“ Fatores Físicos e Químicos que Influenciam a Fermentação Alcoólica” Prof. Clóvis Parazzi O que se deseja de um processo fermentativo ? Elevado Rendimento Uniformidade na produção de metabólitos pela levedura Qualidade do produto final (cervejarias, bebidas fermentadas e destiladas ) FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA Produtos e Subprodutos ( Jackman, E.A, 1987) z z z z z z z z z Etanol ............................. 45 - 49 % CO2 ............................. 43 - 47 % Glicerol ............................. 02 - 05 % Ácido Succínico .................. 0,5 - 1,5 % Ácido Acético ...................... 0 - 1,4 % Ácido málico ....................... 0 - 0,3 % Biomassa ............................. 0,7 - 1,7 % Óleo Fúsel .......................... 0,2 - 0,6 % Butileno Glicol.................... 0,2 - 0,6 % LEVEDURAS ALCOÓLICAS Saccharomyces cerevisae, S. elipsoideus, S. anmensis, S. uvarum, Schizosaccharomyces pombe, Hansenula ( Camhi,1979). Leveduras de panificação ou selecionadas em laboratório usadas na fermentação são inadequadas por desaparecerem logo no início da safra e são substituídas por outras oriundas da biodiversidade ambiental. (Basso et.al., 1993). Linhagens selvagens selecionadas pelo caráter de dominância e persistência na indústria. FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA PRINCIPAIS FATORES QUE AFETAM A FERMENTAÇÃO f Substrato – composição química do meio z produtos: açúcar, álcool, ácidos, etc. z nutrientes: N, K, P, Mg, Mn, etc. fMicrorganismo – constituição e estágio dos microrganismo z leveduras e contaminantes. f Condições físicas e ambientais z Temperatura z pH (acidez) z aerobiose/anaerobiose f Sistemas de fermentação z contínuo e descontínuo. f Outros FATORES QUE LIMITAM A PRODUTIVIDADE a) NUTRIENTES MINERAIS ´ N, P, K, Mg, Zn, Mn b) AGENTES TÓXICOS ´ ALUMÍNIO, SULFITO, EXCESSO K+ e Ca++ c) TEMPERATURA ELEVADA d) CONCENTRAÇÃO DE ETANOL e) ACIDEZ (pH) f) PRESSÃO OSMÓTICA ´ AÇÚCARES E SAIS g) CONTAMINAÇÃO ´ BACTÉRIA e LEVEDURAS Condições estressantes para a levedura Como as Leveduras Respondem as Mudanças do Meio LEVEDURA – CONDIÇÕES ESTRESSANTES Nutrientes Pressão Osmótica Temperatura pH Álcool Oxidantes metais pesados TEMPERATURA Efeito da temperatura a) Fatores externos Mudanças na temperatura da água, clima e mosto b) Fatores intrínsicos Calor liberado na fermentação Influência da temperatura na variação do tempo de geração e do coeficiente específico de crescimento para a linhagem da levedura Saccharomyces cerevisiae Temperatura 20 24 27 30 36 38 40 Tempodegeração(h) 5 3.5 3.0 2.2 2.1 4.0 Coef. espec. decresc. g/l/h-1 0.15 0.21 0.30 0.31 0.29 0.19 - TEMPERATURA Efeito interativo de temperatura e espécie de levedura TAXA DE CRESCIMENTO X TEMPERATURA Fonte: LALUCE et.al., 1995. TEMPERATURA DA FERMENTAÇÃO ¾ Influência direta sobre a fermentação ¾ Favorece multiplicação bacteriana ¾ Floculação ¾ Acima 35o C afeta desempenho da levedura ¾ Redução da viabilidade de leveduras ¾ Diminui rendimento da fermentação hTemperatura ótima • Crescimento ........... 30 a 34°C • Fermentação............32 a 36°C TEMPERATURA X VIABILIDADE VINHO VIABILIDADE 95,0 94,0 93,0 92,0 91,0 90,0 89,0 32,8 33,3 33,8 VINHO TEMP. MÁXIMA Y = 244,57798 - 4,54762 X Fonte: Fermentec, 2002 (* r = -0,80498) TEMPERATURA FERMENTAÇÃO X CONTAMINAÇÃO VINHO VINHO BAST. x 10^6 194 144 94 44 -6 -56 32,0 33,0 34,0 35,0 36,0 37,0 VINHO TEMP. MÁXIMA Y = -1721,24045 + 52,10960 X Fonte: Fermentec, 2002 (** r = 0,78442) pH $ $ $ Crescimento ÄpH 3.0 a 8.0 Produção de Biomassa Ä pH 4 a 6. Fermentação Ä pH Inicial 4,2 a ,5,1 Ä Reduz a pH 3,9-4,1. Produção de etanol por Saccharomyces cerevisiae em função do tempo de cultivo em melaço de soja (Ayube M. A Z., 2002). EFEITO DO pH NA ATIVIDADE DA INVERTASE DE LEVEDURA --- invertase purificada ___ célula intacta ATIVIDADES DE INVERTASES FRUTOSE H2 O O + INVERTASE GLICOSE SACAROSE Condições Ambientais (Substrato x Produto) Efeitos da concentração de etanol e glicose sobre o metabolismo de S. cerevisiae. >16% <10% VIAS DE DEGRADAÇÃO DE CARBOIDRATOS E A PRODUÇÃO DE ETANOL. FATORES INTERFERENTES NO METABOLISMO DA LEVEDURA. (>16%) Efeito da condição ambiental sobre o comportamento metabólico em S. cerevisiae (<10%) Gráfico de velocidades de consumo de açúcar, produção de etanol e crescimento de leveduras numa fermentação alcoólica (HORAS) a) Glicose •1 > 15,0% (150 g/L) → inibe enzimas fermentativas. •1 de 0,3 a 10% → inibição seletiva da respiração. •1 ≅ 5% em meio aeróbico → via fermentativa completa (mitocôndria é reprimida e citocromo não funcionais). •1 glicose ¾ e oxigênio½ alto → catabolismo oxidativo / respiração (não há fermentação) → efeito Pasteur b) Oxigênio / Agitação •1 aeração moderada auxilia na suspensão das células mais do que efeito direto do oxigênio (maior superfície de contato). •1 É capaz de induzir a respiração na dependência de concentração de glicose do meio. GLICOSE y CRESCIMENTO Ä 2% a 5% de açúcar no meio (biomassa). y CONCENTRAÇÃO LIMITE Ä 25 A 30% • Produção de etanol passa a ser prejudicada • Biomassa diminui. c) Efeito da concentração de Etanol •1 inibe a atividade metabólica e leva a morte (sem condição de sobrevivência); •1 limite no vinho → 12% de álcool → variável (espécie e linhagem de leveduras e condições da fermentação). Influência do etanol na fermentação (Franz, 1961) O Estresse da levedura TIPOS ♥ ¾Térmico - temperaturas elevadas ¾Oxidativo - produtos de oxidação ¾ Osmótico - presença de sais,alcoois, etc, Principais fatores que podem induzir à levedura ao estresse * características operacionais S A-1 * composição química do mosto * presença de sais (excesso de potássio no meio) * concentração de álcoois superiores (isoamílico) * deficiência de nutrientes (N) Choque Osmótico A levedura produz glicerol para se defender A resposta leva cerca de 1 minuto O glicerol tem a função de osmorregulador ATIVIDADES DE INVERTASE Pode levar ao estresse osmótico FRUTOSE H2 O O + INVERTASE GLICOSE SACAROSE (1 MOLÉCULA) (2 MOLÉCULAS) MAIOR PRESSÃO OSMÓTICA Diferença Entre Linhagens Consumo de Açúcar (Alves, 2000) ÁCIDO MÁLICO GLICEROL LEVEDURAS COM DIFERENTES ATIVIDADES DE INVERTASE. • PODE SE OBTER MELHOR DESEMPENHO DAS LEVEDURAS EVITANDO O CHOQUE OSMÓTICO. • LEVEDURAS - ALTA ATIVIDADE DE INVERTASE DEVE-SE ALIMENTAR MAIS VAGAROSAMENTE. • LEVEDURAS - BAIXA ATIVIDADE DE INVERTASE PODE – SE ALIMENTAR EM MENOR TEMPO. NUTRIENTES Esquema geral do metabolismo da levedura K+ Mg ++ (1) GLUCOSE P TREALOSE GLICOGÊNIO (RESERVA) SA P MA S P P FRUTOSE BI O NADP+ ATP NADPH+ H+ ÁCIDOS NUCLEICOS NH4+ ADP PENTOSES Mg++ FRUTOSE P - P K+ Zn++ DIHIDROXIACETONA NADH + H+ NAD P GLICEROL K+Mn++ PROTEÍNAS E ENZIMAS (2) GLICERALDEIDO P Cu++ Fe+++ Mg ++ AMINOÁCIDOS N S SUCCINATO ALDEÍDOS Pulmão ácidos (KREBS) PIRUVATO ALDEIDO ACÉTICO NADH + H+ NAD CO2 ETANOL CO2 ESTERES ÁCIDOS GRAXOS ALCOOIS P Zn++ Mn++ Nutrientes Funções K Ativador enzimático inclusive de reações da glicólise; estabilizador de membranas; necessário para a absorção do H2P04 aumenta a tolerância para iônios tóxicos, inclusive H, controlando o pH intracelular; participa da absorção, por troca, de catiônios bivalentes (Zn e Co). Mg Ativador enzimático no processo glicolítico de transferases e carboxilases; estimula a absorção de H2P04 incrementando a fermentação; mantém a integridade e permeabilidade das membranas e regula o transporte de catiônios bivalentes. Sofre ação antagônica do Ca++. Ca Parece não ser importante para fermentações e multiplicação. Mantém integridade da membrana plasmática em condições adversas. Ativa ATPase em