OLIGOFRENIAS

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OLIGOFRENIA
I) CONCEITO
Déficit congênito ou precoce no desenvolvimento intelectual. Traduz-se por uma inadaptação
permanente e uma deficiência global das atividades psíquicas, em comparação à faixa etária e sóciocultural. Acomete cerca de 1% da população mundial.
É qualquer estado caracterizado por níveis intelectuais abaixo do considerado normal, que se
evidenciam na fase de desenvolvimento do indivíduo.
As vítimas da oligofrenia eram em geral mantidas em isolamento até a segunda metade do
século XX, quando sua integração na comunidade passou a ser um dos principais objetivos no
tratamento.
Em alguns casos, a deficiência mental é detectada logo no nascimento ou em idade pré-escolar.
Quando a anormalidade não é muito profunda pode passar despercebida até a idade escolar (entre os 5
anos e a puberdade).
Na idade escolar, uma criança com deficiência mental, além das dificuldades de aprendizagem,
pode apresentar problemas de conduta, como nervosismo, falta de controle de seus impulsos,
dificuldade de concentrar sua atenção, etc.
Nesta fase já é possível determinar o grau de deficiência mental, mediante o quociente de
inteligência (Q.I.) que é um índice empregado para avaliar a inteligência de um indivíduo. É calculado
de acordo com a capacidade de responder a certos testes ou provas adequados a cada idade. Por
definição, o indivíduo normal médio tem um Q.I. de 100; se for mais alto, terá uma inteligência
superior à da média; caso contrário, será considerado deficiente.
Tem havido muitas críticas sobre a utilização de escores de QI e de testes similares na definição
de grupos de mentalmente retardados. Certamente, estes testes não têm significado no grupo dos
gravemente retardados, que não exibem linguagem e também carecem da capacidade de pensar, mas
seu status é tão evidente que não há problema no diagnóstico.
II) ETIOLOGIA
As causas da deficiência mental só são possíveis de serem avaliadas em 25% dos casos. A
anormalidade pode estar ligada a problemas de origem genética (como, por exemplo, o mongolismo).
Outros tipos de deficiência mental devem-se a doenças de metabolismo ou a carências
hormonais. Também podem sofrer de deficiência mental as crianças que nascem prematuramente, ou
que tenham sido afetadas, durante a gestação, pela radiação, infecções por vírus, sífilis etc., inclusive,
durante o parto pode ocorrer alguma pancada, ou hemorragia intracraniana, ou ainda falta de
oxigenação no cérebro. Ainda, após o parto, podem ocorrer infecções que prejudiquem o
desenvolvimento mental.
Os pais dos retardados patológicos são, de regra, normais, mas os filhos podem apresentar
defeito, enquanto, no grupo subcultural, os pais e os filhos são, com freqüência, subnormais em graus
variados (daí o antigo termo “mentalmente retardado familial”).
O meio ambiente pode influir no desenvolvimento da criança; o meio social, a moradia e o
ambiente familiar são de grande importância. Durante a idade pré-escolar a criança entra em contato
com o mundo que a cerca, demonstrando curiosidade por tudo. A própria curiosidade tende a
desenvolver sua capacidade mental e proporcionar uma série de conhecimentos básicos. A falta de
estímulo nesta área favorece a deficiência mental.
O deficiente mental necessita de grande atenção de todas as pessoas que o cercam, pai mãe,
irmãos, amigos etc. O deficiente não deve ser internado, pois para a educação ou adestramento destas
crianças depende muito do carinho dos pais. Não devem ser privados deste afeto, exceto nos casos de
deficiência bastante acentuada, capaz de provocar graves problemas familiares. As escolas especiais
são muito úteis, pois estimulam a criança e a ensinam a realizar tarefas simples.
