FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS PARA EDUCADORES por

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1
FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS PARA
EDUCADORES
por
MYRIAM SAMPAIO NETTO
Psicopedagogia
Rio de Janeiro
2004
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS PARA
EDUCADORES
OBJETIVOS:
Capacitar o Educador, dando-lhe um embasamento sobre termos
essenciais da ciência que estuda o comportamento humano
e os processos mentais. Objetivando-se classificar os mais
variados conceitos, métodos e técnicas da Psicologia e
Psicanálise em geral, enfatizando os traços de personalidade,
emoção, mente, transtornos da mente, o meio ambiente e
especificamente na área de aprendizagem, projetando suas
dificuldades.
3
AGRADECIMENTOS
A
Todos os professores, corpo docente do Projeto “A Vez do
Mestre”, ao professor Marco Antonio Larosa pela revisão
dos textos. Aos colegas e pessoas que, direta ou
indiretamente, contribuíram para a elaboração desse
trabalho.
4
DEDICATÓRIA
À
Deus em primeiro lugar, pela realização desse trabalho e
também aos meus pais, Umberto e Theresa pela ajuda e
incentivo que sempre me deram.
Myriam Sampaio Netto
5
SUMÁRIO:
♦ Introdução ....................................................................................... .....
8
♦ Capítulo I
♦ 1 – Psicologia .....................................................................................
11
♦ 1.1 – Antecedentes da Psicologia .......................................................
11
♦ 1.2 – O surgimento da Psicanálise .....................................................
15
♦ 1.3 – Objetivo da Psicologia ...............................................................
16
♦ 1.4 – Academias de Psicologia ............................................................
17
♦ 1.4.1 – Estruturalismo ...........................................................................
18
♦ 1.4.2 – Funcionalismo ..........................................................................
18
♦ 1.4.3 – A Psicologia da Gestalt ............................................................
19
♦ 1.4.4 –A Psicanálise e a continuidade da Psicanálise freudiana ...........
19
♦ 1.4.5. – Comportamental/Behaviorismo................................................
21
♦ 1.4.6 – A Psicologia Humanista .........................................................
23
♦ 1.5 – A Psicologia e seus métodos ...................................................
24
♦ 1.5.1 – Método Introspectivo ................................................................
25
♦ 1.5.2 – Método Extrospectivo ..............................................................
25
♦ 1.5.3 – Método Clínico .........................................................................
25
♦ 1.5.4 – Método de Pesquisa de Campo .................................................
25
♦ 1.5.5 – Método Científico .....................................................................
26
♦ 1.6 – Áreas de atuação da Psicologia ....................................................
27
♦ 1.6.1 – Psicologia do Anormal .............................................................
27
♦ 1.6.2 – Psicologia Clínica .....................................................................
28
♦ 1.6.3 – Psicologia do Aconselhamento .................................................
28
♦ 1.6.4 – Psicologia Educacional .............................................................
28
6
♦ 1.6.5 – Psicologia Escolar .................................................................
29
♦ 1.6.6 – Psicologia Industrial ..............................................................
29
♦ 1.6.7 – Psicologia da Religião ...........................................................
30
♦ 1.6.8 – Psicologia Pastoral ................................................................. 30
♦ 1.6.9 – Psicologia Jurídica .................................................................. 30
♦ Capítulo II
♦ 2 – Personalidade e Inteligência ....................................................
32
♦ 2.1 – Mente ........................................................................................
40
♦ 2.2 – Emoção .....................................................................................
46
♦ 2.3 – Transtornos da Mente ...............................................................
52
♦ 2.4 - Aprendizagem ..........................................................................
66
♦ Capítulo III
♦ 3 – A Psicologia na Educação ........................................................ 71
♦ 3.1 – A Psicologia da Aprendizagem ................................................ 72
♦ 3.2 – A Psicologia do Desenvolvimento ........................................... 75
♦ 3.3 – A Psicanálise e Educação ......................................................... 79
♦ 3.3.1 – Jung e a Educação ................................................................. 83
♦ Capítulo IV
♦ 4 – Dificuldades de Aprendizagem e Fracasso Escolar ...................... 86
♦ 4.1 – Alfabetização ............................................................................. 94
♦ 4.2 – Leitura / Escrita ......................................................................... 96
♦ 4.2.1 – Leitura ..................................................................................... 97
7
♦ 4.2.3 – Escrita ..................................................................................... 101
♦ 4.3 – A Matemática .......................................................................... 103
♦ 4.4 – A Avaliação Pedagógica ........................................................ 105
♦ Conclusão ......................................................................................... 109
♦ Anexos .............................................................................................. 110
♦ Bibliografia ....................................................................................... 114
8
INTRODUÇÃO:
A falta de conhecimentos psicológicos na área de Educação
principalmente ao se tratar de fatores básicos de aprendizagem, certamente tem
limitado muito o trabalho do Educador. Estamos numa época em que cresce
cada vez mais a preocupação na área da Educação, pois a busca de novas
soluções para melhorar a qualidade de ensino em todos os aspectos que
envolvem o indivíduo, tanto no ensino fundamental, como no ensino
médio, tem sido de grande importância para a sociedade moderna em todas as
comunidades.
Existe uma constante investigação por parte de educadores a cerca de
como realizar em seus alunos o incentivo e a vontade de aprender para evitar o
fracasso escolar. Experimenta-se os jogos, a arte, a música, vídeo, informática.
Porém, a resposta muitas vezes não vem através de entretenimentos educativos,
que com certeza de uma maneira geral ajuda e muito, mas sim, através do lado
psicológico humano. A compreensão e a observação de condutas infanto-juvenis,
as tomadas de precauções e as atitudes do próprio educador em relação aos seus
alunos, podem criar medidas preventivas para o futuro, evitando transtornos
traumáticos e ganhando o carinho e a atenção desses, e assim, consequentemente,
obter bom êxito. A relação professor/aluno, depende muito mais da maneira
como o professor (a) vai conduzir a sua turma e em especial a cada indivíduo, do
que propriamente do aluno, que se encontra a mercê de seu (sua) professor (a).
As dificuldades de aprendizagem apresentam-se das mais variadas
formas. O esclarecimento de algumas patologias, doenças psicossomáticas,
9
transtornos mentais e alguns tipos de distúrbios, nos capacitam para requerermos
sucesso no desempenho como educadores.
Esta presente obra é um livro que trata especialmente de listar
em
breves explicações os fundamentos psicológicos básicos que podem
facilitar muito em rápida leitura, o conhecimento que atende as necessidades
de um educador no seu dia – a - dia em escola.
Os Fundamentos Psicológicos para Educadores tem por objetivo:
-
Capacitar o Educador, dando-lhe um embasamento sobre termos essenciais
da ciência que estuda o comportamento humano e os processos mentais.
-
Classificar os mais
variados conceitos,
métodos e técnicas da
Psicologia e Psicanálise em geral, enfatizando os traços de personalidade,
emoção, mente, transtornos da mente, o meio ambiente e especificamente
na área de aprendizagem, projetando suas dificuldades.
Supondo que os Educadores passem a adotar tais conhecimentos
dos fundamentos psicológicos em questão, com certeza seu desempenho como
profissional vai melhorar e muito, principalmente no detectar de problemas de
ordem e fatores psicológicos em alunos, dos quais necessitam de maior atenção
e cuidados específicos, o que poderia promover o crescimento global de
aproveitamento escolar.
Obviamente, não seria bom se estender para além do alvo. A
questão é bem simples: seguindo os parâmetros psicológicos e psicanalíticos
desde o seu surgimento em épocas remotas e em pequenas pinceladas, até
chegarmos na sua atualidade abordando conceitos básicos, principalmente os da
área de aprendizagem.
10
A pesquisa foi realizada através de enciclopédia multimídia, livros,
revistas, jornais e os meios informativos na área de Psicologia e Psicanálise,
reunindo, então, um grupo de idéias e conceitos selecionados resumidamente
para a disposição daqueles que desejam ter maior conhecimento nesse campo.
A parte histórica e o seu desenrolar através dos tempos até chegar aos
nossos dias, os antigos e novos conceitos de psicólogos e psicanalistas que
aturaram, e outros que ainda atuam na área de Educação, estarão relatados
esclarecidamente para a melhor compreensão do leitor.
11
CAPÍTULO I
1- PSICOLOGIA
Origem: é uma palavra formada pelos
Psique = alma, e
termos
em
grego
–
logia = estudo. Portanto, é o estudo da alma, que contém
os fenômenos da vida mental, consciente e inconsciente, de um indivíduo,
determinando o seu comportamento. (Isidro Pereira, “Dicionário GregoPortuguês / Português-Grego”).
1.1 - ANTECEDENTES DA PSICOLOGIA
Hipócrates, um médico grego (460 a 370 a.C.), ao investigar a maneira
como as pessoas de sua época se comportavam, criou a “Teoria dos quatro
temperamentos”, classificando-os em sangüíneo, melancólico, colérico
e
fleumático.
A Psicologia é proveniente da Filosofia, onde
vários
filósofos,
“amantes da sabedoria”, como Aristóteles, Platão e outros, prestaram grandes
contribuições para o desenvolvimento da Psicologia.
A palavra Psicologia, foi usada pela primeira vez pelo professor
Goclenius, em Marburgo, no ano de 1590, ao dar título a uma de suas
obras.
O
teólogo
Casmann, publicou, no ano de 1594, Psychologia
12
Anthropologia (Antropologia e Psicologia), onde constava a distinção entre a
Psicologia e a Anatomia.
O filósofo francês René Descartes (1596-1650), que é considerado o pai
da filosofia moderna, em sua investigação sobre a mente ativa, concluiu que
os
processos
mentais conscientes
eram o
pensamento
intelectual,
os
comprovando
as
sentimentos, as sensações e as vontades.
Descartes, aliou sua fé cristã ao saber científico,
verdades sobre o espírito e a matéria, afirmando que o primeiro, ou seja, a parte
imaterial do ser humano, não era uma doutrina revelada, e sim uma realidade
possível de observar através da reação do mesmo. Por isso, afirmou Descartes:
“Penso, logo existo”.
A Filosofia e a Psicologia vieram a se beneficiar do dualismo
mente-corpo
do filósofo francês René Descartes, que foi um genuíno
representante da filosofia racionalista, que tem como ponto de partida a busca da
verdade através do raciocínio.
O filósofo inglês, John Locke (1632-1704), foi o primeiro representante
da filosofia empirista. Empirismo é
empeiria,
que
uma
palavra
que
vem
do
grego
significa experimental.(Isidro Pereira, “Dicionário Grego-
Português / Português - Grego). Os filósofos empiristas lidavam com os fatos
da mente, numa base objetiva, na qual podemos exemplificar o papel da
percepção sensorial como fonte das idéias e dos conhecimentos. Para John
Locke, quando uma criança nasce, sua mente está vazia, ou seja é uma tábua
rasa, e ela irá ser preenchida por sensações, imagens e idéias. Já, para
os racionalistas, que lida com os fatos metafísicos, ou seja, examina o
ser e suas propriedades, o fator principal era o que a mente fazia, tal
13
como perceber, recordar, raciocinar e desejar. (Samuel Costa, “Fundamentos
Psicológicos para Ministros do Evangelho”, págs.: 12-13-14)
O filósofo, teólogo e matemático Emanuel Kant
(1724-1804), a partir dos seus escritos, da primeira edição
de Crítica da Razão Pura,
fez com que a palavra
Psicologia, que por longo tempo caiu no esquecimento,
voltasse à tona. Para Kant, a realidade é constituída pelo
próprio indivíduo, por ser um sujeito inteligente. Fundou a
filosofia crítica e tentou determinar as leis e os limites do
conhecimento humano. As principais influências dos
conceitos de Kant, foram David Hume e Jean Jacques Rousseau, o filósofo
francês.
Com a morte de seu pai, se viu forçado a interromper seus estudos e se
tornar professor particular e mais tarde, retornou para Universidade de
Konigsberg, onde se tornou professor. (fonte: “The 1996 Grolier Multimedia
Encyclopedia”).
O jovem estudante de medicina, o austríaco
Frans Aton Mesmer (1733-1815), por volta de 1760,
criou a fonte pré - científica chamada de mesmerismo.
Mesmer,
acreditava que o magnetismo emanava das
estrelas e dos animais, tanto quanto
do
ferro.
Ao
utilizar um magneto no tratamento de doenças como a
paralisia, a convulsão ou a neurose, obtendo êxito,
assinalou que a influência magnética poderia ser
transmitida pelo metal, concluindo mais tarde que a mão, fazia o mesmo efeito.
14
Importantes personagens da época, como
o
químico
francês
Antoine Laurent Lavoisier (1743 – 1794), autor da famosa frase: “No universo
nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, estudaram o trabalho de
Mesmer sobre o mesmeirismo e concluíram que realmente as pessoas eram
curadas, mas não através do magnetismo, e sim da imaginação do cliente.
O português Abade Faria (1756 – 1819) é considerado o fundador
da moderna hipnose. Abade afirmou que a hipnose era um estágio entre o sono
e a vigília e que este estado (ou transe hipnótico) dependia principalmente da
pessoa a ser hipnotizada. O cirurgião inglês James Braid introduziu o termo
hipnotismo. Nas décadas finais do século XIX, a hipnose passou a ser utilizada
na cura da histeria, que é um transtorno causado pela psique. Os médicos
hipnotizavam os clientes com o objetivo de, em transe hipnótico, trazerem à
consciência, os pensamentos reprimidos, a fim de que os sintomas histéricos
desaparecessem e os clientes obtivessem a cura.
August Comte
August Comte ( 1798 – 1857), um francês
filósofo, quem fundou o Positivismo, deu os primeiros
passos para emancipar a psicologia da filosofia, a fim de
que a primeira se tornasse uma ciência natural dos
fenômenos psíquicos. Criar uma
teoria científica da sociedade,
que subsistisse com o apoio da Biologia e da Sociologia,
foi uma das intenções de Comte. (fonte: “The 1996
Grolier Multimedia Encyclopedia”)
O médico Wilhelm Wundt (1832 – 1920) foi
docente da Universidade de Heidelberg, na Alemanha,
onde ensinou Fisiologia durante dezessete anos. O
15
Dr. Wilhelm Wundt, com o objetivo de obter a emancipação da Psicologia,
aceitou a cátedra da Filosofia da Universidade de Leipzig, na Alemanha, onde,
em 1879, criou o primeiro laboratório de psicologia experimental, atingindo o
seu objetivo de emancipar a psicologia da filosofia, tornando-a a ciência do
comportamento. Por este marco, Wundt é considerado o pai da psicologia
moderna, também chamada de psicologia científica, que no Brasil foi
reconhecida como profissão, no ano de 1962, através da lei 4.119. (Samuel
Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, págs.: 15,17)
1.2 - O SURGIMENTO DA PSICANÁLISE
Em 1885, o jovem Sigmund Freud (1856 –
1939) viajou de Viena para Paris, para especializar-se
em neurologia, com o médico neurologista Dr. JeanMartin Charcot (1825 – 1893), que trabalhava e
lecionava no Hospice de Salpêtrière. Neste hospício,
como parte de seu preparo para clinicar, Freud
presenciou Charcot aplicar a técnica psicoterápica da
hipnose.
Ao retornar a Viena, após ter completado seus
estudos em Paris, Freud começou a clinicar, usando a
técnica hipnose e catarse, que é a verbalização de uma
lembrança emocional e/ou traumatizante recalcada.
Freud concluiu que nem todos os pacientes podiam ser hipnotizados,
outros, que eram hipnotizados, fracassavam na recuperação, além de outros se
recusarem a ser submetidos a esta técnica psicoterápica. Foi então, que Freud
substituiu a técnica psicoterápica hipnose pela associação livre, surgindo assim,
16
em 1896, pela primeira vez, o termo Psicanálise, que revolucionou a Neurologia
e a Psiquiatria, pois os médicos, até o momento das investigações do Dr.
Sigmund Freud, não sabiam como tratar os transtornos mentais que tinham
causas psíquicas.
A Psicanálise tornou-se assim, a pedra fundamental de outras
psicoterapias modernas.
Em seus estudos sobre a mente, Freud concluiu que existiam transtornos
que podiam ser causados e aliviados pelo simples poder de idéias. Quando o
médico não encontra nenhuma causa física que justifique o transtorno da mente,
é porque a causa é psicológica. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para
Ministros do Evangelho”, p. 16)
1.3 – OBJETIVO DA PSICOLOGIA
Em busca de encontrar o objeto de estudo da Psicologia, surgiram muitas
correntes. Muitas nasciam em oposição a sua antecessora. Estas escolas de
Psicologia tinham como objetivo o estudo de consciência da mente, procurando
fazer suas demonstrações através do método científico. Sigmund Freud, ao criar a
Psicanálise, não usou a metodologia científica, tendo em vista que os seus
postulados foram fundamentados em sua vivência com seus clientes. As escolas
que surgiram antes da Psicanálise falavam sobre o nível consciente da mente, já
Freud, inovou, postulando que a mente humana possui três níveis, que são: o
consciente, o pré-consciente e o inconsciente. De acordo com Freud, a maior
parte da nossa vida psíquica é inconsciente, sendo este pilar em que está
fundamentada a psicanálise, também conhecida como a ciência do inconsciente.
17
O médico neurologista Sigmund Freud, com a psicanálise, revolucionou
a Psiquiatria, Neurologia e a Psicologia, como é possível se vê no dia de hoje.
Assim sendo, estas e outras contribuições dos cientistas do comportamento,
possibilitam-nos entender que é na mente que se processam os pensamentos de
uma pessoa, sendo pois a mesma incorpórea e detentora de incalculável
sabedoria. Assim, os objetos de estudo da Psicologia são os processos mentais e
o comportamento, em que o psicólogo, dependendo da escola de psicologia que
segue, tem o objetivo de compreender e analisar o porquê do comportamento,
procurando explicações para suas emoções, predizendo e até mesmo, quando é
necessário. Modificando-o, a fim de proporcionar o bem estar psíquico, orgânico,
social e espiritual do ser humano. (Samuel Costa, “Fundamentos da Psicologia
para Ministros do Evangelho”, págs.: 23-24)
Atualmente, só se pode exercer a função de psicoterapeuta, o profissional
formado na faculdade de Psicologia, com especialização em psicologia clínica.
1.4 - ACADEMIAS DE PSICOLOGIA
Após Wilhelm Wundt ter criado na Universidade de Leipzig, na
Alemanha, o primeiro laboratório de Psicologia experimental, muitos estudiosos
emigraram para a Alemanha, para estudarem com Wundt. Com o advento da
Psicologia Científica, no fim do século XIX, desenvolveram-se nos Estados
Unidos da América o Estruturalismo e o Funcionalismo, que no início do século
XX, começaram a ser substituídos pelo Behaviorismo, a Gestalt e a Psicanálise.
Nos dias atuais existem variedades de escolas de psicologia, que se diferenciam
uma das outras, através do método de
investigação que utilizam. Tipos:
Estruturalismo - Funcionalismo - A Psicologia da Gestalt - A Psicanálise e a
18
continuidade da Psicanálise Freudiana - Comportamental / Behaviorismo - A
Psicologia Humanista.
1.4.1
-
ESTRUTURALISMO
Edward B. Tichener (1867-1927), inglês, foi treinado por Wundt, na
Alemanha. Mais tarde, foi residir na América do Norte, onde dirigiu o
departamento de Psicologia da Universidade do Cornell e fundou a escola de
psicologia americana, chamada de Estruturalismo, introduzindo este termo.
Para Tichener, os psicólogos deviam estudar a consciência humana, ou
seja, os fenômenos mentais como a percepção e outros. Para que a pessoa
devidamente treinada pudesse fazer o trabalho analítico de laboratório, a que
estivesse sendo submetida ao experimento, deveria fazer o relato da experiência a
que estava sendo submetida. Este é o método introspectivo.
1.4.2
-
FUNCIONALISMO
Foi fundado pelo norte americano, filósofo e psicólogo William James
(1842-1910). Tendo estudado na Europa, mais tarde em 1861 entrou para a
Universidade de Havard, E.U.A. Após seus estudos, James lecionou filosofia e
psicologia na mesma universidade, durante 35 anos.
O objeto de estudo da Psicologia é descobrir como funcionam os
processos mentais , tais como o pensamento, a emoção, seus conhecimentos, suas
aspirações, decisões e outros, com o objetivo de adaptar o ser humano ao meio
19
ambiente. O método desenvolvido por William James opunha-se ao
associassionismo (associação de idéias). Uma das contribuições deixadas por ele
foi a teoria das emoções, instinto e da transferência de aprendizagem. (Samuel
Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, p.18).
1.4.3
–
A PSICOLOGIA DA GESTALT
Gestalt é uma palavra de origem alemã que se traduz por configuração,
forma. Para a Psicologia da Gestalt, também conhecida como a Psicologia da
Forma, o ser humano deve ser compreendido como um todo, com os seus fatos
psíquicos, condutas e personalidade. Gestalt é um movimento da Psicologia
Experimental, que teve sua origem na época da I guerra mundial. Teve
significantes contribuições para os estudos de percepção e solução de problemas.
