0 UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA LARISSA DE MARIA CARVALHO PRASERES LOBÃO ANÁLISE DOS FATORES DE VIRULÊNCIA DAS ESCHERICHIA COLI ISOLADAS DAS DIETAS ENTERAIS INDUSTRIALIZADAS E MANIPULADAS DE HOSPITAIS DE SÃO LUÍS - MA. São Luís 2014 1 LARISSA DE MARIA CARVALHO PRASERES LOBÃO ANÁLISE DOS FATORES DE VIRULÊNCIA DAS ESCHERICHIA COLI ISOLADAS DAS DIETAS ENTERAIS INDUSTRIALIZADAS E MANIPULADAS DE HOSPITAIS DE SÃO LUÍS - MA. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Biologia Parasitária como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Biologia Parasitária. Orientador: Profª. Drª. Patrícia de Maria Silva Figueirêdo Co-orientador: Profº. Msc. Thiago Azevedo Feitosa Ferro. São Luís 2014 2 LARISSA DE MARIA CARVALHO PRASERES LOBÃO Análise dos fatores de virulência das Escherichia coli isoladas das dietas enterais industrializadas e manipuladas de hospitais de São Luís - MA. A Comissão julgadora da Defesa do Trabalho Final de Mestrado em Biologia Parasitária, em sessão pública realizada no dia / / considerou o(a) candidato(a) ( ) APROVADA ( ) REPROVADA 1) Examinador __________________________________ 2) Examinador ___________________________________ 3) Examinador ___________________________________ 4) Presidente (Orientador)__________________________________ , 3 AGRADECIMENTOS À Deus, que permitiu minha aprovação, me protegeu durante a realização deste trabalho e me iluminou para eu adquirir o conhecimento. À Nossa Senhora, que me ajudou a superar cada obstáculo que apareceu. Ao meu esposo Ziro, pelo apoio durante toda caminhada, compreensão nos momentos difíceis e pelo constante incentivo com muito carinho e amor. Aos meus pais, Roze e Nilton, minhas irmãs, meus cunhados e sobrinhas, pelo sempre e incondicional carinho, estímulo e compreensão nos momentos que estive ausente. À Prof. Dra. Patrícia Figueiredo, que conduziu esse projeto com muito interesse e competência. Obrigada pela oportunidade de conhecer o mundo da pesquisa e acreditar no meu potencial e pela amizade durante todos esses anos. Ao Prof. Ms. Thiago Ferro, que me conduziu com muita paciência, auxílio e prontidão. A prof Dra Maria Rosa Quaresma Bonfins, pelo apoio, prontidão e carinho. Aos Prof. Dr. Sílvio Gomes Monteiro e Dra. Cristina Monteiro, pelo auxílio e prontidão. A companheira de laboratório Thalyta, pelo companheirismo e colaboração. Aos colegas de laboratório pela colaboração direta ou indireta para com este trabalho. Em especial a Andréa, Monique, Fernanda, Mariana, Saulo e Stanley. E toda turma VI do mestrado de Biologia Parasitária pelo constante apoio. Aos técnicos de laboratórios Marinaldo e Margarete por sempre poder contar com ajuda de vocês na hora que mais precisava. À FAPEMA, pelo auxílio, mesmo por um período curto. À Universidade CEUMA, em especial aos professores do programa de Mestrado de Biologia Parasitária. 4 “A Felicidade mantêm você doce, dores mantêm você humano, quedas te mantêm humilde, provações te mantêm forte, mas somente Deus te mantêm prosseguindo.” Autor desconhecido 5 RESUMO Este estudo traz como base o tema Escherichia coli, uma bactéria que apresenta grande potencial patogênico consideradas como agentes e risco em relação ao manejo. O objetivo do estudo foi analisar os fatores de virulência de isolados das E.coli recuperados a partir de amostras de dietas enterais industrializadas manipuladas e servidas aos pacientes de um hospital público e outro privado do município de São Luís - MA. Trata-se de um estudo experimental, prospectivo. As amostras foram coletadas separadamente em turnos e horários diferentes, no período de março de 2013 a abril de 2014. A pesquisa foi direcionada para: classificação molecular das Escherichia coli diarreiogênicas; análise das propriedades relacionadas com a adesão às células, Hep 2 e HT29, materiais inertes (inox, latéx e vidro), formação de biofilme, propriedades de hidrofobicidade, presença de fímbrias, curli e tipo I; e, destacar, fenotipicamente a produção de lipase, protease, fosfolipase e hemolisina. Os resultados apontaram que os fatores de virulência mais evidenciados nos isolados de E. coli, obtidos de amostra de nutrição enteral dos hospitais pesquisados foram: produção de cápsula em todos os isolados, produção fraca de biofilme em 75% das amostras hospital privado e em 50% dos isolados em hospital público; a expressão da fímbria curli em todas as amostras de ambos hospitais, a fímbria tipo I foi mais evidente nas amostras do hospital privado (75%); assim como a hidrofobidade (75%). Em relação à produção de hemolisinas, os isolados de ambos os hospitais não apresentaram hemólise em meio sólido, apresentaram apenas em meio líquido com sangue de carneiro. Não houve diferença quanto às propriedades da virulência dos isolados de Escherichia coli recuperados das amostras dos dois hospitais. Esse índice de contaminação por esse micro- organismo nas amostras colhidas nos dois hospitais e que, a contaminação da nutrição enteral ocorre principalmente pela falta de técnicas de higiene adequadas durante o trabalho de manipuladores, desinfecção dos locais de preparação e dos equipamentos utilizados e utilização de aditivos não estéreis ou contaminados no preparo da dieta poderá comprometer a evolução clínica desses pacientes. Palavras-chave: Fatores de Virulência. E.coli. Análise. Dietas Enterais. Hospitais Públicos. 6 ABSTRACT This study brings as base the theme Escherichia coli, a bacterium that presents great potential pathogenic considered as agents and risk in relation to the handling. The objective of the study was to analyze the factors of virulence of E.coli found in the diets enteral industrialized manipulated of a public hospital and a private of the municipal district of São Luís - MA. It is a study experimental, prospective. The samples for the study were collected in the period of March from 2013 to April of 2014. The samples were collected separately in shifts and different schedules. The research was addressed for: classification of molecules of Escherichia coli diarrheagenic; analysis of the properties related with the adhesion to the cells, Hep 2 and HT29, inert materials (inox, latéx and glass), biofilm, hydrophobicity and fímbrias, curli and type I; and, to highlight, phenotypically the lipase production, protease, phospholipase and hemolysin in the samples of E.coli. The results showed that the factors most evident in the virulence of E. coli isolates obtained from a sample of enteral nutrition in a public hospital and one private, are: capsule production in both hospitals (100%), weak biofilm production (75 %) and private hospitals (50%) public hospital; curli expression of the fimbriae in both samples (100%), type I fimbriae was more evident in the private hospital samples (75%); private hospital showed high hydrophobicity (75%). Regarding the production of hemolysin in both hospitals did not show hemolysis on solid medium, showed only in liquid medium in blood carneiro. Não was no difference between the two hospitals and the virulence properties of Escherichia coli found. This index of contamination for those microorganism in the samples picked at the two hospitals and that, the contamination of the enteral nutrition happens mainly for the lack of appropriate hygiene techniques during the manipulator’s work, disinfecting preparation places and of the equipment and use of additives no sterile or contaminated in the preparation of the diet may compromise the clinical outcome of these patients. Keywords: Factors of Virulence. E.Coli. Analysis. Diets Enterals. Public hospitals. 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Percentual de amostras de Nutrição Enteral dos hospitais público e privado de São Luís- MA em desacordo com os padrões legais vigentes.................................................................................................... Figura 2 33 Produção de fímbria curli por cepas de E. coli, na Figura A e produção de fímbria manose sensível na figura B...................................................... 38 Figura 3 Adesão ao inox e látex das cepas de E.coli, proveniente de amostras de nutrição enteral de um hospital público e um privado de São Luís- MA. A adesão ao inox; B – adesão ao látex........................................................ 39 Figura 4 Produção de cápsula por cepas de E.coli, identificada pela presença de colônia enegrecidas..................................................................................... 42 Figura 5 Hemólise em meio líquido em sangue de carneiro apresentada por isolados de E.coli provenientes de dietas enterais de um hospital público e um hospital privado de São Luís-MA...................................................... 46 8 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Iniciadores usados para a identificação por PCR multiplex de Escherichia coli enteropatogênica.............................................................. Tabela 2 Número de Amostras que apresentaram contaminação no hospital público e privado com Escherichia coli..................................................... Tabela 3 26 Número de isolados de Escherichia coli que 35 apresentaram hidrofobicidade........................................................................................... 37 Tabela 4 Número de isolados de Escherichia coli que apresentaram Fímbria.......... 38 Tabela 5 Características de adesão dos isolados de Escherichia coli proveniente de dietas enterais de um hospital público e privado de São Luís, MA....... Tabela 6 41 Número de isolados de E.coli proveniente de dietas enterais de um hospital público e privado que apresentaram mecanismo de adesão....... 44 9 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária BHI – Infusão de cérebro e coração CH – Colite hemorrágica DAEC – Escherichia coli difusamente agregativa Doc – Densidade ótica do controle Doi – Densidade ótica do isolado EAEC – Escherichia coli enteroagregativa ECD – Escherichia coli diarreiogênica Efa1 – EHEC factor for adherence EHEC – Escherichia coli entero-hemorrágica EIEC – Escherichia coli enteroinvasora EPEC – Escherichia coli enteropatogênica ETEC – Escherichia coli enterotoxigênica LB – Luria-Bertani LEE – locus of enterocyte effacement Lesão A/E – Lesão attaching and effacing TSB Caldo triptona de soja 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 12 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................... 15 2.1 Nutrição enteral................................................................................................ 15 2.2 Escherichia coli diarreiogênicas........................................................................ 16 2.3 Adesão como fator de virulência...................................................................... 20 3 OBJETIVOS....................................................................................................... 22 3.1 Geral................................................................................................................. 22 3.2 Específicos.......................................................................................................... 22 4 MATERIAIS E MÉTODOS.............................................................................. 23 4.1 Amostras de dietas enterais industrializada manipuladas....................................................................................................... 23 4.2 Análise microbiológica..................................................................................... 23 4.2.1 Quantificação de Coliformes Totais e Coliformes a 45º C (Termotolerantes).... 23 4.2.2 Detecção de Salmonella spp................................................................................. 24 4.2.3 Detecção de Staphylococcus aureus.................................................................... 24 4.2.4 Contagem de Leveduras e Bolores....................................................................... 25 4.3 Identificação pela pcr multiplex molecular das categorias patogênicas de escherichia coli................................................................................................... 4.4 Determinação da hidrofobicidade de 25 superfície célular.................................................................................................................. 27 4.5 Identificação de fímbrias.................................................................................... 27 4.5.1 Identificação da fímbria curli............................................................................... 27 4.5.2 Identificação da fímbria tipo I.............................................................................. 27 4.6 Capacidade de adesão a materiais inertes......................................................... 27 4.6.1 Adesão ao vidro.................................................................................................... 27 4.6.2 Adesão ao látex siliconizado e aço inox............................................................... 28 4.7 Aderência bacteriana em células HEP-2 E HT29............................................. 28 4.7.1 Cultivo e preparo das monocamadas celulares.................................................... 28 4.7.2 Realização do teste de adesão em células HT29 e HEp-2.................................... 29 4.8 Verificação da presença de fatores de virulência pela formação de cápsula e biofilme........................................................................................................... 29 11 4.8.1 Avaliação da produção de cápsula....................................................................... 29 4.8.2 Indução de biofilme in vitro................................................................................. 30 4.9 Detecção da atividade hemolítica....................................................................... 31 4.9.1 Pesquisa da atividade hemolítica em meio sólido................................................ 31 4.9.2 Cultivo na presença de íons.................................................................................. 31 4.9.3 Pesquisa da atividade hemolítica em meio líquido.............................................. 31 4.10 Análise da atividade enzimática........................................................................ 31 4.10.1 Proteinase............................................................................................................. 31 4.10.2 Fosfolipase............................................................................................................. 32 4.10.3 Lipase................................................................................................................... 