HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ A. IGREJA APOSTÓLICA Da ascensão de Cristo, 30, à morte de João, 100 A.1. PERÍODO PENTECOSTAL Da ascensão, 30, à pregação de Estevão, 35 - Começa com o Pentecoste (derramamento do Espírito Santo), em Jerusalém, 10 dias depois da ascensão, com 120 seguidores - Os membros eram judeus: hebreus, helenistas, prosélitos - Líderes: os apóstolos, principalmente Pedro e João - Doutrina: Jesus, o Messias; a ressurreição e a segunda vinda - Características: testemunho, milagres, comunhão - Defeito: falta de visão missionária A.2. EXPANSÃO Da pregação de Estevão, 35, ao Concílio de Jerusalém, 48 - Estevão: sua pregação, seu martírio Saulo: a perseguição que ajudou a expansão Filipe em Samaria, já liberto dos preconceitos judeus Pedro em Jope, onde teve a visão do lençol e Cesaréia, onde Cornélio e todos que estavam em sua casa, foram recebidos na Igreja, pelo batismo - A conversão de Paulo: de perseguidor a pregador - Antioquia: igreja onde judeus e gentios adoram juntos e são chamados pela primeira vez de cristãos. - Barnabé: aberto e liberal – aprovou e incentivou a igreja em Antioquia - A primeira viagem missionária: visita a grandes cidades na Ásia Menor – Salamina e Pafos, na ilha de Chipre; Antioquia e Icônio, na Pisídia; Listra e Derbe, na Licaônia. - O Concílio de Jerusalém: resolveu-se o problema dos judeus conservadores que queriam que os gentios seguissem as leis judaicas. A decisão foi que a lei alcançava somente os judeus e não os gentios. A salvação é pela fé em Jesus Cristo. Importância: transição de uma Igreja cristã judaica para uma Igreja de todas as raças e nações. A.3. GENTIOS Do Concílio de Jerusalém, 48, à morte de Paulo, 68 Alcance: todo o império Romano – todas as províncias às margens do mar Mediterrâneo, mais alguns países, principalmente do leste - A medida que o evangelho ganha adeptos no mundo pagão, os judeus se distanciam dele Líderes: Paulo, Pedro e Tiago - Segunda viagem missionária: Paulo e Silas – visitaram as igrejas estabelecidas na primeira viagem, foram a Trôade, nas costas do mar Egeu e depois à Europa. - igrejas estabelecidas: Filipos, Tessalônica e Beréia, na Macedônia - pequeno grupo em Atenas, forte congregação em Corinto, na Grécia - foi a Éfeso, na Ásia Menor, atravessou o Mediterrâneo até Cesaréia, de onde foi à Jerusalém, para saudar a igreja ali - Terceira viagem missionária: Paulo (com Timóteo) – visitou as igrejas da Síria e Cilícia (inclusive Tarso, cidade onde nasceu), as igrejas da primeira viagem, foi a Éfeso, na Ásia Menor, onde ficou mais de 2 anos - voltou pelo mesmo caminho, visitando todas as igrejas até chegar a Jerusalém, onde acabou preso. - Paulo ficou preso pelo menos 5 anos: um pouco em Jerusalém, 3 anos em Cesaréia e 2 anos em Roma - Quarta viagem: De Cesaréia a Roma, pregou em Sidom, Mirra, Creta e em Melita (Malta) – depois mais 4 anos de liberdade, quando deve ter visitado Colossos. Foi a Creta, onde deixou Tito responsável, e a Nicópolis, ao norte da Grécia. - Perseguição de Nero (65-68) – responsabilizou os cristãos pelo incêndio de Roma – milhares foram torturados e mortos, inclusive Pedro e Paulo. A.4. ERA SOMBRIA Do martírio de Paulo, 68, á morte de João, 100 - A queda de Jerusalém (70): de todas as províncias dominadas por Roma, a Judéia era a única rebelde e descontente – Vespasiano levou um exército até a Palestina e deixou em seu lugar, Tito, seu filho, para assumir o trono do império. Depois de longo cerco, a cidade foi tomada e destruída. Milhares de judeus foram mortos e milhares feitos escravos. A nação judaica foi destruída. - Termina a relação cristianismo-judaísmo - Perseguição de Domiciano (90-96) – milhares de cristãos foram mortos, em Roma e na Itália. João foi preso e exilado na ilha de Patmos - Situação da Igreja: - número: muitos milhões de cristãos, radicados em todas as nações e em quase todas as cidades do Tibre ao Eufrates, do mar Negro até o norte da África e possivelmente na Espanha e Inglaterra. - doutrina: ensinamentos de Paulo na carta aos romanos, Pedro e João - batismo por imersão, dia do Senhor foi se tornando domingo, a ceia era celebrada nos lares, mas o costume de levar alimentos para a reunião começou, as normas de caráter moral eram elevadas mas o nível espiritual era inferior ao dos primeiros tempos apostólicos. B. IGREJA PERSEGUIDA Da morte de João, 100, ao Edito de Constantino, 313 AS PERSEGUIÇÕES IMPERIAIS Apesar de a perseguição não ter sido contínua, repetia-se, por vezes, durante anos seguidos. Mesmo quando havia paz, podia recomeçar a qualquer momento, cada vez mais violenta. B.1. CAUSAS - O paganismo era inclusivo – o cristianismo exclusivo - A adoração de ídolos era comum – o cristianismo não aceitava - Havia a adoração ao imperador – os cristãos não concordavam - O judaísmo era reconhecido, mas o cristianismo não. Com a separação dos dois, os cristãos ficaram sem lei que os protegesse dos inimigos - As reuniões secretas dos cristãos despertavam suspeitas - A igualdade entre livres e escravos não era bem vista - Interesses econômicos B.2. FASES DA PERSEGUIÇÃO - Trajano a Antonio Pio, 98-61 Perseguição leve, os cristãos não podiam ser presos sem culpa comprovada. O espírito da época tendia a ignorar a religião cristã. - mártires: Simeão (sucessor de Tiago e irmão de Jesus) e Inácio (bispo de Antioquia da Síria) - Marco Aurélio, 161-180 Melhor dos imperadores romanos, mas grande perseguidor da igreja, por considerá-la inovadora. Queria restaurar a simplicidade da vida romana, inclusive sua religião. Milhares decapitados e devorados pelas feras. - mártires: Policarpo (bispo de Esmirna) foi queimado vivo e Justino Mártir era filósofo e escritor – seus livros ainda existem - Septímio Severo, 193-211 Perseguição terrível, principalmente no Egito e norte da África mártires: Leônidas (pai do teólogo Orígenes) foi decapitado: Perpétua (nobre de Cartago) e Felicidade (sua escrava) foram