(“The 1996 Grolier Multimedia Encyclopedia”).
Pesquisadores alemães como Kurt Koffka, Wolfgang Kohler e Max
Wertheirner, começaram estudando os caminhos dos quais as percepções são
formadas e como os processos são determinados pelo contexto, configuração e
sentido, melhor que pela simples acumulação de elementos sensoriais.
1.4.4
– A PSICANÁLISE E A CONTINUIDADE
DA
PSICANÁLISE FREUDIANA
20
Em seus estudos sobre a mente, Jean-Martins
Charcot e Sigmund Freud concluíram que existiam
transtornos mentais que podiam ser causados e aliviados
pelo simples poder de idéias. Quando o médico não
encontra nenhuma causa física que justifique o transtorno
da mente, é porque a causa é psicológica, então é
necessário que o cliente faça o relato do que está se
passando com ele, a fim de que o médico possa localizar a
causa psicológica da doença.
O médico neurologista Sigmund Freud trocou a Neuropatologia pelo
estudo do psiquismo. Em suas investigações sobre a psique, Freud concluiu que
ano inconsciente estão armazenadas experiências em forma de impulsos hostis e
destrutivos: desejos proibidos, pensamentos não controlados e reprimidos, que
poderão vir ao nível consciente e serem tratados de maneira mais racional, a fim
de livrar o paciente da ansiedade excessiva. Para que este processo aconteça, é
preciso que o cliente tenha orientação e ajuda de um profissional especializado,
daí Freud ter criado a psicanálise, que consiste em uma técnica psicoterápica,
para ser aplicada no tratamento de pessoas portadoras de transtornos mentais e
das formas anormais de adaptação. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos
para Ministros do Evangelho”, p.19)
A Psicanálise Freudiana foi a pioneira no tratamento dos transtornos
mentais, causados por conflitos psíquicos. Atualmente existem diversas técnicas
psicoterápicas utilizadas para ajudar as pessoas com transtorno mental, nas quais
o psicólogo clínico e/ ou psicanalista, numa relação de ajuda com o cliente na
esfera emocional, procura promover o crescimento e o desenvolvimento positivo
da personalidade do cliente.
21
Atualmente só se pode exercer a função de psicoterapeuta, o profissional
formado na faculdade de Psicologia, com especialização em psicologia clínica.
(idem, p.20)
Além de Alfred Adler e Carl Gustav Jung (1875-1961), Sigmund Freud,
teve em Wilhelm Reich, outro dissidente, que também criou a sua abordagem a
partir da teoria psicanalítica freudiana, que tem sua continuidade nas abordagens
de Melaine Klein e Jaques Lacan.
O médico psiquiatra francês Jaques Lacan (1901-1981), teve como tese
de doutorado o tema: “Da psicose paranóica e suas relações com a
personalidade”. Em 1934, Lacan entrou para a Sociedade Psicanalítica de Paris
e em 1964, fundou a Escola Freudiana de Paris. Dando continuidade à teoria
psicanalítica de Sigmund Freud. O médico psiquiatra e psicanalista Jaques Lacan
apresentou vários seminários, como os intitulados: Os Escritos Técnicos de
Freud, O eu na Teoria de Freud e na Técnica da Psicanálise, As Psicoses, As
Relações de Objeto, As Formações do Inconsciente, O Desejo e sua
Interpretação, A Ética da Psicanálise, A Transferência, A Identificação, A
Angústia, Os Quatro Conceitos Fundamentais da Psicanálise e o Objeto da
Psicanálise. (idem, págs.: 20,22)
1.4. 5
-
COMPORTAMENTAL / BEHAVIORISMO
Por volta de 1920, o norte americano John Braodus Watson (1878-1958)
criou a escola de psicologia Comportamental, também chamada de behaviorista.
Para Watson, o objeto de estudo da Psicologia é o comportamento, ou seja, as
manifestações exteriores da vida mental do indivíduo, que é aberto a inspeção
22
pública, devendo ser observado pelos psicólogos. Esse método de observação é
chamado de extropeccão. Ao utilizar a extropecção na investigação do
comportamento dos bebês recém-nascidos, o psicólogo behaviorista Watson
concluiu que eles apresentam três tipos de emoções: o medo, a cólera e o amor.
Watson, opondo-se ao ponto de vista da psicologia funcionalista, alegou
que a introspecção estava sujeita a falhas, ou seja, a pessoa pode dizer uma coisa
e fazer outra. O importante é o comportamento que é observável.
Para Watson, a experimentação científica era a base fundamental da
psicologia behaviorista. Uma das experiências coroada de êxito, feita por
Watson, consistiu na demonstração de que a aprendizagem afeta as reações
emocionais. Esta conclusão, já presenciamos algumas vezes, basta recordarmos
de pessoas que aprenderam, de uma forma ou de outra, a ter medo de barata, e
quando a vê, sua reação emocional muda. (Samuel Costa, “Fundamentos
Psicológicos para Ministros do Evangelho”, p.21).
O principal sucessor de Watson foi Burrhus Frederic Skinner, com suas
famosas experimentações.
B. F. Skinner (1904-1990), é conhecido por suas
contribuições ao behaviorismo. Formado em inglês (letras)
na Universidade de Hamilton (1926), acabou por
abandonar a carreira de escritor por causa da grande
influência exercida pelos escritos do psicólogo John B.
Watson. Seguindo, então, o caminho da Psicologia, Skinner
recebeu o seu doutorado em Psicologia na Universidade de
Harvard em 1931, permanecendo ali como pesquisador no
processo de aprendizagem até 1936. Foi neste período, que
ele inventou a famosa “Caixa de Skinner”, que foi um aparato onde foram
23
desenvolvidos experimentos com animais (ratos) relacionados com o
condicionamento operante. (“The 1996 Grolier Multimedia Encyclopedia”).
Através dos estudos do condicionamento pavloviano, em oposição,
Skinner formulou o conceito do comportamento operante, que considerava mais
representativo da situação de aprendizagem da vida humana. Portanto, o
condicionamento operante é o processo pelo qual um programa de reforços é
capaz de produzir uma modelagem do comportamento humano. Todo reforçador
refere-se a um objeto ou a uma ação capaz de afetar o sujeito. Reforço ou
reforçamento é o processo que favorece a probabilidade de uma resposta ser
repetida, em circunstâncias similares. Para que o condicionamento se efetue é
necessário que o organismo seja estimulado pelas conseqüências de seu
comportamento. (Ira Maria Maciel, “Psicologia e Educação – Novos Caminhos
para a Formação”, p. 119).
A principal fonte de estudo dos behavioristas é a relação existente entre o
estímulo e a resposta, que têm como lema: “Estimule o animal e veja como ele se
comporta”.
Estímulo psicológico é alguma coisa que desperta a reação do
indivíduo.
1.4.6
-
A
PSICOLOGIA
HUMANISTA
A Psicologia Humanista é uma aproximação de psicoterapia, na qual, o
cliente vem a ser um parceiro consciente ao lado do terapeuta no decorrer do
tratamento. Chamado de “terceira força” por Abraham Maslow (1908–1970), o
pioneiro neste movimento junto a Carl Rogers (1902-1987), ambos norte
americanos.
24
Carl Rogers formou uma prática clínica sobre os conceitos nos quais ele
chamava de Terapia-Centrada-no-Cliente, ou psicoterapia não-diretiva, do qual
ele escreveu amplamente sobre suas experiências. Esta técnica psicoterápica é
fundamentada no self, isto é, a visão que um indivíduo tem de si mesmo. O
selfideal consiste na concepção do tipo de pessoa que se gostaria de ser.
Segundo a terapia centrada no cliente, quando as
pessoas não conseguem realizar suas potencialidades, que
estão dentro de si, a falha está nas influências destrutivas
e deformadoras, exercidas pelos pais, pela educação,
professores e outras pressões sociais.
No ano de 1962, vários psicólogos se reuniram e
fundaram a Association of Humanistic Psychology
(Associação de Psicologia Humanista), surgindo então
psicologia humanista, fundamentada na abordagem fenomenológica da
personalidade, onde o foco central é a maneira como o indivíduo percebe e
interpreta os eventos em seu ambiente atual. O objetivo desta psicologia é
compreender o cliente. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para
Ministros do Evangelho”, p.22).
1.5 - A PSICOLOGIA E SEUS MÉTODOS
Os cientistas do comportamento lançam mão dos seguintes métodos de
investigação, com o objetivo de compreender e controlar o comportamento de
uma pessoa ou de um grupo, como também do animal irracional.
25
1.5.1
-
MÉTODO INTROSPECTIVO
Consiste na observação que o próprio indivíduo faz acerca da sua vida
mental. Exemplo disso é o Estruturalismo que aplicava este método.
1.5.2
–
MÉTODO EXTROSPECTIVO
Consiste na observação acerca das manifestações exteriores da vida
mental, de uma pessoa ou de um animal, no qual pode também ser observado um
grupo.
1.5.3
–
MÉTODO CLÍNICO
Neste tipo de Método, o psicólogo clínico utiliza entrevistas, testes, a fim
de colher os dados para compreender as influências e as forças que atuam no
comportamento do indivíduo, formulando assim o estudo clínico. As coletâneas
de dados deste estudo de caso é formulada através da anamnese, que consiste na
coletânea de dados que o psicólogo faz da pessoa que veio buscar ajuda, a fim de
dar um explicação psicológica para o comportamento insensato.
1.5.4 –
MÉTODO DE PESQUISA DE CAMPO
26
também chamado de levantamento, consiste em o psicólogo escolher um
tipo de comportamento a ser investigado e fazer uma pesquisa de opinião
pública, usando entrevistas ou questionários. Se quiséssemos saber o
comportamento de
alunos de determinada escola, a respeito de alunos
adolescentes: usaríamos as instruções para a aplicação deste método, sendo uma
delas, a elaboração das questões, como também a escolha de um número
representativo de pessoas a serem investigadas.
1.5.5 -
MÉTODO
CIENTÍFICO
Os cientistas do comportamento humano formulam hipóteses através das
investigações feitas nos comportamentos dos seres humanos e/ ou animais, e
estas hipóteses, investigadas, são avaliadas através da metodologia científica, que
é uma das maneiras plausíveis de comprovar as verdades científicas. Se as
hipóteses psicológicas investigadas forem comprovadas, elas tornar-se-ão lei, tal
como as ditadas pelos cientistas do Centro de Estudos da Ciência e da Religião
da Universidade Columbia, nos Estados Unidos da América, que ao estudarem as
regiões do cérebro, que são ativadas durante as orações chegaram a seguinte
conclusão: O lobo temporal inferior está ligado diretamente à representação
mental de objetos sagrados, como a vela e a cruz, facilitando a oração e a
Lobo
parietal
meditação; o lobo frontal está diretamente
Lobo frontal
ligado à concentração. Esta área do cérebro é
automaticamente ativada quando a pessoa, que
crer em Deus, faz meditação; o lobo temporal
central está ligado a fisionomia que o indivíduo
Lobo
Temporal
inferior
Lobo
temporal
central
faz diante da emoção religiosa; e o lobo parietal
é a região onde as respostas às palavras
27
religiosas são administradas. (idem, p.25) e (“The Grolier Multimedia
Encyclopedia”).
1.6 – ÁREAS DE ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA
A Psicologia está ramificada em diversas áreas distintas, sendo quase
impossível enumerá-las devido ao avanço das ciências humanas, mas as técnicas
psicológicas usadas têm sempre o objetivo de promover o bem estar mental,
físico e social do ser humano.
As principais divisões da Psicologia são: A psicologia experimental ou
empírica – é o ramo da Psicologia, cuja linha de investigação está fundamentada
na metodologia científica, em que o psicólogo experimental realiza pesquisas
científicas no campo social militar, clínico, industrial, utilizando-se da emoção,
sentimento, aprendizagem e tempo de reação da pessoa ou do grupo de pessoas
que estiver sendo investigado; a psicologia geral – é o ramo da Psicologia que
abrange todos os aspectos da mesma, isto é, estuda os fenômenos psíquicos em
suas manifestações gerais; a psicologia aplicada – é o ramo da Psicologia que se
dedica a investigações mais práticas e teóricas, utilizando os princípios
psicológicos em qualquer campo da atividade humana, como a arte, a educação, a
medicina, a indústria, a religião etc.
1.6.1 - PSICOLOGIA DO ANORMAL
28
É a parte da Psicologia que tem por objetivo investigar e dar descrição
detalhada das causas e dos sintomas dos transtornos mentais. Exemplo: Proporcionar entendimento sobre as anormalidades do comportamento humano.
1.6.2
- PSICOLOGIA CLÍNICA
É atualmente o campo da Psicologia onde se concentra o maior número
de psicólogos, engajados em aplicar os princípios e métodos da Psicologia no
tratamento de problemas emocionais e comportamentais. Estes profissionais do
comportamento
humano
lidam
primordialmente
com
psicodiagnósticos,
psicoterapia e transtornos mentais. Exemplo de lugares onde atuam: -Consultório
particular, hospital e clínica.
1.6.3 .- PSICOLOGIA DO ACONSELHAMENTO
Lida com problemas acadêmicos, sociais e ocupacionais dos estudantes.
As escolas e os colégios empregam a maior proporção destes profissionais que
trabalham neste campo e são chamados de psicólogos conselheiros, cujo trabalho
está muito próximo dos psicólogos clínicos. Exemplo: Um funcionário que antes
produzia muito, porém depois de passar por uma fase difícil não conseguiu um
bom desempenho em seu cargo, é nessa hora que entra o aconselhamento, para
ajudá-lo.
1.6.4 -
PSICOLOGIA EDUCACIONAL
29
Está relacionada com a educação e os seus interesses principais estão na
aprendizagem e no teste mental. O psicólogo educacional desenvolve, planeja e
avalia materiais e métodos para programas educacionais, currículos escolares e
técnicas de ensino. A psicologia educacional está intimamente ligada à psicologia
escolar. Exemplo: - A introdução e o encaminhamento de métodos como as
concepções inatistas, ambientalistas, interacionistas, construtivistas.
1.6.5 - PSICOLOGIA ESCOLAR
O Psicólogo escolar tem a responsabilidade de orientar os profissionais
de ensino, aplicar teste nos alunos e professores, como também fazer pesquisas
para dar o psicodiagnóstico do transtorno escolar. Exemplo: - Se há um aluno
com problemas sérios no lar, esta criança obviamente não conseguirá ter um bom
rendimento escolar, então entra a intervenção de um psicólogo escolar para uma
ajuda psicológica; ou no caso de um professor que tem problema de adaptação
com sua turma, devendo ser encaminhado para uma avaliação psicológica.
(Samuel
Costa,
“Fundamentos
Psicológicos
para
Ministros
do
Evangelho”, págs.: 29-30).
1.6.6 – PSICOLOGIA INDUSTRIAL
É o ramo da Psicologia aplicada que se ocupa da aplicação de métodos e
descobertas da psicologia para a solução de problemas industriais, seleção e
admissão de pessoal, condições de trabalho, recompensas do trabalho, relação
30
dos operários entre si e deles com seus coordenadores. Exemplo: - Na entrevista
e admissão de um funcionário de uma determinada empresa, o psicólogo deverá
fazê-lo passar por um teste de avaliação psicológica. Este deverá também
encaminhá-lo ao cargo que melhor lhe aprouver.
1.6.7
- PSICOLOGIA DA RELIGIÃO
É a aplicação dos conhecimentos da Psicologia sobre a influência que a
divindade ou o sobrenatural produz no comportamento do homem religioso.
Geralmente esta área da Psicologia é ministrada em seminário teológico.
1.6.8 - PSICOLOGIA PASTORAL
É a aplicação dos conhecimentos da Psicologia, com a finalidade de
proporcionar aos ministros do Evangelho de Cristo as informações sobre o
comportamento humano, a fim de que eles possam orientar as pessoas a
manterem o bem estar espiritual, psíquico, físico, químico e social, tão necessário
para que não adquiram as principais doenças deste mundo moderno, que são a
neurose e a psicose.
1.6.9
- PSICOLOGIA JURÍDICA
31
É a aplicação dos conhecimentos da Psicologia no campo jurídico. No
Brasil está relacionada à justiça da infância e juventude, onde se desenvolvem
trabalhos relacionados à questão de adoção, maus tratos, adolescentes em
conflito com a lei, direito de família, em que o trabalho está relacionado à disputa
de guarda ou visitação de filhos de casais que se separam, sistema penal, com
trabalhos desenvolvidos nas penitenciárias e manicômios judiciários. Exemplo: Pais que se separam, e existem problemas sobre a idoneidade da mãe ou do pai
para a decisão de quem ficará com a guarda dos filhos. Os filhos deverão passar
por uma entrevista com um(a) psicólogo(a) que atua na área jurídica, e da mesma
forma os pais, um de cada vez. É de grande importância os relatos dos filhos para
a decisão final além, claro,
da última palavra do juiz. (Samuel Costa,
“Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, p.31).
32
CAPÍTULO II
2 -
PERSONALIDADE E INTELIGÊNCIA
Personalidade: - Deriva da palavra latina persona, que significa uma máscara através
do qual um ator dizia em seu papel, isto é: refere-se à aparência externa ou ao papel que alguém
desempenha. Atualmente existem diversas definições e teorias da personalidade.
Teorias da personalidade: muitas teorias da personalidade tem sido apresentadas, como: a
teoria psicanalítica - psicodinâmica, a teoria do traço (ou das características), a teoria da personalidade
humanística, teoria da aprendizagem social e a teoria da personalidade cognitiva (fonte: Multimedia
Encyclopedia – Grolier Electronic Inc. 1996). Neste estudo, será definido como sendo a soma total, o
padrão geral das maneiras de um indivíduo pensar, sentir e comportar-se, especialmente em referência a
outras pessoas. A hereditariedade, o ambiente – incluindo as influências pré-natais – o lar e a família, os
amigos, a escola, a religião, a comunidade e a nação afetam consideravelmente a nossa personalidade.
Cada indivíduo possui um conjunto de características que são somente suas, e estas o diferencia do outro,
sendo possível de serem notadas mesmo em gêmeos. Existem dois fatores que determinam a
personalidade de um indivíduo: o caráter e o temperamento.
a) - Caráter: - “É o conjunto de traços particulares, o modo de ser de um indivíduo, ou de um
grupo; índole, natureza e temperamento.” (Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa).
- Quando o conjunto das qualidades de uma pessoa diante do meio social em que vive é bom,
honesto e certo, estamos nos referindo ao conjunto de regras de conduta válidas pela sociedade, mas
quando a qualidade da conduta é má, desonesta, errada, este conjunto de regras é reprovada pela
sociedade. Esta qualificação, com sentido moral e ético, depende da cultura do indivíduo ou do grupo.
b) - Temperamento: - “É o conjunto dos traços psicológicos de uma pessoa, e que lhe
determinam as reações emocionais, os estados de humor e o caráter”. (Novo Dicionário Aurélio da
Língua Portuguesa).
- O temperamento está ligado diretamente à natureza emocional da pessoa, que através de suas
atividade mentais expressa aspectos fisionômicos, como: alegre ou triste, calmo ou nervoso, agradável ou
desagradável, ansiedade, angústia, depressão etc. O meio social que a pessoa vive e os fatores herdados
influenciam grandemente no temperamento do ser humano. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos
para Ministros do Evangelho”, págs.: 110-113)
Os estudos psicológicos sobre a personalidade, sempre tentaram formular princípios gerais que
expliquem as diferenças individuais no comportamento. (fonte Multimedia Encyclopedia – Grolier
Electronic Inc. 1996). Vejamos aqui como a personalidade é vista através da Psicanálise.
a) - A personalidade segundo a Psicanálise: - O psicanalista Sigmund Freud, apresentou em
seu livro: A Interpretação dos Sonhos a primeira teoria sobre o funcionamento psíquico: O consciente, o
subconsciente e o inconsciente. A esta instância psíquica do funcionamento da personalidade, Freud
introduziu a segunda teoria do aparelho psíquico, remodelada entre 1920 e1923, introduzindo os três
aspectos básicos da personalidade: O id, o ego e o superego.
33
O id é a parte hereditária e mais profunda da personalidade. Nele estão contidos os desejos
recalcados, como também uma carga energética e motora que impulsiona o indivíduo a buscar a
satisfação dos anseios, sem levar em conta o que poderá acontecer ou não. São fenômenos inconscientes.
O segundo aspecto básico da personalidade que surge é o ego, que no início da vida age
exclusivamente a favor do id e gradativamente passa a assumir a sua verdadeira função de controlador
dos desejos recalcados e as pulsões provenientes do id. O ego age de acordo com o princípio da realidade,
contribuindo para a defesa do próprio indivíduo, agindo como juiz dos conflitos existentes entre o id e o
superego.
O ego geralmente age contra o id, quando ele percebe que os impulsos provenientes deste,
criarão transtorno na vida psíquica do indivíduo. Os fenômenos mentais do ego são consciente e
inconsciente.