32 4.10 Análise e tabulação dos dados.......................................................................... 32 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................... 33 6 CONCLUSÃO.................................................................................................... 46 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 47 REFERÊNCIAS................................................................................................. 48 ANEXOS.............................................................................................................. 55 12 1 INTRODUÇÃO A nutrição enteral (NE) é um alimento para fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes, na forma isolada ou combinada, especialmente formulada e elaborada para uso por sondas ou via oral, industrializado ou não, utilizada exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme suas necessidades nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando à síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas de acordo a Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 63/00 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA (BRASIL, 2001). O suporte nutricional enteral é utilizado como uma terapia de rotina em pacientes com deficiência energético-proteica, disfagia severa, grandes queimaduras, ressecção intestinal e fístulas, os quais são, na maior parte das vezes, pacientes graves, organicamente comprometidos e que estão sujeitos a longos períodos de hospitalização. Estão também incluídos neste grupo pacientes em pós-cirúrgico, bebês prematuros e pacientes de terapia intensiva (MAURÍCIO et al., 2008). Nos países desenvolvidos é comum o uso de dietas enterais industrializadas, e no Brasil, isto vem aumentando gradativamente. Essas dietas são práticas, nutricionalmente completas e oferecem maior segurança quanto ao controle microbiológico e composição centesimal. No entanto, estas formulações não estão acessíveis para a maioria da população brasileira, em função do seu custo (MEDINA; NASCIMENTO; OLIVEIRA, 2009). Sob o ponto de vista bacteriológico, as dietas enterais em pó, ricas em macro e micronutrientes, constituem excelente meio para o crescimento de micro-organismos, após a reconstituição (ARRUDA et al., 2009). Segundo Carvalho, Morais, Sigulem (1999), ressaltam que a administração de dietas eventualmente contaminadas pode não somente causar distúrbios gastrointestinais, mas contribuir para infecções mais graves, principalmente em pacientes imunossuprimidos. Vários estudos foram desenvolvidos objetivando a produção de dietas adequadas para o tratamento de portadores de enfermidades crônicas, em geral, impossibilitados de ter uma alimentação via oral durante períodos mais prolongados. Muitos avanços e benefícios foram alcançados nessa área da nutrição clinica, porém melhorias ainda são reivindicadas para baixar o custo e proporcionar melhor aproveitamento dos nutrientes dos alimentos tradicionais, como a fibra dietética, os minerais, e as vitaminas (MEDINA et al., 2009). 13 Alguns critérios deverão ser estabelecidos para o preparo da alimentação enteral, seguindo as normas da Resolução nº 63/00, que estabelece um controle da qualidade microbiológica, onde estão estabelecidos os limites toleráveis de microorganismos, acima dos quais ocorrerá comprometimento da aceitação da NE, afetando também a evolução clínica dos pacientes submetidos a essa terapia (CARVALHO FILHO et al., 2008). A contaminação microbiana dos componentes dessa terapia poderá prejudicar a recuperação e o reestabelecimento do enfermo a ela submetido, contribuindo para o aumento no risco de infecção. A contaminação da nutrição enteral ocorrerá principalmente pela falta de técnicas de higiene adequadas durante o trabalho de manipuladores, desinfecção dos locais de preparação e dos equipamentos utilizados e utilização de aditivos não estéreis ou contaminados no preparo da dieta. Além disto, as fórmulas enterais constituem-se como excelente meio para o crescimento de diversas espécies de micro-organismos ou de flora patogênica ou não, devido as suas características intrínsecas, como presença de nutrientes, atividade de água, pH e osmolaridade. Sendo assim, quanto maior a manipulação da fórmula enteral antes da administração, maior o risco de contaminação (MEDINA et al., 2009). Geralmente os alimentos são facilmente contaminados com micro-organismos durante sua manipulação e processamento, e se eles tiverem condições de crescimento, poderão alterar as características químicas e organolépticas, podendo deteriorá-las. Além disso, poderão propiciar a ocorrência de toxinfecções alimentares. Assim, é importante que haja controle rigoroso das condições de higiene na produção e comercialização de alimentos, uma vez que a maior parte das doenças de origem alimentar se deve à manipulação inadequada do produto durante seu processamento (MEDINA et al., 2009). Quando se considera a qualidade microbiológica de alimentos, frequentemente se utiliza a pesquisa de micro-organismos indicadores, que, quando presentes em um alimento, poderão fornecer informações sobre o nível de sua contaminação e as condições higiênico sanitárias durante o processamento, produção ou armazenamento. No Brasil, os limites microbianos são estabelecidos pela ANVISA, Ministério da Saúde, através das RDC nº 63/00 para dietas enterais, e a RDC nº 12/01 para alimentos em geral (BRASIL, 2001). No caso de preparações dietéticas para fins especiais como a alimentação enteral, inúmeras pesquisas têm sido realizadas para avaliar a qualidade microbiológica. Na maioria dos casos, ressaltam os autores, haverá grande dificuldade em orientar e fiscalizar eficientemente os inúmeros locais de preparação, quanto às condições de higiene na produção e na administração destas dietas (MEDINA et al., 2009). 14 Com base na importância das condições higiênico- sanitárias para a segurança e qualidade da Nutrição Enteral, observou-se a necessidade de avaliar os fatores de virulência das Escherichia coli, encontradas nas amostras coletadas em uma Unidade de Produção de dietas Enterais de um Hospital Público e de um Hospital Privado de São Luís – MA. E se estas apresentaram-se dentro dos padrões exigidos pela Legislação vigente para garantir a inocuidade das formulações enterais e se as E.coli encontradas podem interferir na recuperação do paciente. 15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Nutrição enteral O suporte nutricional é a administração de nutrientes em formulações enterais ou parenterais para pacientes determinados com o propósito de manter ou restaurar-lhes o estado nutricional. A nutrição enteral é a provisão de nutrientes no trato gastrintestinal (TGI) através de uma sonda ou cateter quando a ingestão oral for inadequada (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005). Segundo Waitzberg et al. (2004), indica-se terapia de nutrição enteral (TNE) em duas situações: a primeira quando houver risco de desnutrição, ou seja: quando a ingestão oral for inadequada para prover de dois terços a três quartos das necessidades diárias nutricionais; e a segunda é quando o trato digestivo estiver total ou parcialmente funcionante. Em alguns casos clínicos, apesar do tubo digestivo estar íntegro, o paciente não quer, não pode, ou não deve alimentar-se pela boca. Os casos mais frequentes de contraindicação do uso de TNE se aplicam a doenças terminais, síndrome do intestino curto, obstrução intestinal mecânica, sangramento gastrintestinal, vômitos, diarreia; fístulas intestinais, isquemia gastrintestinal, íleo paralítico, inflamação do trato gastro intestinal (TGI), hiperêmese gravídica, pois impossibilitam o uso do TGI (WAITZBERG et al., 2004). Uma vez que o paciente tenha sido avaliado e considerado um bom candidato à nutrição enteral, o clínico selecionará a via de acesso apropriada para a colocação da sonda. A seleção do acesso enteral dependerá de vários fatores, entre eles a duração prevista da alimentação enteral, o grau de risco de aspiração ou deslocamento da sonda, presença ou ausência de digestão e absorção normais, se uma intervenção cirúrgica estiver ou não planejada e questões da administração a exemplo de viscosidade e volume da fórmula (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005). As vias de acesso em nutrição enteral poderão estar dispostas no estômago, duodeno ou jejuno. Em pacientes que necessitam de nutrição enteral por curto período de tempo (inferior a 6 semanas), a sonda nasoenteral é a mais utilizada, graças a seu baixo custo e fácil colocação. Já a gastrostomia e a jejunostomia são utilizadas, em geral, quando a duração da terapia nutricional (TN) for superior a 6 semanas (CUPPARI, 2005). Depois de selecionada a via de acesso, de conhecer o tipo de administração a que vai ser submetida a NE, iniciar-se-á a seleção da fórmula enteral. Para a seleção de uma dieta 16 enteral, é necessário conhecer as exigências específicas do paciente e a composição exata da fórmula. A dieta escolhida precisa ser nutricionalmente completa e adequada ao uso em períodos curtos e longos; cumpre satisfazer às exigências nutricionais do paciente, ser bem tolerada, de fácil preparação e econômica (CUPPARI, 2005). A nutrição enteral pode ser classificada em dois tipos de preparações, segundo Coppini e Vasconcelos (2004): a não-industrializada e a industrializada. As preparações não industrializadas referem-se às NE que são preparadas à base de alimentos in natura, produtos alimentícios e/ou módulos de nutrientes. Tais preparações tenderão a ser usadas em situações em que o trato gastrintestinal encontrar-se com capacidade de digestão e absorção normais, tornando possível o emprego de nutrientes na forma intacta. As preparações industrializadas em pó para constituição e as industrializadas semiprontas para uso são classificadas como nutrição enteral em sistema aberto, que é a NE que requer manipulação prévia à sua administração, para uso imediato ou atendendo à orientação do fabricante. A industrializada pronta para uso é classificada como NE em sistema fechado, que é estéril, acondicionada em recipiente hermeticamente fechado e apropriado para a conexão ao equipo de administração (BRASIL, 2000). Sob o ponto de vista bacteriológico, as dietas enterais em pó, são ricas em macro e micro nutrientes e constituem excelente meio para o crescimento de micro- organismos, após a reconstituição (ARRUDA, 2009) Quando se considera a qualidade microbiológica dos alimentos, frequentemente se utiliza a pesquisa de micro organismos indicadores, que quando presentes em um alimento podem fornecer informações sobre o nível de contaminação e as condições higiênico sanitária durante o processamento e, produção ou armazenamento. Essa contaminação foi constatada por Lima et al. (2005), ao evidenciarem a contaminação de dietas enterais por coliformes totais, Escherichia coli e bactérias mesófilas aeróbias em 25 %, 10 % e 20 % das amostras analisadas, respectivamente. Maurício et al. (2008) também observaram em 100 % das amostras dos hospitais analisados, contaminação por coliformes a 45º acima do padrão de referência da RDC nº 12/2001. 2.2 Escherichia coli diarreiogênicas A diarreia aguda é uma síndrome clinica que possui várias etiologias, sendo caracterizada por alterações do volume, consistência e frequência das fezes. Estas alterações também costumam ser acompanhada por vômitos, febre, cólicas e dores abdominais 17 (EDUARDO, 2008). Dentre os agentes causadores desta síndrome podemos destacar vírus, protozoários e bactérias. A bactéria E. coli, pertencente ao grupo diarreiogênico, é uma das responsáveis por causar esta síndrome. A bactéria E. coli é um bacilo Gram-negativo, pertencente à família Enterobacteriaceae, descrita em 1885 por um pediatra alemão, Theodor Escherich (18571911), nas fezes de uma criança que vinha sofrendo de diarreia (ESCHERICH, 1885). Em 1893, um veterinário dinamarquês postulou que a espécie E. coli compreenderia diferentes linhagens, algumas sendo patógenas, enquanto outras não (JENSEN, 1893). O postulado de Jensen provou ser verdadeiro. Várias linhagens patogênicas de E. coli estão associadas a doenças intestinais, infecções do trato urinário e patologias internas, tanto em seres humanos, quanto em outras espécies de animais. Esses sorotipos patogênicos de E. coli foram, portanto, nomeados pela síndrome clínica que poderiam causar, sendo classificadas em E. coli diarreiogênica (DEC), E. coli uropatogênica (UPEC), E. coli septicémica (SePEC), E. coli associada à meningite neonatal (NMEC), etc. (MAINIL, 2003). No entanto, essa classificação foi descartada a partir da identificação in vitro de cepas patogênicas de E. coli. A primeira resposta veio do sistema de sorotipagem desenvolvido por Kauffmann na década de 1940, isto é, a identificação de antígeno somático (antígeno O), capsular (antígeno K) e flagelar (antígeno H), que são antígenos de superfície. O antígeno somático (O) é um polissacarídeo termoestável (121ºC por 2h) e forma a parte do lipopolissacarídeo presente na membrana externa das bactérias Gram negativas. O antígeno capsular (K) refere-se aos polissacarídeos capsulares que envolvem a parede celular, entretanto, 31 deles não possuem natureza polissacarídica. O antígeno flagelar (H) possui estrutura de natureza proteica e é termolábil (100ºC por 30 min) (KAUFFMANN, 1947). A presença de fímbrias, anteriormente caracterizada pelo fenótipo K, foi removida desta classificação, passando a caracterizar o antígeno K apenas pela presença do polissacarídeo. O antígeno proteico fímbria foi dada a designação F (ORSKOV et al., 1982). A sensibilidade e especificidade limitada da técnica de sorotipagem torna a detecção cara e difícil, de forma que um pequeno número de laboratórios de referência ainda a utiliza. Assim, detecção de E. coli diarreiogênica tem se concentrado cada vez mais na identificação das características que determinam a virulência desses organismos. Isso poderá incluir ensaios fenotípicos in vitro que se correlacionam com a presença de traços de virulência específicos ou a detecção dos genes que codificam essas características (MAINIL, 2013). Os fatores de virulência presentes em E. coli são codificados por cromossomos, 18 plasmídios e DNA de bacteriófagos (VIDAL et al., 2005). A PCR é um método genotípico largamente utilizado para identificação dos principais patótipos de DEC. Esta importante ferramenta de diagnóstico utiliza iniciadores específicos para amplificação dos genes cromossômicos e/ou plasmidiais respectivos aos patotipos de DEC (VICENTINI, 