47,4598 73,2246 26,0589 48,7959 82,0614 32,7840 56,3664 55 – 64 M F T 207,1070 104,5466 152,9052 228,8493 77,8718 148,6648 224,0791 82,3904 148,4825 236,3268 88,9061 157,1467 196,3917 92,6441 140,5044 65 – 74 M F T 495,7240 350,3220 418,4210 432,9630 242,7680 330,4500 445,2440 241,4690 333,8570 423,9100 205,0330 302,2300 448,5390 196,3950 306,8640 75 e + M F T 1562,2257 1423,3066 1481,6453 1296,6878 1137,4116 1204,4618 1288,5724 812,4016 1013,8690 909,8428 623,5597 745,0751 935,7784 727,6565 815,8956 Coeficientes Padronizados M F T 80,7653 59,1727 69,5884 84,1965 49,5045 66,0957 78,4278 39,4118 57,9665 73,6156 37,1796 54,2854 72,8016 39,1610 54,7539 494 SEXO Total: beta=0,0498 p=0,926 Masc: beta=0,0485 p=0,958 coeficiente/100.000 Moraes e cols. Mortalidade por doença isquêmica do coração em Goiânia entre 1980 e 1994 coeficiente/100.000 Arq Bras Cardiol volume 74, (nº 6), 2000 SEXO Total: beta= -1,632 p=0,484 Masc: beta= -1,395 p=0,829 Fem: beta= -0,0347 p=0,895 Fem: beta= -1,277 p=0,751 TRIÊNIO TRIÊNIO TRIÊNIO: 1=80-82; 2=83-85; 3=86-88; 4=89-91; 5=92-94 TRIÊNIO: 1=80-82; 2=83-85; 3=86-88; 4=89-91; 5=92-94 SEXO Total: beta=0,223 p=0,858 Masc: beta=0,688 p=0,674 Fig.4 - Tendência dos coeficientes específicos segundo o sexo. Faixa etária 55-64 anos em 5 Triênios. coeficiente/100.000 coeficiente/100.000 Fig.1 - Tendência dos coeficientes específicos segundo o sexo. Faixa etária 25-34 anos em 5 Triênios. SEXO Total: beta= -25,133 p=0,070 Masc: beta= -10,342 p=0,296 Fem: beta= -0,0611 p=0,947 Fem: beta= -34,559 p=0,043 TRIÊNIO TRIÊNIO TRIÊNIO: 1=80-82; 2=83-85; 3=86-88; 4=89-91; 5=92-94 TRIÊNIO: 1=80-82; 2=83-85; 3=86-88; 4=89-91; 5=92-94 SEXO Total: beta=0,416 p=0,872 Masc: beta=0,665 p=0,820 Fig.5 - Tendência dos coeficientes específicos segundo o sexo. Faixa etária 65-74 anos em 5 Triênios. coeficiente/100.000 coeficiente/100.000 Fig.2 - Tendência dos coeficientes específicos segundo o sexo. Faixa etária 35-44 anos em 5 Triênios. SEXO Total: beta= -179,089 p=0,015 Masc: beta= -163,974 p=0,016 Fem: beta=0,445 p=0,868 TRIÊNIO TRIÊNIO: 1=80-82; 2=83-85; 3=86-88; 4=89-91; 5=92-94 Fem: beta= -190,515 p=0,030 TRIÊNIO TRIÊNIO: 1=80-82; 2=83-85; 3=86-88; 4=89-91; 5=92-94 Fig.3 - Tendência dos coeficientes específicos segundo o sexo. Faixa etária 45-54 anos em 5 Triênios. Fig.6 - Tendência dos coeficientes específicos segundo o sexo. Faixa etária 75 anos e (+) em 5 Triênios. Discussão sexo masculino, sendo estes achados corroborados por diversos autores 2-5. A tendência dos coeficientes específicos ao longo da série histórica estudada (figs. 1 a 6) ilustra uma situação específica da transição epidemiológica para o município de Goiânia, segundo a qual foi possível identificar um declínio significante desses coeficientes, em ambos os sexos, ape- Os resultados apresentados na tabela I permitiram identificar que em cada triênio a magnitude dos coeficientes foi maior para o sexo masculino, aumentando com o avançar da idade em ambos os sexos. A partir dos 65 anos, a magnitude dos coeficientes no sexo feminino tendeu a se aproximar à do 495 SEXO Total: beta= -4,148 p=0,015 Masc: beta=-2,651 p=0,054 Fem: beta=-5,235 p=0,044 TRIÊNIO TRIÊNIO: 1=80-82; 2=83-85; 3=86-88; 4=89-91; 5=92-94 Fig.7 - Tendência dos coeficientes padronizados segundo o sexo em 5 Triênios. nas a partir dos 75 anos e mais (p<0,05). Nota-se que nas faixas etárias abaixo de 75 anos a tendência desses coeficientes se mantiveram estáveis no período, verificando-se para a faixa etária entre 65-74 anos um declínio significante apenas para o sexo feminino (p<0,05). Ao se analisar a tendência dos coeficientes