O superego é a consciência moral da personalidade, que age de acordo com as normas sociais,
alertando ao ego o que é certo ou errado, manifestação esta feita através de emoções e sentimento de
culpa. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, págs.: 114-115)
b) - A personalidade segundo a psicologia junguiana: - Para o psiquiatra e psicólogo suíço
Carl Gustav Jung (1875-1961), a personalidade é classificada em introversão – extroversão. A pessoa
introvertida geralmente concentra sua atenção em si mesma, não sendo dependente de outra pessoa. As
extrovertidas geralmente tendem a exteriorizar seus sentimentos, aceitando passivamente o ambiente
exterior. Para Jung, todas as pessoas têm tendência à introversão, como a extroversão, embora uma
predomine sobre a outra, o que chamamos de ambivertida. (idem)
c) - Personalidade múltipla: - Consiste em duas ou mais maneiras de uma pessoa pensar,
sentir e se comportar. Por exemplo, uma pessoa, em uma de suas personalidades, é introvertida e
possuidora de um caráter bom, já na outra alternativa da personalidade, ela é extrovertida e imoral.
d) - Desordens de comportamento: - O ego é o constituinte da personalidade responsável em
remediar os conflitos entre as forças opostas do id que é inconsciente, contra o superego que é
consciente. Quando o ego consegue resolver satisfatoriamente o conflito entre o id e o superego, a
pessoa possui um comportamento ajustado, mas quando o ego não consegue resolver satisfatoriamente a
sua função de juiz entre estas duas forças opostas, com o superego cedendo às pressões do id, surge então
as desordens do comportamento ou os distúrbios mentais, como a neurose, a psicose, etc.
Para o psicólogo e humanista Carl Roger, as desordens do comportamento surgem quando a
pessoa não consegue comunicar-se bem consigo mesma, tendo como conseqüência, prejuízo no interrelacionamento.
e) - Teste de personalidade: - Tem por objetivo ajudar o psicólogo a avaliar os traços da
personalidade, tais como: instabilidade emocional, bom equilíbrio emocional, bom equilíbrio mental,
introversão-extroversão, fraco índice de socialização, sentimento de inferioridade, imaturidade sexual,
homossexualismo, insatisfação consigo mesmo, tendência neurótica, debilidade mental, psicose,
esquizofrenia, epilepsia, desritmia, entre outras.
f) - Teste de percepção temática: - Criado por Henry A. Murray, este tipo de teste para o
psicólogo avaliar a personalidade do examinado, é constituído de 19 gravuras, em que o examinado
descreve o que está percebendo em cada uma delas, projetando seus sentimentos e experiências, que são
avaliados pelo psicólogo, que encontrará tendências da personalidade do examinado.
g) - Técnicas projetivas: - A mais conhecida delas, o teste de borrões de tinta, foi o elaborado
pelo psiquiatra suíço Hermann Rorschach. Este teste, também chamado de Rorschach, é composto de dez
pranchas que o psicólogo apresenta ao examinado, uma de cada vez, a fim de que possa perceber os
borrões de tinta e dar a sua interpretação sobre eles. De posse das respostas dadas pelos examinados, o
examinador faz a interpretação e encontrará tendências das características peculiares da personalidade,
como: introversão, coerência intrapsíquica, instabilidade emocional, sujeito a impulso forte, conflito
34
afetivo, senso crítico, ansiedade, traços depressivos, traços neuróticos, desajustamento, possível lesão
cerebral, etc. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, págs.: 116,119)
Inteligência – Para Piaget, a inteligência é “a capacidade para adaptar--se ao ambiente
e às novas situações – para pensar e agir de maneiras adaptativas”. Portanto, a inteligência é adaptação
e seu desenvolvimento está voltado para o equilíbrio. Sendo assim, a ação humana visa sempre a uma
melhor adaptação ao ambiente. Para que ela seja possível, ocorrem constantes organizações da
experiência, voltadas para a equilibração. As experiências da criança, por sua vez, são conduzidas por sua
ação em contato com o objeto. Essa ação é concomitantemente sensório-motora, cognitiva e afetiva.
(Maria Luiza A da Costa, “Piaget e a Intervenção Psicopedagógica”, p. 8)
A inteligência ou capacidade intelectual é composta da combinação de inúmeros fatores,
dentre os quais destaca-se a capacidade de perceber a relação entre os conceitos e os objetos; a capacidade
de aprender e a capacidade de tomar decisões rápidas e precisas. Todos os seres humanos são detentores
de inteligência, mas, numa comparação entre pessoas, devido à individualidade, um terá mais e outro
menos inteligência.
No exato momento da concepção, cada ser humano herda de cada um dos pais 50% da
inteligência, o restante é proporcionado pelos estímulos do ambiente. Se o ambiente for estimulante desde
os primeiros anos de vida, a criança poderá desenvolver o máximo de sua potencialidade, caso contrário,
o ambiente estará contribuindo para a deficiência mental da criança, devido à insuficiência intelectual da
mesma. Daí podemos concluir que a inteligência é composta por partes herdadas e adquiridas, sendo
impossível diagnosticar qual das partes atua mais.
Inteligência acadêmica: - Está ligada ao nível do conhecimento adquirido pela pessoa. É
composta pelo desenvolvimento mental que pode ser mensurado pela fórmula QI (IM /IC)*100, onde IM
= idade mental e IC = idade cronológica.
Inteligência emocional: Segundo Hendrie Weisinger, “a inteligência é simplesmente o uso
inteligente das emoções, isto é, fazer intencionalmente com que suas emoções trabalhem a seu favor,
usando-as como uma ajuda para ditar seu comportamento e seu raciocínio de maneira a aperfeiçoar
seus resultados.”
O termo inteligência emocional foi criado em 1933, por Peter Salovay, da Universidade de
Yale, nos Estados Unidos da América. No confronto entre duas ou mais pessoas, geralmente ocorrem nos
relacionamentos intrapessoal e o interpessoal, que caracterizam a inteligência emocional. (Samuel Costa,
“Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, págs.: 110-111)
Tipos de inteligência:
a) Lingüística ou verbal: - Associa-se à fala e à escrita. As pessoas que a possuem de forma
mais acentuada se expressam com extrema clareza e constróem sintaxes com facilidade e perfeição,
escolhendo sempre as melhores palavras. É desenvolvida entre escritores, poetas, professores, jornalistas.
Personalidades : Shakespeare, Dante e Camões.
b) Espacial: - Refere-se ao poder de perceber objetos fora do plano material, de forma
tridimensional. Associa-se à criatividade e à espacialidade. Está presente em projetistas e arquitetos, além
de ser marcante em marinheiros e motoristas – que têm grande senso de localização espacial.
Personalidades: Oscar Niemeyer e Pablo Picasso.
c) Sonora: - Manifesta-se em pessoas que têm habilidades especiais para extrair elementos
múltiplos do som e compreendem sua combinação como um forma de linguagem. É facilmente
encontrada entre músicos e compositores. Personalidades : Morzat, Hermeto Pascoal e Jimi Hendrix.
35
d) Cinestésico-corporal: - É considerada a inteligência do movimento, do trabalho corporal,
que utiliza basicamente a linguagem do tato. É marcante entre atletas, bailarinos e mímicos, que fazem de
sua expressão corporal um tipo de linguagem. Personalidades: Pelé e Ana Botafogo.
e) Intrapessoal: - Bastante ligada ao poder de auto-conhecimento e, portanto, à
individualidade e à auto-estima. É encontrada em pessoas que têm grande facilidade de se aceitar e, por
isso, são “relax”, têm bom humor. Humoristas, em geral, têm essa inteligência de forma acentuada.
Personalidades: Steve Martin, Jerry Lewis, Renato Aragão e Chico Anísio.
f) Lógico-matemática: - Está ligada à simbologia dos números e sinais usados em
matemática. Utiliza-se de números e sinais para formar equações e faz delas uma forma universal de
comunicação. Se manifesta em físicos, engenheiros, matemáticos e economistas. Personalidades: Newton
e Pitágoras.
g) Interpessoal: - Associa-se à capacidade que uma pessoa tem de gerar empatia e de
compreender as pessoas. Está presente em grandes líderes carismáticos e psicólogos, que têm facilidade
de lidar com o outro. Personalidades: Martin Luther King e Madre Teresa de Calcutá.
h) Naturalista: - Tem uma forte ligação com a vida natural. Por isso, também é conhecida
como inteligência ecológica ou biológica. Provém da sensibilidade que a natureza desperta. Comum
entre ecologistas, paisagistas e biólogos. Personalidades: Darwin, Burle Marx e Jacques Cousteau.
(Daniela Guima, jornal: “Correio Brasiliense” / Coisas da vida, p. 5).
Teste de inteligência: - tem por objetivo auxiliar o psicólogo a fazer a clarificação
padronizada da capacidade intelectual da pessoa. Alfred Binet (1857-1911), psicólogo francês, que foi
diretor do laboratório de psicologia experimental na Universidade de
Sorbonne, em Paris, e com a colaboração de Dr. Theodore Simon, no
início do século XX, criou e aplicou o teste de inteligência nas escolas
oficiais de Paris. A primeira edição desta escala métrica foi chamada de
Binet-Simon.
De posse do conhecimento da capacidade intelectual, que o Dr.
Alfred Binet mensurou de cada aluno, orientou os professores, quais eram
os alunos de uma mesma classe que tinham condições de acompanhar
naturalmente o conteúdo programático, e quais os que necessitavam de
atenção especial, para obterem êxitos em seus estudos.
Florence Goodenough, em 1925, organizou o Teste Boneco, ou
Teste Goodenough, que através da apuração de 51 itens do desenho, o
psicólogo avalia o nível mental infantil.
2.1 – MENTE
Mente: - É a sede onde são processados os pensamentos. É a parte incorpórea do cérebro
que encontra-se inserida dentro da caixa craniana.
Segundo o filósofo René Descartes, o pensamento é o conjunto dos processos mentais
conscientes: pensamentos intelectuais, sentimentos, sensações e vontade. Descartes era convicto da
existência de Deus, e através do método científico, provou a verdade sobre o espírito e a matéria,
afirmando que o espírito, ou seja a parte imaterial do ser humano não era um doutrina revelada, e sim uma
realidade de possível de observar através da reação do mesmo.
A nossa psique, ou seja, a nossa mente existe, mas não em forma corpórea como é o nosso
corpo, ela é a nossa própria existência conforme afirmou Descartes: “Penso, logo existo”.
36
O médico psiquiatra e psicólogo suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), filho de pastor
protestante, em seu livro Resposta a Jó, relatou que: “o conceito de físico não constitui o único critério de
uma verdade, pois há também verdades psíquicas que não se podem explicar, demonstrar ou negar sob o
ponto de vista físico”. Para Jung, os enunciados religiosos são desta categoria. Todos eles se referem a
objetos que são impossíveis de constatar sob o ponto de vista físico, mas que o sentido Espírito de Deus
está presente nos seres humanos e pode-se perceber mesmo sem milagres. (Samuel Costa, “Fundamentos
Psicológicos para Ministro do Evangelho”, p. 38)
O comportamento: - São as atitudes de um indivíduo diante do meio social em que vive, com
suas manifestações externas como as ações, gestos, expressões, linguagem, etc.
Existem dois tipos de comportamento : o inato, que já é de nascença. Sua reação é automática
e geralmente ocorre da mesma maneira em todas as pessoas, como o piscar dos olhos; o comportamento
adquirido ou aprendido, que se processa na mente da pessoa, através da reação a um estímulo, ou seja,
alguém nos ensina ou aprendemos sozinho sobre qualquer assunto, e reagimos com a prática do que foi
aprendido.
O meio em que se vive é importante para modelar o comportamento. Num ambiente onde
existe a desunião e o clima afetivo está comprometido, há uma probabilidade de seus membros mudarem
o seu comportamento, tornando-se insatisfeitos e inseguros, mas quando o clima é saudável e equilibrado,
a pessoa se comportará de maneira segura e satisfeita.
Entre os vários tipos de comportamentos adquiridos, temos:
Comportamento normal e anormal: - As fronteiras entre os comportamentos normal e
anormal é muito tênue, dificultando assim uma sólida definição. Uma pessoa pode comportar-se
aparentemente normal, simpático, gentil no meio social, porém em sua residência, comportar-se como um
autêntico estimulador do comportamento neurótico em sua família. Geralmente o comportamento
anormal é mais observável do que o normal, tendo em vista que no primeiro, a conduta social da pessoa a
diferencia das demais, como no caso das portadoras de psicoses, que são detentoras de profunda
perturbação da personalidade.
A nossa mente é a sede onde são registradas todas as sensações, e é o indivíduo que deve
escolher qual o sentimento que deverá predominar em sua mente: o bem ou o mau.
Comportamento religioso: - Em seu livro Psicologia da Religião, Merval Rosa define o
comportamento religioso como sendo “qualquer ato ou atitude que tem referência específica ao divino
ou sobrenatural”. Para o psicólogo da religião Walter H. Clark, existem três tipos de comportamento
religioso: - o primário, o secundário e o terciário. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para
Ministros do Evangelho”, págs.: 39,40,42).
O aparelho psíquico: - O médico neurologista e psicanalista Sigmund Freud, em 1900,
publicou o livro A interpretação dos Sonhos, no qual consta a primeira organização da psique, que está
dividida em três áreas de funcionamento: o consciente, que são todos os fenômenos mentais que sabe-se
com clareza. O consciente é o nível mental em que a pessoa monitora ou tenta monitorar o ambiente
interno ou externo, assim como planejar e guiar as suas ações.
Inconscientes são aqueles fenômenos que ocorrem na mente do ser humano, dos quais não tem
consciência, mas eles estão recalcados e podem manifestar-se em reações emocionais excessivas. Muitas
vezes, a pessoa que está cometendo um assassinato não tem consciência do ato que está realizando.
Para Sigmund Freud, no nível mental inconsciente, estão armazenadas inúmeras experiências
em forma de impulsos hostis e destrutivos, desejos proibidos e os pensamentos não controlados e
reprimidos, que a pessoa, em sã consciência rejeita. Com o objetivo de tratar as pessoas portadoras de
distúrbios mentais e de formas anormais de adaptação do ser humano, Freud criou o método de
tratamento chamado Psicanálise, que tem por objetivo tornar consciente o sentimento inconsciente, e este
processo ocorre por meio de interpretação das associações livres, dos atos falhos e outras ferramentas
terapêuticas.
37
Saúde mental: - Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “saúde é o total bemestar biopsicossocial do homem”. Na interação do indivíduo com o meio, se pelo menos um dos
constituintes do bem-estar biopsicossocial do homem, estiver em desequilíbrio, ocorrerá a doença. Os
processos desencadeadores de adoecer, salvo raras exceções, estão estreitamente ligados à maneira como
cada indivíduo elabora as perdas e as frustrações. O estresse físico e / ou psíquico e a baixa tolerância em
ter seus desejos são outros fatores desencadeadores do adoecer. (Samuel Costa, “Fundamentos
Psicológicos para Ministros do Evangelho”, p. 44).
A instalação da doença, ou seja, a perturbação do equilíbrio biopsicossocial ocorre de duas
maneiras distintas:
1- Perturbação intrapsíquica: - É proveniente do interior da pessoa, podendo ser genética
ou psicológica. A genética ocorre devido à herança ou predisposição genética e / ou as alterações
congênitas, já a psicológica, está relacionada à personalidade do indivíduo.
2- Perturbação interpessoal: - É aquela proveniente do meio externo, como as
socioculturais, que, dentre muitas, pode-se exemplificar a alimentação insuficiente, e / ou fora de hora, e /
ou inadequada, e / ou precária, que geralmente deixa a pessoa tensa por não ter a sua necessidade básica
atendida. Outra perturbação externa é a de ordem pessoal, ou seja, o relacionamento da pessoa com a
família, amigos é também responsável pela instalação da doença na mente do indivíduo, tendo em vista
que no inter-relacionamento, ocorre o confronto de educações diferentes, a posição, o relacionamento
sexual, etc.
Para que o indivíduo possa ter saúde mental, é necessário manter as constantes químicas,
físicas e psíquicas dentro das variações não doença / doença /não doença, resolvendo as perturbações do
dia-a-dia adequadamente, mantendo assim a árdua tarefa do equilíbrio intra/interpessoal.
Mudança do comportamento: - Através da aquisição dos processos psíquicos conscientes e /
ou inconscientes, ocorre a mudança no comportamento do indivíduo, que dependendo da patologia, pode
ser mudado através de um processo controlado e contínuo de comunicação com psicólogos, que
elaboram, por exemplo um tratamento para descondicionar uma pessoa que tem medo de falar em
público.
O conflito: - Geralmente as pessoas resolvem seus conflitos de maneira consciente ou
inconsciente, porém muitas vezes precisam de orientação de um psicólogo, para ajudá-las a restabelecer o
equilíbrio biopsicossocial. As principais maneiras de resolver os conflitos são:
Enfrentamento: - É o caminho pelo qual a pessoa procura, de maneira consciente, resolver as
situações que percebe como perigosas ao seu equilíbrio biopsicossocial. Existem vários caminhos da
pessoa usar o enfrentamento. Os psicólogos comportamentais, por exemplo, incluem exercícios físicos na
estratégia de livrar a mente da pessoa dos problemas emocionais, causadores da dependência química.
Mecanismo de defesa da mente: - Sigmund Freud referiu-se aos mecanismos de defesa, como
sendo uma estratégia da mente, para proteger-se e compreender os obstáculos do dia-a-dia, que causam
ansiedade excessiva, lançando no inconsciente experiências desagradáveis, impulsos, conflitos e idéias
ameaçadoras, acomodando-a. Entre os vários mecanismos de adaptação psicológicas destaca-se: Negação,
projeção, racionalização, recalque ou repressão, regressão e sublimação.
1- Negação: - É o mecanismo de defesa cujos processos mentais conduzem o indivíduo a
negar uma realidade, com o objetivo de livrá-lo do estado de angústia que o incomoda. Por exemplo, dois
adolescentes estavam jogando bola e um deles propositadamente quebrou o vidro da janela de uma casa e
saiu correndo. O dono da casa viu quando aconteceu e apressadamente interroga ao outro, que atordoado
assistiu a tudo, e lhe pergunta quem é aquele que quebrou o vidro da janela, ao que este responde que não
o conhece e nunca o havia visto antes. Ou seja, este conhecia o outro e negou que o conhecia para
afastar de si a realidade angustiante que o incomodava.
2 - Projeção: - A pessoa atribui aos outros ou a objetos, sentimentos e qualidades de sua
propriedade, para livrar-se de um determinado acontecimento. Por exemplo, uma mãe que não cuida
38
adequadamente dos filhos, acarretando-lhe vários problemas, poderá projetar a culpa em todas as
situações que envolvem a criança. Dirá que se o filho vai mal na escola é porque a professora é
ineficiente; se o filho vive doente é porque os amigos são doentes e o contaminam. O extremo do
funcionamento por mecanismos projetivos é a paranóia, onde o sujeito tem tanta destrutibilidade interior
que é obrigado a projetá-la e, a partir daí, passa a ver todo o mundo como perseguidor.
3 - Racionalização: - Neste tipo de mecanismo de adaptação psicológica, o indivíduo para
livrar-se da culpa, procura dar explicações incoerentes com a realidade, tentando justificar para si e para
os outros o seu comportamento insensato. Por exemplo, um aluno de 2º grau, que não estudou para as
provas finais de matemática, e tirou uma nota abaixo da média, justificando ter sido em decorrência das
péssimas provas montadas pelo professor.
4- Recalque ou repressão: - É lançar no inconsciente os processos mentais desagradáveis
que a sã consciência rejeita, por estar em desacordo com a própria conduta moral. Para a Psicanálise, os
impulsos recalcados pelo indivíduo influenciam fortemente na sua personalidade, embora este não tome
consciência. Exemplo: uma criança que sofreu abuso sexual por parte de algum parente, e esta quando se
tornou adulta atribuiu o fato de seu parente sofrer de alguma doença mental e por isso ter agido sem
lucidez em relação a ela.
5 - Regressão: - Este tipo de mecanismo de defesa da mente ocorre quando o indivíduo, para
descarregar os seus conflitos, adota comportamento de acordo com uma faixa etária anterior, utilizando
mecanismos desta faixa etária, como fungar, chupar os dedos, atirar objetos, reclamar. Esta última
atitude, geralmente é utilizada por algumas pessoas de idade avançada. A regressão etária consiste em
alguns indivíduos, em transe hipnótico, conseguirem reviver episódios que ocorreram em faixas etárias
anteriores. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, págs.: 47-48-4950).
6 - Sublimação: - Uma pulsão é dita sublimada quando deriva para um alvo não-sexual.
(Maria Cristina Kupfer, “Freud e a Educação”, p. 42) É o mecanismo de defesa da mente, em que o
indivíduo substitui os seus impulsos hostis por condutas aceitáveis pelos padrões sociais. Não é
patológico (ao contrário), é transferir a dor para um sentimento de prazer. Exemplo: as artes, pinturas,
etc.
2.2 – EMOÇÃO
Emoção: - É a reação intensa e breve do organismo que vem acompanhada de um estado
afetivo que poderá ter uma conotação agradável ou não, dependendo da maneira com que esta for
vivenciada.
