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Os rios paraenses: uma breve descrição potamográfica
DOI: 10.17552/2358-7040/bag.v1n2p88-104
Pedro Rocha SILVA
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OS RIOS PARAENSES: UMA BREVE DESCRIÇÃO POTAMOGRÁFICA
Pedro Rocha SILVA1
Resumo
Este artigo originou-se do desejo de estudar a potamografia do estado do Pará, e mostrar a organização
da rede de drenagem dos rios que fazem parte da bacia hidrográfica do rio Amazonas e os demais rios
que estão em outras bacias e micro bacias existentes no estado do Pará. As bacias de drenagem não
possuem dimensões fixas, podem ser de tamanho pequeno, como rios de uma microbacia até as
grandes bacias como os rios da bacia amazônica.No caso dos rios paraenses, possui a maioria desses
rios pertencentes à grande Bacia do rio Amazonas com seus 6.112.000 km2,que segundo Cunha (2001
p.235) “ocupa mais da metade do território com divisores topográficos constituídos pelo Planalto das
Guianas, Cordilheira dos Andes e Planalto Brasileiro. Administrativamente esse espaço é ocupado
pelos estados do Amazonas, Rondônia, Acre, Roraima e parte dos estados do Pará, Mato Grosso e
Amapá” No Pará esse espaço está constituído pelo Planalto das Guianas, e Planalto Brasileiro. O rio
principal é na realidade o rio Amazonas que em território paraense a extensão do seu curso desde o
limite do estado do Amazonas até a sua foz, é de cerca de 1000 km. De acordo com dados da
Secretaria de Estado e Meio Ambiente – SEMA, o estado do Pará possui cerca de 20 bacias e micro
bacias hidrográfica.
Palavras-chave: Potamografia - Rede De Drenagem - Bacias Hidrográficas – Rios
Resumen
Este artículo se originó en el deseo de estudiar las potamografia el estado de Pará, y ver la estructura
de la red de drenaje de los ríos que forman parte de la cuenca del río Amazonas y otros ríos que se
encuentran en otras cuencas y micro cuencas existentes en el estado Pará. Las cuencas no tienen
dimensiones fijas, puede ser pequeño en tamaño, como los ríos de una cuenca a las grandes cuencas
como los ríos de la cuenca amazônica.No caso de los ríos Pará, tiene la mayoría de estos ríos
pertenecen a la gran cuenca río Amazonas, con sus 6.112.000 km2, que según Cunha (2001 p.235)
"ocupa más de la mitad del territorio con separadores topográficos consistentes en la Guayana
Highlands, Andes y la meseta brasileña. Administrativamente este espacio está ocupado por los
estados de Amazonas, Rondonia, Acre, Roraima y parte de los estados de Pará, Mato Grosso y Amapá
"En Pará este espacio se compone de las montañas de Guayana, y Meseta brasileña. El principal río es
en realidad el río Amazonas en el territorio de Pará en la medida de su curso desde la línea de estado
de Amazonas hasta su desembocadura, es de unos 1000 kilómetros. De acuerdo con datos de la
Secretaría de Estado y del Medio Ambiente - SEMA, el estado de Pará tiene alrededor de 20 micro
cuencas y cuencas hidrográficas.
Palabras clave: Potamografia - Drenaje de red - Cuencas - Ríos
INTRODUÇÃO
No estudo das Ciências Geográficas a parte que estuda os rios é chamada de
Potamologia, e a que descreve os rios chama-se de Potamografia– queé o objetivo deste
artigo com relação aos rios paraenses.A rede de drenagem também denominada rede
hidrográfica ou rede fluvial é composta por todos os rios de uma bacia hidrográfica,
hierarquicamente interligada. Segundo Rodrigues e Adami (2005, p.148), “é um dos
1
Diácono, Geógrafo, mestre em Ciências Agrárias área de concentração Solos e Nutrição de Plantas, ex-professor do curso de
Geografia da UFPA, Engenharia Florestal da UFRA, pesquisador do Grupo Acadêmico Produção do Território e Meio
Ambiente na Amazônia (GAPTA/UFPA). E-mail: [email protected]
Boletim Amazônico de Geografia (ISSN: 2358-7040 - on line), Belém, v. 01, n.
02, p. 88-104, jul./dez. 2014.
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principais mecanismos de saída (output) da principal matéria em circulação no sistema bacia
hidrográfica: a água”. E os rios são os principais componentes das redes de drenagem ou
bacias de drenagem.
As bacias de drenagem não possuem dimensões fixas, podem ser de tamanho pequeno,
como rios de uma microbacia até as grandes bacias como os rios da bacia amazônica.No caso
dos rios paraenses, possui a maioria desses rios pertencentes à grande Bacia do rio Amazonas
com seus 6.112.000 km2,que segundo Cunha (2001 p.235) “ocupa mais da metade do
território com divisores topográficos constituídos pelo Planalto das Guianas, Cordilheira dos
Andes e Planalto Brasileiro. Administrativamente esse espaço é ocupado pelos estados do
Amazonas, Rondônia, Acre, Roraima e parte dos estados do Pará, Mato Grosso e Amapá”
(Figura 1).
OS RIOS PARAENSES
A Bacia Amazônicapossui características extraordinárias em termos geográficos. “É o
maior complexo fluvial do mundo”, comandado pelo grande rio Amazonas, por onde correm
175 milhões de litros de água a cada segundo, formado por um complexo sistema de rios em
geral muito tortuosos.
Fazem parte deste complexo as bacias dos grandes rios paraenses como:
 Nhacundá, Trombetas, Curuá, Maicuru, Paru e Jari (margem esquerda);
 Tapajós e Xingu (margem direita).
