O COTIDIANO DE PAIS QUE NÃO RESIDEM COM FILHO(S)

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O COTIDIANO DE PAIS QUE NÃO RESIDEM COM FILHO(S): REFLEXÕES
SOBRE O LUGAR DO PAI.
Profa. Dra. Ana Cristina Nassif Soares1
RESUMO. A partir de um estudo realizado com pais e mães de uma escola pública de
educação infantil, constatei uma mudança no lugar do pai que reside com o(a)(s)
filho(a)(s): este participa intensamente da rotina de cuidados do (a)(s) mesmo (a)(s) e
das tarefas domésticas. A pesquisa em questão buscou conhecer e identificar a rotina de
pais que não moram com seus(suas) filhos(as), relativa aos(às) mesmos(as). Esta foi
realizada através de entrevistas com pais servidores técnico-administrativos de uma
universidade pública da cidade de Franca, SP. Constatei ainda, que há mudanças nas
atitudes destes pais com relação aos cuidados dos filhos, pois estes participam
ativamente de suas vidas, mesmo não morando junto com os mesmos.
Palavras-chave: lugar do pai; relações de gênero; cotidiano.
Considerações iniciais
Em função de várias mudanças econômicas, sociais, culturais, entre outras, o
lugar do pai vem sendo redimensionado; homens que, historicamente, não se envolviam
direta ou indiretamente com os filhos, agora buscam estar mais perto, se ocupando
dos(as) filhos(as).
Acredito ser impossível falar sobre as mudanças do mundo masculino, sem me
referir às do mundo feminino. Assim, aponto para o:
(...) crescimento da participação da mulher no mercado de trabalho, [que] por ter um
baixo valor atribuído à sua força de trabalho e por ser menos qualificada, os valores
clássicos que afirmavam ser o casamento o caminho de ascensão social estabelecido à
mulher, foram, aos poucos, se modificando, principalmente entre pessoas de nível social
mais elevado, onde o poder de decisão é maior. Outro processo mostra, claramente, o
aumento da situação de pobreza no Brasil e a tendência recente do mercado de trabalho,
de valorizar a prestação de serviços, mais que o emprego de carteira assinada, fazendo
com que a situação dos homens, fora deste mercado, se agravasse. Tornou-se, então,
difícil para eles manterem-se na posição de provedores da família (...). (SOARES, 2002,
p. 12)
As mulheres, ao serem inseridas no mercado de trabalho ocupam, aos poucos,
um lugar público, enquanto os homens, ao perderem seus empregos formais, encontram
atividades informais, os chamados “bicos”; sem empregos, algo rotineiro e certo, estes
1
Psicóloga; professora dos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Serviço Social, da Faculdade de
Ciências Humanas e Sociais (FCHS) – UNESP – Franca; líder do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre
Famílias (GEPEFA). e-mail: [email protected]
deixam o posto de provedor das famílias, dividindo, ou perdendo, este lugar para a
mulher. Frente a isso, em muitos casos, a mulher passa a ser a provedora, ou seja, a
chefe de família (SOARES, 2002).
O homem passa, então, a ocupar o lugar privado, doméstico; obviamente, as
mudanças não são hegemônicas e esta mobilidade masculina não acontece da mesma
forma em todos os espaços. Há diferenças significativas deste processo, tanto com
relação à classe social, bem como a Estados e municípios brasileiros.
Realizei uma pesquisa (2011) intitulada “As concepções das famílias e dos
profissionais do Centro de Convivência Infantil ‘Pintando o sete’, da UNESP - Franca,
SP, sobre a questão de limites na educação de crianças”. Por meio desta pude observar
que todas as pessoas entrevistadas relataram um grande envolvimento com a educação
de crianças. Buscam, sem exceção, uma educação de qualidade, tanto informal, quanto
formal. Os pais/mães mais novos/as fazem “exercícios de futuro”, com relação à
educação dada aos(às) filhos(as), imaginando como estes(as) agirão frente à dada
situação. Já os pais e as mães mais experientes recorrem à avaliação de experiências
vividas, como forma de demonstrarem, também, a preocupação pela educação dos(as)
filhos(as).
Outro aspecto que merece destaque é a disponibilidade e participação efetivas
dos pais, homens, na criação dos(as) filhos(as). Todos os pais entrevistados cuidam ou
cuidaram dos(as) filhos(as) desde a troca de fraldas até ir a reuniões de pais das escolas.
Fazem comida, limpam a casa, cuidam, brincam com os(as) filhos(as), etc.
Foi a partir destas questões que formulei esta pesquisa atual: “O cotidiano de
pais que não residem com filho(s): reflexões sobre o papel do pai.” O objetivo deste
artigo é, então, compartilhar algumas reflexões realizadas a partir das falas dos pais e de
alguns autores contemporâneos, que tratam dessa temática. Para isso, investiguei a
rotina semanal e/ou quinzenal de dois pais separados nos cuidados com os (as) filhos
(as), que eram os únicos pais que atendiam os requisitos da pesquisa: não morarem com
os(as) filhos(as) e a idade dos(as) filhos(as) ser de até 12 anos.
