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RELATÓRIO DE PROJETO DE PESQUISA
Nome do Projeto:
TESTE DE ADUBAÇÃO PARA PLANTAS COM ATIVIDADE MEDICINAL
Protocolo: 2351
Nome do(a) Proponente ou Orientador(a): JASPER JOSÉ ZANCO
Nome do(a) Bolsista: DANIELA CRISTINA IMIG
Campus/Unidade: TUBARÃO / SUL
Data do Relatório: 15/09/2008
Tipo do Projeto:
( ) PUIC Disciplina
(
) PUIC Continuado
( X ) PUIC Individual
RESUMO:
O trabalho teve como objetivo, avaliar os efeitos da utilização da adubação
química e orgânica no crescimento e desenvolvimento das plantas medicinais
melissa (Melissa officinalis) e erva-de-são-joão (Hypericum perforatum L).
Foram analisadas e avaliadas, sob o aspecto quantitativo, as seguintes
variáveis: altura de plantas; número de folhas; peso de massa verde e seca;
comprimento de raiz. O trabalho foi desenvolvido em casa de vegetação sob
nebulização intermitente, na área experimental do Curso de Agronomia da
UNISUL. O solo utilizado para o experimento continha quantidades
inadequadas de nutrientes disponíveis e pH 5,3 (também inadequado às
plantas). Assim, para todas as parcelas do experimento foram corrigidos o pH
do solo e as aplicações de nutrientes seguiram conforme a recomendação das
espécies,
exceto
na
parcela
testemunha
(controle).
No
local
foram
estabelecidas 6 parcelas e em cada parcela aplicados os seguintes
tratamentos: (i) Testemunha; (ii) Nitrogênio - N; (iii) Fósforo - P; (iv) Potássio K; (v) Adubação química completa - NPK e (vi) Composto orgânico. Cada
parcela foi repetida 5 vezes para cada espécie, totalizando 35 sub-parcelas
para cada espécie. A coleta de dados foi feitas após 30, 60 e 90 dias da
semeadura. Ao final do experimento foram mensuradas as quantidades de
massa verde e seca obtida em cada tipo de adubação administrada. Após 90
dias da semeadura as adubações com NPK, P e o composto orgânico
mostraram-se mais eficientes para o desenvolvimento da melissa. Por outro
lado, a erva-de-são-joão, não germinou em solo orgânico e, o melhor resultado
foi observado no tratamento químico completo (NPK).
.
1 INTRODUÇÃO
As plantas sempre tiveram um papel fundamental em nossa vida,
suprindo-nos com alimentos, com ar que respiramos, e também utilizados para
medicamentos para cura dos males do dia-a-dia.
Nossos ancestrais já faziam uso de alimentos e plantas nativas,
deixando-nos uma rica e completa herança de ervas medicinais.
Os registros mais antigos do uso de fitoterapicos se encontra na China e datam
cerca de 2500 a.C. Os papiros do Eber descobertos no Egito, datados a cerca
de 1500 a.C, mencionam mais de 700 ervas medicinais, muitas das quais são
populares até hoje.
Antes de 1000 a.C outros povos, particularmente os gregos, persas,
indianos e astecas, usavam plantas medicinais que desde então, fornecem a
base dos remédios.
Na segunda metade do século XIX, com o rápido desenvolvimento da
ciência e da química, houve uma queda abrupta na popularidade das ervas,
dando lugar aos fármacos, onde eram isolados e extraídos os principios ativos
das plantas, abandonando-se o uso da em si.
Algum tempo depois, cientistas conseguiram produzir versões sintéticas,
desse ingredientes ativos, e então as ervas antes respeitados, passaram a ser
vistas como obsoletas, coisas do passado.
No entanto, apesar do uso de drogas sofisticadas e das modernas
provas cientificas, nos últimos vinte anos, testemunhamos uma onde gigante
de interesse pelas plantas medicinais, fornecendo em media 85% dos remédios
do mundo, tendo de volta o seu valor (Correa Júnior. et al., 1991).
A partir dos anos 80, a Organização Mundial de saúde (OMS) passou a
incentivar o uso da Medicina Tradicional principalmente devido aos altos custos
do medicamentos industrializados, onde muitos médicos e pesquisadores
aderiram à tendência, preocupados com efeitos colaterais das drogas
sintéticas.