E outros rios que não são afluentes do grande rio Amazonas, mas contribuem para
formar este complexo hidrográfico paraense, como: O complexo de rios do Marajó,
Tocantins, Araguaia, Itacaiúnas, Capim, Gurupi, Guamá, Moju, Marapamin, Maracanã e
muitos outros tributários que fazem parte das bacias hidrográficas desses rios e que muitas
vezes não aparecem nos mapas, mas contribuem com suas potencialidades hídricas, além de
influenciar nas condições de vida de milhares de pessoas que vivem nos pequenos lugarejos a
beira dos rios.
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Figura 1 - Bacia Amazônica, do Tocantins e do Atlântico Norte com a divisão administrativa e rede
de drenagem principal.
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Fonte: Geomorfologia do Brasil/ Sandra Baptista da Cunha e Antônio José Teixeira Guerra (2001)
O RIO AMAZONAS
O rio principal é na realidade o Amazonas que em território paraense a extensão do
seu curso desde o limite do estado do Amazonas até a sua foz, é de cerca de 1000 km.
Segundo Ab’Saber (apudSOARES, 1977),o rio Amazonas tem um característica estrutural
geotectônica em sua calha coletora das águas, um geossinclinal2 produzido em terrenos do
Primário e do Secundário, os quais foram, por sua vez, cobertos por espesso manto de
sedimentos do Terciário; cavando desde o início, o seu leito na imensa bacia detrítica
instalada dentro geossinclinal e suavemente inclinada paraleste, o Amazonasveio a se
transformar, no decorrer do Quaternário, em um grande rio consequente-mestre (BRANCO,
1983)3.
Que ao chegar a seu trecho final se caracteriza por apresentar um grande número de
ilhas, numa extensão de mais de 300 km; como observa Lúcio de Castro Soares (1977), “ali se
encontra a Ilha do Marajó – que, possuindo cerca de 50 mil km2, é a maior ilha flúviomarítima do mundo - e outras menores, mas com áreas superiores a mil km2, como ilha
2
Geossinclinal – depressão alongada onde os sedimentos, por efeito da subsidência, acarretam um afundamento progressivo
no decorrer dos tempos geológicos, permitindo assim a acumulação de grandes espessuras de materiais (GUERRA, 1972
p.217).
3
Rio consequente – são aqueles cujo curso foi determinado pela declividade da superfície terrestre, em geral coincidindo
com a direção da inclinação principal das camadas (CHRISTOFOLETTI, 1980 p.102).
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Grande de Gurupá, 4.864 km2; Mexiana, 1534 km2;Caviana, 4.968 km2, todas alojadas
dentro da larga reentrância da costa atlântica conhecida por Golfão Amazônico”.
Outro minucioso estudo sobre esse interessante sistema potâmico do estuário
amazônico, foi feito por Herbert Smith (apud SOARES, 1977, p.147), “o Amazonas entra
com quase todos os seus afluentes em comunicação por um ou diversos furos, pelos quais
estes afluentes recebem, ao menos durante a cheia do Amazonas, as águas deste rio, acima da
verdadeira confluência”. A única diferença reside no fato de aqui não tratar de um só afluente,
mas de um estuário formado por grande número de rios maiores ou menores.
Seria mesmo preferível falar não de um “rio Pará”,como se faz geralmente,
compreendendo sob este nome um trecho mais ou menos extenso do estuário que se estende
ao sul de Marajó, mas de um “estuário Pará”, reunindo sob esta denominação toda a série de
“baías”, desde a baía de Marajó até a de Portel, senão até a de Caxiuanã”.
Já Soares (1977, p.147) fez a seguinte colocação a respeito dessa particularidade
hidrográfica do estuário Amazônico.
A região dos furos reside nesta dependência de dois sistemas hidrográficos de
caráter diferente. Entretanto, os fenômenos provocados pelas marés são os mesmos
na maioria dos furos, tanto nas embocaduras setentrionais como nas meridionais. De
ambos os lados a água entra com a enchente e sai com a vazante, porque a simples
represa das águas do Amazonas provoca, nestes canais laterais, correntezas
semelhantes às dos verdadeiros fluxos e refluxos no domínio do estuário do Pará.
Os mais extensos rios de planalto da Bacia Amazônica são Xingu e Tapajós, que
descem do planalto sul amazônico, pela margem direita do rio Amazonas.
O RIO TAPAJÓS
Quanto às suas características fisiográficas é formado por dois rios inteiramente de
planalto, os rios Juruena e Teles Pires ou São Manuel que tem suas nascentes no estado do
Mato Grosso, e se destacam pelo papel que representam no conjunto da hidrografia que nem
sempre tomam orientação sul-norte. Os que aparecem com este sentido prolongam-se pela
porção setentrional do estado e são representados por elevações de 500-800 metros que se
destacam no nível do embasamento do Pré-Cambriano, o qual se inclina na direção da Bacia
Amazônica, apresentando altitudes médias de 200-500metros. Como exemplos, temos a serra
Formosa (divisor das bacias dos rios Xingu e Teles Pires), serra do Tombador (dos rios Arino
e Juruena) e a serra do Norte (dos rios Juruena e Aripuanã). O rio Juruena apresenta algumas
características peculiares na sua morfologia, como a presença de ilhas de formação granítica
ao longo de seu curso, como também cachoeiras e corredeiras as mais conhecidas são as
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cachoeiras de Salto Augusto ou Salto Grande, cuja posição é 8º 53’15’’ de latitude e 58º
15’00’’ de longitude e distam 35 léguas da barra do Juruena, além desta, tem ainda
aproximadamente 18 outras cachoeiras, como a Capoeira, Chacorão, Mungubalsinho, Trovão,
Mungubal, Acará, Buburé, Apuhyzinho, Furnas, Quatá e outras mais inferiores, portanto
trata-se de um rio bastante encachoeirado, outra característica é que ele não está no Estado do
Pará e sim no Estado do Amazonas.