A reação intensa e breve que ocorre no organismo é ocasionada pela glândula supra-renal,
que lança na corrente sangüínea a adrenalina. Este hormônio é o responsável pela aceleração do
batimento cardíaco, no momento em que ocorre a emoção. Se o médico, a enfermeira ou outros
profissionais da área de saúde aferirem os batimentos cardíacos de uma pessoa na hora em que ela se
emocionar, constatará que houve uma aceleração nos batimentos cardíacos da mesma.
O estado afetivo que acompanha a emoção são os sentimentos que sintetizam tudo aquilo que
pensamos, pois ele é a nossa própria existência que a todo momento está exposto a vários tipos de
emoções, sendo impossível precisar a quantidade.
Sentimentos construtivos: - Conforme foi dito, a mente é a sede onde ocorre pensamentos
intelectuais, sentimentos, sensações, e vontade. Os sentimentos traduzidos pela mente como agradáveis
ampliam o senso de força e de bem estar, produzindo prazer, plenitude e inteireza, no estado emocional
da pessoa. As principais emoções que produzem sentimentos positivos são: amor, prazer e alegria.
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a) - Amor: - É o estado emocional caracterizado pelo mais nobre dos sentimentos. Muitas
vezes, as instabilidades emocionais chegam a um patamar insuportável devido à falta de amor em
qualquer tipo de relacionamento humano. O restabelecimento do amor proporciona a estabilidade
emocional. O educador que tem amor em ensinar, por exemplo, é muito recompensado não só nos
resultados de seu trabalho, mas a reciprocidade de seus alunos, que o terão como uma pessoa muito
importante em suas vidas e que com certeza nunca o esquecerão.
b) - Prazer: - É o estado emocional caracterizado pelo imenso desejo de sua continuidade,
pois as recompensas do mesmo atendem aos anseios da vida. O prazer de ensinar, obviamente, torna o(a)
educador(a) mais satisfeito e realizado em seus esforços, pois apesar das barreiras que venham surgir a
cada dia, encontra forças para seguir em frente e ser bem sucedido.
c) - Alegria: - É o estado emocional caracterizado pelo sentimento de estar jubiloso, contente.
O indivíduo que procura sempre ter este sentimento presente em sua vida, com certeza, ajuda muito o seu
equilíbrio biopsicossocial. Assim deve proceder o (a) educador (a) e qualquer trabalhador para encontrar
maior ânimo e energia em suas ocupações.
Ansiedade de preparação: - É o estado emocional que consiste na irritabilidade e
inquietação motora em quantidade moderada, que se origina do psiquismo da pessoa, com o objetivo de
dar o melhor de si mesma no que pretende fazer. Um bom exemplo é a honestidade.
Sentimentos destrutivos: - São aqueles que a mente traduz como desagradáveis, pois
interferem no bem estar da pessoa, tendo em vista que as energias deste tipo de sentimento são
canalizadas para os conflitos interpessoal e intrapessoal, produzindo processos mentais, que podem
desequilibrar o estado biopsicossocial da pessoa. Para afastar tais sentimentos negativos, o bom é ouvir
uma boa música, praticar esportes, passeios, etc.
Quando a mente da pessoa está emocionalmente doente, ela poderá desenvolver os chamados
transtornos psicossomáticos, ou seja, não têm causa física e sim mental. Entre as inúmeras doenças
psicossomáticas, temos a asma, em adulto, que está associada à perda da independência, a dificuldade
erétil, que pode estar associada à ansiedade excessiva ou a depressão e outras.
Os sentimentos destrutivos devem ser vivenciados da melhor maneira possível, para que a
pessoa amadureça emocionalmente e alcance o bem-estar biopsicossocial. Esta mudança muitas vezes
necessita do apoio de um psicólogo clínico. As principais emoções que produzem sentimentos negativos
são:
a) - Medo: - Pressentimento ou presença de um perigo constante e real. Seus sintomas físicos
são a mudança da fisionomia habitual da pessoa.
b) - Fobia: - Medo irracional que vem acompanhado de comportamento defensivo.
Geralmente o fóbico é dependente e manipulativo, só enfrentando objetos fóbicos, estando acompanhado.
Seus sintomas físicos são a insônia, o terror noturno, o sono preocupado, dorme com a luz acesa, tem má
digestão, desmaio, taquicardia, sudorese, rubor, turvamento de visão, tonturas, diarréia, descontrole do
esfíncter, urina em excesso, inapetência sexual, arritmia, respiração ofegante, rebaixamento da
sexualidade, desenergização, desvitalização, dificuldade de atingir o orgasmo, etc.
c) - Tristeza: - É o estado de esgotamento que a pessoa sente após a perda e / ou a mágoa.
Os sintomas físicos são a boca curva para baixo, choro (lágrimas), caminhar lento, aparência descuidada e
abatida, isolamento, etc.
d) - Mágoa: - É o estado desagradável que a pessoa sente quando é ofendida ou
desconsiderada; é a principal causadora de conflitos no relacionamento interpessoal. Muitas pessoas
possuem a sua estrutura de personalidade desajustada, por terem sido magoadas, ou seja, receberam
palavras maléficas que ficaram guardadas em suas mentes, roubando-lhes a energia vital. A mágoa é o
primeiro sentimento destrutivo. Ela deve ser convertida em sentimento construtivo, para que não se
transforme em outros sentimentos destrutivos como a ansiedade patológica, a raiva, a culpa e a depressão,
causadores de energia negativa. Alguns estudos recentes associam algumas doenças físicas, como por
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exemplo o câncer de mama, ao sentimento de mágoa recalcado. Os sintomas físicos são a dor de
estômago e no peito.
e) - Ansiedade: - Consiste na irritabilidade e inquietação motora que se origina do psiquismo
da pessoa, que sente a sua segurança pessoal ameaçada. Este estado de tensão desagradável ocorre devido
a uma ameaça real ou imaginária, que a pessoa tenta agir da sua maneira. Quando o grau de ansiedade é
intenso, ele pode interferir no comportamento do indivíduo, tornando-o desordenado e confuso, por este
motivo é aconselhável procurar ajuda com um psicólogo. Neste caso os sintomas físicos são contrações
dos músculos do pescoço, cãibras, insônia, vontade de comer alguma coisa sem saber o quê, bulimia,
taquicardia, alterações da pressão, sudorese, diarréia, necessidade constante de urinar, aumento dos
sintomas da TPM (tensão pré menstrual), falta de ar, freqüência respiratória alta, dificuldade erétil,
ejaculação precoce, frigidez, etc.
f) - Angústia: - É o estado emocional em que o indivíduo se afasta progressivamente da área
de atrito, que ele reputa insuportável, contrai-se e centrando-se no self. Sintomas físicos: expressa-se nas
vísceras ou órgãos mais vulneráveis.
g) - A ira: - É o estado emocional caracterizado pelo acúmulo de irritação, que faz com que o
indivíduo perca o controle emocional, podendo ficar com o comportamento amuado, retraído e
deprimido. Quando o indivíduo tem dentro de si, por longo tempo, a ira, surge o sentimento de culpa.
Sintomas físicos: dor de estômago e no peito.
h) - A culpa: - É o estado emocional caracterizado pela negligência ou imprudência, quando o
indivíduo percebe que errou. Sintomas físicos: tensão interior.
i) - A depressão: - É o mais patológico de todos os estados emocionais, tendo em vista que o
indivíduo experimenta grande astenia e profunda tristeza. Geralmente, a pessoa no estado depressivo tem
um baixo interesse pela vida, podendo pensar que o suicídio é a única solução para o seu sofrimento, que
é agravado com lembranças de fatos acontecidos há algum tempo. Assim como a culpa, a depressão
ocorre quando a raiva fica recolhida e voltada para dentro de nós mesmos. Os sintomas físicos são a
anorexia, torpor, alteração no ciclo menstrual, respiração difícil, respiração lenta, respiração acentuada,
freqüência respiratória alta, bronquite, asma, dores no peito, falta de higiene, baixa auto-estima,
dificuldade erétil, ejaculação precoce, frigidez, excesso de sono, insônia, etc.
j) - Maturidade emocional: - A pessoa possuidora de maturidade emocional sabe
intelectualizar sensatamente o seu inter-relacionamento, mantendo o seu controle emocional, quando a
situação for favorável ou não. No seu relacionamento com as pessoas, é capaz de: amar e ser amado;
respeitar e se fazer respeitado; ouvir o que as outras pessoas falam, como também se fazer ouvido; aceitar
o seu semelhante como um indivíduo e da maneira que ele é; ser sincero em suas colocações; ser
empático e assumir uma atitude não-crítica; aceitar as suas limitações e as do seus semelhantes; conviver
tanto na alegria como na tristeza e saber perder e ganhar. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para
Ministros do Evangelho”, págs.: 85,85,87,88,89,92)
2.3 – TRANSTORNOS DA MENTE
Transtornos da mente: - São causados por diversos fatores, tais como genéticos,
neurológicos e psíquicos. Este último, os transtornos da mente, muitas vezes são causados devido a
sentimentos destrutivos que causam o desequilíbrio emocional, biológico e até mesmo o espiritual, pois
ele destrói o bem estar da pessoa. Até chegar a esta conclusão científica, muitas pessoas pagaram com a
própria vida, e outras foram perseguidas por contrariarem, com suas investigações científicas, a teoria da
demonologia.
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Com a crescente modernização das ciências humanas e médicas, é sabido que os transtornos da
mente podem ser compreendidos ou explicados de várias maneiras, tais como: causas genéticas, causas
químicas ou neurológicas, conflitos inconscientes, comportamentos aprendidos e inadequados e cognição
errônea.
Histórico dos transtornos mentais: - Doenças mentais ou transtornos mentais são desordens
que ocorrem no funcionamento da mente de uma pessoa, que geralmente são desencadeadas por fatores
orgânicos e / ou psicológicos.
Desde o início da era cristã, o indivíduo que se comportava ora de maneira estranha, ora de
maneira violenta, desviando-se das normas de conduta, o doente mental, era tido, nas crenças dos
chineses, egípcios e hebreus, como pessoa portadora de possessão demoníaca.
Muitas vezes, pessoas portadoras de supostas possessões demoníacas ficavam abandonadas,
outras recebiam asilo nos mosteiros, e tinham como terapia as preces dos religiosos. Muitas pessoas
receberam a cura, através das preces realizadas pelo bispo de século IV, São Zenóbio.
Durante muito tempo, as pessoas possuidoras de transtorno mental foram consideradas aliadas
de Satanás. Muitas delas foram espancadas, torturadas mentalmente e privadas de alimento, pois
acreditava-se que, com este procedimento, estava-se punindo a Satanás.
Um exemplo de crueldade, temos registrado por Hieronymus Bosch, em pintura do século
XVI, a figura de um cirurgião charlatão, após ter enganado um doente mental, dizendo-lhe que a pedra da
loucura estava dentro de sua cabeça, submeteu-o à cirurgia, sendo assistido por um monge e uma freira.
As pessoas portadoras de transtornos mentais sofreram durante séculos estes tipos de torturas.
O médico grego Hipócrates (460-370 a C.) foi o primeiro a contrariar a demonologia dos
transtornos mentais, pois sustentou que eles ocorriam devido a uma perturbação no equilíbrio do fluidos
corporais. A igreja chamava de doença sagrada, no entanto Hipócrates,
contrariando o ponto de vista da igreja, escreveu um artigo, com base
científica, afirmando que a epilepsia tinha uma causa fisiológica, e não de
espírito demoníaco. De acordo com o médico Hipócrates, quando se abre
a cabeça do ser humano, seu cérebro está úmido de suor e cheirando mal.
O médico ratificou que não era o demônio que estava dentro do cérebro
danificando-o. Hipócrates também criou a Teoria dos quatros
temperamentos, outro artigo que contrariou a demonologia da igreja.
No século XVI, o médico holandês John Weyer, ao investigar a
etiologia dos transtornos mentais, escreveu vários casos sobre este
assunto. Para Weyer, a sugestão ajudava a causar transtorno mental. Os
escritos do Dr. John Weyer foram banidos pela igreja, que conforme já
sabemos defendia a tese de que as pessoas portadoras de transtorno mental
eram possessas por demônios. No século XX, estes escritos voltaram aos
meios médicos.
Instrumentos terapêuticos primitivos: - Com o objetivo de
controlar as pessoas portadoras de transtorno mental, foram criados alguns
instrumentos, como:
a) - Preso a corrente: - Bicêtre era um local em Paris, onde, no século XVIII, os loucos eram
acorrentados no escuro.
b) - Berço de madeira: - Em 1882, os pacientes violentos eram amarrados em berços de
madeira tampados com grades de madeira.
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c) - Cadeira tranqüilizadora: - Foi idealizada pelo médico Benjamin Rush, o fundador da
psiquiatria norte americana . o paciente violento ficava totalmente amarrado dos pés a cabeça. E seu rosto
era coberto com um objeto de madeira que fazia parte desta cadeira.
d) - Dispositivo giratório: - Eram usados nos asilos ingleses, no século XIX. Os pacientes
portadores de transtorno mental eram colocados amarrados nos dispositivos giratórios que giravam em
altas velocidades.
e) - Aparelho de eletrochoque: - No Brasil, a terapia eletroconvulsiva, em que a corrente
elétrica é aplicada no cérebro do cliente através de dois eletrodos colocados nas áreas temporais do
crânio, foi introduzida em 1934. A Colônia Juliano Moreira utilizou este tipo de tratamento psiquiátrico
até o ano de 1980.
f) - Camisa de força: - Era constituída de lona resistente, onde o cliente ficava amarrado,
imobilizado e inofensivo. Nos hospitais brasileiros, este tratamento psiquiátrico, às vezes era substituído
por celas resistentes. Com o advento dos neurolépticos e das práticas de reabilitação psicossocial, este
tipo de tratamento foi extinto.
Humanização do transtorno mental: - No final do século XVIII, o médico Philippe Pinel
(1745-1826) começou a fazer algumas reformas humanitárias para o tratamento dos transtornos mentais,
publicando o tratado médico-filosófico sobre a alienação ou mania (180), onde descreve uma nova
especialidade médica: a psiquiatria.
Para o médico Philippe Pinel, as pessoas portadoras de transtorno mental, para obterem a cura,
necessitavam de ar e liberdade, assim sendo quando assumiu o manicômio Bicêtre, o Dr. Philippe Pinel
levou sua reforma para o manicômio Salpêtrière, onde, como parte do tratamento do transtorno mental,
proporcionou aos clientes exercícios físicos, concerto de músicas, leituras e visitas.
Em 1817, chegou ao Brasil uma missão austríaca. Um dos componentes desta, o médico Carl
Von Martius, constatou um caso de licantropia entre os índios. O Dr. Carl escreveu sobre este assunto,
que tornou-se o primeiro trabalho sobre transtorno mental entre os índios brasileiros.
Em 1830, a Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, que havia sido fundada no ano anterior,
após ter investigado o comportamento dos loucos no Rio de Janeiro, considerou-os como sendo
portadores de transtorno mental. Para os membros da SMRJ, estas pessoas deveriam ser recolhidas para
um local, hospício, para serem submetidas a tratamento. Dom Pedro II sancionou o decreto de criação do
hospício, em 1841, que foi inaugurado em 8 de dezembro de 1852, e foi chamado de Dom Pedro II,
conhecido popularmente como “Palácio dos loucos”. No mesmo ano da inauguração, o hospício Dom
Pedro II recebeu pacientes curáveis ou incuráveis, afetados mentalmente ou menos indigentes, processo
este que fez com que ocorresse a superlotação do mesmo.
Em 1831, o médico brasileiro José Martins da Cruz Jobim publicou o livro Insânia Loquaz
sendo este o primeiro escrito sobre doenças mentais no Brasil. O Dr. José Martins foi um dos fundadores
da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro e também um dos pioneiros da psiquiatria no Brasil. Em
1835, discursou na SMRJ e denunciou a insalubridade dos porões da Santa Casa de Misericórdia e as
péssimas condições em que viviam os loucos na cidade do Rio de Janeiro.
O médico Wilhelm Griesinger, em 1845, escreveu um artigo afirmando que a insanidade
mental é resultado de distúrbios do cérebro e do sistema nervoso. É um problema médico.
A Neurologia e a Fisiologia tiveram grandes avanços durante o século XIX, proporcionando
aos médicos psiquiatras, dados científicos de que a doença mental possui base fisiológica, sendo um
problema médico. Neste mesmo século, na década de oitenta, o médico psiquiatra alemão Emil Kraepelin
(1856-1926) deu sua importantíssima parcela de contribuição, fazendo a primeira classificação
compreensiva do transtorno mental, fundamentada nos sintomas. Distúrbios de infecções, doenças do
cérebro, epilepsia, neurose e deficiência mental foram alguns dos quinze princípios classificados pelo Dr.
Emil Kraepelin, que acreditava que os transtornos mentais causados por inter-relacionamento, como a
psicose maníaco-depressiva, atualmente chamada de transtorno bipolar, eram curáveis, mas os transtornos
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mentais causados por deterioração mental séria, não tinham cura devido aos processos metabólicos
deficientes do cérebro ou outras condições corporais. Durante muitos anos, o Dr. Kraepelin dirigiu, na
França, a clínica em Munique, onde procurou proporcionar às pessoas possuidoras de transtorno mental,
lá internas, um ambiente semelhante ao doméstico. Esta atitude de Kraepelin influenciou na formulação
da primeira legislação brasileira de assistência às pessoas possuidoras de transtorno mental.
Em 1883, o médico brasileiro Teixeira Brandão (1854-1921), que é considerado o primeiro
alienista brasileiro, assumiu na cidade do Rio de Janeiro, a Cátedra de Psiquiatria da Faculdade de
Medicina. Como diretor do hospício Dom Pedro II, que trocou o nome para Hospício Nacional de
Alienados, o Dr. Teixeira Brandão, no ano de 1886, desanexou a Santa Casa de Misericórdia do hospício,
e no ano de 1890, criou no estado do Rio de Janeiro a primeira Escola de Enfermeiros e Enfermeiras do
Brasil, para que estes profissionais pudessem assumir as funções das irmãs de caridade ligadas à Santa
Casa de Misericórdia.
Nas últimas décadas do século XIX, os médicos neurologistas Jean-Martins Charcot e Sigmund
Freud, em seus estudos, concluíram que quando o transtorno mental não tinha causa física, havia
necessidade do paciente fazer o relato de sua história de vida, a fim de que o médico pudesse localizar a
causa psicológica. Para Sigmund Freud, o transtorno psicológico pode ser aliviado pelo simples poder de
idéias. Após ter completado seus estudos de neurologia em Paris com o Dr. Charcot, Freud retornou a
Viena e começou a clinicar, aplicando a hipnose e a catarse, que já estavam sendo aplicadas em Viena,
pelo médico Josef Breuer, que usava a hipnose, convicto de que seus pacientes se sentiam aliviados.
Os médicos Josef Breuer e Sigmund Freud definiram a catarse como sendo a verbalização dos
problemas emocionais, que o cliente relata, ao ser auxiliado e encorajado sob hipnose. Juntos escreveram
um livro: “Estudo sobre a Histeria”, onde são descritos aspectos da neurose ou psiconeurose, que é um
transtorno mental associado a conflitos emocionais de natureza interna e externa. Em suas investigações
com seus pacientes reprimidos eram de natureza sexual, porém o Dr. Josef Breuer não concordou, e
rompeu com Freud, antes da publicação do livro, que ocorreu em 1895.
O médico e psicanalista Sigmund Freud, investigou o fenômeno religioso, sobre o ponto de
vista psicológico e, em 1907, escreveu um artigo chamado de Atos obsessivos e práticas religiosas,
mostrando que existia semelhança entre as neuroses obsessivas e as cerimônias religiosas. Segundo
Freud, o não cumprimento do propósito específico do neurótico produz um aumento progressivo da
ansiedade e o não cumprimento do propósito específico da cerimônia religiosa tende a criar sentimento de
culpa, que é o pecado. Para Freud, a religião é a causa da neurose, onde o homem procura esconder as
suas imperfeições. A respeito deste artigo escrito por Freud, o pastor protestante, Doutor em Filosofia e
Teologia, Oskar Pfister (1873-1956), que se relacionava muito bem com Freud através de cartas, afirmou
que a religiosidade autêntica poderia ser uma proteção contra a neurose. Freud respondeu o ponto de vista
de Pfister afirmando que era uma raridade. Porém, o psicólogo H. L. Philip discordou de Freud ao
analisar os seus escritos sobre Atos obsessivos e práticas religiosas, levantando, então, oito conclusões
sobre o assunto. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, págs.: 135136)
Não foram poucos os que romperam com Freud, entre mestres, amigos, alunos e seguidores.
