Lyocarni – Culturas para aplicações em carne Quando se produz produtos cárneos curados como salame, músculos inteiros secos e lingüiças frescas é importante lembrar que são de carne crua e conseqüentemente sempre vai ter uma quantidade e composição desconhecida de bactérias nativas presente na matéria prima. O principal papel da cultura starter é de controlar o processamento limitando o desenvolvimento da flora nativa e realçando o percurso requerido das ações a serem promovidas. As culturas starter são bactérias benéficas e fazem parte da tecnologia de obstáculos que é uma ferramenta importante para produzir produtos seguros, uniformes e produtos cárneos curados com vida útil estável. Na produção de produtos cárneos curados staphylococci e bactérias do ácido lático (LAB) são as bactérias mais importantes. As funcionalidades podem ser resumidas com segue: Bactéria Staphylococci Atividade Nitrato redução Produção de catalase Proteolítica Lipolítica Ação na carne Formação de cor Estabilidade de cor Formação de aroma Formação de aroma LAB Produção de ácido orgânico Queda de pH Produção de bacteriocinas Melhora a segurança alimentar Segurança alimentar, valor agregado Inibe bactérias aeróbicas Segurança alimentar, formação de cor Inibe bactérias nativas Controle microbiológico, produção uniforme Diminui potencial de oxiredutase Exclusão competitiva (Competição por nutrientes) Vantagens Melhora a formação de cor Previne descoloração e rancificação Melhora o aroma Melhora o aroma Secagem, textura, consistência, segurança alimentar Embora a mesma receita é usada para cada produção de, por exemplo, um salame, a material prima vai variar e, portanto, a capacidade de fermentação das bactérias nativas é imprevisível. Mesmo com um nível inicial baixo de bactérias nativas (102-103 UFC LAB/g massa cárnea) atividades muito diferentes são encontradas (ilustração esquerda). À direita dois exemplos com e sem cultura starter que mostram que a cultura é capaz de controlar a acidificação. 6.00 6.00 Control/M17 M17+BG-112 5.75 5.75 Control/M18 M18+BG-112 5.50 pH pH 5.50 5.25 5.25 5.00 5.00 Control pH 5.7 4.75 4.75 Control pH 5.6 Control pH 5.5 Control pH 5.6 4.50 4.50 0 10 20 30 40 Time/Hours 50 60 70 80 0 10 20 30 40 Time/Hours 50 60 70 80 Quando se escolhe uma cultura apropriada ao processo os seguintes parâmetros precisam ser considerados: Parâmetro Tipo de cultura Perfil Tradicional/rápida Valor agregado Temperatura Açúcar Sal Considerações: pros e contras Tradic.: Tempo mais longo de processamento controlado – melhor aroma e cor Rápida: Tempo de processamento mais curto – menos formação de aroma e cor Segurança alimentar maior com produção de bacteriocinas Produção de salame com aplicação de bactérias probióticas Em geral temperatura mais alta produz fermentação mais rápida A quantidade de açúcar controla o pH final. Tipo de açúcar depende da cultura Nível de sal-em-água influencia a velocidade de acidificação Uma maneira alternativa de acidificar, que é importante tanto para segurança com também para formação de cor, poderia ser usar GdL (glucono-delta-lactona). Sendo um produto químico produz uma queda instantânea de pH, que não é possível de obter com uma cultura starter. Porém, as desvantagens do GdL são a impossibilidade de controlar a flora nativa (LAB) e dependendo do nível aplicado um sabor metálico mais ou menos pronunciado, e uma textura quebradiça ou granulada. A falta de desenvolvimento de cor e aroma também vai influenciar a percepção do salame. Portanto, se GdL é requerido é recomendável usar somente a quantidade necessário deste produto para atingir o pH 5.3 e adicionar também a uma cultura starter tradicional. Algumas LAB produzem bacteriocinas que são pequenos peptídeos que matam bactérias por contato e onde o mais importante é Listeria monocytogenes. De esta forma a segurança alimentar dos produtos são realçados. Uma outra maneira de produzir valor agregado para salame é de aplicar culturas probióticas. Foi comprovado que cepas de Lactobacillus paracasei crescem durante o processamento e são muito estáveis no produto final. Como mencionado acima não somente o tipo de cultura influencia a velocidade de acidificação, mas também a temperatura de fermentação tem uma forte influencia em todas as culturas no intervalo entre 18°C e 35°C. As possibilidades de usar este parâmetro no processamento dependem da câmara climatizada e da qualidade da matéria prima porque o desmanche da gordura deve ser levado em consideração. Para assegurar a produção de ácidos orgânicos (de preferência ácido lático) para controlar a acidificação com todos os tipos de culturas starter é recomendado usar glicose/dextrose como açúcar adicionado. Se um outro tipo de açúcar é requerido é importante verificar se a cultura usada é capaz de fermentar o açúcar aplicado no produto. Mudando de cultura pode resultar em um pH final mais baixo que o desejado (sabor não é relacionado com pH mais aos ácidos orgânicos produzidos) e para controlar o pH final a quantidade de açúcar deve ser ajustado. Também é importante considerar que adicionando um açúcar (como enchimento), que não é fermentável pela cultura starter, este vai alimentar as bactérias nativas e conseqüentemente vai produzir um processo de acidificação descontrolada. Do ponto de vista bacteriana é o sal-em-água e não a porcentagem de sal aplicado em peso que interessa. Em receitas com muita gordura o sal-em-água pode inicialmente ser tão alto que pode influenciar a atividade da cultura starter. Considerando o nível de gordura é importante lembrar que a carne também terá um certo nível de gordura e, portanto, não é suficiente de somente levar em conta a quantidade de toucinho aplicado. As vantagens tecnológicas de incluir culturas starter na produção de salame tem promovido o uso das culturas nas produções industriais de embutidos curados e secos, principalmente para padronizar a acidificação. No entanto, na produção de músculos inteiros semi-secos, como copa, pancetta e bresaola, o uso de staphylococci também é recomendado para realçar a formação de cor e aroma dos produtos. Comparado com os poros na carne as bactérias são grandes e o obstáculo para superar é o de introduzir os staphylococci na carne para assegurar a produção de enzimas em áreas relevantes. Tanto usando injeção como tamble a vácuo os staphylococci são “forcados” para dentro da carne e benefícios são obtidos. Para produtos de carne moída fresca, como hamburger e lingüiças frescas um outro tipo de cultura com LAB é recomendado. Aqui o mesmo nível de acidificação como em produção de salame não é desejado devido a seu efeito negativo na capacidade de retenção de água. Mesmo mantendo a temperatura de estocagem baixa, as bactérias nativas, incluindo bactérias inócuas, bactérias putrefativas e bactérias patogênicas, vão crescer no produto, mas através de exclusão competitiva uma cultura starter pode inibir este crescimento. Conseqüentemente a cultura deve ser capaz de crescer a temperaturas de estocagem baixa e ainda não influenciar as propriedades sensoriais do produto. Se os produtos cárneos frescos são curados uma combinação com staphylococci é recomendada. A SACCO Brasil oferece uma linha extensa de culturas starter LYOCARNI e um suporte técnico competente que assegura a otimização da aplicação desta tecnologia em embutidos fermentados.