Com a criação da Política Nacional de Plantas Medicinais, por meio do
Decreto Presidencial Nº 5.813, de 22 de junho de 2006, o Brasil, com sua
maior diversidade genética do mundo, com 55 mil espécies vegetais
conhecidas e um patrimônio imaterial relacionado às plantas medicinais dos
mais abrangentes pela confluência de vários sistemas etnofarmacologicos, esta
se preparando para assumir papel de destaque no cenário mundial. (EPUB,
2008)
As plantas medicinais, aromáticas e condimentares consistem no grupo
de organismos produtores e acumuladores de metabólicos biologicamente
ativos. Conforme a estrutura química dos mesmos pode ser agrupada como
alcalóides, taninos, óleos voláteis, etc. Essas substâncias apresentam
importância econômica pela possibilidade de produção e elaboração de
derivados com alto valor agregado. Como exemplos, podem ser citados: a
produção
de
matéria-prima
para
medicamentos,
condimentos
e
condicionadores; as indústrias de alimentos, de cosméticos, de perfumes e de
domissanitários; o uso alternativo de espécies no manejo de agroecossistemas
e o desenvolvimento de produtos fitossanitários. (Sociedade Brasileira de
Ciência do Solo, 2004).
A maioria dos solos brasileiros são ácidos, o que pode causar
dificuldades para a produção vegetal. Além da alta saturação de alumínio, que
pode apresentar efeitos tóxicos para as plantas, os solos ácidos normalmente
contêm baixo teor de cálcio e de magnésio trocáveis, cátions de grande
importância para o desenvolvimento radicular.Uma das alternativas para
minimizar esse problema é a correção da acidez através da prática da calagem
(Goedert et al., 1991).
Na literatura há poucas informações sobre a fertilização química e
exigências nutricionais de plantas medicinais,principalmente no Brasil. De
maneira geral, os adubos químicos em poucos casos são prejudiciais aos
teores de princípios ativos das plantas, quando usados dentro dos limites
técnicos. Os aumentos de biomassa podem compensar uma redução do teor
de fitofármacos, mas dependem da análise econômica, que deve ser feita em
cada situação (Correa Júnior. et al., 1991)
BLANK et al. (2005) observou aos 120 dias da semeadura , no cultivo de
melissa e hortelã pimenta em solos ácidos e de baixa fertilidade,observou que
a calagem e a adubação são essenciais para seu crescimento. No solo
utilizado,a falta da calagem e dos nutrientes N e P causaram as maiores
quedas na produção de folhas, órgão usado na medicina popular e que contém
os princípios ativos. A omissão de calagem em melissa não permitiu o
crescimento das plantas.
Montanari Júnior et al. (1993), trabalhando com Atropa belladona
observou que a fertilização com 100; 35 e 120 kg/ha de N; P e K,
respectivamente, resultou no aumento de 750 kg/ha para 1700 kg/ha de
folhas secas e que não houve diferença significativa entre os teores de
atropina, o que indica que a adubação química é vantajosa para esta espécie.
Blank et al. (1999) concluíram que após 120 dias do transplantio,no
cultivo da erva baleeira (Cordia verbenacea L.Boraginaceae) em solos ácidos e
de baixa fertilidade, a calagem adubação foram essenciais para o crescimento
da plantas. Alem da prática da calagem, a adubação com N, K e B apresentou
as maiores respostas quanto ao crescimento e à nutrição da espécie.
objetivando
um sistema de produção economicamente viável, deve se
implantar um programa de nutrição na cultura, levando-se em conta o custo
beneficio. No caso das espécies melissa (Melissa officinalis L.) e hipérico
(Hypericum perforatum) são escassos os trabalhos sobre suas exigências
nutricionais relacionados ao desenvolvimento da planta e sobre os teores dos
nutrientes na parte aérea. Com isso, é de interesse deste presente trabalho,
avaliar os efeitos da adubação química e da calagem, e plantio orgânico no
crescimento e na nutrição de melissa e Hipérico.
1.1 Características do hipérico (Hypericum perforatum L.)
Erva-de-são-joão é planta herbacea perene, pertencente a família das
Hypericacea
e largamente distribuída na Europa, Ásia, norte da África e
aclimatada nos Estados Unidos.É um pequeno arbusto, de porte erecto,
atingindo cerca de 1 metro de altura. As folhas são opostas, sésseis, dotadas
de glândulas translúcidas, que podem ser observadas colocando-se a folha
contra a luz. As flores são numerosas, persistentes, de coloração amarela e
possuem pequenos pontos pretos ao longo das margens das flores que contêm
elevadas concentrações do pigmento vermelho hipericina.
É uma erva daninha que resce agressivamente em terrenos secos e nas
bordas de estrada, prados, florestas, e cercas vivas. Ha em media 370
espécies do genero hypericum, que é derivado das palavras gregas “Hyper” e
“eikon”, que significas “sobre uma aparição”, por isso durante séculos o
Hypericum perforatum foi muito utilizada, inicialmente pela sua capacidade de
cicatrizar feridas, úlceras de pele e queimaduras, considerada capaz de afastar
maus espíritos, foi utilizada no tratamento de inúmeras doenças mentais.
atualmente a planta não é muito usada para estes propósitos, mas sim,
largamente testada na actividade antidepressiva contra estados depressivos
suaves a moderados, ansiedade, insônia, dores nevrálgicas e, ainda,
actividades antiviral, antibacteriana e fotossensibilizadora.( ITF,2008).