Os pais tinham 43 e 47 anos; os dois cursaram o nível Superior completo, sendo
que trabalham em uma universidade pública da cidade de Franca, SP.
João relatou que está divorciado há sete anos e Miguel disse ser separado há
nove, dez anos. No entanto, ao longo da entrevista, Miguel disse que nunca morou ou se
casou com a mãe de seu filho, sendo, então, legalmente, solteiro.
Miguel tem 1 filho do sexo masculino, com 8 anos de idade; já João tem 2
filhos, um de 20 e um de 10 anos, sendo este último o motivador de nossa entrevista.
As condições de moradia dos dois sujeitos diferiram: João mora com seus pais e
Miguel sozinho. João é Católico não praticante (“Rezo todo dia para ir dormir, mas não
sou um participante não.”) e Miguel frequenta um Centro Espírita.
O projeto da pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa, da FCHS – UNESP – Franca.
Questões de gênero
A definição de gênero realizada por Scott (1990), em um estudo sobre
correntes historiográficas, possui duas partes interligadas e distintas apenas
didaticamente. Para esta historiadora:
O núcleo essencial da definição repousa sobre a relação fundamental entre duas
proposições: o gênero é um elemento constitutivo de relações sociais fundadas sobre as
diferenças percebidas entre os sexos e o gênero é um primeiro modo de dar significado
às relações de poder. (SCOTT, 1990, p. 14)
Com relação às diferenças percebidas, o gênero compreende quatro elementos, a
saber: os símbolos disponíveis em contextos determinados, como por exemplo, aqueles
pertencentes à tradição cristã ocidental, Eva e Maria, contraditoriamente representando
a mulher “pecadora” e a “santa”. Há também os conceitos normativos que enfatizam as
interpretações dos referidos símbolos:
Estes conceitos estão expressos nas doutrinas religiosas, educativas, científicas,
políticas ou jurídicas e tomam a forma típica de uma oposição binária, que afirma de
maneira categórica e sem equívocos o sentido do masculino e do feminino. (...) A
posição que emerge como posição dominante é, contudo, declarada a única possível.
(SCOTT, 1990, p. 14-15)
Sempre é descrita como resultado de um consenso social, quando, na verdade, é
produto de conflitos. Assim, são prescritos aos homens comportamentos do ideário
masculino do tipo “homem não chora” ou do feminino, “mulher é delicada”. O terceiro
aspecto da definição de gênero é buscar a natureza do debate ou da repressão que
provocam a aparência de uma constância eterna na representação binária do gênero.
Para isso, deve-se utilizar a noção de política, das instituições sociais e da organização
social, já que são estas que facilitam a rigidez dos conceitos: “(...) ele [o gênero] é
construído igualmente na economia e na organização política (...)”(SCOTT, 1990, p. 15)
O último elemento do gênero é a identidade subjetiva. Descartando a psicanálise
tanto freudiana como lacaniana por sua pretensa universalidade, Scott (1990) insere a
dimensão histórica nestes estudos:
Os historiadores devem antes de tudo examinar as maneiras pelas quais as identidades
de gênero são realmente construídas e relacionar seus achados com toda uma série de
atividades, de organizações e representações sociais historicamente situadas. (SCOTT,
1990, p. 15)
Aqui são levantados pela autora vários aspectos, como por exemplo, o modo
como são ensinadas nas escolas visões sobre o masculino e o feminino.
Com relação ao poder, presente na segunda proposição da autora:
(...) o gênero é um primeiro campo no seio do qual, ou por meio do qual, o poder é
articulado. O gênero não é o único campo, mas ele parece ter constituído um meio
persistente e recorrente de dar eficácia à significação do poder no Ocidente, nas
tradições judaico-cristãs e islâmicas. (SCOTT, 1990, p. 16)
Seriam então, as maneiras ligadas à divisão sexual do trabalho, da procriação e da
reprodução, ou seja, das diferenças biológicas que servem de sustentáculo ao poder.
Scott (1990) sugere que os estudos de gênero devam ser minuciosos no sentido do
contexto histórico, da época, das relações políticas, enfim, das especificidades de cada
fenômeno.
Para Saffioti (1992), o gênero deve ser visto sempre do ponto de vista relacional,
e comenta a definição de Scott (1990, p. 14), citada acima:
(...) Embora aparentemente as diferenças anatômicas entre homens e mulheres
readquiram relevância na postura sob enfoque, na verdade, a ênfase é posta sobre o
“percebidas” e não sobre as “diferenças”. Desta sorte, o vetor vai do social para o
anatômico e não o inverso. Ou melhor, o social engloba tudo, na medida em que o
anatômico só existe enquanto percepção socialmente modelada. (SAFFIOTI, 1992,
p. 197)(grifo nosso)
Desta forma, as relações de gênero são construções sociais, situadas em um
tempo e em um espaço próprios. Reforçando esta ideia, Marodin (1997) assim define
gênero:
(...) entendemos os aspectos psicológicos, sociais e culturais da feminilidade e
masculinidade e não os componentes biológicos, anatômicos e o ato sexual que
caracterizam o sexo. O papel de gênero é, então, o conjunto de expectativa em relação
aos comportamentos sociais que se esperam das pessoas de determinado sexo.