jogadas às feras. - Décio, 249-251 Depois de quase 40 anos de calma (nessa época todas as pessoas livres receberam a cidadania romana e isso ajudou os cristãos), Décio moveu terrível perseguição. - Valeriano, 253-260 Mais 50 anos de relativa calma, exceto no tempo de Valeriano mártires: Cipriano (bispo de Cartago) e Sexto (bispo de Roma) - Diocleciano, 284-305, e Galério, 305-311 Último e mais terrível período de perseguição. Determinou-se que todos os exemplares da Bíblia fossem queimados. Exigiu-se que todos renunciassem à fé, se não perderiam a cidadania. Em alguns lugares, os cristãos eram encerrados nos templos e, depois, ateavam-lhes fogo, com todos os membros em seu interior. Diocleciano erigiu um monumento com esta inscrição: “Em honra ao extermínio da superstição cristã” B.3. FORMAÇÃO DO CÂNON DO NOVO TESTAMENTO - Os escritos do Novo Testamento foram concluídos no início do século II, mas o reconhecimento como cânon não aconteceu antes do ano 300. - Livros como Hebreus, Tiago, 2 Pedro e Apocalipse eram aceitos no Oriente, mas não no Ocidente. Outros não aceitos como canônicos eram lidos no Oriente: epístola de Barnabé, Pastor de Hermas, Didaquê (ou ensino dos Doze Apóstolos) e Apocalipse de Pedro. Gradualmente os livros do NT como conhecemos hoje foram sendo reconhecidos como escrituras inspiradas e os outros sendo rejeitados pelas igrejas. B.4. ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA - No início, os apóstolos eram reconhecidos e reverenciados como líderes Espirituais. No Concílio de Jerusalém haviam apóstolos e anciãos. - Bispos e anciãos (presbíteros) eram quaisquer pessoas que serviam à igreja, mas 60 anos depois, os bispos já governavam sobre suas dioceses, tendo presbíteros e diáconos sob suas ordens. - Depois do ano 150, os concílios eram celebrados e as leis ditadas apenas pelos bispos. Por que essa mudança? - A perda de autoridade apostólica - o crescimento da igreja - as perseguições - aparecimento de seitas e heresias - influência do sistema do império romano B.5. DESENVOLVIMENTO DA DOUTRINA - Na era apostólica a fé era do coração, uma entrega pessoal da vontade a Cristo como Senhor e Rei. Agora a fé passou a ser do intelecto com ênfase à forma de crença e não à vida espiritual. O Credo Apostólico foi escrito durante este período. - Três escolas teológicas: a de Alexandria (Orígenes),da Ásia Menor (grupo de mestres e escritores) e no Norte da África (Cartago), que deu forma ao pensamento teológico da Europa – Tertuliano e Cipriano. B.6. APARECIMENTO DE SEITAS E HERESIAS - Com o desenvolvimento da doutrina, também apareceram as seitas. Os judeus orientados por homens como Pedro e Paulo, a tendência ao pensamento abstrato especulativo era pequena. Mas quando a Igreja passou a ser composta em sua maioria por gregos, místicos por natureza, começaram a aparecer opiniões e teorias estranhas, que se desenvolveram rapidamente. - Os gnósticos: de Deus emanavam divindades boas e más que criaram o mundo e Jesus era uma dessas emanações que recebeu a divindade por um tempo. - Os ebionitas: judeus cristãos que insistiam na observância da lei e dos costumes judaicos. - Os Maniqueus: “O universo compõe-se do reino das trevas e do reino da luz e ambos lutam pelo domínio da natureza e do próprio homem”. Recusavam Jesus, mas criam num “Cristo celestial”. Obedeciam ao ascetismo e renunciavam ao casamento. - Montanistas: eram puritanos e exigiam que tudo voltasse à simplicidade dos primeiros cristãos. Criam o sacerdócio de todos os crentes, observavam rígida disciplina, consideravam o dom de profecia um privilégio. Na verdade, não poderiam ser incluídos como seitas, mas a Igreja condenou seus ensinos. B.7. SITUAÇÃO DA IGREJA - As perseguições mantiveram afastados todos aqueles que não eram sinceros em sua fé. Ninguém se unia a uma comunidade cristã para obter lucros ou popularidade. Os fracos abandonavam a Igreja. Somente os que estavam dispostos a ser fiéis até a morte tornavam-se publicamente seguidores de Cristo. - Unidade na doutrina, nos costumes e espírito - Organizada em dioceses, bem controlada - Multiplicação: crescimento rápido. No fim deste período a Igreja era tão numerosa que poderia se tornar a instituição mais poderosa do império. Calcula-se que fosse a décima parte da população. C. IGREJA IMPERIAL Do Edito de Constantino, 313, à queda de Roma, 476 C.1. CONSTANTINO, 312-337 - Ainda não era cristão quando teve uma visão no céu de uma cruz luminosa com a inscrição “Com este sinal, vencerás” - Em 313, promulgou o Edito de Tolerância, que pôs fim às perseguições. Somente em 323 chegou ao posto de imperador. - Promoveu a religião cristã, embora fosse tolerante com outras formas de culto; acabou com as oferendas à estátua do imperador. Conservou alguns títulos pagãos como “Pontifex Maximus”, sumo pontífice, adotado pelos papas a partir daí. - Bons resultados para a Igreja: Fim da perseguição Templos restaurados em toda parte Fim dos sacrifícios pagãos – proibidos pelos sucessores de Constantino O filho de Constantino decretou pena de morte aos adoradores de ídolos Dedicação de templos pagãos ao culto cristão Doações às igreja – o dinheiro público enriqueceu a igreja e o clero Privilégios concedidos ao clero – não pagavam impostos, eram julgados por cortes eclesiáticas e não civis, chegaram a ficar acima das leis do país – tudo isso foi bom no começo, mas depois se tornou prejuízo para a Igreja e para o estado. Proclamação do domingo como dia de descanso – as cortes não funcionavam, os militares tinham folga, mas os jogos públicos continuaram, tornando o dia mais um feriado do que dia santo. - Bons resultados para o Estado: Crucificação foi abolida Repressão do infanticídio – Era comum que a criança que não fosse do agrado do pai podia ser asfixiada ou abandonada para que morresse. Alguns recolhiam-nas e as criavam para vendê-las como escravos. Influência no tratamento dos escravos – mais da metade da população era