A Grande Guerra e a Revolução Russa Equipe de História – 9º ano do Ens. Fundamental II A Grande Guerra e a Revolução Russa A Belle Époque No final do século XIX e início do século XX, Estados Unidos e Europa viviam um momento de grandes avanços tecnológicos por causa da Revolução Industrial. Esses avanços foram seguidos por: • melhoria na qualidade e expectativa de vida da população; • elevação do padrão educacional da população; • consolidação de governos democráticos; • democratização de informação por meio da imprensa e do cinema; • conquistas de direitos femininos. A Belle Époque As classes média e alta viviam em prosperidade; esse período passou a ser chamado de Bela Época. O baile no Moulin de la Galette (1876), pintura de Pierre-Auguste Renoir. Um Vulcão Prestes a Explodir A Bela Época vivida pelas classes abastadas não era realidade em outros setores da sociedade europeia. • Os camponeses viviam em condições miseráveis em boa parte do continente. • Os operários trabalhavam mais de 14 horas por dia, com salários extremamente baixos, sem direitos trabalhistas e sem voz política. • O acesso à educação era privilégio de poucos. Um Vulcão Prestes a Explodir Também havia tensões entre as nações europeias: • França estava descontente por ter perdido território na Guerra Franco-Prussiana (1870-1871). • Itália e Alemanha procuravam conquistar territórios na Ásia e na África. Dessa forma, tinham que confrontar também Inglaterra e França. Para as nações europeias era importante conquistar territórios na Ásia e na África. Essas localidades eram centros produtores de matéria-prima para as indústrias europeias e mercado consumidor dos produtos industrializados. A “Paz Armada” Os governos e a imprensa utilizavam as disputas para promover ódio entre as nações. Cartazes e panfletos ridicularizavam outros povos, além de difundir ideias racistas. Grupos étnicos que viviam sob o domínio de grandes potências lutavam por independência, como os búlgaros, sérvios, romenos e armênios que lutavam contra o Império Turco Otomano. Existia na Europa uma “paz armada”, ou seja, o equilíbrio entre as nações se dava porque todas investiam em tecnologias armamentistas e temiam a ação uma da outra. Charge publicada em revista alemã em 1913 criticando o combate entre civis alsacianos e militares prussianos após a Prússia anexar os territórios franceses de Alsácia-Lorena. A Grande Guerra A paz armada foi rompida em junho de 1914, quando um nacionalista bósnio, ligado a uma organização sérvia, assassinou o príncipe herdeiro do Império Austro-Húngaro, Francisco Ferdinando. O Império declarou guerra à Sérvia. A Rússia, aliada da Sérvia, colocou suas tropas em prontidão. Os alemães, aliados dos austro-húngaros, declararam guerra à Rússia. Ilustração representando o assassinato de Francisco Ferdinando e sua esposa, crime que serviu de pretexto para o início da guerra. A Grande Guerra O conflito dividiu a Europa em dois grandes blocos: • Tríplice Aliança: Alemanha, Áustria-Hungria, Itália e aliados. • Tríplice Entente: França, Inglaterra, Rússia e aliados. Tríplice Aliança (1882) e Aliados Tríplice Entente (1907) e Aliados Maio de 1915 – A Itália na Guerra, mas ao lado da Tríplice Entente Países Neutros Países Invadidos pelas Forças da Alemanha e Áustria-Hungria Da Euforia à Dor No início da guerra, boa parte da população europeia via o conflito como algo que se resolveria rapidamente. Cada país, movido pelo patriotismo, achava que seus soldados voltariam vitoriosos. Entretanto, a guerra durou 4 anos e foi marcada por extrema violência, por causa do grande desenvolvimento armamentista ocorrido nos anos anteriores. Nenhum governo estava preparado para uma guerra longa. Cartaz representando a convocação de britânicos para a guerra. Os Homens na Guerra Cerca de 60 milhões de europeus do sexo masculino foram mobilizados. • Guerra de movimento: tropas em campo aberto com o objetivo de conquistar territórios. • Guerra de trincheiras: valas profundas onde os soldados se instalavam fortemente armados para impedir o avanço das tropas inimigas. Trincheiras durante a Primeira Guerra Mundial. O Papel das Mulheres • Cuidavam da sobrevivência de