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EDUCAÇÃO AMBIENTAL E MÚSICA COMO FERRAMENTAS DE
SIGNIFICAÇÃO DA REALIDADE COMPLEXA: UMA PESQUISA
INTERDISCIPLINAR(1)
Cibele Ambrozzi Corrêa(2), Rafael Cabral Cruz(3)
(1)
Trabalho de Conclusão de Curso
Estudante; Universidade Federal do Pampa; São Gabriel, RS; [email protected];
(3)
Orientador; Universidade Federal do Pampa;
(2)
RESUMO: A educação tem suas raízes fixadas no modelo cartesiano, e isto leva ao rompimento das conexões entre as
partes, seja entre o meio ambiente, o artístico, o social e o cultural. Tal fragmentação torna o ato de trabalhar a
educação ambiental nas escolas um desafio, uma vez que envolve mudanças de paradigmas, comportamentos e
valores. Como herança deste modelo, o antropocentrismo causa uma crise de percepção quanto ao meio ambiente,
visto como objeto de uso exclusivo do homem, afetando o discurso da educação ambiental. O atual cenário clama por
estratégias hábeis a auxiliar no processo educativo, e este estudo visa analisar as implicações da Música nas
representações sociais de voluntários do Curso Técnico em Administração da Escola Pública de Ensino Médio XV de
Novembro de SG RS, quanto às problemáticas socioambientais apresentadas em sala de aula e a sua contribuição
neste processo, através de uma abordagem quali-quantitativa da metodologia dialética e da análise de conteúdo. Os
resultados são apresentados através da análise estatística multivariada e apontam para significativa mudança nas
representações sociais dos voluntários, demonstrando a eficácia da música como estratégia capaz de alavancar a
sensibilização para as questões socioambientais.
Palavras-Chave: educação ambiental, música, representação social, interdisciplinaridade, modelo cartesiano
INTRODUÇÃO
O atual modelo civilizatório é caracterizado pelo capitalismo e pelo excesso no consumo, sendo os problemas
socioambientais da sociedade contemporânea, reflexos deste modelo. A Educação Ambiental (EA), que teve maior
destaque na década de 1970 com os movimentos ambientalistas (GUIMARÃES, 1995), pode auxiliar mediando tais
problemas, através da transformação de visões simplificadas e fragmentadas quanto aos processos e sistemas
complexos da relação sociedade-ambiente, provocando mudanças de comportamentos e valores. Grun (1996, p. 21)
afirma que “a educação ambiental surge hoje como uma necessidade quase inquestionável devido ao fato de que não
existe meio ambiente na educação moderna. Tudo se passa como se fossemos educados e educássemos fora de um
ambiente”. Essa relação isolacionista do homem com o meio é devida ao antropocentrismo, que Grun (1996, p. 44)
define como: “o homem é considerado o centro de tudo e todas as demais coisas no universo existem única e
exclusivamente em função dele”, causando uma crise de percepção quanto ao meio ambiente. Vê-se aí a necessidade
de utilizar novas estratégias que auxiliem o processo cognitivo do educando na compreensão de novas informações e
da complexa relação socioambiental.
Este trabalho objetivou verificar a eficácia da música como uma destas estratégias, analisando as mudanças
nas representações sociais de dez alunos do Curso Técnico em Administração, através de uma intervenção baseada na
metodologia dialética, apresentando músicas aos voluntários (mobilização para o conhecimento), com entrevistas semiestruturadas (gravadas e transcritas posteriormente), elaboração de uma aula (construção do conhecimento), novas
audições (elaboração da síntese do conhecimento) e novas entrevistas semi-estruturadas.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada no presente trabalho consistiu no diagnóstico do local onde se realizou a pesquisa,
convite aos alunos do Curso Técnico em Administração para participarem das audições, sendo músicas com temáticas
socioambientais, entrevistas semi-estruturadas, aplicação de uma aula baseada no contexto das músicas (sem o
conhecimento dos voluntários), novas audições e entrevistas semi-estruturadas (metodologia dialética) análise de
conteúdo e análise estatística multivariada das representações sociais dos entrevistados.
Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Análise multivariada de agrupamento – AA
Dendrogramas da análise de agrupamento simples (antes e depois da aula) - PAST.
Análise das coordenadas principais – PCoA
Gráfico de dispersão da PCoA (antes e depois da aula) – PAST
Conforme pode-se perceber nos dendrogramas e nos gráficos de dispersão acima, houve mudanças nas
representações sociais de cada voluntário, identificados com as letras A, B, C, D, E, F, G, H, I e J. A partir da análise do
conteúdo das representações sociais do antes e depois de cada voluntário, verificou-se que com a maioria, tais
mudanças tiveram relação com o discurso da música utilizada como estratégia de aula e de sensibilização, auxiliando
na compreensão de novas informações. Diante destas observações, verifica-se que a música ao ser utilizada de forma
interdisciplinar, agiu, na maioria dos ouvintes, de forma sensibilizadora ativando ambos hemisférios cerebrais e
auxiliando na compreensão das informações contidas tanto nas músicas, quanto na aula ministrada.
CONCLUSÕES
A educação ambiental é considerada uma educação crítica com enfoque nas mudanças de comportamentos e
valores, e deve ter o compromisso social de acabar com a atual crise ambiental em que se encontra a sociedade,
consequência da sua relação antropocêntrica com o meio ambiente. Aplicar atividades voltadas à melhoria ambiental,
sem a responsabilidade social com o educando, não se trata de educação ambiental, mas sim de adestramento
ambiental. Diante disto, verifica-se a necessidade de buscar novas ferramentas que possam auxiliar educadores e
educandos, na apreensão de temas trabalhados em aula, e uma destas ferramentas é a música. Neste trabalho, a
música foi testada com dez voluntários, e após análises dos conteúdos e das comparações entre suas ideias iniciais e
“finais”, pôde-se perceber que houve mudanças em suas representações sociais, e neste processo, a música auxiliou
como ferramenta sensibilizadora, bem como, na apreensão dos problemas socioambientais trabalhados em aula. A
música, neste caso, agiu como “ponte” entre o voluntário e as novas informações, organizando seus pensamentos e
reacendendo a sensibilidade do educando.
REFERÊNCIAS
GUIMARÃES, Mauro. A dimensão Ambiental na Educação. 2 ed., São Paulo: Papirus, 2007.
GRUN, M. Ética e educação ambiental: A conexão necessária/ Mauro Grun. – Campinas, SP: Papirus, 1996.
Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
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