XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. PRODUÇÃO DE EXOPOLISSACARÍDEOS POR BACTÉRIAS ASSOCIADAS A PLANTAS DE ATRIPLEX NUMMULARIA L. Flaviana Gonçalves da Silva 1, Jesimiel Gomes Barbosa2, Ricardo Bento de Almeida3; Adijaiton José de Souza 2; Júlia Kuklinsky-Sobral 4, Maria Betânia Galvão dos Santos Freire 4 Introdução A maioria dos micro-organismos possuem a habilidade de sintetizar polissacarídeos e excretar polímeros solúveis ou insolúveis, para fora das células, com várias funções. Os exopolissacarídeos (EPS) são definidos como polissacarídeos extracelulares produzidos por alguns fungos e bactérias, os quais são encontrados ligados à superfície das células ou são excretados para o meio (SEESURIYACHAN et al., 2012). Pensando na exploração desses micro-organismos, principalmente as bactérias promotoras de crescimento vegetal, novos compostos de importância comercial, podem ajudar no desenvolvimento de aplicações biotecnológicas na agricultura (SILVI et al., 2013). A produção de EPS pelos os micro-organismos, interagindo com as plantas, podem auxiliar na sobrevivência do vegetal em várias situações de estresses ambientais, como estresse salino, hídrico, variações de temperatura, entre outros. Esse composto, possibilita a bactéria, aderência e colonização às superfícies sólidas onde os nutrientes se acumulam, ressaltando ainda que o EPS envolve as membranas das células protegendo-as do dessecamento e outros estresses ambientais, além de poder ajudar na fixação de minerais e nutrientes próximos a bactéria (BARRETO et al., 2011; LIU et al., 2013). Neste contexto, o estudo de bactérias produtoras de EPS é de suma importante, com a finalidade de encontrar novas aplicações, representando fontes promissoras para exploração desses micro-organismos na interação solo/planta, principalmente em ambientes salinos. Portanto, objetivou-se avaliar a produção de exopolissacarídeo por bactérias promotoras de crescimento vegetal e halotolerantes associadas a plantas de Atriplex nummularia L. Material e métodos O experimento foi realizado no Laboratório de Genética e Biotecnologia Microbiana (LGBM), da Unidade Acadêmica de Garanhuns, UFRPE. As bactérias utilizadas para o teste de produção do exopolissacarídeo (EPS), foram bioprospectadas em vários nichos (endófitos de raiz; folha; rizosfera; solo com e sem cultivo da planta/totalizando 51 bactérias) no experimento de plantas de Atriplex nummularia L., cultivadas em solo salino no perímetro irrigado de Cachoeira II em Serra Talhada- PE. A avaliação qualitativa da produção de exopolissacarídeo foi realizada da seguinte forma: Os isolados foram cultivados em meio (TSA) 10%, e logo após realizou-se a inoculação de 5 µL do inoculo cultivado em discos de 5 mm de diâmetro em meio de cultura modificado (20g de extrato de levedura; 15g de K2HPO4; 0,2 de MgSO4; 0,015g de MnSO4; 0,015g de FeSO4; 0,03g de CaCl2; 0,015g de NaCl; 15g de Agar), e em seguida foi adicionando 10% da fonte de carbono, a sacarose, em pH 7,3, sendo cultivadas em duas temperatura distintas: 28°C e 40°C. O experimento foi realizado em triplicata. A produção qualitativa do EPS foi caracterizada visualmente pela presença ou ausência do halo de produção do mesmo, caracterizando como positivo ou negativo. Logo em seguida, foi realizada a confirmação da produção de EPS, coletando materias celulares das colônias bacterianas com alça de platina e colocando em um tubo com 2 ml de álcool etílico. Quando o EPS precipita expressa produção positiva, enquanto que o meio turvo caracteriza a produção negativa (KAVAMURA, 2012). Resultados e Discussão Observa-se na tabela 1, as linhagens positivas e negativas para a produção do EPS. Percebe-se que 30 isolados foram positivos e 21 negativos nessa produção, em ambas as temperaturas (28 e 40°C). Em relação à produção e temperatura, foi observada, a ligeira expressão de 90% das bactérias na temperatura de 40°C, com menos de 12 horas de cultivo, enquanto que com 28°C, a produção dos isolados testados se expressou com 32 horas (Figura 1). Nota-se ainda, que nos nichos de solo sem cultivo e rizoplano foram encontrados mais isolados positivos na produção 1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Produção Agrícola, Unidade Acadêmica de Garanhuns, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Bom Pastor, Bairro Boa Vista, Garanhuns, PE, CEP 55292-270. E-mail: [email protected] 2 Discente do curso de Agronomia, Unidade Acadêmica de Garanhuns, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Bom Pastor, Bairro Boa Vista, Garanhuns, PE, CEP 55292-270. 