1) FATORES BIOLÓGICOS
a) PRÉ-NATAIS
GENÉTICOS
Idiotia Amaurótica Familiar
Glicogenose
Oligofrenia Fenil-Pirúvica
Síndrome de Down
Síndrome do Miado do Gato
Esclerose Tuberosa de Berneville
Síndrome de Lawrence-Biedl
CONGÊNITOS
Rubéola
Sífilis
Toxoplasmose
Agenesia Cerebral
Cretinismo
b) PERI-NATAIS
Trauma no Parto
Hipóxia
Kernicterus
Hemorragias
Incompatibilidade Sangüínea
c) PÓS-NATAIS
Infecções
Intoxicações
Traumatismo Craneo-Encefálico
2) FATORES PSICOLÓGICOS
Carência Afetiva
Maus Tratos
3) FATORES SOCIAIS
Baixo Nível Sócio-Cultural
Isolamento
Desnutrição
ENZIMOPATIAS: também pode ser causa de deficiência mental.
III) QUADRO CLÍNICO
Aproximadamente 75% das crianças oligofrênicas não diferem, em seu aspecto físico, das
crianças normais, apesar de muitas delas sofrerem alterações orgânicas, como a epilepsia, defeitos
visuais ou auditivos e problemas de linguagem. Os 25% restantes apresentam diversas anomalias,
visíveis nos traços faciais, como acontece nos casos de mongolismo, ou que afetam os músculos, ossos,
coração, etc.
Além dos sintomas conseqüentes aos variados graus de déficit, levando a diferentes graus de
inadaptação e baixo desempenho, podem estar associados sintomas psicóticos: agressividade, mutismo,
imobilismo, movimentos anormais, impulsividade, deformações físicas, convulsões.
Considera-se que um indivíduo exige cuidados e educação especiais quando seu quociente de
inteligência (QI) situa-se abaixo de setenta pontos. Classifica-se o retardamento de acordo com sua
gravidade e com o desenvolvimento físico e social do indivíduo. A grande maioria dos oligofrênicos
apresenta uma forma menos grave de retardamento, com QI entre 53 e 70. Por meio de educação
especial, podem beneficiar-se do ensino acadêmico e pré-vocacional.
Retardo mental sem doença cerebral evidente (retardo mental sul-cultural ou familial)
. Aspectos clínicos:
Dois tipos clínicos podem ser identificados. No primeiro tipo, a característica essencial é que,
quase desde o nascimento, o lactente posiciona-se atrás em todos os aspectos do desenvolvimento.
Existe uma tendência para dormir mais, ser menos exigente na nutrição, movimentar-se menos que o
normal, e sugar mal e regurgitar. Em geral, os pais comentam sobre como a criança é boa, sobre como
ela pouco os atormenta com o choro. À medida que os meses transcorrem, cada aquisição é tardia. O
lactente é mais hipotônico e se vira, senta sem sustentação e caminha mais tardiamente que a criança
normal. Apesar destes retardos motores óbvios, não há, mais adiante, sinal de paralisia, ataxia, coréia
ou atetose. Estes lactentes não sorriem no período usual, e pouco presta atenção na mãe e em outras
pessoas ou objetos em seu ambiente. Eles são desatenciosos quanto aos estímulos visuais e, com
freqüência, auditivos, até o ponto em que se levantam dúvidas sobre a cegueira ou surdez. Certas fases
do desenvolvimento normal como a observação da mão, podem persistir além de seis meses de idade,
que são normalmente substituídas por outras atividades. Persiste a fase oral (colocar tudo na boca) e o
babar, que deveriam terminar em torno de um ano de idade. Existem apenas sinais fugazes de interesse
por brinquedos, sendo que a não-persistência da atenção torna-se cada vez mais proeminente. As vocalizações são escassas, freqüentemente guturais, penetrantes, ou agudas e débeis.
No segundo tipo, os marcos motores iniciais (sustentação da cabeça, rolar, sentar, ficarem pé e
caminhar) podem ser atingidos em seus períodos normais, embora a criança seja, mais adiante, desatenciosa e lenta no aprendizado. Parece como se o desenvolvimento motor tivesse escapado um pouco
do processo desorganizado de desenvolvimento. A hiperatividade sem sentido também pode acontecer
e, semelhante à persistência dos movimentos rítmicos, o ranger dos dentes (bruxismo), a hipotonia e a
microcefalia deverão suscitar a suspeita de retardo mental.
