o efeito da hidroterapia na redução da resistência ao

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O EFEITO DA HIDROTERAPIA NA REDUÇÃO DA RESISTÊNCIA AO MOVIMENTO EM
PACIENTE HEMIPARÉTICO ESPÁSTICO
Patrícia das Graças Santos1, Bruna Rennó Arantes1; Paulo Roberto Garcia Lucareli2
Sérgio Takeshi de Freitas3; Thais Helena de Freitas4; Mário Oliveira Lima4;
Fernanda Pupio Silva Lima4
1 Alunas
de graduação do curso de Fisioterapia - Faculdade de Ciências da Saúde - Universidade do Vale
do Paraíba
2 Docente da Univ. Estadual Paulista - UNESP - Marília; Centro Universitário São Camilo - SP, Univ.
Paulista - SP
3 Coord. do Curso de Especialização em Neurologia Funcional da UNIVAP - Docente do curso de
Fisioterapia na Unip - São José dos Campos - SP- Univ. Braz Cubas - Mogi das Cruzes - SP
4-Docentes do curso de Fisioterapia na Univap - Avenida Shishima Hifumi, 2911 - Bairro Urbanova - CEP
12244 - 000 - [email protected]
Resumo - A espasticidade é o principal fator incapacitante em pacientes hemiplégicos. Existem vários
recursos terapêuticos utilizados no tratamento da espasticidade, inclusive a hidroterapia. Neste trabalho foi
realizado um estudo de caso com um paciente com diagnóstico de AVE apresentando hemiparesia
espástica à esquerda O objetivo do trabalho foi avaliar a resistência ao movimento antes e após uma
sessão de tratamento na hidroterapia. A avaliação foi realizada no dinamômetro Isocinético no modo
passivo com velocidade angular de 120º/s antes e após a sessão de tratamento, que foi realizado em uma
única sessão de 30 minutos consistindo em relaxamento, mobilização passiva e alongamento ativoassistido. O estudo teve como resultado a diminuição de 21% da resistência dos músculos extensores do
joelho do hemicorpo comprometido. Concluiu-se que a hidroterapia foi eficaz na diminuição da
espasticidade.
Palavras-chave: Acidente Vascular Encefálico, espasticidade, hidroterapia.
Área do Conhecimento: Ciência da Saúde IV
Introdução
O acidente vascular encefálico (AVE) é definido
como de início abrupto, ou em forma de crise, de
sintomas neurológicos focais ou globais causados
por isquemia ou hemorragia no cérebro ou a sua
volta, em conseqüência de doenças de vasos
sangüíneos cerebrais (KAKIHARA NEVES, 2005).
Um paciente que apresenta AVE, possui uma
lesão no motoneurônio superior, promovendo uma
hipertonia espástica, devido a lesões das vias
supra-espinhais
inibitórias
causando
a
hiperatividade dos neurônios gama (GREVE,
1994). A redução da espasticidade é uma meta
importante
tratamento
fisioterapêutico
de
pacientes portadores de doenças neurológicas,
por interferir negativamente na função motora
(PEREIRA & ARAUJO, 2002).
A hidroterapia é um recurso muito utilizado no
tratamento da espasticidade, pois propicia aos
pacientes muitos efeitos fisiológicos e terapêuticos
derivados da imersão, da ausência da gravidade,
do calor da água aquecida e dos exercícios
realizados, promovendo uma melhora do tônus
(BECKER, 2000; HALL, 1990; SKINNER, 1985
apud OLIVEIRA et al., 2005).
Assim, essa pesquisa teve como objetivo
avaliar a resistência ao movimento de um paciente
com hemiparesia espástica, antes e após uma
sessão de tratamento na hidroterapia.
Materiais e Métodos
O trabalho foi realizado no departamento de
fisioterapia na Universidade do Vale do Paraíba Univap, no setor de Hidroterapia. A avaliação foi
realizada no Laboratório de Biodinâmica.
Foi feito um estudo piloto com o paciente T.M.,
59 anos, que há 3 anos possui diagnóstico médico
de acidente vascular encefálico com diagnóstico
fisioterapêutico de hemiparesia espástica à
esquerda, apresentando grau 1 + em flexores e
extensores de joelho, segundo a Escala de
Ashworth Modificada.