escrava e não tinham nenhuma proteção legal. Os senhores podiam matá-los se quisessem. A influência do cristianismo tornou o tratamento mais humano, conseguiram direitos legais e aos poucos a escravidão foi abolida. Proibição dos duelos de gladiadores - Maus resultados: Todo mundo virou “cristão” – todo mundo queria ser membro da Igreja; os sinceros e os que buscavam vantagens e queriam postos para obterem influência social e política. Costumes pagãos foram introduzidos na Igreja – os cultos se tornaram bonitos mas sem espiritualidade; algumas festas pagãs foram aceitas com outros nomes. Por volta do ano 405, as imagens dos santos e mártires começaram a aparecer. A adoração à Virgem Maria substituiu a adoração a Vênus e Diana. A ceia se tornou um sacrifício em lugar de um memorial. A Igreja tornou-se mundana – a humildade e santidade da igreja primitiva se tornou em ambição, orgulho e arrogância de seus membros. Males pela união da Igreja com o Estado – No Oriente o Estado dominava tanto a Igreja que ela perdeu totalmente o poder que possuía. No Ocidente, a Igreja usurpou o poder secular – estabeleceu-se uma hierarquia que dominava, fazendo da Igreja uma máquina política. C.2. FUNDAÇÃO DE CONSTANTINOPLA, 330 Roma estava intimamente ligada à adoração pagã, era cheia de templos e estátuas e o povo inclinado aos costumes pagãos. Além disso, sua localização, em meio a planícies, deixava-a exposta aos inimigos. A mudança da capital do império deu motivo a grandes acontecimentos para a Igreja e para o Estado. - A Igreja de Santa Sofia: Vários templos foram construídos, o principal deles, pela sua exuberância, foi Santa Sofia. Durante séculos foi considerada a catedral do cristianismo, mas quando a cidade foi conquistada pelos turcos, foi transformada em mesquita. C.3. DIVISÃO DO IMPÉRIO ROMANO Logo depois da fundação da nova capital, o império foi dividido em oriental, denominado grego, e ocidental, chamado latino. Essa divisão foi um presságio da futura divisão da igreja. C.4. CONTROVÉRSIAS E CONCÍLIOS Na época da perseguição a Igreja se manteve unida, mas quando se viu no poder, começaram os debates doutrinários que abalaram seus fundamentos. Para resolver essas questões realizavam-se concílios em que somente os bispos podiam votar; clérigos e leigos tinham que se submeter Arianismo - a doutrina da Trindade Ário (presbítero de Alexandria) defendia que Jesus era superior à natureza humana, mas inferior a Deus. Ele não era eterno, teve início. Atanásio (diácono de Alexandria) afirmava a unidade do Filho e do Pai, a divindade de Cristo e sua existência eterna. Um concílio resolveu a questão condenando o Arianismo, embora Atanásio não tivesse direito a voto e Ário fosse politicamente poderoso. A heresia Apolinária – A natureza de Cristo Apolinário (bispo de Laodicéia) declarou que a natureza divina tomou o lugar da humana em Cristo. Ele era Deus em forma humana. A maioria defendia que Jesus era a união de Deus e homem, divindade e humanidade numa só natureza. O pelagianismo – o pecado e a salvação Pelágio (monge da Bretanha que foi para Roma) – não herdamos as tendências pecaminosas de Adão, mas escolhemos pecar ou não. Agostinho (maior intelecto do cristianismo depois de Paulo) – foi contra o pelagianismo: Adão representava toda raça humana, em seu pecado todos pecaram e se tornaram pecadores. O homem não aceita a salvação unicamente por sua escolha, mas pela vontade de Deus. O Concílio de Cartago resolveu a questão e a teologia de Agostinho se tornou regra ortodoxa da Igreja. C.5. O MONASTICISMO Na igreja primitiva, não havia monges e freiras. Com a entrada do mundanismo na Igreja com seus costumes, muitos que queriam uma vida espiritual mais elevada se afastaram das multidões. Antão, 320 – Viveu muitos anos numa caverna no Egito; sua vida de asceta chamou atenção e milhares começaram a imitá-lo. Foram chamados de “anacoretas”. Outros viviam em comunidades e eram chamados de “cenobitas”. Santos das colunas – iniciado por Simeão Estilita (monge sírio). Construiu pilares em fila, um mais alto do que o outro e viveu neles 37 anos. Muitos o imitaram na Síria mas a idéia não pegou na Europa. Europa – o movimento se espalhou mais lentamente, onde foram fundados mosteiros onde trabalho e oração estavam juntos. C.6. DESENVOLVIMENTO DO PODER NA IGREJA DE ROMA A semelhança da Igreja com o império, como organização, fortalecia tendência à nomeação de um cabeça com poderes absolutos. Os bispos governavam as igrejas; quem governaria os bispos? Em alguns lugares os bispos eram chamados “patriarcas”; em Roma o bispo tomou o título de “pai” (mais tarde consagrado pela palavra latina “papa”). Havia disputa pelo poder, principalmente entre os bispos de Roma e Constantinopla. Roma tinha dois apóstolos fundadores: Pedro e Paulo 2 textos dos Evangelhos eram citados: Mt 16:18 e Jo 21:16,17 Os bispos de Roma sempre foram mais fortes, sábios e enérgicos Roma era conservadora na doutrina e resistiu mais às heresias Em Constantinopla o imperador e a corte dominavam a igreja, em Roma não havia o imperador e havia uma reverência em toda Europa pela cidade. Além disso, já notava-se o declínio do império. No Concílio de Constantinopla, em 381, Roma se tornou a primeira. C.7. QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO DO OCIDENTE No reinado de Constantino, o império se corroeu pela decadência moral e Política, que o tornaram vulnerável aos invasores vizinhos, os bárbaros. Em menos de 140 anos o império que existiu por mil anos foi riscado do mapa. Causas da ruína: Cobiça das riquezas do império pelos bárbaros Despreparo das legiões romanas Debilidade pelas guerras civis, provocadas por pretendentes ao trono Movimento das tribos asiáticas (os hunos) que invadiam as terras dos bárbaros. Tribos invasoras: Os visigodos, os vândalos, os burgúndios, os francos, os anglo-saxões, os hunos Em 476, uma tribo de germânicos, os hérulos, apoderou-se de Roma, destronando