2013). Alguns genes são considerados específicos para as categorias patogênicas de DEC. A presença dos genes eae (intimina) e bfpA (fímbria BFP) e com ausência dos genes stx (toxina Shiga) pode definir a categoria patogênica EPEC típica, já a presença de eae (intimina) com ausência de stx (toxina Shiga) define EPEC atípica. Semelhantemente, os genes elt e/ou est (enteroxinas) definem o grupo ETEC e os genes ipaH (antígeno de invasão) definem o grupo EIEC (COSTA et al, 2010). Para definir as linhagens diarreiogênicas EAEC poderão ser observados a presença dos genes aggRe e as regiões conservados dos genes stx1 e stx2 podem definir a linhagem EHEC (TOMA et al., 2003). As linhagens causadoras de infecções intestinais, designadas E. coli diarreiogênicas (DEC), são divididas em seis patótipos: E. coli enteropatogênica (EPEC), E. coli enterohemorrágica (EHEC), E. coli enterotoxigênica (ETEC), E. coli enteroagregativa (EAEC), E. coli enteroinvasora (EIEC), E. coli de aderência difusa (DAEC) (FOCACCIA, 2005). As EPECs estão predominantemente presentes em crianças com idade inferior a um ano nos países desenvolvidos. São classificadas em típicas (quando presente o plasmídeo EAF, responsável por codificar genes que produzem fimbrias) e atípicas. Ao contrário das EPEC típicas, encontradas quase exclusivamente em seres humanos, as amostras atípicas são comuns em animais domésticos (FRANZOLIN et al., 2005; OSUGUI et al., 2014). As E. coli enterohemorrágicas (EHECs) estão relacionadas a surtos epidêmicos de diarreia em países desenvolvidos. O fator-chave para a virulência das EHEC é a produção da toxina de Shiga (Stx) ou verotoxina (VT), codificada por genes bacteriofágicos, responsáveis pela maioria das manifestações clínicas de infecções por EHEC (BOERLIN et al., 1999). As E. coli enterotoxigênica (ETECs) são amostras ou sorotipos de E. coli, que produzem as toxinas LT (termolábil) e ST (termoestável), ou uma das duas e expressam fatores de colonização. A infecção por ETEC é caracterizada pela adesão e produção de suas toxinas, provocando desta forma uma diarreia secretória. A criança poderá apresentar desidratação grave nos primeiros anos de vida (RODRIGUES et al., 2008). A característica que define o patótipo E. coli enteroagregativa (EAEC) é seu padrão de adesão a células epiteliais, que consiste em um agregado celular lembrando tijolos empilhados, onde, na mucosa intestinal, as EAEC formam um biofilme espesso. Os mecanismos patogênicos das EAEC ainda não foram elucidados (FOCACCIA, 2005). 19 As cepas de E. coli enteroinvasora (EIEC) poderão ser identificadas, entre outros critérios, pela invasão ao epitélio celular e associação com disenteria (NATARO; KAPER, 1998). E. coli aderente difusamente (DAEC) é um patótipo caracterizado por seu padrão de adesão, que envolve toda a célula (adesão difusa). Alguns estudos sugerem que poderá causar diarreia em certos grupos de crianças (FOCACCIA, 2005). Um estudo realizado para identificar a presença de coliformes fecais e bactérias E coli diarreiogênicas (DEC) em diferentes fontes de água potável em focos endêmicos de diarreia na Bengala Ocidental, revelou que mais de um quinto (21,4%) das amostras foram identificadas, por sorotipagem, com a presença da E. coli e análises moleculares revelaram a presença de E. coli multirresistentes EPEC, EIEC e ETEC em 9% das amostras. Nesta pesquisa os autores mostraram que períodos chuvosos parecem estar mais propícios à diarreia associada a E. coli diarreiogênicas. Essas bactérias mostram-se multirresistentes a diversas drogas como tetraciclina, canamicina, furazolidona, amoxicilina, ampicilina, norfloxacina e ciprofloxacina, podendo ser a causa da grande potencialidade de contaminação em ambientes aquáticos (BATABYAL et al., 2013). O Brasil também apresenta surtos de E. coli diarreiogênicas. Em Botucatu – SP, um trabalho realizado com 54 crianças do centro de saúde escola, no período de junho de 1997 a maio de 1998, identificou um total de 59 diferentes estirpes de E. coli a partir de 44 (81,0%) dos 54 pacientes estudados. A partir de marcadores moleculares de virulência de E. coli diarreiogênicas, foi possível identificar a presença de EAEC e DAEC. Entre estas, EAEC foi predominante, com um percentual 20,4%, estes dados levaram os autores a afirmar que a incidência de diarreia infecciosa e a prevalência de um dado agente causal são estritamente associadas a fatores socioeconômicos tais como nutrição, saneamento e habitat da população (RODRIGUES et al., 2002). Segundo Franzolin et al. (2005) avaliaram a prevalência de Escherichia coli diarreiogênicas em crianças com diarreia em Salvador na Bahia. Em um total de 175 amostras, E. coli foi encontrado em 138 amostras. Foram identificadas sete categorias e DEC. O isolado mais frequentemente foi o EPEC atípico (10,1%), seguido por ETEC (7,5%), e EAEC (4,2%) (FRANZOLIN et al., 2005). EPEC atípica são patógenos entéricos emergentes que só recentemente começou a atrair a atenção dos investigadores (TRABULSI; KELLER; GOMES, 2002). Semelhantemente, Orlandi et al. (2006) observaram em crianças da região amazônica a presença de E. coli diarreiogênicas em 86 (18,2%) delas com diarreia. A 20 caracterização de estirpe por PCR mostrou que EPEC foi a estirpe mais frequentemente associada à diarreia (6,1% de casos, com 2,1% sendo EPEC típica e 4,0% EPEC atípica), seguido por E. coli enteroagregativa (EAEC) (5,5%) e de ETEC (4,4%). A alta frequência desses organismos nesses estudos reforça a necessidade de mais pesquisas sobre a sua epidemiologia, patogênese e papel na as diferentes formas de diarreia. As Escherichia coli diarreiogênicas (DEC) são consideradas importante causa de diarreia nos países em desenvolvimento. Para sua correta identificação, esses microorganismos deverão ser diferenciados dos membros não patogênicos da microbiota intestinal. 2.3 Adesão como fator de virulência Um dos fatores de virulência, que desencadeia um mecanismo patogênico, envolve adesão de E. coli à membrana plasmática dos enterócitos, provocando a destruição das microvilosidades adjacentes. Esta aderência desencadeia a diarreia, resultado da perda das propriedades absortivas das células infectadas, caracterizando-se pela presença de muco abundante, sem sangue, acompanhada de dores abdominais, febre, vômitos e desidratação, sendo reconhecida inclusive por causar diarreia crônica (ALVES, 2009). Pelo menos três classes gerais de diferentes adesinas de E. coli podem ser definidas: diferentes apêndices como fímbrias, fibrilas e curli, a família afimbrial (Afa) e proteínas da membrana exterior específica (OMPs), como a intimina (MAINIL, 2005). Duguid et al. (1955) descreveram ao microscópio eletrônico os apêndices visíveis responsáveis pela aglutinação de eritrócitos por algumas cepas de E. coli, que eles nomearam de "Fímbria". Inicialmente esse apêndice também recebeu o nome de “Pili”. Orskov e Orskov (1990) propuseram quatro classes de apêndice com base na sua estrutura: rígidas, grossa (5-7 nm) com um furo central, chamados de fímbrias; flexível, fino (2-3 nm) sem furo axial, apêndices peritricosos ou fibrilas; flexível, moderadamente grossa (4-6 nm), formando apêndices polares ou fímbrias tipo 4; e altamente flexível, muito fino, apêndices agregado ou curli. As adesinas fímbrias e fibrilas de E. coli foram inicialmente descritas em E. coli enterotoxigênica (ETEC) de suínos, bezerros e, em seguida, nos seres humanos (NATARO; KAPER, 1998; GYLES; FAIRBROTHER, 2010). O primeiro passo para infecções por qualquer microorganismo enteropatogênico (ETEC) é a colonização do epitélio intestinal, e, neste aspecto, a E. coli enterotoxigênica produz uma série de fimbrias que lhe confere a capacidade de aderência ao epitélio. Estre estas, a maior frequências são as cepas CFA-I y 21 CFA-II. Estas fimbrias se aderem a receptores específicos que se encontram na membrana dos enterócitos do intestino delgado proximal (ESTAPÉ; ZBOROMYRSKA, 2013). As mais conhecidas E. coli fímbrias tipo 4 ou BFP, são produzidos por E. coli enteropatogênica típica (tEPEC) (WU; FIVES-TAYLOR, 2001). O BFP, codificado por genes localizados no plasmídeo, foi a princípio pensado estar envolvido na adesão aos enterócitos humanos, mas hoje acredita-se que desempenha função de ajudar as bactérias a ficar unidas formando micro colônias na superfície das células hospedeiras, também chamado "adesão localizada" (LA) (SCALETSKY; SILVA; TRABULSI, 1984). Alguns trabalhos também têm relatado a importância das fímbrias tipo 4 em cepas ETEC presentes em seres humanos na promoção da colonização intestinal, podendo também desempenhar um papel na proteção das bactérias contra agentes antimicrobianos (GIRON et al., 1997; CLAVIJO; BAI; GOMEZDUARTE, 2010). Os genes que codificam a fímbria curli, são localizados no cromossomo, este tipo de fímbrias são produzidas por diferentes estirpes patogénicas, como algumas cepas E. coli enterohemorrágica EHEC. No entanto, são necessários mais estudos, especialmente in vivo para entender-se mais precisamente o seu papel na patogenicidade de E. coli (MAINIL, 2013). 22 3 OBJETIVOS 3.1 Geral Analisar os fatores de virulência em isolados bacterianos recuperados de amostras de dietas enterais industrializadas manipuladas de um hospital público e um privado do município de São Luís - MA. 3.2 Específicos a) Determinar o número mais provável (NMP) de coliformes totais e termotolerantes. b) Identificar os possíveis marcadores de virulência genotipicamente nos isolados; eae (para EPEC e EHEC), stx1 e stx2 (para EHEC), elt e est (para ETEC), ipaH (para EIEC) e aggR (para EAEC) c) Analisar as propriedades relacionadas com a adesão. d) Detectar fenotipicamente a produção de exoenzimas e hemolisina nas amostras de E.coli; 23 4 MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 Coleta das amostras de dietas enterais industrializada manipuladas As amostras foram coletadas com qualidade física satisfatória e características organolépticas próprias de dois hospitais do município de São Luís – MA, sendo 15 amostras de um público e 15 de um particular, total de 30 amostras, entre o período de março de 2013 a abril de 2014. Foi estabelecida como unidade amostral 100 (ml) de cada amostra de dieta enteral manipulada coletada. Todas as amostras foram coletadas separadamente em turnos e horários diferentes. Em seguida, foram acondicionadas individualmente em frascos de vidro de primeiro uso, sem contato manual, transportadas em caixa isotérmica, contendo saco de gelo cristal, para o Laboratório de Microbiologia Médica e de Alimentos – Núcleo de Doenças Endêmicas e Parasitárias do Centro Universitário do Maranhão - UNICEUMA, para a realização das análises microbiológicas. 4.2 Análise microbiológica Para todas as amostras foram realizadas as análises de contagem de bactérias, leveduras e fungos, determinação de coliformes a 45º C, detecção de Escherichia coli, Staphylococcus aureus e pesquisa de Salmonella spp (SILVA; JUNQUEIRA; SILVEIRA, 2001). 4.2.1 Quantificação de coliformes totais e coliformes a 45º C (Termotolerantes). Após a fase de incubação dos tubos com lactosado simples, foi transferido 1 mL do crescimento bacteriano: turvação do meio e presença de bolhas ou ar nos tubos de Durhan, para tubos de ensaio contendo 10 mL de caldo Verde Brilhante (VB), os quais foram incubados em estufa, a 37ºC por 24 a 48 horas, para pesquisa de coliformes totais e para tubos de ensaio contendo 10 mL de caldo EC incubados por 24 a 48 horas a 44,5 ºC, em banho maria, para pesquisa de coliformes termotolerantes. A partir dos meios líquidos positivos (turvos e com produção de gás nos tubos com Durhan) foi feita a tabulação dos dados pela Tabela de Hoskins, número mais provável por militros (NMP/ml) e foram estriadas placas de Petri contendo ágar MacConkey, mantidas em estufa por 24 horas a 35-37ºC. Após período de incubação, dos meios em que houve 24 crescimento, foi removida uma pequena porção da colônia crescida, com o auxílio da alça de níquel cromo, e inoculado no kit para provas bioquímicas Enterokit B (Probac) para a identificação de coliformes totais e Escherichia coli. Para obtenção do resultado da análise microbiológica das amostras foi feita a analise comparativa com os valores preconizados pela legislação brasileira, para pratos prontos para o consumo à base de pescados cru e cereais, descritos na RDC nº12 (BRASIL, 2001). Quando os resultados forem superiores aos preconizados, ou houver presença e/ou quantificação de outros micro- organismos patogênicos não especificados pela resolução, o produto é considerado em “condições sanitárias insatisfatórias”. 4.2.2 Detecção de Salmonella spp A partir dos tubos positivos para crescimento microbiano dos tubos de caldo lactosado simples, foi transferido 1 mL do inóculo para tubos com caldo Rapapport e incubados os meios a 35-37ºC por 24 horas. Após 24 horas, os tubos contendo Rapapport foram agitados e com o auxílio da alça de níquel cromo, foi estriada uma alça em placa de Petri com meio seletivo e diferencial Salmonella- Shigella (SS), as quais foram incubadas invertidas a 35- 37 º C por mais 24 horas. Transcorrido o período de incubação foram observadas colônias suspeitas : com centro negro devido à produção de H2S. Das colônias suspeitas foi retirada um a porção que foi inoculada no kit para provas bioquímicas Enterokit B (Probac) para a identificação. 4.2.3 Detecção de Staphylococcus aureus Foi transferido 0,1 mL dos tubos de ensaio de caldo lactosado simples par a placas de Petri contendo o meio Ágar Manitol Salgado. O inóculo foi espalhado na placa até seu total secamento, com a ajuda da alça de Drigalsky. As placas foram incubadas invertidas a 35-37ºC por 48 horas. Após período de incubação, as colônias desenvolvidas foram submetidas ao teste de coagulase pelo Staphy-Test para identificação. 