O rio Teles Pires ou São Manoel é famoso por suas margens serem consideradas
auríferas e por ter um percurso no estado do Pará de aproximadamente 128 km como divisor
entre o Pará e Mato Grosso até confluência com o rio Juruena que formam o Tapajós. O
Tapajós por sua vez percorre 360 km até a foz, próximo do divisor entre os estados do Pará e
Amazonas.
O rio Tapajós é um rio tipicamente paraense, de águas claras,com uma morfologia
característica,apresentado no seu curso superior um leito fluvial normal, que limitado por
margens estáveis, atravessa terrenos ondulados de morros do escudo do Brasil Central,
constituídos, em sua maioria de granito ou arenito e frequentemente interrompido por
imponentes cachoeiras e corredeiras. A carga de fundo que a correnteza transporta acumula-se
aqui e acolá sob forma de bancos de areia, emergentes no período das águas baixo e uma vez
tomado, com sua elevação crescente, pela vegetação podem constituir ilhas de forma quase
oval ou riniformes (SIOLI,1985 p.31).
Seus principais afluentes estão na margem direita descendo de montante a jusante são:
rio Pacu, rio Crepori, rio Jamanxim (maior micro bacia), rio Itapacurú-Açu, Curi e Cupari. Na
margem esquerdario São Benedito, o rio Cururu Açu, o igarapé preto.Outra característica do
rio Tapajós é formação de praias de areia clara e límpida, as quais nas enchentes do rio são
cobertas pelas águas. Um exemplo é Alter do Chão,em Santarém. O rio Tapajós possui uma
extensão aproximada de 785 km da confluência dos rios Juruena e Teles Pires até a foz com o
rio Amazonas. Entre as cidades mais importantes ao longo do seu curso estão Santarém,
Itaituba, Aveiro e Jacareacanga.
O RIO XINGU
O rio Xingu, outro afluente do Amazonas pela margem direita, nasce em serra
Formosa no estado de Mato Grosso, percorre aproximadamente 1.409,5 km no estado do Pará
até sua foz no rio Amazonas. Sua história é marcada por viagens de exploradores como:
Barão de Melgaço, ilustre geógrafo do Império; Carlos Von Stein e Othon Clauss de Berlim,
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que percorreram toda sua extensão; Domingos S. Ferreira Pena e Miguel F. Lisboa, da
marinha brasileira; Adriano H. de Oliveira Tapajós, que explorou o rio em 1872; o príncipe
Adalberto da Rússia em 1843, acompanhado pelos condes Oriolla e de Bismark, subiu e
desceu desde a foz até Piranhaquara. Segundo Marajó (1992), o mapa levantado por esta
expedição é um dos mais minuciosos que conheceu.
Muitas outras expedições foram enviadas pelo rio Xingu, principalmente por causa das
reservas indígenas que existem ao longo do seu curso como a Reserva Florestal de Gorotire e
a Reserva Indígena Açurine, que atraem vários pesquisadores. Como características
morfológicas é também um rio que possui várias cachoeiras e corredeiras, com presença de
meandros sinuosos, sendo o mais extenso rio de planalto da Bacia Amazônica. Entre as
cidades que mais se destacam, estão Altamira, Porto de Moz e São Felix do Xingu.
OS RIOS PELA MARGEM ESQUERDA DO RIO AMAZONAS NO TERRITÓRIO
PARAENSE
Descendo do planalto das Guianas e também apresentando pequenos trechos
francamente navegáveis podem ser citados os rios Trombetas, Jari, Paru e Maicuru. Os
trechos planiciários dos rios de planalto da Bacia Amazônica têm como limites a chamada
“linha das Cachoeiras” que, ao norte e ao sul do vale do Amazonas, une as quedas d’água que
frequentemente marcam contacto dos terrenos Terciários com as formações Paleozóicas e
Mesozóicas do geossinclinal amazônico (SOARES, 1977 p.132). Como consequência deste
processo evolutivo, originam-se os grandes quadros morfo-estruturais do norte do Brasil, dos
quais se vão analisar os que se destacam como os grandes divisores da hidrografia na fronteira
com as Guianas o relevo decai de oeste para leste com as serras de Acaraí, 1500 metros e
Tumucumaque com 850 metros, que dão origem aos tributários da margem esquerda do rio
Amazonas.
O RIO NHAMUNDÁ OU JAMUNDÁ
É o rio limite entre os estados do Amazonas e Pará, que mais interesse desperta, não só
pela sua importância como rio, como por ser sua bacia motivo de litígio entre os dois estados.
Entre sua bacia e a bacia do rio Trombetas existe uma linha de 447 km litigiosa dos dois
estados. Conta o Barão de Marajó, que ele se tornou famoso pela lendária estória da tradição
das Icamiabas, as mulheres sem maridos, as amazonas que deram, com ou sem razão o seu
nome ao grande rio.Para Marajó (1992), diz a lenda que nas nascentes do Jamundá existe um
famoso lago chamado Yaci-Uaruá, consagrado à lua.