(MARODIN, 1997, p. 9-10)
Assim, a estrutura social é determinante nas funções a serem desempenhadas por
homens e mulheres, naturalizando-as como “próprias” de seus respectivos gêneros. Esta
“cartilha” com as regras prescritas será diferente a cada período histórico, dependendo
da cultura e das classes sociais.
Contexto histórico do lugar do pai: mudanças na atualidade
Historicamente, com o surgimento da propriedade privada e da luta de classes, o
homem passou a exercer domínio sobre a mulher. Entre as manifestações desta
condição estão a reprodução e a fidelidade conjugal feminina, características da família
monogâmica. Mas, como esta família se forma e se “desenvolve”?
A descoberta de outros metais, como o bronze e o ferro, propicia um
desenvolvimento maior da agricultura (segunda grande divisão social do trabalho),
contando também com a ajuda dos animais domesticados, para arar e preparar a terra.
Desta forma, segundo Diacov e Kovalev (1982, p.70):
(...) o homem pode produzir mais do que o necessário para a manutenção das suas
forças e a educação dos filhos. Os cultivadores e os criadores de gado recolhem mais
produtos que os caçadores e os pescadores: a sua produção é muito mais segura do que
a caça, que é incerta.
Ou seja, o homem produz mais do que consome (início da produção excedente)
o que dá maior ensejo à exploração, desde que um homem pode se apropriar do
excedente produzido por outro, para seu próprio consumo.
A escravidão, já praticada, assume agora um outro caráter; nas guerras, os
prisioneiros conseguidos eram utilizados na criação dos rebanhos, tendo a sua força de
trabalho expropriada; as mulheres podiam ser compradas, para aumentar a força de
trabalho. Todos estes eventos provocam novas relações sociais.
O matrimônio sindiásmico introduz um novo elemento na família: o pai
reconhecido, já que a unidade homem/mulher era mais estável que anteriormente. Cabia
ao homem, assim, buscar alimentos e fabricar utensílios para estes fins. Era, então, o
proprietário de tais instrumentos; se se separasse desua mulher, levava-os consigo,
ficando com a mulher seus utensílios domésticos. Porém, os filhos não herdavam nada
do pai, já que predominava o direito materno. Os bens herdados de parentes falecidos,
por exemplo, deveriam permanecer dentro da própria gens do parente. Assim, os bens
passam em primeiro lugar: “(...)aos seus irmãos e irmãs, e aos filhos destes ou aos
descendentes das irmãs de sua mãe; quanto aos seus próprios filhos, viam-se eles
deserdados.” (ENGELS, 1985, p.59)
Ao se destacarem, agricultura e pecuária, como ramos essenciais da economia,
asseguram ao homem sua supremacia social, enquanto lavrador e pastor. A mulher:
(...) é definitivamente excluída da produção, mantendo apenas algumas funções de
trabalho doméstico insignificantes. Por outro lado, o trabalho caseiro emprega cada vez
mais o trabalho de escravos, o que degrada os trabalhos domésticos e contribui
igualmente para conduzir a mulher a uma condição próxima da escravatura. (DIACOV;
KOVALEV, 1982, p. 74-75)
Defrontamo-nos, assim, com a passagem do direito materno para o direito
paterno. Diacov e Kovalev (1982, p.75) assinalam que a mudança do matriarcado para
o patriarcado não foi hegemônica entre os povos, mas que via de regra, se deu
lentamente, sob diferentes modos: num primeiro momento, a linha de parentesco
materna continua coexistindo com a paterna. Assim, os membros da gens do pai são
considerados parentes do filho, bem como os membros da gens da mãe, tendo como
consequência o avunculato:
(...)sistema de relações em que o papel primacial é dado ao tio materno, o parente
masculino mais próximo do ponto de vista do matriarcado. Já não é a mãe nem o pai,
mas o irmão da mãe, o encarregado de educar e proteger as crianças: tem mais
importância que o pai. (DIACOV; KOVALEV, 1982, p.75)
Agora, é a mulher quem passa a se estabelecer no clã do marido. Surge, deste
modo, a família patriarcal (DIACOV; KOVALEV, 1982, p.76). São várias gerações
de homens, que descendem de um mesmo pai e habitam com suas mulheres na mesma
casa, tendo como atividades coletivas à obtenção de todos os itens necessários à sua
sobrevivência. Aparece, então, a família monogâmica, ou seja, aquela na qual somente
a mulher deve total fidelidade ao homem, pois é assim que se garante a paternidade
legítima. Dessa forma, a monogamia se inicia por questões meramente econômicas,
para não haver divisão de bens com filhos “bastardos”.
