HISTORIA_DA_IGREJA_CRISTA

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HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ
A. IGREJA APOSTÓLICA
Da ascensão de Cristo, 30, à morte de João, 100
A.1. PERÍODO PENTECOSTAL
Da ascensão, 30, à pregação de Estevão, 35
- Começa com o Pentecoste (derramamento do Espírito Santo), em
Jerusalém, 10 dias depois da ascensão, com 120 seguidores
- Os membros eram judeus: hebreus, helenistas, prosélitos
- Líderes: os apóstolos, principalmente Pedro e João
- Doutrina: Jesus, o Messias; a ressurreição e a segunda vinda
- Características: testemunho, milagres, comunhão
- Defeito: falta de visão missionária
A.2. EXPANSÃO
Da pregação de Estevão, 35, ao Concílio de Jerusalém, 48
-
Estevão: sua pregação, seu martírio
Saulo: a perseguição que ajudou a expansão
Filipe em Samaria, já liberto dos preconceitos judeus
Pedro em Jope, onde teve a visão do lençol e Cesaréia, onde Cornélio e
todos que estavam em sua casa, foram recebidos na Igreja, pelo batismo
- A conversão de Paulo: de perseguidor a pregador
- Antioquia: igreja onde judeus e gentios adoram juntos e são chamados
pela primeira vez de cristãos.
- Barnabé: aberto e liberal – aprovou e incentivou a igreja em Antioquia
- A primeira viagem missionária: visita a grandes cidades na Ásia Menor –
Salamina e Pafos, na ilha de Chipre; Antioquia e Icônio, na Pisídia; Listra e
Derbe, na Licaônia.
- O Concílio de Jerusalém: resolveu-se o problema dos judeus
conservadores que queriam que os gentios seguissem as leis judaicas.
A decisão foi que a lei alcançava somente os judeus e não os gentios. A
salvação é pela fé em Jesus Cristo.
Importância: transição de uma Igreja cristã judaica para uma Igreja de
todas as raças e nações.
A.3. GENTIOS
Do Concílio de Jerusalém, 48, à morte de Paulo, 68
Alcance: todo o império Romano – todas as províncias às margens do mar
Mediterrâneo, mais alguns países, principalmente do leste
- A medida que o evangelho ganha adeptos no mundo pagão, os judeus
se distanciam dele
Líderes: Paulo, Pedro e Tiago
- Segunda viagem missionária: Paulo e Silas – visitaram as igrejas
estabelecidas na primeira viagem, foram a Trôade, nas costas do mar Egeu
e depois à Europa.
- igrejas estabelecidas: Filipos, Tessalônica e Beréia, na Macedônia
- pequeno grupo em Atenas, forte congregação em Corinto, na Grécia
- foi a Éfeso, na Ásia Menor, atravessou o Mediterrâneo até Cesaréia, de
onde foi à Jerusalém, para saudar a igreja ali
- Terceira viagem missionária: Paulo (com Timóteo) – visitou as igrejas da
Síria e Cilícia (inclusive Tarso, cidade onde nasceu), as igrejas da primeira
viagem, foi a Éfeso, na Ásia Menor, onde ficou mais de 2 anos
- voltou pelo mesmo caminho, visitando todas as igrejas até chegar a
Jerusalém, onde acabou preso.
- Paulo ficou preso pelo menos 5 anos: um pouco em Jerusalém, 3 anos
em Cesaréia e 2 anos em Roma
- Quarta viagem: De Cesaréia a Roma, pregou em Sidom, Mirra, Creta e em
Melita (Malta) – depois mais 4 anos de liberdade, quando deve ter visitado
Colossos. Foi a Creta, onde deixou Tito responsável, e a Nicópolis, ao norte
da Grécia.
- Perseguição de Nero (65-68) – responsabilizou os cristãos pelo incêndio de
Roma – milhares foram torturados e mortos, inclusive Pedro e Paulo.
A.4. ERA SOMBRIA
Do martírio de Paulo, 68, á morte de João, 100
- A queda de Jerusalém (70): de todas as províncias dominadas por Roma, a
Judéia era a única rebelde e descontente – Vespasiano levou um exército
até a Palestina e deixou em seu lugar, Tito, seu filho, para assumir o trono
do império. Depois de longo cerco, a cidade foi tomada e destruída.
Milhares de judeus foram mortos e milhares feitos escravos. A nação
judaica foi destruída.
- Termina a relação cristianismo-judaísmo
- Perseguição de Domiciano (90-96) – milhares de cristãos foram mortos,
em Roma e na Itália. João foi preso e exilado na ilha de Patmos
- Situação da Igreja:
- número: muitos milhões de cristãos, radicados em todas as nações e em
quase todas as cidades do Tibre ao Eufrates, do mar Negro até o norte
da África e possivelmente na Espanha e Inglaterra.
- doutrina: ensinamentos de Paulo na carta aos romanos, Pedro e João
- batismo por imersão, dia do Senhor foi se tornando domingo, a ceia era
celebrada nos lares, mas o costume de levar alimentos para a reunião
começou, as normas de caráter moral eram elevadas mas o nível
espiritual era inferior ao dos primeiros tempos apostólicos.
B. IGREJA PERSEGUIDA
Da morte de João, 100, ao Edito de Constantino, 313
AS PERSEGUIÇÕES IMPERIAIS
Apesar de a perseguição não ter sido contínua, repetia-se, por vezes,
durante anos seguidos. Mesmo quando havia paz, podia recomeçar a
qualquer momento, cada vez mais violenta.
B.1. CAUSAS
- O paganismo era inclusivo – o cristianismo exclusivo
- A adoração de ídolos era comum – o cristianismo não aceitava
- Havia a adoração ao imperador – os cristãos não concordavam
- O judaísmo era reconhecido, mas o cristianismo não. Com a separação dos
dois, os cristãos ficaram sem lei que os protegesse dos inimigos
- As reuniões secretas dos cristãos despertavam suspeitas
- A igualdade entre livres e escravos não era bem vista
- Interesses econômicos
B.2. FASES DA PERSEGUIÇÃO
- Trajano a Antonio Pio, 98-61
Perseguição leve, os cristãos não podiam ser presos sem culpa
comprovada. O espírito da época tendia a ignorar a religião cristã.
- mártires: Simeão (sucessor de Tiago e irmão de Jesus) e Inácio (bispo de
Antioquia da Síria)
- Marco Aurélio, 161-180
Melhor dos imperadores romanos, mas grande perseguidor da igreja, por
considerá-la inovadora. Queria restaurar a simplicidade da vida romana,
inclusive sua religião. Milhares decapitados e devorados pelas feras.