Como a seqüência do desenvolvimento da função motora pode ser normal, até mesmo ao ponto
em que a criança adquire algumas palavras ao término do primeiro ano, o examinador pode ser levado
erroneamente a pensar que a criança mentalmente retardada estava, a princípio, normal e, em seguida,
deteriorou. Nestas crianças, pode-se até demonstrar que vários procedimentos de teste fornecem
escores menores com a progressão da idade (a partir de três anos de idade em diante), mas isto não se
deve a um declínio na capacidade, mas ao fato de que os exames não são comparáveis. Nos primeiros
três anos, os exames são comparados com as funções sensorimotoras e, depois, com a percepção,
memória e formação de conceitos. E interessante notar que o desenvolvimento da linguagem depende
de ambos os grupos de funções, exigindo uma certa maturação dos aparelhos auditivo e motor no início
e das habilidades cognitivas muito especializadas para o desenvolvimento continuado.
O comportamento desviado é comum em 6,6% das crianças não-retardadas, em 28,6% dos
retardados, e em 58,3% dos retardados epilépticos. Mais amiúde, o comportamento desviado toma a
forma de agressividade, em especial nas crianças com epilepsia do lobo temporal.
Outros distúrbios do comportamento são a agitação, atividade repetitiva, reações explosivas de
raiva e mau humor, ação estereotipada e procura de experiências sensoriais de modo incomum.
Os pais de um grande número de crianças com desvio de comportamento posicionam-se no
segmento mais baixo da população socioeconômica; em outras palavras, os pais podem ser
incompetentes para manter lares estáveis e encontrar trabalho. Abandono, negligência e abuso infantil
(síndrome da criança espancada) são freqüentes neste grupo. A maioria das crianças com desvio de
comportamento precisa ser colocada em escolas ou classes especiais, sendo que medidas peculiares
devem ser tomadas para reduzir a tendência para ociosidade, pobreza, sociopatia e criminalidade.
Um debate sem fim centraliza-se nas causas desse problema se os chamados retardados
subculturais ou fisiológicos são produtos de uma gênese defeituosa, a qual evita a competição bemsucedida, ou da discriminação da sociedade e da ausência de treinamento e educação, juntamente com
os efeitos da desnutrição, infecções e outros fatores exógenos. Certamente, os fatores ambientais e as
causas genéticas existem, embora a importância relativa de cada um deles seja difícil de se aquilatar.
Classificação:
a) Oligofrenia Leve:
 Q.I. variando entre 50 a 70.
São pueris, treináveis, cuidam de si, trabalham em atividades básicas ou braçais, comunica-se
praticamente a nível normal.
b) Oligofrenia Moderada:
 Q.I. variando de 35 a 50.
Tem fala mais limitada, executam tarefas simples, tem algum grau de dependência para
cuidarem de si, podem receber educação acadêmica funcional e realizar trabalho semiespecializado em condições especiais.
c) Oligofrenia Severa:
 Q.I. variando de 20 a 35.
Tem fraca capacidade de comunicação, mas têm capacidade de falar e cuidar de suas
necessidades básicas, assim como de contribuir para sua própria sobrevivência quando
acompanhados, se treinados podem trabalhar sob proteção, tem dificuldades em controlar os
esfíncteres, demonstram pouco desenvolvimento motor.
d) Oligofrenia Profunda:
A menor percentagem dos retardados, a dos que apresentam retardamento profundo,
demonstram reações mínimas, deficiências físicas secundárias, desenvolvimento motor e
capacidade de comunicação reduzidas; podem executar apenas atividades de trabalho altamente
estruturadas e seu internamento é quase inevitável. Tem graves defeitos neurológicos e físicos,
muitas vezes são imóveis, não reconhecem pessoas ou ambientes. Necessita de cuidados totais
para não morrerem. A correlação entre a capacidade de aprendizagem e o nível de QI é
aproximadamente a seguinte: educáveis, 50 a 75; treináveis, 25 a 50; sob custódia, 0 a 25.