Não há registros de que o homem tenha tido seu papel reconhecido na
reprodução desde os primórdios da humanidade.
Segundo Dupuis (apud SETTON, 2004), a relação entre ato sexual e procriação
só foi descoberta por volta de 7 milênios atrás:
O conhecimento do princípio da procriação no acasalamento não é um dado imediato
da consciência, é uma descoberta experimental. A maternidade é evidente, mas a
paternidade fisiológica foi ignorada por muito tempo. Isso justifica a grande quantidade
de rituais e símbolos de fertilidade, exclusivamente femininos, na Antiguidade e na
Pré-história. (DUPUIS apud SETTON, 2004, p. 46)
Com a prática da domesticação de animais e criação em cativeiro foi possível a
observação dois mesmos e a tomada de consciência da paternidade (SETTON, 2004).
Até então, as mulheres eram consideradas responsáveis pela continuidade e os homens,
pela sobrevivência e segurança do grupo.
Esta consciência masculina da reprodução traz a organização patrilinear, ou
seja, aquela na qual “o parentesco é determinado pela sucessão entre pais e filhos.”
(SETTON, 2004, p. 47)
É a marca da dominação masculina que perdura, mesmo com muitas mudanças
já efetivadas.Que mudanças, então, vêm ocorrendo nas famílias hoje?
Tanto os jornais quanto as pesquisas apontam para um suposto “novo” padrão de
comportamento de homens e mulheres: o casamento tardio, o crescimento do divórcio, a
maternidade e paternidade extemporâneas, a luta de homens contra o aborto (pelo
direito ao filho que a mulher não quer ter) e, ao contrário, pelo direito de não assumir
uma paternidade que não foi planejada são fatos que testemunham algumas das
mudanças nas relações parentais da família contemporânea. (UNBEHAUM, 2001, p.
164) (grifo da autora)
Ainda segundo esta autora, estas modificações nos comportamentos femininos e
masculinos trazem “...a coexistência de diversas masculinidades.” (UNBEHAUM,
2001, p. 165)
Para Romanelli (2003, p. 81):“(...) estudos indicam que a relação entre o genitor
e a prole vem sofrendo alterações que são acompanhadas por outras, referentes à
posição da mãe do interior da família e na esfera pública, afetando a maternagem.”
Conforme já ressaltei, a mulher vem ocupando o espaço público cada vez mais,
o que traz modificações nas atribuições domésticas, tanto para homens, quanto para
mulheres.
Historicamente, cabe à mulher os cuidados com a prole, a reprodução e a casa.
Estudos antropológicos nos auxiliam no entendimento do
(...) caráter não-natural da instituição doméstica que, mais do que qualquer outra,
repousa em fundamentos biológicos vinculados à reprodução e ao aleitamento.
Contudo, a dimensão biológica é elaborada culturalmente em todas as sociedades
humanas e adquire significado mediante a construção de normas e modelos que passam
a orientar o conjunto das relações familiares, inclusive na expressão de vínculos afetivos
do par conjugal e entre esse e os filhos. (ROMANELLI, 2003, p. 81)
Ou seja, sem negar a influência marcante dos aspectos biológicos na
determinação do lugar feminino na casa, este autor nos aponta para a importância da
cultura. E mesmo sendo uma elaboração cultural, estes cuidados continuam sendo
atribuídos às mulheres. A paternidade é sempre mediada pela maternidade
(ROMANELLI, 2003).
Cúnico e Arpini (2013) salientam que não há, entretanto, um modelo comum de
viver a paternidade. Citam Bustamante (2005) que:
(...) ao revisar pesquisas que têm por foco a experiência dos homens em relação à
paternidade, percebeu que há diferenças de percepção em função do país, da classe
social e da idade dos pais. Segundo a autora, a paternidade é uma experiência que se
constrói em vários níveis, nos quais os aspectos socioculturais estariam associados a ser
provedor de recursos, respeito e autoridade e os aspectos relacionais estariam ligados
com a mãe das crianças. (BUSTAMANTE, 2005, apud CÚNICO; ARPINI, 2013, p. 33)
A paternidade, então, não é sentida e vivida da mesma forma pelos homens; as
diferenças contextuais estão sempre presentes.
Fein (apud DANTAS; JABLONSKI; FÉRES-CARNEIRO, 2004, p. 348)
descreve os seguintes modos de paternidade:
(...) tradicional, encontra-se o pai como provedor, que oferece suporte emocional à mãe,
mas que não se envolve diretamente com os filhos, exercendo o modelo de poder e
autoridade. Já a moderna enfatiza seu papel no desenvolvimento moral, escolar e
emocional. E a emergente origina-se na ideia de que os homens são, psicologicamente,
capazes de participar ativamente dos cuidados e criação das crianças. O autor também
afirma, com base em pesquisas realizadas, que para alguns homens o divórcio pode ser
uma boa oportunidade para aproximá-los dos filhos.