- mártires: Policarpo (bispo de Esmirna) foi queimado vivo e Justino Mártir
era filósofo e escritor – seus livros ainda existem
- Septímio Severo, 193-211
Perseguição terrível, principalmente no Egito e norte da África
mártires: Leônidas (pai do teólogo Orígenes) foi decapitado: Perpétua
(nobre de Cartago) e Felicidade (sua escrava) foram jogadas às feras.
- Décio, 249-251
Depois de quase 40 anos de calma (nessa época todas as pessoas livres
receberam a cidadania romana e isso ajudou os cristãos), Décio moveu
terrível perseguição.
- Valeriano, 253-260
Mais 50 anos de relativa calma, exceto no tempo de Valeriano
mártires: Cipriano (bispo de Cartago) e Sexto (bispo de Roma)
- Diocleciano, 284-305, e Galério, 305-311
Último e mais terrível período de perseguição. Determinou-se que todos os
exemplares da Bíblia fossem queimados. Exigiu-se que todos renunciassem
à fé, se não perderiam a cidadania.
Em alguns lugares, os cristãos eram encerrados nos templos e, depois,
ateavam-lhes fogo, com todos os membros em seu interior.
Diocleciano erigiu um monumento com esta inscrição: “Em honra ao
extermínio da superstição cristã”
B.3. FORMAÇÃO DO CÂNON DO NOVO TESTAMENTO
- Os escritos do Novo Testamento foram concluídos no início do século II,
mas o reconhecimento como cânon não aconteceu antes do ano 300.
- Livros como Hebreus, Tiago, 2 Pedro e Apocalipse eram aceitos no
Oriente, mas não no Ocidente. Outros não aceitos como canônicos eram
lidos no Oriente: epístola de Barnabé, Pastor de Hermas, Didaquê (ou
ensino dos Doze Apóstolos) e Apocalipse de Pedro.
Gradualmente os livros do NT como conhecemos hoje foram sendo
reconhecidos como escrituras inspiradas e os outros sendo rejeitados pelas
igrejas.
B.4. ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA
- No início, os apóstolos eram reconhecidos e reverenciados como líderes
Espirituais. No Concílio de Jerusalém haviam apóstolos e anciãos.
- Bispos e anciãos (presbíteros) eram quaisquer pessoas que serviam à
igreja, mas 60 anos depois, os bispos já governavam sobre suas dioceses,
tendo presbíteros e diáconos sob suas ordens.
- Depois do ano 150, os concílios eram celebrados e as leis ditadas apenas
pelos bispos. Por que essa mudança?
- A perda de autoridade apostólica
- o crescimento da igreja
- as perseguições
- aparecimento de seitas e heresias
- influência do sistema do império romano
B.5. DESENVOLVIMENTO DA DOUTRINA
- Na era apostólica a fé era do coração, uma entrega pessoal da vontade a
Cristo como Senhor e Rei. Agora a fé passou a ser do intelecto com ênfase
à forma de crença e não à vida espiritual. O Credo Apostólico foi escrito
durante este período.
- Três escolas teológicas: a de Alexandria (Orígenes),da Ásia Menor (grupo
de mestres e escritores) e no Norte da África (Cartago), que deu forma ao
pensamento teológico da Europa – Tertuliano e Cipriano.
B.6. APARECIMENTO DE SEITAS E HERESIAS
- Com o desenvolvimento da doutrina, também apareceram as seitas. Os
judeus orientados por homens como Pedro e Paulo, a tendência ao
pensamento abstrato especulativo era pequena. Mas quando a Igreja
passou a ser composta em sua maioria por gregos, místicos por natureza,
começaram a aparecer opiniões e teorias estranhas, que se desenvolveram
rapidamente.
- Os gnósticos: de Deus emanavam divindades boas e más que criaram o
mundo e Jesus era uma dessas emanações que recebeu a divindade por
um tempo.
- Os ebionitas: judeus cristãos que insistiam na observância da lei e dos
costumes judaicos.
- Os Maniqueus: “O universo compõe-se do reino das trevas e do reino da
luz e ambos lutam pelo domínio da natureza e do próprio homem”.
Recusavam Jesus, mas criam num “Cristo celestial”. Obedeciam ao
ascetismo e renunciavam ao casamento.
- Montanistas: eram puritanos e exigiam que tudo voltasse à simplicidade
dos primeiros cristãos. Criam o sacerdócio de todos os crentes,
observavam rígida disciplina, consideravam o dom de profecia um
privilégio. Na verdade, não poderiam ser incluídos como seitas, mas a
Igreja condenou seus ensinos.
B.7. SITUAÇÃO DA IGREJA
- As perseguições mantiveram afastados todos aqueles que não eram
sinceros em sua fé. Ninguém se unia a uma comunidade cristã para obter
lucros ou popularidade. Os fracos abandonavam a Igreja. Somente os que
estavam dispostos a ser fiéis até a morte tornavam-se publicamente
seguidores de Cristo.
- Unidade na doutrina, nos costumes e espírito
- Organizada em dioceses, bem controlada
- Multiplicação: crescimento rápido. No fim deste período a Igreja era tão
numerosa que poderia se tornar a instituição mais poderosa do império.
Calcula-se que fosse a décima parte da população.
C. IGREJA IMPERIAL
Do Edito de Constantino, 313, à queda de Roma, 476
C.1. CONSTANTINO, 312-337
- Ainda não era cristão quando teve uma visão no céu de uma cruz
luminosa com a inscrição “Com este sinal, vencerás”
- Em 313, promulgou o Edito de Tolerância, que pôs fim às perseguições.
Somente em 323 chegou ao posto de imperador.
- Promoveu a religião cristã, embora fosse tolerante com outras formas de
culto; acabou com as oferendas à estátua do imperador. Conservou
alguns títulos pagãos como “Pontifex Maximus”, sumo pontífice, adotado
pelos papas a partir daí.
- Bons resultados para a Igreja:
 Fim da perseguição
 Templos restaurados em toda parte
 Fim dos sacrifícios pagãos – proibidos pelos sucessores de Constantino
O filho de Constantino decretou pena de morte aos adoradores de ídolos
 Dedicação de templos pagãos ao culto cristão
 Doações às igreja – o dinheiro público enriqueceu a igreja e o clero
 Privilégios concedidos ao clero – não pagavam impostos, eram julgados
por cortes eclesiáticas e não civis, chegaram a ficar acima das leis do
país – tudo isso foi bom no começo, mas depois se tornou prejuízo para
a Igreja e para o estado.
 Proclamação do domingo como dia de descanso – as cortes não
funcionavam, os militares tinham folga, mas os jogos públicos
continuaram, tornando o dia mais um feriado do que dia santo.