padronizados (fig. 7) observou-se declínio significante dos coeficientes no período para ambos os sexos (p<0,05). Lolio e cols. 3, estudando a tendência da mortalidade por doença isquêmica do coração no município de São Paulo no período entre 1970 e 1983, detectou um declínio significante para os coeficientes específicos a partir dos 50 anos em ambos os sexos. Com relação à tendência dos coeficientes padronizados, os achados do presente estudo estão de acordo com os de Lolio 5 para os municípios de São Paulo, Belém e Belo Horizonte no período entre 1979 e 1989. Resultados semelhantes foram também relatados por alguns autores: Sá e cols. 19 para Portugal na década de 80; Osler e cols. 20 para a Dinamarca no período de 1982 a 1992; Salomaa e cols. 21 para a Finlandia entre 1983 e 1988 e Beaglehole e cols. 22 para a Nova Zelândia entre 1983 e 1993. Diversos autores têm reconhecido a contribuição da assistência médica, bem como das medidas de prevenção primária para estas doenças, como variáveis explicativas para o declínio observado de sua mortalidade 23,24. Goldman e Cook 24 detectaram que 60% do declínio da mortalidade por doença isquêmica do coração observado para os Estados Unidos entre 1968 e 1976 esteve relacionado com mudanças no estilo de vida, principalmente na redução nos níveis de colesterol sérico e no controle do tabagismo, enquanto 40% foi decorrente de intervenções médicas específicas sobre estas doenças. Dentre os diversos estudos já realizados no Brasil, ainda não se conhece com precisão a participação dos fatores envolvidos na determinação do declínio da mortalidade por doença isquêmica do coração. A ausência de estudos em séries históricas para os fatores de risco ou de proteção ou para a incidência desta doença, assim como de estudos analíticos que possam testar sua associação entre e a mortalidade, limitam as explicações desejadas para o declínio observado. 496 Arq Bras Cardiol volume 74, (nº 6), 2000 No entanto, pode-se considerar, para o município de Goiânia, que a melhoria na qualidade da assistência médica de nível mais complexo (unidades coronarianas, angioplastias e revascularização miocárdica) pode ter contribuído para uma diminuição da letalidade 4 em indivíduos com maior risco de complicações fatais (faixas etárias mais avançadas), talvez, uma explicação melhor para o declínio observado do que a diminuição desejável dos fatores de risco para estas doenças. Por ser a doença isquêmica do coração um conjunto de enfermidades de longa latência, possíveis programas de intervenção sobre os fatores de risco não parecem ter ainda exercido influência na incidência e mortalidade em extratos mais jovens desta população. No que pesem as recomendações para a padronização destes coeficientes para o estudo de tendência da mortalidade no período, nos extremos do qual pôde-se observar modificações das respectivas pirâmides etárias, considerase oportuno destacar que o significante declínio destes coeficientes padronizados foi principalmente decorrente da contribuição dos estratos mais velhos desta população, o que ficou claramente evidenciado pela evolução dos coeficientes específicos (figs. 1 a 6). Uma questão importante e relacionada com a qualidade da informação ao se procederem estudos de mortalidade em séries históricas é o percentual de causas mal definidas, classificadas no capítulo XVI da CID-IX Revisão 10. Lolio 25 recomenda que em tais situações, o percentual de causas mal definidas não deveria ultrapassar 10%. Sabendo-se que a região Centro-Oeste tem registrado percentuais acima de 10% para este grupo de causas, optou-se por realizar um estudo