1 Crescimento de Cana-de-açúcar sob Adubação Nitrogenada e Molíbdica(1) Raul Vitor de Souza Santos(2); Renato Lemos dos Santo(3) ; Fernando José Freire(4); Ricardo Torres da Silva(5); José Lucas Farias da Silva(6); Madson Rafael Barbalho da Silva(7). (1) Trabalho executado com recursos do CNPq e IFPE. Estudante do ensino técnico ; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco; Vitória de Santo (3) Antão - PE; [email protected]; Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de (4) (5, 6 e 7) Pernambuco Campus Vitória de Santo Antão; Professor da Universidade Rural de Pernambuco; Estudante de Agronomia; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco; Vitória de Santo Antão – PE. (2) RESUMO: A cana-de-açúcar é uma cultura importante na economia nacional, sendo o Brasil o maior produtor. Devido a isso, se observa uma maior necessidade de conhecimento da nutrição de seus genótipos, principalmente quando se refere a absorção. Entre os nutrientes, o N é um dos mais absorvidos pela cana-de-açúcar, principalmente na forma nítrica, mas para isso é preciso que haja o Mo disponível no solo, pela ativação da redutase do nitrato, o que pode aumentar a assimilação de N. O objetivo deste trabalho foi avaliar a altura e a largura da folha +1 da variedade de cana-de-açúcar RB92579 sob adubação nitrogenada e molíbdica. Foi cultivada a variedade de cana RB92579 submetida a quatro doses de Mo (0, 100, 200 e 400 g ha-1) e três doses de N (0, 60 e 120 kg ha -1), utilizando-se de 4 repetições. Aos 60, 125, 180, 210 e 270 dias após o plantio (DAP) foi avaliada a altura da planta e a largura da folha +1. Os melhores desempenhos, em largura da folha +1 e da altura da planta, foram obtidos para 0 kg ha-1 de N, com a dose de 200 g ha-1 de Mo; para 60 e 120 kg ha-1 de N, com a dose de 100 g ha-1 de Mo. Termos de indexação: molibdênio, nitrogênio . Saccharum spp., INTRODUÇÃO A cana-de-açúcar é uma cultura de grande importância para economia nacional, sendo o Brasil o maior produtor, responsável por 33% da produção mundial (Conab, 2014). Devido à comprovada importância da cultura para a economia, se observa a necessidade do maior conhecimento da nutrição de seus genótipos, principalmente no que se refere a absorção dos nutrientes (Santos et al., 2014). O nitrogênio (N) é um nutriente muito absorvido pela cana-de-açúcar, sendo superado apenas pelo potássio (K), isso porque faz parte de vários compostos nas plantas (aminoácidos, ácidos nucléicos, entre outros); atua como ativador de muitas enzimas; e desta forma, participa das principais reações bioquímicas nas plantas (Oliveira et al., 2010; Figueiredo et al., 2008). Desta forma, são realizados diversos estudos relacionados a resposta de crescimento da cana-de-açúcar à adubação nitrogenada. De maneira geral, em pesquisas realizadas no Brasil, a resposta à adubação nitrogenada em canade-açúcar tem sido diferentes. A variação de resposta à adubação nitrogenada apresentada pela cultura, no ciclo cana planta, aparentemente, tem relação direta com a sua principal fonte de N, que não é mineral. Apenas 10 a 16% do N absorvido do solo pela cana são oriundos da fertilização nitrogenada (Trivelin et al., 1995; Gava et al., 2003). Assim, observa-se a necessidade do maior conhecimento da nutrição desse genótipo, principalmente no que se refere à absorção de N, uma vez que o manejo inadequado da adubação nitrogenada pode levar a redução da produtividade da cultura (Vitti et al., 2007). Entre esses estudos, se destaca a potencialização da atividade da redutase do nitrato pela adubação molíbdica (Santos, 2014). Entretanto, o Mo no solo é um elemento traço, presente principalmente como molibdato, tem sua disponibilidade influenciada por propriedades químicas e mineralógicas (Brennan & Bolland, 2007). Assim, acredita-se que a adubação molíbdica combinada com a nitrogenada pode elevar o crescimento da cana-de-açúcar. O objetivo deste trabalho foi avaliar a altura e a largura da folha +1 da variedade de cana-de-açúcar RB92579 sob adubação nitrogenada e molíbdica. MATERIAL E MÉTODOS Para atender os objetivos, foi conduzido um experimento em campo, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco Campus Vitória de Santo Antão. Está sendo cultivada a variedade de cana-de-açúcar RB92579, desenvolvida pela RIDESA, atualmente, a mais plantada no nordeste do Brasil. A cana foi submetida a quatro doses de Mo (0, 100, 200 e 400 g ha-1) e três doses de N (0, 60 e 120 kg ha -1), compondo o arranjo fatorial (4 x 3), utilizando-se de quatro repetições, perfazendo um total de 48 unidades experimentais. As parcelas foram dispostas no delineamento blocos casualizados. 