- Bons resultados para o Estado:
 Crucificação foi abolida
 Repressão do infanticídio – Era comum que a criança que não fosse do
agrado do pai podia ser asfixiada ou abandonada para que morresse.
Alguns recolhiam-nas e as criavam para vendê-las como escravos.
 Influência no tratamento dos escravos – mais da metade da população
era escrava e não tinham nenhuma proteção legal. Os senhores podiam
matá-los se quisessem. A influência do cristianismo tornou o tratamento
mais humano, conseguiram direitos legais e aos poucos a escravidão foi
abolida.
 Proibição dos duelos de gladiadores
- Maus resultados:
 Todo mundo virou “cristão” – todo mundo queria ser membro da Igreja;
os sinceros e os que buscavam vantagens e queriam postos para
obterem influência social e política.
 Costumes pagãos foram introduzidos na Igreja – os cultos se tornaram
bonitos mas sem espiritualidade; algumas festas pagãs foram aceitas
com outros nomes. Por volta do ano 405, as imagens dos santos e
mártires começaram a aparecer. A adoração à Virgem Maria substituiu a
adoração a Vênus e Diana. A ceia se tornou um sacrifício em lugar de
um memorial.
 A Igreja tornou-se mundana – a humildade e santidade da igreja
primitiva se tornou em ambição, orgulho e arrogância de seus membros.
 Males pela união da Igreja com o Estado – No Oriente o Estado
dominava tanto a Igreja que ela perdeu totalmente o poder que possuía.
No Ocidente, a Igreja usurpou o poder secular – estabeleceu-se uma
hierarquia que dominava, fazendo da Igreja uma máquina política.
C.2. FUNDAÇÃO DE CONSTANTINOPLA, 330
Roma estava intimamente ligada à adoração pagã, era cheia de templos
e estátuas e o povo inclinado aos costumes pagãos. Além disso, sua
localização, em meio a planícies, deixava-a exposta aos inimigos. A
mudança da capital do império deu motivo a grandes acontecimentos
para a Igreja e para o Estado.
- A Igreja de Santa Sofia: Vários templos foram construídos, o principal
deles, pela sua exuberância, foi Santa Sofia. Durante séculos foi
considerada a catedral do cristianismo, mas quando a cidade foi
conquistada pelos turcos, foi transformada em mesquita.
C.3. DIVISÃO DO IMPÉRIO ROMANO
Logo depois da fundação da nova capital, o império foi dividido em
oriental, denominado grego, e ocidental, chamado latino. Essa divisão foi
um presságio da futura divisão da igreja.
C.4. CONTROVÉRSIAS E CONCÍLIOS
Na época da perseguição a Igreja se manteve unida, mas quando se viu
no poder, começaram os debates doutrinários que abalaram seus
fundamentos. Para resolver essas questões realizavam-se concílios em que
somente os bispos podiam votar; clérigos e leigos tinham que se submeter
 Arianismo - a doutrina da Trindade
Ário (presbítero de Alexandria) defendia que Jesus era superior à
natureza humana, mas inferior a Deus. Ele não era eterno, teve início.
Atanásio (diácono de Alexandria) afirmava a unidade do Filho e do Pai,
a divindade de Cristo e sua existência eterna.
Um concílio resolveu a questão condenando o Arianismo, embora
Atanásio não tivesse direito a voto e Ário fosse politicamente poderoso.
 A heresia Apolinária – A natureza de Cristo
Apolinário (bispo de Laodicéia) declarou que a natureza divina tomou o
lugar da humana em Cristo. Ele era Deus em forma humana. A maioria
defendia que Jesus era a união de Deus e homem, divindade e
humanidade numa só natureza.
 O pelagianismo – o pecado e a salvação
Pelágio (monge da Bretanha que foi para Roma) – não herdamos as
tendências pecaminosas de Adão, mas escolhemos pecar ou não.
Agostinho (maior intelecto do cristianismo depois de Paulo) – foi contra o
pelagianismo: Adão representava toda raça humana, em seu pecado
todos pecaram e se tornaram pecadores. O homem não aceita a
salvação unicamente por sua escolha, mas pela vontade de Deus.
O Concílio de Cartago resolveu a questão e a teologia de Agostinho se
tornou regra ortodoxa da Igreja.
C.5. O MONASTICISMO
Na igreja primitiva, não havia monges e freiras. Com a entrada do
mundanismo na Igreja com seus costumes, muitos que queriam uma vida
espiritual mais elevada se afastaram das multidões.
 Antão, 320 – Viveu muitos anos numa caverna no Egito; sua vida de
asceta chamou atenção e milhares começaram a imitá-lo. Foram
chamados de “anacoretas”. Outros viviam em comunidades e eram
chamados de “cenobitas”.
 Santos das colunas – iniciado por Simeão Estilita (monge sírio). Construiu
pilares em fila, um mais alto do que o outro e viveu neles 37 anos.
Muitos o imitaram na Síria mas a idéia não pegou na Europa.
 Europa – o movimento se espalhou mais lentamente, onde foram
fundados mosteiros onde trabalho e oração estavam juntos.
C.6. DESENVOLVIMENTO DO PODER NA IGREJA DE ROMA
A semelhança da Igreja com o império, como organização, fortalecia
tendência à nomeação de um cabeça com poderes absolutos. Os bispos
governavam as igrejas; quem governaria os bispos? Em alguns lugares os
bispos eram chamados “patriarcas”; em Roma o bispo tomou o título de
“pai” (mais tarde consagrado pela palavra latina “papa”). Havia disputa
pelo poder, principalmente entre os bispos de Roma e Constantinopla.
 Roma tinha dois apóstolos fundadores: Pedro e Paulo
 2 textos dos Evangelhos eram citados: Mt 16:18 e Jo 21:16,17
 Os bispos de Roma sempre foram mais fortes, sábios e enérgicos
 Roma era conservadora na doutrina e resistiu mais às heresias
 Em Constantinopla o imperador e a corte dominavam a igreja, em Roma
não havia o imperador e havia uma reverência em toda Europa pela
cidade. Além disso, já notava-se o declínio do império.
 No Concílio de Constantinopla, em 381, Roma se tornou a primeira.
C.7. QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO DO OCIDENTE
No reinado de Constantino, o império se corroeu pela decadência moral e
Política, que o tornaram vulnerável aos invasores vizinhos, os bárbaros. Em
menos de 140 anos o império que existiu por mil anos foi riscado do mapa.
Causas da ruína:
 Cobiça das riquezas do império pelos bárbaros
 Despreparo das legiões romanas
 Debilidade pelas guerras civis, provocadas por pretendentes ao trono
 Movimento das tribos asiáticas (os hunos) que invadiam as terras dos
bárbaros.