crianças, idosos, feridos e inválidos que retornavam dos campos de batalha. • Assumiram os trabalhos nas fábricas de munição, armamentos e equipamentos bélicos. • Responsáveis pelas tarefas agrícolas e reconstrução de casas e vilas destruídas pelos bombardeios. Cartaz convocando mulheres a comprar bônus de guerra para ajudar os soldados. Os Estados Unidos Entram no Conflito Os Estados Unidos entraram na guerra em 1917, no lado da Tríplice Entente, após ter embarcações afundadas por alemães. Os Estados Unidos eram, naquele momento, a nação mais desenvolvida tecnologicamente. A entrada de novos armamentos e a mobilização de mais de 4 milhões de soldados foram decisivas. Após a entrada dos Estados Unidos, as nações da Tríplice Aliança se renderam e a guerra teve fim em 1918. O Brasil na Grande Guerra O Brasil foi o único país da América do Sul a participar da guerra, ao lado da Tríplice Entente. O motivo foi o mesmo dos norte-americanos. Com tropas malpreparadas e equipamentos obsoletos, nossa atuação se resumiu a vigiar os inimigos na costa norte da África e enviar médicos para a França. Protesto contra o torpedeamento de navios brasileiros. Rio de Janeiro, 1917. Os Acordos de Paz Entre 1919 e 1920, os vencedores do conflito realizaram conferências para estabelecer acordos para o pós-guerra, o Tratado de Versalhes. O Tratado definiu que: • o Império Austro-Húngaro deixaria de existir e surgiriam os países da Áustria, Hungria e Tchecoslováquia; • o Império Turco Otomano também seria extinto, dando origem à Turquia; Os Acordos de Paz • as regiões do Oriente Médio e norte da África controladas pelos turcos otomanos passariam a pertencer aos ingleses e franceses; • a Alemanha estava proibida de manter equipamentos militares. Teve de devolver à França as regiões anexadas na Guerra Franco-Prussiana, ceder outros territórios e pagar uma gigantesca indenização; • criação da Liga das Nações, com o objetivo de garantir a paz e a segurança mundial. O Tratado de Versalhes mudou a organização política do continente. Europa em 1918 – Após o Tratado de Versalhes Os Efeitos da Guerra A Primeira Guerra Mundial mostrou como a tecnologia pode ser utilizada para a destruição: • cerca de 15 milhões de mortos; • cerca de 20 milhões de inválidos; • inúmeras pessoas incapacitadas por causa da neurose de guerra. A Nova Situação dos Estados Unidos Os Estados Unidos foram os maiores beneficiados com o conflito. Obtiveram grandes lucros com a exportação de produtos agrícolas e industriais aos países em guerra e concederam empréstimos bancários que lhes renderam muito lucro. A Revolução Russa A Rússia no Começo do Século XX Em 1910, a Rússia era o maior império territorial do mundo, ocupando regiões da Europa e da Ásia. Ainda vivia sob o regime absolutista e mantinha a mesma organização política, social e econômica do século XVII. Cartaz produzido por V. Maiakovski em 1917. O artista critica o modo de vida da nobreza, apoiada nos pobres e protegida pelos soldados. A Revolução Russa A base da sociedade: a agricultura • economia predominantemente rural; • utilizava técnicas e equipamentos ultrapassados; • baixo rendimento agrícola; • a terra pertencia à nobreza, que era sustentada pelo trabalho dos camponeses. As indústrias • setor industrial mais moderno que o rural; • também havia desigualdades entre ricos (donos das fábricas, dos meios de produção) e pobres (trabalhadores, operários). Camponês russo com filho no colo, c. 1907-1914. Contestações no Início do Século XX Inspirados nas conquistas políticas e sociais de outros países europeus, os trabalhadores russos começaram a reivindicar mudanças no início do século XX. Inspirados nos ideais anarquistas e comunistas, ansiavam também por derrubar o poder do czar e implantar um governo de cunho popular. A partir de 1905, após a Rússia perder a guerra contra o Japão, debilitando a economia e gerando graves consequências sociais, esse desejo por mudanças ficou mais evidente. Contestações no Início do Século XX Em janeiro de 1905, trabalhadores de São Petersburgo, então capital da Rússia, organizaram uma manifestação e foram recebidos a tiros pelas tropas do czar. Cerca de mil pessoas morreram nesse