Procedimento
A avaliação foi realizada no laboratório de
biodinâmica antes e após a sessão de tratamento
e, ao término da sessão o paciente foi conduzido
ao laboratório utilizando a cadeira de rodas (para
evitar o esforço) para a reavaliação que foi
realizada imediatamente. A avaliação foi realizada
no dinamômetro isocinético da marca Biodex
System 3, o paciente permaneceu sentado e
estabilizado na cadeira do equipamento, onde o
quadril e o joelho estavam flexionados à 90º. Após
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o posicionamento do paciente, o dinamômetro foi
acionado no modo passivo, e produziu 6
movimentos de extensão da articulação do joelho,
totalizando 6 repetições, na velocidade angular de
120º/s.
Foi utilizada a piscina terapêutica com a
temperatura de 34º C para o tratamento.
O tratamento foi global, porém com maior
enfoque nos grupos musculares isquiotibiais, pois
estes foram os músculos avaliados neste trabalho.
O tratamento foi realizado em uma única sessão,
com duração de 30 minutos, consistindo em
relaxamento, mobilização passiva e alongamento
ativo-assistido.
Análise de dados
Primeiramente, os valores coletados foram
exportados para uma planilha do programa Excel,
e em seguida foram plotados os gráficos
referentes ao torque muscular nas velocidades de
120º/s. A partir de uma análise visual, foi
determinado o início e o fim de cada movimento de
extensão exercidas no modo passivo, em seguida
foi calculado o torque médio.
Após a analise de dados, a resistência ao
movimento do paciente foi comparada antes e
depois do tratamento, e a diferença foi calculada
em forma de porcentagem.
Resultados
Tendo como base a avaliação no dinamômetro
isocinético, podemos observar que após a
hidroterapia
o
paciente
apresentou
uma
diminuição de 21% à resistência ao movimento de
extensão do joelho no membro acometido, ou
seja, antes do tratamento na hidroterapia, o valor
médio da resistência ao movimento de extensão
era 2.045 e após o tratamento passou para 1.616.
Conforme podemos observar no gráfico abaixo :
Resitência ao
movimento
Avaliação passiva na velocidade 120º/s do
membro inferior esquerdo.
2500
2000
1500
1000
500
0
Antes do tratamento
Após o tratamento
Gráfico 1:Resultado da avaliação da resistência ao
movimento de extensão do joelho no membro
comprometido do paciente, no dinamômetro
isocinético na velocidade de 120º/s antes e após a
sessão de tratamento na hidroterapia.
Discussão
O estudo piloto realizado mostrou conforme
alguns relatos da literatura que a hidroterapia
promove diminuição da resistência ao movimento
em pacientes com alteração no tônus muscular,
entre esses relatos podemos citar um estudo
realizado por Brech et al. (2005) com pacientes
apresentando
espasticidade
em
membros
inferiores como seqüela de lesão medular por
meio de um questionário e de três testes de
avaliação realizados antes e após uma única
sessão de hidroterapia. Brech et al. afirmam que
houve diferença, estatisticamente significativa, nas
três
avaliações
realizadas
pós-tratamento,
sugerindo que a hidroterapia pode ser benéfica em
minimizar
a
espasticidade
em
pacientes
portadores
de
lesão
raquimedular.
Os
pesquisadores utilizaram como forma de avaliação
a Escala de Ashworth Modificada, goniometria e o
teste de abdução brusca e lenta.
Em 2005, Oliveira et al., através de uma
análise da função motora em um paciente com
AVE, relataram que a água aquecida facilita os
movimentos, quando associados às técnicas
desenvolvidas para este meio.
Outro estudo realizado foi por Kesiktas et al.
(2004), teve como objetivo avaliar os efeitos da
hidroterapia na espasticidade através da escala de
Ashworth em pacientes com lesão na medula
espinhal, e em um grupo controle que não foi
submetido ao tratamento na piscina terapêutica.
Obtiveram como resultado, uma redução da
espasticidade maior do que a do grupo controle.
