Metabolismo e Endocrinologia Grupo 1 29 de Março de 2006 Metabolismo e Endocrinologia 2.º Ano LEBM, 29 de Março de 2006 Grupo 4: Ana Carapeto, Ana Rita Gafaniz, Bruna Mota Tema: Interconversão energética. Interconversão energética Bioenergética e Termodinâmica A Bioenergética consiste no estudo quantitativo das relações e conversões de energia que ocorrem em sistemas biológicos. Todas as transformações bioenergéticas obedecem às leis da Termodinâmica: • 1ª Lei da Termodinâmica - Princípio da conservação de energia: “a energia do Universo é constante”; • 2ª Lei da Termodinâmica: “a entropia do Universo tende a um máximo”. Existem três quantidades termodinâmicas que descrevem as alterações de energia que ocorrem numa reacção química: • Energia livre de Gibbs: quantidade de energia capaz de realizar trabalho, a temperatura e pressão constantes. Se a reacção ocorre com uma libertação de energia livre (∆G<0) dá-se o nome de reacção exergónica. Se ∆G>0, chama-se reacção endergónica. • Entalpia: calor do sistema reaccional. Quando há libertação de calor (∆H<0) a reacção é exotérmica, quando o sistema recebe calor do exterior (∆H>0), a reacção é endotérmica. • Entropia: mede a desordem do sistema. A relação entre estas é traduzida pela expressão: ∆G = ∆H – T ∆S. A variação de energia livre transformada padrão, ∆G’º, é uma constante física característica para uma dada reacção e pode ser calculada através da constante de equilíbrio da reacção, K’eq: ∆G’º = - RT ln K’eq. A variação de energia livre real, ∆G, depende de ∆G’º e da concentração dos reagentes e produtos: ∆G = ∆G’º + RT ln([produtos]/[reagentes]). Como tal, ∆G é independente do modo como a reacção ocorre. As reacções químicas tendem a evoluir na direcção que resulta numa diminuição da energia livre do sistema. Quando ∆G é negativa, a reacção tende a 1 Metabolismo e Endocrinologia Grupo 1 29 de Março de 2006 evoluir no sentido directo, quando é positiva tende a evoluir no sentido inverso e quando é zero o sistema está em equilíbrio. As variações de energia livre são aditivas. Deste modo, a rede de reacções químicas resultante de sucessivas reacções que partilham um intermediário comum, apresenta um ∆G correspondente à soma dos valores de ∆G das reacções individuais. Transferência de grupos fosfato e ATP O ATP (adenosina trifosfato) é essencial como fonte de energia. É uma ligação química entre o catabolismo (degradação de moléculas complexas) e o anabolismo (construção de moléculas complexas a partir de simples). Papel do ATP no ciclo de energia na célula. Importância do ATP em processos endergónicos O ciclo de energia nas células acontece graças ao papel especial do ATP na interligação dos processos catabólicos e anabólicos. As células heterotróficas obtêm energia livre de forma química, pelo catabolismo de nutrientes e empregam esta energia para sintetizar ATP a partir de ADP + Pi. O ATP transfere parte de sua energia para processos de síntese de macromoléculas, intermediários metabólicos e para o transporte de substâncias através das membranas contra gradientes de concentração. Essa transferência de energia pelo ATP resulta na conversão do ATP em ADP + Pi. A maior parte dos casos de utilização da energia do ATP envolve a transferência de grupos e não a simples hidrólise do ATP. A participação do ATP numa reacção é sempre um processo de dois passos. Parte das moléculas do ATP, do grupo fosfato ou da porção adenilato (AMP), é primeiro transferida para uma molécula de substrato ou para um resíduo de aminoácido numa proteína, ficando covalentemente ligado a ele e aumentando o conteúdo de energia livre do substrato e da enzima. No passo seguinte, a metade contendo o fosfato e que foi transferida no primeiro passo é deslocada, gerando Pi ou AMP. 2 Metabolismo e Endocrinologia Grupo 1 29 de Março de 2006 Assim, o ATP participa na reacção catalisada enzimaticamente e para a qual ele fornece energia livre. Reacções de oxidação-redução O fluxo de electrões nas reacções redox é responsável directa ou indirectamente por todo o trabalho feito pelos organismos vivos. O percurso de electrões no metabolismo é complexo. As células têm um circuito biológico com um composto relativamente reduzido (como a glucose) como fonte de electrões. Enquanto a glucose é oxidada enzimaticamente, os electrões libertados flúem espontaneamente através de uma série de portadores de electrões intermediários para outras espécies químicas como o oxigénio. Este fluxo de electrões é exoenergético, porque o oxigénio tem uma grande afinidade electrónica, maior do que a dos portadores de electrões intermediários. A força electromotriz resultante fornece energia a uma variedade de transdutores moleculares (enzimas e outras proteínas) que realizam o trabalho biológico. O carbono das células existe numa escala de graus de excitação. Quando o carbono compartilha um par de electrões com outro átomo, a partilha é desequilibrada a favor do átomo mais electronegativo. Nos casos em que a oxidação é coincidente com a perda de hidrogénios (alcano para alceno por exemplo), há uma desidrogenação e as enzimas que catalizam essa oxidação são as desidrogenases. O termo genérico para designar os electrões que são transferidos numa reacção redox é equivalente redutor. Quando dois pares conjugados de oxidação – redução estão juntos em solução a transferência de electrões pode ocorrer espontaneamente. A tendência para cada reacção depende da afinidade relativa do receptor de electrões a cada par de electrões. O potencial de redução padrão Eº, mede esta afinidade. Pode referir-se a oxidação completa de uma molécula de piruvato a CO2 no ciclo de Krebs que ocorre na matriz mitocondrial, pelo que as reacções redox desempenham um papel muito importante na bioenergética. 3 Metabolismo e Endocrinologia Grupo 1 29 de Março de 2006 Bibliografia • D.L. Nelson, M. M. Cox, “Lehninger Principles of Biochemistry” (4th edition), Freeman, New York, 2005; • http://www.icb.ufmg.br/~lbcd/cromatina/farmacia/cap13b.html, mantido pelo Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil, consultado em 23/3/06. 4