Nesta descrição de Fein, tendo a discordar do primeiro; será que na paternidade
tradicional o homem “oferece suporte emocional à mãe”? Me parece que esta
paternidade se centra muito mais nas questões de poder e autoridade e os assuntos
ligados aos/às filhos/as seriam assuntos “menores”. Os outros dois tipos descritos me
parecem muito próximos dos sujeitos entrevistados para esta pesquisa.
A última frase da citação de Fein me fez refletir sobre as circunstâncias do
divórcio, como possibilidade de que homens, pais, pudessem estar mais próximos
dos/as filhos/as.
Muitas mulheres trazem cristalizada, introjetada, a ideologia de
gênero. Dessa forma, muitas delas não acreditam serem os homens, pais, capazes de
realizar muitas atividades com os/as filhos/as, afastando o pai dos/as filhos/as. Falas do
tipo: “Deixa que eu troco a roupa da criança, pois você não sabe”; “Ele não sabe brincar
com a criança”, “Eu vou à reunião da escola porque ele [pai] não se interessa” tomadas
previamente são bastante comuns. Tomam a iniciativa muito rapidamente, sem que o
pai possa aprender a fazê-lo. Muitas vezes, a própria escola tem este mesmo discurso,
tamanha é a força ideológica.
A rotina dos pais com os filhos: atividades, preocupações e reflexões.
Perguntei a João e a Miguel a respeito da frequência com que viam seus filhos.
João, que tem dois filhos de 20 e 10 anos2, relatou que sempre encontra o filho
mais novo:
Eu pego ele de quinze em quinze dias; na quarta e sexta eu levo e busco ele no Projeto
Guri3, e quando ele precisa ficar com alguém, ele fica comigo. E se precisa de alguma
coisa também, um dia ou outro, se me ligar, na hora eu vou lá e pego ele. Às vezes liga
para mim levar ele no cinema... Eu procuro ficar com ele o máximo possível.
Miguel assim se refere à mesma questão:
É, assim... eu tenho meus horários que eu fico com ele... final de semana sim e não. (...)
Eu pego ele sexta-feira, cinco horas da tarde e tem que devolver ele domingo, sete horas
da noite. Mas, além disso eu tenho... eu levo ele na escola ou vou buscar; depende... a
gente combina com a mãe. É... eu levo ele no hipismo, duas vezes por semana, eu busco
e faço junto com ele, e levo na natação e vou buscar ele, né? A maioria das vezes. Mas,
é noventa por cento. E no futebol, eu levo ele duas vezes por semana, então... e no
Centro Espírita eu levo ele também. Então, assim... eu tenho contato extra por causa das
atividades... é uma forma também de ficar perto.
Conforme os relatos, os dois pais cumprem uma rotina determinada; João vê o
filho de quinze em quinze dias, mas também se dispõe a ficar com ele quando
necessário, fora do estabelecido; Miguel fica com o filho também de quinze em quinze
dias, mas como o filho tem mais atividades, vê o mesmo todos os dias.
Miguel demonstra muita preocupação em ficar com o filho, participar das
atividades dele, estudar junto, brincar, jogar bola, ver filmes, etc. O final de semana é
quando Miguel pode estar mais perto do filho e quando promove programas diferentes,
para que o filho possa ter contato com novas atividades.
E exemplifica:
A: Você lembra de alguma coisa assim... recente?
M: Ah... no geral... eu levo em tudo! Eu levo em teatro, eu levo pra experimentar
comida, ou restaurante, ou... qualquer coisa... Tá?
M: “Ah, vamos lá ver? Vamos lá ver!” Não sei, vamo lá ver, vamos conhecer, vamo ver
como é que é. Então, eu gosto disso, dele ir ver, saber como é que é... loja, qualquer
coisa. Biblioteca, museu... Tem... igual... no escoteiro, né, tem muita visita... foi visitar
o museu da aviação (...) então, é a oportunidade que eu vejo que outras crianças não
têm... então, eu sempre procuro encaixar... igual... cê falou sábado e domingo... é... eu
me preocupo, por exemplo, eu sei que este final de semana não é comigo, não só no
final de semana comigo, mas eu procuro me informar o que tem na cidade, o que tem
em Ribeirão Preto, se eu vou pra lá, o que que tá tendo lá... entendeu? Pra levar pra ele
conhecer. Exposição de dinossauro em Ribeirão, a gente vai ver. A gente foi ver. Tem
2
Me centrei no filho que tem 10 anos para fazer as reflexões desta pesquisa, por acreditar que este é o
que mais precisa de cuidados de João.
3
Programa de educação musical, que atende crianças e adolescente entre 6 e 18 anos.
exposição de... de... aeromodelismo em (cidade de origem de Miguel), a gente vai.
Então, a gente vai pra lá também. Entendeu?
A: E ele vai com você para (cidade de origem de Miguel)?
M: Vai! Ele fica doido pra ir. Ele adora a vó, né? A casa da vó é... meus sobrinhos
também se dão super bem com ele... É... por aí.