Rômulo Augusto. Quase todas as tribos invasoras eram pagãs, menos os godos, que já tinham a Bíblia em sua língua. Praticamente todas elas tornaram-se cristãs. Mais tarde os arianos se tornaram crentes ortodoxos. O cristianismo nessa época era ainda vivo e ativo e conquistou muitas raças invasoras. Líderes importantes desse período: Atanásio (levantou-se contra Ário), Ambrósio de Milão, João Crisóstomo, Jerônimo (traduziu a Bíblia para o latim – Vulgata Latina), Agostinho (considerado o maior teólogo cristão depois de Paulo). D. IGREJA MEDIEVAL Da queda de Roma, 476, à queda de Constantinopla, 1453 D.1. CRESCIMENTO DO PODER PAPAL Se antes o papa de Roma afirmava ser “bispo universal” e chefe da Igreja, agora reclama a posição de governante de nações, acima de reis e imperadores. CRESCIMENTO Teve início com o Papa Gregório I – levou o cristianismo aos visigodos arianos da Espanha e tornou a Igreja praticamente governadora da província nas vizinhanças de Roma. Desenvolveu doutrinas como adoração de imagens, o purgatório e a transubstanciação. Foi ótimo administrador, ficou conhecido como Gregório, o Grande. Sob o governo de uma série de papas, durante alguns séculos, a autoridade o pontificado romano aumentou por várias razões: Fortalecimento da justiça – a Igreja reprimia a tirania e injustiça, protegendo os fracos e exigindo os direitos do povo. Enquanto os governantes brigavam entre si, eram fracos, a Igreja era a única instituição sólida As fraudes pias: documentos fraudulentos divulgados a fim de manter o prestígio e autoridade de Roma. - “Doação de Constantino” dizia que o imperador havia dado ao bispo de Roma, Silvestre I, autoridade suprema até sobre os imperadores - “Decretais Pseudo-Isidorianas”; eram decisões dos primeiros bispos de Roma desde os apóstolos: supremacia do papa de Roma sobre a Igreja universal, inviolabilidade dos clero em todos os aspectos – não precisavam prestar contas ao Estado. Numa época de ignorância e ausência de crítica esses documentos eram aceitos sem contestação. CULMINÂNCIA Papa Gregório VI (Hildebrando) – poder quase absoluto na Igreja e sobre as nações da Europa Reformou o clero que havia se corrompido e interrompeu a venda de posições na Igreja. Exigiu o celibato dos sacerdotes Libertou a Igreja da influência do Estado pondo fim à nomeação de papas e bispos pelos imperadores. O imperador Henrique IV teve um problema com Gregório e convocou um sínodo de bispos alemães induzindo-os a depor o papa. Gregório vingou-se com a excomunhão do imperador, que acabou se humilhando para receber o perdão papal. Assim que recuperou o poder, Henrique declarou guerra e retirou o papa de Roma. Papa Inocêncio III, foi o maior de todos em poder autocrático. Ele declarou em sua posse: “O sucessor de São Pedro ocupa uma posição intermediária entre Deus e o homem. É inferior a Deus, mas superior ao homem. É juiz de todos, mas não é julgado por ninguém”. Obrigou Filipe Augusto, rei da França, a aceitar novamente a esposa, da qual se divorciara injustamente. Excomungou o rei João I, da Inglaterra, e obrigou-o a entregar a coroa ao legado papal e recebê-la de novo como súdito do papa. DECADÊNCIA Bonifácio VIII, 1303 – embora quisesse, não conseguiu manter o poder como antes. Proibiu o rei da Inglaterra de promulgar leis de impostos sobre as propriedades da Igreja e dos sacerdotes, mas foi obrigado a recuar. Teve problemas com Filipe, da França, que declarou guerra contra ele e acabou encarcerando-o. “Cativeiro babilônico”, 1305-1377 – por ordem do rei da França a sede do papado foi transferida de Roma para Avignon, no sul da França. Em 1377, o papa Gregório XI voltou a Roma. Concílio de Constança,1414 – foi realizado para decidir as reclamações de 4 papas existentes. Todos foram depostos e escolheu-se um novo papa. D.2. O APARECIMENTO DO PODER ISLÂMICO O movimento começado por Maomé, no século VII, foi tomando, uma após outra, as nações dos imperadores gregos que reinavam em Constantinopla. Os primeiros crentes em Maomé eram árabes guerreiros ferozes e tinham determinação de conquistar tudo. Acreditavam estar cumprindo a vontade de Deus e qualquer que morresse na luta, seria recompensado imediatamente com o paraíso de prazer sensual. Encontraram um povo de natureza pacífica, submissa e débil dos Grecoasiáticos. Sua doutrina era simples em contraste com a complexidade da teologia cristã que se havia desenvolvido. Se opunham às imagens e à idolatria que já se havia espalhado pelos países cristãos (os deuses gregos cederam à Virgem Maria e aos santos). Promoveram a literatura e a ciência (ex. a numeração arábica). D.3. O SACRO IMPÉRIO ROMANO Século X ao XIX – união de territórios da Europa Central sob a autoridade do Sacro Imperador Romano. Embora Carlos Magno seja considerado o primeiro Sacro Imperador Romano, a linha contínua de imperadores começou apenas com Oto o Grande em 962. O último imperador foi Francisco II, que abdicou e dissolveu o Império em 1806 durante as Guerras Napoleônicas. A partir do século XV, este estado era conhecido oficialmente como o Sacro Império Romano da Nação Germânica. A extensão territorial do Império variou durante sua história, mas no seu ápice englobou os territórios dos modernos estados da Alemanha, Áustria, Suíça, Liechtenstein, Luxemburgo, República Tcheca, Eslovênia, Bélgica, Países Baixos e grande parte da Polônia, França e Itália. Na maior parte da sua história, o Império consistiu de centenas de pequenos reinos, principados, ducados, condados e cidades livres imperiais e não incluiu a cidade de Roma; recebeu este nome em homenagem às glórias e ao poder que o Império Romano deteve em quase todo o continente europeu. D.4. A DIVISÃO DAS IGREJAS LATINA E GREGA Formalizou-se no século XI, embora já existisse muito antes. Uma excomungou a outra. Causas: Diferenças doutrinárias: latinos – o Espírito Santo procede do Pai e do Filho; gregos: O Espírito Santo procede somente do Pai. Diferenças cerimoniais: Igreja Ocidental: celibato, imagens, hóstia. Igreja Oriental: casamento, quadros, pão. Causa política: independência da Europa de Constantinopla, com o estabelecimento do Sacro Império Romano. Contínua reclamação de Roma de ser dominante e seu papa o bispo universal. D.5. AS CRUZADAS , 1095-1270 Movimento sob inspiração e mandado da Igreja. Iniciado com o propósito de libertar a terra santa do domínio dos muçulmanos. Foram um fracasso, pois seus líderes estavam sempre em desacordo, cada um interessado mais em seus propósitos pessoais do que na causa comum. Lutavam contra um povo unido, valente, valoroso na guerra, sempre com comando firme. O povo da terra santa foi praticamente escravizado pelos cruzados, mais ainda do que pelos muçulmanos, por isso se alegraram com a volta deles As principais foram em número de sete: 1. 