Freud foi uma figura que despertou entre os seus seguidores o mais profundo fascínio. Os caminhos por
eles tomados são, em decorrência desse fascínio, muitas vezes terríveis. Não são poucos os casos de
suicídio (Tausk, Stekel e outros dez citados por Manonni). Outros escolheram romper de modo definitivo
com Freud e com a Sociedade Psicanalítica de Viena. É o caso de Carl Gustav Jung, discípulo amado em
quem Freud depositou grandes esperanças, mas que acabou por “rejeitar todas as teorias fundamentais da
Psicanálise”, segundo o mestre. (Maria Cristina Kupfer, “Freud e a Educação”, p. 30)
O médico psiquiatra brasileiro Juliano Moreira (1873-1933), no ano de 1905, criou no Brasil a
maior biblioteca de psiquiatria da América do Sul. Juliano Moreira, deixou grandes contribuições a
psiquiatria,em seus inúmeros escritos científicos, editando os Arquivos Brasileiros de Psiquiatria,
Neurologia e Medicina Legal. Outra medida de impacto, tomada por Juliano, foi a incineração de
camisas-de-força e a criação de espaço para o psiquiatra conversar com o paciente, criando assim um
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ambiente semelhante ao doméstico, atitude esta que o Dr. Kraepelin já havia tomado em Munique,
quando então diretor do hospital daquela cidade.
Ainda no ano de 1907, na cidade do Rio de Janeiro, foi criada a Sociedade Brasileira de
Psiquiatria, Neurologia, e Medicina Legal, e em 1911, foi criada a colônia de Engenho de Dentro,
destinada a mulheres.
Em 29 de março de 1924, em Jacarepaguá, na cidade do Rio de Janeiro, foi inaugurada a
Colônia de Alienados, que em 1930, passou a ser chamada de Colônia Juliano Moreira.
O médico psiquiatra alagoano Osório César assumiu a direção do Hospital de Juqueri e adotou
como uma das formas de tratamento para as pessoas possuidoras de transtorno mental, as artes plásticas.
O Dr. Osório César foi o primeiro neste método terapêutico. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos
para Ministros do Evangelho”, págs.: 136-137).
No ano de 1946, a médica psiquiatra brasileira Nise da Silveira (1905-1999), inconformada
com os tratamentos, que ela considerava desumanos e agressivos, fundou e dirigiu no Centro Psiquiátrico
Pedro II, a seção de terapia ocupacional. O principal método terapêutico utilizado por Nise em seus
pacientes consistia em estes praticarem atividades artísticas e expressivas. Muitos destes trabalhos
expressivos dos seus pacientes encontram-se no Museu de Imagens do Inconsciente, criado por ela, em
1952. No dia 14 de julho de 1975, a psiquiatra alagoana Nise da Silveira foi aposentada
compulsoriamente. A sua dedicação à profissão que abraçou com amor era tanta, que no dia seguinte,
reapresentou-se ao Centro Psiquiátrico Pedro II, afirmando: “sou a nova estagiária”.
No ano de 1955, pela primeira vez é utilizada no Brasil, a clorpromazina, medicamento que
inaugura a categoria dos neurolépticos.
Os psiquiatras brasileiros Oswaldo Santos (1924-2001) e Wilson Simplício (1933-2000)
inovaram a psiquiatria brasileira, em 1968, criando no Centro Psiquiátrico Pedro II, atualmente chamado
de Instituto Municipal de Assistência à Saúde Nise da Silveira, a Comunidade Terapêutica,
descentralizando o poder entre as equipes médicas e os doentes. Estes tinham a liberdade de registrar nos
livros de ocorrência as suas idéias, que eram valorizadas. Esta experiência se constituiu em um marco
importantíssimo de liberdade e democratização no tratamento dos transtornos mentais no Brasil.
O médico e psiquiatra Luiz Cerqueira (1892-1943), destacou-se em ser pioneiro da
desospitalização psiquiatra. Ele pesquisou sobra as condições da assistência à saúde mental no Brasil e
denunciou os rumos mercantilistas da atividade psiquiátrica, que qualificava de indústria da loucura. Em
1973, em São Paulo, o Dr. Luiz Cerqueira criou o Centro de Atenção Diária, outra contribuição por ele
deixada, além de vários livros, entre os quais: “Psicologia Social”.
No Brasil, a Psicologia foi reconhecida como profissão, através da lei 4.119, no ano de 1962. A
Psicologia tem por objetivo compreender e analisar o porquê do comportamento, procurando explicações
para suas emoções, predizendo e até mesmo modificando-o, quando é necessário, a fim de proporcionar o
bem estar psíquico, orgânico, social e espiritual do ser humano.
Em 2002, no Brasil, através da resolução n.º 013/00, o Conselho Federal de Psicologia,
aprovou o uso da hipnose, como recurso auxiliar de trabalho do psicólogo. (Samuel Costa, “Fundamentos
Psicológicos para Ministros do Evangelho”, págs.: 138-139-140).
Classificação dos Transtornos Mentais: - Durante muito tempo, as pessoas portadoras de
transtornos mentais sofreram diversas barbaridades, mas com o avanço da neurologia, psiquiatria e
psicologia, está sendo possível dar um tratamento cada vez mais humano aos indivíduos que necessitam
da relação de ajuda, para desenvolver o seu bem estar psíquico, sendo tratado por neurologista, quando o
transtorno for no sistema nervoso; por psiquiatra, quando o transtorno for na mente; por psicólogo,
quando for emocional e por ministros do Evangelho de Cristo, quando o transtorno for espiritual.
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Transtorno Mental Orgânico: - São aqueles cujas causas se encontram no desenvolvimento
natural do organismo. A epilepsia ou distúrbio convulsivo, que a igreja chamava de doença sagrada,
consiste em uma descarga neuronial na área motora do córtex cerebral.
Para a psiquiatria, os transtornos mentais que possuem causas orgânicas são a epilepsia, a
demência senil, a paralisia geral e outras aqui não mencionadas.
Transtorno Mental Funcional: - São aqueles causados pela perturbação funcional da mente.
Conforme já mencionado, os médicos neurologistas Jean Martin Charcot e Sigmund Freud concluíram
que haviam transtornos na mente que eram causados e aliviados pelo simples poder das idéias.
Para Freud, a neurose tem origem psicológica, ou seja, ela surge quando o ego não consegue
resolver satisfatoriamente a sua função de juiz entre o id e o superego.
A demência precoce, atualmente chamada de esquizofrenia, e a psicose maníaco-depressiva
são outros transtornos funcionais. O psiquiatra suíço Eugène Bleuler (1857-1939), em 1911, ao constatar
que a doença chamada de demência precoce, atingia não só as pessoas jovens, mas também as adultas, e
que nem sempre a doença era irrecuperável, substituiu aquele termo pela palavra esquizofrenia, que quer
dizer cisão da mente, pois ela atinge as várias funções psíquicas, como por exemplo a maneira da pessoa
pensar e sentir. A esquizofrenia pode ser simples, hebrefrênica, catatônica e paranóide.
A cura através da Psiquiatria: - É ministrada pelo médico com residência em hospital
psiquiátrico. No tratamento dos transtornos mentais, quando o psiquiatra acha viável, receita remédios,
como ansiolíticos ou pasicotrópicos, como parte do tratamento, podendo também recorrer à psicanálise.
Conforme já foi mencionado, o pioneiro da psicoterapia foi o médico neurologista e
psicanalista Sigmund Freud, mas atualmente existem diversos tipos de psicoterapias modernas.
A cura através da Psicoterapia - É ministrada pelo psicólogo com especialização em
psicologia clínica. Terapia quer dizer diálogo, logo, psicoterapia significa o diálogo que um cliente tem
com o psicólogo, com o objetivo de restabelecer o bem estar psíquico da pessoa, que geralmente vem
buscar ajuda para problemas de cunho emocional, tais como transtorno da ansiedade, transtorno do
humor, transtorno obsessivo-compulsivo, problemas familiares, problemas sexuais e outros.
Psicanálise Freudiana: - Fundada pelo médico neurologista Sigmund Freud com o objetivo
de buscar o significado da anormalidade do comportamento e tornar consciente o sentimento
inconsciente. Para Freud, os conteúdos do inconsciente precisam ser trazidos à consciência da pessoa e
serem trabalhados de maneira mais racional, e este processo, só será alcançado com a ajuda de um
profissional especializado. Através da conversão, ocorre o processo da livre associação de idéias, onde
geralmente aparecem lapsos verbais decorrentes de conflitos inconscientes, com raízes na infância.
Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos Para Ministros do Evangelho”, págs.: 142,143,144, 146,147).
Ambiente: - No consultório de Freud, em Viena, os clientes repousavam num confortável divã
coberto de pelúcia e eram encorajados a falar livremente, sobre qualquer assunto que viesse à mente,
como também relatar seus sonhos. Por este consultório passaram princesas, poetas, filósofos e outras
personalidades que vinham se consultar com Freud.
Na sessão de Psicanálise, o analista senta-se atrás do paciente, permanecendo a maior parte do
tempo fora do campo visual do mesmo.
Foco principal: - Conflitos inconscientes com raízes na infância. Durante a sessão de
psicoterapia, o que for dito pelo paciente não sofre qualquer tipo de julgamento, nem quebra de sigilo.
Durante as sessões, ocorre a associação livre onde o analista procura compreender os conflitos e os
conteúdos inconscientes do paciente.
Tratamento de regressão: - É feito todo o possível para promover a regressão controlada da
neurose de transferência, a serviço do tratamento.
46
Freqüência: - De quatro a cinco vezes por semana.
Duração: - A psicanálise é um tratamento demorado e de altos honorários, com duração de
dois a cinco anos. Cada sessão dura aproximadamente 50 minutos.
Psicoterapia Neo-psicanalista: - Outras inúmeras escolas surgiram de famosos médicos e
discípulos que discordaram das doutrinas originais do pai da psicanálise Sigmund Freud e afastaram-se
criando então a sua escola, como veremos a seguir:
a) - Psicoterapia individual adleriana: - O médico psiquiatra austríaco Alfred Adler (18701937), por volta de 1910, começou a emitir conceitos diferentes do então mestre Sigmund Freud,
ocasionando o rompimento de Adler e outros discípulos. Para Adler, a estrutura
do comportamento humano possui três pilares básicos, que são: o sentimento de
inferioridade, a luta pela superioridade e o interesse social. A psicoterapia
individual adleriana é uma tentativa de redução direta e se dirige apenas às
neuroses. É uma espécie de pedagogia na qual o terapeuta sai da neutralidade do
psicanalista para fazer uma educação do ego.
b) - Psicologia junguiana: - Outro famoso dissidente
foi o médico psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875-1961). Por
discordar de alguns conceitos do então mestre Freud, afastou-se e
criou a psicologia analítica junguiana, cujo sistema de investigação
é a análise dos fatos psíquicos através do método introspectivo
(auto-análise). Em 1912, com a publicação do seu livro A
Psicologia do Inconsciente, emitindo conceitos diferentes do
mestre Freud, marcou definitivamente o rompimento de ambos.
Para Freud, o inconsciente era amoral e animal, mas para o seu
discípulo dissidente Jung, o inconsciente é constituído
Carl Gustav Jung
de princípios morais e até mesmo religiosos. Segundo, Jung, o
inconsciente é pessoal e parcialmente coletivo. A parte coletiva é constituída da maneira primitiva da
pessoa pensar e sentir, que pode ser herdada ou racial. Carl Gustav Jung, o criador da teoria do
inconsciente coletivo, foi um grande estudioso da religiosidade humana. Entre diversos livros escritos
por ele, temos: “Psicologia e Religião”, e “Resposta a Jó”.
c) - A Psicoterapia de Base Analítica: - É fundamentada em conceitos analíticos. O
psicoterapeuta psicanalítico sai da neutralidade psicanalítica, podendo atuar mais diretamente em
questões críticas.
d) - Psicoterapia Comportamental: - Está fundamentada nos princípios da aprendizagem e
do condicionamento. Em geral, os psicoterapeutas comportamentais, adotam a teoria behaviorista da
personalidade.
e) - Pscicoterapia Humanista: - Está fundamentada na abordagem fenomenológica da
personalidade, onde o foco central é a maneira do cliente perceber e interpretar os eventos em seu
ambiente atual.
f) - Abordagem eclética: - É constituída por diferentes tipos de técnicas psicoterápicas, de
duas ou mais escolas.
g) - Psicoterapia em grupo: - Tem por objetivo tratar, ao mesmo tempo, um grupo de
pessoas com problemas emocionais similares, onde o psicoterapeuta atua como um facilitador na
discussão de um tema e os clientes trocam experiências sobre os seus comportamentos. A psicoterapia em
grupo geralmente é utilizada em clínica psiquiátrica ambulatorial, em casa de recuperação de dependentes
químicos, com pais de dependentes químicos, como também com crianças perturbadas, etc. O número
ideal para serem atendidos em psicoterapia em grupo é de 6 a 12 pessoas.
47
h) - Terapia de hipnose: - O Médico neurologista Dr. Jean Martins Charcot (1825-1893), no
século XIX, no Hospice de la Salpêtrière, se utilizava da técnica psicoterápica da hipnose para tratar de
seus pacientes com problemas de transtorno mental. A hipnose é
caracterizada por uma série de fenômenos psicológicos fisiológicos.
Conforme já mencionado, no Brasil, o Conselho Federal de Psicologia
aprovou o uso da técnica hipnose, como recurso auxiliar de trabalho do
psicólogo. A hipnose tem sido utilizada para diversos fins, tais como: para
curar fobias: medo de voar, de morrer, de escuro, de multidão, etc; para
curar vícios, como: fumar, roer unhas, comer demais, drogar-se, beber, etc;
para curar traumas, como: estado de tensão e angústia, enxaqueca, etc.
(Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”,
págs.: 149,150,151,152153)
2.4 – APRENDIZAGEM
Aprendizagem: - “É o processo pelo qual se adquiri a capacidade de responder
adequadamente a uma situação que pode ter sido encontrada antes ou não”. (Warren).
Fatores básicos da aprendizagem: - Através do raciocínio podemos aprender os diversos
fatores que ocorrem no nosso dia-a-dia, mas, para que esta aprendizagem seja eficiente, é necessário que
aquele que quer aprender esteja interessado, preste atenção naquilo que está fazendo e siga persistente
para obter êxito em seus objetivos. É preciso, também, que o aprendiz procure estar alimentado e deixe o
corpo repor as energias perdidas, tenha horas de sono suficientes, recreação e repouso, a fim de que os
fatores orgânicos não interfiram negativamente na motivação da aprendizagem. A criança desnutrida, isto
é, mau alimentada, ou que recebe algum tratamento a base de fortes medicamentos, ou esforço exagerado
em trabalhos domésticos, terá como conseqüência baixo rendimento escolar.
Para reter de maneira eficiente o material estudado, o aprendiz precisa desenvolver
adequadamente as suas emoções e os seus aspectos sociais, procurando, sempre que for possível,
organizar um programa de estudo, de preferência diário, usando recursos como: resumos, anotações,
livros, dicionários, etc. Estudar fazendo análise crítica, isto é, conversando com o material estudando, é
outra boa maneira para aprender e reter o material estudado. Sublinhar os principais tópicos estudados
para fazer resumo destas partes e para revê-las, principalmente na hora em que não dispuser de muito
tempo, para um estudo mais aprimorado e evitar que o mesmo caia no esquecimento. Sempre que for
possível procurar estudar um pouco mais do que foi preciso para aprender, pois o que diferencia um aluno
do outro na hora da avaliação da aprendizagem não é tanto a qualidade do ensino e sim a quantidade de
estímulo vivenciado. Quanto mais for praticado o material estudado, maior será o grau da aprendizagem.
Tipos de aprendizagem: - Entre os diversos tipos de aprendizagem, temos:
a) - Aprendizagem por imitação: - Ocorre quando a pessoa procura reproduzir exatamente o
que a outra fez. Este processo pode ser benéfico ou maléfico. O benéfico ocorre quando a imitação traz
benefícios para a personalidade da pessoa. Por exemplo, um bom professor que demonstra sempre uma
boa conduta em sala de aula, acaba causando sempre admiração por parte de alguns que seguindo seu
exemplo procura imitá-lo. O maléfico geralmente ocorre quando a pessoa, por insegurança, por falta de
motivação e outras causas, não tenta resolver seus problemas utilizando o seu intelecto, simplesmente
reproduz o que a outra pessoa fez. É o caso da famosa cola.
b) - Aprendizagem por ensaio e erro: - É o tipo de aprendizagem na qual a pessoa tenta
quantas vezes forem necessárias, para obter êxito no seu intento. Segundo Thordike, a ênfase ao fato é
importante para que haja aprendizagem. Por este tipo de aprendizagem todos nós passamos quando
começamos a aprender a andar. Dávamos alguns passos e caíamos e fomos praticando este ato
sucessivamente, até que chegamos ao sucesso tão desejado: aprender a andar.
48
c) - Aprendizagem por discernimento: - Também conhecida como insight, que é a palavra
inglesa que quer dizer visão interior. Este tipo de aprendizagem surge repentinamente, quando uma
pessoa consegue estruturar uma situação problemática, ou seja, houve discernimento.
d) - Aprendizagem por condicionamento clássico: - Condicionamento clássico ou
reflexológico, ou respondente foi patenteado por Ivan Petrovich Pavlov (1849-1939), que após ter feito
algumas experiências em seu laboratório, concluiu que a partir da organização
de um novo comportamento, obtém-se uma resposta condicionada ou reflexo
condicionado.
condicionamento clássico é bastante utilizado para o tratamento de
pessoas portadoras de transtorno mental, no qual o cliente é colocado em
situações que o condicione a uma vida anormal. O condicionamento é essencial
para que haja aprendizagem, mas devemos usá-lo de maneira adequada.
Digamos que o(a) professor(a), durante alguma comemoração na escola, dá a
seguinte orientação para seus alunos: “Na hora em que o diretor estiver falando,
não quero ninguém andando e nem conversando”. Esta orientação é um
estímulo para que a criança ande e converse na hora em que o diretor não estiver
falando. Se a criança assim o faz, é porque foi estimulada pelo seu professor(a) e
que teve a resposta condicionada: andar e conversar quando o diretor não estiver
falando. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos”, págs.: 100-101-102)
e) - Aprendizagem por condicionamento operante: - O condicionamento ou aprendizagem
operante é o ato realizado pelo próprio indivíduo, que é beneficiado pela sua atitude. O benefício
adquirido vem depois tomada, que é a resposta operante, que geralmente surge da necessidade do
organismo adaptar-se ao ambiente ou resolver um determinado problema.
Teoria do condicionamento operante de B. F. Skinner, a
recompensa corresponde ao reforço, que tem por objetivo aumentar a
probabilidade de conseguir êxito. O reforço pode ser positivo quando é
adicionado qualquer estímulo para fortalecer o comportamento. Se uma
criança estiver estudando matemática e sua mãe dar um sorriso e faz alguns
toques sadios em sua cabeça, esta atitude carinhosa é um reforço positivo que
tem por objetivo o êxito da criança na compreensão do que está estudando. O
reforço será negativo quando for retirado qualquer estímulo para fortalecer o
comportamento. Se a mesma criança do relato acima estiver estudando
matemática ouvindo o rádio em alto som, se sua mãe com um semblante
sombrio desliga o rádio, esta atitude torna-se um reforço negativo que tem por
objetivo o êxito da criança na compreensão do que está estudando. Samuel
Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, págs.: 103104)
49
CAPÍTULO III
3 – A PSICOLOGIA NA EDUCAÇÃO
“A educação escolar é qualitativamente diferente da educação no sentido amplo. Na escola, a
criança se depara com uma tarefa particular: aprende as bases dos estudos científicos, ou seja, um
sistema de concepções científicas” (A. Leontiev e A. R. Luria, 1968).
Em geral,
comete-se o erro de pensar que a aprendizagem começa
apenas na idade escolar. Consequentemente, parte-se do princípio de que os
ensinamentos que ocorrem na escola principiam na sala de aula. Na verdade,
alguns anos antes de entrar na escola, a criança já vem desenvolvendo hipóteses e
construindo um conhecimento sobre o mundo, o mesmo mundo que as matérias
ditas escolares procuram interpretar. No início da alfabetização, por exemplo, ela
já tem uma concepção sobre o sistema de representação gráfica. Coisa
semelhante ocorre com a matemática. Antes de entrar na escola, a criança já se
deparou inúmeras vezes com a noção de quantidade, realizando, inclusive,
operações de cálculo. Um conjunto de noções e de conceitos já se encontra,
portanto, estabelecido.
Em resumo, a tarefa de ensinar, em nossa sociedade, não está
concentrada apenas nas mãos dos professores. O aluno não aprende apenas na
escola, mas também através da família, dos amigos, de pessoas que ele considera
significativas, dos meios de comunicação de massa, das experiências do
cotidiano, dos movimentos sociais. Entretanto, a escola é a instituição social que
se apresenta como responsável pela educação sistemática das crianças, jovens e
até mesmo de adultos.
No ambiente escolar a criança sofre uma transformação radical em sua
forma de pensar. Antes de se entrar nela, os conhecimentos são assimilados de
50
modo espontâneo, a partir da experiência direta da criança. Em sala de aula, ao
contrário, existe uma intenção prévia de organizar situações que propiciem o
aprimoramento dos processos de pensamento e da própria capacidade de
aprender.