2 O solo foi preparado com uma aração e duas gradagens. Posteriormente, seguiu-se a abertura de sulcos de 0,20 m, espaçados por 0,8 m. O plantio foi realizado em setembro de 2015. Na ocasião, também foram realizadas as adubações. A adubação fosfatada foi realizada considerando o teor de P disponível e a textura do solo de acordo com (Simões Neto et al., 2011). Para o suprimento de P, foi utilizado como fonte o superfosfato triplo. Para o K, a recomendação foi feita com base na expectativa de produtividade, para valores acima de 100 t ha-1. Como fonte de N, utilizou-se a ureia. A aplicação de Mo foi realizada no fundo do sulco com a utilização de um pulverizador costal de 20 L, com pressurização manual e vazão nominal de 200 L ha-1, tendo como fonte de Mo o molibdato de sódio. Aos 60, 125, 180, 210 e 270 dias após o plantio (DAP) foi avaliada a altura e o comprimento da folha +1 da cana-de-açúcar. A altura da planta, da base até a folha +1, e o comprimento da folha +1, foram mensuradas, com trena, em 10 plantas por parcela, usando o processo de amostragem inteiramente aleatória, sendo realizada a média para representar a parcela. Os dados, em cada dose de N e de Mo, foram submetidos à análise de variância em função do tempo. Nas variáveis em que se observaram efeito significativo (Teste F, p<0,1) foi realizada análise de regressão, sendo selecionando o modelo que melhor representou o fenômeno, aquele com maior valor de coeficiente de determinação (R²) e significância dos parâmetros até 10% pelo teste t. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados obtidos a partir da avaliação biométrica da cana-de-açúcar, do N comparando as doses de Mo, teve-se um comportamento semelhante, a partir das doses de N. Apesar de alguns tratamentos apresentarem um comportamento distinto dos outros, a distinção é mínima, tratando-se de alguns centímetros. O comportamento da altura das plantas que não receberam N e Mo se ajustou ao modelo linear, sendo ascendente (Figura1 A). O comportamento das plantas que receberam as demais doses de Mo (100, 200 e 400 g ha-1), apresentaram comportamento quadrático ascendente, com os maiores valores na última avalição. A dose de Mo 200 g ha-1 se destaca, por ter apresentado o melhor desenvolvimento. Com a aplicação de 60 kg ha-1 de N, a altura das plantas com doses de 0, 100 e 200 g -1 ha de Mo apresentaram uma linear ascendente, enquanto que com a dose de Mo 400 g ha-1, observou-se comportamento quadrático ascendente. Os maiores valores de altura foram obtidos com a dose de Mo 100 g ha-1. A altura das canas que receberam a dose de 120 kg ha-1 de N, apresentaram comportamento quadrático ascendente, independente das doses de Mo. A aplicação das doses de Mo pouco diferenciaram as alturas, neste nível de N. Entretanto, a partir dos 210 DAP, as plantas que receberam 100 g ha-1 de Mo se destacaram, com o maior crescimento. O aumento de crescimento da cana-de-açúcar pelo aumento da disponibilidade de Mo pode ser atribuída ao estímulo das atividades da enzima redutase do nitrato e/ou da enzima nitrogenase, que por sua vez incrementaram a assimilação de N (Santos, 2014). Independentemente da dose de N e de Mo aplicada, o comprimento da folha +1 apresentou comportamento quadrático ascendente, ou seja, a largura da folha +1 aumentou com o tempo (Figura 2). Em todos os níveis de N, o comportamento da largura da folha +1, em função do tempo, foI semelhante, exceto no maior nível de disponibilidade de N, onde a cana apresentou folha mais larga com a aplicação de 100 g ha-1 de Mo. Os dados do comprimento da folha +1, com aplicação de 0 kg ha-1 de N, nas doses de 0 e 200 g ha-1 de Mo, apresentaram comportamentos semelhantes, tendo sido um pouco maior nas outras doses. CONCLUSÕES Os melhores desempenhos, em comprimento da folha +1 e da altura da planta, obtidos para 0 kg ha-1 de N, com a dose de 200 g ha-1 de Mo; para 60 e 120 kg ha-1 de N, a dose de 100 g ha-1 de Mo. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por me dar força e determinação para poder cumprir este projeto, com toda a equipe do Grupo de Estudos e Pesquisas “Fertilidade do Solo e Agroenergia”; e aos meus pais. REFERÊNCIAS BRENNAN, R. F.; BOLLAND, M. D. A. Increased Concentration of Molybdenum in Sown Wheat Seed Decreases Grain Yield Responses to Applied Molybdenum Fertilizer in Naturally Acidic Sandplain Soils. Journal of Plant Nutrition, v. 30, n. 12, p. 2005-2019, 3 dez. 2007. 3 CONAB. Acompanhamento da sfra brasileira- Cana-deaçúcar SAFRA 2013/2014. Conab, v. 1, n. Abril, p. 1-14, 2014. FIGUEIREDO, M. V. B.; LIRA JÚNIOR, M. A.; ARAÚJO, A. S. I.; MARTINEZ, C. R. Fatores bióticos e abióticos à fixação biológica de N2. In: Figueiredo, M. V. B.; Burity, H.A.; Stamford, N. P.; Santos, C. E. R. Agrobiodiversidade: o novo desafio para a agricultura. Agrolivros, 2008, 568p. GAVA, G. J. C. et al. Recuperação do nitrogênio (15N) da uréia e da palhada por soqueira de cana-de-açúcar (Saccharum spp.). Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 27, p. 621-630, 2003. OLIVEIRA, E. C. A. DE et al. Extração e exportação de nutrientes por variedades de cana-de-açúcar cultivadas sob irrigação plena. Revista Brasileira de Ciências do Solo, v. 34, n. 4, p. 1343-1352, 2010. ORLANDO FILHO. J. ; HAAG, H.P.; ZAMBELLO JUNIOR, E. Crescimento e absorção de macronutrientes pela canade-açúcar, variedade CB41-76, em função da idade, em solos do estado de São Paulo. PLANAULSUCAR, Piracicaba: fev. 1980. p. 1-128. (Boletim Técnico, n. 2) SIMÕES NETO, D. E. et al. Níveis críticos de fósforo em solos cultivados com cana-de-açúcar em Pernambuco. Revista Ceres, v. 58, n. 6, p. 802–810, 2011. TRIVELIN, P. C. O.; VICTORIA, R. L.; RODRIGUES, J. C. S. pab95_02_dez.pdf. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 30, n. 12, p. 1375-1385, 1995. VITTI, A. C. et al. Produtividade da cana-de-açúcar relacionada ao nitrogênio residual da adubação e do sistema radicular. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 42, n. 2, p. 249-256, 2007. SANTOS, R.L. Molibdênio no metabolismo e na fixação biológica de nitrogênio em cana-de-açúcar. Universidade Federal Rural de Pernambuco – Recife. 135p. Tese (Doutorado) - Programa de Pós- Graduação em Ciência do Solo, 2014. 4 A ALTURA N 0 Kg/ha Mo g ha C B -1 -1 ALTURA N 60 Kg/ha REGRESSÃO 0 y=-38,6246***+0,7968***x 100 y=-38,5070***+0,8339***x-0,0006*x² 200 400 R² Mo g ha -1 ALTURA N 120: Kg/ha -1 REGRESSÃO Mo g ha-1 R² 0,9669 0 y=-43,5085***+0,8687***x 0,9676 0,9759 100 y=-43,0781***+0,9361***x 0,986 y=-45,7978***+0,9828***x-0,0006*x² 0,9883 200 y=-29,1157***+0,6605***x 0,9607 y=-22,4028*+0,4489**x+0,0010*x² 0,9685 400 y=-22,9262***+0,6240***x+0,0006*x² 0,9908 -1 REGRESSÃO R² 0 y=-18,1689***+0,5588***x+0,0009***x² 0,9935 100 y=-19,6183*+0,5070***x+0,0013***x² 0,9831 200 y=-27,5183***+0,6677***x+0,0003*x² 0,9979 400 y=-41,7999***+1,0063***x-0,0008*x² 0,9777 Figura1. Altura da variedade de cana-de-açúcar RB92579 aos 60, 125, 180, 210 e 270 dias após o plantio (DAP), em três níveis de N, 0 (A), 60 (B) e 120 (C) kg ha-1, sob diferentes doses de Mo (0, 100, 200, 400 g ha-1). A C B COMPRIMENTO N 0: Kg/ha-1 Mo g ha 0 100 200 400 -1 REGRESSÃO R² y=27,1945**+0,8509***x-0,0018***x² 0,7678 y=28,3498**+0,6625***x-0,0012**x² 0,8072 y=24,5849*+0,8226***x-0,0016***x² y=1,2155+1,0795***x+0,0024***x² Mo g ha 0,8436 0,8973 -1 COMPRIMENTO N 60 Kgha REGRESSÃO -1 Mo g ha R² -1 COMPRIMENTO N 120 Kgha REGRESSÃO -1 R² 0 y=32,2031*+0,9147***x-0,0021***x² 0,8281 0 y=46,1806***+0,6449***x-0,0012**x² 0,8047 100 y=24,0786***+0,8734***x-0,0017***x² 0,8471 100 y=37,1156**+0,6999***x-0,0011**x² 0,8383 y=36,6139**+0,7300***x-0,0015**x² 0,714 y=43,3525***+0,6217***x-0,0011**x² 0,8106 200 y=19,0095**+0,8149***x-0,0015***x² 0,9353 200 400 y=25,7719**+0,8308***x-0,0016***x² 0,8612 400 Figura 2. Comprimento da folha +1 da variedade de cana-de-açúcar RB92579 aos 60, 125, 180, 210 e 270 dias após o plantio (DAP), em três níveis de N, 0 (A), 60 (B) e 120 (C) kg ha-1, sob diferentes doses de Mo (0, 100, 200, 400 g ha-1).