concentração 1 mM, mas se mostra inibidor a 10 mM. Inibe absorção de aminoácidos em conc. de 1 mM e inibe o crescimento em conc. de 25 mM. Ti Participa da glicólise e da síntese de vitaminas, sendo essencial ao crescimento e á fermentação. Não é substituído por nenhum outro íon em suas funções; é integrante de desidrogenases, aldolases e desulfidrases. A absorção é reduzida, em pH abaixo de 5 e é efetuada mediante troca com 2 íons K+. Mn Estimula a síntese de proteínas e tiarnina; aumenta o teor de desidrogenase. Fe Participa do sitio ativo de diversas enzimas (hemoenzimas). Requerido para multiplicação na concentração de 1 a 3 μM. Concentrações de 10 a 15 μM inibem crescimento e fermentação. Cu Integrante de algumas enzimas; em concentrações de 1 a 1,5 μM estimula fermentação e crescimento, já em conc. de 10 μM inibe o crescimento Mo. Co, B Estimulam crescimento e fermentação em baixas concentrações (1μM). Inibição com concentrações acima de 5μM. Principais nutrientes e suas funções (fonte: Rodney e Greenfield (1984)) NUTRIENTES Condições de estresse para Trealose leveduras Mudanças morfológicas na células de leveduras podem ser entendidas como resposta ao desbalanço de nutrientes do caldo de cana-de-açúcar (Kuriyama & Slaghter, 1995). Pseudo-hifas 9 Linhagens de Saccharomyces cerevisiae sofrem transição dimórfica que envolve mudanças na forma das células e no padrão de divisão celular, resultando em crescimento filamentoso como resposta à deficiência de nitrogênio (Gimeno et al., 1992); 9 Os produtos principais do catabolismo de aminoácidos de cadeia ramificada, os chamados álcoois superiores (óleo fúsel), são responsáveis pela transição dimórfica das células (Dickinson, 1996). DEFICIÊNCIA DE NITROGÊNIO (Silva & Parazzi, 2002) Tabela 1 . Crescimento em meio sólido com ausência de nitrogênio. Linhagens Crescimento Pseudohifas células agrupadas não presente SM4 formação de cachos não presente SL3 pouco agrupadas FL presente Pseudo-hifas Crescimento Normal Crescimento com pseudo-hifas Pseudo-hifas LEVEDURAS DIMÓRFICAS Alterações na forma das células e no padrão de divisão celular. *Crescimento filamentoso (Pseudohifas). ¬ deficiência de nitrogênio ¬ produtos do catabolismo de aminoácido álcoois superiores, “’oleo fúsel” - estresse metabólico ¬ mudanças genéticas (Kuryama & Slaghter, 1995; Dickinson, 1996) * Ocorrem principalmente: ¬ culturas em meio sólidos ¬ culturas contínuas. COMPOSIÇÃO DO CALDO Concentração de Potássio no caldo Meio Ä caldo extraído da cana-de-açúcar Concentração de K2O no caldo Ä 1,44g/L - tratamento (T) Ä 2,47g/L – tratamento (P1) Ä 3,35g/L tratamento (P2). Tabela 2. Resultados obtidos após fermentação. ART vinho* (g/100mL) Massa Seca* (g/100mL) Ef.Fermentativa* (%) Lev/ Trat P1 P2 T P1 P2 T P1 P2 T FL 5,72 5,42 8,69 1,81 3,61 1,18 80,31 79,91 72,16 SL3 3,86 2,82 3,80 3,18 4,18 2,63 72,42 64,16 74,20 SM4 3,90 2,35 5,18 3,17 4,26 2,68 61,40 Média 4,49 3,53 5,89 2,72 4,02 2,16 71,38 66,82 70,84 56,41 * diferenças significativas a 5% de probabilidade entre tratamentos, levedura e interação leveduras x tratamentos. 66,16 100 80 60 FL 40 SL3 SM 4 20 0 P1 P2 T Eficiência Média de três ciclos fermentativos (%). LEVEDURAS COM ALTO DESEMPENHO FERMENTATIVO h SUPORTAR OS ESTRESSES DA FERMENTAÇÃO INDUSTRIAL COM RECICLO DE CÉLULAS. 9 ALTAS TEMPERATURAS 9 ELEVADOS TEORES ALCOÓLICOS 9 TRATAMENTO ÁCIDO 9 PARADAS (FALTA DE AÇÚCAR) 9 SULFITO, ALUMÍNIO, ETC 9 PRESSÃO OSMÓTICA 9 CONTAMINAÇÃO BACTERIANA h SUSTENTAR ALTA VIABILIDADE CELULAR DURANTE RECICLOS E APRESENTAR BOA EFICIÊNCIA EM ETANOL. Comentários Finais Um pouco de estresse “é bom” Leva à adaptação e tolerância pelas leveduras às mudanças do meio Células em proliferação são mais sensíveis Afetam o desempenho do processo industrial CLÓVIS PARAZZI [email protected]