4.2.4 Contagem de leveduras e bolores Foram transferidos 0,1 mL das diluições de cada amostra com auxílio de 25 micropipeta automática, para placas de Petri contendo Ágar Saboroud, em duplicata. Espalha – se o inóculo com auxilio de alça de Drigalsky deixando-se, na sequência, as placas em repouso para que o meio de cultura absorvesse a amostra diluída. As placas serão incubadas a 25ºC/5 dias. Após a incubação, as unidades formadoras de colônias (UFC) foram contadas com auxílio de contador de colônias manual. O resultado final foi calculado multiplicando-se o resultado da contagem de colônias pelo fator de diluição correspondente a placa contada, sendo expresso em UFC/mL. 4.3 Identificação pela PCR multiplex molecular das categorias patogênicas de Escherichia coli Para detecção de genes de virulência em E. coli, o DNA genômico, de 17 isolados foi extraído pelo método da fervura. Para tal, um alíquota de 2mL de cada cultura de 24horas de E.coli crescida em meioAgar nutriente por 24 horas a 37ºC, foi centrifugado 10.000 rpm por 5 minutos, o sobrenadante foi descartado e o sedimento bacteriano foi lavado em 700 ul de solução salina tamponada (PBS) pH 7.5. Novamente foi centrifugado 10.000 rpm por 5 minutos e o PBS descartado. O sedimento bacteriano foi ressuspenso em 400ul de Tris-EDTA (TE) 1 x, pH.75. Os tubos contendo as amostras foram colocados em fervura a 100ºC durante 15 minutos e centrifugado por 1 minuto a 10.000 rpm e o sobrenadante foi recolhido e guardado a -20ºC até o uso. A verificação da qualidade/quantificação relativa do DNA extraído foi feita em gel de agarose 0,8%, contendo um marcador de massa molecular (New England Biolabs). Os ensaios de mPCR foram feitos com iniciadores específicos, previamente descritos por TOMA et al. (2003) para a identificação dos grupos de E. coli :eae (para EPEC e EHEC), stx1 e stx2 (para EHEC), elt e est (para ETEC), ipaH (para EIEC) e aggR (para EAEC) (Tabela 01). Os ensaios de mPCR foram feitos em termociclador Amplitherm (Eppendorf) num volume final de 25 uL contendo 15 picomoles de cada iniciador, 12.5 µl do Master Mix (PROMEGA ®, Madison, USA), mais 100 ng do DNA bacteriano mais água livre de nuclease para completar o volume final de 25 µl. O programa de amplificação consistiu de um passo inicial de desnaturação de 94ºC por 5 minutos, seguidos de 30 ciclos de 94ºC por 1minuto, 52ºC por 1 minuto e 72ºC por 1 minuto e uma extensão final a 72ºC por 10 minutos. O tamanho dos fragmentos amplificados foi aferido por eletroforese em gel de agarose 2%, que foi submetido à eletroforese em tampão TBE 0,5X (Tris-borato-EDTA) 26 [100mM Tris-base; 2,0 mM de solução 0,5 EDTA (pH 8,0) e 50 mM ácido bórico] a 85 mV durante 2 horas (SAMBROOK; FRITSCH; MANIATIS, 1989). Após a eletroforese, os géis foram corados em uma solução de brometo de etídio (1:1000), durante 20 minutos e observados em transiluminador ultravioleta. Para a determinação do tamanho dos produtos da mPCR foi incluído em cada corrida um marcador de tamanho molecular 100pb DNA ladder (PROMEGA, EUA). Como controle positivo foram utilazados as seguintes bactérias da espécie E. coli: ATCC 042(EAEC), ATCC 234869 (EPEC), ATCC 1381-7 (EIEC), ATCC 2781-8 (STEC) e ATCC 1651-1 (ETEC) (TOMA et al., 2003). Tabela 1 - Iniciadores usados para identificar os isolados Escherichia coli enteropatogênica DESIGNAÇÃO Sequência (5' a 3') SK1 CCCGGATCCGTCTCGCCAGTATTCG SK2 CCCGAATTCGGCACAAGCATAAGC Vtcom-u GAGCGAAATAATTTATATGTG VTcom-d TGATGATGGCAATTCAGTAT AL65 TTAATAGCACCCGGTACAAGCAGG AL125 CCTGACTCTTCAAAAGAGAAAATTAC LTL TCTCTATGTGCATACGGAGC LTR CCATACTGATTGCCGCAAT ipaIII GTTCCTTGACCGCCTTTCCGATACCGTC ipaIV GCCGGTCAGCCACCCTCTGAGAGTAC aggRks1 GTATACACAAAAGAAGGAAGC aggRkas2 ACAGAATCGTCAGCATCAGC Gene Tamanho do produto amplificado (pb) Eae 881 Stx 518 Est 147 Elt 322 ipah 619 aggR Fonte: TOMA et al. 2003. 254 27 4.4 Determinação da hidrofobicidade de superfície célular Após crescimento em BHI ágar por 24h a 37°C, as culturas foram suspensas em concentrações crescentes de sulfato de amônio [(NH3)2SO4], de 0,5M, 1,0M, 1,5M, 2,0M, 2,5M e 3,0M. A formação de grumos em até dois minutos após a suspensão indicou resultado positivo. Considerou - se amostra hidrofóbica aquela que formou grumos em concentrações abaixo de 2M de sulfato de amônio (SCHMIDT et al.,1998). 4.5 Identificação de fímbrias 4.5.1 Identificação da fímbria curli Micro organismos cultivados em meio Luria Bertani (LB), com pH igual a 8,a 37º C/ 24h foram semeados em placas de LB (sem sal) contendo 0.004% de Vermelho Congo e 0.002% de Azul Brilhante. As placas foram incubadas por 24 a 48 horas em temperatura ambiente. Colônias vermelhas ou rosas são indicativas de bactérias produtoras de curli (DA RE, GHIGO, 2006). 4.5.2 Identificação da fímbria tipo I Para a identificação foram feitos cultivos em BHI por 24 horas a 37ºC. Logo após, uma porção de cada cultivo foi centrifugada três vezes (12000xg por 15 minutos), sempre descartando-se o sobrenadante e colocando-se PBS com pH 7,4. Cerca de 500µl dos isolados foram misturados, em lamínulas de vidro, com 500µl de sangue lavado três vezes com PBS, com e sem adição de manose. As amostras que produziram hemaglutinação somente na ausência de manose foram consideradas positivas para fímbria tipo I (CLEGG; OLD, 1979). 4.6 Capacidade de adesão a materiais inertes 4.6.1 Adesão ao vidro Os ensaios para verificação da capacidade de adesão foram feitos segundo a metodologia de Garcia-Aljaro et al. (2006), com algumas modificações. Lamínulas redondas 28 de vidro foram colocadas em poços de microplacas (24 poços) contendo Brain Heart Infusion (BHI). Posteriormente, O inoculo foi padronizado segundo a escala de turbidez 0,5 da escala de MacFarland. Em seguida inoculou-se 100μL da suspensão bacteriana previamente crescida em BHI, em cada poço e a placa foi incubada por 3h/37 ºC. Depois, a placa foi lavada 3 vezes com PBS (pH 7,2), as lamínulas foram coradas com cristal violeta por 10 minutos e depois com fuscina por mais 10 minutos. A microplaca foi lavada novamente com PBS (pH 7,2), as lamínulas retiradas e fixadas em lâminas para serem examinadas por microscopia de luz. 4.6.2 Adesão ao látex siliconizado e aço inox No presente trabalho, foram utilizados fragmentos de látex siliconizado (cateter urinário, Solidor®) medindo 0,5 mm de diâmetro e fragmentos de agulha medindo 1 cm. Os fragmentos foram transferidos para tubos de ensaio, contendo 5 mL de caldo BHI e esterilizados em autoclave por 15 minutos a 120°C para posteriormente serem utilizados. As suspensões bacterianas foram preparadas a partir de inóculos previamente crescidos em Ágar Muller Hinton, de onde se retiraram colônias bacterianas e foram transferidas para tubos com 3ml de salina 0,9% até adquirirem a turbidez 0,5 da escala de MacFarland. Em seguida, retirou-se 0,1ml de cada suspensão preparada e inoculou-se aos tubos contendo BHI + látex siliconizado e BHI + inox. Os tubos foram incubados em estufa bacteriológica a 37°C por 3 h e, a seguir, retirados, lavados em salina 0,9%. Os tubos controles não receberam inóculo bacteriano, mas receberam o mesmo tratamento que as amostras bacterianas testadas. Após este período, todos os fragmentos de inox e látex siliconizado, foram lavados em solução fisiológica e transferidos para 5mL de solução salina esterilizada. Em seguida, foi realizada uma intensa homogeneização em aparelho Vortex durante 30s. Depois, foram retiradas alíquotas de 0,1ml da suspensão obtida que foram semeadas em duplicata em Ágar Muller Hinton, e as placas foram incubadas a 37ªC/ 24h (GOMES et al. 2012) com adequações. 4.7 Aderência bacteriana em células HEp-2 e HT29 4.7.1 Cultivo e preparo das monocamadas celulares As células HT29 (carcinoma de intestino humano) e HEp-2 (carcinoma de laringe) foram descongeladas em banho-maria a 37o C e transferidas para uma garrafa de cultura de 29 células contendo meio MEM (meio mínimo essencial de Eagle modificado / Cultilab), suplementado com 10% de soro fetal bovino (SFB / Cultilab) e 1% de solução de antibióticos contendo penicilina (1000 U /mL; Sigma) e estreptomicina (250 μg / mL; Sigma). Os frascos de cultura foram incubados em atmosfera de 5% de CO2 e 37 o C, por 48 h, até a formação do tapete celular. Após esse período, o meio foi descartado, sendo adicionada à cultura celular uma solução de ATV (Associação Tripsina-Versene / Cultilab) para o descolamento do tapete. As células foram ressuspensas no meio MEM, acrescido de 10% de soro fetal bovino (SFB) e 1% de antibióticos, para um número estimado de 2,5 x células / mL. A suspensão de células foi distribuída em microplacas de 24 cavidades, contendo lamínulas, em volumes de 1mL por cavidade. As placas foram incubadas a 37 o C em atmosfera de 5% de CO2 por 48 h ou até que a monocamada atingisse a semi-confluência. 4.7.2 Realização do teste de adesão em células HT29 e HEp-2 O inoculo foi padronizado segundo a escala de turbidez 0,5 da escala de MacFarland. Em seguida 40μL das amostras de E. coli cultivadas em caldo triptona de soja (TSB) por 18h a 37 o C em agitação de 150 RPM foi adicionado em placas de 24 orifícios, contendo monocamadas celulares semiconfluentes de células HT29 e HEp-2 em meio MEM acrescido de SFB a 2% na ausência ou presença de D-manose a 2%. Depois de 2h de incubação a 37o C em atmosfera de 5% de CO2 (período de infecção), as placas foram lavadas com PBS e adicionado ao meio 1mL de MEM acrescido de SFB com e sem manose. Após 2h (período de multiplicação), cada uma das placas foi lavada com PBS (pH 7,4) a 0,05M e as células fixadas com metanol por um período mínimo de 10 minutos. As preparações foram coradas com May-Grunwald / Giemsa e analisadas quanto ao padrão de aderência em microscópio óptico (Nikon). (SCALETSKY; SILVA; TRABULSI, 1984). 4.8 Verificação da presença de fatores de virulência pela formação de cápsula e biofilme 4.8.1 Avaliação da produção de cápsula A avaliação da capacidade de E. coli de produzir cápsula como teste presuntivo para a formação de biofilme, foi realizada pelo método de semeadura em Ágar Vermelho Congo (AVC), descrito por Freeman, Falkiner e Keane (1989), com pequenas modificações. Colônias de E.coli obtidas pelo crescimento prévio overnight em BHI foram semeadas por 30 esgotamento no meio AVC e incubadas a 37°C por 24 horas. Os resultados foram avaliados de acordo com a coloração apresentada pelas colônias. As amostras foram consideradas produtoras de cápsula quando apresentaram coloração preta e as não produtoras de cápsula quando apresentaram coloração vermelha. 4.8.2 Indução de biofilme in vitro A formação de biofilme por E. coli foi avaliada em placas de microtitulação de poliestireno pelo método de Cristal Violeta descrito por Stepanovic et al. (2004), com algumas modificações. Primeiramente, o inoculo foi padronizado segundo a escala de turbidez 0,5 da escala de MacFarland. Depois as amostras foram inoculadas em caldo BHI e incubadas a 37°C por 24 horas. Em seguida, uma porção do caldo de cultivo foi diluída (1:40) em meio BHI estéril. Os poços das placas de microtitulação foram preenchidos sequencialmente com alíquotas de 200 μL de cada amostra em triplicata. No controle negativo, transferiram-se somente 200 μL de caldo BHI em triplicata. Após preenchidas, as placas foram incubadas a 37°C por 24 horas em estufa microbiológica. Posteriormente foram lavadas três vezes com PBS (pH 7,4) e deixadas secar à temperatura ambiente. Depois foi adicionado o Cristal violeta (200 μL/cavidade) e as placas foram incubadas por 15 minutos à temperatura ambiente. Em seguida cada cavidade foi lavada com água destilada estéril por três vezes e deixadas secar a temperatura ambiente. A avaliação de formação de biofilme foi realizada através da leitura da absorbância de cada poço, utilizando-se o espectrofotômetro (BIO-RAD Laboratories PR 2100), em comprimento de onda de 490 nm. Com base nas densidades ópticas dos isolados (DOi) e tomando-se por fundamento a densidade óptica do controle negativo (DOc), os isolados foram classificados nas seguintes categorias: a) Não produtor: DOi < Doc; b) Produtor fraco: DOc < DOi (2x Doc); c) Produtor moderado: (2x DOc) < DOi (4x DOc); d) Produtor forte: (4x DOc < DOi). 31 4.9 Detecção da atividade hemolítica 4.9.1 Pesquisa da atividade hemolítica em meio sólido Para a pesquisa de hemolisina em ágar sangue as amostras de E. coli foram inicialmente cultivadas em meio BHI a 37°C por 24 h. Após o crescimento bacteriano, as linhagens foram semeadas sobre e em profundidade em ágar Muller Hinton contento 5% de hemácias de carneiro ou de cavalo (BEUTIN; ZIMMERMANN; GLEIER, 1988). A presença de halos de hemólise ao redor das colônias crescidas nos diferentes tipos de sangue foi observada após 24 h de incubação a 37°C. 4.9.2 Cultivo na presença de íons As amostras também foram crescidas na presença de cloreto de ferro e cloreto de cálcio nas concentrações de 10mM. Estes testes foram realizados em placa, vistos em 4.9.1. 4.9.3 Pesquisa da atividade hemolítica em meio líquido Alíquotas de 500µL de sobrenadante das amostras de E. coli cultivadas em BHI a 37°C foram centrifugadas três vezes (12.000Xg,15 min), e diluídas na razão 2, em orifícios de microplaca contendo PBS (pH 7,4). Uma alíquota de 500 µL de suspensão a 1% de hemácias de carneiro ou cavalo, previamente lavadas três vezes em PBS (pH 7,4), foi adicionada a cada orifício a microplaca à 37°C / 1hora para posterior análise por espectrofotometria com densidade óptica de 540nm (BHAKDI et al., 1986). 4.10 Análise da atividade enzimática 4.10.1 Proteinase Para caracterizar fenotipicamente a produção da protease, empregou-se o método descrito por Jagger, Bahner e Warren (1983). Inicialmente, as amostras de E.coli foram inoculadas em BHI e, após incubação a 37o C por 24 h, foram semeadas por picada nas placas de Petri contendo ágar Müeller-Hinton e skim Milk (HIMEDIA) (2%). A observação de halos claros em torno dos pontos inoculados indica atividade proteolítica. 32 4.10.2 Fosfolipase A realização do teste seguiu as recomendações descritas por Hobermann e Hardat (1972), com algumas modificações. As cepas, inicialmente semeadas em BHI a 37oC durante 24 h, foram inoculadas em placas com ágar Müeller-Hinton enriquecido com egg yolk 10% (vol/vol) (Laborclin). O aparecimento de um precipitado branco ao redor ou abaixo do local do inóculo foi indicativo de produção de fosfolipase. 4.10.3 Lipase Para a detecção da atividade lipolítica foi utilizado o método descrito por Edberg, Gallo e Kontnick (1996) modificado. As amostras de E.coli, previamente cultivadas em ágar nutriente a 37oC por 24 h, foram semeadas por picada em ágar BHI suplementado com 1% de tween-80. As culturas foram incubadas à temperatura ambiente e avaliadas diariamente por 3 dias. A presença de um halo ao redor do local da inoculação, após 2 a 3 dias, foi considerado como teste positivo. 4.11 Análise e tabulação dos dados Os dados foram tabulados no programa estatístico Prisma, versão 5.0. Posteriormente foram geradas tabelas e gráficos de acordo com as variáveis estudadas na pesquisa. Os testes escolhidos para análise dos dados foram o Teste Exato de Fisher (tabela 2x2), Teste Qui Quadrado (tabela 3x2) e Teste T. Para este estudo, adotou-se o valor de α igual a 0.005 para o nível de significância. 