1.2 Características da melissa ou erva-cidreira (Melissa officinalis L.)
A melissa (Melissa officinalis L. (Lamiaceae) é originária da Europa e
da.Ásia. É uma herbácea de 0,20 a 0,80 m de altura, que prefere solos férteis e
com alto teor de matéria orgânica (Martins et al., 1998).
A melissa é uma planta perene herbácea da família das Lamiaceae,
arbustiva e pode atingir de 20 a 80 cm de altura. Os caules, ramificados a partir
da base, formam touceiras. As folhas são de um verde intenso na parte
superior e verde-claro na parte inferior. As flores, quando surgem, são brancas
ou amareladas, podendo se tornar rosadas com o passar do tempo. Toda a
planta emana um odor semelhante ao do limão, que torna-se mais intenso
depois que a planta seca.
Sempre
se
acreditou
nos poderes calmantes da melissa. Na
aromaterapia, ela alivia as tensões e, juntamente com rosa e o neróli, é um dos
óleos atuantes nas vibrações ligadas ao coração.Acredita-se que a melissa
apresenta inúmeras propriedades medicinais: é usada para diminuir gases e
cólicas, estimula a transpiração, é calmante, sedativa, digestiva, age contra a
insônia, enxaqueca, tensão nervosa, ansiedade e ajuda nos casos de
traumatismo emocional, agente tópico para herpes labial.( ITF,2008).
No Brasil, existem inúmeras plantas conhecidas pelo nome comum de
"erva-cidreira", mas é com uma outra erva medicinal - o capim-limão ou "lemongrass" (Cymbopogon citratus) - que a confusão é maior. Existem até folhas
secas de capim-limão embaladas e comercializadas com o nome de ervacidreira, para o preparo de chás calmantes. Na verdade, os pesquisadores têm
estudado as propriedades medicinais do capim-limão para amenizar problemas
digestivos. A melissa é calmante.Para acabar de vez com a confusão, é só
observar as duas plantas, pois elas são bem diferentes: enquanto o capimlimão apresenta folhas estreitas, longas e lanceoladas, a melissa produz folhas
grandes, ovais, pecioladas, serrilhadas e com nervuras salientes.
2. Objetivos
2.1 Objetivo Geral
Através de diferentes concentrações, identificar qual é a adubação mais
adequada para as espécies de plantas medicinais.
2.2 Objetivos Específicos
i. Identificar duas principais espécies com demanda sócio-econômica para
realização de testes de adubação
ii. Testar dois tipos de adubação: orgânica e química
iii. Identificar os principais aspectos da fertilização que auxiliam na produção de
plantas medicinais
3. Materiais e métodos
O experimento foi realizado em casa de vegetação do Curso de
Agronomia, no Campus da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), e
visou determinar os efeitos da utilização de diferentes níveis de adubação
química e orgânica sobre o crescimento e desenvolvimento de melissa e de
hipérico.
Foram utilizadas 8 plântulas em cada vaso com 0,0314 m². No fundo do
vaso foi colocada uma camada de pedra britada, para facilitar a drenagem da
água, e em seguida uma camada de solo, ate encher o recipiente, como pode
ser observado na Figura 1.
Para o cultivo orgânico coletou-se o solo com matéria orgânica vegetal
decomposta. Para cada tipo de adubação usou-se 5 repetições, uma
testemunha e a orgânica.
O experimento seguiu os mesmos tratamentos e as mesmas
quantidades de água e adubo para as duas plantas estudadas, e para todas as
repetições realizadas.
Após análise dos solos usados para o teste foi calculado a quantidade
de adubo necessária para área do vaso utilizado de acordo com a SBCS
(2004). Assim, no experimento com Nitrogênio, repetiu-se a dose, também
conforme a recomendação da SBCS (2004). O nitrogênio, com recomendação
de 80kg/ha foi colocado 0,285 g/ parcela, repetido após trinta dias; o fósforo,
com recomendação de 120kg/ha, 0,919 g /parcela; o potássio (30kg/ha), 0,162
g/parcela e o calcário,
3,53 g/parcela. As quantidades aplicadas de fósforo
concordam com AMARANTE (2007).
Após 30 dias da semeadura e adicionados ao solo, e em seguida feita a
semeadura das plantas. A casa de vegetação possuía controle de umidade,
através de um sistema de nebulização intermitente.
A adubação utilizada para o hipérico esteve de acordo com AMARANTE
et al. (2007).
