Interação medicamentosa entre amiodarona e terapia para

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CENTRO DE FARMACOVIGILÂNCIA DO CEARÁ
(CEFACE)
INFORME Nº 129
AGOSTO - 2016
EM FARMACOVIGILÂNCIA
Interação medicamentosa entre amiodarona e terapia para
hepatite C: risco de bradicardia.
A Agência Europeia de Medicamentos
(EMA), em uma publicação de abril de 2015,
de acordo com alguns casos analisados,
divulgou que o uso sincrônico desses
medicamentos para hepatite C (sofosbuvir,
sofosbuvir associado à ledispavir, daclatasvir e
simeprevir) com a amiodarona pode resultar em
bradicardia grave (frequência cardíaca lenta) ou
bloqueio cardíaco (problemas com a condução
de sinais elétricos no coração)1. Os
medicamentos daclatasvir, simeprevir e
sofosbuvir fazem parte da lista de
medicamentos aprovados pela Anvisa para o
tratamento da hepatite C, assim como um
quarto medicamento aprovado em 2015,
composto por ombitasvir, veruprevir, ritonavir e
dasabuvir5.
nódulo sinusal, indicada apenas para arritmias
potencialmente fatais3. Usado na prevenção
primária da morte súbita, em etiologias
relacionado à cardiopatia isquêmica e doença
de chagas, a amiodarona, segundo estudos
recentes, foi capaz de controlar as arritmias
sintomáticas4. Na cardiopatia chagásica crônica
se mostrou eficiente na redução da mortalidade
total de pacientes de alto risco, que
apresentavam arritmias ventriculares complexas
concomitantes ou não a insuficiência cardíaca4.
Os pacientes que fazem uso daqueles
medicamentos para hepatite C, só devem fazer
uso da amiodarona se não houver a
possibilidade de se utilizar outro antiarrítmico1.
Sobre os medicamentos
A amiodarona, utilizada de forma isolada, já
apresenta um risco de evento adverso como à
bradicardia (3-5%) 3. Por um mecanismo ainda
desconhecido, há um aumento nessa toxicidade
quando coadministrado com o grupo de
antivirais de ação direta contra o vírus da
hepatite C, podendo resultar em uma
bradicardia grave que pode levar, segundo
relatórios de pós-comercializacão, em morte ou
na necessidade de inserção de um marca-passo
no paciente. Os pacientes que utilizam
betabloqueadores,
ou
que
possuem
comorbidades cardíacas associadas ou não a
uma doença hepática avançada, conforme
relatórios de vigilância de medicamentos
correm maior risco de bradicardia com a
administração concomitante de amidarona3.
Dos oito casos analisados pela agência
europeia, até abril de 2015, um dos casos
resultou em morte e dois pacientes necessitaram
da intervenção de um marca-passo. Foi
constatado, em seis casos, que o início da
bradicardia ocorreu dentro de um período de 24
O sofosbuvir associado à ledispavir, bem como
sua associação à daclatasvir e o simeprevir são
medicamentos que fazem parte de um novo
grupo de antivirais de ação direta contra o vírus
da hepatite C1. O ledispavir inibe a proteína
NS5A do HCV, o sofosbuvir inibe a proteína
NS5B do HCV RNA-dependente, ambos são da
classe dos inibidores da polimerase do HCV,
inibindo a replicação viral1. O daclatasvir,
indicado para ser utilizado com o sofosbuvir,
inibe a NS5A, uma proteína não estrutural do
VHC, causando distorções estruturais que
interferem com as funções da NS5A, e, assim,
inibe a replicação do RNA viral. O
simeprevir inibe a atividade proteolítica do
genótipo 1a e 1b do HCV recombinante de
proteases NS3 / 4a, esses mecanismos de ação
coíbem a replicação viral3.
A amiodarona é um antiarrítmico de classe III
que inibe a estimulação adrenérgica e diminui a
função de condução átrio ventricular e do
Reações adversas observadas
horas após o início do uso dos antivirais em
associação com a amiodarona, e nos dois casos
restantes ocorreu após 12 dias. Mesmo após
oito dias da interrupção do uso de amiodarona,
pode haver o risco de bradicardia com a
utilização dos antivirais, o ideal é que a
utilização ocorra apenas oito semanas após a
interrupção1.
Portanto é necessário que pacientes que fazem o
uso concomitante desses medicamentos sejam
acompanhados em ambiente hospitalar nas
primeiras 48 h do tratamento. Nas duas
semanas seguintes, é importante uma
monitorização diária do ritmo cardíaco. Isso se
faz necessário, pois ainda não é possível
estimar a incidência de ocorrência da
bradicardia causada por essa associação1.
A partir dessas considerações o CEFACE
solicita que, qualquer reação adversa observada
com o carisoprodol ou produtos que o
contenham, seja notificada, se possível, através
da Ficha Amarela de Notificação de Reações
Adversas ou pelos telefones 3366-8276 ou
3366-8293. As notificações também poderão
ser feitas através do site www.gpuim.ufc.br no
link CEFACE enviando anexada a ficha de
notificação ou pelo formulário de notificação de
reações adversas e/ou queixas técnicas,
disponível
no
endereço
eletrônico:
>>http://www.anvisa.gov.br/form/fármaco/inde
x_prof.htm
Fonte
consultada:
1<http://www.ema.europa.eu/ema/index.jsp?curl=pages/news_and_events/news/2015/04/news_detail_002313.jsp&mid=W
C0b01ac058004d5c1> Acessado em 15/07/2016.
2<
http://portal.anvisa.gov.br/informacoes-tecnicas13?p_p_id=101_INSTANCE_FXrpx9qY7FbU&p_p_col_id=column2&p_p_col_pos=1&p_p_col_count=2&_101_INSTANCE_FXrpx9qY7FbU_groupId=33868&_101_INSTANCE_FXrpx9q
Y7FbU_urlTitle=alerta-snvs-anvisa-sucom-ggmon-geaar-n-03-de-25-de-agosto-de2015&_101_INSTANCE_FXrpx9qY7FbU_struts_action=%2Fasset_publisher%2Fview_content&_101_INSTANCE_FXrp
x9qY7FbU_assetEntryId=2377583&_101_INSTANCE_FXrpx9qY7FbU_type=content> Acessado em 11/07/2016.
3<http://www.medscape.com/ > Acessado em 15/07/2016.
4 < http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2002/7906/Arritmias.pdf> Acessado em 25/07/2016.
5<
http://portal.anvisa.gov.br/noticias/-/asset_publisher/FXrpx9qY7FbU/content/novo-medicamento-para-tratamento-dahepatite-c-e-aprovado-pela-anvisa/219201/pop_up?inheritRedirect=false> Acessado em 18/08/2016.
Elaboração: Jose Igo Gomes da Silva (Acadêmico de Farmácia, CEFACE) Responsável: Eudiana Vale Francelino
(Farmacêutica do CEFACE); Revisão: Profª Mirian Parente (Coordenação do GPUIM).
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