33 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise microbiológica de 30 amostras de nutrição enteral industrializada manipulada em dois hospitais (um público e um privado) de São Luís - MA. Para a comparação dos resultados obtidos foi consultada a resolução da ANVISA de 63 de julho de 2001 que fixa os requisitos mínimos exigidos para a terapia de nutrição enteral (Figura 1). Figura 1 - Percentual de amostras de nutrição enteral dos hospitais público e privado de São Luís- MA em desacordo com os padrões legais vigentes. Fonte: Elaborado pela Autora (2014). Como se pode observar na figura 1, não houve contaminação por Salmonella em 100% das amostras, estando portanto de acordo com a legislação. Tal resultado também foi encontrado por Santos e Tondo (2000) que ao pesquisaram fórmulas enterais não encontraram esse patógeno. As amostras isoladas do hospital particular 16,5% apresentaram contaminação por Staphylococcus coagulase positiva, níveis acima do padrão Já nas análises do hospital público não foram detectadas a presença deste patógeno, dados que corroboram com os de Souza e Campos (2003) que analisaram dietas enterais e não encontraram este patógeno em suas amostras. A presença de patógenos se torna importante sabendo que esta espécie de micro- organismo é um dos patógenos que mais causam doenças veiculadas por alimentos, além disto, o mesmo libera toxinas que representam um grande risco para a saúde pública. Os fungos, bolores e leveduras estavam presentes em 58% das amostras do hospital particular e 83% das amostras do hospital público. No Brasil dados sobre a 34 contaminação por fungos são abundantes e, além disto, a contaminação por fungos em alimentos é indicativa de má qualidade da matéria-prima ou falhas ao longo do processamento (MORAIS, 2003). Na contagem de coliformes termotolerantes (E. coli) nas amostras isoladas do hospital particular 58% estavam contaminadas, e nas amostras isoladas do hospital público 63% apresentaram contaminação. As amostras apresentaram níveis acima do preconizado pela RDC 63/2000, que estabelece que as amostras analisadas devem apresentar menor 3 NMP/ml de coliformes a 45° C. Em estudo realizado em hospitais de Governador Valadares (MG), encontraram em dietas não industrializadas em pó, valores de contaminação por coliformes totais acima de 104 UFC/mL Oliveira et al (2001). Igualmente, a pesquisa realizada por Carvalho et al. (2000), resultou em 38,3% das dietas enterais contaminadas por coliformes totais logo após a manipulação, sendo que após 24h do término da administração das mesmas uma nova análise do material armazenado resultou em aumento da porcentagem para 44,7%. Além disso, Tebaldi et al (2008) verificaram que das 16 amostras analisadas, 31,25% apresentaram contagem de coliformes termotolerantes acima de 103 NMP. mL–1, valor considerado por Murphy (1997 apud BADARÓ; ARAÚJO; CARVALHO, 2007). Resultado semelhante encontrado por Flach, Karnopp; Corção (2005), 14 (25%) das amostras eram E. coli. As amostras isoladas de dietas enterais apresentaram contaminação por coliforme total em 12 (40%). Segundo a resolução RDC nº 63, de 6 de julho de 2000 do Ministério da Saúde, a avaliação microbiológica em amostra representativa das preparações realizadas em uma sessão de manipulação deve apresentar valor menor que 3 número mais provável por ml (NMP/mL) de coliformes totais. Não houve diferença significativa entre a quantidade de coliformes totais entre os hospitais público e privado. Apresentou mediana igual a 15 NMP/mL para hospital privado e 93 NMP/ml para o público, já os coliformes termotolerantes 3 NMP/mL para o privado e 17 NMP/mL para o público. Outros estudos mostraram, também, uma contaminação de dietas enterais por coliformes totais. Em pesquisa realizada em um hospital da cidade de Natal- RN, Lima et al. (2005) constataram contaminação em 25% das amostras analisadas, enquanto que, na cidade de Cascavel, no Paraná, os resultados demonstram a contaminação de 41,3% das amostras analisadas (GERUNTHOB et al., 2008). Resultados semelhantes foram obtidos por Maurício et al. (2008), que analisaram a contaminação de dietas enterais de um hospital privado da região noroeste do Paraná, encontrando contaminação por coliformes totais em 60% das 35 amostras. A contaminação por coliformes totais, observada nas fórmulas enterais, não é, necessariamente, um indicador de contaminação fecal ou presença de patógenos, mas um número elevado desses micro-organismos em amostras de fórmulas enterais indica condições sanitárias insatisfatórias durante o processamento de preparações. A falta de atenção dos manipuladores com as técnicas de higiene adequadas, inabilidade para desinfetar equipamentos de preparação podem acarretar a contaminação de dietas enterais por coliformes totais (SANTOS, 2004). Dos isolados identificados 8 (80%) eram do hospital privado e 4 (20%) do hospital público foram identificadas como Escherichia coli. Estes isolados foram classificados através da PCR multiplex nas categorias de E. coli diarreiogênicas. Os isolados de E. coli proveniente do hospital privado foram identificadas como diarreiogênicas: EAEC 1(12,5%), STEC 1(12,5%), ETEC 1(12,5%), EPEC 2(25%) e como cepas não diarreiogênicas (37%). No hospital público 4(100%) dos isolados foram identificadas como EPEC (Tabela 2) Tabela 2 - Número de Amostras que apresentaram contaminação no hospital público e privado com Escherichia coli. Hospital Privado Público n=8 (%) n= 4(%) Valor de p Presença de Escherichia coli Cepas diarreiogênicas EAEC STEC ETEC EPEC 1 (12,5) 1 (12,5) 1(12,5) 2 (25) 4(100) 0,610 0,610 0,610 0,080 Cepas não diarreiogênicas 3(37,5) - 0,490 Fonte: Elaborado pela Autora (2014) Dentre as E. coli diarreiogênicas a linhagem que se destacou no presente estudo foi a EPEC em ambos os hospitais, quebrando o mito de que o hospital particular possui uma dieta enteral mais segura para o paciente. Resultado que é extremamente preocupante, por se tratar de amostras destinadas a um paciente de UTI, debilitado e correndo risco de adquirir uma infecção severa, além de aumentar seu tempo internado. A EPEC tem sido considerada um dos principais agentes etiológicos de diarreia aguda em crianças com idade inferior a dois anos em países em desenvolvimento e, em particular, nos pacientes com até seis meses de idade (TRABULSI; KELLER; GOMES, 2002). 36 Em estudo realizado por Alves (2009), entre as E. coli (diarreiogênicas), 2% para o sorogrupo EHEC e 1% para o sorogrupo EPEC.O estudo foi realizado durante três anos. Em 2006, encontrou 21 amostras de E. coli diarreiogênica (6,48%).Em 2007, entre as E. coli (diarreiogênica) a prevalência foi de (7,14%) para o sorogrupo EPEC. Em 2008, observaram a seguinte distribuição entre os sorogrupos de E.coli: (5,36%) EPEC, (1,79%) ETEC, (0,89%) EHEC e (0,89%) EIEC. A E. coli diarreiogênica mais encontrada no estudo foi EPEC. Em estudo realizado no Hospital Centro Geral de Pediatria em Belo Horizonte/MG, Collares (2005) relatou a incidência de amostras de EPEC típicas (1,9%) semelhante ao relatado para outras regiões do País. Em Salvador e em Botucatu, a frequência do micro-organismo foi de 0,8% (FRANZOLIN et al., 2005) e, no Rio de Janeiro, de 2,5% (RÉGUA-MANGIA et al., 2004). Escherichia coli patogênica é agrupada em categorias baseadas pela produção de fatores de virulência. Virulência é definida como a habilidade de um organismo provocar doença em um hospedeiro particular, devido ao impacto cumulativo de um ou vários fatores de virulência (NAVEEN, MATHAI, 2005). Essas características de patogenicidade habilitam as linhagens portadoras a realizarem uma gama variada de funções, como processos de adesão; invasão e/ou destruição de tecidos; produção de toxinas; ou captação de produtos essenciais ao hospedeiro. A combinação destes fatores é determinante para a instalação da doença e sua severidade. (Ref) A capacidade de adesão dos isolados em estudo foi inicialmente avaliada pela capacidade hidrofóbica de cada cepa, já que alguns estudiosos têm comprovado que a hidrofobicidade da superfície celular bacteriana é um dos fatores que acarretam no processo de adesão bacteriana aos diferentes materiais (CAPELLO; GUGLIELMINO, 2006). Assim, quanto mais hidrofóbica for a bactéria, possivelmente maior será sua capacidade de formar biofilmes, uma vez que, as características físico-químicas da superfície podem desempenhar uma forte influência sobre a adesão bacteriana, as quais aderem com mais facilidade às superfícies hidrofóbicas (ex: plástico) do que às hidrofílicas (ex:vidro ou metais) (RODRIGUES; SANTOS; RIZZO, 2009). Deste modo, verificou-se que 1 (12,5%) das amostras do hospital privado e 2 (50%) do hospital público eram hidrofílicas, 2 (25%) e 1 (25%) respectivamente apresentaram hidrofobicidade intermediaria e 5 (62,5%) e 1 (25%) respectivamente apresentaram alta hidrofobicidade ou hidrofóbicas (Tabela 3). 37 Tabela 3 - Número de isolados de Escherichia coli que apresentaram hidrofobicidade. Hospital Privado Público n = 8 (%) n=4 (%) Hidrofobicidade Hidrofílico 1 (12.5) Intermediário 2 (25) Alto 5 (62.5) Valor de P 0,320 2 (50) 1 (25) 1 (25) Fonte: Elaborado pela Autora (2014) Estudo realizado por Pinheiro (2014) com 21 amostras, 18 (85,7%) precipitaram o sulfato de amônio na parede dos tubos. Esse resultado está de acordo com os obtidos neste estudo onde 100% das amostras foram positivas. As infecções bacterianas são consideradas complexas, por constituírem um processo multifatorial que envolve fatores inerentes ao patógeno e do hospedeiro. A habilidade em produzir enzimas hidrolíticas é considerada um importante fator de virulência, fator que colabora para o desenvolvimento de doenças causadas por este micro-organismo (HOLANDA, 2001). Alguns micro-organismos apresentam a capacidade de se atrair ou repelir a superfícies bióticas ou abióticas, isso dependerá de diferentes interações não específicas, especialmente por interações hidrofóbicas (DOYLE, 2000; BRIANDET et al., 2001; COSTA et al., 2006). A hidrofobicidade modula tanto a adesão quanto a formação de biofilme, contudo, outros fatores como fímbrias, flagelos e cápsula, também estão envolvidos (POMPILIO et al., 2008). A adesão poderá ser realizada através de diversas fímbrias, dentre elas o curli que tem um importante papel na patogenicidade. Sugere-se que a fímbria curli tem a função de promover a autoagregação entre bactérias, além de facilitar invasão e colonização (DYER et al., 2007). A proteína curli é constituída por 2 subunidades (CsgA e CsgB), que tem alta afinidade com o corante vermelho-congo. A diferenciação entre bactérias que expressam curli e as que não a expressam se dá pela coloração deste indicador, onde as bactérias que expressam curli formam colônias avermelhadas, enquanto as que não a expressam, deixam o meio opaco, sem cor (OLSEN et al., 2002). 38 É possível que a produção da curli melhore a autoagregação bacteriana, aumentando, por consequência, a habilidade de se ligar/unir em superfícies (DEL RE et al., 2000). Amostras produtoras de curli são mais hidrofóbicas que amostras não-produtoras de curli (BOYER, et al., 2007). As amostras isoladas 100% apresentaram a fímbria curli (Figura 2). E as linhagens presentes foram: seis EPEC, uma ETEC, uma STEC, uma EAEC. Contudo, apenas 4 (50%) das amostras do hospital privado e 1 (25%) das amostras do hospital público apresentaram fímbria tipo I, sendo duas pertencentes a linhagem das EPEC e uma da linhagem EAEC. Resultado semelhante a este foram encontrado por Ferro et al. (2012),dos isolados testados apenas 4 (21%) não apresentaram a fímbria curli, desta apenas 3 amostras apresentaram fímbria tipo I ( Tabela 4). Tabela 4 - Número de isolados de Escherichia coli que apresentaram Fímbria. Privado n=8 (%) Curli Tipo 1 8 (100) 6 (75) Hospital Público n= 4(%) 4(100) 1(25) Valor de p 1,000 0,150 Fonte: Elaborado pela Autora (2014) Figura 2 - Produção de fímbria por cepas de E. coli, na figura A e produção de fímbria manose sensível na figura B. A B Fonte: Elaborado pela Autora (2014) Biscola et al. (2011) observaram que, dentre 33 amostras de E. coli, 14 (42%) 39 expressaram curli em ágar vermelho-congo, após 48 horas, a 28ºC. No entanto, Cookson et al., (2002), verificaram que a expressão de curli em 26 amostras de E. coli se deu em somente 5 isolados (19,2%). Pinheiro et al. (2014), em seu estudo, observaram que somente sete isolados (33,3%) expressaram os aspectos fenotípicos da produção da fímbria, pois mudaram a coloração das placas de vermelho-congo para uma coloração mais avermelhada. Conforme Hammar et al. (1995), as colônias que expressam curli se mostram vermelhas, enquanto as bactérias, que não a expressam, mostram-se opacas, sem cor. Brito et. al.(2014), verificou a hemaglutinação em sangue de carneiro na presença e ausência de D-manose, para a identificação dos tipos de fímbrias neste processo. No presente estudo os isolados avaliados mostraram ser manose resistentes em sangue de carneiro. O alto percentual de adesão evidencia o potencial patogênico desses isolados, pois vários estudos epidemiológicos têm sido realizados em diversos países, nos quais tem sido pesquisado o papel de E. coli na etiologia da diarréia infantil, havendo concordância de que cepas de E. coli, que apresentam um padrão de adesão estão associadas a diarreia (RÉGUAMANGIA et al., 2004). Na figura 3, as cepas de E. coli apresentaram o mesmo perfil de aderência em inox e látex. Os isolados do hospital privado apresentaram uma maior aderência no látex e inox que as cepas provenientes do hospital público. Não foi verificado diferença quanto à aderência em látex e inox entre os isolados de E. coli diarreiogênicos (EAEC e EPEC) e as não diarreiogênicas. Figura 3- Adesão ao inox e látex das cepas de E.coli, proveniente de amostras de nutrição enteral de um hospital público e um privado de São Luís- MA. A adesão ao inox; B – adesão ao látex. Fonte: Elaborado pela Autora (2014). 