A adubação utilizada para a melissa foi a mesma indicada para as
espécies de hortelã, de acordo com SBCS (2004). Para a calagem foi
adicionada a quantidade de calcário indicada pelo índice SMP para o solo
atingir pH 6.0, conforme a Tabela 1, a seguir.
As indicações para a adubação com fósforo e potássio podem ser
observadas na Tabela 2 e a análise do solo e do composto orgânica estão
expressas na Tabela 3 e na Figura 1.
Tabela 1. Quantidades de nitrogênio requerido pela melissa, conforme a
análise de solo, observado a SBCS (2004). Fonte: IMIG & ZANCO (2008).
Teor de Matéria orgânica no solo
Nitrogênio ¹
%
Kg de N/ha
≤ 2,5
80
2,6 – 5,0
50
> 5,0
≤ 20
¹ Aplicar ½ do N no plantio e o restante 30 dias após.
Tabela 2. Quantidades de fósforo e potássio requerido pela melissa, conforme
a análise de solo, observado a SBCS (2004). Fonte: IMIG & ZANCO (2008).
Interpretação do teor de Fósforo
Potássio
P ou de K no solo
Kg de P2O5/ha
Kg de K2O/ha
Baixo
≥ 120
≥ 90
Médio
80
60
Alto
≤ 40
≤ 30
Tabela 3. Resultado da análise do solo e do composto orgânico utilizado no
experimento (IMIG & ZANCO, 2008)
Determinação
Textura
Solo
Composto_Orgânico
19,00
Classe_4
13,00
Classe_4
Ph
5,30
Baixo
6,4
Alto
Índice_SPM
6,30
Fósforo
14,00
Potássio
50,00
Mat.Orgânica
0,80
Unidade
% Argila
6,7
Baixo
50,00 Muito_Alto
900,00
Baixo
10,00
ppm
ppm
Alta
% (M/V)
Alumínio
0,80
0,00
Cmolc/l
Cálcio
1,30
Baixo
19,30
Magnésio
0,30
Baixo
6,70
Cmolc/l
Alto
Cmolc/l
Sódio
16,00
84,00
Ppm
H+Al
3,09
1,95
Cmolc/l
Soma_Bases-S
1,80
Baixa
28,68
Alto
Cmolc/l
CTC
4,89
Baixa
30,63
Alto
Cmolc/l
36,81
Baixa
93,63 Muito_Alta
Saturação_BasesV
Ferro
0,19
0,15
%
Zinco
4,64
37,20
ppm
11,16
14,08
ppm
Boro
0,15
1,06
ppm
Cobre
0,60
0,06
ppm
Enxofre
0,25
0,70
ppm
Manganês
Figura 1. Diferença entre os tipos de substratos utilizados no experimento: solo
de baixa fertilidade e composto orgânico.
A amostra de solo, como pode ser observada na Tabela 3 é de baixa
fertilidade. O solo é originário de local bastante impactado pela erosão e a
coleta de amostras foi realizada da camada sub-superficial (20-40 cm) no
Morro do Cettal, no Campus da Universidade do Sul de Santa Catarina.
As sementes adquiridas são da empresa FELTRIN e o experimento foi
realizado entre 28 de maio e 28 de agosto.
Após 08 dias da semeadura, teve inicio a germinação, podendo
observar-se apenas algumas plântulas, e aos 12 dias a germinação estava
completa. Observou-se que não houve germinação do hiperico em solo
orgânico.
A análise dos dados foi realizada através de métodos estatísticos
paramétricos e não-paramétricos: análise de variância, análise de regressão,
teste para diferenças entre as médias (teste de Tukey), testes de normalidade
(Levene e Fisher) e análise de cluster (distância Euclidiana, Chord, Bray-Curtis
e Gowe).
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após 08 dias da semeadura, deu-se o inicio da germinação, podendo
observar-se apenas algumas plântulas, e aos 12 dias a germinação estava
completa para os testes com melissa. Nesse período os tratamentos com
nitrogênio (N) e o controle mostraram uma germinação precária comparada aos
tratamentos com fósforo (P), potássio (K), completo (NPK) e orgânico.
Com relação aos testes com hipérico, a germinação teve seu inicio aos
10 dias após a semeadura, nas parcelas (vasos) com adubos químicos. Porém
não houve germinação nas parcelas com adubo orgânico. Fez-se a repetição
da semeadura e, mesmo assim, não ocorreu germinação, demonstrando
resultados idênticos a primeira semeadura.
Cada tratamento e sua relação a resposta das variáveis “altura de
plântulas”, “número de folhas”, “comprimento de raízes”, “peso de massa
verde” e “peso de massa seca” apresentaram resultados importantes para o
futuro manejo dessas espécies. Contudo foram as duas últimas variáveis que
possibilitaram uma análise da capacidade
das plantas na formação
fotossintetatos.
