Necessidade de Jejum para coleta de sangue para a

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Necessidade de Jejum para coleta de sangue para a realização de exames
laboratoriais
Nota da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial
A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial – SBPC/ML, sociedade
médica que congrega os médicos especialistas e profissionais que atuam na realização
de exames laboratoriais, vem a público para divulgar seu parecer referente à questão do
jejum para coleta de sangue para realização de exames laboratoriais.
Tema de ampla discussão no setor, a necessidade de jejum antes da realização dos
exames laboratoriais tem sido questionada recentemente, especialmente quanto ao seu
impacto nos resultados dos exames laboratoriais e na segurança do paciente.
A necessidade do jejum decorre do fato de os valores de referência dos testes terem sido
estabelecidos em indivíduos nessa condição. A refeição pode alterar a composição
sanguínea momentaneamente sendo que, sem o pré-requisito, cada exame teria de ser
analisado à luz do que a pessoa ingeriu. O período de jejum habitual para a coleta de
sangue de rotina é de 8 horas, podendo ser reduzido a 4 horas para a maioria dos
exames. Entende-se por jejum o tempo no qual uma pessoa não recebe nenhum aporte
calórico.
Até o presente momento, o jejum é uma exigência formal para a coleta do perfil lipídico e
para o exame de glicose no sangue para o diagnóstico do diabetes, sendo 12 horas de
jejum para o perfil lipídico e 8 horas para dosagem de glicose. Na análise do perfil lipídico
do paciente para avaliação de risco cardiovascular, o jejum é recomendado devido às
variações dos níveis de triglicérides, após as refeições. Os valores de referência
utilizados para estes analitos e as avaliações de risco de doenças cardiovasculares foram
obtidos através de estudos realizados nestas condições de jejum
Estudos recentes para avaliação da influência do jejum na dosagem do perfil lipídico para
avaliação do risco cardíaco demonstraram que é possível fazer esta avaliação em
amostras de pacientes sem jejum, com as vantagens de refletir melhor as condições
fisiológicas do dia a dia e evitar o desconforto e possíveis complicações do jejum
prolongado.
Um consenso europeu para definição de valores de risco cardíaco para dosagem de
lipídeos demonstrou que as variações entre as dosagens com e sem jejum apresentaram
pequenas diferenças, as quais poderiam ser corrigidas através da definição de novos
valores referenciais. A dosagem com jejum prolongado seria necessária somente quando
o nível de triglicérides, fora do estado de jejum, estiver acima de 440 mg/dL. A figura 1
descreve as recomendações para coleta do perfil lipídico com e sem jejum.
Recomendações para avaliação do perfil lipídico com e sem jejum
Na maioria dos pacientes, incluindo:
. Avaliação inicial do perfil lipídico
. Avaliação de risco cardíaco
. Paciente em internação por síndrome coronária aguda
Sem
jejum . Crianças
. Se solicitado pelo paciente
. Pacientes diabéticos
. Idosos
. Pacientes em terapêutica estável
Indicada em:
. Triglicérides sem jejum > 440mg/dL
Com
. Avaliação de especialista em paciente com hipertrigliceridemia conhecida
jejum . Pacientes com pancreatite por hipertrigliceridemia
. Início de uso de medicações que cursam com hipertrigliceridemia severa
. Quando acompanhado de outros exames que necessitam de jejum
Figura 1: Recomendações para coleta do perfil lipídico com e sem jejum. Adaptado de
Nordestgaard BG et al.
A SBPC/ML entende que a questão acerca da necessidade ou não do jejum para coleta
do perfil lipídico ainda se encontra em fase de discussão. O consenso deverá ser revisado
nos próximos documentos de diretrizes elaborados pelas Sociedades Médicas de
Especialidades. A divulgação universal prévia deste novo conhecimento se faz necessária
para a classe médica e também para a população, de forma a consolidar estes novos
conceitos e garantir um diagnóstico e tratamento eficiente e seguro.
Bibliografia:
1. Nordestgaard BG et al. Fasting is not routinely required for determination of a lipid
profile: clinical and laboratory implications including flagging at desirable concentration
cut-points—a joint consensus statement from the European Atherosclerosis Society
and European Federation of Clinical Chemistry and Laboratory Medicine. Eur Heart J
2016
2.Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial
(SBPC/ML): Coleta e Preparo da Amostra Biológica. 2014.
Disponível em: www.sbpc.org.br
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