 Tribos invasoras: Os visigodos, os vândalos, os burgúndios, os francos,
os anglo-saxões, os hunos
 Em 476, uma tribo de germânicos, os hérulos, apoderou-se de Roma,
destronando Rômulo Augusto.
 Quase todas as tribos invasoras eram pagãs, menos os godos, que já
tinham a Bíblia em sua língua. Praticamente todas elas tornaram-se
cristãs. Mais tarde os arianos se tornaram crentes ortodoxos.
 O cristianismo nessa época era ainda vivo e ativo e conquistou muitas
raças invasoras.
 Líderes importantes desse período: Atanásio (levantou-se contra Ário),
Ambrósio de Milão, João Crisóstomo, Jerônimo (traduziu a Bíblia para o
latim – Vulgata Latina), Agostinho (considerado o maior teólogo cristão
depois de Paulo).
D. IGREJA MEDIEVAL
Da queda de Roma, 476, à queda de Constantinopla, 1453
D.1. CRESCIMENTO DO PODER PAPAL
Se antes o papa de Roma afirmava ser “bispo universal” e chefe da Igreja,
agora reclama a posição de governante de nações, acima de reis e
imperadores.

CRESCIMENTO
 Teve início com o Papa Gregório I – levou o cristianismo aos visigodos
arianos da Espanha e tornou a Igreja praticamente governadora da
província nas vizinhanças de Roma. Desenvolveu doutrinas como adoração
de imagens, o purgatório e a transubstanciação. Foi ótimo administrador,
ficou conhecido como Gregório, o Grande.
 Sob o governo de uma série de papas, durante alguns séculos, a autoridade
o pontificado romano aumentou por várias razões:
 Fortalecimento da justiça – a Igreja reprimia a tirania e injustiça,
protegendo os fracos e exigindo os direitos do povo.
 Enquanto os governantes brigavam entre si, eram fracos, a Igreja era
a única instituição sólida
 As fraudes pias: documentos fraudulentos divulgados a fim de
manter o prestígio e autoridade de Roma.
- “Doação de Constantino” dizia que o imperador havia dado ao bispo
de Roma, Silvestre I, autoridade suprema até sobre os imperadores
- “Decretais Pseudo-Isidorianas”; eram decisões dos primeiros bispos
de Roma desde os apóstolos: supremacia do papa de Roma sobre a
Igreja universal, inviolabilidade dos clero em todos os aspectos – não
precisavam prestar contas ao Estado.
Numa época de ignorância e ausência de crítica esses documentos
eram aceitos sem contestação.
 CULMINÂNCIA
 Papa Gregório VI (Hildebrando) – poder quase absoluto na Igreja e sobre as
nações da Europa
 Reformou o clero que havia se corrompido e interrompeu a venda de
posições na Igreja.
 Exigiu o celibato dos sacerdotes
 Libertou a Igreja da influência do Estado pondo fim à nomeação de papas e
bispos pelos imperadores.
 O imperador Henrique IV teve um problema com Gregório e
convocou um sínodo de bispos alemães induzindo-os a depor o papa.
Gregório vingou-se com a excomunhão do imperador, que acabou se
humilhando para receber o perdão papal. Assim que recuperou o
poder, Henrique declarou guerra e retirou o papa de Roma.
 Papa Inocêncio III, foi o maior de todos em poder autocrático. Ele declarou
em sua posse: “O sucessor de São Pedro ocupa uma posição intermediária
entre Deus e o homem. É inferior a Deus, mas superior ao homem. É juiz de
todos, mas não é julgado por ninguém”.
 Obrigou Filipe Augusto, rei da França, a aceitar novamente a esposa,
da qual se divorciara injustamente.
 Excomungou o rei João I, da Inglaterra, e obrigou-o a entregar a
coroa ao legado papal e recebê-la de novo como súdito do papa.
 DECADÊNCIA
 Bonifácio VIII, 1303 – embora quisesse, não conseguiu manter o poder
como antes. Proibiu o rei da Inglaterra de promulgar leis de impostos sobre
as propriedades da Igreja e dos sacerdotes, mas foi obrigado a recuar. Teve
problemas com Filipe, da França, que declarou guerra contra ele e acabou
encarcerando-o.
 “Cativeiro babilônico”, 1305-1377 – por ordem do rei da França a sede do
papado foi transferida de Roma para Avignon, no sul da França. Em 1377, o
papa Gregório XI voltou a Roma.
 Concílio de Constança,1414 – foi realizado para decidir as reclamações de 4
papas existentes. Todos foram depostos e escolheu-se um novo papa.
D.2. O APARECIMENTO DO PODER ISLÂMICO
O movimento começado por Maomé, no século VII, foi tomando, uma após
outra, as nações dos imperadores gregos que reinavam em Constantinopla.
 Os primeiros crentes em Maomé eram árabes guerreiros ferozes e tinham
determinação de conquistar tudo. Acreditavam estar cumprindo a vontade
de Deus e qualquer que morresse na luta, seria recompensado
imediatamente com o paraíso de prazer sensual.
 Encontraram um povo de natureza pacífica, submissa e débil dos Grecoasiáticos.
 Sua doutrina era simples em contraste com a complexidade da teologia
cristã que se havia desenvolvido.
 Se opunham às imagens e à idolatria que já se havia espalhado pelos países
cristãos (os deuses gregos cederam à Virgem Maria e aos santos).
 Promoveram a literatura e a ciência (ex. a numeração arábica).
D.3. O SACRO IMPÉRIO ROMANO
Século X ao XIX – união de territórios da Europa Central sob a autoridade do
Sacro Imperador Romano. Embora Carlos Magno seja considerado o primeiro
Sacro Imperador Romano, a linha contínua de imperadores começou apenas
com Oto o Grande em 962. O último imperador foi Francisco II, que abdicou e
dissolveu o Império em 1806 durante as Guerras Napoleônicas. A partir do
século XV, este estado era conhecido oficialmente como o Sacro Império
Romano da Nação Germânica.
 A extensão territorial do Império variou durante sua história, mas no seu
ápice englobou os territórios dos modernos estados da Alemanha, Áustria,
Suíça, Liechtenstein, Luxemburgo, República Tcheca, Eslovênia, Bélgica,
Países Baixos e grande parte da Polônia, França e Itália.
 Na maior parte da sua história, o Império consistiu de centenas de
pequenos reinos, principados, ducados, condados e cidades livres imperiais
e não incluiu a cidade de Roma; recebeu este nome em homenagem às
glórias e ao poder que o Império Romano deteve em quase todo o
continente europeu.
D.4. A DIVISÃO DAS IGREJAS LATINA E GREGA
Formalizou-se no século XI, embora já existisse muito antes. Uma excomungou
a outra. Causas:
 Diferenças doutrinárias: latinos – o Espírito Santo procede do Pai e do Filho;
gregos: O Espírito Santo procede somente do Pai.