Daí a importância de se buscar maximizar esses resultados, colocando a
serviço da educação e do ensino o conjunto dos conhecimentos psicológicos
sobre as bases do desenvolvimento e da aprendizagem. Com eles, o professor
estará em posição mais favorável para planejar a sua ação. (Cláudia Davis e
Zilma de Oliveira, “Psicologia na Educação”, págs.: 22-23)
Muitos nomes, dos quais alguns podemos citar, contribuíram com a Psicologia na Educação.
São eles: Jean Piaget, Lev S. Vygotsky, B. Frederic Skinner, Carl G. Jung e outros.
3.1 – A PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
“Assim, para aprender conceitos, generalizações, conhecimentos, a
criança deve formar ações mentais adequadas. Isto pressupõe que essas ações se
organizam ativamente. Inicialmente, assumem a forma de ações externas que os
adultos formam na criança e só depois se transformam em ações mentais
internas” (A. Leontiev, “O desenvolvimento do psiquismo”).
“Aprendizagem é o processo pelo qual se adquiri a capacidade de
responder adequadamente a uma situação que pode ter sido encontrada antes ou
não” (Warren).
A aprendizagem é o processo através do qual a criança se apropria
ativamente do conteúdo da experiência humana, daquilo que o seu grupo social
conhece. Para que a criança aprenda, ela necessitará interagir com outros seres
51
humanos, especialmente com os adultos e com outras crianças mais experientes.
Nas inúmeras interações em que se envolve desde o nascimento, a criança vai
gradativamente ampliando suas formas de lidar com o mundo e vai construindo
significados para as suas ações e para as experiências que vive. Com o uso da
linguagem, esses significados ganham maior abrangência, dando origem a
conceitos, ou seja, significados partilhados por grande parte do grupo social. A
linguagem, além disso, irá integrar-se ao pensamento, formando uma importante
base sobre a qual se desenvolverá o funcionamento intelectual. O pensamento
pode ser entendido, desta forma, como um diálogo interiorizado.
Objetos e conceitos existem, inicialmente, sob a forma de eventos
externos ao indivíduo. Para se apropriar desses objetos e conceitos é preciso que
a criança identifique as características, propriedades e finalidades dos mesmos. A
apropriação pressupõe, portanto, gradativa interiorização. Através desse
processo, é possível aprender o significado da própria atividade humana, que se
encontra sintetizada em objetos e conceitos. Assim, ao se analisar uma mesa,
pode-se notar que ela resume, em si, anos de trabalho e tecnologia: é preciso
maquinário apropriado para lixar a madeira, instrumentos como o martelo e
chaves de fenda para montá-la, apetrechos para refiná-la, como lixa e verniz.
Entender o que significa uma mesa implica conhecer as suas principais
características e finalidades – mesa para jogar, comer, estudar etc. –,
compreendendo o quanto de esforço foi necessário para concebê-la e realizá-la.
A Psicologia da Aprendizagem estuda o complexo processo pelo qual as
formas de pensar e os conhecimentos existentes numa sociedade são apropriados
pela criança. Para que se possa entender esse processo é necessário reconhecer a
natureza social da aprendizagem. Como já foi dito, as operações cognitivas
(aquelas envolvidas no processo de conhecer) são sempre ativamente construídas
na interação com outros indivíduos.
52
Em geral, o adulto ou outra criança mais experiente fornece ajuda direta
à criança, orientando-a e mostrando-lhe como proceder através de gestos e
instruções verbais, em situações interativas. Na interação adulto-criança,
gradativamente, a fala social trazida pelo adulto vai sendo incorporada pela
criança e o seu comportamento passa a ser, então, orientado por uma fala interna,
que planeja a sua ação. Nesse momento, a fala está fundida com o pensamento da
criança, está integrada às suas operações intelectuais.
Reconhece-se, dessa maneira, que as pessoas, em especial as crianças,
aprendem através de ações partilhadas mediadas pela linguagem e pela instrução.
A interação entre adultos e crianças, e entre crianças, portanto, é fundamental na
aprendizagem. A Psicologia da Aprendizagem, aplicada a educação e o ensino,
busca mostrar como, através da interação entre professor e alunos, e entre os
alunos, é possível a aquisição do saber e da cultura acumulados.
O papel do professor nesse processo é fundamental. Ele procura
estruturar condições para ocorrência de interações professor-alunos-objetos de
estudo, que levem à apropriação do conhecimento. De maneira geral, portanto,
essa visão de aprendizagem reconhece tanto a natureza social da aquisição do
conhecimento como o papel preponderante que nela tem o adulto. Estas
considerações, em conjunto, têm sérias implicações para a Educação: procede-se,
na aprendizagem, do social para o individual, através de sucessivos estágios de
internalização, com o auxílio de adultos ou de companheiros mais experientes.
(Cláudia Davis e Zilma de Oliveira, “Psicologia na Educação”, págs.: 20-21-22).
Vejamos aqui como pensam os nossos grandes contribuidores da
psicologia da aprendizagem : Jean Piaget e Lev Vygotsky.
a) - Piaget: - Se dá a partir do desenvolvimento maturacional e tem pouco
impacto sobre ele. É um processo mais restrito que o desenvolvimento, pois é
53
subordinado ao processo de equilibração e maturação. A aprendizagem é causada
por situações específicas, ou seja, o desenvolvimento precede a aprendizagem.
Propõe uma continuidade na passagem das condutas motoras às mentais.
b) - Vygotsky: - É fonte do desenvolvimento, pois engendra a área de
desenvolvimento potencial. O processo de desenvolvimento segue o da
aprendizagem e, portanto, esses dois processos não são coincidentes nem
paralelos: são diretamente ligados e influenciam-se reciprocamente. O ensino
escolar orienta e organiza os processos internos do desenvolvimento. O conceito
de zona de desenvolvimento proximal é fundamental para o ensino. A natureza
do desenvolvimento vai da transformação do biológico para o sócio-histórico.
(Claisy Marinho, Contribuições Teóricas: Piaget e Vygotsky)
3.2 – A PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
“Para se estudar o desenvolvimento das crianças, deve-se começar com
um entendimento da unidade dialética entre suas linhas radicalmente diferentes:
a biológica e a cultural. Para adequadamente estudar tal processo, é preciso
conhecer estes dois componentes e as leis que governam seu entrelaçamento a
cada estágio de desenvolvimento infantil” (Vygostky, 1978).
Desenvolvimento é o processo pelo qual o indivíduo constrói ativamente,
nas relações que estabelece com o ambiente físico e social, suas características.
Ao contrário de outras espécies, as características humanas não são
biologicamente herdadas, mas historicamente formadas. De geração a geração, o
grau de desenvolvimento alcançado por uma sociedade vai sendo acumulado e
transmitido, indo influir, já desde o nascimento, na percepção que o indivíduo vai
54
construindo sobre a realidade, inclusive no que se refere às explicações dos
eventos e fenômenos do mundo natural.
Para que a apropriação das características humanas se dê, é preciso que
ocorra atividade por parte do sujeito: é necessário que sejam formadas ações e
operações motoras e mentais, como, por exemplo, empilhar, puxar, comparar,
ordenar.
A formação dessas habilidades se dá ao longo da interação do indivíduo
com o mundo social. Ele deve dominar o uso de um número cada vez maior de
objetos e aprender a agir em situações cada vez mais complexas, buscando
identificar os significados desses objetos e situações.
A Psicologia do desenvolvimento pretende estudar como nascem e como
se desenvolvem as funções psicológicas que distinguem o homem de outras
espécies. Ela estuda a evolução da capacidade perceptual e motora, das funções
intelectuais, da sociabilidade e da afetividade do ser humano. Descreve como
essas capacidades se modificam e busca explicar tais modificações. Por
intermédio da Psicologia do Desenvolvimento é possível constatar que as
manifestações complexas das atividades psíquicas no adulto são frutos de uma
longa caminhada. Daí a importância desta disciplina para a Pedagogia: subsidiar
a organização das condições para a aprendizagem infantil, de modo que se possa
ativar, na criança, processos internos de desenvolvimento, os quais, por sua vez,
serão transformados em aquisições individuais. (Cláudia Davis e Zilmar de
Oliveira, “Psicologia na Educação”, págs.: 19-20)
Contribuições para a Psicologia do Desenvolvimento:
Um
dos
mais
conhecidos
contribuidores
na
Psicologia
do
Desenvolvimento, Erik Erikson, foi o que introduziu as teorias da identidade, a
55
crise de identidade (termo do qual ficou muito popular), e o desenvolvimento
psicossexual e psicossocial. (Fonte: Multimedia Encyclopedia - Grolier
Electronic Publishing Inc.-1996)
Porém, é muito importante ressaltar as visões dos grandes nomes conhecidos na Psicologia do
Desenvolvimento: Jean Piaget e Lev Vygotsky. Vejamos:
a) - Piaget: - Privilegia a maturação biológica: os fatores internos preponderam
sobre os externos e a interação com o objeto gera a construção de estruturas
cognitivas, a partir da ação independente e autônoma da criança sobre o meio
físico. Aponta uma seqüência de estágios ou fases, irreversíveis, através dos
quais o desenvolvimento ocorre. O desenvolvimento é um processo autônomo e
espontâneo que se apoia, predominantemente, na maturidade biológica. A
afetividade é vista como trocas interpessoais. O desenvolvimento é a evolução
dirigida
pelas
necessidades
internas
de
equilíbrio:
equilibração
>
adaptação. A criança é um ser pré-social, do nascimento até o aparecimento da
fala.
b) - Vygotsky: - Privilegia o ambiente social e a presença do “outro social” na
construção das funções psico-intelectuais superiores, que vão surgindo no curso
do desenvolvimento. O desenvolvimento mental acontece em 2 níveis: o nível de
desenvolvimento efetivo e a área de desenvolvimento potencial. A internalização
das atividades socialmente enraizadas e historicamente desenvolvidas é a
característica principal do desenvolvimento: um processo interpessoal é
transformado num processo intrapessoal. Todas as funções no desenvolvimento
da criança aparecem duas vezes: primeiro no nível social (interpsicológica) e,
depois, no nível individual (intrapsicológica). O desenvolvimento é a
apropriação ativa do conhecimento social disponível. Vygotsky considera um
mediador do desenvolvimento especificamente humano: a linguagem. (Claisy
Marinho, “Contribuições Teóricas: Piaget e Vygotsky”).
56
A Psicologia do Desenvolvimento sob o ponto de vista psicoanalítico: - Sigmund Freud é o
responsável pela descrição do desenvolvimento afetivo- emocional das crianças. Esse desenvolvimento,
ainda segundo os textos de divulgação, começaria com uma fase oral, onde predominam os interesses
ligados à boca (amamentação, sucção), uma fase anal, onde os interesses se ligam ao prazer de defecar e
de manipular as fezes, e uma fase fálica, em que a criança passa a se interessar pela existência o pênis.
Tais fases se relacionam à predominância de uma determinada pulsão parcial, responsável pela
emergência do interesse a ela correspondente.
De fato, as bases para a descrição das fases de desenvolvimento são freudianas, mas sua
formulação se deve na verdade a um de seus discípulos, Karl Abraham. Talvez essa categoria, a do
desenvolvimento emocional, tenha sido criada para marcar uma oposição em relação às descrições
pedagógicas basicamente cognitivas ou intelectuais, pois na realidade Freud não pretendeu descrever nada
parecido com o “desenvolvimento emocional de uma criança”. No entanto é assim que sua teoria está
identificada em nosso meio.
3.3 – A
PSICANÁLISE E EDUCAÇÃO
“Quer-se entender o que uma criança pensa? Leia-se Piaget. Quer-se entender o
que é que sente uma criança, ou porque é agressiva? Leia-se Freud.” (Maria Cristina
Kupfer, “Freud e a Educação”, p. 64)
“A fala fundamental, que é então inconsciente, é o elemento dinâmico
essencial. Por que será que ela é inconsciente naquele momento? Porque ela
ultrapassa infinitamente aquilo que os dois, como indivíduos, podem então
apreender conscientemente dela. A descoberta do inconsciente, tal como ele se
mostra, no momento do seu surgimento histórico, com sua dimensão plena, é que o
alcanse do sentido ultrapassa infinitamente os sinais manipulados pelo indivíduo.
Sinais, o homem solta sempre muito mais do que ele pensa. É disto que se trata na
descoberta freudiana – de uma nova impressão de homem. O homem, depois de
Freud, é isso” (Jacques Lacan, “O Eu na teoria de Freud e na Técnica da
Psicanálise”, p.158).
Um pequeno relato histórico da Psicanálise na Educação:
- Sigmund Freud acalentava o sonho de que um dia a Psicanálise pudesse ser
colocada a serviço da sociedade como um todo e, principalmente, da Educação.
Por volta de 1908, ele julgava existir uma relação entre a repressão sexual
exercida pela vida de sua época e o aumento de neuroses. Se assim fosse, bastaria a
princípio, propor à sociedade práticas educativas não-repressivas e respeitadoras,
entre outras coisas, da sexualidade infantil recém-descoberta por ele. Nessa época,
Freud também acreditava que se devia, no decorrer do processo educativo, esclarecer
as crianças quanto à verdadeira realidade sexual de suas vidas, o que também
evitaria a instalação de neuroses.
Porém, no final de sua vida, Freud mudou de idéia. Para ele, a educação
sexual, as práticas educativas não-repressivas, não garantem que a neurose seja
57
evitada. O tom desses escritos finais é amargo. Contudo, sua filha Anna Freud
dedicou-se à pesquisa das bases psicanalíticas para uma pedagogia. Supunha que a
Psicanálise poderia ser transmitida aos professores enquanto saber teórico. Através
de seus livros, muitos professores entraram em contato com aquilo que passou a ser
chamado de desenvolvimento afetivo das crianças. Os estágios psicossexuais: os
estágios oral, anal e fálico.
Hoje, pouco resta dos esforços de Anna Freud. Basicamente, esse conhecimento
teórico revelou-se inoperante, ou seja, não se converteu num instrumento útil ao
educador, que o abandonou. (Maria Cristina Kupfer, “Freud e a Educação”, p.7)
Atualmente, são muitos os psicanalistas que negam a possibilidade de existir
uma pedagogia analítica, ou de uma psicanálise aplicada à Educação, entendendo-se
aí uma construção de métodos e de instrumentos de trabalho de inspiração
psicanalítica que se apliquem à situação de ensino propriamente dita. Isso porque a
natureza da Psicanálise, segundo esses autores, é em tudo contrária à natureza da
Pedagogia.
Foram pelo menos três as direções tomadas pelos teóricos interessados no
casamento da Psicanálise com a Educação.
A primeira foi a tentativa de criar uma nova disciplina, a Pedagogia
Psicanalítica, empreendida principalmente por Oskar Pfister e Hans Zulliger, na
Suíça, no início do século XX.
A segunda consistiu no esforço a que se dedicaram alguns analistas para
transmitir a pais e professores a teoria psicanalítica, imaginando que estes, de posse
desse conhecimento, pudessem evitar que as neuroses se instalassem em seus filhos e
alunos. Anna Freud, a filha de Freud, foi a principal representante desse grupo, não
tendo medido esforços no sentido de levar aos professores o modo psicanalítico de ver
a criança. Na Inglaterra, Melanie Klein e seus discípulos dedicaram-se também a
obras de divulgação da Psicanálise para pais.
A terceira direção, mais recente, não diz respeito exatamente ao casamento da
Psicanálise com a Educação. Trata-se, sobretudo, de uma tentativa mais difusa de
transmitir a Psicanálise a todos os representantes da cultura interessados em ampliar
sua visão de mundo. Nesse movimento, que se iniciou na França dos anos 60 e se
estendeu de modo menos vigoroso ao Brasil, intelectuais de diversas procedências,
entre eles alguns educadores, acorreram aos seminários e cursos de divulgação da
Psicanálise, consumiram livros, ouviram programas de rádio e televisão, buscando
com isso um instrumento a mais com que elaborar, cada um em sua área, o trabalho
que tinham a desenvolver.
A crítica literária passou a adotar referenciais psicanalíticos, o cinema nutriuse intensamente de alusões ao inconsciente, às identificações e a outros temas
psicanalíticos. E, através de um movimento de troca, matemáticos, lingüistas, físicos,
forneceram novas bases teóricas em que a moderna Psicanálise se apoiou.
58
Embora o “derramamento” da Psicanálise sobre a cultura tenha sido amplo,
não chegou a atingir de modo significativo os educadores brasileiros. (Maria Cristina
Kupfer, “Freud e a Educação”, págs.: 62-63)
Em 1939, ano de sua morte, Sigmund Freud concluiu que: “...não há como
criar uma metodologia pedagógico-analítica, pois qualquer metodologia implica
ordem, estabilidade, previsibilidade.” E mais: “...o psicanalista não tem controle
sobre os efeitos que produz. Ele pode saber o que se passa, para onde deve dirigir a
cura, mas não sabe por quais caminhos o sujeito em análise acabará finalmente
por enveredar. E do mesmo modo o educador inspirado por idéias psicanalíticas
renuncia a uma atividade excessivamente programada, instruída, controlada com
rigor obsessivo. Aprende que pode organizar seu saber, mas não tem controle
sobre os efeitos que produz sobre seus alunos. Não conhece as muitas repercussões
inconscientes de sua presença e de seus ensinamentos. Pensar assim pode levar o
professor a não dar tanta importância ao conteúdo que se ensina, mas a passar a
vê-los como a ponta de um iceberg muito mais profundo, invisível a seus olhos.
Pode-se dizer, por isso que a Psicanálise pode transmitir ao educador (e não a
Pedagogia, como um todo instituído) uma ética, um modo de ver e de entender sua
prática educativa.” (Maria Cristina Kupfer, “Freud e a Educação”, páginas: 96-9798)
Freud discorreu amplamente sobre o poder que são revestidos a educadores e
professores , e sobre a tentação de se abusar dele. Falou também, que é desse poder
que a Pedagogia extrai sua eficácia. Ela precisa reprimir para ensinar. Precisa da
energia libidinal sublimada – e não sexualizada. Como fazer uso do controle e ao
mesmo tempo renunciar a ele?
Cessa aí, então, a atuação da Psicanálise (ou melhor dizendo, o casamento da
Psicanálise com a Educação). Nada mais se pode esperar dela, caso se queira ser
coerente com aquilo de que se constitui essencialmente: uma aventura freudiana.
(Maria C. Kupfer, “Freud e a Educação”, p.97).
Recorramos agora ao referencial junguiano, para não ficarmos somente com os
conceitos de Freud, pois esse mesmo mudou, ou refez, o seu conceito sobre
Psicanálise e Educação, anos mais tarde, como acabamos de ver.
3.3.1 – JUNG E A EDUCAÇÃO
Carl Gustav Jung (1875-1961), suíço, psiquiatra e fundador da Psicologia
Analítica. Foi profundamente influenciado pelos os escritos de Sigmund Freud, sobre
doenças mentais e sonhos. Através de seus estudos sobre Educação, pode-se
entender sob outra perspectiva, uma visão psicoanalítica da Educação.
Jung, distinguia três tipos de educação sobre os quais vale apena discorrer:
59
a) - A educação pelo exemplo
b) - A educação coletiva consciente
c) - A educação individual
a) - A educação pelo exemplo:
- Neste caso, Jung se refere ao aspecto da imitação. Afirma que ela ocorre
“espontaneamente e de modo inconsciente” e lhe confere grande importância: tratase de um método que será sempre eficiente, mesmo quando os outros falharem, uma
vez que se fundamenta “em uma das propriedades primitivas da psique”. Por outro
lado, um mau exemplo pode anular o melhor método educacional consciente. Tratase de uma espécie de contágio psíquico, que bem pode estar por trás da “atmosfera
favorável” ao aprendizado, de que fala Read (1982). A esse respeito, Von Franz
(1985) afirma que a maior dificuldade com o homem primitivo é arrancá-lo de sua
letargia. Por isso, toda vez que precisa fazer algum trabalho, cria um ritual,
freqüentemente envolvendo cantos e batuques, cuja finalidade é excitar e canalizar a
energia psíquica, a qual ela, utilizando uma palavra do idioma espanhol, chama de
gana, citando seu uso pelos índios latino-americanos. A autora chega a aconselhar os
professores, dizendo que “as crianças não são preguiçosas, têm a mesma dificuldade
dos indivíduos primitivos para deslanchar. Uma vez que estejam apaixonadamente
envolvidas, não poderão parar”.
b) - A educação coletiva consciente:
Aqui, a educação concerne a regras, princípios e métodos, que são necessariamente
da natureza coletiva, pelo menos no sentido em que devem ser válidos e aplicáveis a
um determinado número de indivíduos. Existe um risco de incorrermos em uma
excessiva uniformização, de modo que o indivíduo seja capaz de responder
perfeitamente às normas e aos processos coletivos segundo os quais foi educado,
esteja perfeitamente adaptado a situações e problemas já conhecidos, mas demonstre
insegurança quando se tratar de tomar uma decisão individual, uma vez que lhe
faltem regras conhecidas. Jung não considera esse tipo de educação menos
importante. Na verdade, ele a considera indispensável e insubstituível, não devendo
ser desprezada em favor de uma educação individual. A uniformidade fornecida por
uma coletividade, pode ter efeitos benéficos para crianças portadoras daquilo que
Jung chama de “várias anormalidades psíquicas, quer sejam inatas ou
adquiridas”. Acrescentando que inclui nessa classificação “as crianças mimadas ou
estragadas”. Não só considera a educação coletiva imprescindível, como é de opinião
que, para muitos indivíduos, ela é suficiente.
c) - A educação individual:
- Neste caso, regras, princípios e métodos coletivos devem ficar em segundo
plano, para que se desenvolva a “índole específica do indivíduo”. Jung coloca como
merecedores desse tipo de educação todos os educandos que apresentarem resistência
à educação coletiva, como por exemplo aqueles portadores de alguma debilidade
mental. Ainda segundo Jung, precisam desse tipo de formação “os indivíduos que
60
não são de todo incapazes de formação e mostram até dotes especiais; são, porém
tipos esquisitos e de orientação restrita”. E aqui, uma afirmação que não deixa de
ser surpreendente: “A singularidade mais comum é a incapacidade de entenderem
a Matemática, desde que ultrapasse o campo em que é expressa em números
concretos”.