Dos nutrientes analisados isoladamente (N, P e K) foi o P que
apresentou melhores respostas às variáveis analisadas. O fósforo participa das
moléculas de fosfato no metabolismo os quais, auxiliam na formação de
ligações, pirofosfato e permitem a transferência de energia. O fósforo da fitina
presente nas sementes é visto como um fósforo de reserva. Durante a
germinação, o fósforo da fitina é mobilizado e convertido em outras formas de
fosfato, necessárias para o metabolismo das plantas jovens (MENGEL &
KIRKBY, 1987).
Os fosfatos inorgânicos se armazenam nos vacúolos em maior
quantidade do que outros tipos; o nucléico está presente no núcleo das células,
e os açúcares fosfatados no citoplasma, bem como, os fosfolipídios dominam
nos cloroplastos. Dependendo das concentrações, o fosfato irá regular algumas
enzimas (BIELESKI & FERGUSON, 1983).
Quando necessário o fosfato é retirado dos vacúolos fazendo com que o
nível de fosfato no citoplasma seja mantido em equilíbrio. Se as concentrações
de fosfato inorgânico forem baixas o crescimento é reduzido ou até mesmo
inibido (REBEILLE et al., 1984).
Massa verde e massa seca
A massa verde e massa seca de Melissa tiveram o seguinte comportamento,
apresentado na Figura 2a e 2b, a seguir.
Figura 2a. Diferença entre massa verde e massa seca de melissa. Fonte: IMIG
& ZANCO (2007-2008).
Figura 2b. Diferença entre massa verde e massa seca de hipérico. Fonte: IMIG
& ZANCO (2007-2008).
Para a melissa ocorreram diferenças significativas entre os tratamentos
e entre as medidas de massa verde e massa seva, como pode ser visto na
Tabela 3, a seguir. Contudo o mesmo não aconteceu par o hiérico (Tabela 4).
Observe também, que no caso do hipérico, o tratamento orgânico não obteve
sucesso e a diferença entre massa verde e úmida não foi significativa (no
geral), exceto entre os tratamentos com adubação completa (NPK).
Tabela 3. Análise de Variância da massa seca e úmida de acordo com os tratamentos para a
Melissa officinalis L.
Fonte da
variação
SQ
gl
MQ
F
valor-P
F crítico
Massa (g)
1,592689
1 1,592689 6,431277 0,052147 6,607891
Tratamentos
7,481155
5 1,496231 6,041778
Erro
1,238237
5 0,247647
Total
10,31208
0,03518 5,050329
11
Tabela 4. Análise de Variância da massa seca e úmida de acordo com os tratamentos para o
Hypericum perforatum L
Fonte da
variação
SQ
gl
MQ
F
valor-P
F crítico
Massa (g)
0,117644
1 0,117644 1,452461 0,294555 7,708647
Tratamentos
1,554314
4 0,388579 4,797472 0,078993 6,388233
Erro
0,323986
4 0,080997
Total
1,995945
9
Ainda em relação a diferença entre massa verde e massa seca a Tabela 5, a
seguir, mostra entre quais tratamentos ocorreram as diferenças.
Tabela 5. Diferença probabilística entre massa verde e massa seca e entre os
tratamentos utilizados para Melissa officinalis L. (UNISUL, 2008)¹.
CDMMEL
ODMMEL
0,0001341
CDMMEL
NDMMEL
PDMMEL
KDMMEL
NPKDMMEL
0,9948
0,0001341
0,05301
0,0001341
0,0001341
0,0001341
0,0001341
0,0001341
0,0001342
0,1589
0,0001341
0,0001801
0,0009776
ODMMEL
38,46
NDMMEL
0,743
37,72
PDMMEL
12,27
26,19
11,52
KDMMEL
4,266
34,19
3,523
8,001
NPKDMMEL
18,81
19,65
18,07
6,544
0,0001341
14,55
¹ Dados transformados em Raiz (x)+2; as probabilidades que diferem estão em negrito e
números em azul. Significado das abreviações: CDMMEL (diferença entre massa verde e seca
para a melissa no tratamento controle); ODMMEL (diferença entre massa verde e seca para a
melissa no tratamento orgânico); NDMMEL (diferença entre massa verde e seca para a melissa
no tratamento com nitrogênio); PDMMEL (diferença entre massa verde e seca para a melissa
no tratamento com fósforo); KDMMEL (diferença entre massa verde e seca para a melissa no
tratamento com potássio); NPKDMMEL (diferença entre massa verde e seca para a melissa no
tratamento com NPK).
Para a Melissa officinalis L., a massa verde foi significativamente maior do que
a massa seca e o tratamento orgânico foi aquele que mais se destacou entre
os demais.