 Diferenças cerimoniais: Igreja Ocidental: celibato, imagens, hóstia.
Igreja Oriental: casamento, quadros, pão.
 Causa política: independência da Europa de Constantinopla, com o
estabelecimento do Sacro Império Romano.
 Contínua reclamação de Roma de ser dominante e seu papa o bispo
universal.
D.5. AS CRUZADAS , 1095-1270
Movimento sob inspiração e mandado da Igreja. Iniciado com o propósito de
libertar a terra santa do domínio dos muçulmanos.
 Foram um fracasso, pois seus líderes estavam sempre em desacordo,
cada um interessado mais em seus propósitos pessoais do que na causa
comum.
 Lutavam contra um povo unido, valente, valoroso na guerra, sempre
com comando firme.
 O povo da terra santa foi praticamente escravizado pelos cruzados, mais
ainda do que pelos muçulmanos, por isso se alegraram com a volta deles
As principais foram em número de sete:
1. 1095-1099 – Pedro, o eremita (fracassou),
Godofredo de Bouillon (277 mil guerreiros) conseguiu tomar
Jerusalém e quase toda a Palestina)
2. 1147-1149 – Luís VII (França), Conrado III (Alemanha)- convocada
pela ameaça dos sarracenos que conquistaram províncias perto de
Jerusalém e ameaçavam tomar a cidade. Não recuperaram o
território perdido, mas adiaram a tomada da cidade até 1187, por
Saladino (serracenos).
3. 1188-1192 – Frederico (imperador), Filipe Augusto (França) e
Ricardo I (Inglaterra) – Falharam em reconquistar Jerusalém, mas
4.
5.
6.
7.
conseguiram um tratado para que os cristãos pudessem visitar o
Santo Sepulcro.
1201-1204 – Os cruzados perderam o foco principal e fizeram guerra
à Constantinopla, conquistando-a.
1288 – Frederico II, apesar de excomungado pelo papa, conseguiu
um tratado em que Jerusalém, Belém, Haifa e Nazaré eram cedidas
aos cristãos. Jerusalém foi novamente tomada pelos maometanos
em 1244
1248-1254 – Luís IX (canonizado mais tarde como São Luís)
conseguiu algumas vitórias na Palestina, mas fracassou e foi preso.
Acabou sendo resgatado por elevada soma e voltou à França.
1270-1272 – Luís IX e príncipe Eduardo (Inglaterra)
D.6. O MONASTICISMO
No Oriente os ascetas viviam sozinhos em cavernas, cabanas ou colunas. No
Ocidente formavam comunidades. Com o crescimento desses grupos, houve a
necessidade de organização e assim surgiram quatro ordens:
1. Beneditinos, 529 – fundada por São Bento, na Itália – trabalhavam no
campo, ensinavam muitos ofícios ao povo.
2. Cistercienses, 1098 – São Roberto e São Bernardo – deu ênfase às artes,
arquitetura e especialmente à literatura.
3. Franciscanos, 1209 – São Francisco – espalhou-se por toda Europa e se
tornou a maior delas – foram missionários entre os bárbaros. São
Patrício levou o evangelho à Irlanda.
4. Dominicanos,1215 – São Domingos – também espalhou-se por toda
Europa e eram pregadores. Dependiam de esmolas para viverem, assim
como os franciscanos.
Todas estas ordens foram formadas com nobres propósitos, por homens e
mulheres que se sacrificaram por elas. A influência delas em parte foi boa e em
parte má. Entre os benefícios:
 Tornaram-se centros de paz, em tempos de guerra
 As pessoas em perigo encontravam abrigo
 Hospedavam viajantes, enfermos e pobres (os hotéis e hospitais se
originaram desses mosteiros)
 Desenvolveram a agricultura
 A literatura da época foi praticamente escrita pelos monges. Eles
copiavam e guardavam livros. Tornaram-se os únicos professores na
época. Escolas e Universidades surgiram deles.
 O Evangelho foi levado a muitos pelo seu trabalho missionário
Alguns males do monasticismo:
 Exaltação do celibato
 Efeitos sobre a vida social e nacional
 Luxúria e imoralidade
 Obtenção de contribuições por meio de extorsão
D.7. INÍCIO DA REFORMA RELIGIOSA
Cinco grandes movimentos de reforma surgiram, mas foram violentamente
reprimidos:
1. Albigenses, 1170 – os “puritanos” no sul da França
rejeitavam a autoridade da tradição, não aceitavam o purgatório, a
adoração de imagens e distribuíam Novos Testamentos. Não aceitavam o
Velho Testamento. O papa Inocêncio III levantou uma cruzada contra
eles e mandou matar quase toda população da região.
2. Valdenses, 1170 – Pedro Valdo fundou uma ordem de evangelistas
viajavam pela França ganhando adeptos. Liam, explicavam e distribuíam
as escrituras. Foram perseguidos e expulsos da França.
3. John Wycliff, 1329-1384 – educado em Oxford, levantou-se contra o
poder de Roma, recusando-se a aceitar a autoridade do papa. Atacava o
sistema monástico, a transubstanciação e traduziu a Bíblia para o inglês.
4. John Huss, 1369-1415 – Reitor na Universidade de Praga, pregava o
mesmo que Wycliff e a libertação da autoridade papal. Foi excomungado
e Praga ficou sob censura eclesiática durante sua permanência ali. Ficou
escondido durante bom tempo, mas acabou queimado como herege.
5. Jerônimo Savonarola, 1452-1498 – prior do Mosteiro de São Marcos,
pregava contra os males sociais, eclesiásticos e políticos numa catedral
abarrotada de gente sedenta. Foi ditador em Florença durante muito
tempo e efetuou muita mudança ali, mas acabou sendo excomungado,
preso, enforcado e queimado na praça de Florença.
D.8. A QUEDA DE CONSTANTINOPLA, 1453
Marcou linha divisória entre a Idade Média e os tempos modernos. Os turcos
foram conquistando uma a uma as províncias do império. Constantinopla foi a
última cidade a cair. A igreja de Santa Sofia foi transformada em mesquita e a
cidade se tornou a capital turca até 1920 (foi para Ancara depois da 1ª guerra).
E. IGREJA REFORMADA
Da queda de Constantinopla, 1453, ao fim da Guerra dos Trinta
Anos, 1648
E.1. FATOS QUE CONDUZIRAM À REFORMA
 A RENASCENÇA
Na Idade Média tudo era relacionado com a religião. Os principais pensadores e
escritores eram homens pertencentes à Igreja. Na Renascença surgiu um novo
interesse pela literatura clássica, pelo grego e latim, pelas artes, totalmente
separado da religião. Não foi um movimento anti-religioso, mas cético e
investigador. Até os papas destacavam-se mais por sua cultura do que por sua
fé.