IV) DIAGNÓSTICO
Os lactentes deverão ser considerados em risco de subnormalidade mental, quando há uma
história familiar de deficiência mental, baixo peso de nascimento em relação ao tempo de gestação
(neonatos pequenos para a idade gestacional), prematuridade acentuada, infecção materna no inicio da
gestação (em especial rubéola), e a toxemia gravídica.
Nos primeiros meses de vida, certas características comportamentais são valiosas na previsão do
retardo mental. Um reduzido escore de Apgar, flacidez, hipoatividade e sinais neurológicos
assimétricos constituem os índices mais precoces da subnormalidade no lactente. A lenta
adaptabilidade das reações de orientação a novos estímulos auditivos e visuais também consiste em
outra advertência precoce do retardo mental.
No primeiro ou no segundo anos de vida, a suspeita de retardo mental baseia-se, em grande
parte, na impressão clínica, mas ela deverá ser sempre validada por procedimentos psicométricos.
Os testes de QI para pré-escolares devem ser interpretados com cautela, pois eles apresentaram
menos valor previsivo para o sucesso escolar do que os exames que são empregados após seis anos de
idade.
E essencial que o médico saiba as condições do exame, pois os escores ruins podem ser
causados pelo medo, movimentação inadequada, lapsos na atenção, ou a um defeito auditivo ou visual
sutil, em vez de uma falha do desenvolvimento.
O EEG, além de expor a atividade convulsiva assintomática, mostra uma alta incidência de
outras anormalidades no mentalmente retardado. Presumivelmente, isto se deve a um grau maior de
imaturidade do cérebro em uma idade qualquer. Entretanto, um EEG normal traz relativamente pouco
auxilio. Ademais, a TC e a RMN têm sido regularmente inúteis na revelação de anormalidades neste
grupo de crianças.
Sempre devem ser considerados no diagnóstico dos graus mais brandos de retardo os possíveis
efeitos da desnutrição grave, negligência e privação, doença sistêmica crônica, comprometimento da
audição e da visão, e, possivelmente, da psicose infantil. De grande importância é a diferenciação de
um grupo de pacientes que é normal durante um período variável após o nascimento e, em seguida,
manifestam uma doença progressiva do sistema nervoso. Esse tipo de distúrbio é representativo de um
grupo de doenças metabólicas hereditárias. Também é importante um distúrbio convulsivo (e as
medicações anticonvulsivantes), que pode comprometer a função cerebral.
V) TRATAMENTO
A deficiência mental não tem cura, mas é possível combater certas doenças de origem
metabólicas e certas carências hormonais, que produzem lesões cerebrais responsáveis por alguns casos
de deficiência mental. O diagnóstico destas doenças deve ser precoce e o tratamento deve ser iniciado
rapidamente, pois uma vez a lesão tenha se fixado não é possível fazê-la retroceder. Por outro lado, nos
casos de deficiência mental leve, uma educação adequada pode trazer progressos consideráveis.
Os débeis não são desprovidos de inteligência, mas seu dinamismo é fraco, as estruturas
inacabadas, e a eficiência desigual segundo os setores de aplicação.
O melhor tratamento é o da medicina preventiva de prevenção primária, secundária e terciária.
Alguns casos de anormalidade podem ser detectados antes mesmo do parto, mediante uma análise de
líquido amniótico, assim como das células do feto.
Acontece, entretanto, que, graças ao progresso da medicina, estas crianças que antes tinham
uma expectativa de vida curta, pois sofriam de lesões cardíacas ou de infecções, atualmente alcançam a
idade adulta com maior facilidade.
Podem ser feitas terapias comportamentais, treinamento do paciente, inclusão em instituições
especializadas, como oficinas protegidas. Quanto mais se assemelha à vida familiar, mais eficiente é o
tratamento. Os serviços residenciais e grupos domésticos são em geral instalados em apartamentos e
casas. A educação especializada é o melhor caminho para a auto-suficiência. A medicação pode ser
necessária em casos de agressividade, sintomas psicóticos e convulsões associadas.