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Era neste lago que em dadas épocas em certas fases da lua se iam banhar asIcamiabas,
ou mulheres sem marido. Depois de cumpridas as cerimônias expiatórias, ou antes,
propiciatórias e quando a lua iluminava o lago, banhavam-se e recebiam da mãe do
muirakitan, as pedras chamadas assim, com as formas que desejavam. Estas pedras eram
extremamente rígidas e polidas, e a crença espalhada era que enquanto debaixo da água ficava
mole tomando todas as formas, apenas fora dela se tornava rígidas e impossíveis de serem
trabalhadas.
Aos homens da tribo que anualmente as iam visitar, presenteavam com estas pedras
que diziam dotadas de propriedades maravilhosas como um verdadeiro amuleto ou talismã.
Segundo Penna(apud MARAJÓ, 1992), este rio atravessa o lago de Faro, outrora
aldeia dos índios Yamundá, indo lançar-se no Amazonas por diferente braços, entre estes o
Cabury, paraná-mirim que o Amazonas lhe envia.
São exemplos de lagos de terra-firme, originados de antigas rias fluviais interiores e
orientados pela tectônica: o lago de Faro (ria Nhamundá).
O Trombetas, rio tipicamente paraense, nasce entre asserras Acaraí e Tumucumaquea
405 metros de altitude na fronteira com as Guianas e percorre aproximadamente 896 kmaté
sua foz com o Amazonas, sendo navegável em aproximadamente 135 milhas. Antigamente os
índios o chamavam de Oriximiná, Uruximina ou Uruchimine. Daí a origem do nome da
cidade de Oriximináque fica às margens do grande rio. Suas características morfológicas
apresentam-se como um rio encachoeiradoocupando em média de 14 a 16 léguas de extensão,
geralmente cobertas de floresta, percorrendo um labirinto de ilhas pedregosas de diversas
dimensões.
O rio Curuá surge nos mapas com a denominação de Curuá, porém, a literatura cita
também como Curuá-panema, Curuá-manema e até Surubiú. Para Penna (apudMARAJÓ,
1992), diz que ele observou estes lugares, que percorreu mais de uma vez, que nele se
demorou e que os descreveu na sua obra A Região Ocidental da Província do Pará, muito
clara e terminantemente afirma “não só que o único rio notável deste município de Óbidos a
Monte-Alegre, é o Curuá-panema, mas também que erradamente tem algum enumerado um
lago Surubijú, que não existe, mas sim uma ilha com este nome”.
Nasce no planalto dissecado do rio Trombetas em condições de intensa atuação dos
processos erosivos, resultando uma grande faixa de dissecação em interflúvios com encostas
ravinadas e densa drenagem, percorre aproximadamente 814,6 km até sua foz. O município de
maior destaque nas margens deste rio é Alenquer.
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Maicuru como o rio Curuá, nasce na mesma faixa do planalto dissecado do rio
Trombetas, percorrendo aproximadamente 697,5 km até a foz no rio Amazonas. Suas
características morfológicas apresentam algumas superfícies de aplainamento e inselberg, em
relevos residuais isolados e circundados pela superfície de aplainamento conservado e
cobertos pela floresta densa. Na Depressão Periférica do Norte do Pará, a superfície de
aplainamento conservada predomina em toda área, notando-seapenas a incipiência de
entalhamento dos talvegues. A sudeste de Monte Alegre está um domo esvaziado, e em sua
parte central, está aplainado sobre rochas básicas, fato que favorece a agricultura da região. O
municípiode Monte Alegre é servido pelas águas do rio Maicuru e dista 846 km de Belém por
via fluvial.
O rio Paru, também chamado de Paru de Oeste, e sua importância na regiãoparece ter
sido apreciada pelos antigos. Sua nascente está situada a 560 metros na serra de
Tumucumaque na divisa do Brasil com o Suriname. Entre os rios Paru e Trombetas ocorrem
cuestas e também superfícies tabulares, às vezes dissecadas, configurando-se em interflúvios
tabulares e/ou interflúvios abaulados. Este rio foi bastante explorado por expedições francesas
no século passado, não se sabe a origem ou as causas desse interesse.
Neste rio foi construído o forte dos Desterros junto á foz em 1638 por ordem de
Maciel Parente, e que por surpresa foi tomado pelos franceses em 1690. Crevaux diz que
ainda em suas margens vagam as nações índias do Trio, Rocoyennes, Apalai etc. A cidade de
Almerim está situada às margens do rio Paru.
O rio Jari nasce na serra de Tumucumaque a 656 metros de altitude, tem um percurso
até a foz de aproximadamente 885,3 km, e serve de divisa entre o estado do Pará e o estado do
Amapá. Caracteriza-se por ser um rio encachoeirado com saltos e corredeiras inviável para a
navegação, porém os seus primeiros 250 kmem direção montante são navegáveis. É uma
região hoje bastante explorada pelo Projeto Jari,em Monte Dourado.
A ÁGUA
Todos têm noção do que significa a palavra qualidade. Aquilo que caracteriza uma
coisa ou propriedade. Para Branco (1993), o termo “qualidade, quando aplicado à água,
refere-se, normalmente, não a um estado de pureza química, mas sim às suas características
tal como encontrado na natureza, isto é, de uma solução de vários produtos do ambiente
natural”. A água possui várias qualidades intrínsecas, próprias da substância pura “água”: é
transparente, líquida às temperaturas e pressões normais etc. Além disso, ela pode apresentar
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qualidades variáveis, dependendo do local e das condições onde passam se não forem
alteradas pelo homem podem ser sulfurosas, carbonatadas, magnesianas etc., já na sua
origem. Quando atravessam os campos ou cidades, recebendo despejos de todos os tipos
produzidos pela ação do homem, elas podem ter sua qualidade muito alterada.