Na Alemanha, Inglaterra, França, havia novo interesse pelas escrituras,
levando-os a investigar os verdadeiros fundamentos da fé, independentes dos
dogmas de Roma.

A INVENÇÃO DA IMPRENSA , GUTEMBERG, 1406
 Foi um arauto e aliado da Reforma. Antes um livro tinha que ser copiado
e levava muito tempo para ficar pronto. A imprensa possibilitou o uso
comum das Escrituras. Quem lia a Bíblia logo descobria que a igreja
papal estava muito longe da Igreja dos primeiros tempos.
 É significativo que o primeiro livro impresso tenha sido a Bíblia. Logo
havia traduções dela em várias línguas da Europa.

O ESPÍRITO NACIONALISTA
O patriotismo dos povos começou a manifestar-se contrário à autoridade
estrangeira sobre suas igrejas. O povo já não se conformava com as
contribuições para sustentar o papa e a construção de majestosos templos
em Roma.
E.2. A REFORMA NA ALEMANHA
Martinho Lutero, monge e professor na Universidade de Wittemberg.



VENDA DE INDULGÊNCIAS
Para custear as obras da Basílica de São Pedro, o papa Leão X, precisava de
enormes quantias, que resolveu conseguir, vendendo bulas, assinadas por
ele, que diziam perdoar os pecados da pessoa e também de amigos e
parentes mortos ou vivos.
John Tetzel, seu enviado, dizia: “Tão depressa vosso dinheiro caia no cofre,
a alma de vossos amigos subirá do purgatório para o céu”.
AS TESES DE LUTERO
Em 31 de outubro de 1517, Lutero afixou na porta da Catedral de
Wittemberg, suas teses, quase todas ligadas à venda de indulgências, que
em sua aplicação, atacava a autoridade do papa e do sacerdócio.
A QUEIMA DA BULA PAPAL
 Folhetos foram publicados com as opiniões de Lutero e seus ensinos
foram então condenados.
 Leão X o excomungou através de uma bula e pediu que fosse Lutero
fosse entregue para ser julgado e castigado.



 Lutero queimou essa bula, classificando-a de “bula execrável do
anticristo”, junto com outras leis estabelecidas por autoridades romanas.
ASSEMBLÉIA (DIETA) DE WORMS
 Lutero foi chamado pelo imperador Carlos V para o Conselho Supremo
do governo alemão para retratar-se s e se desculpar, o que Lutero se
negou a fazer. Terminou com a frase: “Aqui estou. Não posso fazer outra
coisa. Que Deus me ajude. Amém”.
CASTELO DE WARTBURG
 Lutero ficou escondido por um ano, enquanto guerras e revoltas
aconteciam no império. Foi quando traduziu o Novo Testamento para o
alemão, obra que é considerada o fundamento do alemão escrito.
 Voltou a Wittemberg a tempo de evitar excessos no movimento.
O NOME PROTESTANTE
 Divisão entre os Estados alemães: norte, que aderiu aos reformados e
sul, aderiu à Roma. Uma dieta foi convocada com o objetivo de
reconciliar as partes. Nela, os católicos, que tinham maioria,
condenaram as doutrinas de Lutero e proibiram o ensino delas onde
dominassem os católicos, mas onde os luteranos estavam, os católicos
poderiam exercer livremente sua religião.
 Os luteranos protestaram contra essa lei e assim ficaram conhecidos
como protestantes.
E.3. A REFORMA EM OUTROS PAÍSES
Enquanto a Reforma iniciava na Alemanha, os mesmo espírito se levantou em
muitos países da Europa. No sul, como na Itália e Espanha, foi sufocada
impiedosamente . Na França e nos Países Baixos, havia incertezas. No norte, a
reforma venceu a oposição romana e acabou dominando.
 Suíça – surgiu na mesma época, mas, independente da Alemanha, com
Ulrico Zwinglio. Seu avanço foi prejudicado por uma guerra civil entre
católicos e protestantes, na qual Zwinglio morreu. Seu avanço foi
retomado com João Calvino, maior teólogo da igreja depois de
Agostinho.
 Escandinávia – A Dinamarca, Suécia e Noruega receberam prontamente
os ensinos de Lutero.
 França – Havia mais liberdade, não se sentia necessidade de
independência eclesiástica de Roma. Mesmo assim, surgiu ali um
movimento antes do que na Alemanha com Jacques Lefèvre. A reforma
sofreu duro golpe com o massacre da Noite de São Bartolomeu, quando
quase todos os líderes e milhares de adeptos foram assassinados.
 Países Baixos – Bélgica e Holanda estavam sob o domínio da Espanha.
Receberam a Reforma, que, para eles, era um clamor de liberdade
religiosa e política. Após Bélgica continuou católica.
 Inglaterra – Avanços e retrocessos por causa das diferentes atitudes dos
reis e do espírito conservador dos ingleses.
- John Tyndale traduziu o Novo Testamento para o inglês (foi
martirizado)
- Thomas Cranmer, arcebispo de Cantuária, ajudou muito a Reforma
avançar. Ele fundou a igreja da Inglaterra. Retratou-se no reinado de
Maria Tudor, católica, perseguiu a Reforma, mas depois de ser
condenado a morrer queimado, revogou a retratação.
- O rei Henrique VIII ajudou e prejudicou a Reforma. Fundou uma igreja
católica inglesa, porque o papa não quis sancionar seu divórcio com a
rainha Catarina. Os que não concordavam com suas idéias eram
condenados à morte, católicos ou protestantes.
- Sob o reinado da rainha Elizabeth, o protestantismo se firmou
completamente.
 Escócia – Sob o governo do cardeal Beaton e da rainha Maria de Guise, a
Reforma avançou lentamente. Mas depois, com John Knox, determinado
e cheio de energia, levou a igreja Presbiteriana a ser a igreja da Escócia.
E.4. OS PRINCÍPIOS DA REFORMA
1. Religião bíblica: a autoridade da Bíblia foi restaurada, pois tinha sido
substituída pela autoridade da Igreja que era infalível. Foi colocada na
mão do povo, pois sua leitura havia sido proibida e não havia traduções
na língua do povo.
2. Religião racional: Doutrinas como a transubstanciação, a venda de
indulgências, a adoração de imagens foram consideradas irracionais. A
razão é um dom divino e as revelações devem estar subordinadas a ela.
3. Religião pessoal: as pessoas não podiam ir a Deus diretamente;
dependiam dos sacerdotes, dos santos para isso. Deus estava distante. A
reforma eliminou essas barreiras.