A razão da massa seca ter sido importante variável na análise demonstra que a
melissa mais efetiva na produção vegetal e síntese de fotossintética do que o
hipérico, nas condições do experimento em que foram submetidos.
Com relação a adubação, o hipérico tem seu desenvolvimento melhorado
quando o NPK foi aplicado de acordo com a recomendação, em substrato nãoorgânico, semelhante ao observado por BLANK et al.(2006).
Tabela 6. Diferença probabilística entre os tratamentos relativos a massa seca
para Hypericum perforatum L (UNISUL, 2008)¹.
CHYMS
CHYMS
NHYMS
PHYMS
KHYMS
NHYMS
0,9999
PHYMS
0,9796
KHYMS
1
NPKHYMS
0,00023
0,9921
1
0,000277
0,9836
0,000576
0,1763
0,7926
0,6163
0,04509
0,1312
0,7475
0,000239
7,689
7,513
6,897
7,644
NPKHYMS
¹ Dados não-transformados; as probabilidades que diferem estão em negrito e números em
azul. Significado das abreviações: CHYMS (massa seca para ano tratamento controle);
ODMMEL (massa seca para o hipérico no tratamento orgânico); NHYMS (massa seca para o
hipérico no tratamento com nitrogênio); PHYMS (massa seca para o hipérico no tratamento
com fósforo); KHYMS (massa seca para o hipérico no tratamento com potássio) e NPKHYMS
(massa seca para o hipérico no tratamento com NPK)
Quando testadas as probabilidades para massa verde, também ocorreram
probabilidades semelhantes, altamente significativas à aplicação de NPK. Esse
resultado é bem lógico, uma vez que a massa verde possui correlação muito
alta com a massa seca. Esse fato pode ser visto a análise de regressão da
Figura 3, a seguir, cujo coeficiente de determinação confirma a análise,
confirmando a porcentagem de variação total da matéria seca explicada pelo
modelo de regressão.
Figura 3. Análise de regressão para a relação entre peso de massa seca e
peso de massa verde. Fonte: Zanco & Imig (2008)
È importante ressaltar que a idade em que as plantas foram analisadas permite
extrapolar a idéia de que um aumento máximo da matéria seca ocorre numa
valor próximo a 1,5 g de matéria verde quando a planta atinge 60 dias de
idade. Assim, para realizar previsões mais precisas seria necessário continuar
com o experimento até planta atingir a idade adulta.
De acordo com AMARANTE (2007), as doses aplicadas de fósforo (P),
variando entre 0 até 100 mg/kg de solo foram estatisticamente diferentes entre
si, sendo que a quantidade de 100 mg de P, àquela de maior
representatividade. Semelhante ao ocorrido nesse experimento às doses de P,
analisadas isoladamente, tiveram o segundo melhor comportamento.
A Tabela 7, a seguir, mostra um ordenamento estatístico de todos os
tratamentos transformados em ln(x+3). É importante salientar que o melhor
comportamento foi observado para o número de folhas de hipérico com a
aplicação de adubação completa (NPK) e, esse efeito é devido ao número
elevado de folhas em uma das repetições das parcelas: 450 folhas.
Tabela 7. Escala de classificação dos melhor aos piores resultados
Dist.
Desvio
Posição
Evento¹
Distância
Acum.
Tamanho
Peso
Padrão
55
NPKHYNF
0
0
0
0
0
54
PHYNF
1,282
16,22
1
1,711
1000
53
NFMELO
1,282
14,94
1
1,711
1000
52
HMELO
1,282
13,65
1
1,711
1000
51
HHYPNPK
0,8726
12,37
5
4,83
0,189
50
CRMELO
0,3837
11,5
4
5,715
0,3389
49
NFMELNPK
0,009922
11,12
12
9,685
0,1353
48
HMELNPK
0,4542
11,11
12
11,81
0,1074
47
NPKHYCR
0,3886
10,65
12
15,24
0,1105
46
NFMELP
0,1057
10,26
12
15,83
0,1633
45
THYNF
0,2593
10,16
10
13,64
0,114
44
HHYPP
0,05923
9,899
10
13,61
0,1075
43
CRMELNPK
0,01982
9,84
12
15,58
0,1521
42
KHYNF
0,1243
9,82
14
19,15
0,145
41
MVMELO
0,166
9,696
14
17,48
0,1443
40
NFMELK
0,5083
9,53
12
12,46
0,06803
39
NFMELC
0,1474
9,022
23
21,14
0,1306
38
PHYCR
0,2263
8,874
23
22,37
0,08206
37
CRMELP
0,02558
8,648
9
12,05
0,1488
36
NHYNF
0,03898
8,622
9
11,84
0,1145
35
HMELP
0,2635
8,583
15
15,11
0,09839
34
NFMELN
0,2726
8,32
15
15,1
0,09114
33
HMELK
0,2177
8,047
15
14,94
0,09836
32
CRMELK
0,3857
7,829
18
15,61
0,09532
31
MVMELNPK
0,2303
7,444
18
16,94
0,1031
30
HHYPC
0,1438
7,214
10
13,64
0,1348
29
HHYPK
0,1933