É interessante notar, que a água pura não existe na natureza. Devido à enorme
capacidade que ela possui, de dissolver quase todos os elementos e compostos químicos, que
encontra nas fontes, nos rios ou em poços profundos, levando em solução, várias substâncias
dissolvidas. Até mesmo as águas da chuva apresentam gases que absorvem da atmosfera,
como oxigênio, gás carbônico, nitrogênio etc. É a presença desses gases e também de sais e
outros compostos que torna a água apta a sustentar a vida aquática: os peixes e outros seres
não podem viver em água pura.
Segundo Branco (1993), consideram-se os recursos hídricos sob três aspectos
distintos, em função da sua utilidade:
como elemento ou componente físico da natureza;
como ambiente para a vida: o ambiente aquático;
como fator indispensável à manutenção da vida terrestre.
Como simples componente físico da natureza, significa dizer que a água, além de
manter a umidade atmosférica e a relativa estabilidade do clima na Terra e a beleza cênica de
algumas paisagens, constitui, também, elemento dotado de energia potencial, servindo para
mover equipamentos mecânicos, e também uma de suas principais funções que foi o
desenvolvimento da navegação, como sistema de transporte universal.
Como ambiente a vida aquática necessita estar dentro dos padrões de qualidade,
devido a maior parte dos seres vivos nela existente necessitarem de oxigênio livre, dissolvido
na água, para sua respiração, como peixes, crustáceos e moluscos.
Como fator indispensável à manutenção da vida terrestre, este é considerado o mais
complexo, abrangendo todas as qualidades que podem ser exigidas nos outros dois.
Primeiro, pelo padrão de qualidade da água de abastecimento das comunidades
humanas o mais exigente de todos. Requer água potável, que significa “que se pode beber”, e
para ser ingerida é essencial que a água não contenha elementos nocivos à saúde. Mas não é
só isso. Para ser bebida pelo ser humano e utilizada no preparo dos seus alimentos e na sua
higiene corporal, torna-se necessário que a água atenda a certos requisitos estéticos, isto é, que
não possua sabor, odor ou aparência desagradáveis.
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Daí ser o padrão de qualidade da água de abastecimento das comunidades humanas o
mais exigente de todos.
Quanto à água doce, o documento divulgado pela Organização das Nações Unidas
para Educação, Ciência e cultura (UNESCO), durante a Rio-92, afirma que ela “será, nos
próximos 15 ou 20 anos o problema ambiental e político mais decisivo que a humanidade
enfrentará”(Ecologia e Desenvolvimento, nº29).
Em segundo lugar, o mau uso da água vem provocando sérios problemas nas grandes
cidades brasileiras. De acordo comlevantamentos realizados em 1986, todos os rios que
atravessam comunidades com mais de 10 mil habitantes são impróprios para o banho.
Oestado do Pará, apesar de possuir uma rede de drenagem privilegiada com grandes
rios e inúmeros igarapés, já está comsérios problemas nos rios que estão próximos às cidades,
em virtude do mau uso por parte da população. O exemplo está próximo de Belém, sua
capital, como o rio Guamá, baía do Guajará;o rio Benfica no município de Benevides;o rio
Caraparu, no município de Santa Izabel;o rio Apeú, no município de Castanhal etc. Mas,
ainda existem alguns que precisam ser preservados e que a população faz uso para lazer e
banho como é o caso dos rios Marapamin e Peixe-Boi e outros mais distantes das cidades que
oferecem banho saudável.
A DEGRADAÇÃO
Os pesquisadores de diversos ramos do conhecimento têm estudado a degradação
ambiental sob o ponto de vista da sua especialização. Alguns, no entanto, chamam atenção
para o fato de que a degradação é, por definição, um problema social.
Outra relação que se pode fazer entre a degradação e a sociedade referem-se às
situações extremas. Por exemplo, secas prolongadas por motivo de desmatamentos, redução
de mananciais, erosão, assoreamento rios etc. A degradação dos rios pode ter uma série de
causas. No entanto, é comum colocar-se a responsabilidade no crescimento populacional e, na
consequente pressão que esse crescimento proporciona sobre o meio físico. Essa é, talvez,
uma posição simplista de que áreas com forte concentração populacional estejam,
necessariamente, sujeitas à degradação. É claro que essa pode ser uma causa, mas não a única,
nem a principal.
O manejo inadequado dos recursos naturais, tanto em áreas urbanas como rurais, tem
sido a principal causa da degradação dos rios. Como consequência tem assistido toda uma
gama de impactos, como: desmatamentos, agricultura, movimentos de terra (terraplanagem),
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mineração (trazendo à superfície componentes químicos antes inexistentes), indústria,
urbanização,inundações etc., que constituem fatores determinantes da qualidade resultante das
águas que irão convergir ao receptor final. O rio reflete, pois, fielmente, o uso que é feito dos
solos da bacia correspondente.
Segundo Branco (1993), muitas dessas aplicações contribuem para a deterioração da
qualidade: esgotos das cidades, resíduos industriais, depósitos de lixo, substâncias químicas
utilizadas na agricultura ou originadas da mineração etc. O desmatamento colabora
decisivamente para o transporte dos resíduos da superfície para os rios, pois a vegetação
constitui fator fundamental à infiltração da água no solo. Consequentemente, as medidas
preventivas dirigidas à proteção da qualidade das águas deverão ser, antes de tudo, medidas
disciplinadoras e educativas do uso do solo, ou seja, medidas que estabeleçam:
 exigências com relação à manutenção de cobertura vegetal mínima que atenue os
efeitos da erosão e transportes de substâncias depositadas à superfície;
 limites à densidade de ocupação, isto é, ao número de habitantes por área da bacia,
uma vez que a quantidade de lixo e esgotos produzida deve ser proporcional ao número de
habitantes, e obrigatoriedade do tratamento de esgotos e lixo;
 Regulamentação às condições de extração e beneficiamento de minério;
 Regulamentação da atividade agrícola, com restrições à aplicação de fertilizantes e
agrotóxicos.