4. Religião espiritual: As formalidades e cerimoniais haviam tirado a
simplicidade do Evangelho. A adoração era externa. A salvação pela fé
foi enfatizada novamente.
5. Religião nacional: Existência de uma igreja nacional, independente da
igreja mundial.
E.5. A CONTRA-REFORMA
 Tentou-se fazer uma reforma dentro da igreja católica romana através
do Concílio de Trento, composto de todos os bispos e abades, durante
quase 20 anos. Alguma coisa foi mudada, mas a separação entre
católicos e protestantes não teve fim.
 Os Jesuítas – ordem fundada por Inácio de Loyola para combater o
protestantismo. A ordem tornou-se tão poderosa que teve oposição até





de países católicos, sendo proibida por um tempo. Acabou se tornando
até hoje, uma das forças mais ativas para divulgar a igreja católica em
todo o mundo. Alcançou os países da América do Sul, México e Canadá.
Perseguição – Houve muitas mortes de ambos os lados, muitas vezes
motivadas mais por motivos políticos do que religiosos.
Na Espanha criou-se a Inquisição, que torturou e queimou milhares de
pessoas. Nos países baixos também havia pena de morte para os
hereges, na França houve a noite de São Bartolomeu.
Calcula-se que morreram de 20 a 70 mil pessoas. A perseguição não só
retardou o avanço da Reforma, como, em alguns lugares a extinguiu
completamente, como na Boêmia e Espanha.
Guerra dos Trinta Anos – 100 anos depois da Reforma, iniciou-se na
Alemanha, uma guerra envolvendo quase todas as nações da Europa.
O tratado de paz de Wastfália foi assinado em 1648, fixando os limites
dos Estados católicos e protestantes, que duram até hoje.
IGREJA MODERNA
Do fim da Guerra dos Trinta Anos, 1648, ao século XX
Movimentos que influenciaram países e regiões protestantes como Inglaterra,
Alemanha Setentrional e América do Norte:
F.1. O MOVIMENTO PURITANO
Depois da Reforma apareceram 3 grupos diferentes na igreja inglesa: os
romanistas (queriam nova união com Roma), os anglicanos (satisfeitos com as
reformas moderadas) e os puritanos, grupo protestante radical que queria uma
igreja nos moldes da Escócia e Genebra.
 Os puritanos também estavam divididos: os que queriam a forma
presbiteriana e os congregacionais (separatistas), que queriam uma
forma mais independente para os grupos locais.
 Após a revolução de 1688, os puritanos foram considerados
dissidentes da igreja da Inglaterra.
 Os puritanos deram origem às igrejas presbiteriana, congregacional e
batista.
F.2. O AVIVAMENTO WESLEYANO
Na primeira metade do século XVIII a igreja da Inglaterra, a presbiteriana e a
congregacional entraram em decadência. Cultos formais, crença intelectual,
nenhum poder moral sobre o povo.
 O despertamento veio com Charles e John Wesley e George Whitefield,
pregadores poderosos do “testemunho do Espirito” como conhecimento
pessoal e interior.
 John fundou sociedades dos que aceitavam seus ensinamentos e
pregadores leigos levavam essa mensagem na Grã-Bretanha e nas
colônias americanas.
 Não pretendiam se separar da igreja da Inglaterra, mas depois de muita
oposição, organizou uma igreja independente, os metodistas.
F.3. O MOVIMENTO RACIONALISTA
O fato da Reforma ter estabelecido o direito de juízo independente da
autoridade sacerdotal, era inevitável que aparecessem movimentos como o
racionalista: defesa de uma interpretação racional da Bíblia.
 Johann Semler, 1725-1791: a Bíblia devia ser julgada com a mesma
crítica a outros escritos antigos, desacreditou dos milagres, Jesus não
era divino.
 O racionalismo dominou as universidades alemãs e sua influência chegou
à Inglaterra e América do Norte.
 Três líderes mudaram o pensamento racionalista para ortodoxo:
Schleiermacher (considerado o maior teólogo do século XIX), Neander e
Tholuk.
Os ensinos do racionalismo fizeram despertar um novo espírito de investigação
e fizeram muitos teólogos e intérpretes da Bíblia aparecerem para defendê-la.
Em vez de prejudicar o cristianismo, o racionalismo acabou contribuindo para
aumentar a sua força.
F.4. O MOVIMENTO ANGLO-CATÓLICO
Surgiu em 1875, na universidade de Oxford, e pretendia separar a igreja da
Inglaterra do protestantismo e restaurar as doutrinas e práticas dos primeiros
séculos, quando a igreja era uma só e não necessitava de reformas.
 Os principais líderes foram: John Henry Newman (pregava na igreja de
Santa Maria, Oxford), Eduardo B. Pusey e John Keble.
O movimento tinha o espírito de desacreditar a Reforma e Newman acabou por
ingressar na igreja católica romana, o que causou um certo choque mas não
deteve a corrente anglo-católica.
F.5. O MOVIMENTO MISSIONÁRIO MODERNO
Do período apostólico até o século X, o cristianismo foi ativo na obra
missionária. Nos primeiros 4 séculos a Igreja converteu o império romano;
depois conquistaram os bárbaros. Após o século X, os papas e imperadores
estavam ocupados disputando poder. A Reforma estava interessada em
purificar e reorganizar a Igreja, antes de expandi-la. Nos últimos anos da
Reforma, o esforço missionário foi maior dos católicos com os jesuítas.
 Os morávios – enviaram, em 1732, Hans Egede à Groenlândia.
 Também trabalharam entre os índios da América do Norte, os negros das
Antilhas e nos países orientais.
Proporcionalmente ao pequeno número de membros em seu país, nenhuma
outra denominação sustentou tantas missões.
 Em 1835, o regente Diogo Antônio Feijó pediu ao Marquês de Barbacena, que
estava em Londres, que providenciasse o envio de dois grupos de missionários
morávios para o Brasil, para trabalhar na educação dos indígenas. O projeto
não vingou pela forte oposição da igreja católica.
F.6. AS MISSÕES ESTRANGEIRAS INGLESAS
 William Carey, era sapateiro, tornou-se ministro da igreja batista. Mesmo
tendo forte oposição, insistiu em enviar missionários ao mundo pagão.
 Um sermão famoso seu foi a causa da organização da Sociedade
Missionária Batista e de seu envio para a Índia.
 Foi impedido de entrar pela Companhia Inglesa das Índias Orientais que
governava a Índia, mas acabou indo para uma colônia dinamarquesa
perto de Calcutá.
 Em 1810, os ingleses inauguraram duas capelas no Rio de Janeiro e logo depois
a Sociedade Bíblica Britânica passou a enviar Bíblias para o Brasil.