1095-1099 – Pedro, o eremita (fracassou), Godofredo de Bouillon (277 mil guerreiros) conseguiu tomar Jerusalém e quase toda a Palestina) 2. 1147-1149 – Luís VII (França), Conrado III (Alemanha)- convocada pela ameaça dos sarracenos que conquistaram províncias perto de Jerusalém e ameaçavam tomar a cidade. Não recuperaram o território perdido, mas adiaram a tomada da cidade até 1187, por Saladino (serracenos). 3. 1188-1192 – Frederico (imperador), Filipe Augusto (França) e Ricardo I (Inglaterra) – Falharam em reconquistar Jerusalém, mas 4. 5. 6. 7. conseguiram um tratado para que os cristãos pudessem visitar o Santo Sepulcro. 1201-1204 – Os cruzados perderam o foco principal e fizeram guerra à Constantinopla, conquistando-a. 1288 – Frederico II, apesar de excomungado pelo papa, conseguiu um tratado em que Jerusalém, Belém, Haifa e Nazaré eram cedidas aos cristãos. Jerusalém foi novamente tomada pelos maometanos em 1244 1248-1254 – Luís IX (canonizado mais tarde como São Luís) conseguiu algumas vitórias na Palestina, mas fracassou e foi preso. Acabou sendo resgatado por elevada soma e voltou à França. 1270-1272 – Luís IX e príncipe Eduardo (Inglaterra) D.6. O MONASTICISMO No Oriente os ascetas viviam sozinhos em cavernas, cabanas ou colunas. No Ocidente formavam comunidades. Com o crescimento desses grupos, houve a necessidade de organização e assim surgiram quatro ordens: 1. Beneditinos, 529 – fundada por São Bento, na Itália – trabalhavam no campo, ensinavam muitos ofícios ao povo. 2. Cistercienses, 1098 – São Roberto e São Bernardo – deu ênfase às artes, arquitetura e especialmente à literatura. 3. Franciscanos, 1209 – São Francisco – espalhou-se por toda Europa e se tornou a maior delas – foram missionários entre os bárbaros. São Patrício levou o evangelho à Irlanda. 4. Dominicanos,1215 – São Domingos – também espalhou-se por toda Europa e eram pregadores. Dependiam de esmolas para viverem, assim como os franciscanos. Todas estas ordens foram formadas com nobres propósitos, por homens e mulheres que se sacrificaram por elas. A influência delas em parte foi boa e em parte má. Entre os benefícios: Tornaram-se centros de paz, em tempos de guerra As pessoas em perigo encontravam abrigo Hospedavam viajantes, enfermos e pobres (os hotéis e hospitais se originaram desses mosteiros) Desenvolveram a agricultura A literatura da época foi praticamente escrita pelos monges. Eles copiavam e guardavam livros. Tornaram-se os únicos professores na época. Escolas e Universidades surgiram deles. O Evangelho foi levado a muitos pelo seu trabalho missionário Alguns males do monasticismo: Exaltação do celibato Efeitos sobre a vida social e nacional Luxúria e imoralidade Obtenção de contribuições por meio de extorsão D.7. INÍCIO DA REFORMA RELIGIOSA Cinco grandes movimentos de reforma surgiram, mas foram violentamente reprimidos: 1. Albigenses, 1170 – os “puritanos” no sul da França rejeitavam a autoridade da tradição, não aceitavam o purgatório, a adoração de imagens e distribuíam Novos Testamentos. Não aceitavam o Velho Testamento. O papa Inocêncio III levantou uma cruzada contra eles e mandou matar quase toda população da região. 2. Valdenses, 1170 – Pedro Valdo fundou uma ordem de evangelistas viajavam pela França ganhando adeptos. Liam, explicavam e distribuíam as escrituras. Foram perseguidos e expulsos da França. 3. John Wycliff, 1329-1384 – educado em Oxford, levantou-se contra o poder de Roma, recusando-se a aceitar a autoridade do papa. Atacava o sistema monástico, a transubstanciação e traduziu a Bíblia para o inglês. 4. John Huss, 1369-1415 – Reitor na Universidade de Praga, pregava o mesmo que Wycliff e a libertação da autoridade papal. Foi excomungado e Praga ficou sob censura eclesiática durante sua permanência ali. Ficou escondido durante bom tempo, mas acabou queimado como herege. 5. Jerônimo Savonarola, 1452-1498 – prior do Mosteiro de São Marcos, pregava contra os males sociais, eclesiásticos e políticos numa catedral abarrotada de gente sedenta. Foi ditador em Florença durante muito tempo e efetuou muita mudança ali, mas acabou sendo excomungado, preso, enforcado e queimado na praça de Florença. D.8. A QUEDA DE CONSTANTINOPLA, 1453 Marcou linha divisória entre a Idade Média e os tempos modernos. Os turcos foram conquistando uma a uma as províncias do império. Constantinopla foi a última cidade a cair. A igreja de Santa Sofia foi transformada em mesquita e a cidade se tornou a capital turca até 1920 (foi para Ancara depois da 1ª guerra). E. IGREJA REFORMADA Da queda de Constantinopla, 1453, ao fim da Guerra dos Trinta Anos, 1648 E.1. FATOS QUE CONDUZIRAM À REFORMA A RENASCENÇA Na Idade Média tudo era relacionado com a religião. Os principais pensadores e escritores eram homens pertencentes à Igreja. Na Renascença surgiu um novo interesse pela literatura clássica, pelo grego e latim, pelas artes, totalmente separado da religião. Não foi um movimento anti-religioso, mas cético e investigador. Até os papas destacavam-se mais por sua cultura do que por sua fé. Na Alemanha, Inglaterra, França, havia novo interesse pelas