de tendência da mortalidade proporcional por causas mal definidas em maiores de 25 anos em Goiânia, ao longo da série histórica compreendida entre 1980 e 1994 26. A figura 8 aponta os resultados desta tendência: a média de valores expressa pela reta ajustada oscilou entre 16% e 10% respectivamente para o início e final do período estudado. Constata-se um declínio significante para este grupo de causas no período (p<0,05). Estes achados depõem a favor de um real declínio da mortalidade por doença isquêmica do coração no município conforme apresentado na figura 7 (coeficientes padronizados), porquanto parecem indicar que a queda nos percentuais de causas mal defini- % de Causas Mal Definidas coeficiente/100.000 Moraes e cols. Mortalidade por doença isquêmica do coração em Goiânia entre 1980 e 1994 beta= -0,451 p=0,005 ANO Fig.8 - Mortalidade proporcional por causas mal definidas adultos com 25 anos e mais, Goiânia 1980-1994. Arq Bras Cardiol volume 74, (nº 6), 2000 Moraes e cols. Mortalidade por doença isquêmica do coração em Goiânia entre 1980 e 1994 das no período estudado deve ter ocorrido em virtude de notificação de óbitos por outras causas que não a doença isquêmica do coração. Considera-se oportuno ressaltar também que a distribuição dos percentuais por causas mal definidas não esteve concentrado em faixas etárias específicas ao longo da série histórica estudada, o que parece validar os resultados relacionados ao padrão de evolução da mortalidade por doença isquêmica do coração em grupos etários específicos (figs. 1 a 6). Os estudos descritivos de mortalidade são reconhecidos como importantes fontes geradoras para o planejamento e avaliação das ações de saúde em todos os níveis de assistência. Sabe-se que os mesmos geram hipóteses explicativas sobre os determinantes causais ligados aos agravos, fundamentando delineamentos analíticos para o desenvolvimento de intervenções na saúde individual e coletiva. A exemplo, Laurenti (2ª. Reunião Nacional do Sub-Sistema de Informação sobre Mortalidade - Brasília, 1987) cita que o uso das estatísticas de mortalidade possibilitou o conhecimento da tendência de declínio dos coefi- cientes de mortalidade por doença isquêmica do coração, após um período em ascensão nos países industrializados, gerando, por conseguinte, a necessidade de se avaliar o efeito das ações de intervenção sobre os fatores de risco para estes agravos. Apesar de algumas limitações relacionadas às estatísticas de mortalidade por causa básica, a tendência observada para o município de Goiânia, no período compreendido entre 1980 e 1994, parece indicar um padrão de transição epidemiológica semelhante à de regiões desenvolvidas (40 período da transição epidemiológica 6) embora o declínio da mortalidade por este grupo de causas esteja ocorrendo predominantemente em indivíduos mais velhos (75 anos e mais). Espera-se, pois, que os resultados apontados por este estudo possam estimular o desenvolvimento da pesquisa epidemiológica neste município em direção a delineamentos analíticos que permitam testar hipóteses explicativas relacionadas aos determinantes específicos da transição no local e que subsidiem a implementação de programas de prevenção e controle destes agravos na população. Referências 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. Beaglehole R. International trends in coronary heart disease mortality, morbidity, and risk factors. Epidemiologic Reviews 1990; 12: 1-15. Lólio CA, Laurenti R. Mortalidade por doença isquêmica do coração no Município de São Paulo. Evolução de 1950 a 1981 e mudanças recentes na tendência. Arq Bras Cardiol 1986; 