Pratini de Moraes defende ações de marketing e soluções para a

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ENTREVISTA
Pratini de Moraes defende ações de
marketing e soluções para a logística
A Lavoura: Dos dez países com os maiores PIB do mundo, nove também são os maiores em valor de exportação.
O único fora da lista é o Brasil, que ocupa a 22ª posição do
ranking, com 70% da pauta formada por commodities.
Como mudar esse quadro?
Pratini: Não podemos continuar exportando commodities.
É fundamental estimular as empresas a agregarem valor aos
produtos. E agregação de valor não se limita ao aspecto físico, ou seja, apenas exportar produtos industrializados em vez
de matéria-prima. Inclui ações continuadas de marketing
institucional que valorizem o produto brasileiro. Um dos
exemplos é o fato de exportamos café em grão em vez de
um produto final com uma marca que possa ser reconhecida
internacionalmente como do Brasil.
A Lavoura: O senhor achou positiva a campanha “Sou
Agro”, protagonizada por artistas como Lima Duarte e
Giovanna Antonelli, veiculada em 2011?
Pratini: Foi uma boa campanha e acho que contribuiu
muito para melhorar a imagem do setor e do produtor rural
junto à população dos grandes centros urbanos. Mas perdeu
seu efeito por não ter uma continuidade. Sabemos que campanhas só surtem efeito no longo prazo.
A Lavoura: E o que o senhor sugere como estratégia de
marketing mais eficiente para o setor?
Pratini: É necessário planejamento, pensar num prazo
mais longo. Imagino que uma das ações de marketing que
poderiam dar resultados seria vincular aos produtos do
agronegócio brasileiro a imagem do turismo, já bastante difundida no exterior. Além disso, os eventos internacionais do
‘Agro’ precisam receber apoio institucional do governo brasileiro, que deveria disponibilizar financiamento para programas de marketing no exterior.
A Lavoura: O governo lançou recentemente um pacote
para melhorar a infraestrutura logística do país. As medidas foram suficientes?
Pratini: Não acredito que o pacote seja suficiente, principalmente porque no governo o sistema administrativooperacional é lento e falho. As ações ficam na dependência do
fluxo de desembolsos. Com isso, os programas perdem agilidade. Essa tarefa deveria ser repassada ao setor privado, com um
cronograma rigoroso de ações e prazos a serem cumpridos.
A Lavoura: Quais os principais avanços do setor e o papel do agronegócio na economia brasileira?
DIVULGAÇÃO AEB
Em entrevista à A Lavoura, o ex-ministro da Agricultura e conselheiro
da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Marcus Vinícius Pratini de
Moraes, falou sobre o que é necessário para o setor conseguir atender
a demanda crescente por alimentos pela população, que deverá chegar
a 9 bilhões de pessoas em 2050
Pratini: Para produzir alimentos são necessários cinco
ingredientes: terra, água, sol, tecnologia e espírito empreendedor. Quem segura a “peteca” no Brasil é o agronegócio.
São esses empreendedores os principais responsáveis por
gerar superavit na Balança Comercial. Na década de 1980, o
Brasil importava carne bovina, leite, até o trivial arroz e
feijão. Hoje é um dos maiores exportadores de alimentos do
mundo. Temos conquistado aumentos nos índices de produtividade nas principais culturas, como o milho, que já chega
a 14.000 kg/ha, principalmente em decorrência do uso do
plantio direto, uma técnica preservacionista que hoje já ocupa 31 milhões de hectares.
A Lavoura: O que o senhor achou do texto final aprovado do novo Código Florestal?
Pratini: Acho que desagradou tanto ambientalistas quanto
agropecuaristas. É um resultado que reflete a pressão e os
interesses internacionais sobre o ativo ambiental brasileiro.
Precisamos deixar de ser bonzinhos e passar a usar o “toma
lá dá cá”. Mas, independente de todos os esforços para atender à demanda mundial de alimentos, em 2050, mais de um
bilhão de pessoas ainda continuarão na miséria e famintos.
Além disso, em 20 anos o setor energético demandará o equivalente a mais quatro Arábias Sauditas, e para garantir a
bioeconomia, é preciso inovação, durabilidade, segurança
alimentar e desenvolvimento econômico-social.
66 NO 693/2012 A Lavoura
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05/11/2012, 16:37
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