3 Discente do curso de Zootecnia, Unidade Acadêmica de Garanhuns, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Bom Pastor, Bairro Boa Vista, Garanhuns, PE, CEP 55292-270. 4 Docente do Programa de Pós-Graduação em Produção Agrícola, Unidade Acadêmica de Garanhuns, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Bom Pastor, Bairro Boa Vista, Garanhuns, PE, CEP 55292-270. XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. de EPS, comparando-se com os demais. No entanto de uma forma geral percebe-se a interação da bactéria com o solo/ planta. Mediante as observações, acredita-se que as bactérias tenham sido induzidas a produzir o EPS mais rápido, por causa do estresse da temperatura. A produção do EPS pode ajudar na sobrevivência das plantas, em diversos ambientes de estresses, como salino, hídrico, temperatura e outros (BARRETO et al., 2011). Deste modo a bactéria produz essa substância com a finalidade de proteger a planta destes estresses, beneficiando o seu crescimento e desenvolvimento, principalmente em solos salinos, ao qual à Atriplex está sendo cultivada. Portanto, pode ser ressaltado neste trabalho, a existência de bactérias halotolerantes que vivem associadas às plantas de Atriplex, capazes de produzir EPS, ajudando diretamente na proteção deste vegetal contra diversos tipos de estresses, além de favorecer a melhoria na qualidade de solos salinos. Além disso, é de suma importância estudar e explorar mais esses micro-organismos associados a solos salinos, com a finalidade de desenvolver produtos biotecnológicos para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável. Agradecimentos Agradecemos a CAPES; CNPq e FACEPE pelo o apoio financeiro; e ao grupo do Laboratório de Genética e Biotecnologia Microbiana da UAG/UFRPE. Referências BARRETO, M. C. S; FIGUEIREDO, M. V. B.; BURITY, H. A.; SILVA, M. L. R. B.; LIMA-FILHO, J. L. Produção e comportamento reológico de biopolímeros produzidos por rizóbios e caracterização genética. Revista Brasileira Agrociência, v.17, n.2-4, p.221-227, 2011. KAVAMURA, V. N. Bacterias associadas às cactaceas da caatinga: promoção de crescimento de plantas sob estresse hidrico. Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 244 p. 2012. Tese de doutorado. KUSS, A. V. Fixação de nitrogênio por bactérias diazotróficas em cultivares de arroz irrigado. Programa de PósGraduação em Ciência do Solo, Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, 2006. 110 p. Tese de doutorado. LIU, S.; CHEN, X.; HE, H.; ZHANG, X.; XIE, B.; YU, Y.; CHEN, B.; ZHOU, B.; ZHANG, Y. Structure and ecological roles of a novel exopolysaccharide from the artic sea ice bacterium pseudolateromonas sp. Strain SM20310. Appl. Environ. Microbiol.v.1. p.224. 2013. SEESURIYACHAN, P.; KUNTIYA, A.; HANMOUNGJAI, P.; TECHAPUN, C.; CHAIYASO, T.; LEKSAWASDI, N. Optimization of Exopolysaccharide Overproduction by Lactobacillus confuses in solid State Fermentation under High Salinity Stress. Biosci. Biotechol. Biochem. v.76, n.5, p. 912-917, 2012. SILVI, S.; BARGHINI, P.; AQUILANTI, A.; JUAREZ-JIMENEZ, B.; FENICE, M. Physiologic and metabolic characterization of a new marine isolate (BM39) of Pantoea sp. producing high levels of exopolysaccharide. Microbial Cell Factories, 2013. Tabela 1. Isolados caracterizados como positivos ou negativos na produção de EPS, em duas temperaturas: 28 e 40°C. Linhagem Nicho UAGAt 01 SSC Produção de EPS Linhagem + UAGAt 37 Nicho ER Produção de EPS + UAGAt 02 SSC + UAGAt 38 ER + UAGAt 04 SSC - UAGAt 39 ER - UAGAt 05 SSC - UAGAt 40 ER - UAGAt 06 SSC + UAGAt 41 ER - UAGAt 07 SSC - UAGAt 42 ER + UAGAt 08 SSC + UAGAt 43 ER - UAGAt 09 SSC + UAGAt 45 ER - UAGAt 12 SSC - UAGAt 53 EF + UAGAt 13 SSC + UAGAt 54 EF + XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. UAGAt 14 SSC + UAGAt 61 EF - UAGAt 15 SSC + UAGAt 62 EF + UAGAt 17 SCC + UAGAt 63 EF + UAGAt 20 SCC + UAGAt 64 EF + UAGAt 21 SCC + UAGAt 66 RIZO + UAGAt 22 SCC + UAGAt 67 RIZO + UAGAt 23 SCC - UAGAt 69 RIZO + UAGAt 24 SCC + UAGAt 70 RIZO - UAGAt 25 SCC - UAGAt 71 RIZO + UAGAt 26 SCC - UAGAt 72 RIZO - UAGAt 32 SCC - UAGAt 73 RIZO + UAGAt 33 ER + UAGAt 74 RIZO - UAGAt 34 ER + UAGAt 75 RIZO + UAGAt 35 ER + UAGAt 76 RIZO + UAGAt 36 ER + UAGAt 78 RIZO - UAGAt 79 RIZO - (SSC- Solo sem cultivo; SCC- Solo com cultivo; ER: Endofitico de raiz; EF: Endofitico de folha; RIZO: Rizosfera) (+ positivo; - negativo) Figura 1. Teste qualitativo da produção de EPS por bactérias associadas à Atriplex em duas temperaturas (28 e 40°C), confirmação da produção de EPS (negativo: turvo/ tubo da esquerda; positivo: precipitado/tubo da direita).