escrituras, levando-os a investigar os verdadeiros fundamentos da fé, independentes dos dogmas de Roma. A INVENÇÃO DA IMPRENSA , GUTEMBERG, 1406 Foi um arauto e aliado da Reforma. Antes um livro tinha que ser copiado e levava muito tempo para ficar pronto. A imprensa possibilitou o uso comum das Escrituras. Quem lia a Bíblia logo descobria que a igreja papal estava muito longe da Igreja dos primeiros tempos. É significativo que o primeiro livro impresso tenha sido a Bíblia. Logo havia traduções dela em várias línguas da Europa. O ESPÍRITO NACIONALISTA O patriotismo dos povos começou a manifestar-se contrário à autoridade estrangeira sobre suas igrejas. O povo já não se conformava com as contribuições para sustentar o papa e a construção de majestosos templos em Roma. E.2. A REFORMA NA ALEMANHA Martinho Lutero, monge e professor na Universidade de Wittemberg. VENDA DE INDULGÊNCIAS Para custear as obras da Basílica de São Pedro, o papa Leão X, precisava de enormes quantias, que resolveu conseguir, vendendo bulas, assinadas por ele, que diziam perdoar os pecados da pessoa e também de amigos e parentes mortos ou vivos. John Tetzel, seu enviado, dizia: “Tão depressa vosso dinheiro caia no cofre, a alma de vossos amigos subirá do purgatório para o céu”. AS TESES DE LUTERO Em 31 de outubro de 1517, Lutero afixou na porta da Catedral de Wittemberg, suas teses, quase todas ligadas à venda de indulgências, que em sua aplicação, atacava a autoridade do papa e do sacerdócio. A QUEIMA DA BULA PAPAL Folhetos foram publicados com as opiniões de Lutero e seus ensinos foram então condenados. Leão X o excomungou através de uma bula e pediu que fosse Lutero fosse entregue para ser julgado e castigado. Lutero queimou essa bula, classificando-a de “bula execrável do anticristo”, junto com outras leis estabelecidas por autoridades romanas. ASSEMBLÉIA (DIETA) DE WORMS Lutero foi chamado pelo imperador Carlos V para o Conselho Supremo do governo alemão para retratar-se s e se desculpar, o que Lutero se negou a fazer. Terminou com a frase: “Aqui estou. Não posso fazer outra coisa. Que Deus me ajude. Amém”. CASTELO DE WARTBURG Lutero ficou escondido por um ano, enquanto guerras e revoltas aconteciam no império. Foi quando traduziu o Novo Testamento para o alemão, obra que é considerada o fundamento do alemão escrito. Voltou a Wittemberg a tempo de evitar excessos no movimento. O NOME PROTESTANTE Divisão entre os Estados alemães: norte, que aderiu aos reformados e sul, aderiu à Roma. Uma dieta foi convocada com o objetivo de reconciliar as partes. Nela, os católicos, que tinham maioria, condenaram as doutrinas de Lutero e proibiram o ensino delas onde dominassem os católicos, mas onde os luteranos estavam, os católicos poderiam exercer livremente sua religião. Os luteranos protestaram contra essa lei e assim ficaram conhecidos como protestantes. E.3. A REFORMA EM OUTROS PAÍSES Enquanto a Reforma iniciava na Alemanha, os mesmo espírito se levantou em muitos países da Europa. No sul, como na Itália e Espanha, foi sufocada impiedosamente . Na França e nos Países Baixos, havia incertezas. No norte, a reforma venceu a oposição romana e acabou dominando. Suíça – surgiu na mesma época, mas, independente da Alemanha, com Ulrico Zwinglio. Seu avanço foi prejudicado por uma guerra civil entre católicos e protestantes, na qual Zwinglio morreu. Seu avanço foi retomado com João Calvino, maior teólogo da igreja depois de Agostinho. Escandinávia – A Dinamarca, Suécia e Noruega receberam prontamente os ensinos de Lutero. França – Havia mais liberdade, não se sentia necessidade de independência eclesiástica de Roma. Mesmo assim, surgiu ali um movimento antes do que na Alemanha com Jacques Lefèvre. A reforma sofreu duro golpe com o massacre da Noite de São Bartolomeu, quando quase todos os líderes e milhares de adeptos foram assassinados. Países Baixos – Bélgica e Holanda estavam sob o domínio da Espanha. Receberam a Reforma, que, para eles, era um clamor de liberdade religiosa e política. Após Bélgica continuou católica. Inglaterra – Avanços e retrocessos por causa das diferentes atitudes dos reis e do espírito conservador dos ingleses. - John Tyndale traduziu o Novo Testamento para o inglês (foi martirizado) - Thomas Cranmer, arcebispo de Cantuária, ajudou muito a Reforma avançar. Ele fundou a igreja da Inglaterra. Retratou-se no reinado de Maria Tudor, católica, perseguiu a Reforma, mas depois de ser condenado a morrer queimado, revogou a retratação. - O rei Henrique VIII ajudou e prejudicou a Reforma. Fundou uma igreja católica inglesa, porque o papa não quis sancionar seu divórcio com a rainha Catarina. Os que não concordavam com suas idéias eram condenados à morte, católicos ou protestantes. - Sob o reinado da rainha Elizabeth, o protestantismo se firmou completamente. Escócia – Sob o governo do cardeal Beaton e da rainha Maria de Guise, a Reforma avançou lentamente. Mas depois, com John Knox, determinado e cheio de energia, levou a igreja Presbiteriana a ser a igreja da Escócia. E.4. OS PRINCÍPIOS DA REFORMA 1. Religião bíblica: a autoridade da Bíblia foi restaurada, pois tinha sido substituída pela autoridade da Igreja que era infalível. Foi colocada na mão do povo, pois sua leitura havia sido proibida e não havia traduções na língua do povo. 2. Religião racional: Doutrinas como a transubstanciação, a venda de indulgências, a adoração de imagens foram consideradas irracionais. A razão é um dom divino e as revelações devem estar subordinadas a ela. 3. Religião pessoal: as pessoas não podiam ir a Deus diretamente; dependiam dos sacerdotes, dos santos para isso. Deus estava distante. A reforma eliminou essas barreiras. 4. Religião espiritual: As formalidades e cerimoniais haviam tirado a simplicidade do Evangelho. A adoração era externa. A salvação pela fé foi enfatizada novamente. 