A Educação Física
Os efeitos esperados da educação física e esportiva são os mesmos que para criança normal, não
apenas porque a atividade sensório-motora está na base da organização intelectual e ocupa um amplo
espaço no processo de adaptação, mas porque esta disciplina contribui também para o desenvolvimento
nos diversos setores que um projeto de educação integral comporta. É preciso, entretanto, assimilar a
existência de perturbações motoras associadas a certas formas de debilidade mental.
VI) PREVENÇÃO
Antes do casamento ou antes de engravidar:
- Vacine-se contra a rubéola (na gravidez ela afeta o bebê em formação, causando má formação,
como cegueira, deficiência auditiva, etc...);
- Procure um serviço de aconselhamento genético (quando houver casos de deficiências na
família principalmente);
- Evite casamento entre parentes;
- Faça exames de sangue para detectar sífilis e toxoplasmose. Essas doenças podem causar
deficiências severas;
- Faça exames de sangue para verificar o tipo sanguíneo e o fator RH.
Durante a gravidez:
- Consulte um médico obstetra mensalmente;
- Faça exames de controle, se não o fez antes de engravidar;
- Só tome remédios que o médico lhe receitar;
- Faça controle de pressão alta, diabetes, coração ou infecções;
- Faça uma alimentação saudável;
- Não se exponha a raios-X ou outro tipo de radiações;
- Não fume e não beba;
- Evite contato com portadores de doenças infecciosas.
No nascimento:
- Faça questão de ter seu filho em um hospital, com a presença de um obstetra e pediatra;
Depois do nascimento:
- Exija que sejam feitos testes preventivos de seu bebê do tipo:
 APGAR: é um teste feito no bebê ao nascer, por um médico ou enfermeira. O bebê
receberá uma nota para cada item do teste e dará ao menos indicações se o bebê está
bem ou se é um bebê de médio ou alto risco.
 TESTE DO PEZINHO:
VII) LINGUAGEM E DEBILIDADE MENTAL
Observa-se que a linguagem do débil compreende muitas frases atribuitivas, pouco
subordinadas, frases causais e epítetos, e se caracteriza por um uso importante de grupos de palavras
estereotipadas. Podem ser observadas também as dificuldades que a criança débil experimenta em
conceber a perspectiva do outro, diversa da sua, e o fato de que essa dificuldade o impede de formular
seu pensamento com a correção suficiente para ser compreendido pelo outro. As perturbações da
linguagem (gagueira, blesidade, dislalia), quando estão associadas à debilidade, fream o
desenvolvimento das funções de expressão e entravam a comunicação.
Enfim seja a criança normal ou perturbada, não se transmitem noções ou condutas, é preciso
aprendê-las, e isto significa captá-las e organizá-las integrando-as a seu eu, em outras palavras às suas
estruturas mentais e através delas, a seus possíveis comportamentos.
VIII) A FAMÍLIA E A HABILITAÇÃO
Quando um casal se une, começa a haver uma série de adaptações e com o nascimento de um
filho é que existe uma mudança total na organização familiar.
Na expectativa do nascimento de um filho aparecem projeções e planos para o futuro. Os pais
começam a idealizar a criança e nela projetam a realização de seus anseios.
Ele é Deficiente! E agora? - O nascimento de um filho deficiente traz a tona um sentimento de
rejeição inevitável, pois fazem ruir as fantasias familiares que são substituídas por dúvidas e
expectativas de um futuro triste, frutos da incapacidade do bebê. Na cabeça dos pais essa criança não se
encaixará em uma sociedade em que ela será incapaz de competir com igualdade com os seus
companheiros normais.
Na verdade, isso não é totalmente verdadeiro, pois a deficiência mental é um problema de
inteligência, ou seja, capacidade de resolver problemas de um modo eficaz. A criança deficiente terá
algumas dificuldades no desempenho. No início haverá um atraso no desenvolvimento
neuropsicomotor. Ela andará, sentará um pouco depois das outras crianças, mas não será
necessariamente alguém totalmente depende dos outros. Apenas 5% da população deficiente tem
deficiência mental profunda e são totalmente dependentes. Essas crianças têm um bom aproveitamento
e não são apenas capazes de cuidar de si próprio como também chegam ao aprendizado acadêmico
atingindo por volta da segunda ou terceira série do ensino primário.