Do ponto de vista legal, os rios são classificados de acordo com o nível de qualidade
que deve ser mantido, em função dos usos previstos para suas águas. Essas classes são
estabelecidas pela Secretaria do Meio Ambiente, do governo federal, por intermédio do seu
órgão técnico, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).
BACIAS INDEPENDENTES
Entre as bacias independentes estão:
Bacia do rio Tocantins;
Bacias do rios Capim, Guamá, Acará e Moju;
Bacias dos rios Caeté e Gurupi.
BACIA DO TOCANTINS
A hidrografia, que segundo André Guilcher (apud INNOCÊNCIO, 1977), diz que “o
resultado global e sutil das condições apresentadas na região que ela drena”, apresenta, deste
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modo, um comportamento que reflete as influências de um conjunto de condições que
inserem numa área sobre a qualela também atua.
Entre os referidos condicionantes, destacam-se o relevo, a natureza das rochas e dos
solos e a vegetação que figuram entre os fatores de superfície, e cujas influências juntam-se a
dos fatores externos, quais sejam o climae a intervenção humana.
A influência do relevo sobre a hidrografia do Centro-Oeste, como já nos referimos
anteriormente, prende-se estreitamente ao movimento epirogenético positivo que se
processou, de maneira gradativa, desde o Paleozóico, de modo a afetar profundamente o
escudo brasileiro, que acompanhado de uma série de perturbações, deixaram patente a sua
influência na hidrografia.
No estado de Goiás, este aspecto aparece nitidamente através do prolongamento do
Maciço Goiano até a sua porção setentrional, constituindo-se no divisor de águas do
Tocantins e do Araguaia. Perdendo altitude à medida que se prolonga para o norte, ele se
apresenta entre 500 e 700 metros nos níveis interfluviais mais elevados e 200 a 500 metros no
médio-baixo Tocantins e na área divisória Tocantins/Araguaia, no município de São João do
Araguaia.
A bacia Tocantina é uma das mais extensas do sistema hidrográfico brasileiro, onde se
vê representada por uma área de 812.694 km2, dos quais 608.246 km2, localizados na região
Centro-Oeste, o restante 204.448 km2, na região Norte.
O rio Tocantins nasce da junção dos rios Maranhão e Paraná, no estado de Goiás.
Desta confluência até Belém desenvolve-se o rio por cerca de 1.710 km de extensão. Todavia,
como o rio Maranhão é considerado como seu prolongamento natural, aquela extensão vê-se
acrescida para 2.400 km, sendo que no Pará ele percorre aproximadamente 503,3 km desde
sua confluência com o Araguaia.
Assim sendo, considera-se que o rio Tocantins tem suas nascentes na serra do Paranã,
numa altitude de 1.100 metros aproximadamente, a cerca de 60 km ao norte de Brasília.
O rio Tocantins ao juntar-se com o rio Araguaia, entra no Pará passando por várias
cidades como: São João do Araguaia, Marabá, Itupiranga, Tucuruí, Baião e Cametá. São
cidades com mais de 20.000 habitantes, portanto, sujeitas a poluir um rio como o Tocantins.
Outro fato importante neste rio é a localização do lago da represa de Tucuruí e a própria
hidrelétrica de Tucuruí que serve com energia a um enorme contingente nas regiões Norte e
Nordeste.
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O rio Araguaia, principal afluente do Tocantins, é considerado por muitos como sendo
de mesma importância no conjunto geral da bacia. De fato ele se notabiliza, ao lado do rio
principal, tanto suas características hidrológicas como por seu papel no processo de ocupação
do território.
Suas nascentes situam-se na serra do Caiapó, na divisa de Goiás e Mato Grosso, a
cerca de 850 metros de altitude. Apresenta uma extensão de 2.115 km desenvolvendo a maior
parte de seu percurso paralelamente ao rio Tocantins e desembocajunto à localidade de São
João do Araguaia no extremo setentrional goiano, divisa com o Pará, eserve de limite entre os
estados do Pará, Maranhão e Goiás, percorrendo uma faixa de 665,8 km.
BACIAS DO CAPIM, GUAMÁ, ACARÁ E MOJU.
Num resumo de interesse hidrográfico: um dos pré-requisitos básicos a considerar diz
respeito às informações sobre bacias hidrográficas do Capim e Guamá, e as mudanças havidas
no decorrer do tempo. Como foi o caso da revisão na literatura geográfica e histórica, feito
por Silva(1989), que permitiu a descoberta do nome original do rio que banha Belém pela sua
parte meridional.
Segundo Oliveira e Gomes (1926 apud SILVA, 1989), no trabalho intitulado
“Reconhecimento Geológico nos rios Guamá e Capim em 1922”, faz menção ao rio Guajará,
que banha Belém.
Já Pinto (1930 apud SILVA, 1989) diz que o rio Guajará é formado pela reunião dos
dois grandes rios, o Capim e Guamá. Ele lança suas águas na baía do mesmo nome, após
banhar a parte da cidade de Belém. Relata ainda que o rio Guajará foi um dos primeiros que
receberam as incursões dos colonos portugueses que, depois da fundação de Belém, vieram
instalar-se na nova capitania, não só por este rio lançar suas águas junto à cidade, como pela
abundância e riqueza em madeira de lei, proveniente das terras por ele regadas.