Aqui aparece também a questão de o filho experimentar coisas novas. Além
disso, Miguel proporciona viagens ao filho, também para a casa de sua mãe, onde diz
que o filho gosta muito de ir.
João também se preocupada com a educação do filho:
Ele adora jogar vídeo game. Como é final de semana e ele ta à toa, eu também não fico
botando empecilho também não dele ficar jogando não. Só que eu não compro
joguinhos de violência não, tem que ser joguinhos educativos. Não gosto que ele fica
jogando joguinhos de violência não, de tiro, essas coisas, eu não compro. Ele até gosta,
mas eu não compro (risos).
Dá importância à questão dos jogos de videogame, evitando comprar aqueles
com conteúdos violentos, apesar de relatar que o filho gosta.
Ao final da entrevista, perguntei se João e Miguel gostariam de dizer mais
alguma coisa.
João diz:
Ah... sim... o que... o que... tenho assim acho que... pra falar... assim... não sei qual que
vai ser o fundamento da... dessa pesquisa... assim... que... os pais que se separou, né,
geralmente é o homem que fica sem o filho, né? Os filhos... é... nunca deixar de dar
atenção pro filho, porque por mais que teve a separação... e não deu certo o casamento,
eu acho que os filhos precisa do... do... do apoio do pai. Principalmente do pai, porque...
igual o (filho). Ele é assim: ele não é muito de obedecer a mãe dele... assim, sabe... acho
que ela não impõe o limite que eu acho que tinha que colocar. Então assim, se ele faz
alguma coisa que eu não goste e eu falo pra ele, é uma vez só. Então, o pai tem que tá...
dar essa presença pro filho, pra ter um...um... pra pôr o limite, tentar ajudar a educar...
porque eu sei que só pra mãe também é difícil, porque trabalha, a mãe é mais mole pras
coisa, então o pai tem que tá sempre presente, independentemente de tá separado ou
não. Porque a criança precisa da atenção dos pais... do pai. (...)
É bastante curioso observar esta fala de João; ele se refere à necessidade que o
filho tem do pai, mesmo depois que este se separa da mãe. E coloca o pai no lugar de
quem impõe respeito. Conforme já discutimos em ocasião anterior, estas posturas
reforçam o papel do pai provedor e distante dos/as filhos/as, com uma função somente
moralizadora.
Há, ainda, o reforço das relações de gênero dualizadas e dualizantes: a mãe é
mais “mole pras coisas” e o pai ajuda a colocar limites. Mas, João reconhece que é
difícil para a mãe que trabalha cuidar do filho e que o pai precisa, também, educá-lo.
As ideias finais de Miguel vão na direção da sua responsabilidade enquanto pai;
Miguel deseja que seu filho desenvolva a autonomia, a educação e, consequentemente,
uma formação, a educação informal, de se relacionar bem com as pessoas, condições
para boas conversas.
Miguel prima pela conversa, ao invés de gritos e reclama por não estar perto do
filho o tempo todo, para poder educá-lo melhor; traz também uma fala bastante
interessante sobre a escola e sua relação com ele, pai:
M: É, porque tem... aí tem uma desvantagem, a questão de... você não tá presente toda
hora... entendeu? E eu me preocupo, porque eu tenho que aproveitar todo momento que
eu tenho com ele. Às vezes eu to estudando pra prova dentro do carro, porque eu sei a
matéria... todo dia eu olho na agenda da escola. Uma coisa que eu reclamei no (escola
anterior do filho) uma vez, e eu falo todas as escolas... uma coisa que eu acho que é
errado... Toda escola tem uma agendinha do dia, as professoras põem lá o que que fez
ou recado, tal. E o pessoal começa a frase: “Mamãe”, pá, pá, pá, pá, pá, pá, pá. (risos)
Ah... Tem pai, tem mãe, o pai lê, o pai cuida, o pai que... todo dia. Mas, isso eu falei
pessoalmente também, né? Aí vem “papai e mamãe”, ou “papais”. E eu falei nessa
escola também: “É porque acostuma”, não quer nada, mas... porque se você manda um
recado só pra mãe, dá a impressão que o pai... pode ser, né? A maioria que seja a mãe
que...né? Mas, o pai tá lá também. O pai pega e olha: “Ah, recado pra mamãe, né?”
(Com voz de desapontado). Quer dizer, é uma coisa... (...)
M: É pais: pai e mãe. Por que não chama reunião de pais e mães? Tanto é que eu nunca
faltei na reunião de pais. E cê vai lá e vê que de dez, tem três pais.
Esta fala de Miguel remete às questões de gênero, já discutidas e referenciadas
anteriormente.
Aos homens não são “reservados” lugares sociais de cuidados; há que se levar
em conta que, antigamente, estes espaços eram ocupados por mulheres, pelas mães, no
sentido de que a elas eram delegadas essas funções.