40 Em 2008, Trautner verificou uma baixa capacidade de aderência das E. coli isoladas de cateter urinários de silicone. Entre 15% e 25% dos pacientes em hospitais gerais irão utilizar um cateter urinário em algum momento durante a sua estadia (WARREN, 2001). Cateteres urinários também são amplamente utilizados em instituições de cuidados à idosos. Infelizmente, os cateteres são extremamente propensos à formação de biofilme bacteriano. Nos Estados Unidos, ITU associada a cateter foi estimada em aproximadamente 1 milhão de dias de hospitalização adicionais por ano (STAMM, 1991). E. coli e Klebsiella que foram as duas principais espécies em ITU e geralmente são excelentes formadores de biofilme (FERRIERES, 2007). O cateter urinário e a sonda por onde é adiministrada a nutrição enteral são produzidas com o mesmo tipo material, o latex siliconizado. Flach, Karnopp; Corção (2005), exaltaram que a E. coli aderiu melhor ao látex foi, seguido do vidro e aço inoxidável. Segundo Hood e Zottola (1995), a simples presença de micro-organismos, aderidos em uma superfície os quais poderiam eventualmente levar à uma contaminação dos alimentos – deverá ser levada em consideração e interpretada como um problema a ser resolvido. A E. coli foi o micro-organismo que melhor aderiu em todos os materiais testados, tendo contagens similares para todos os materiais na temperatura de 25ºC (LEUNG et al.,1998). As infecções associadas aos materiais médico-hospitalares resultam da adesão bacteriana à superfície de um biomaterial (KATSIKOGIANNI et al., 2004). Bactérias patogênicas possuem uma variedade de mecanismos de adesão e invasão celular, que permite explorar uma grande quantidade de componentes da superfície da célula hospedeira e possibilitam a ocupação de nichos diferentes dentro do corpo humano (SANTOS, 2011). Assim, a adesão é considerada um pré-requisito para a patogênese de quase todas as doenças infecciosas (HULTGREN et al., 1996). A capacidade de adesão das cepas de E. coli foi avaliada em células epiteliais HEp-2 e em linhagem intestinal HT29 no presente estudo. 75% das amostras isoladas apresentaram capacidade de adesão nas células HT-29.Em células HEp2,41,6% das amostras apresentaram capacidade em aderir,como mostra a Tabela 3, sendo que destes,3 eram provenientes do hospital público e também aderiram em células HT-29. Apenas 3(25%) amostras não aderiram a nenhuma das duas linhagens (Tabela 5) A adesão em células epitelial e intestinal foi mais evidenciada nas amostras de EPEC, pois estas possuem o gene eaeA que permite ligação tão próxima e eficaz entre a bactéria e o enterócito ,beneficiando a adesão bacteriana. (PATON; PATON, 1998). 41 Tabela 5 – Características de adesão dos isolados de Escherichia coli proveniente de dietas enterais de um hospital público e privado de São Luís, MA. Hospital Privado Público n = 8 (%) n=4 (%) Valor de P Adesão Hep2 HT-29 2 (25) 6 (75) 3 (75) 3(75) 0.150 0.760 Fonte: Elaborado pela Autora (2014) Em 1998, Wieler encontrou uma porcentagem de adesão de células eucarióticas 66,7% (28 amostras de E. coli) que aderiram em células humanas HEp-2. No entanto, Lopes (2005) evidenciou que 14,28% (3/21 de E. coli ) não aderiram as células HEp-2 ou seja bem mais significativo. Biofilmes são estruturas altamente complexas, contendo microcolônias separadas por microcanais de água e podem tornar antibióticos e biocidas ineficazes. As células derivadas de biofilme são, geralmente, mais resistentes às condições ambientais adversas do que em sua forma planctônica. A formação do biofilme é um processo dinâmico de várias fases. Inicialmente, a superfície afetada é coberta com um filme de moléculas orgânicas. O attachment reversível da bactéria pode ser seguido por adesão irreversível, com o crescimento e produção de um polímero extracelular (COSTERTON et al., 1987). O primeiro passo na contaminação de superfícies de contato de alimentos é o attachment das células bacterianas com o material, um processo que poderá ser influenciável por um grande número de propriedades como a expressão de fímbria curli e a hidrofobicidade da superfície celular (BOYER, et al., 2007). Existem vários fatores relacionados à formação de biofilmes. Os principais são características físico-químicas do material sobre o qual estão aderidos e expressão de fatores de virulência pelos micro-organismos, como produção de cápsula exopolimérica, fímbrias e síntese de adesinas fimbriais e não fimbriais (FLACH; KARNOPP; CORÇÃO, 2005). A avaliação da capacidade de E. coli em produzir cápsula como teste presuntivo para a formação de biofilme foi testada neste trabalho pelo método do Ágar Vermelho Congo, por meio do qual foi observado que 100% dos isolados analisados foram produtores de cápsula (Figura 4). Já a formação de biofilme por este micro-organismo foi avaliada em 42 placas de micro titulação de poliestireno pelo método do Cristal Violeta. O percentual encontrado das amostras do hospital privado foi 75% como produtores fraco de biofilme e 25% como não produtor. Ao lado das amostras do hospital público 50% como produtores fracos de biofilme e 50% como não produtores (Tabela 6). Figura 4 - Produção de cápsula por cepas de E.coli, identificada pela presença de colônia enegrecidas. Fonte: Elaborado pela Autora (2014) Tabela 6 - Número de isolados de E.coli proveniente de dietas enterais de um hospital público e privado que apresentaram mecanismo de adesão. Fonte: Elaborado pela Autora (2014). Resultado semelhante de amostras produtoras fracas de biofilme foi encontrado por Pinheiro et al. (2014), que verificaram a produção de biofilme em 16 amostras (76,2%), 43 segundo os parâmetros de densidade óptica por espectrofotometria, descritos por Stepanovic et al. (2004). Biscola et al. (2011) analisaram 33 amostras de E.coli, 16 delas (48%) formaram biofilme em microplacas de poliestireno com 96 poços, em 48 horas, a 37ºC. Das 13 cepas de E.coli, 11 foram produtoras de cápsula, (FLACH, KARNOPP; CORÇÃO, 2005). Essa capacidade de E. coli formar biofilme representa um grande problema para pacientes hospitalizados, pois permite a colonização de cateteres (vasculares, peritoneais, urinários), tubos nasogástricos, tubos endotraqueais, dispositivos ortopédicos, dentre outros, podendo desencadear infecções crônicas. Além disso, protege a bactéria do sistema imune do hospedeiro e da ação dos antibióticos tornando-as, portanto, mais resistentes às drogas. A adesão e posterior produção de biofilme tem sido demonstrado como sendo um fator primordial para que uma linhagem bacteriana inicie sua infecção. A habilidade para formar biofilme está intimamente relacionada à persistência e virulência bacteriana (FERRIERES et al., 2007; HARRISON et al., 2009). Hemolisinas representam um grupo de toxinas bacterianas que, variavelmente de muitas outras toxinas, não são internalizadas pelas células agindo como agentes ativos de membranas levando, à lise e morte celular, além de sua característica principal de lisar eritrócitos (ROWE; WELK, 1994). As hemolisinas são proteínas secretadas extracelularmente (exoproteínas) por algumas cepas de E. coli, as quais possuem uma ação citotóxica, provocando lise em uma variedade de tipos de células incluindo eritrócitos, fibroblastos, granulócitos e outros leucócitos humanos (CAVALIERI et al, 1985; KONIG et al, 1986). Quanto à detecção da atividade hemolítica em meio sólido, nos resultados encontrados neste estudo, a ausência de halo foi evidenciada após 24 horas de incubação em ágar sangue de carneiro, resultado semelhante apresentado em ágar sangue de cavalo. O resultado em meio sólido não alterou a atividade hemolítica das amostras analisadas com adição de cloreto de ferro e cloreto de cálcio. Esse estudo vai ao encontro aos resultados obtidos no presente estudo, onde as 19 amostras de E. coli examinadas, 4 (21%) apresentaram halo de hemólise ao redor das colônias em meio sólido agar sangue de carneiro e 16% foram positivas em agar sangue de cavalo (FERRO, 2012). A atividade hemolítica em meio sólido enriquecida com Cloreto de Ferro e Cloreto de Cálcio apresentaram o mesmo resultado. Foram positivos 21% (4/19) das amostras. (FERRO, 2012). Esse resultado confirma o resultado obtido, onde constatou-se que o Cloreto de ferro e cálcio não interferem na atividade hemolítica, pois existem três mecanismos de hemólise, diferentes e que não é dependente de íons provavelmente é de ação 44 detergente. Por outro lado, a hemólise líquida apresenta hemólise em 58% do total das amostras analisadas em sangue de carneiro (Figura 6). Desta forma pode-se notar que a constituição do meio poderá afetar a atividade hemolítica. Já em sangue de cavalo o resultado permaneceu igual em meio sólido; não foi constatada atividade hemolítica em meio líquido, sugerindo que essa atividade parece ser dependente do método de detecção e/ou a hemolisina poderá ser parte constituinte da célula bacteriana e precisa do contato com os eritrócitos para se expressar. E. coli possui várias hemolisinas já descritas e cada uma delas com características diferentes. Figura 5 – Hemólise em meio líquido em sangue de carneiro apresentada por isolados de E.coli provenientes de dietas enterais de um hospital público e um hospital privado de São Luís -MA. Fonte: Elaborado pela Autora (2014) A produção de enzimas extracelulares por E. coli estão relacionacionadas com o desenvolvimento de processos infecciosos, sendo já conhecidos de alguns estudiosos os seguintes fatores de virulência: lipases, proteases e fosfolipase. Nas amostras analisadas não se constatou produção de fosfolipase, protease nem lipase. Resultado semelhante foi encontrado por Tebaldi e Oliveira (2008), identificaram 31cepas de E.coli, 100% das cepas identificadas não apresentaram produção de lipase e 45 protease. Esses resultados sugerem que essas exoenzimas não fazem parte do padrão de virulência dos isolados bacterianos aqui avaliados. E que a falta de expressão das exoenzimas poderá ter sido a causa da não destruição do tapete celular durante o teste de adesão às células humanas, onde algumas cepas manifestaram tal efeito. 46 6 CONCLUSÃO Os isolados de E. coli provenientes das coletas foram encontradas com maior frequencia no hospital particular em comparação com as amostras do hospital público. A E. coli diarreiogênica mais prevalente foi a EPEC (25%). A adesão ocorreu nas duas linhagens celulares pesquisadas em células HEp 2 e HT-29, sendo mais frequente nos isolados de ambos hospitais nas células HT-29. Pelo que foi discutido, verificou-se que os fatores de virulência mais evidenciados nos isolados de E. coli, obtidos de amostra de nutrição enteral dos hospitais analisados são: produção de cápsula em todos os isolados (100%), produção fraca de biofilme (75%) nos isolados provenientes do hospital privado e (50%) expressão da fímbria curli em todos os isolados nos isolados do hospital público; a (100%), a fímbria tipo I e elevada hidrofobicidade foram mais evidente nos isolados das amostras do hospital privado. Em relação à produção de hemolisinas, não foi observado capacidade de hemólise em sangue de carneiro e cavalo em meio sólido em nenhum dos isolados analisados; a adição de cloreto de ferro e cloreto de cálcio não alterou os resultados; em meio líquido apresentou hemólise apenas quando utilizado o sangue de carneiro e em maior frequência nos isolados das amostras do hospital privado. Pelo que foi discutido, verificou-se que não houve diferença entre os dois hospitais quanto às propriedades de virulência da Escherichia coli identificadas. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O elevado índice de contaminação por E.coli é preocupante, tendo em vista o estado de saúde dos consumidores dessas dietas. Pacientes com câncer e seus respectivos tratamentos de radioterapia e quimioterapia, em pré e pós- cirurgias de grande porte, póstrauma grave, doença autoimune, transplante de órgãos e AIDS, estão em estado de imunossupressão, fator este que ratifica a importância da administração de fórmulas enterais especializadas. Sob esses aspectos, é fundamental que as condições higiênico-sanitárias, durante o preparo e manipulação da nutrição enteral, sejam satisfatórias, já que a contaminação microbiológica dessas dietas poderá comprometer a evolução clínica desses pacientes. 47 REFERÊNCIAS ALVES, C. F. M. 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Atenciosamente, Dr. Antonio Jorge Salomão Editor 56 ANEXO B – Artigo submetido ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DAS DIETAS ENTERAIS INDUSTRIALIZADAS MANIPULADAS DE HOSPITAIS PÚBLICOS E PRIVADOS DO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS - MA. Larissa de Maria C. Praseres Lobão, Thalyta Araujo de Melo, Thiago Azevedo Feitosa Ferro, Patricia de Maria Silva Figueiredo Resumo A nutrição enteral (NE) é um alimento para fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes, especialmente formulada e elaborada para substituir ou complementar a alimentação oral de pacientes em regime hospitalar de acordo a RDC nº 63/00 da ANVISA. O objetivo deste trabalho foi analisar a qualidade microbiológica de dietas enterais de dois hospitais do município de São Luís – MA, ressaltando os cuidados e a correta aplicação das Boas Práticas PNE dos manipuladores para com as dietas. Foram analisadas 24 amostras de dieta de dois hospitais (um público e outro privado) para detecção de coliformes através da técnica dos Tubos Múltiplos com Caldo Lactosado Simples (prova presuntiva), Caldo Lactosado Verde Brilhante (prova confirmatória) incubados por 24-48hs horas a 37 ºC. Para a análise de coliformes termotolerantes as amostras positivas para coliformes totais foram semeadas em Caldo EC. A partir dos meios líquidos positivos (turvos e com produção de gás para aqueles com Durhan) é consultada a Tabela de Hoskins para NMP/g. Inoculações em meios sólidos também foram utilizadas para a pesquisa de espécies do gênero Staphylococcus (ágar Manitol Salgado) e Salmonella (ágar SS). A partir de colônias típicas dos meios sólidos, testes bioquímicos foram feitos para identificação das espécies. A presença de coliformes totais, fecais e contaminantes foi confirmada (NMP ≥ 1600/g) somente nas as amostras manipuladas e a espécie Escherichia coli predominante. Não foi identificada nenhuma espécie do gênero Salmonella . Os resultados contaminação das amostras revelou -se acima dos padrões estabelecidos pela Resolução vigente. Tal resultado sugere que não está havendo correta manipulação da dieta, higienização do ambiente cuidados pessoais dos manipuladores, podendo colocar em risco a saúde do indivíduo submetido a esta terapia. Palavras-chave: Nutrição Enteral, Contaminação, Manipulação 57 Abstract Enteral nutrition (EN) is a food for special purposes, with controlled intake of nutrients, specially formulated and designed to replace or supplement oral feeding of patients in hospital system according to RDC ANVISA 63/00. The aim of this study was to analyze the microbiological quality of enteral feeding two hospitals in São Luís - MA, emphasizing the care and the correct application of Good Practices for PNE manipulators with diets. 