O historiador Ernesto Cruz (1958) diz, entretanto, que: apesar de ter o rio Guamáum
curso muito menor que o rio Capim, quando ambas as águas se misturam e se lançam no
Guajará, a cerca de uma milha distante de Belém, o Guamá absorve a influência do Capim e
passa a dar sua própria denominação ao conjunto.
Apesar das afirmações feitas há tantos anos por estas autoridades, respectivamente na
geologia e na geografia do Pará, mapas antigoscomprovam, mas, um desatencioso cartógrafo
e/ou desenhistamodificou o nome original do rio, colocando o nome de Guamá ao Guajará. E
foi comprovado também por meio de entrevistas a várias pessoas antigas que ainda moram as
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margens do rio, daí o nome da Baia do Guajará. Portanto, precisamos retomar as origens do
rio Guajará, para caracterizar melhor as bacias destes dois rios, e nada melhor do que por
meio do órgão principal do Governo do Estado do Pará que é antiga SECTAM, hoje
denominada de SEMA.
Um fato marcante da hidrografia das bacias Capim, Guamá, Acará e Moju são os seus
aspectos fisiográficos, aonde seus terrenos vão desde o Pré-Cambriano, passando pelo
Cretáceo Inferior, Terciário e Quaternário, esses diferentes tipos de rochas são responsáveis
pela geomorfologia da região que é comandada pelo Planalto Setentrional do Pará-Maranhão
e pelo Planalto Rebaixado da Amazônia (da Zona Bragantina), dando um conjunto de relevos
tabulares rebaixado, fortemente dissecados na formação sedimentar do Grupo Barreiras, com
rebordos erosivos e que se inclinam para o Norte e para Nordeste pelo entalhamento dos vales
do rio Capim e seus afluentes Tal topografia, que toma direção de Norte para Sul e que ora se
torna mais acidentada, ora mais suave, foi caracterizada por Ab’Saber (1986), como área de
sucessivas lombas – até atingir a planalto sedimentar regional com o reverso da escarpa
estrutural da serra do Gurupi
Segundo Silva (1989), o “rio Guamá, nasce de uma ramificação dos contrafortes da
serra do Gurupi, à altura do paralelo 2º 46’00” de latitude sul, a uma altura de 100 metros, no
morro das Fazendas, na parte sul do município de Capitão Poço. As principais nascentes vêm
da junção entre os igarapés Água Branca, Água Azul e Louro. Seus principais afluentes são os
igarapés Jacumim, Mamorana, Jacaiacá e os rios Sujo e Irituia.
Ainda Silva (1989), ao estudar a bacia do rio Capim, cita que seu curso total é de 967
km e 1.500 metros de desembocadura não possui nascente própria, ele surge da confluência
de dois grandes rios que são o Ararandeua e o Surubiju a noroeste da serra do Gurupi, a 103
metros de altura. Distante do oceano, mas, sendo ainda influenciado pela amplitude das marés
que invade rio Guajará adentro, na confluência dos rios Capim e Guamá, em frente à cidade
de São Domingos do Capim, ocorre o fenômeno curioso e espetacular da pororoca, que
descrita por moradores de São Domingos, geralmente ocorre no mês de março, durante a
maior amplitude e velocidade das marés equinociais, ou preamares de sizígias. Quem
primeiro observou e descreveu a confluência dos rios Capim e Guamá, foi o naturalista Von
Martius, em 1820. Soares (1977, p.154) assim o descreve:
A pororoca, devia em consequência da periodicidade regular no fluxo e refluxo
começar depois do meio- dia, pois a lua naquele dia (28 de maio de 1820) tinha de
passar pelo meridiano um minuto antes da meia-noite; não deixei, pois, um instante
um morro baixo, fronteiro ao rio, do qual poderia vê-la. Trinta minutos depois de
uma hora, ouvi um rugido violento, igual ao estrépito de grande cachoeira; dirigi os
olhos pelo rio abaixo, e passado um quarto de hora apareceu uma onda de uns
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quinze pés (aproximadamente 4,5 metros) de altura, ocupando, qual muralha, toda a
largura do rio, que com terrível estrépito avançava para cima com grande rapidez,
sendo suas águas que se precipitavam na crista em torvelinho substituídas sempre
por outras que vinham da enchente de trás. Em alguns lugares, contra a praia,
mergulhava a água na largura de uma a duas toesas(antiga medida de seis pés, 1,828
cm); eleva-se, porém, de novo rio acima, onde a onda, reunida prosseguia sem
descanso. Enquanto, pasmo, eu assistia a esta insurreição das águas, mergulhou por
duas vezes toda a massa aquosa, abaixo da união do Capim com o Guamá, ao
mesmo tempo que ondas largas e superficiais e pequenos turbilhões ocupavam toda
a superfície do rio. Apenas se apagara o estrondo dessa primeira corrida, empinou-se
de novo a água, subiu mugindo com violência, e continuou, qual muralha de águaviva, sacudindo as praias trêmulas até os alicerces, coberta de uma crista de espuma,
quase tão alta como viera, e dividida em dois galhos meteu-se pelos dois rios, onde
em breve perdi-a de vista.
Todo o fenômeno fora obra de meia hora apenas, as águas assanhadas que,
entretanto, bem como as ondas da pororoca, não pareciam muito turvas, de lama,
apareciam agora nas condições da mais alta cheia; gradualmente foram sossegando,
e depois de prazo igualmente curto ao começar o refluxo começam a baixar
visivelmente.