5. Religião nacional: Existência de uma igreja nacional, independente da igreja mundial. E.5. A CONTRA-REFORMA Tentou-se fazer uma reforma dentro da igreja católica romana através do Concílio de Trento, composto de todos os bispos e abades, durante quase 20 anos. Alguma coisa foi mudada, mas a separação entre católicos e protestantes não teve fim. Os Jesuítas – ordem fundada por Inácio de Loyola para combater o protestantismo. A ordem tornou-se tão poderosa que teve oposição até de países católicos, sendo proibida por um tempo. Acabou se tornando até hoje, uma das forças mais ativas para divulgar a igreja católica em todo o mundo. Alcançou os países da América do Sul, México e Canadá. Perseguição – Houve muitas mortes de ambos os lados, muitas vezes motivadas mais por motivos políticos do que religiosos. Na Espanha criou-se a Inquisição, que torturou e queimou milhares de pessoas. Nos países baixos também havia pena de morte para os hereges, na França houve a noite de São Bartolomeu. Calcula-se que morreram de 20 a 70 mil pessoas. A perseguição não só retardou o avanço da Reforma, como, em alguns lugares a extinguiu completamente, como na Boêmia e Espanha. Guerra dos Trinta Anos – 100 anos depois da Reforma, iniciou-se na Alemanha, uma guerra envolvendo quase todas as nações da Europa. O tratado de paz de Wastfália foi assinado em 1648, fixando os limites dos Estados católicos e protestantes, que duram até hoje. IGREJA MODERNA Do fim da Guerra dos Trinta Anos, 1648, ao século XX Movimentos que influenciaram países e regiões protestantes como Inglaterra, Alemanha Setentrional e América do Norte: F.1. O MOVIMENTO PURITANO Depois da Reforma apareceram 3 grupos diferentes na igreja inglesa: os romanistas (queriam nova união com Roma), os anglicanos (satisfeitos com as reformas moderadas) e os puritanos, grupo protestante radical que queria uma igreja nos moldes da Escócia e Genebra. Os puritanos também estavam divididos: os que queriam a forma presbiteriana e os congregacionais (separatistas), que queriam uma forma mais independente para os grupos locais. Após a revolução de 1688, os puritanos foram considerados dissidentes da igreja da Inglaterra. Os puritanos deram origem às igrejas presbiteriana, congregacional e batista. F.2. O AVIVAMENTO WESLEYANO Na primeira metade do século XVIII a igreja da Inglaterra, a presbiteriana e a congregacional entraram em decadência. Cultos formais, crença intelectual, nenhum poder moral sobre o povo. O despertamento veio com Charles e John Wesley e George Whitefield, pregadores poderosos do “testemunho do Espirito” como conhecimento pessoal e interior. John fundou sociedades dos que aceitavam seus ensinamentos e pregadores leigos levavam essa mensagem na Grã-Bretanha e nas colônias americanas. Não pretendiam se separar da igreja da Inglaterra, mas depois de muita oposição, organizou uma igreja independente, os metodistas. F.3. O MOVIMENTO RACIONALISTA O fato da Reforma ter estabelecido o direito de juízo independente da autoridade sacerdotal, era inevitável que aparecessem movimentos como o racionalista: defesa de uma interpretação racional da Bíblia. Johann Semler, 1725-1791: a Bíblia devia ser julgada com a mesma crítica a outros escritos antigos, desacreditou dos milagres, Jesus não era divino. O racionalismo dominou as universidades alemãs e sua influência chegou à Inglaterra e América do Norte. Três líderes mudaram o pensamento racionalista para ortodoxo: Schleiermacher (considerado o maior teólogo do século XIX), Neander e Tholuk. Os ensinos do racionalismo fizeram despertar um novo espírito de investigação e fizeram muitos teólogos e intérpretes da Bíblia aparecerem para defendê-la. Em vez de prejudicar o cristianismo, o racionalismo acabou contribuindo para aumentar a sua força. F.4. O MOVIMENTO ANGLO-CATÓLICO Surgiu em 1875, na universidade de Oxford, e pretendia separar a igreja da Inglaterra do protestantismo e restaurar as doutrinas e práticas dos primeiros séculos, quando a igreja era uma só e não necessitava de reformas. Os principais líderes foram: John Henry Newman (pregava na igreja de Santa Maria, Oxford), Eduardo B. Pusey e John Keble. O movimento tinha o espírito de desacreditar a Reforma e Newman acabou por ingressar na igreja católica romana, o que causou um certo choque mas não deteve a corrente anglo-católica. F.5. O MOVIMENTO MISSIONÁRIO MODERNO Do período apostólico até o século X, o cristianismo foi ativo na obra missionária. Nos primeiros 4 séculos a Igreja converteu o império romano; depois conquistaram os bárbaros. Após o século X, os papas e imperadores estavam ocupados disputando poder. A Reforma estava interessada em purificar e reorganizar a Igreja, antes de expandi-la. Nos últimos anos da Reforma, o esforço missionário foi maior dos católicos com os jesuítas. Os morávios – enviaram, em 1732, Hans Egede à Groenlândia. Também trabalharam entre os índios da América do Norte, os negros das Antilhas e nos países orientais. Proporcionalmente ao pequeno número de membros em seu país, nenhuma outra denominação sustentou tantas missões. Em 1835, o regente Diogo Antônio Feijó pediu ao Marquês de Barbacena, que estava em Londres, que providenciasse o envio de dois grupos de missionários morávios para o Brasil, para trabalhar na educação dos indígenas. O projeto não vingou pela forte oposição da igreja católica. F.6. AS MISSÕES ESTRANGEIRAS INGLESAS William Carey, era sapateiro, tornou-se ministro da igreja batista. Mesmo tendo forte oposição, insistiu em enviar missionários ao mundo pagão. Um sermão famoso seu foi a causa da organização da Sociedade Missionária Batista e de seu envio para a Índia. Foi impedido de entrar pela Companhia Inglesa das Índias Orientais que governava a Índia, mas acabou indo para uma colônia dinamarquesa perto de Calcutá. Em 1810, os ingleses inauguraram duas capelas no Rio de Janeiro e logo depois a Sociedade Bíblica Britânica passou a enviar Bíblias para o Brasil. Robert Kalley, médico escocês, tornou-se amigo de D. Pedo II e fez um trabalho