Atualmente, um círculo vicioso pode se estabelecer: a escola não chama os pais
porque estes não vão às reuniões e os pais não vão às reuniões, porque não são
chamados pela escola. Estas ações reforçam lugares tradicionais de homens e mulheres,
adultos/as cuidadores/as, dificultando a mudança e a igualdade de gêneros.E Miguel
reclama à escola, já que se sente e é participante da vida escolar do filho, apontando
para novas posturas nesse aspecto.
Considerações finais
São evidentes as expectativas atuais para que homens passem a se ocupar do
espaço doméstico, na educação e no cuidado com os filhos, e na divisão das tarefas
domésticas. No entanto:
(...) ainda estamos diante de uma sociedade que estimula e valoriza a imagem de
virilidade e de macho dos homens (Freitas et al., 2009). Ou seja, o homem parece sofrer
maior discriminação ao buscar exercer papéis de cunho originalmente femininos do que
as mulheres ao exercerem funções qualificadas de masculinas (Sataud & Wagner,
2008). (CUNICO; ARPINI, 2013, p. 33)
Dentre vários fatores que contribuem para este preconceito, me parece estar o
que Romanelli (2003, p. 88) considera:
Para os maridos, o universo do trabalho, como elemento articulador de sua memória e
de sua biografia, estrutura-se em valores individualistas, dos quais a intimidade e a
igualdade estão ausentes. (...) Não se pode deixar de mencionar que os relatos dos
genitores acerca de suas histórias ocupacionais são, acima de tudo, impregnados de
orgulho pelas realizações alcançadas e pelo exemplo deixado para os filhos. Esse
exemplo é sua história de vida ancorada no trabalho e no esforço individual, que
corresponde à ética de provedor (ZALUAR, 1985) e que reforça a identidade de gênero
masculina fundada na individuação e na separação.
Ou seja, a própria construção social do lugar do homem provedor, centrado no
trabalho e no empenho, talvez tenha mesmo centralidade no fato de homens se
separarem de filhos com “maior facilidade”.
Se tornam homens individualistas, que “não se preocupam” com as questões
domésticas. Talvez por isso, entre outras questões, as mulheres chefes de família
ocupem esta posição.
Em pesquisa publicada em 2012, selecionei mulheres que, com ou sem um
companheiro, exerciam a chefia da família. Várias delas, quando da separação, não
tinha mais nenhuma colaboração do ex cônjuge para arcar com as despesas e cuidados
com a prole (SOARES, 2002). A ética do provedor, citada acima, pode ser uma das
explicações plausíveis para este fenômeno
Nesta pesquisa, com estes dois pais entrevistados, isso não ocorre. Cada um a
seu modo participam com frequência e envolvimento na vida dos filhos.
João se preocupa em ser o pai que ajuda a mãe de seu filho a fazê-lo obedecer,
também não quer que seu filho tenha contato com conteúdos violentos em jogos
eletrônicos e por fim, que seu filho não se sinta “sem pai”. Procura levar o filho para sua
casa e sair com ele sempre que pode.
Miguel faz de sua rotina diária a convivência com o filho, tanto nas atividades
escolares e de outra formação, como nas de lazer e religiosas. Se centra nas
possibilidades de estar com o filho o maior tempo que puder e relata sentir “um vazio”
quando não está com o filho.
Como poderia ser explicada e entendida esta atitude destes pais?
Um aspecto que pode iluminar esta questão é a construção de gênero. Conforme
já discutimos, as relações de gênero são construções sociais.
Desde bebês já somos “iniciados” nesta cristalização; bebês do sexo masculino
não usam roupas vermelhas; bebês do sexo feminino estão sempre de brincos e com
enfeites de cabeça. Mais tarde, isso se repete com brinquedos: meninos não ganham
bonecas; meninas não ganham carrinhos; os meninos, desde cedo, são estimulados a
darem importância a seu órgão genital, enquanto as meninas são condicionadas a não se
atentarem para o próprio corpo. Às meninas são dadas ordens, para se sentarem direito,
para não ficarem perto dos meninos; os meninos são criados para serem “pegadores,
garanhões”.
Dessa forma, mesmo que mudanças estejam ocorrendo, ainda estimulamos esta
divisão sexual de cores, brinquedos, comportamentos, adereços, conduta sexual,
considerações sobre o outro sexo e a ideologia de gênero se fortalece e distancia
homens, mulheres e também, as pessoas com orientação sexual diversa.
Cunio e Arpini (2013, p. 34) comentam uma pesquisa efetuada por Anderson e
Hamilton (2005), norte-americanos, que buscaram conhecer, através das histórias
infantis utilizadas na formação de crianças, a forma como pais e mães são
representados/as nessas histórias:
Após a análise de 200 livros, os autores identificaram um desequilíbrio entre o número
de vezes que a mãe era representada nas histórias infantis em comparação ao pai.
Enquanto a mãe aparecia como a principal cuidadora e responsável pela disciplina dos
filhos, o pai era, frequentemente, não representado e quando o era, aparecia como um
pai ausente ou ineficaz no exercício de suas funções.