É interessante notar que Jung coloca a educação individual e a coletiva como
opostas, uma perseguindo o que a outra despreza. É possível que essa opinião esteja
fortemente influenciada pela passagem do próprio Jung pela escola, não sendo de
modo nenhum desprezível a sua experiência negativa com a Matemática. (Cláudio
Saiani, “Jung e a Educação”: Uma análise da relação professor / aluno, págs.: 1314-15-16)
61
CAPÍTULO IV
4- DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E FRACASSO
ESCOLAR
“Dificuldades” de Aprendizagem ou “Distúrbios” de Aprendizagem?
Não se deve confundir o termo “dificuldades” de aprendizagem com o termo
“distúrbios” de aprendizagem. “Dificuldade” quer dizer qualidade do que é difícil,
embaraço, estorvo. E “Distúrbio”: - perturbação, agitação, desordem, motim,
traquinice (Dic. Muchaelis-UOL).
Dificuldades de aprendizagem: - Subentende-se que essas dificuldades são
problemas, as vezes superficiais, como ajustamento ao meio social ou
pedagógico. Podem também se relacionar à uma fase delicada e transitória,
que a criança ou adolescente, possa estar passando, que em geral não são tão
difíceis de serem resolvidas. Podem levar até poucos meses para serem
solucionadas, dependendo, claro, do esforço e do temperamento da criança
ou adolescente. Geralmente problemas de separação dos pais ou perda de
um ente querido e até mesmo a chegada de um novo irmãozinho, podem
gerar um conflito provocando na criança (ou adolescente) um déficit de
atenção, nervoso, desânimo, ansiedade etc. Mas isso tudo não quer dizer que
a pessoa perca seus atributos naturais em relação a aprendizagem. Vejamos
os aspectos pedagógicos e sociais na vida do sujeito, na sua integração com a
instituição em que aprende e o seu lado social.
Aspectos pedagógicos: - Contribuem muitas vezes para o aparecimento de uma “formação
reativa” aos objetos da aprendizagem escolar. Tal quadro confunde-se, às vezes, com as dificuldades de
aprendizagem originadas na história pessoal e familiar do aluno.
Neste conjunto de fatores, estão incluídas as questões ligadas à metodologia do ensino, à
avaliação, à dosagem de informações, à estruturação de turmas, à organização geral, etc., que influindo na
qualidade do ensino, interferem no processo ensino-aprendizagem. Ficam diminuídas, assim, as condições
externas de acesso do aluno ao conhecimento via escola. Concordamos com Vygotsky (1989) quando
enfatiza que o “único bom ensino é o que adianta ao desenvolvimento” (Maria Lúcia L. Weiss,
“Psicopedagogia Clínica”, p. 24).
Uma boa escola deveria ser estimulante para o aprender; por essa razão, concordamos que a
função básica dos profissionais da área de educação deveria:
a) - Melhorar as condições de ensino para o crescimento constante do processo de ensinoaprendizagem e assim prevenir dificuldades na produção escolar;
b) - Fornecer meios, dentro da escola, para que possa superar dificuldades na busca de
conhecimentos anteriores ao seu ingresso na escola;
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c) - Atenuar ou, no mínimo, contribuir para não agravar os problemas de aprendizagem
nascidos ao longo da história pessoal do aluno e de sua família.
Essa função do educador se distingue da do clínico que terá por obrigação intervir, buscando
remover as causas profundas que levaram ao quadro do não-aprender.
Aspectos sociais: - Estão ligados à perspectiva da sociedade em que estão inseridas a família e
a escola. Incluem, além da questão das oportunidades, o que já foi comentado, o da formação da ideologia
em diferentes classes sociais. A busca do conhecimento escolar, recorte do acervo de uma cultura, servirá
para quê? Permitirá uma definição de classe? Permitirá uma ascensão social? Será um meio para melhoria
das condições econômicas? Responde a uma expectativa de classe? Essas e outras questões necessitam
ser pensadas durante o diagnóstico. Por exemplo, quando a família tem possibilidade de escolher a escola
para seu filho, ela o faz visando à manutenção de sua ideologia.
É outro exemplo a falsa democratização de algumas escolas em que se dá a mistura de
crianças de classe média de ampla base cultural com crianças de camadas menos favorecidas da
população, sendo estas últimas expelidas da escola por duas reprovações. Essa escola que “finge” aceitar
a diversidade cultural constrói nessas crianças a baixa auto-estima, o sentimento de inferioridade que
carregam para outras escolas ditas mais fáceis. Isto acontece porque, na realidade, não fazem dentro da
escola modificações curriculares e pedagógicas que auxiliem a criança menos favorecida a ter uma
ascensão no conhecimento e se igualar com as do primeiro grupo (Maria Lúcia L.Weiss, “Psicopedagogia
Clínica”,p. 24).
Distúrbios da aprendizagem: - o assunto é bem mais sério, pois envolve todo um conjunto de
fatores e cuidados especiais nos aspectos neurológicos, orgânicos e afetivos.
Quanto aos aspectos neurológicos podemos citar os distúrbios psiconeurológicos: - Termo
usado por Johnson e Myklebust (1983) e outros, para caracterizar as dificuldades para aprender,
decorrentes de uma disfunção cerebral a nível de sistema nervoso central (António Manuel Pamplona
Morais, “Distúrbios da Aprendizagem”, p. 91).
É importante ressaltar, que independente do tipo de aprendizagem, os distúrbios para aprender,
ocasionados por uma disfunção neurológica, eqüivalem apenas a uma dificuldade para ler, por exemplo,
passível de reeducação e, nunca a uma incapacidade para aprender.
De acordo com Quirós e Della Cella (1965), quando existem distúrbios neurológicos na criança
disléxica, por exemplo, estes referem-se á Disfunção Cerebral Mínima (DCM), a qual se caracteriza por:
a) - Hiperatividade: - Este sintoma manifesta-se pela incapacidade da criança frear os
impulsos frente aos estímulos ambientais. Desta incapacidade resulta o fato da criança estar sempre em
constante movimento e não conseguir se concentrar por muito tempo numa mesma atividade. No entanto,
é importante salientar que Disfunção Cerebral Mínima não é sinônimo de Hiperatividade. Podem existir
crianças DCM e que apresentam um comportamento hipoativo, ou seja, não reagem à estimulação
ambiental caracterizando-se por seus comportamentos apáticos.
De acordo com a revista ESCOLA (n.º 132, maio de 2000, págs. 30-31), esse tipo de distúrbio
ainda não tem uma causa única comprovada. Sabe-se que a origem é genética e que seus portadores
produzem menos dopamina, um neurotransmissor responsável pelo controle motor e pelo poder de
concentração, que atua com maior intensidade nos gânglios frontais do cérebro. Isso explica o fato de os
hiperativos não se concentrarem e esquecerem facilmente o que lhes é pedido. Pela alta incidência em
meninos – cerca de 80% dos casos – , acredita-se que o problema possa estar relacionado também ao
hormônio masculino testosterona.
Três fatores principais ajudam a distinguir o hiperativo da criança que tem apenas um distúrbio
de atenção mais leve e daquela que busca apenas chamar atenção: a contínua agitação motora, a
impulsividade e a impossibilidade de se concentrar, seja em brincadeiras ou em atividades pedagógicas.
63
b) - Perturbações perceptuais: - Dificuldades perceptivas a nível de análise-síntese e
figura-fundo.
c) - Perturbações de Imagem Corporal: - Manifestam-se pelas dificuldades de fazer
representações corporais e de orientar o corpo no espaço.
d) - Perseverações: - Grandes dificuldades de passar uma atividade para outra.
e) - Sinais neurológicos: - Existência de certos reflexos primitivos que não deveriam mais
existir e perturbações no eletroencefalograma (EEG). No entanto, a ausência de perturbações no EEG.
Não nega a DCM. Em relação ao eletroencefalograma, Quirós afirma que as crianças disléxicas não
apresentam modificações de EEG que possam ser classificadas como sendo típicas da dislexia.
f) - Motricidade: - As dificuldades apresentadas nesta área, podem ser encontradas nos atos
motores de correr, ficar parado num só pé, e defeitos a nível fonoarticulatório.
No entanto, nos exames neurológicos tradicionais, não se têm encontrado anormalidades
significativas que possam explicar as dificuldades para aprender. Já nos exames neurológicos evolutivos,
pode-se perceber distúrbios relacionados com a imagem corporal, noções espaciais, sentido de direção,
ritmo, mas não se pode afirmar que esses distúrbios sejam peculiares à criança disléxica, pois podem ser
encontrados também em crianças sem dificuldades para ler ou não estarem presentes em adolescentes
disléxicos (Santos, 1975). ( António Manuel Pamplona Morais, “Distúrbios da Aprendizagem”, págs.: 9293).
Aspectos orgânicos: - Relacionados à construção biofisiológica do sujeito que aprende.
Alterações nos órgãos sensoriais impedirão ou dificultarão o acesso aos sinais do conhecimento. A
construção das estruturas cognoscitivas se processa num ritmo diferente entre os indivíduos normais e os
portadores de deficiências sensoriais vividas.
Diferentes problemas do sistema nervoso central acarretarão alterações, como por exemplo,
disfasias e afasias (perda da palavra falada, escrita, mímica ou tátil. Conseqüente a lesão no cérebro –
(Fonte: - Dic. Michaelis-UOL, CD-ROM) , que comprometem a linguagem e poderão ou não causar
problemas de leitura e escrita.
Na realidade, crianças portadoras de alterações orgânicas recebem, na
maioria das vezes, uma educação diferenciada por parte da família, o que pode
levar á formação de problemas emocionais em diversos níveis, provocando
maiores dificuldades na aprendizagem escolar (Maria Lúcia L. Weiss,
“Psicopedagogia Clínica”, págs. 22, 23).
Aspectos emocionais: - Estariam ligados ao desenvolvimento afetivo e
sua relação com a construção do conhecimento e a expressão deste através da
produção escolar. Remete aos aspectos inconscientes envolvidos no ato de
aprender (Maria Lúcia L. Weiss, “Psicopedagogia Clínica”, p. 23).
64
É raro a pesquisa sobre Distúrbios de Aprendizagem que não cita a
relação existente entre dificuldades para aprender a ler e escrever e fatores
emocionais. (António Manuel Pamplona Morais, “Distúrbios da Aprendizagem”,
p. 84)
Os problemas de ordem psicológicos, muitas vezes, dependendo do grau
emocional e de outros fatores psíquicos na criança, como traumas,
depressão, timidez excessiva, alto nível de déficit de atenção ou
Hiperatividade, por exemplo, podem levar muito tempo para se conseguir
sucesso na aprendizagem.
O não-aprender pode ocasionar uma dificuldade na relação da criança
com a sua família; será o sintoma de que algo vai mal nessa dinâmica.
A aprendizagem normal dá-se de forma integrada no aluno (aprendente), no seu pensar, sentir,
falar e agir. Quando começam aparecer “dissociações de campo” (Bleger, 1984) e sabe-se que o sujeito
não tem danos orgânicos, pode-se pensar que estão se instalando dificuldades na aprendizagem: algo vai
mal no pensar, na sua expressão, no agir sobre o mundo. É hora de pesquisar por onde está começando a
fratura.
Por exemplo, foram verificadas crianças que fazem “dissociações de campo” quando desenham
ou escrevem uma coisa e falam compulsivamente de outra completamente diferente, ou, no meio de uma
conversa, soltam palavras ou expressões aparentemente sem nexo. Para Françoise Dolto (1989) são saídas
do inconsciente e precisam ser interpretadas e colocadas no seu devido lugar. (Maria Lúcia L. Weiss,
“Psicopedagogia Clínica”, p. 22)
Fracasso Escolar: - O que significa o termo “fracasso”? – O fracasso, opondo-se ao
sucesso, implica um julgamento de valor; ora, esse valor é função de um ideal. Um sujeito se constrói
perseguindo ideais que se apresentam a ele no decorrer de sua existência. Ele é assim, o produto de suas
identificações sucessivas, que formam a trama do seu ego (Anny Cordié, “Os Atrasados Não Existem”,
pág. 20) .
Ser bem-sucedido na escola é ter a perspectiva do ter, mais tarde, uma bela situação, de ter
acesso, portanto, ao consumo de bens. Significa também “ser alguém”, isto é, ser considerado, respeitado.
O dinheiro e o poder, dizem, não são eles a “felicidade”? o próprio Estado alimenta essa aspiração. Para
ser grande, uma nação não deve sempre aumentar suas riquezas e suas competências?
O fracasso escolar pressupõe a renúncia a tudo isso, a renúncia ao gozo. Quando se fala do
futuro para uma criança em situação de fracasso escolar, muito freqüentemente ela evoca o fato de que se
tornará um mendigo. Para muitas crianças é algo temido, angustiante, é o que se espera “se elas não
trabalharem na escola”. (Anny Cordié, “Os Atrasados Não Existem”, p. 21).
“O fracasso escolar é uma patologia recente. Só pôde surgir com a instauração da escolaridade
obrigatória no fim do século XIX e tomou um lugar considerável nas preocupações de nossos
contemporâneos em conseqüência de uma mudança radical da sociedade. Também nesse caso, não é
somente a exigência da sociedade moderna que causa os distúrbios, como se pensa freqüentemente, mas
um sujeito que expressa seu mal-estar na linguagem de uma época em que o poder do dinheiro e o
sucesso social são valores predominantes. A pressão social serve de agente de cristalização de um
65
distúrbio que se inscreve de forma singular na história de cada um.” (Anny Cordié, 1996). (Leny
Magalhães Mrech, “Psicanálise e Educação”, p. 40).
Das dificuldades de aprendizagem se origina, muitas vezes, o fracasso escolar. Cabe aos
educadores, então, observarem bem, em todos os aspectos já comentados que envolvem seus alunos; e aos
pedagogos, observarem bem todas as estruturas que envolvem a instituição de ensino em que trabalham,
para com isso proporcionar maior conforto a seus alunos e poder assim garantir um sucesso escolar para
todos.
4.1 – ALFABETIZAÇÃO
Quando a queixa escolar sobre dificuldade de aprendizagem ou produção escolar diz respeito a
crianças em processo de alfabetização, a questão exige uma reflexão sobre aspectos teóricos do assunto.
Com as pesquisas de Emília Ferreiro e colaboradores sobre a psicogênese da língua escrita mudou-se a
concepção alfabetização, o que acarreta o reposicionamento das patologias nessa etapa da aprendizagem.
A alfabetização não é mais vista como a transmissão de um conhecimento pronto que, para recebê-lo, a
criança teria que ter desenvolvidas habilidades, possuir pré-requisitos, enfim, apresentar uma “prontidão”.
A alfabetização é resultante da interação entre a criança, sujeito construtor do conhecimento, e a língua
escrita (Maria Lúcia L. Weiss, “Psicopedagogia Clínica”, pág. 95).
Um diagnóstico apoiado nessa visão leva em consideração a possibilidade de o aluno penetrar
no significado do que escreve ou lê, no uso dessa língua escrita como transmissora de informações, como
elemento que proporciona prazer, que permite comunicar com um interlocutor ausente e como meio de
registrar o que precisa ser recordado. A exigência de que a criança formalize a escrita dentro de certas
regras em certo prazo pode ser uma questão ligada à cobrança escolar de avaliar o produto. Dependendo
da maneira como for colocada, ela pode ser geradora de grandes dificuldades na escrita e leitura nessa
etapa e no seu desenvolvimento posterior, não sendo uma questão de problema pessoal, mas de
metodologia escolar.
O diagnóstico psicopedagógico, levando em conta essa nova visão, usará situações em que o
ler e o escrever tenham um significado para o paciente. Por exemplo: em jogos, desenhos, pinturas,
palavras cruzadas, construções diversas, dramatizações, divertimentos com revistinhas e livros de história.
É fundamental observar o modo como o paciente se aproxima ou evita essas atividades, sua postura, as
tensões e contrações, a dissociações de campo que ocorrem, o abandono da tarefa e a temática do
material escolhido para ler ou escrever.
É preciso que se teça uma correlação entre a qualidade do que o paciente pode produzir como
texto ou obter como leitura e a exigência a que está submetido na escola. Por exemplo, há um choque
entre as possibilidades reais de uma criança pré-silábica no seu processo de evolução da escrita
(psicogênese) e a exigência de reproduzir material de uma cartilha de palavração, dentro de curto período
de tempo.
O desrespeito ao ritmo de construção da criança no ler e escrever pode criar uma dificuldade
que se avoluma como “bola de neve”, podendo chegar a estancar o seu processo de verdadeira
alfabetização. Ela começa a apelar exclusivamente para a memória e, a partir de um certo ponto, passa a
não caminhar mais, ou mesmo a se recusar a cumprir qualquer tarefa relacionada à leitura e à escrita.
Muitos encontram-se relacionados a esse tipo de dificuldade, em que a grande ansiedade passa a
bloquear a aprendizagem, em função do despreparo da escola em lidar com o desencontro entre o ritmo
de algumas crianças e o ritmo geral da turma.
Alguns casos de problemas na alfabetização podem estar relacionados ao simbólico da questão,
influindo, de forma inconsciente, no ato de ler ou de escrever. Assim, “não quero crescer”, “não posso
‘ler’ a minha família”, “não posso ‘ler’ o meu papel no mundo que me cerca”, “não posso registrar o que
não desejo, o que quero esquecer”. O domínio da alfabetização representa autonomia, crescimento diante
dos pais e do mundo (Maria Lúcia L. Weiss, “Psicopedagogia Clínica”, págs. 95 e 96).
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De acordo com o dicionário Aurélio, a Psicopedagogia “é o estudo da atividade psíquica da
criança e dos princípios que daí descorrem, para regular a ação educativa do indivíduo”. A
Psicopedagogia vai além da aplicação da psicologia, pois não pode ser vista sem um caráter
interdisciplinar, que implica a dependência da contribuição teórica e prática de outras áreas de estudo para
se constituir como tal. Por outro lado, a Psicopedagogia não é apenas o estudo da atividade psíquica da
criança e dos princípios que daí descorrem, visto que ela não se limita à aprendizagem e,
consequentemente, inclui quem está aprendendo, independente de ser criança, adolescente ou adulto.
(Teresinha de Jesus de Paula Costa, “Psicopedagogia, Diversas faces, múltiplos olhares”, Págs.: 34-35)
4.2
– LEITURA E ESCRITA
O ensino em sala de aula tem como ponto de partida a compreensão das quatro habilidades
fundamentais da linguagem verbal: a leitura, a escrita, a fala e a escuta. Destas, a leitura é a habilidade
mais difícil e complexa. A leitura é pois, uma habilidade a ser adquirida; não nascemos leitores. Sendo
um processo de aquisição da linguagem, compreende duas operações fundamentais: a decodificação e a
compreensão.
a) - A decodificação é a capacidade que temos, como escritores / leitores / aprendentes de uma
língua, de identificar um signo gráfico por um nome ou por um som da fala, denominado “fonema”. As
vogais e consoantes e as semivogais são exemplos de fonemas. As letras, de grafemas. Fonemas e
grafenas, juntos, dão-nos a metalinguagem necessária para a leitura.
b) - A compreensão, outra etapa do processo lectoescritor e, decerto, a mais importante na
aquisição da linguagem, é a captação do sentido ou conteúdo das mensagens escritas. Sua aprendizagem
se dá por meio do domínio progressivo de textos escritos cada vez mais complexos. (Vicente Martins,
“Psicopedagogia, Diversas Faces, Múltiplos Olhares”, págs.: 74-75-76)
4.2.1 – LEITURA
Para avaliar o desenvolvimento da leitura em outros níveis, é interessante o uso de material
com significado completo. Assim, há inúmeras coleções de livros de história bastante atraentes que
possibilitam uma boa graduação de 1a a 4a séries. Exemplos de livros são os das coleções Gato e Rato e
das Estrelinhas, da Editora Ática, adequadas para classes de alfabetização e 1a série. Na avaliação com
adolescentes, é bom usar crônicas e reportagens de revistas do interesse do aluno. Há também uma
diversidade de estilos, temas e tamanho na coleção Para Gostar de Ler.