7,07
12
14,62
0,08316
28
NPKHYMV
0,0386
6,876
15
17,92
0,104
27
CRMELC
0,02352
6,838
30
35,72
0,09583
26
MSMELO
0,09466
6,814
30
35,22
0,09602
25
KHYCR
0,2314
6,72
12
17,19
0,09167
24
THYCR
0,4326
6,488
13
17,41
0,09873
23
HMELC
0,06583
6,056
14
18,7
0,08821
22
HMELN
0,01304
5,99
13
17,05
0,1498
21
MVMELP
0,04465
5,977
16
17,91
0,1203
20
CRMELN
0,0993
5,932
16
18,22
0,08864
19
HHYPN
0,1126
5,833
11
14,54
0,1322
18
MSMELNPK
0,8756
5,72
11
10,83
0,1093
17
NPKHYMS
0,2031
4,845
12
9,467
0,1298
16
MVMELK
0,3844
4,642
12
8,46
0,0868
15
MSMELP
0,6134
4,257
3
4,675
0,2195
14
MVMELN
0,7161
3,644
11
10,45
0,1685
13
PHYMS
0,09691
2,928
8
11,97
0,1642
12
KHYMV
0,1674
2,831
7
11,64
0,1409
11
PHYMV
3,07E-09
2,663
7
11,48
2,02E-09
10
MVMELC
0,0688
2,663
8
12,14
0,1456
9
NHYCR
0,4882
2,595
8
11,01
0,2259
8
NHYMV
0,04351
2,106
24
27,29
0,2153
7
THYMV
0,07336
2,063
24
27,69
0,2042
6
NHYMS
0,2978
1,99
12
14,36
0,1075
5
MSMELN
0,4369
1,692
12
11,64
0,08675
4
MSMELC
0,1879
1,255
6
8,484
0,09394
3
MSMELK
0,3517
1,067
6
8,154
0,1716
2
KHYMS
0,04659
0,7153
7
9,122
0,1245
1
THYMS
0,6687
0,6687
7
7,336
0,2163
¹ Significado das abreviações: dados em azul são relativos à melissa (continua na próxima página)
NPKHYNF: resultado do tratamento NPK para número de folhas em hipérico
PHYNF: resultado do tratamento com P para número de folhas em hipérico
NFMELO: resultado do tratamento orgânico para número de folhas em melissa
HMELO: resultado do tratamento orgânico para altura de plântulas em melissa
HHYPNPK: resultado do tratamento NPK para altura de plântulas em hipérico
CRMELO: resultado do tratamento orgânico para comprimento de raízes em melissa
NFMELNPK: resultado do tratamento NPK para número de folhas em melissa
HMELNPK: resultado do tratamento NPK para altura de plântulas em melissa
NPKHYCR: resultado do tratamento NPK para comprimento de raízes em hipérico
NFMELP: resultado do tratamento P para número de folhas em melissa
THYNF: resultado do tratamento controle para número de folhas em hipérico
HHYPP: resultado do tratamento P para altura de plântulas em hipérico
CRMELNPK: resultado do tratamento NPK para crescimento de raízes em melissa
KHYNF: resultado do tratamento K para número de folhas em hipérico
MVMELO: resultado do tratamento orgânico para massa verde em melissa
NFMELK: resultado do tratamento K para número de folhas em melissa
NFMELC: resultado do tratamento controle para número de folhas em melissa
PHYCR: resultado do tratamento NPK para número de folhas em hipérico
CRMELP: resultado do tratamento P para crescimento de raízes em melissa
NHYNF: resultado do tratamento N para número de folhas em hipérico
HMELP: resultado do tratamento P para altura de plântulas em melissa
NFMELN: resultado do tratamento N para número de folhas em melissa
HMELK: resultado do tratamento K para altura de plântulas em melissa
CRMELK: resultado do tratamento K para comprimento de raízes em melissa
MVMELNPK: resultado do tratamento NPK para massa verde em melissa
HHYPC: resultado do tratamento controle para altura de plântulas em hipérico
HHYPK: resultado do tratamento K para altura de plântulasem hipérico
NPKHYMV: resultado do tratamento NPK para massa verde em hipérico
CRMELC: resultado do tratamento controle para comprimento de raízes em melissa
MSMELO: resultado do tratamento orgânico para massa seca em melissa
KHYCR: resultado do tratamento K para comprimento de raízes em hipérico
THYCR: resultado do tratamento controle para comprimento de raízes em hipérico
HMELC: resultado do tratamento controle para altura de plântulas em melissa
HMELN: resultado do tratamento N para altura de plântulas em melissa
MVMELP: resultado do tratamento P para massa verde em melissa
CRMELN: resultado do tratamento N para comprimento de raiz em melissa
HHYPN: resultado do tratamento N para altura de plântulas em hipérico
MSMELNPK: resultado do tratamento NPK para massa seca em melissa
NPKHYMS: resultado do tratamento NPK para massa seca em hipérico