A Família não pode considerar o deficiente como inválido porém, deve reconhecer que ele
possui capacidades limitadas e não conseguirá o desenvolvimento valorizado pela sociedade.
Porém, muitas famílias na busca de um milagre, engajam-se em projetos de habilitação
sofisticados e desgastantes. Os pais acabam esquecendo-se de si mesmos e passam a ver a criança
como alguém que deve ser manipulado para atingir objetivos desnecessários e inacessíveis.
Existem muitas instituições diferentes, com posturas diferentes e muitas vezes antagônicas.
Muitas delas, levam os pais desesperados a engajarem-se em projetos que nem sempre surtirá o
resultado esperado. Com isso, depois de muita batalha os pais acabam vendo os seus objetivos como
utópico e desistem da habilitação da criança.
Os programas de habilitação são fundamentais, pois desenvolverão habilidades que permitirão
ao deficiente uma inserção mais adequada ao grupo social. No entanto eles precisam de coerência e
etapas para não provocar choques, sofrimentos e frustrações para as famílias que precisam de
adaptação.
Existem famílias que necessitam de alguém doente para que possam sempre vê-lo como um
problema e dele fazerem-se vítimas. Nesse caso o deficiente mental encaixa-se muito bem e qualquer
melhora no seu quadro que leve a sua maior independência causa desequilíbrio familiar.
A super proteção dos pais faz do deficiente uma eterna criança o que dificultará sua
independência quando ela chegar na idade adulta.
Muitas pessoas vêem os deficientes mentais como "as crianças de Deus", com características de
bondade, tolerância e afeto. Essas virtudes são muito desejáveis, porém estão longe de ser
características do deficiente mental que como qualquer ser humano, possui caráter e personalidade
muitas vezes indesejáveis.
A Família Equilibrada
A família equilibrada é aquela capaz de se adaptar às várias experiências de vida. A criança
deficiente mental pode causar desorganização temporária na família que atravessa então, um período de
choque durante o qual tente negar a existência do problema. Esta entra em desespero e procura todas as
soluções possíveis. Posteriormente há um período de imobilismo. Segue-se a esta fase a expectativa,
onde se procura saber o máximo sobre a condição do deficiente na tentativa de resolução do problema.
Finalmente, entra-se numa fase de ajustamento, onde os pais aceitam realisticamente a condição da
criança.
Assim a família equilibrada tem capacidade de obter e se beneficiar de informações, utilizando
adequadamente os recursos disponíveis em seu ambiente social para auxiliar seu membro deficiente.
Dessa maneira, estrutura-se de modo a formar um sistema estável, na qual as necessidades dos seus
membros sejam supridas. Para que isso ocorra deve haver disponibilidade em dar e receber afeto bem
como relevar as condutas agressivas. Deve-se ainda ter respeito à individualidade e identidade de cada
filho membro, bem como aceitar cada filho dentro das suas limitações.
IX) NECESSIDADES DO DEFICIENTE MENTAL
Quando bebê:
 Cuidados médicos;
 Cuidados com higiene e nutrição;
 Estimulação global de acordo com o desenvolvimento cognitivo;
 Atendimento aos problemas específicos (paralisias, surdez, cegueira, etc.).
Quando em idade pré-escolar:
 Cuidados médicos e odontológicos;
 Programas maternais;
 Atendimento aos problemas específicos.
Em idade escolar:
 Cuidados médicos e odontológicos;
 Programa escolar adequado para treino de habilidades básicas, aprendizagem acadêmica
adaptada, atendimento aos problemas específicos, lazer e recreação.
Na adolescência:
 Cuidados médicos e odontológicos;
 Programas profissionalizantes adequados como: oficinas protegidas e ocupacionais e
programas rurais;
 Lazer e recreação;
 Atendimento aos problemas específicos.