Assim, as crianças, desde cedo, aprendem a reforçar estas divisões
estereotipadas das atribuições parentais. Tornam-se, possivelmente, adolescentes e
adultos intransigentes com as diferenças e com as mudanças nos papéis parentais. As
meninas, por sua vez, ao se tornarem mães, têm grande chance de reproduzirem esta
ideologia, ao impedirem que seus filhos realizem tarefas domésticas concebidas como
femininas. Em geral, as filhas são obrigadas a arrumarem sua cama, mas os meninos
não.
Já em 1994, na Conferência Internacional de População e desenvolvimento
realizada no Cairo, Egito, havia uma ênfase na necessidade:
(...) de maior participação dos homens na vida familiar, com o propósito de reequilibrar
as relações de poder para atingir maior igualdade de gênero, bem como a participação
masculina no campo da vida sexual e reprodutiva, em programas de educação sexual
para crianças e adolescentes e de prevenção da Aids. (ARILHA; UNBEHAUM;
MEDRADO, 2001, p. 16)
Há algum tempo se preconiza que o homem passe a ocupar melhor o espaço
privado, historicamente ocupado pela mulher e vice-versa.
Um dos entrevistados por mim, Miguel, reclama da escola, que envia os bilhetes
às mães; com bastante razão e com otimismo, se outros pais que estão em contato
constante com seus/suas filhos/as também sinalizassem esta questão, as escolas também
poderiam refletir e construir outra relação com esses pais.
Para finalizar, pelos relatos de João e Miguel percebo que eles estão bastante
próximos de seus filhos e participam ativamente de suas vidas; Miguel, de um jeito mais
incisivo, e João, ainda em contato permanente com seu filho de 20 anos (que não foi
relatado aqui, por não ser este o meu objetivo).
São pais que se vinculam aos filhos, estando presentes no processo de
construção/formação das crianças.
No entanto, em termos desta pesquisa, ficam duas indicações/questões para
pesquisas futuras: se se realizar esta pesquisa com outros pais/homens, de diferente
nível de escolaridade, com outras oportunidades de trabalho, como serão as narrativas?
Que reflexões suscitarão?Ao entrevistar pais/homens, que tenham filhas, ao invés de
filhos, como será a rotina deles? Participarão da vida delas como participam da dos
filhos?
Estes podem ser outros caminhos de pesquisas a serem realizados.
Referências
ARILHA, Margareth; MEDRADO, Benedito; UNBEHAUM, Sandra G. Introdução. In:
ARILHA, Margareth; UNBEHAUM, Sandra G.; MEDRADO, Benedito. Homens e
masculinidades: outras palavras. 2 Ed. São Paulo: ECOS/ Ed. 34, 2001. (p. 15-28)
CUNICO, Sabrina Daiana; ARPINI, Dorian Mônica. A família em mudanças: desafios
para a paternidade contemporânea. Pensando famílias, PortoAlegre, v. 17, n.
1, jul. 2013.
DANTAS, Cristina; JABLONSKI, Bernardo; FERES-CARNEIRO, Terezinha.
Paternidade: considerações sobre a relação pais-filhos após a separação
conjugal. Paidéia, RibeirãoPreto, v. 14, n. 29, Dec. 2004 .
DIACOV, V.; KOVALEV, S. A sociedade primitiva.São Paulo: Global, 1982.
ENGELS, F. A origem da família, da propriedade privada e do Estado.10. ed. Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 1985.
MARODIN, M. As relações entre o homem e a mulher na atualidade. In: STREY, M.
N. Mulher, estudos de gênero.São Leopoldo: UNISINOS, 1997. p. 9-18.
ROMANELLI, Geraldo. Paternidade em famílias de camadas médias. Estudos e
pesquisas em Psicologia. Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, jul. 2003.
SAFFIOTI, I. B. H. Rearticulando gênero e classe social. In: COSTA, A. O.;
BRUSCHINI, C. (Org.). Uma questão de gênero. Rio de Janeiro, Rosa dos Tempos:
São Paulo, Fundação Carlos Chagas, 1992. p. 183-215.
SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e sociedade, v. 2,
n. 16, p.5-22, jul/dez. 1990.
SETTON, Marcia Zalcman. Uma visão histórico-antropológica sobre a paternidade. In:
POLITY, Elizabeth; SETTON, Marcia Zalcman; COLOMBO, Sandra Fedullo
(Org.)Ainda existe a cadeira do papai? Conversando sobre o lugar do pai na
atualidade. São Paulo: Vetor, 2004. (p. 45-57)
SOARES, A. C. N. Mulheres chefes de família: narrativa e percurso ideológico.
Franca: UNESP-FHDSS, 2002. (Coleção Dissertações e Teses, n.8). 214 p.
UNBEHAUM, Sandra. G. A desigualdade de gênero nas relações parentais: o exemplo
da custódia dos filhos. In: ARILHA, Margareth; UNBEHAUM, Sandra G.;
MEDRADO, Benedito. Homens e masculinidades: outras palavras. 2 Ed. São Paulo:
ECOS/ Ed. 34, 2001. (p. 163-184)
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