CONTEÚDO DA 1ª PROVA ESPECÍFICA DE FILOSOFIA DO 1º BIMESTRE (3ª SÉRIE) E CONTEÚDOS DOS SLIDES DAS AULAS DE FILOSOFIA ANTIGA CONTEÚDO DA PROVA: Características da mitologia grega; Condições históricas que contribuíram para o surgimento da filosofia; Principais conceitos da filosofia cosmológica: physis, arcké, cosmologia; Distinção entre o discurso mitológico e o filosófico nascente; Finalidade última da filosofia: filosofia e felicidade; As teorias cosmológicas de Pitágoras, Heráclito e Parmênides. CONTEÚDO DOS SLIDES UTILIZADOS. ORIGEM DA FILOSOFIA: O ESPANTO A Filosofia nasce do espanto, admiração. Mundo, fenômenos da natureza: mistério, desconhecido. Ignorância diante do mundo: espanto que leva o homem a refletir. Homem cria concepções que tentam explicar o mundo: Mitos, Religiões, Ciência, Filosofia. FINALIDADE MAIOR DA FILOSOFIA: FILOSOFIA E FELICIDADE. “A filosofia é uma prática discursiva [...] que tem a vida por objeto, a razão por meio e a felicidade por fim” (COMTE-SPONVILLE, Apresentação da Filosofia, 2002, p.15). Finalidade Principal da Filosofia: Felicidade. Pensar melhor, agir melhor, viver melhor, ser mais feliz. MITO: FORMA DE EXPLICAÇÃO Há três mil anos, não havia explicações científicas para grande parte dos fenômenos da natureza ou para os acontecimentos históricos, assim, para buscar um significado para esses fatos as pessoas se utilizavam do mito como forma de explicação. MITO: vem do vocábulo grego mythos, que significa contar ou narrar algo. Mito é uma narrativa que explica através do apelo ao sobrenatural, ao divino e ao misterioso, a origem do universo, o funcionamento da natureza, o surgimento de alguma coisa (JAPIASSÚ, Dicionário Básico de Filosofia. 1996, p. 183). MITOLOGIA GREGA: CARACTERÍSTICAS, FUNÇÃO E INFLUÊNCIA Os mitos se utilizam de muita simbologia, personagens sobrenaturais, deuses e heróis. Explicações mitológicas: discurso fictício, imaginário. Principais poetas e poemas mitológicos gregos: Homero, autor de Ilíada e Odisseia; e Hesíodo, autor da Teogonia. As lendas e narrativas míticas: fruto da tradição cultural. Homero e Hesíodo registraram poeticamente lendas recolhidas das tradições dos diversos povos que sucessivamente ocuparam a Grécia desde o período arcaico (1500 a.C.). Antropomorfismo: os deuses descritos na mitologia grega apresentavam características, feições e formas humanas (traços físicos e psicológicos, sentimentais como a raiva, a inveja, amor etc.). Objetivos da mitologia: 1) transmitir tradições culturais, religiosas; 2) explicar fatos que a ciência ainda não havia explicado; 3) acomodar, tranquilizar o homem diante de um mundo ainda tão misterioso e desconhecido. Os mitos e a sociedade grega: a cultura, a religião, a educação e a formação espiritual do homem grego eram baseadas na tradição mitológica. CREDIBILIDADE DOS MITOS: Autoridade dos poetas: o mito era narrado pelo poeta escolhido por algum deus, que mostrava os acontecimentos passados e permitiam que eles vissem as origens de todos os seres e coisas para que assim pudessem transmitir aos ouvintes. Poeta: porta-voz da sabedoria dos deuses. Poemas mitológicos: frutos da revelação divina. CONDIÇÕES HISTÓRICAS QUE CONTRIBUÍRAM PARA O SURGIMENTO DA FILOSOFIA As viagens marítimas; A invenção do calendário; Vida urbana (política): valorização do discurso racional; Escravidão: permitia o ócio criativo; Comércio: intercâmbio cultural; Condições sociais, econômicas e geográficas da cidade de Mileto. NECESSIDADE DE UMA NOVA EXPLICAÇÃO: A FILOSOFIA A Filosofia: nova explicação sobre a origem, sobre a ordem do mundo, baseada em argumentos racionais. “A partir da constatação de que os mitos não eram suficientes para responder às necessidades humanas de conhecimento, surgiram as explicações filosóficas (por volta do século VII ou VI a.C.), que utilizavam a capacidade de reflexão do Homem com o objetivo de conhecer a verdade. O que a diferencia dos mitos é seu objetivo de explicar logicamente e racionalmente os fatos” (REALE, História da Filosofia: filosofia pagã antiga.1993, p. 25). NASCIMENTO DA FILOSOFIA Séc. VI a.C., em Mileto (colônia grega). 1º Filósofo: Tales de Mileto (623 – 543 a.C.). Primeiros filósofos da escola jônica: explicação do mundo natural, baseada essencialmente em causas naturais (Naturalismo). FILOSOFIA NASCENTE: COSMOLOGIA Kósmos: mundo ordenado, organizado; Lógos: conhecimento, pensamento racional, discurso racional. Cosmologia: conhecimento racional acerca da origem, da ordem do mundo ou da natureza. PRINCIPAIS CONCEITOS DA FILOSOFIA COSMOLÓGICA A physis (natureza). Objeto de investigação dos primeiros filósofos: o mundo natural. Explicar fenômenos e processos naturais a partir de causas puramente naturais. Primeiros filósofos: pré-socráticos, cosmológicos, naturalistas, filósofos da phýsis (natureza, em grego). A causalidade: nexo causal entre fenômenos naturais (relacionar um efeito a uma causa que o antecede e o determina). Arcké (arqué): elemento, substância primordial, princípio fundamental, matéria-prima que teria gerado o mundo e os seres nele existentes. DISCURSO FILOSÓFICO VERSUS DISCURSO MITOLÓGICO Discurso filosófico: baseado no logos. O logos é um discurso racional que difere do mito. No logos há a tentativa de formulação de uma explicação em que razões são dadas. O mito é uma narrativa de caráter poético que recorre aos deuses e ao mistério, ao sobrenatural. “O mito se opõe ao logos como a fantasia à razão, como a palavra que narra à palavra que demonstra” (GRIMAL, Pierre. A Mitologia Grega, p.89). Essas razões são fruto do pensamento humano aplicado ao entendimento da natureza (não de uma inspiração ou de uma revelação, como era na Mitologia). Logos: discurso racional, argumentativo, em que as explicações são justificadas e estão sujeitas à crítica e à discussão. TALES DE MILETO (623-546 a.C.) : A ÁGUA Efeito das secas no Egito: “água é vida”. Vida animal e vegetal necessita de água. A água pode assumir os três estados físicos: sólido, líquido e gasoso. A maior parte da superfície do planeta é formada pela água. O corpo humano e o corpo dos animais são compostos por água. ANAXIMANDRO DE MILETO (610-547 a.C.): ÁPEIRON. Princípio (arché) não seria a água porque ela já era derivada de algo. Existia um princípio anterior a água e aos outros elementos. Ápeiron: indeterminado, ilimitado, infinito. Ápeiron: espacialmente indefinido, não apresenta uma forma clara. Conteria em si todos os elementos: algo supremo, superior, que não pode ser observado, captado pelos sentidos. ANAXÍMENES DE MILETO (588-524 a.C.): PNEUMA-ÁPEIRON Ar infinito: indeterminado, não tem uma forma clara. Está presente na água de Tales: H20. Essencial para a vida dos seres vivos. É a causa do movimento da natureza: vento move nuvens, que criam as correntes marítimas, que movem os oceanos. Ar envolve, circunda todas as coisas, todo o planeta. PITÁGORAS DE SAMOS (570 – 490 A.C.): OS NÚMEROS Pitágoras (inventor do termo filosofia): o número (e os componentes do número) como o “princípio”. Número representa a ordem e a harmonia. Harmonia dos acordes musicais correspondiam a certas proporções aritméticas. Supôs que as mesmas relações se encontravam na natureza. Conhecimentos de astronomia: calcular antecipadamente o deslocamento dos astros. Concebeu a ideia de um cósmico harmônico, regido por relações matemáticas. “Tudo é número”: todo o cosmo é harmonia, porque é ordenado pelos números, pelos princípios matemáticos. O número expressa ordem, racionalidade e verdade. HERÁCLITO DE ÉFESO (535 - 475 a.C.): FOGO E DEVIR Este kosmos, não o criou nenhum dos deuses, nem dos homens, mas sempre existiu e existe e há de existir. O mundo é regido pelo Devir: vir a ser, mudança, movimento, transformação. Tudo flui, nada persiste nem permanece o mesmo: o ser não é mais que o vir a ser Realidade é dinâmica (tudo flui): a vida é uma constante transformação, é um contínuo movimento, as coisas mudam e se transformam continuamente, o movimento rege a vida. “Tu não podes descer duas vezes no mesmo rio, porque novas águas correm sobre ti” (citado em SOUZA, Pré-socráticos, p. 31). “Nós mesmos somos e não somos” (citado em DIELS, H; KRANZ, W. Os Pré-socráticos, Fragmento 49). CAUSA DO DEVIR: A GUERRA A causa do devir (fluxo constante da vida) é a luta (conflito, guerra, oposição, embate) entre os elementos opostos da Natureza (frio-quente, dia-noite, claro-escuro entre outros). “A guerra é a mãe, rainha e princípio de todas as coisas” (DIELS, H; KRANZ, W. Os Pré-socráticos, Fragmento 53). É pela luta das forças opostas que o mundo se modifica e evolui. O fogo é o elemento que melhor simboliza a luta entre os elementos contrários da natureza: o fogo deve a sua existência à destruição daquilo que consome. Por isso, traz consigo a força simbólica da guerra entre os opostos. Logos (pensamento, razão): razão criadora e unificadora das tensões opostas. PARMÊNIDES DE ELÉIA (510-470 a.C.): O SER IMÓVEL. Por que tantas opiniões contrárias? Parmênides e o erro dos sentidos: levam a percepção da aparência, mas não à realidade (essência). Para Parmênides, a tese de Heráclito (da transformação e mudança) seria absurda. Pois, ao afirmar que as coisas e os seres estão em constante transformação, ele estaria dizendo que uma coisa é e não é, porque ela é, mas no momento seguinte se transforma e deixa de ser o que era antes. Parmênides: “o ser é, o não-ser não é”. Uma coisa não pode ser e não ser. Assim, a organização do mundo é dada pelo imobilismo. Como explicar então a transformação e o movimento que vemos? Como negar que as coisas surgem, desaparecem, deslocam-se, mudam de forma, de cor etc.? Parmênides: a mudança é uma ilusão dos nossos sentidos. O que vemos é falso. A realidade é imutável, imperecível, única. Oposição entre os sentidos e o pensamento: os sentidos nos enganam, só compreendemos a realidade (essência) através do puro pensamento.