24 diet samples from two hospitals (one public and one private) for detection of coliforms using the technique of Multiple Tubes with Simple Lactose Broth (presumptive evidence), Brilliant Green Lactose Broth (confirmatory test) incubated for 24-48hs hours were analyzed 37 oC. For analysis of fecal coliform positive samples for total coliforms were sown in EC broth. From the positive liquids (turbid and gas production for those with Durhan) is referred to Table Hoskins to MPN / g. Inoculation on solid media were also used to search for species of the genus Staphylococcus (Mannitol Salt Agar) and Salmonella (SS agar). The typical colonies from solid media, biochemical tests were performed for species identification. The presence of total, faecal coliforms and contaminants was confirmed (≥ 1600 MPN / g) only in the manipulated samples and the predominant species Escherichia coli. We did not identify any species of the genus Salmonella. The results revealed If contamination of samples above the standards established by the current resolution. This result suggests that there is no correct dietary manipulation, environmental hygiene personal care handlers, and may endanger the health of the individual undergoing this therapy. Key words: Enteral Nutrition. Contamination. Manipulation. Introdução A nutrição enteral é um alimento para fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes, na forma isolada ou combinada, especialmente formulada e elaborada para uso por sondas ou via oral, industrializado ou não, utilizada exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme suas necessidades nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando à síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas de acordo a Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 63/00 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA (BRASIL, 2001). 58 O suporte nutricional enteral é utilizado como uma terapia de rotina em pacientes com deficiência energético-protéica, disfagia severa, grandes queimaduras, ressecção intestinal e fístulas, os quais são, na maior parte das vezes, pacientes graves, organicamente comprometidos e que estão sujeitos a longos períodos de hospitalização. Estão também incluídos neste grupo pacientes em pós-cirúrgico, bebês prematuros e pacientes de terapia intensiva (MAURICIO; GAZOLA; MATIOLI, 2008). Nos países desenvolvidos é comum o uso de dietas enterais industrializadas, e no Brasil, isto vem aumentando gradativamente. Essas dietas são práticas, nutricionalmente completas e oferecem maior segurança quanto ao controle microbiológico e composição centesimal. No entanto, estas formulações não estão acessíveis para a maioria da população brasileira, em função do seu custo (MEDINA; NASCIMENTO; OLIVEIRA, 2009). Sob o ponto de vista bacteriológico, as dietas enterais em pó, ricas em macro e micronutrientes, constituem excelente meio para o crescimento de micro- organismos, após a reconstituição (ARRUDA, 2011) Carvalho et al (1999), ressaltam que a administração de dietas eventualmente contaminadas pode não somente causar distúrbios gastrointestinais, mas contribuir para infecções mais graves, principalmente em pacientes imunossuprimidos. Vários estudos foram desenvolvidos objetivando a produção de dietas adequadas para o tratamento de portadores de enfermidades crônicas, em geral, impossibilitados de ter uma alimentação via oral durante períodos mais prolongados. Muitos avanços e benefícios foram alcançados nessa área da nutrição clínica, porém melhorias ainda são reivindicadas para baixar o custo e proporcionar melhor aproveitamento dos nutrientes dos alimentos tradicionais, como a fibra dietética, os minerais, e as vitaminas (MEDINA et al, 2009). Alguns critérios devem ser estabelecidos para o preparo da alimentação enteral, seguindo as normas da Resolução nº 63/00, que estabelece um controle da qualidade microbiológica, onde estão estabelecidos os limites toleráveis de microorganismos, acima dos quais, ocorrerá comprometimento da aceitação da NE, afetando também a evolução clinica dos pacientes submetidos a essa terapia (CARVALHO FILHO, 2008). A contaminação microbiana dos componentes desta terapia pode prejudicar a recuperação e o reestabelecimento do enfermo a ela submetido, contribuindo para o aumento no risco de infecção. A contaminação da nutrição enteral ocorre principalmente pela falta de técnicas de higiene adequadas durante o trabalho de manipuladores, desinfecção dos locais de preparação e dos equipamentos utilizados e utilização de aditivos não estéreis ou contaminados no preparo da dieta. Além disto, as fórmulas enterais constituem-se como excelente meio para o 59 crescimento de diversas espécies de micro-organismos seja de flora patogênica ou não, devido as suas características intrínsecas, como: presença de nutrientes, atividade de água, pH e osmolaridade. Sendo assim, quanto maior a manipulação da fórmula enteral antes da administração, maior o risco de contaminação (MEDINA et al, 2009). Alimentos são facilmente contaminados com micro-organismos durante sua manipulação e processamento. Se tiverem condições de crescimento, podem alterar as características químicas e organolépticas, podendo deteriorá-los. Além disso, podem propiciar a ocorrência de toxinfecções alimentares. Assim é importante que haja um controle rigoroso das condições de higiene na produção e comercialização de alimentos, uma vez que a maior parte das doenças de origem alimentar se deve a manipulação inadequada do produto durante seu processamento (MEDINA et al, 2009). Quando se considera a qualidade microbiológica de alimentos, frequentemente se utiliza a pesquisa de micro-organismos indicadores, que quando presentes em um alimento podem fornecer informações sobre o nível de sua contaminação e as condições higiênico - sanitárias durante o processamento, produção ou armazenamento. No Brasil os limites microbianos são estabelecidos pela ANVISA, Ministério da Saúde, através das RDC nº 63/00 para dietas enterais, e a RDC nº 12/01 para alimentos em geral (BRASIL, 2001). No caso de preparações dietéticas para fins especiais como a alimentação enteral, inúmeras pesquisas têm sido realizadas para avaliar a qualidade microbiológica. Na maioria dos casos, ressaltam os autores, que há grande dificuldade em orientar e fiscalizar eficientemente os inúmeros locais de preparação, quanto às condições de higiene na produção e na administração destas dietas (MEDINA et al, 2009). Diante da importância das condições higiênico-sanitárias para a segurança e qualidade da nutrição enteral, observou-se a necessidade de avaliar se as amostras coletadas em uma Unidade de Produção de dietas Enterais de Hospitais Públicos e Privados de São Luís – MA apresentam-se dentro dos padrões exigidos pela Legislação vigente, afim de cumprirem com a função de recuperação da saúde. Esta pesquisa tem como objetivo examinar a qualidade microbiológica das dietas industrializadas manipuladas de dois hospitais no município de São Luís-MA. 60 2 METODOLOGIA 2.1 Amostras. Para a determinação da amostra, foi utilizada a técnica de amostragem não-probabilística, sistematizada. Foram realizadas 24 coletas de NE (nutrição enteral) com qualidade física satisfatória e características organolépticas próprias de dois hospitais do município de São Luís – MA, sendo 12 amostras de um público e 12 de um particular. Foi estabelecida como unidade amostral 100 (ml) de cada amostra de dieta enteral manipulada coletada. As amostras foram coletadas no período de setembro de 2013 à agosto de 2014. As amostras foram coletadas separadamente e de forma aleatória, conforme os critérios de seleção estabelecidos. Em seguida foram acondicionadas individualmente em frascos de vidro de primeiro uso, sem contato manual, transportadas em caixa isotérmica, contendo saco de gelo cristal, e encaminhadas ao Laboratório de Microbiologia Médica e de Alimentos – Núcleo de Doenças Endêmicas e Parasitárias da Universidade Ceuma, para a realização das análises microbiológicas. 2.2 Análise Microbiológica Para todas as amostras foram realizadas as análises de contagem de bactérias, leveduras e fungos, determinação de coliformes a 45º C, detecção de Escherichia coli, Staphylococcus aureus e pesquisa de Salmonella spp (SILVA, JUNQUEIRA, SILVEIRA, 2001). 2.2.1 Enumeração de Coliformes Totais, Coliformes a 45º C Após a fase de incubação dos tubos com lactosado simples, foi transferido 1 mL do crescimento bacteriano: turvação do meio e presença de bolhas ou ar nos tubos de Durhan, para tubos de ensaio contendo 10 mL de caldo Verde Brilhante (VB), os quais foram incubados em estufa, a 35-37ºC por 24 a 48 horas, para pesquisa de coliformes totais e para tubos de ensaio contendo 10 mL de caldo EC incubados por 24 a 48 horas a 44,5 ºC, em banho - maria, para pesquisa de coliformes termotolerantes. A partir dos meios líquidos positivos (turvos e com produção de gás nos tubos com Durhan) foi feita a tabulação dos dados pela Tabela de Hoskins (NMP/g) e foram estriadas placas de Petri contendo ágar MacConkey, mantidas em estufa por 24 horas a 35-37ºC. Após período de 61 incubação, dos meios em que houve crescimento, foi removida uma pequena porção da colônia crescida, com o auxílio da alça de níquel cromo, e inoculado no kit para provas bioquímicas Enterokit B (Probac) para a identificação de coliformes totais e Escherichia coli. O resultado da análise microbiológica das amostras foi comparado com os valores preconizados pela legislação brasileira, para pratos prontos para o consumo à base de pescados cru e cereais, descritos na RDC nº12 (BRASIL, 2001). 2.2.2 Detecção de Salmonella spp A partir dos tubos positivos para crescimento microbiano dos tubos de caldo lactosado simples, foi transferido 1 mL do inóculo para tubos com caldo Rapapport e incubados os meios a 35-37ºC por 24 horas. Após 24 horas, os tubos contendo Rapapport foram agitados e com o auxílio da alça de níquel cromo, foi estriada uma alça em placa de Petri com meio seletivo e diferencial Salmonella-Shigella (SS), as quais foram incubadas inver tidas a 3537ºC por mais 24 horas. Transcorrido o período de incubação foram observadas colônias suspeitas: com centro negro devido à produção de H2S. Das colônias suspeitas foi retirada uma porção que foi inoculada no kit para provas bioquímicas Enterokit B (Probac) para a identificação. 2.2.3 Detecção de Staphylococcus aureus Foi transferido 0,1 mL dos tubos de ensaio de caldo lactosado simples para placas de Petri contendoo meio Ágar Manitol Salgado. O inóculo foi espalhado na placa até seu total secamento, com a ajuda da alça de Drigalsky. As placas foram incubadas invertidas a 35-37ºC por 48 horas. Após período de incubação, as colônias desenvolvidas foram submetidas ao teste de coagulase pelo Staphy-Test para identificação. 2.2.4 Contagem de Leveduras e Bolores Foram transferidos 0,1 mL das diluições de cada amostra com auxílio de micropipeta automática, para placas de Petri contendo Ágar Saboroud, em duplicata. Espalha – se o inóculo com auxilio de alça de Drigalsky deixando-se, na seqüência, as placas em repouso para que o meio de cultura absorvesse a amostra diluída. As placas serão incubadas a 250C/5 62 dias. Após a incubação, as unidades formadoras de colônias (UFC) foram contadas com auxílio de contador de colônias manual. O resultado final foi calculado multiplicando-se o resultado da contagem de colônias pelo fator de diluição correspondente a placa contada, sendo expresso em UFC/mL. 2.3 Análise e tabulação dos dados Os dados foram tabulados no Excel na forma de tabelas e gráficos para melhor apresentação. Os resultados foram interpretados e comparados aos padrões microbiólogicos existentes para este tipo de alimento fixados na RDC 12/2001 da Anvisa para saber se estavam satisfatórios e aptos para o consumo humano. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Para a comparação dos resultados obtidos foi consultada a resolução da Anvisa de 63 de julho de 2001 que fixa os requisitos mínimos exigidos para a terapia de nutrição enteral. Como se pode observar (figura 1), não houve contaminação por Salmonella em 100 % amostras nos dois hospitais, estando portanto de acordo com a legislação. Tal resultado também foi encontrado por Santos e Tondo () que ao pesquisarem formulas enterais não encontraram esse patógeno em suas amostras. Houve contaminação por Staphylococcus coagulase positiva e em níveis acima do padrão em 16,5 % das amostras do hospital particular, este fato se torna importante sabendo-se que esta espécie de micro- organismo é um dos patógenos que mais causam doenças veiculadas por alimentos, além disto o mesmo libera toxinas que representam um grande risco para a saúde pública. Já nas análises do hospital público não foram detectadas a presença deste patógeno, dados que corroboram com os de Souza e Campos (2003) que ao analisarem dietas enterais não encontraram este patógeno em suas amostras. Já na análise de bolores e leveduras foi verificada a presença em 58% das amostras do hospital particular e 83% das amostras do hospital público. No Brasil dados sobre a contaminação por fungos são abundantes e, além disto, a contaminação por fungos em alimentos é indicativa de má qualidade da matéria-prima ou falhas a o longo do processamento (MORAIS, 2003) Com relação às bactérias aeróbias mesófilas no hospital particular foi detectada a presença em níveis elevados em 66,5%, e no hospital público 75%. Muniz (2005) ao constatar a qualidade microbiológica de dietas enterais de um hospital da cidade universitária de Uberlândia constatou que 62,5% encontravam-se contaminadas por 63 este micro- organismo, indicando condições higiênicas impróprias. Na contagem de coliformes termotolerantes (E. coli) no hospital particular 58% das amostras encontraram-se contaminadas e níveis elevados, e no hospital público um total de 41% de contaminação. Um nível menor que estes foi encontrado por Lima 2005 que ao analisar amostras de dietas enterais encontrou um percentual de 10% de E.coli. Já Milagres 2008 em sua pesquisa com 18 amostras de uma unidade hospitalar não encontrou a presença de E. coli em nenhuma. Além da presença desse micro- organismo indicar provável contaminação do alimento por material de origem fecal, alguns podem ser responsáveis por diversas doenças e são considerados um grande problema de saúde pública para diversos países. Já na contagem de coliformes totais os dois hospitais tiveram níveis acima do preconizado em 41% de suas amostras. Em uma pesquisa realizada por Sulivan em 2001 ao pesquisar as dietas de quatro hospitais encontrou um percentual de contaminação por coliformes totais em 38% de suas amostras, estes resultados são próximos e requerem atenção uma vez que números elevados destes micro- organismos podem indicar condições sanitárias insatisfatórias, técnicas inadequadas de manipulação, falhas durante o processo de higienização e até falta de higiene pessoal. Os resultados obtidos mostram que as dietas enterais analisadas dos dois hospitais tanto o público quanto o particular encontram-se em condições higiênicas sanitárias insatisfatórias evidenciando um maior controle na sua manipulação e a realização de análises microbiológica rotineiras. REFERÊNCIAS ALBERT, M.J., FARUQUE, S.M., FARUQUE, A.S., NEOGI, P.K., ANSARUZZAMAN, M., BHUIYAN, N.A., ALAM, K., AKBAR, M.S. Controlled Study of Escherichia coli diarrheal infections in Bangladeshi children. J. Clin Microbiol. 