As formas de avaliação do tônus muscular
citadas a cima, são formas de avaliações
subjetivas, porém neste presente estudo foi
utilizado como forma de avaliação o dinamômetro
isocinético por ser um recurso que fornece dados
fidedignos. Em 2003, Takeshi et al. compararam a
variabilidade apresentada pela escala de Ashworth
Modificada e pelo dinamômetro isocinético, em
pacientes portadores de lesão medular em nível
torácico, e em indivíduos sem disfunções
neurológicas. Tiveram como resultado que o
dinamômetro
isocinético
apresenta
menor
variabilidade comparado à escala de Ashworth
Modificada, sendo esse método mais adequado
para avaliar a espasticidade, pois é possível
padronizar a velocidade, a angulação e o
posicionamento do paciente.
No presente estudo, podemos observar a partir
dos resultados obtidos pelo dinamômetro
Isocinético, que houve uma diminuição de 21% da
resistência ao movimento de extensão de joelho
em um paciente portador de AVE com hemiparesia
espástica após uma sessão de tratamento
utilizando a piscina terapêutica com água
aquecida, em torno de 34º C. Ruoti et al. (2000)
afirmam que a tepidez neutra da água combinada
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com movimentos rítmicos lentos, rotação e
alongamento suave prolongado são capazes de
relaxar os músculos espásticos e que a
necessidade de água morna para tratar hipertonia
pode não ser tão grande quanto à necessidade de
evitar água fria, porque a água fria agrava os
estados hipertônicos.
Embora tenha sido comprovada a eficácia da
hidroterapia neste presente estudo piloto,
sugerimos a realização de uma pesquisa com um
número maior de pacientes, para avaliar como
cada um deles respondem ao tratamento, já que
existe uma carência de trabalhos clínicos na
literatura científica que forneçam resultados
fidedignos.
Conclusão
piscina aquecida. Rev. Fisioterapia Brasil. V.5,
n.6, p. 484-489, nov./dez. 2005.
- PEREIRA, A.C; ARAUJO, R.C. Estudo sobre a
eletromiografia de superfície em paciente
portadores de espasticidade. Rev. Bras.
Fisioterapia. V.6, n.3, p. 128, set./dez, 2002.
- RUOTI, R.G; COLE, A.J; MORRIS, D.M.
Reabilitação Aquática. 1. ed. São Paulo: Ed.
Manole, 2000, p. 130,149 e 172.
- TAKESHI. T. F. S. et al. Variabilidade de escala
de Ashworth Modificada e do dinamômetro
isocinético na mensuração da espasticidade. In:
Anais do III Encontro de Pós-graduação (EPG),
São José dos Campos: UniVap, 2003.
De acordo com os dados obtidos no presente
estudo, observamos que através da avaliação no
dinamômetro isocinético no modo passivo, que o
paciente submetido ao tratamento de hidroterapia
apresentou uma diminuição da resistência ao
movimento de extensão de joelho no membro
esquerdo.
Conclui-se, assim, que a hidroterapia foi efetiva
na redução da resistência ao movimento.
Referências
- BECKER B. E, 2000; HALL, J, 1990; SKINNER,
J. B, 1985: IN OLIVEIRA, M. S. R; ABRAMO, A;
MENDES, M. R. P. Acidente vascular encefálico
análise da função motora de um caso em
tratamento na piscina aquecida. Rev. Fisioterapia
Brasil. V.5, n.6, p. 484-489, nov./dez. 2005.
- BRECH, G. C; AMARAL, A. B; RESTIFFE, A. P.
Lesão raquimedular: uso da piscina terapêutica
para minimizar a espasticidade. Rev. Fisioterapia
Brasil. V.6, n.2, p. 119-123, mar./abr.2005.
- GREVE, J.A. Fisiopatologia da espasticidade.
Med Reabil, V.49, p. 141-144, 1994.
- KAKIHARA, C.T; NEVES, C.G. Avaliação do grau
de funcionalidade de pacientes que sofreram
acidente vascular encefálico antes e após
intervenção fisioterapêutica no solo e na
hidroterapia. Rev. Fisioterapia Brasil. V.6, n.5, p.
332-338, set/out 2005.
- KESIKTAS, N. et al. The Use of Hydrotherapy for
the Management of Spasticity Neurorehabilitation
and Neural Repair. p. 268-272, 2004.
- OLIVEIRA, M. S. R; ABRAMO, A; MENDES, M.
R. P. Acidente vascular encefálico análise da
função motora de um caso em tratamento na
X Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
VI Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
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