acontecimento, que causou revolta em diversos pontos do território russo. Tropas do exército do czar atuando durante a tentativa da população em alcançar o Palácio de Inverno, em São Petersburgo, janeiro de 1905. Contestações no Início do Século XX A luta por uma constituição e direitos trabalhistas tornou-se cada vez mais intensa. Trabalhadores se reuniram em uma organização democrática: os sovietes. Czar prometeu melhorias sociais e o fim do regime absolutista. Foram convocadas eleições gerais e eleito um parlamento – a Duma – destinado a elaborar uma constituição. Quando as agitações diminuíram, o czar voltou atrás com suas promessas e reprimiu os sovietes. De 1906 à Primeira Guerra Mundial Nos anos seguintes, o czar dissolveu a Duma quando lhe foi conveniente, assim a situação da Rússia não melhorou. A Rússia entrou na guerra em 1914, sem condições de lutar. Os soldados não tinham botas, nem armamentos. Com isso, havia muitas mortes e deserções. Em 1917, a economia do país entrou em colapso e o descontentamento chegou ao extremo. A população revoltada tomou as ruas e os sovietes ressurgiram na cena política. De 1906 à Primeira Guerra Mundial Em 12 de março de 1917, após outra manifestação popular, o czar foi obrigado a renunciar. O governo provisório, formado pelos políticos mais conservadores da Duma, adotaram as seguintes medidas: • jornada de trabalho de 8 horas; • legalização dos partidos políticos; • anistia dos presos políticos. Os líderes do Partido Bolchevique, Vladimir Lenin e Leon Trotski, eram contra o governo provisório e achavam que os sovietes deveriam tomar o poder e instalar um regime socialista. De 1906 à Primeira Guerra Mundial Na noite de 6 para 7 de novembro de 1917, os bolcheviques, apoiados pela população, derrubaram o governo provisório e instalaram um governo comunista. Nesta fotografia, Lenin e Trotski comemoram o terceiro aniversário da Revolução Russa ao lado do povo. 7 nov. 1920. O Antigo Regime Sai de Cena Cartaz produzido por V. Maiakovski em 1917. Nas bandeiras nas mãos dos soldados lê-se: “terra, democracia, república e liberdade”, as principais reivindicações dos trabalhadores em 1917. O Primeiro Governo Comunista da História Ao assumir o poder, o governo bolchevique: • retirou a Rússia da Primeira Guerra Mundial; - assinatura de um tratado de paz com a Alemanha • confiscou as propriedades da nobreza e da Igreja; • estatizou bancos e indústrias. Opositores se articularam para retomar o poder e organizaram exércitos contrarrevolucionários. O embate entre essas duas forças gerou uma guerra civil que durou de 1918 a 1921. Do Sonho do Socialismo a uma Ditadura Conclusões da guerra civil: • 13 milhões de mortos; • vitória do Partido Comunista (novo nome do Partido Bolchevique); • forte centralização do poder no governo comunista; • extinção dos partidos adversários; • controle da imprensa; • repressão aos opositores. Do Sonho do Socialismo a uma Ditadura 1922 A Rússia passa a se chamar União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). 1924 1945 Josef Stalin assume o poder. Autoritário, persegue e assassina opositores. Os ideais socialistas de sociedade igualitária e justa vão se perdendo aos poucos. 1953 Stalin morre sem deixar sucessores políticos. Após a Segunda Guerra Mundial, a União Soviética se transforma em uma das grandes potências mundiais. A sociedade soviética transformou-se em um Estado burocratizado, controlado pela elite do Partido Comunista e com a população privada de liberdade e participação política. A Revolução Mexicana Em 1910, no México, camponeses e operários se mobilizaram sob a liderança de Pancho Villa e Emiliano Zapata para exigir reforma agrária e pela derrubada do governo. O presidente foi deposto em 1911 e a reforma agrária foi alcançada. Em 1917, foi elaborada uma constituição que garantia aos trabalhadores os direitos de: • limitação de horas de trabalho; • proteção da maternidade; • idade mínima para trabalhar na indústria. Líderes revolucionários mexicanos em 1914. Sentados ao centro, vemos Villa e Zapata. Referência Bibliográfica Projeto Teláris: História / Gislane Campos de Azevedo, Reinaldo Seriacopi. – 1ª Edição – São Paulo: Ática, 2012.