É necessário que haja uma possibilidade de escolha conforme a idade, a escolaridade do aluno
e suas reais possibilidades em relação à extensão do material. É essencial que se leia o texto completo e
não ler pedaços apenas. Não se pode esfacelar um texto, perdendo, assim, o seu significado, fazendo-se
apenas uma avaliação mecânica. É preciso resgatar, desde o diagnóstico (das dificuldades de
aprendizagem), o hábito de ler, criando-se se ele aprendeu o sentido global do texto, se é capaz de
sintetizá-lo. Por exemplo, o (a) psicopedagogo (a) desafia o paciente, com dificuldades de aprendizagem a
dizer em uma frase apenas, de que se trata a história ou a crônica. Em seguida, observa-se se captou a
seqüência temporal, se consegue estabelecer hierarquias, separando fatos principais e secundários, se
estabelece relações de causalidade, se é capaz de incluir acontecimentos menores e parciais em classes
maiores. É importante ver as relações afetivas com o texto e dos personagens entre si. Pergunta-se, então,
de que mais gostou e por quê, qual sentimento básico exprime cada personagem, em qual situação.
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Após a leitura silenciosa e sua interpretação, verifica-se a leitura oral de parte do mesmo texto,
pedindo-lhe que leia em voz alta o trecho de que mais gostou. Nesse momento, é importante avaliar a
entonação, pontuação, junção, omissão, deslocamento de letras, sílabas, palavras e frases. Na leitura em
voz alta pode-se observar a fala de modo mais formalizado e se refletir sobre a necessidade ou não de
exame complementar fonoaudiológico quando se percebe algo irregular durante a conversa.
É necessário avaliar diferentes tipos de leitura, como, por exemplo: leitura recreativa
(histórias), leitura informativa (regras de jogos), enunciado de problemas, desafios e questões diversas
(Maria Lúcia L. Weiss, “Psicopedagogia Clínica”, págs.: 97 e 98)
a) - Distúrbios da leitura: - A percepção das palavras envolve, necessariamente e, no
mínimo, dois sistemas: o visual e o auditivo. As informações simbólicas que vêm do meio ambiente, são
recebidas ou através da via visual, ou através da via auditiva, ou pelos dois sistemas de percepção
simultaneamente. No caso da leitura silenciosa (sem articulação de palavras), as informações chegam
através das vias visuais. Na leitura oral, as informações são recebidas tanto pelos órgãos de audição como
pelos órgãos visuais já que, à medida que os olhos visualizam as palavras impressas, estas são articuladas
e o som é captado pelas vias auditivas. No caso ditado, a criança recebe as informações através da
audição. Ora, se por qualquer motivo, os sistemas estão recebendo a estimulação ambiental de forma
distorcida, o cérebro processará informações erradas. É com base nestes pressupostos que se analisará os
distúrbios da leitura decorrentes das dificuldades de percepção.
b) - Leitura oral
Dificuldades de discriminação auditiva: - Quando se fala em
distúrbios de leitura relacionados às dificuldades de discriminação auditiva, não se está afirmando que as
crianças têm perda de acuidade auditiva. Sem dúvida alguma, os problemas auditivos que envolvem a
perda da audição, implicam em dificuldades de discriminação de sons, mas o contrário não é verdadeiro.
(António M. Pamplona Morais, “Distúrbios da Aprendizagem”, págs.: 103-104)
Na leitura, as trocas que ocorrem devido às dificuldades de discriminação auditiva envolvem
sons acusticamente próximos. A confusão entre estes sons está, intrinsecamente relacionada com o ponto
de articulação de cada um, no momento da emissão sonora. Ao se pronunciar um determinado fonema, os
diferentes órgãos de articulação (língua, lábios - órgãos móveis; palato, dentes - órgãos fixos),
posicionam-se num determinado ponto para que haja a emissão correta deste som. Este posicionamento
dos órgãos de articulação no momento da pronúncia, chama-se ponto de articulação.
No caso de sons acusticamente próximos, os pontos de articulação são praticamente iguais o
que leva a criança a confundir esses fonemas. Na leitura, as trocas mais freqüentes de serem constatadas
são entre: CONSOANTES, SURDAS E SONORAS.
Praticamente, a diferença que existe entre estas consoantes é a vibração das cordas vocais
(visto a proximidade do ponto de articulação). Na pronúncia das consoantes sonoras, as cordas vocais
vibram e nas surdas isso não ocorre. A criança que, apenas se detém na posição dos órgãos articulatórios
para diferenciar estes fonemas, acaba confundindo-os.
Exemplo:
CONSOANTES SURDAS
Troca de
Troca de
Troca de
Troca de
Troca de
Troca de
F (faca)
P (pala)
CH (chato)
T (toca)
S (seca)
C (cola)
CONSOANTES SONORAS
por
por
por
por
por
por
V (vaca)
B (bala)
J (jato)
D (doca)
Z (zeca)
G (gola)
Pelos mesmos motivos mencionados acima, as vogais orais e nasais podem não ser
discriminadas auditivamente, o que ocasiona troca entre elas.
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VOGAIS ORAIS
VOGAIS NASAIS
Troca de
Troca de
Troca de
Troca de
Troca de
an (anta)
en (então)
in (interior)
on (onde)
un (untar)
por
por
por
por
por
a
e
i
o
u
(ata)
(etão)
(iterior)
(ode)
(utar)
Cabe afirmar, que geralmente, as trocas relacionadas à discriminação auditiva dos diferentes
sons, são mais notórias na escrita do que na leitura. Isto ocorre pelo fato de que o professor que
acompanha a leitura oral das crianças, vai-se apoiando no sentido das palavras e/ou no contexto em que
estão inseridas e, estas confusões acabam desapercebidas (António M. Pamplona Morais, “Distúrbios da
Aprendizagem”, págs.: 103-104-105).
4.2.2 -
ESCRITA
Na avaliação (por psicopedagogo(a) ) da escrita, quando se pede ao paciente que escreva
alguma coisa para mostrar como sabe, duas condições aparecem comumente: uma é o escrever
espontaneamente, o que pode ser, às vezes, uma história ou o relato de algum fato; a segunda
possibilidade é paralisar e perguntar: “Escrever o quê?” “História de quê?” “Falo de quê?” Nesse caso
normalmente se dá liberdade ao paciente, sem pressioná-lo, para que este possa se sentir a vontade. O
psicopedagogo(a) lhe responde “o que você quiser”, “como achar melhor”. Pode-se sugerir uma história
sobre um desenho dele, ou um filme que ele tenha gostado muito, ou ainda um passeio, etc.
Avalia-se o texto, não como os detalhes de uma prova de Português, mas nos seus aspectos
mais globais e que auxiliam na compreensão da queixa formulada inicialmente. Assim, analisa-se a
noção de realidade e fantasia, a coerência interna do significado, a fluência e a criatividade, a temática e
a estrutura do texto em relação com outros dados obtidos no diagnóstico, por exemplo, se há idéia de
perda, medo, fracasso, sucesso, vitória e luta, que podem aparecer no grafismo, nas histórias do CAT, em
alguma dramatização, no trecho escolhido para a leitura oral ou nas conversas com o terapeuta.
O aspecto formal do texto pode ser visto: no seu cotidiano lógico, de começo meio e fim,
causalidade entre os fatos, estrutura espaço-temporal, e também no aspecto caligráfico, ortográfico, de
pontuação e estrutura gramatical das orações. É preciso ver se as aparentes falhas no aspecto formal têm
um significado específico para o paciente em nível inconsciente ou se são apenas patamares no
desenvolvimento da língua oral e escrita, ou se representam um desconhecimento pedagógico sem
qualquer conotação específica. Por exemplo, as omissões, trocas, acréscimos, inversões de letras, sílabas,
palavras podem ter significado de ações relacionadas com dados da vida pessoal e familiar do sujeito ou
serem simplesmente o demonstrativo das dificuldades pedagógicas iniciais existentes na construção
normal da língua escrita. Alterações na formalização da escrita aparecem também ligadas a problemas de
origem orgânica, como os motores, que impedem a facilidade de certos movimentos, o que é comum em
pacientes com lesão cerebral.
Resumindo-se avalia-se na escrita o processo de escrever, o produto final em diferentes
aspectos, o significado da escrita e suas fraturas. A temática usada no texto é significativa.
Durante a execução da leitura e da escrita, observa-se a postura corporal, o sentar, as tensões e
relaxamento, o modo de segurar o lápis e o livro, o modo de se aproximar do material, a concentração da
atenção, e o prazer de ler e escrever (Maria Lúcia L. Weiss, “Psicopedagogia Clínica”, págs.: 98-99).
A dislexia como distúrbio de leitura e de escrita: - A dislexia, como dificuldade de
aprendizagem verificada na educação escolar, é um distúrbio de leitura e de escrita que ocorre na
educação infantil e no ensino fundamental. Em geral, a criança tem dificuldade em aprender a ler e a
escrever e, especialmente, em escrever sem erros de ortografia, mesmo tendo o Quociente de Inteligência
(QI) acima da média.
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No caso da criança em idade escolar, a psicolingüística define a dislexia como um déficit
inesperado na aprendizagem da leitura (dislexia), da escrita (disgrafia) e da ortografia (disortografia) na
idade em que essas habilidades já deveriam ter sido automatizadas. É o que se denomina “dislexia de
desenvolvimento”. (Vicente Martins, “Psicopedagogia – Diversas faces, múltiplos olhares”, págs.: 84 e
85).
4.3
– A MATEMÁTICA
Quando a queixa é de dificuldade geral na aprendizagem, ou específica na Matemática, há
necessidade de se avaliar com mais detalhes essa área específica. Alguns. Alguns aspectos se destacam: o
raciocínio matemático, o cálculo, a leitura de problemas e questões.
Verifica-se o raciocínio matemático, colocando-se desafios mais lúdicos e problemas mais
formalizados, retirados de diferentes livros didáticos ou de situações reais, e construídos a partir de
propagandas, recortes de jornais e revistas. A escolha deve recair sobre a clareza do enunciado, o nível do
raciocínio compatível com a idade, escolaridade e o nível operatório da estrutura de pensamento (concreta
ou abstrata). Por exemplo, é difícil compreender o Máximo Divisor Comum e Mínimo Múltiplo Comum
se não se opera com intersecções de classes, ou fazer problemas que envolvam raciocínio de
probabilidades quando não se atingiu o operatório formal. Para excluir-se a qualidade da leitura como
variável interveniente, devem-se formular algumas questões oralmente.
A avaliação do cálculo é feita em dois níveis: o cálculo mental e a execução de cálculos
escritos. Na parte escrita, há inúmeros aspectos a serem avaliados: a capacidade de estruturar
graficamente, a construção do algoritmo das operações, o conhecimento do sistema decimal e valor
posicional dos algarismos, as propriedades das operações, a combinação nos vários tipos de expressões,
etc. É fundamental se captar a relação entre o cálculo mental e o executado por escrito, para se ver se há
coincidência ou discrepância e em que consistem (aspectos figurativos e operativos).
É necessário também ter claro que, como qualquer conteúdo escolar, há aspectos emocionais a
serem encarados na questão da Matemática. Alguns aspectos ligados a vínculos positivos ou inadequados
com a Matemática são identificados a partir da própria história escolar. Há professores que contribuem
para a construção de bloqueios e condutas aversivas com a Matemática, pelo seu discurso autoritário e
ameaçador, exigências absurdas, criação de clima geral de insegurança em sala de aula, contribuindo para
a formação de baixo autoconceito.
Por exemplo, Cláudio (13 anos – 6ª série), cujo professor dava pequenas questões de vestibular
em suas provas e sadicamente esperava o fracasso da turma durante todo o ano, só aprovando os alunos
depois de cursarem aulas de recuperação no período das férias. Cláudio dizia que a Matemática era muito
difícil, que ele somente entendia com um professor particular. Na realidade, quando Cláudio começava a
crescer na Matemática, a escola contratou esse novo professor, e sua produção em Matemática estancou.
(Maria Lúcia L. Weiss, “Psicopedagogia Clínica”, págs.: 99 e 100).
Mas nem sempre a culpa é do professor, pois existem outros fatores que envolvem o aluno, que
dificultam a aprendizagem. O aluno com déficit de atenção, por exemplo, jamais conseguirá êxito em
raciocinar ou se concentrar nos problemas de Matemática. Porém, buscando as razões pelas quais a sua
atenção lhe está sendo tirada, ou por estar passando por algum tipo de tratamento médico, a base de fortes
medicamentos, ou por um outro motivo como ansiedade, ou por ser hiperativo, etc.
Quando a inteligência da criança é voltada para a lógica e Matemática, pode-se esperar maior
êxito em todos os aspectos que envolvem o raciocínio.
Vejamos aqui como se define a Inteligência lógico - Matemática:
- Capacidade para solucionar problemas que envolvem números ou elementos matemáticos.
Facilidade para contar, fazer cálculos, criar soluções práticas de raciocínios, etc. Está ligada à simbologia
70
dos números e sinais usados em matemática. Se manifesta em físicos, engenheiros e matemáticos.
(Daniela Guima, Jornal – Correio Brasiliense, p. 5)
Ou seja, se a criança tem a sua inteligência voltada para outras modalidades, vai ser preciso
um pouco mais de tato para lhe dar com essa situação. Usando um pouco de imaginação pode-se chegar a
algum lugar. Por exemplo: brincadeiras, jogos, desenhos e até mesmo recursos audiovisuais, podem
favorecer inclusive, não deixando a criança sentir aversão à Matemática.
4.4
– A AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA
- Numa visão psicopedagógica -
A avaliação pedagógica não se limita ao conteúdo escolar. Como qualquer um dos outros
momentos do diagnóstico, a conduta do paciente deve ser vista como uma expressão global em que se
está pondo em foco o nível pedagógico, mas estarão juntos em seu funcionamento cognitivo e suas
emoções ligadas ao significado dos conteúdos e ações. É necessário que se pesquise o que o paciente já
aprendeu, como articula os diferentes entre si, como faz uso desses conhecimentos nas diferentes
situações escolares e sociais, como os usa no processo de assimilação de novos conhecimentos. É
importante definir o nível pedagógico para se verificar a adequação à série que cursa. Algumas vezes a
defasagem entre o nível pedagógico e as exigências escolares atuais podem agravar dificuldades do
paciente anteriores à escola, e outras vezes criar situações que podem vir a formar dificuldades de
aprendizagem ou produção escolar.
A maioria das queixas escolares específicas está focada na leitura, escrita e matemática, em
diferentes graus e séries. Para se planejar uma avaliação, é necessário distinguir a problemática existente
em torno do período em que se dá basicamente o processo de alfabetização da que ocorre no
desenvolvimento de leitura e escrita nas demais séries. A investigação do nível pedagógico pode ser feita
de diferentes maneiras. Uma delas é através do uso das chamadas provas pedagógicas clássicas.
Consistem estas no uso de material graduado (textos de leitura, série de problemas, etc.) com dificuldade
crescente, que posicionará o sujeito dentro de diferentes níveis de uma escala de produtos. Acredita-se
que com essa forma de se avaliar está reproduzindo o modelo da sala de aula. Estaria constatando-se
aquilo que é quase a própria queixa. Esse produto pode ser obtido na análise do material da sala de aula,
das provas e nas entrevistas com a equipe escolar, funcionando como complemento da avaliação
pedagógica do diagnóstico.
Uma avaliação não tão formalizada, que seja mais livre ou até lúdica, em que se observe o
processo de realização para, posteriormente, analisar-se o produto exige do terapeuta uma
operacionalização de conhecimentos mais amplos na área pedagógica e psicológica.
A análise do material escolar implica verificar-se a metodologia utilizada em sala de aula, ou
seja a qualidade didática. Por exemplo, no que se refere ao erro, observa-se o tipo de erro ou acerto do
paciente, o modo como esse é encarado pelo professor, se é assinalado, revisto e trabalhado na construção
do conhecimento. Observa-se também como anda a organização em nível de antecipação e estruturação
das atividades, o cuidado ou não com os seus diferentes materiais.
A entrevista escolar comumente ocorre com o orientador educacional, supervisor pedagógico
ou psicólogo escolar, que transmitem ao psicopedagogo a visão dos professores sobre a conduta em sala,
o relacionamento com os colegas e com os próprios profissionais, além da produção nas diferentes
disciplinas. Conhecer os valores e normas da escola (em termos pedagógicos e disciplinares), tipo de
exigência, tipo de clientela e corpo docente auxilia a contextualizar a queixa escolar e familiar, a se
avaliar se existe uma reação do paciente à situação escolar especifica ou se a problemática é mais pessoal
e familiar. (Maria Lúcia L. Weiss, “Psicopedagogia Clínica”, págs.: 93 e 94).
Teoria Piagetiana: - Quando o professor/psicopedagogo procura alternativas na teoria
piagetiana para intervir nas vicissitudes de aprendizagem do sujeito, encontra referências que o
circunscrevem enquanto epistêmico. Embora Piaget apresente uma relação entre cognição e afetividade,
71
não a trabalha. Ora, não encontrando nos parâmetros da teoria respaldo para a intervenção
psicopedagógica acerca dos impasses mais insistentes que lhes causam ansiedades, alguns
professores/psicopedagogos apelam para fórmulas nas técnicas, metodologias e didáticas de ensino. Daí o
grande número de intervenções tecnicistas. Volta o predomínio da técnica e o sujeito controlado é
empurrado para um papel secundário. O professor / psicopedagogo diminui o campo em que se
movimentam suas ansiedades mas abandona o sujeito.
Outros, sem referências, acolhem essas vicissitudes mas as transformam em parâmetro,
desprezando todo critério que possa mediar a modalidade de relação sujeito-objeto. Há quem desvalorize
as exigências da escola, atribuindo-lhes o papel de causa da problemática da aprendizagem do sujeito.
Tais vicissitudes assumem neste caso uma espécie de valorização, desconsiderando que o sujeito deve
sofrer em decorrência delas. Ao valorizá-las por si próprias, o professor/psicopedagogo amortece o
impacto que causam nele mesmo. Aceitando-as como regra, minimiza o desafio que representam, para o
aluno e para si, já que necessita de certa disponibilidade psíquica, ao perceber-se como sujeito de
vicissitudes. (Maria Luiza A. da Costa, “Piaget e a Intervenção Psicopedagógica”, págs.: 52-53)
Vicissitude: - mudança ou diversidade de coisas que se sucedem; alternativa, alteração;
instabilidade dos acontecimentos; eventualidade, revés. (Dic Michaelis – UOL, CD-ROM)
72
CONCLUSÃO:
A importância e a contribuição da Psicologia em todos os setores de
atividades humanas, nos dias conturbados de hoje, é muito grande, visto que a
ansiedade, as fobias, as neuroses, as perturbações têm tentado entrar na atmosfera
da vida de um indivíduo e consequentemente envolvendo tudo que lhe cerca:
família, trabalho, convívio social, etc.
Com o desenvolvimento consecutivo da Psicologia, através dos tempos,
e de grandes nomes que contribuíram e possibilitaram para que isso nos chegasse
aos dias de hoje, nos vemos garantidos de uma segurança emocional maior para
podermos enfrentar as adversidades do dia-a-dia, já que com tanto avanço na
ciência, não só no meio de comunicação, mas em outras áreas, o ser humano se
encontra emocionalmente despreparado para viver as novidades que surgem a
cada momento. E isso consequentemente atinge ainda mais as crianças, que
diante de pais modernos, ocupados demais para lhes dar a devida atenção, se
isolam em seu mundo eletrônico, onde encontram todo tipo de informações
incabíveis e prejudiciais para o conhecimento infantil. Por isso mesmo, os
cuidados dos educadores têm que ser ainda maior no que se refere a parte
psicológica de seus alunos, que vêm de diversas classes sociais, vivendo culturas
diferenciadas, necessitando muitas vezes, de atenção e compreensão que não
encontram no lar.
Os educadores devem estar preparados para se depararem com alunos
com dificuldades ou distúrbios de aprendizagem, seja de ordem física,
psicológica ou neurológica. Por isso, é necessário um maior conhecimento
embasado nos fundamentos psicológicos, especialmente para educadores, onde
muitas questões podem lhes tirar as dúvidas e servir de ajuda e compreensão.
73
ANEXOS:
Piajet, Jean
Adler, Alfred
Binet, Alfred
74
F. B. Skinner
LOBO
PARIETAL
LOBO
TEMPORAL
INFERIOR
Hippocrates
LOBO
FRONTAL
LOBO
TEMPORAL
CENTRAL
Obs.: - Todas as figuras foram retiradas da The 1996
Grolier Multimedia Encyclopedia, das quais os textos referentes a
elas, foram de muito proveito na realização dessa monografia.
75
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