A pororoca deveria ser explorada turisticamente pelos órgãos responsáveis no governo
do estado, por tratar-se de um fenômeno anual na região dos rios Capim e Guamá. Os rios
Acará e Moju, pertencentes a uma região de características pediplanada por dissecação
fluvial, apresentam grandes áreas com vales pouco encaixados, dando relevos definidos como
colina de topo aplainado.
O rio Moju é o mais extenso, com aproximadamente 594.9 km, suas nascentes situamse próximo a represa da hidrelétrica de Tucuruí, sendo o igarapé Repartimento seu primeiro
tributário.
O Moju tem o seu curso orientado em direção sul-norte até receber o rio Guajará e
juntos formar a baía do Guajará passando por Belém. Ao longo de sua extensão tem um fato
que chama atenção que são as cachoeiras: Mucura, Bacurizinho, Marés e Tracambé. É um rio
que apesar de passar por várias cidades dos municípios ainda se apresenta em condições de
banho.
O Acará possui uma bacia bem menor do que a do rio Moju, mas com suas mesmas
características morfológicas, apesar de apresentar traços em comum na região, os terrenos são
mais sedimentares e por isso, seu perfil longitudinal apresenta-se com vários meandros,
apesar disso ele é um rio navegável.Nasce da junção do rio Açuaçu e do igarapé Papurá,
possui aproximadamente 440 km de curso, até próximo de Belém quando se junta ao rio
Moju.
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BACIAS DOS RIOS CAETÉ E GURUPI
Nestas duas bacias pouco se têm escrito, porém, sabemos que o rio Caeté é rio que
passa na cidade de Bragança e que o rio Gurupi separa o estado do Pará do estado do
Maranhão, apartir do município de Açailândia.
Em geral, observa-se que os arqueamentos que afetam o escudo cristalino no Nordeste
não atingem a magnitude daqueles do Sudeste, responsáveispelas escarpas monumentais
voltadas para o mar. A área do rio Gurupi, é representado pela Série GeológicaNúcleo Gurupi
que data o Proterozóico.
O rio Caeté nasce na localidade de Santo Antonio do Cumaru no município de Bonito,
corre em direção oeste-leste até a localidade de Monte Negro, daí segue sentido sul-norte até
o oceano Atlântico.
O rio Gurupi tem sua nascente na serra do mesmo nome, na divisa do Maranhão com o
Pará, a cerca de 300 metros de altitude. Apresenta a extensão aproximada de 736,8 km,
desenvolvendo o seu percurso no sentido sul-norte no qual desembocano oceano Atlântico.
OUTROS PEQUENOS RIOS
Centenas de outros rios menores estão aí servindo de tributários aos grandes rios, e
formando suas bacias, sub-bacias e micro bacias. No estado do Pará, com seus 1.248.042
km2de extensão, e um sistema hídrico gigantesco, sempre haverá um pequeno rio ou um
igarapé por perto de suas cidadese/ou lugarejos para se tomar um banho.
Nos igarapés amazônicos encontram-se também as diferenças dos grandes rios, ou
seja: de águas claras, águas brancas e águas pretas. Os de água branca estão relacionados às
condições edáficas da região, pois o material em suspensão geralmente é constituído da argila
montmorilonita, material argiloso que ocorre nos solos da Amazônia. Os de água clara são os
típicos de áreas cobertas pela floresta de terra firme e latossolos amarelos. Os de água preta,
geralmente ocorrem em áreas provenientes de solos podzólicos ou podzois. Antigamente, se
admitia que a cor das águas pretas, estavam em função dos produtos das matas inundáveis
(igapós), que justamente na região do alto rio Negro (AM) cobrem grandes áreas, sabemos
atualmente estar a formação de água clara e água preta correlacionada respectivamente a solos
diferentes.
Entre esses rios e igarapés, podemos citar alguns próximos de Belém, que merecem a
maior atenção, por já estarem em processo de contaminação por agentes chamados de
compostos orgânicos sintéticos. Muitos dos compostos orgânicos sintetizados industrialmente
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não são biodegradáveis, isto é, não servem como alimento a nenhum tipo de ser vivo
(BRANCO, 1983). Entre esses rios temos: os rios Maguari, Benfica, Santo Antonio, Apeú,
Maracanã, Marapanim, Peixe-Boi etc., que servem muitas vezes de balneários no período de
férias escolares. Como estes, muitos outros estão na mesma situação por este Pará afora, e
precisam ser monitorados para se verificar sua água, se estar em condições de balneabilidade.
SUGESTÕES DE MEDIDAS MITIGADORAS
1- Para evitar futuros impactos ambientais, sugerimos adoção de um programa
efetivo e permanente de educação ambiental em todos os níveis;
2- Sugerimos o saneamento nas áreas ocupadas por bares e a utilização de
equipamentos de controle dos agentes poluidores, no caso de indústrias, transportes coletivos,
áreas urbanizadas, com objetivo de minimizar os impactos ambientais;
3- Para os impactos causados em áreas degradadas, expostas aos processos erosivos,
sugerimos a reposição da vegetação por meio de programas comunitários;
4- Para a preservação dos recursos hídricos, se faz necessário cumprir a legislação
em vigor, que protege as nascentes dos mananciais e as matas ciliares protetoras dos leitos dos
rios e igarapés e adotar técnicas conservacionistas de manejo adequado do uso de solo.
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ecologia e desenvolvimento. Brasília: Brasiliense, 1986. p. 88-124.
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