marcante, que converteu pessoas de todos os níveis, inclusive pessoas influentes da nobreza. A partir de seu trabalho, em 1861, o Conselho de Estado da monarquia brasileira aprovou lei que reconhecia, para efeitos civis, os casamentos celebrados nas igrejas protestantes. F.5. AS MISSÕES ESTRANGEIRAS NORTE AMERICANAS Surgiu na famosa “reunião de oração”, no colégio Williams, em Massachusett, em 1811, com um grupo de estudantes. Uma forte tempestade desabou sobre o local e eles se refugiaram num depósito de feno, onde consagraram sua vida à obra de Cristo no mundo pagão. A Junta Americana de Comissionados para Missões Estrangeira foi formada e era inicialmente interdenominacional. Ela enviou 2 missinários para a Índia e 2 para o extremo oriente. Outras igrejas formaram suas próprias sociedades. O rev. Kidder, metodista, foi o grande desbravador das missões no Brasil, com seu trabalho de difusão da Bíblia na tradução de Figueiredo, que era autorizada pela igreja católica. Teve apoio do regente Feijó, que era padre. Ashbel Green Simonton, presbiteriano, chegou ao Brasil em 1859. José Manuel da Conceição, padre, foi batizado e com seu prestígio e espírito missionário, fez o protestantismo criar raízes no Brasil. F.7. A IGREJA NO SÉCULO XX 1. Questões sociais Na Primeira Guerra, considerou superficialmente como uma “guerra santa”; tomou sua missão de misericórdia, colaborou no recrutamento de soldados, abençoando os que morriam em combate. Na Segunda Guerra, aliou-se conscientemente aos contrários à luta armada, orou pelos irmãos envolvidos em ambos os lados, engajou-se em atos de misericórdia e colaborou na reconstrução dos países após a guerra. Problemas raciais: A igreja norte americana ajudou na conquista de uma certa integração, agindo como uma consciência viva da nação. Embora enfrentando grandes dificuldades, algumas vitórias foram conseguidas na área da educação, moradia, oportunidades de trabalho. Justiça social: A Igreja colaborou na afirmação de princípios que serviram de orientação à consciência dos líderes. 2. Desagregação causada pelo Liberalismo Liberalismo: cristianismo secular ou humanista – o homem não seria pecador e poderia encontrar uma maneira de conviver bem, através de uma ação ética. Apoiava-se na teoria evolução e na crítica à Bíblia, que continha a palavra de Deus. Surgimento de um evangelicalismo mais positivo com escolas como a de Moody, Wheaton e seminários como Fuller e Dallas, compromissados com a doutrina evangélica, ação social e proclamação do evangelho com Billy Graham. A Bíblia é a palavra de Deus. Neo-ortodoxia – admitiam a universalidade do pecado e a necessidade de um confronto do homem a prestar contas a Deus, que poderia purificá-lo. A Bíblia se torna a palavra de Deus pela ação do Espírito Santo. Catolicismo romano: Até 1958 (Pio XI e XII) forte oposição ao comunismo. Com João XXIII e Paulo VI, pregação anti-comunismo moderada e coexistência e cooperação limitada em países como a Polônia. Atitude também cooperadora com os protestantes e ortodoxos. João XXIII quis atualizar a igreja católica, a missa passou a ser rezada no idioma de cada local, permitiu aos fiéis a leitura da Bíblia, teve mais diálogo com as outras religiões, mas não afetou qualquer dogma ou política geral da igreja. 3. Ecumenismo Tendência à reunião de todas as igrejas resultou em cooperação interdenominacional, como a Sociedade Bíblica Americana, a Mocidade para Cristo e outros grupos. A igreja metodista nos EUA, formada pelos do norte e do sul Igreja Unida do Canadá: reunião de alguns grupos de metodistas, presbiterianos e congregacionais. Confederações de grupos parecidos como a Conferência Anglicana de Lamberth ou de diferentes denominações como o Conselho Nacional de Igrejas, em Amsterdã. 4. Igreja nos Estados Unidos Atualmente com inúmeras denominações, é considerado o país de maior contingente evangélico no mundo e de maior influência e participação na obra missionária. Católicos – os primeiros conquistadores e colonizadores vinham de países católicos como Espanha, Portugal e França. A partir de 1845, houve . uma grande imigração vinda da Europa, principalmente da Irlanda, Alemanha e Itália. Protestante Episcopal – A igreja da Inglaterra foi a primeira igreja protestante a estabelecer-se. Depois vieram as igrejas: Congregacionais (ingleses radicais que estavam exilados na Holanda), Reformadas (holandeses em Nova Iorque e alemães), Batistas (tiveram origem na Suiça, logo depois da Reforma, espalhando-se pela Alemanha, Inglaterra e Holanda). Tornou-se uma das maiores igrejas no país, Sociedade dos Amigos (Quacres), nunca se chamou de igreja, surgiu na Inglaterra e foi a que mais se distanciou do governo da Igreja Luteranos – organizada depois da Reforma na Alemanha e países escandinavos. Veio com os holandeses. Presbiterianos – Vieram com os escoceses, irlandeses e do movimento puritano na Inglaterra Metodistas – iniciou com dois pregadores irlandeses e depois ingleses Irmãos Unidos – surgiu nos EUA, com dois pregadores alemães Discípulos de Cristo ou Igreja Cristã – surgiu nos EUA, depois de um avivamento, através de um presbiteriano Unitários e Ciência Cristã (são consideradas heresias) 5. O EVANGELHO NO BRASIL Várias tentativas de evangelização aconteceram desde 1555. Os huguenotes tiveram os primeiros mártires em 1558. Os holandeses, no curto tempo de sua ocupação em alguns pontos do país, iniciaram alguns movimentos de evangelização. Robert Kalley, médico escocês, iniciou o trabalho em 1855, seguido de algumas famílias convertidas na Ilha da Madeira por seu trabalho missionário. Ele fundou a Igreja Evangélica Fluminense, segundo a ordem congregacional. A.G.Simonton, foi o primeiro presbiteriano a iniciar a pregação em português, em 1859 A conversão do sacerdote católico José Manuel da Conceição, deu grande impulso ao trabalho evangélico nessa época. Em 1876, os metodistas conseguiram se estabelecer, depois de várias tentativas.