MVMELK: resultado do tratamento K para massa verde em melissa
MSMELP: resultado do tratamento P para massa seca em melissa
MVMELN: resultado do tratamento N para massa verde em melissa
PHYMS: resultado do tratamento P para massa seca em hipérico
KHYMV: resultado do tratamento K para massa verde em hipérico
PHYMV: resultado do tratamento P para massa verde em hipérico
MVMELC: resultado do tratamento controle para massa verde em melissa
NHYCR: resultado do tratamento N para comprimento de raiz em hipérico
NHYMV: resultado do tratamento N para massa verde em hipérico
THYMV: resultado do tratamento controe para massa verde em hipérico
NHYMS: resultado do tratamento N para massa seca em hipérico
MSMELN: resultado do tratamento N para massa seca em melissa
MSMELC: resultado do tratamento controle para massa seca em melissa
MSMELK: resultado do tratamento K para massa seca em melissa
KHYMS: resultado do tratamento K para massa seca em hipérico
THYMS: resultado do tratamento controle para massa seca em hipérico
Características do local do experimento
O fato de o experimento ter sido desenvolvido durante o outono e
inverno pode ter prejudicado o desenvolvimento do hipérico. Mesmo assim,
AMARANTE et al. (2007) realizam um experimento semelhante durante o
inverno, a primavera e o verão, sem demonstrarem respostas a essas
diferentes épocas. Contudo, é possível que a umidade no local (nebulização
intermitente) aliada ao frio tenha influenciado na taxa de germinação do
hipérico. Outra possibilidade é a procedência das sementes.
Segundo FARON, et al. (2006), as temperaturas mais benéficas à
germinação foram as alternadas de 20-30 ºC, para duas espécies hipérico, ou
as constantes de 20 ºC, para H. perforatum e de 30 ºC, para H. brasiliense. A
luz foi necessária para a germinação das sementes das duas espécies, porém
seu efeito foi mais pronunciado em H. brasiliense. Em H. perforatum o efeito da
luz foi mais evidente a 20-30 ºC enquanto em H. brasiliense esse efeito
acentuou-se em todas as temperaturas estudadas. A aplicação de nitrato de
potássio a 0,2% foi eficaz para as sementes de H. brasiliense porém não afetou
as de H. perforatum.
A melissa não foi afetada pelo tipo de ambiente onde foi realizado o
experimento e, sim, pelas variações nos tratamentos.
Análise de regressão para os níveis de adubação
A variação dos níveis adubação, com mitigação de um ou outro elemento
químico essencial, fez com as espécies respondessem diferentemente às
variáveis analisadas. Nos gráficos Figuras 4 e 5 a seguir serão mostradas as
variações de acordo com os tratamentos executados sendoque os mesmo
representam o eixo das coordenadas dessa forma:
1: Tratamento controle: sem adubação
2: Somente Nitrogênio
3: Somente Fósforo
4: Somente Potássio
5: NPK
6:Adubação Orgânica
Figura 4. Análise de regressão para a Melissa officinalis L.
Os dados referentes a melissa foram utilizados sem a necessidade de
transformação. Com relação ao hipérico, devido ao desenvolvimento muito
tímido, os valores foram baixos e a transformação log (x+3) ajudou na
homogeneização das informações possibilitando a análise de regressão
mostrada na Figura 4.
Figura 5. Análise de regressão para a Hypericum perforatum L.
5. CONCLUSÕES
Tanto a melissa quanto o hipérico responderam aos tratamentos realizados,
especialmente a análise da biomassa: massa verde e massa seca. Ambas as
espécies demonstraram a necessidade de controle das quantidades de
nitrogênio, fósforo e potássio aplicados. E, somente a melissa reagiu bem a
fonte de nutrição orgânica. As características ótimas do composto orgânico não
propiciaram um melhor desempenho do hipérico. Desta forma, não foi possível
entender, com segurança, as razões que fizeram o hipérico responder tão
precariamente a riqueza de nutrientes do composto orgânico e, ao mesmo
tempo, com desempenho bem abaixo da melissa com relação aos demais
tratamentos.
5. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
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