46: 153-6. Lólio CA, Souza JMP, Laurenti R. Decline in cardiovascular disease mortality in the city of São Paulo, Brasil, 1970 to 1983. Rev Saúde Pública 1986; 20: 454-64. Lotufo PA, Lolio CA. Tendência da mortalidade por doença isquêmica do coração no Estado de São Paulo: 1970-1989. Arq Brasil Cardiol 1993; 61: 149-53. Lólio CA de, Lotufo PA, Lira AC, Zaneta DMT, Massad E. Tendência da mortalidade por doença isquêmica do coração nas capitais de regiões metropolitanas do Brasil, 1979 - 1989. Arq Brasil Cardiol 1995; 64:195-9. Omram AR. The Epidemiologic Transition in the Americas. Washington, PAHOThe University of Maryland at College Park, 1996. Hennekens CH, Buring JE. Epidemiology. In: Medicine. Boston: Little Brown and Co, 1987. Brasil, Ministério da Saúde. DATASUS - CENEPI. Sistema de informação sobre mortalidade - CD-ROM. Brasília, maio, 1996. Brasil, Ministério da Saúde. Mortalidade Brasil, 1995, Brasília, Coordenação de Comunicação, Educação e Documentação, 1996: 553p. Organização Mundial da Saúde. Manual de Classificação Estatística Internacional de Doenças, Lesões e Causas de Óbitos, 9ª Revisão, 1975. São Paulo, Centro da OMS para Classificação de Doenças em Português/Ministério da Saúde/Universidade de São Paulo/Organização Pan Americana da Saúde, 1985, vol.1. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico: Goiás. Rio de Janeiro, 1994. (10º Recenseamento Geral do Brasil, 1991). Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico: Goiás. Rio de Janeiro, 1982. (9º Recenseamento Geral do Brasil, 1980). Arriaga EE. Population Analysis with Microcomputers. New York: New York University Press. Vol I e II. November, 1993. 14. Laurenti R, Mello Jorge MHP, Lebrão ML, Gotlieb SLD. Estatísticas de Saúde. São Paulo, EPU/EDUSP, 1985. 15. Fox Holdings Inc. Foxpro vs.2.6.C/S. [software] Pat.Pend. American Edition, 1991. 16. Microsoft Corporation. Microsoft Excel. 1995 para Windows 95. Excel vs. 7.0 Copyright 1985-1995. 17. Dean J, et al. Epiinfo – computer programs for Epidemiology. Atlanta, Division of Surveillance and Epidemiology Studies, Epidemiology Programs Office, Center for Disease Control, 1997. 18. SPSS-Statistical Package in Social Science: Release 7.0. CopyrightÓ SPSS Inc., 1996. 19. Sá PD, Dias JA, Miguel JMP. Evolução da mortalidade por doença isquêmica cardíaca e doenças cerebro-vasculares em Portugal, na década de 80. Acta Medica Portuguesa 1994; 7: 71-81. 20. Osler M, Sorensen TIA, Sorensen S, et al. Trends in mortality incidence and casefatality of ischaemic heart disease in Denmark, 1982-1992. Int J Epidemiol 1996; 25: 1154-9. 21. Salomaa V, Arstila M, Kaarsalo E, Ketonen M, Kuulasmaa K. Trends in the incidence and mortality from coronary heart disease in Finland, 1983-1988. Am J Epidemiol 1992; 136: 1303-14. 22. Beaglehole R, Stuwart AW, Jackson R, et al. Decline rates of coronary heart disease in New Zealand-Australia, 1983-1993. Am J Epidemiol 1997; 145: 707-13. 23. Havlik RJ, Feinleib M. Proceedings of the Conference on the Decline in Coronary Heart Disease Mortality Bethesda. National Institute of Health, 1979 (NIH publ 79-1610). 24. Goldman L, Cook EF. The decline in heart disease mortality rates in analysis of the comparative effects of medical intervention and changes in lifestyle. Ann Intern Med 1984; 101: 825-36. 25. Lólio CA. Mortalidade por doenças do aparelho circulatório em capitais de regiões metropolitanas do Brasil, 1979-1989. (Tese Livre Docência), Universidade de São Paulo - São Paulo, 1994. 26. Brasil, Ministério da Saúde. Datasus-CENEPI. Sistema de Informação sobre Mortalidade-CD-ROM. Brasília, julho, 1997. 497