Quando adulto:
 Cuidados médicos e odontológicos;
 Programas profissionalizantes;
 Lazer e recreação;
 Atendimento aos problemas específicos;
 Residências independentes (inacessíveis à grande maioria dos deficientes pela
dificuldade de execução).
X) PAPEL DO FISIOTERAPEUTA DENTRO DESSE CONTEXTO
Para a criança deficiente mental, não se pode transmitir noções ou condutas, é preciso que se
ensine a ela como captar e organizar seus pensamentos por mais sem lógica que seja, integrando-os
assim a seu eu, isto é, mostrando as suas estruturas mentais e através delas, seus possíveis
comportamentos.
Em certas formas de deficiência mental, estão associadas perturbações motoras, e é nesse setor
que o fisioterapeuta tem sua maior participação, pois as crianças que apresentam essa dificuldade vão
necessitar de mobilizações em partes de seu corpo, a fim de trabalhar a memória cinestésica, prevenir
problemas circulatórios, melhorar sua postura, etc, para que esse deficiente tenha uma vida melhor,
podendo até estabelecer relações com a sociedade ao qual está inserido.
O fisioterapeuta deve respeitar esta criança ou adulto, que necessita de cuidados, se
empenhando e se inteirando de suas capacidades, potenciais, grau de entendimento, e não ver nele
somente músculos, articulações ou déficits neurológicos. Tentar participar do seu mundo, do seu modo
de ver esse mundo é um dever do bom profissional.
A participação da família nesse processo é de suma importância para esse paciente. Cabe ao
profissional também neste ponto, manter os pais informados da realidade e das capacidades dele. Sem
ilusões, ansiedades e expectativas desnecessárias.
A visão holística do paciente, tendo a consciência de sua individualidade e de seu contexto e o
respeito às suas limitações e dificuldades, também é uma postura do fisioterapeuta que muito pode
facilitar a interação e a integração com o portador dessa patologia.
BIBLIOGRAFIA
Adams, Raymond D. & Victor, Maurice – Neurologia – 5ª ed. – McGraw-Hill, Inc.
1996.
Rowland, Lewis P. – Merrit, tratado de neurologia – 7ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan. 1996.
Pontes, Cleto Brasileiro – Psiquiatria, conceitos e práticas – Lemos Editorial
http://togyn.tripod.com.br/oligofrenia.htm
Psicologia II
Profª. Zanilda
Oligofrenia
2003
Entrevista
Entrevista realizada com o Psicólogo - Ronald de Souza Alvim
a) Quais as dificuldades para o atendimento do paciente oligofrênico?
Depende do caso em questão, mas na maioria das vezes as principais dificuldades são o
envolvimento, contato dos familiares com os pacientes e a relação desses familiares com o psicólogo
durante o tratamento. Muitas vezes é a família do paciente que cria uma barreira entre o terapeuta e o
paciente dificultando a evolução do tratamento.
b) Quais são as características comportamentais apresentadas por ele?
As características variam de acordo com o grau da oligofrenia. As mais comuns são:
 comportamento pueril;
 excesso de agressividade;
 baixo limiar de frustração
 ansiedade;
 depressão;
 déficit cognitivo;
c) É possível estabelecer uma relação paciente/terapeuta? Como?
Sim. Podemos estabelecer vínculos tranqüilos. E esse vínculo é tanto melhor quanto maior for o
contato com a família dos pacientes. E esse vínculo deve ser dentro dos limites de cada paciente.
d) Como orientá-lo durante o tratamento?
O tratamento consiste no uso de pouco psicotrópico e mais voltado para oficinas terapêuticas
produtivas, que poderão contribuir para melhorar a percepção do mundo ao redor do paciente. Oficinas
de artesanato, bijouterias, música, fuxico, horta, etc.
e) Consegue-se alcançar bons resultados com o paciente oligofrênico?
Sim, mas como nós sabemos, a oligofrenia não tem cura, então o tratamento visa melhorar as
capacidades do paciente para que ele possa de alguma maneira se reintegrar à sociedade, que é o
principal objetivo do tratamento.
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