 Robert Kalley, médico escocês, tornou-se amigo de D. Pedo II e fez um

trabalho marcante, que converteu pessoas de todos os níveis, inclusive pessoas
influentes da nobreza.
A partir de seu trabalho, em 1861, o Conselho de Estado da monarquia
brasileira aprovou lei que reconhecia, para efeitos civis, os casamentos
celebrados nas igrejas protestantes.
F.5. AS MISSÕES ESTRANGEIRAS NORTE AMERICANAS
Surgiu na famosa “reunião de oração”, no colégio Williams, em Massachusett,
em 1811, com um grupo de estudantes. Uma forte tempestade desabou sobre
o local e eles se refugiaram num depósito de feno, onde consagraram sua vida
à obra de Cristo no mundo pagão.
 A Junta Americana de Comissionados para Missões Estrangeira foi
formada e era inicialmente interdenominacional. Ela enviou 2 missinários
para a Índia e 2 para o extremo oriente.
 Outras igrejas formaram suas próprias sociedades.
 O rev. Kidder, metodista, foi o grande desbravador das missões no Brasil,


com seu trabalho de difusão da Bíblia na tradução de Figueiredo, que era
autorizada pela igreja católica. Teve apoio do regente Feijó, que era padre.
Ashbel Green Simonton, presbiteriano, chegou ao Brasil em 1859.
José Manuel da Conceição, padre, foi batizado e com seu prestígio e
espírito missionário, fez o protestantismo criar raízes no Brasil.
F.7. A IGREJA NO SÉCULO XX
1. Questões sociais




Na Primeira Guerra, considerou superficialmente como uma “guerra santa”;
tomou sua missão de misericórdia, colaborou no recrutamento de soldados,
abençoando os que morriam em combate.
Na Segunda Guerra, aliou-se conscientemente aos contrários à luta armada,
orou pelos irmãos envolvidos em ambos os lados, engajou-se em atos de
misericórdia e colaborou na reconstrução dos países após a guerra.
Problemas raciais: A igreja norte americana ajudou na conquista de uma
certa integração, agindo como uma consciência viva da nação. Embora
enfrentando grandes dificuldades, algumas vitórias foram conseguidas na
área da educação, moradia, oportunidades de trabalho.
Justiça social: A Igreja colaborou na afirmação de princípios que serviram de
orientação à consciência dos líderes.
2. Desagregação causada pelo Liberalismo
 Liberalismo: cristianismo secular ou humanista – o homem não seria
pecador e poderia encontrar uma maneira de conviver bem, através de uma
ação ética. Apoiava-se na teoria evolução e na crítica à Bíblia, que continha
a palavra de Deus.
 Surgimento de um evangelicalismo mais positivo com escolas como a de
Moody, Wheaton e seminários como Fuller e Dallas, compromissados com a
doutrina evangélica, ação social e proclamação do evangelho com Billy
Graham. A Bíblia é a palavra de Deus.
 Neo-ortodoxia – admitiam a universalidade do pecado e a necessidade de
um confronto do homem a prestar contas a Deus, que poderia purificá-lo. A
Bíblia se torna a palavra de Deus pela ação do Espírito Santo.
 Catolicismo romano: Até 1958 (Pio XI e XII) forte oposição ao comunismo.
Com João XXIII e Paulo VI, pregação anti-comunismo moderada e
coexistência e cooperação limitada em países como a Polônia. Atitude
também cooperadora com os protestantes e ortodoxos. João XXIII quis
atualizar a igreja católica, a missa passou a ser rezada no idioma de cada
local, permitiu aos fiéis a leitura da Bíblia, teve mais diálogo com as outras
religiões, mas não afetou qualquer dogma ou política geral da igreja.
3. Ecumenismo
 Tendência à reunião de todas as igrejas resultou em cooperação
interdenominacional, como a Sociedade Bíblica Americana, a Mocidade para
Cristo e outros grupos.
 A igreja metodista nos EUA, formada pelos do norte e do sul


Igreja Unida do Canadá: reunião de alguns grupos de metodistas,
presbiterianos e congregacionais.
Confederações de grupos parecidos como a Conferência Anglicana de
Lamberth ou de diferentes denominações como o Conselho Nacional de
Igrejas, em Amsterdã.
4. Igreja nos Estados Unidos
Atualmente com inúmeras denominações, é considerado o país de maior
contingente evangélico no mundo e de maior influência e participação na obra
missionária.



Católicos – os primeiros conquistadores e colonizadores vinham de países
católicos como Espanha, Portugal e França. A partir de 1845, houve .
uma grande imigração vinda da Europa, principalmente da Irlanda,
Alemanha e Itália.
Protestante Episcopal – A igreja da Inglaterra foi a primeira igreja
protestante a estabelecer-se.
Depois vieram as igrejas:
 Congregacionais (ingleses radicais que estavam exilados na
Holanda),
 Reformadas (holandeses em Nova Iorque e alemães),
 Batistas (tiveram origem na Suiça, logo depois da Reforma,
espalhando-se pela Alemanha, Inglaterra e Holanda). Tornou-se uma
das maiores igrejas no país,
 Sociedade dos Amigos (Quacres), nunca se chamou de igreja, surgiu
na Inglaterra e foi a que mais se distanciou do governo da Igreja
 Luteranos – organizada depois da Reforma na Alemanha e países
escandinavos. Veio com os holandeses.
 Presbiterianos – Vieram com os escoceses, irlandeses e do
movimento puritano na Inglaterra
 Metodistas – iniciou com dois pregadores irlandeses e depois
ingleses
 Irmãos Unidos – surgiu nos EUA, com dois pregadores alemães
 Discípulos de Cristo ou Igreja Cristã – surgiu nos EUA, depois de um
avivamento, através de um presbiteriano
 Unitários e Ciência Cristã (são consideradas heresias)
5. O EVANGELHO NO BRASIL
 Várias tentativas de evangelização aconteceram desde 1555. Os
huguenotes tiveram os primeiros mártires em 1558.
 Os holandeses, no curto tempo de sua ocupação em alguns pontos do
país, iniciaram alguns movimentos de evangelização.
 Robert Kalley, médico escocês, iniciou o trabalho em 1855, seguido de
algumas famílias convertidas na Ilha da Madeira por seu trabalho
missionário. Ele fundou a Igreja Evangélica Fluminense, segundo a
ordem congregacional.
 A.G.Simonton, foi o primeiro presbiteriano a iniciar a pregação em
português, em 1859
 A conversão do sacerdote católico José Manuel da Conceição, deu
grande impulso ao trabalho evangélico nessa época.
 Em 1876, os metodistas conseguiram se estabelecer, depois de várias
tentativas.
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