33: 973-977, 1995. ARRUDA, M. G. P., MOURÃO, A. F. L. D. ; SILVA, G. C. ; PASSOS, M. A. R., BARBOSA, H. M. C. V.; SEVERINO, R. N. Avaliação da qualidade microbiológica das nutrições enterais preparadas em dois hospitais públicos de Fortaleza – CE. Fortaleza – CE, Hig. Aliment. , v.25, p.118 - 120, 2011. BORENFREUND, E., BABICH, H. AND MARTIN-ALGUACIL, N. Comparisons of two in vitro cytotoxic assays: the neutral red (NR) and tetrazolium MTT tests. Toxic in vitro 2:1-6, 1988. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução de Diretoria Colegiada – RDC nº 12, 02 de janeiro de 2001. Aprova o Regulamento Técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos. Diário Oficial da União da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 10 jan. 2001. 64 CARVALHO FILHO, E.V.; AQUINO, J.S., DONATO, N.R.; SOUZA, P.P.R.; SILVA, J.A. The surveillance of enteral diets quality in a public hospital of tha northeast area of brazil. Alim. Nutr., Araraquara, v. 19, n. 2, p. 145 – 151, abr/jun. 2008. CARVALHO, M. L. R.; MORAIS, T. B., SIGULEM, D. M. Pontos críticos no controle da manipulação de dietas enterais no Município de São Paulo. Revista Brasileira de Nutrição Clínica; 14(3): 145-55 jul-set. 1999. CRAVIOTO, A., TELLO, A. NAVARRO, RUIZ, J., VILLFAN, H., URIBE, F., AND ESLAVA, C. Association of Escherichia coli Hep-2 adherence patterns with type and duration of diarrhoea. Lancet I, 337: 262-264,1991. EVANGELISTA, J. Alimentos: Um estudo abrangente. 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Azul- hosp ital privado; Vermelho – hospital público. 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Hospital Privado Hospital Público Figura 2 -. Percentual de coliformes termotelarantes e coliformes totais acima do pa drão legal vigente das amostras de nutrição enteral dos hospitais público e privado de São Luís- MA. Quantidades de coliformes totais e coliformes termotolerantes(E.coli) acima do padrão de dietas enterais de dois hospitais de São Luís-MA 60% 40% Coliformes totais Coliformes termotolerantes 20% 0% Hospital Público Hospital Privado 67 Normas para publicação A Revista da Associação Médica Brasileira (RAMB) é editada continuamente pela Associação Médica Brasileira desde 1954 e tem por objetivo publicar artigos que contribuam para o conhecimento médico. A RAMB é indexada nas bases de dados SciELO, Science Citation Index Expanded (SCIE), Scopus, Web of Science, Institute for Scientific Information (ISI), Index Copernicus, LILACS, MEDLINE e CAPES - QUALIS B3. Atualmente, a revista é produzida em seis edições por ano, além de contar com a versão on-line de livre acesso na internet (www.ramb.org.br). A revista impressa é publicada na língua original em que o artigo foi submetido (são aceitos manuscritos em português, inglês ou espanhol). O conteúdo integral da revista, na língua inglesa, é publicado simultaneamente na versão on-line (www.ramb.org.br). A RAMB aceita para publicação artigos nas seguintes categorias: Artigos Originais, Artigos de Revisão, Correspondências, Ponto de Vista, Panorama Internacional, à Beira do Leito e Imagem em Medicina. O Conselho Editorial recomenda fortemente que os autores leiam a versão on-line da RAMB e analisem os artigos já publicados como modelo para a elaboração de seus trabalhos. Informações gerais Como submeter artigos Os artigos e correspondências deverão ser enviados somente via internet pelo seguinte endereço eletrônico: www.ramb.org.br. Os artigos poderão ser escritos em português, espanhol ou na língua inglesa. Cada artigo, acompanhado de correspondência ao editor, deverá conter título, nome completo do(s) autor(es), instituição na qual o trabalho foi realizado e seção da Revista à qual se destina. O conteúdo do material enviado para publicação na RAMB não pode estar em processo de avaliação, já ter sido publicado, nem ser submetido posteriormente para publicação em outros periódicos. Todos os artigos enviados são revisados por membros do Conselho Editorial. Ao preparar o manuscrito, os autores deverão indicar qual ou quais áreas editoriais estão relacionadas ao artigo, para que este possa ser encaminhado para análise editorial específica. O Conselho Editorial recomenda fortemente que os autores façam uma busca por artigos relacionados ao tema e publicados anteriormente na RAMB ou em outros periódicos indexados no SciELO, utilizando as mesmas palavras-chaves do artigo proposto. Estes artigos 68 devem ser considerados pelos autores na elaboração do manuscrito com o objetivo de estimular o intercâmbio científico entre os periódicos SciELO. O que acontece depois que o artigo foi submetido Em virtude do grande número de artigos enviados, o Conselho Editorial adotou critérios de seleção para o processo de revisão por pares. A exemplo do que acontece com outros periódicos, a maior parte dos artigos submetidos não passa para a fase detalhada de avaliação que é a revisão por pares. Os critérios que o Conselho Editorial adotou para essa seleção inicial incluem o perfil editorial da revista e de seus leitores, área de interesse do tema principal do trabalho, título e resumo adequados, redação bem elaborada, metodologia bem definida e correta (incluindo, no caso de estudos clínicos, tamanho amostral, metodologia estatística e aprovação por Comitê de Ética), resultados apresentados de maneira clara e conclusões baseadas nos dados. Esse procedimento tem por objetivo reduzir o tempo de resposta e não prejudicar os autores. A resposta detalhada, elaborada pelos revisores, só ocorre quando o artigo passa dessa primeira fase. No caso de rejeição, a decisão sobre a primeira fase de avaliação é comunicada aos autores em média duas a três semanasdepois do início do processo (que começa logo após a aprovação do formato pelo revisor de forma). O resultado da revisão por pares contendo a aceitação ou a rejeição do artigo para publicação ocorrerá no menor prazo possível. Embora existam rigorosos limites de tempo para a revisão por pares, a maioria dos periódicos científicos conta com o notável esforço e a colaboração da comunidade científica que, por ter muitas outras atribuições, nem sempre consegue cumprir os prazos. Ao receber o parecer dos revisores, os autores deverão encaminhar, em comunicado à parte, todos os pontos alterados do artigo que foram solicitados pelos revisores. Além disso, o texto contendo as alterações solicitadas pelos revisores deverá ser reencaminhado à RAMB na cor vermelha, devendo ser mantido e sublinhado o texto anterior. A ordem de publicação dos artigos será cronológica, podendo, no entanto, haver exceções definidas pelo Conselho Editorial. Os trabalhos aceitos para publicação serão enviados aos autores e deverão ser revisados e devolvidos no prazo de dois dias. Após a aprovação final pelos autores NÃO será possível modificar o texto. Corpo editorial O Corpo Editorial da RAMB é composto pelo Editor Geral, Editores Associados, Editores Colaboradores e Conselho Editorial nas seguintes áreas: Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Saúde Pública, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, Bioética, Cancerologia, Emergência e Medicina Intensiva, Medicina Farmacêutica e Medicina Baseada em Evidências. O Corpo Editorial será responsável pela revisão e aceitação ou não dos artigos enviados à revista para publicação. Estilo e preparação de originais O trabalho deverá ser redigido em corpo 12, no máximo em 15 laudas de 30 linhas cada, espaço 1,5 linha, com margem de 3cm de cada lado, no topo e no pé de cada página. Todas as páginas, excluída a do título, devem ser numeradas. 69 Página título Deverá conter: a) O título do trabalho, também na versão em inglês, deverá ser conciso e não exceder 75 toques ou uma linha. b) Nome, sobrenome do autor e instituição a qual pertence o autor. c) Nome e endereço da instituição onde o trabalho foi realizado. d) Carta de apresentação, contendo assinatura de todos os autores, responsabilizando-se pelo conteúdo do trabalho, porém apenas um deve ser indicado como responsável pela troca de correspondência. Deve conter telefone, fax, e-mail e endereço para contato. e) Aspectos éticos: carta dos autores revelando eventuais conflitos de interesse (profissionais, financeiros e benefícios diretos ou indiretos) que possam influenciar ou ter influenciado os resultados da pesquisa ou o conteúdo do trabalho. Na carta deve constar ainda, quando cabível, a data da aprovação do trabalho pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição à qual estão vinculados os autores. Itens dos artigos Os artigos originais deverão conter, obrigatoriamente, Introdução, Métodos, Resultados, Discussão, Conclusões e Referências Bibliográficas. Notas de rodapé Apenas quando estritamente necessárias; devem ser assinaladas no texto e apresentadas em folha separada após a do resumo, com o subtítulo "Nota de rodapé". Agradecimentos Apenas a quem colabore de modo significativo na realização do trabalho. Deve vir antes das referências bibliográficas. Resumo/Summary O resumo, com no máximo 250 palavras, deverá conter objetivo, métodos, resultados e conclusões. Após o resumo deverão ser indicados, no máximo, seis Unitermos (recomenda-se o vocabulário controlado do DeCS – Descritores em Ciências da Saúde, publicação da BIREME – Centro Latino Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde). Para os termos em inglês recomenda-se o MeSH da base Medline. O Summary visa permitir a perfeita compreensão do artigo. Apresentar em folha separada e seguir o mesmo modelo do resumo: background, methods, results, conclusions. Deve ser seguido de keywords. Artigos escritos em português devem conter, na segunda página, dois resumos: um em português e outro em inglês (Summary). Artigos escritos em espanhol devem apresentar resumos em inglês (Summary) e português. Os escritos em inglês devem conter resumo também em português. 70 Referências bibliográficas As referências bibliográficas devem ser dispostas por ordem de entrada no texto e numeradas consecutivamente, sendo obrigatória sua citação. Devem ser citados todos os autores, totalizando seis; acima deste número, citam-se os seis primeiros seguidos de et al. O periódico deverá ter seu nome abreviado de acordo com a LIST OF JOURNALS INDEXED IN INDEX MEDICUS do ano corrente, disponível também on-line nos sites: www.nlm.nih.gov/tsd/serials/lji.html ou www.nlm.nih.gov/ citingmedicine ou, se não for possível, a Associação de Normas Técnicas (ABNT). Exemplos: 1. Parkin DM, Clayton D, Black RJ, Masuyer E, Friedl HP, Ivanov E, et al. Childhood leukaemia in Europe after Chernobyl: 5 year follow-up. Br J Cancer 1996;73:1006-12. 2. Vega KJ, Pina I, Krevsky B. Heart transplantation is associated with an increased risk for pancreatobiliary disease. Ann Intern Med 1996;124:980-3. 3. The Cardiac Society of Australia and New Zealand. Clinical exercise stress testing. Safety and performance guidelines. Med J Aust 1996; 164-282-4. 4. Cancer in South Africa [editorial]. S Afr Med J 1994;84:15. 5. Phillips SJ, Whisnant JP. Hypertension and stroke. In: Laragh JH, Brener BM, editors. Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management. 2nd ed. New York: Raven Press; 1995.p.465-78. 6. Morse SS. Factors in the emergence of infectious diseases. Emerg Infect Dis [serial on line] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5];1(1):[24 screens]. Available from: URL: www.cdc.gov/ncidod/EID/eid.htm. 7. Leite DP. Padrão de prescrição para pacientes pediátricos hospitalizados: uma abordagem farmacoepidemiológica [dissertação]. Campinas: Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, 1998. Referências de “resultados não publicados” e “comunicação pessoal” devem aparecer, entre parênteses, seguindo o(s) nome(s) individual (is) no texto. Exemplo: Oliveira AC, Silva PA e Garden LC (resultados não publicados). O autor deve obter permissão para usar “comunicação pessoal”. Citações bibliográficas As citações bibliográficas no texto devem ser numeradas com algarismos arábicos sobrescritos, na ordem em que aparecem no texto. Exemplo: Até em situações de normoglicemia6 Figuras, tabelas, gráficos, anexos No original deverão estar inseridos tabelas, fotografias, gráficos, figuras ou anexos. Devem ser apresentados apenas quando necessários, para a efetiva compreensão do texto e dos dados, totalizando no MÁXIMO TRÊS. 71 a) As figuras, sempre em preto e branco, devem ser originais e de boa qualidade. As letras e símbolos devem estar na legenda. b) As legendas das figuras e tabelas devem permitir sua perfeita compreensão, independente do texto. c) As tabelas, com título e legenda, deverão estar em arquivos individuais. d) É preciso indicar, em cada figura, o nome do primeiro autor e o número da figura. Figuras e tabelas deverão ser numeradas separadamente, usando algarismo arábico, na ordem em que aparecem no texto. Abreviações/nomenclatura O uso de abreviações deve ser mínimo. Quando expressões extensas precisam ser repetidas, recomenda-se que suas iniciais maiúsculas as substituam após a primeira menção. Esta deve ser seguida das iniciais entre parênteses. Todas as abreviações em tabelas e figuras devem ser definidas nas respectivas legendas. Apenas o nome genérico do medicamento utilizado deve ser citado no trabalho. Terminologia Visando o emprego de termos oficiais dos trabalhos publicados, a RAMB adota a Terminologia Anatômica Oficial Universal, aprovada pela Federação Internacional de Associações de Anatomistas (FIAA). As indicações bibliográficas para consulta são as seguintes: FCAT – IFAA (1998) – International Anatomical Terminology – Stuttgart – Alemanha – Georg Thieme Verlag ou CTA-SBA (2001) – Terminologia Anatômica. S. Paulo, Editora Manole. 72 L796A Lobão, Larissa de Maria Carvalho Praseres. Análise dos fatores de virulência das Escherichia coli isoladas das dietas enterais industrializadas e manipuladas de hospitais de São Luís - MA. / Larissa de Maria Carvalho Praseres Lobão. São Luís: UNICEUMA, 2014. 73 p.:il. Dissertação (Mestrado) – Mestrado em Biologia Parasitária. Universidade do CEUMA, 2014. 1. Fatores de Virulência. 2. E.coli. Análise. 3. Dietas Enterais. 4. Hospitais Públicos I. Figueirêdo, Patrícia de Maria Silva. (Orientador) II. Título. CDU: 573:576.8:614.21(812.1)